TEOLOGIA EM FOCO: A VIDA ABUNDANTE EM CRISTO - ROMANOS 8

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

A VIDA ABUNDANTE EM CRISTO - ROMANOS 8

 


Rm 8.1-17 “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. 2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, 4 para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. 5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. 6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. 7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. 8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. 10 E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. 11 E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita. 12 De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne, 13 porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. 14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. 15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. 16 O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. 18 Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. 19 Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. 20 Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, 21 na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. 22 Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. 23 E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. 24 Porque, em esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará? 25 Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos. 26 E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27 E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos. 28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. 29 Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Cântico de vitória: Deus é por nós 31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? 33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. 34 Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. 35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. 37 Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. 38 Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!” 

INTRODUÇÃO

Existe um contraste entre os capítulos 7 e 8 de Romanos. No capítulo 7, o apóstolo afirma “o pecado habita em mim” (Rm 7.17,20), no capítulo 8, é o Espírito Santo quem habita em nós (v. 9). No capítulo7, Paulo fala sobre a força do pecado na carne, no capítulo 8 ele expressa a profundidade da vida espiritual, a libertação da condenação, a vitória sobre o pecado e nosso relacionamento com Deus através da pessoa de Jesus Cristo.

Nesse capítulo Paulo ensina a distinguir as coisas da carne das coisas do Espírito. A Palavra de Deus apresenta um princípio que deve guiar a vida daqueles foram alcançados pela graça divina. Somos livres em Cristo Jesus, mas não para andar segundo a carne”, pois a carne escraviza, mas segundo o Espírito 

I. A NOVA VIDA NO ESPÍRITO 

1. O Espírito Santo é Deus? A Bíblia descreve que o Espírito Santo é totalmente Deus. Juntamente com Deus Pai e Deus Filho (Jesus Cristo), o Espírito Santo é o terceiro membro da Divindade ou da Trindade.

O livro de Atos capítulo 5, descreve que Ananias mentiu ao Espírito Santo sobre o preço de uma propriedade: “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.3-4).

O nome usado aqui para o Espírito Santo é aquele empregado nas Escrituras para designar a terceira pessoa da Trindade, como implicando uma distinção do Pai. Pedro pretendia, sem dúvida, designar uma ofensa como cometida particularmente contra a pessoa o Espírito Santo.

Antes de Jesus volta para o Pai, falou a Seus discípulos a respeito do Espírito Santo dizendo: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.” (Jo 14.16).

A palavra gregas para “outro” é allon, que significa “outro igual, da mesma espécie. O Pai enviará outro allos parákletos, outro consolador que “ficará conosco para sempre”.

Observe que Pedro disse para Ananias que ele não mentiu para homens, mas para Deus, para denotar que essa ofensa foi cometida contra o “Espírito Santo” e “o Espírito do Senhor” (Atos 5.9). 

2. “Porque a lei do Espírito de vida” (V. 2). A autoridade que governa o corpo não é mais a lei, nem a carne, nem o pecado, mas do Espírito Santo que nos dá a liberdade em Cristo. Pelo Espirito somos agora libertos do pecado.

A lei do Espírito de vida é superior a lei de Moisés, pois trata de uma esperança superior, pois é por ela que nos chegamos a Deus (Hb 7.18-19). 

3. Viver segundo o Espírito (1-4). A palavra “espírito” vem de uma raiz hebraica: “ruach”, do qual se deriva o vocábulo grego “pneuma”; e no lat. Spiritus e significa sopro, vento, respiração e princípio da vida. Esse vocábulo também descreve o espírito que habita no homem, o qual foi soprado por Deus (Gn 2.7).

Para viver segundo Espírito você precisa primeiramente receber o Espírito Santo. É Ele que convence o homem “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). O Espírito Santo não é apenas uma força como alguns pensam, mas Ele é o nosso guia e nosso consolador é Ele que revela a verdade de Deus. (Jo 16.7,13). Somente pelo Espírito Santo você consegue entender coisas espirituais e aplicar a verdade da Bíblia em sua vida.

O andar no Espírito é ter comportamento sábio e prudente, tendo uma vida de santidade. O Espírito de Deus é Santo, e só habita naquele que é santo. 

4. A presença do Espírito. Jesus prometeu enviar o Espírito Santo aos Seus discípulos após Sua ascensão (Jo14.16-17). Essa promessa se cumpriu no Dia de Pentecostes, quando o Ele desceu sobre os que estavam aguardando em oração (At 2.1-3), capacitando-os a testemunhar e viver vidas transformadas.

O Espírito Santo é a própria presença do poder de Deus que atua e habita na vida do crente (Sl 51.11; 139.7). Ele é o selo de Deus na vida do cristão: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.13). 

5. Quem tem o Espírito. Todos os que creram e seguem a Jesus têm o Espírito (Mc 16.16), os que nasceram de novo (Jo 3.3-5). Os que tem o Espírito não andam nas obras da carne (Rm 8.9).

O Espírito de Deus ou Espírito de Cristo, são alguns nomes e títulos que descrevem a sua natureza de Espírito Santo (8.9).

No verso 8, Paulo prescreve dizendo: “os que estão na carne não podem agradar a Deus”.

Para você agradar a Deus precisa ter o Espírito Santo (v. 9), ser o templo do Espírito Santo (1ª Co 6.19). “Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.”

Não importa qual a tua igreja, se não tiver o Espírito Santo, não pertence a Ele. Se você não é dele, de quem você é? 

6. O Espírito Santo que ressuscitou Jesus (8.11). O apóstolo ensina que o Espírito Santo é quem ressuscitou Jesus, é ele que também vivificará o nosso corpo mortal. A garantia da nossa ressureição é habitação do Espírito dentro de nós. 

II. O CONFLITO DA LEI 

1. A lei do pecado (v. 3). Como já vimos no capítulo 7, a lei não fez o pecado surgir, mas ela veio revelar e aumentar o pecado. A lei do pecado trouxe a morte, porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). A lei do pecado e da morte opera em nossos membros. A lei do Espírito, que dá vida em Cristo Jesus, me libertou da lei do pecado e da morte. (Rm 7.21-23; Rm 8.2). Portanto, somos libertos do domínio da lei e do pecado, e somos chamados para uma vida no espírito. “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” (Gl 5.18). 

2. Deus condenou o pecado (V. 3). “Deus enviou o seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele.” (Jo 3.17). Em vez de condenar o pecador Cristo condenou o pecado. “Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8.3b).

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (2ª Co 5.21). O julgamento de Deus sobre o pecado de nossos membros agora foi cumprido em Cristo Jesus na cruz do Calvário. 

3. Como é possível a lei ficar enferma (v. 3). A lei era incapaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar Seu Filho na semelhança de nossa natureza humana para que através do Seu sacrifício substitutivo na cruz, livrar-nos da condenação eterna. 

4. Qual a diferença entre a lei do Espírito e a lei do pecado. A lei do Espírito é vida, e a lei do pecado é morte, isto é, a lei do pecado e da morte opera em nossos membros. A lei do Espírito, que dá vida em Cristo Jesus, me libertou da lei do pecado e da morte. (Rm 7.21-23; Rm 8.2). O crente em Jesus não é mais servo da sua carne, e sim do Espírito, embora que a natureza humana é prisioneira da lei do pecado. 

III. A INCLINAÇÃO DA CARNE (vs. 1-9). 

1. A liberdade da condenação (1.1). O apóstolo Paulo afirma que não há condenação para quem está em Cristo Jesus. Para estar em Cristo você precisa em primeiro lugar, crer que Ele é o único e suficiente salvador, em segundo lugar você deve permanecer em Jesus (Jo 15.5-7) e terceiro lugar você precisa obedecer a Seus mandamentos. (Jo 14.21). Assim o cristão tem plena certeza que não será condenado: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3.18). Jesus deixa claro que aqueles que não creem em seu nome já estão condenados. Enquanto nós estávamos em Adão, havia uma condenação. Agora estamos em Cristo, já não condenação sobre nós. 

2. Viver segundo a carne. A palavra carne no grego é sarx é utilizada para designar a natureza adâmica que domina o velho homem e o leva a praticar as obras da carne (Gl 5.19-21). A Bíblia descreve como carne, aquilo que mora dentro do homem, e se opõem contra Deus e sua vontade.

A carne é o instrumento onde o poder do pecado e o diabo controlam, onde as obras da carne são praticadas: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.” (Gl 5.19-20). Portanto, aqueles que vivem nos pecados da carne não podem agradar a Deus (Rm 8.8).

No versículo 6 que a inclinação da carne (as coisas do mundo), “dá para a morte”. Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma? (Mc 8.36-37). Tiago chama de: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tg 4.4.). O amor do Pai não está voltada para aquele que amam o mundo “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” 1ª Jo 2.15-16

Se nossa disposição interior estiver voltada para o mundo, nossa conduta será carnal. Mas se ela estiver voltada para o Espírito, nossa maneira de viver será espiritual. 

3. Viver segundo a inclinação da carne resulta em morte (v. 6). O homem no pecado é inimigo de Deus, pois Deus abomina o pecado. O homem que comete pecado e não se arrepende certamente está em um caminho de morte. “Um exemplo da diferença entre tipos de pecados pode ser visto na vida de Saul e Davi, reis de Israel. Os dois cometeram pecados horríveis. O primeiro pecou e não se arrependeu; o segundo se arrependeu de todo coração. Quais foram as consequências? Saul morreu sem a esperança da vida eterna. Davi foi perdoado e foi-lhe assegurado um lugar no reino de Deus.”

Se alguém não se arrepender e recusar a salvação, partira deste mundo para uma condenação eterna. Deus não obrigará ninguém a ir para o céu. 

IV. FILHOS E HERDEIROS DE DEUS 

1. A vida como filhos de Deus (12-14). No capítulo 6.17-22, Paulo relata que éramos escravos (doulos) do pecado, agora em Cristo Jesus somos filhos de Deus guiados pelo Espírito Santo (v. 14). Desfrutamos da paternidade de filhos de Deus através Jesus.

Nós éramos criaturas desobedientes (Rm 1.30; 2ª Tm 3.2), mas, hoje “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10). A diferença está na obediência e no destino futuro (Rm 8.18). Enquanto um bom filho está disposto a obedecer, terá sempre um bom Pai. 

2. A adoção de filhos (15-17). A palavra adoção, em grego υἱοθεσία (huiothesia) é o ato de receber um estranho na família, reconhecendo-o como seu filho, e constituindo-o herdeiro dos seus bens. Todo mundo conhece alguém que adotou um filho (a) ou conhece um filho (a) que é adotado.

Deus não adota um crente como filho; este é gerado como tal, pelo Espírito Santo, na regeneração (Jo 3.3-5). Na regeneração há mudança de natureza, na adoção, há mudança de posição. “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome.” (Jo 1.12). Para Paulo, o espírito de adoção dá aos cristãos condições de dirigirem-se a Deus dizendo: Abba, Pai (v. 15).

Paulo é o único escritor do Novo Testamento a empregar a palavra aqui traduzida por adoção. “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória ...” (Rm 9.4). “E nos predestinou para filhos de adoção ...” (Ef 1.5). O povo de Israel foi adotado no passado, mas deserdado por ter rejeitado a salvação em Jesus, mas aqueles que creem em Jesus foram adotados em Cristo, antes da fundação do mundo, “para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.” (Ef 1.6).

O Espírito Santo é a nossa garantia de sermos chamados de filhos: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 9.16). E além de sermos recebido como filhos, o Pai nos deu a alegria de conviver com os demais filhos adotados, nossos irmãos na fé, que são a família de Deus. “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus.” (Ef 2.19). 

3. Os filhos de Deus são guiados pelo Espírito Santo (v. 14). Paulo afirma que aqueles que são justificados em Cristo Jesus recebem o Espírito Santo como um selo e são identificados como “filhos de Deus” ao serem “guiados pelo Espírito de Deus”. Portanto, a presença do Espírito Santo é a evidência de que somos realmente filhos de Deus. Porém, Paulo relata dizendo “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. (Gl 5.18).

Para ser guiado pelo Espirito, existe apenas um caminho: nascer de novo. Jesus disse para Nicodemos que o novo nascimento é o nascer do Espírito (Jo 3.6). (João 3.3-6). Assim, nos tornamos novas criaturas.

4. A herança como filhos (v. 17). Fomos salvos, recebido como filhos, herdeiros de Deus, coerdeiros de Cristo e seremos glorificados na Sua vinda. Fomos adotados pela graça soberana, mediante o qual Deus nos justificou pela fé. Temos a graça de ser recebidos na família de Deus Pai, e tornados concidadãos e herdeiros da herança dos céus.

Qualquer filho, pela lei, tem direito a herança familiar. Em termos espiritual, ao sermos convertidos a Cristo, nós nos tornamos filhos de Deus. A natureza divina, que não tínhamos, foi implantada em nós e, assim, nos tornamos filhos e também herdeiros de Deus. 

“...se é certo que com ele padecemos...”. A herança de Deus que vamos receber com Cristo, inclui compartilhar com os sofrimentos que o Pai designou para Ele hoje, no nosso tempo. “Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo.” (2ª Co 1.5).

Quem é filho por adoção para receber da herança com Cristo, deve estar pronto para sofrer com Ele, e, para que ao tempo determinado também seremos glorificados com Ele. 

V. A ESPERANÇA DA GLÓRIA FUTURA 

1. Os sofrimentos presentes e a glória futura (18-21). Quando alguém se converte a Jesus, fica muito animado e feliz, porém a vida cristã não é só mar de rosas. Muitas vezes passamos por vales profundos, outras vezes subimos montes elevados, as vezes choramos, as vezes sorrimos. A vida cristã tem altos e baixos Jesus mesmo disse: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33).

Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9.23). Jesus usou a expressão “e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” O que Jesus quis dizer? Na verdade, o Senhor realmente disse que devemos estar dispostos a morrer para seguir Jesus.

Paulo fala sobre o problema do sofrimento e da dor. Ele faz um contraste com o sofrimento do mundo presente com a glória futura que um dia Deus irá revelar pela qual nós participamos. Primeiro vem o sofrimento e depois vem a glória. Os sofrimentos que passamos aqui, comparado com a glória futura, eles são irrelevantes. Nós sabemos que Deus sempre está conosco em nossos desertos Is 43.2 “Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.”

Neste versículo, Deus promete que estará com conosco nos momentos mais difíceis da nossa vida. Ele nunca nos desampara, mas vai adiante de nós através do Espírito Santo.

Embora passamos por sofrimento, os filhos de Deus aguardam com expectativa quando Jesus vir em glória, eles serão apresentados ao mundo, serão vistos como eles são. 

2. A expectativa da redenção (v. 21- 25). Vivemos hoje em um mundo devastado pelo pecado. A Terra geme e sofre, há tragédia após tragédia. Neste caos em que vivemos para

quem olhar? O salmista Davi responde: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.” (Sl121.1-2).

A esperança que o cristão tem no por vir, traz a paz em nossos corações. Isso significa sentir a alegria do céu ainda que estejamos habitando na Terra. A esperança cristã está em sua base que é Cristo ressurreto. Ele ressuscitou e com Ele seremos todos transformados. 

3. A criação geme as dores de um parto (v. 22). A Criação não pecou, mas sofre por causa dos nossos pecados. Quando Adão pecou, toda a criação ficou sujeita à maldição. O pecado afetou a tudo o que Deus criou, por isso “a terra e as obras que nela há se queimarão. (2ª Pe 3.10). A terra e todo o universo um dia se desfarão.

A criação geme pela corrupção do homem, e Igreja sofre pelas perseguições, mas um dia aguardamos a volta de Jesus para restaurar todas as coisas. 

VI. O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO 

1. A ajuda do Espírito na oração (v. 26). O Espírito ora por nós quando somos incapazes orar. Ele ora em nosso favor porque conhece a perfeita vontade do Pai para nós. Então, quando você trouxer seus pedidos a Deus, creia que Ele sempre fará o que é melhor. 

2. A intercessão do Espírito (v. 27). O Espírito Santo intercede junto ao Trono do Pai, com gemidos inexprimíveis, isto é, algo impossível de ser expresso em palavras, porque não está baseada em nosso intelecto ou em frases bem elaboradas. 

VII A SOBERANIA DE DEUS 

1. Todas as coisas cooperam para o bem (v. 28). Todas as coisas, as adversidades, batalhas espirituais, tudo o que acontece conosco de bom ou ruim tem um propósito, que Deus possa ser glorificado. Deus age desta forma em nossas vidas para nos corrigir, Ele de várias maneiras, dando-nos a chance de sermos melhores. “...o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Sl 30.5b).

Paulo explica que Deus guia tudo para o bem daqueles que Lhe obedecem e seguem Seu caminho. 

2. A predestinação e a glorificação (vs. 29-30). A predestinação e a presciência estão intimamente ligadas uma a outra. Na carta do apóstolo Pedro ele escreve dizendo: “eleitos segundo a presciência de Deus Pai” (1ª Pe 1.2), isto é, aquele que ele conheceu de antemão para serem conformes Seu Filho, o Homem glorificado no céu.

No passado Deus escolheu pessoas com propósito especifico como Abraão, Isaque, Jacó. Deus tinha em mente formar uma nação através deles para trazer o Messias ao mundo. Mas a Igreja o Pai escolheu n’Ele, em Cristo antes da fundação do mundo. Assim como Abraão foi escolhido para uma missão especifica, Jesus foi escolhido pelo Pai para vir a esse mundo com um propósito de salvar aquele que nele crer (Jo 3.16) e formar Sua igreja (Mt 16.18), para evangelizar o mundo (Mc 16.15).

Em Mateus 11.28-30, Jesus faz um convite aberto a todos que se encontram cansados e sobrecarregados. Aqueles que se arrependem dos seus pecados e se convertem, são justificados (Rm 1.17 5.1), e aos que são justificados, também são glorificados (v. 30). 

VIII. A VITÓRIA NO AMOR DE DEUS 

1. Se Deus é por nós, quem será contra nós (v. 31-34). Paulo afirma que todas as três pessoas divinas agem para o nosso bem: “... o mesmo Espírito intercede por nós” (Rm 8.26-27). “...Cristo Jesus...intercede também por nós” (Rm 8.34). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31).

Sabemos que aqueles que andam segundo o Espírito são guiados pelo Espírito, também já aprendemos que as aflições e tribulações do tempo presente não se compara com a glória futura. Portanto, agora, aqueles que andam na verdade e praticam a justiça são protegidos por Deus (v. 32). Todas as circunstâncias da nossa vida, está no controle de Jesus. “O Pai ama o Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos.” (Jo 3.35). 

2. Nada poderá nos separar do amor de Deus (v. 35-39). O contexto tem início com uma pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo?” (V. 35), e termina com uma afirmação: “(nada) será capaz de nos separar do amor de Deus” (v. 39).

“A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” Paulo faz uma lista de adversidades que enfrentamos no dia a dia, mas nada disso pode nos separar do amor de Deus. Somos peregrinos nesta terra, estamos em batalhas contra a maldade e muitas pessoas se afastam de Cristo por causas destas adversidades, mas o vencedor não permite que nada disto venha separa do amor de Deus.

qualquer que permanece fiel até o fim será salvo (Mt 24.13).

Quando Paulo estava preso em Roma, próximo ao seu martírio, ele escreve a Timóteo dizendo: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” (2ª Tm 4.6-7). O apóstolo estava olhando para sua situação presente, sabia que eram seus últimos dias, mas não estava triste ou aflito, pois sabia que tinha combatido o bom combate e guardado a fé. Nem a espada separou Paulo do amor de Deus, ele via o seu martírio como uma oferta de gratidão a Cristo.

Por meio de Jesus Cristo, podemos vencer todas as dificuldades e tribulações da mortalidade. Nada pode separar-nos do amor de Deus, que se manifesta na Expiação de Jesus Cristo. 

CONCLUSÃO

O cristã que anda no Espírito tem grandes privilégios. É recebido como filho de Deus, guiado pelo Espirito Santo, glorificado em Cristo e herdeiros das coisas celestiais.

Pr. Elias Ribas Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


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