TEOLOGIA EM FOCO: SANTIFICAÇÃO UMA NOVA MANEIRA DE VIVER - ROMANOS 6

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

SANTIFICAÇÃO UMA NOVA MANEIRA DE VIVER - ROMANOS 6

 

Romanos 6.1-23 “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? 2 De modo nenhum! Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? 3 Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? 4 De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. 5 Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; 6 sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. 7 Porque aquele que está morto está justificado do pecado. 8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; 9 sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. 10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. 11 Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor. 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; 13 nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. 14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. 15 Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum! 16 Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? 17 Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18 E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. 19 Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. 20 Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. 21 E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. 22 Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e pôr fim a vida eterna. 23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.” 

INTRODUÇÃO. Já sabemos que o homem é salvo pela graça sem as obras da lei (Rm 3.20,24). No capítulo 6, Paulo nos conduz a um pensamento profundo sobre a nova vida em Cristo. Ele ensina que a nova vida cristã requer santidade e um coração puro. 

I. NOVA VIDA EM CRISTO 

1. O cristão e o pecado vs. 1-2. Paulo escreve este capítulo para esclarecer uma interpretação errônea. Ele se preocupava com o fato do pecado estar presente na vida dos cristãos. Ele apresenta um problema que pode surgir dependendo da interpretação da nova posição diante de Deus. Se a salvação é pela fé, então cada um pode fazer o que quer e andar como quiser? O apóstolo responde: “de modo nenhum. Ele ensina que após a justificação, o salvo: deve morrer para o pecado e ocupar uma nova posição diante de Deus, andando em novidade de vida. 

2. A união com Cristo na sua morte e ressureição vs. 3-5. Paulo faz uma analogia entre o batismo e a morte de Cristo. Quando o cristão é submergido morre para o pecado, quando ele sai das águas ele é justificado e reconciliado com Deus. O ato do batismo significa uma nova posição com Cristo. É um símbolo da união espiritual de Cristo com o cristão. Assim como Cristo morreu e ressuscitou, da mesma forma o crente morre para o mundo e renasce para Cristo. O batismo é uma a nossa identificação na morte de Cristo Jesus, e, “se um morreu por todos, logo todos morreram.” (2ª Co 5.14). 

3. O velho homem crucificado com Cristo vs. 6-7. O cristão que nasce de novo está morto para o mundo, isto é, ele crucifica sua carne quando se torna de Cristo, para que o Espírito possa produzir nele, “o fruto do Espírito” (Gl 5.22). Observe que Paulo diz: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” (Gl 5.24). Se seu corpo está crucificado ela não pode mais ter domínio sobre sua vida. “Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” (Rm 6.7).

Um homem morto não ouve nada, não vê nada, e nada o afeta ao seu redor. Aos Gálatas 2.19-20, Paulo vai dizer que: “Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.

Observe, quando você nasce de novo, já nasce crucificado com Cristo. E se realmente nasceu de novo, é Cristo que vive em você e a sua vida agora é pautada pela fé em Cristo Jesus. 

4. Vivos para Cristo 8-11. Paulo expressa uma certeza dizendo: “se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” (Rm 6.8). Mortos para um mundo de pecado, para viver uma nova vida em santificação, até que nossa salvação seja completa.

Cristo sendo a primícia dos mortos, a morte não tem poder sobre Ele, assim também o cristão, pois Jesus afirma dizendo: “aquele que vive e crê em mim nunca morrerá.” (Jo 11.26).

O que Jesus quis dizer “nunca morrerá.” De fato, Ele nos ensina que a morte não tem domínio sobre nós, o corpo pode morrer, mas o nosso espirito vai para a eternidade sem ver o espírito da morte. Por conta da morte e ressurreição de Cristo, seus seguidores não precisam jamais temer a morte. 

II. UMA VIDA DE SANTIDADE 

1. O significado do terno. A palavra santificação é substantivo grego hagiasmos, do verbo hagios e no hebraico קדש - qadosh, é mais aplicado para se referir à santificação e santidade. É o estado de pureza; o ato de consagrar ao Senhor. Portanto, a santificação envolve a separação ao mundo e a sua completa dedicação ao serviço de Deus (2ª Tm 2.21). 

1.1. Santo é a separação do pecado. Mas o que é pecado? “Do hebraico hattah; do grego hamartios; do latim peccatum e significa: erro, iniquidade, transgressão, corrupção, maldade, fazer mal, ofender, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, imoralidade, injustiça etc. Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Gl 5.19-21).

Deus é santo (Lv 19.2) e ordena que sejamos santos (1ª Pe 1.16). Sem santificação ninguém verá a Deus (Hb 12.14).

1.2. As três áreas que o pecado atinge no ser humano. 1ª João 2.16 “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede de Pai, mas procede do mundo”.

Quando nos tornamos cristãos, pode ser difícil, a princípio, discernir o que é certo e o que é errado. Porém, a Palavra de Deus é luz para nosso caminho (Sl 119.105), por isso o salmista disse: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” (Sl 119.11). Quando meditamos as Sagradas Escrituras, o Espírito Santo ilumina nossa mente para não pecarmos. 

2. Não permitir que o pecado reine no corpo mortal 11-12. Ainda que o salvo em Cristo tenha morrido para o pecado, a influência do pecado ainda está presente no corpo mortal. A diferença que o pecado não tem mais domínio sobre ele. Ainda somos escravos, mas agora temos um novo Rei, Jesus Cristo. (1ª Jo 1.8).

Na carta aos Tessalonicenses Paulo instrui a se prepararem inteiramente para servirem a Deus, dizendo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1ª Ts 5.23). 

3. Oferecer-se a Deus como instrumento de justiça. O cristão do novo reino não deve mais apresentar o seu corpo como instrumento para o pecado. Nós cristãos estamos unidos a Cristo (1ª Jo 15.5), é abominável levar os membros de Cristo e sujeitá-los ao pecado, porque somos agora, “membros do corpo de Cristo, e nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos.” (1ª Co 6.15-17). “Portanto devemos apresentar o nosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional.” (Rm 12.1). 

4. O domínio da graça sobre o pecado - v. 14. “Pois não estais debaixo da Lei.” Isto é, o cristão agora não está sob a lei do pecado. Apenas sob a Lei de Deus, que é imutável (Rm 3.31; 13.8-10). O pecado estará sempre em nossa frente para nos incitar, no entanto, não terá domínio sobre o verdadeiro cristão.

Nos versículos 1-2, Paulo argumenta dizendo que: “de modo nenhum devemos permanecer no pecado para que a graça seja mais abundante”, porque o cristão está morto para o pecado. Portanto, ao reconhecer que seu pecado merece pena de morte, jamais ele deve dar liberdade para o pecado. 

III. ESCRAVOS DA JUSTIÇA 

1. A liberdade e o pecado – v. 15. Não debaixo da lei como meio de salvação. A lei revela o pecado (3.20). A lei foi dada por Moisés para revelar o quanto o homem é pecador e merecedor de condenação. Por isso, os israelitas da Antiga Aliança deveriam cumprir a lei com base em obras, que incluíam as festas anuais (Páscoa, Tabernáculos e Pentecostes), sacrifícios de animais e a dependência do ministério dos sacerdotes levíticos.

A graça não anula a lei moral de Deus. A graça e a lei não se contradizem, na verdade, elas se complementam mutuamente. Porém a graça está acima da lei. Paulo explica que se o cristão não está sob a lei, que proíbe todos os pecados, mas está sob a graça, que perdoa o pecado. Portanto, “estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gl 5.1).

A nossa liberdade baseia na redenção de Cristo, e não mais na lei e sua maldição que exigia a pena de morte. Agora, portanto, estamos livres em Cristo Jesus. Mas essa liberdade não nos dá o direito de pecar. O pecado nos escraviza assim como a lei). Portanto, “não useis da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13). 

2. Escravos da justiça - vs. 16-18. Nos versos 15-23, Paulo faz uma comparação entre a redenção e o mercado de escravos tão conhecido nos tempos do NT. Na verdade, o escravo em si, está sob a obrigação de servir o seu senhor até a morte. Mas uma vez morto, o dono não consegue mandar mais nele. É igual com o cristão, ou seja, o crente quando morre para o pecado, ele não tem mais domínio sobre ele.

Para explicar melhor esse ponto, Paulo compara o pecado a um senhor, ou amo, que paga um salário. Assim como o trabalhador sabe que vai receber um salário por causa do seu trabalho, os humanos sabem que vão morrer por causa da sua imperfeição.

Nós devemos oferecer o nosso corpo como escravo da Justiça, mas isto não significa que a carne é perfeita. Nós devemos oferecer os nossos membros para as obras justas sempre, apesar de a nossa carne possuir a tendência de fazer o que a agrada. Nós normalmente vamos por um caminho conhecido, mas isso depende de a quem oferecemos o nosso corpo como escravo. 

3. O fruto da santificação – 20-22. Apesar de nosso coração estar santificado, a influência do pecado age na nossa mente. Todavia, pela graça, deixamos de ser dominados pelo pecado, para nos tornarmos servos que se submetem voluntariamente à justiça de Cristo.

Na verdade, a vida cristã é uma luta diária contra o próprio eu, que é a maior de todas as batalhas. A pessoa deve se submeter ao senhorio de Cristo e produzir fruto de santificação. O cristão é salvo para produzir fruto de santificação. 

4. O salário do pecado e o dom de Deus vs. 23. O termo grego original para salário é ὀψώνιον opsonion, e se refere ao pagamento de um soldado durante o Império Romano.

Paulo estabelece um contraste direto entre o salário do pecado e o dom gratuito de Deus.

Quando Adão desobedeceu a ordem divina: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17), com essa afirmação compreende não apenas a morte física, mas principalmente a morte espiritual. Essa morte espiritual é basicamente a perda da comunhão com Deus e condenação eterna.

O apostolo relata que o pecado leva à morte, mas Deus oferece a vida através de Jesus Cristo. Há dois caminhos e dois destinos (Mt 7.13-14), vida ou morte (Dt 30.19). 

CONCLUSÃO. O brado da reforma protestante de Sola Scriptura, Sola Gracia, Solo Cristus e Sola Fides, somos lembrados da importância de retornar sempre às Escrituras como nossa autoridade suprema, confiando unicamente na graça de Deus manifestada em Cristo Jesus.

Essa doutrina, porém, mostra que não somos servos da lei, mas servos voluntários de Cristo. Somos livres do pecado para servir à justiça de Deus (Rm 6.18).

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

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