TEOLOGIA EM FOCO: A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO - ROMANSO 11

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO - ROMANSO 11

 


Romanos 11.1-36 “Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. 2 Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: 3 Senhor, mataram os teus profetas e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? 4 Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal. 5 Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça. 6 Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. 7 Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. 8 Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono: olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje. 9 E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição; 10 escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e encurvem-se-lhes continuamente as costas. 11 Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. 12 E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! 13 Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, glorificarei o meu ministério; 14 para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. 15 Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? 16 E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são. 17 E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, 18 não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. 19 Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. 20 Está bem! Pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé; então, não te ensoberbeças, mas teme. 21 Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que te não poupe a ti também. 22 Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado. 23 E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. 24 Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! 25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. 26 E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. 27 E este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus pecados. 28 Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. 29 Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento. 30 Porque assim como vós também, antigamente, fostes desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia pela desobediência deles, 31 assim também estes, agora, foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada. 32 Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia. Hino de adoração. 33 Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! 34 Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? 35 Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? 36 Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” 

INTRODUÇÃO O capítulo 11 de Romanos, Paulo conclui seu apelo evangélico à nação judaica. Ele ensina o relacionamento entre Israel, os gentios e o plano de salvação de Deus e que todos tenham a oportunidade de aceitar ou rejeitar o evangelho. 

I. A REJEIÇÃO DE ISRAELNÃO É COMPLETA 

1. Deus não rejeitou Seu povo (vs. 1-2). O próprio Paulo era a prova que Deus não havia rejeitado total e definitivamente o seu povo. “Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.” Essa afirmação estabelece a base que, apesar da aparente rejeição, Deus não rejeitou inteiramente Seu povo, mas preservou o remanescente israelita que permanecerem fiel a Ele. Os que creem são parte do povo da graça de Deus, isto é, este remanescente é evidência de que a aliança de Deus com Israel continua em vigor. 

2. O remanescente fiel (vs. 2b-5). Deus nunca expulsou Israel da aliança; pois Ele sempre teve entre eles um conhecido Israel de Deus.

Paulo cita 1º Reis 19.10 a 18, onde ele faz um paralelo com a passagem do clamor de Elias, contra toda a nação; e o ato de matar os profetas ele considerou como expressão do caráter do povo. O profeta acreditava que apenas ele havia sobrado e Deus lhe mostra que ainda existiam outros sete mil que não haviam se dobrado. O apóstolo explica que, assim como nos dias de Elias, também agora há um remanescente que crê. Ele aponta que, mesmo em meio à desobediência, há um remanescente fiel segundo a eleição da graça. 

3. A eleição da graça (v. 6-7). Paulo volta então a falar sobre a salvação pela graça, afirmando que Israel, buscando a justificação pelas obras da lei, não consegue alcançar (Rm 9.31-10.3). Os eleitos são os que alcançaram a justiça mediante a fé, enquanto que os judeus foram endurecidos temporariamente para que a salvação chegasse até eles por meio da graça de Deus. 

4. A cegueira parcial de Israel (vs. 7-11). Deus queria usar os Israel para um propósito maior, levar o evangelho ao nações. Mas eles rejeitaram essa missão. Então, Deus abriu a porta para os gentios, a fim de torna-los em vasos de honra, purificando e preparando-os para a pregação do evangelho. Os judeus adormeceram pela sua rebeldia e rejeição a Cristo.  Paulo afirma que eles tropeçaram, mas não caíram e que esse tropeço deles foi para levar a salvação aos gentios. 

II. A INCLUSÃO DOS GENTIOS E A RESTAURAÇÃO DE ISAREL 

1. A queda de Israel e a salvação dos gentios (vs. 11-12). Os israelitas foram chamados para serem missionários de Deus ao mundo, mas tropeçara, porém, não para ficar totalmente caída. Sua queda tinha um propósito, trazer salvação aos gentios. A salvação veio para os gentios, com o propósito de provocar o ciúme de Israel (At 13.45-51).

“E, se a sua queda é a riqueza do mundo.” A palavra “mundo” diz respeito à igreja, que veio a ser composta de povos gentílicos, e a sua incredulidade, a riqueza dos gentios. O cumprimento das exigências divinas por parte dos judeus enriquecerá o mundo, pois a porta da graça foi aberta a todos! 

2. A missão de Paulo aos gentios (vs. 13-15). Paulo glorifica seu ministério por sido escolhidos para aos gentios, com isso, ele sabia que provocava ciúmes em muitos dos seus irmãos na carne e salvar alguns deles. Portanto, o evangelho deve ser pregado aos gentios, que a barreira entre eles e os judeus deve ser quebrada, para que o evangelho possa ser pregado a todas as pessoas.

“Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo” (v. 15a). Paulo é o único escritor neotestamentário que emprega o termo καταλλαγή katallagē. Esta palavra é aplicada à reconciliação ou pacificação produzida entre o homem e Deus pelo evangelho. Eles são levados à união, à amizade, à paz, pela intervenção do Senhor Jesus Cristo. Israel desfrutou das bênçãos espirituais das promessas oferecida a eles no Antigo Pacto. Pela rejeição por parte dos judeus, eles caíram, e foram rejeitados, abrindo acesso aos gentios. 

“senão a vida dentre os mortos?” (v. 15b). Paulo usa estes termos para produzir recuperação dos judeus, e nenhuma linguagem comum poderia transmitir sua ideia. Portanto, ele usa, uma figura significativa e marcante. O apóstolo se refere à recuperação das nações da morte do pecado que ocorrerá quando os judeus forem convertidos à fé cristã na plenitude dos tempos. 

3. A analogia da oliveira (vs. 16-18). Paulo aponta para três estágios na história redentora: “ramos naturais quebrados”; “ramos da oliveira brava enxertados”; “ramos naturais” enxertados de volta.

A oliveira é o símbolo de Israel, Paulo usa neste contexto como uma ilustração de Deus com judeus e gentios. A oliveira é da família oléaceas e se originou na região do mediterrâneo, podendo chegar no máximo 10 metros. Sobrevivem por muito tempo, mais de mil anos. Em Israel existem oliveiras de 2.500 e que provavelmente presenciaram a passagem de Jesus na terra.

Neste texto Paulo usa duas metáforas: as primícias e a massa, e a raiz com os ramos.

“E, se as primícias são santas (v. 16).” Os israelitas eram obrigados a oferecer a Deus as primícias da terra, tanto em seu estado bruto, em um molho de grãos recém-colhidos (Lv 23.10-11). As primícias referem-se a Abraão e aos outros patriarcas, (Rm 9.5; 11.28). Toda a massa e os ramos referem-se a Israel.

“se a raiz é santa, também os ramos o são.” Os patriarcas são representados pela raiz da árvore. “A raiz é santa”, refere-se a todos, a raiz e os ramos é a consagração, dedicação, separação de Israel para Deus. 

4. Os ramos quebrados e enxertados (vs. 17-21). O zambujeiro da mesma família da oliveira, é também chamado de oliveira-brava, por não dar frutos ou por eles serem impróprios para o consumo.

Nós os gentios somos os ramos da oliveira brava, mas pelo infinito amor do Pai, fomos “enxertados” na Oliveira boa que é Cristo; em que Deus pagou pelos nossos pecados no Calvário e nos ofereceu comunhão com Ele sem a participação de Israel.

A Igreja eleita substituí a nação eleita e todos os que creem nas boas novas da salvação, recebem as bençãos da eleição. “E, pela cruz, reconciliar ambos (judeus e gentios) com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 E, vindo, ele evangelizou a paz a vós que estáveis longe e aos que estavam perto; 18 porque, por ele, ambos (judeus e gentio), temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” (Ef 2.16-17).

5. A bondade e a severidade de Deus (vs. 22-24). Paulo persiste com os gentios individualmente a permanecer na bondade de Deus. Isto, é claro, envolve sua continuação na fé (v. 20). Se aqueles que foram enxertados na oliveira verdadeira, não continuarem na esfera da bondade de Deus, também serão cortados. Estas palavras do apóstolo fazem nos lembrar as palavras de Jesus: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta” (Jo 15.2a); “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora a semelhança do ramo” (Jo 15.6a). Portanto, devemos permanecer e dar frutos para não sermos cortados. 

“serão enxertados na sua própria oliveira!” Paulo se refere aqui aos judeus, se eles se converterem a Cristo, serão enxertados na própria Oliveira que é Jesus. Como sua incredulidade foi a única causa de sua rejeição, então, se isso for removido, eles podem ser novamente restaurados ao favor divino. 

III. O MISTÉRIO DA SALVAÇÃO DE ISRAEL 

1. A cegueira temporária de Israel (v. 25). Paulo escreve neste versículo 25: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério”, ele deseja que eles compreendam um “mistério”. “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Gl 4.4-5).

“até que a plenitude dos gentios haja entrado.” Paulo trata agora de uma doutrina escatológica. O “mistério” é que a restauração de Israel se segue à salvação dos gentios no tempo do fim. O fim não poderá ocorrer enquanto isso não acontecer. Paulo diz “até que a plenitude dos gentios haja entrado”, isto é, até que Deus tenha completado, nesse mundo, os planos para a propagação das boas novas e cumprir-se-ão os seus propósitos entre as nações. O Senhor Jesus nos diz em Mateus 24.14 que o evangelho do reino deve primeiro ser pregado e, então, o reino dos céus virá, para que então Cristo implante seu reinado com Sua Igreja. 

2. A salvação futura de Israel (vs. 26-27). No versículo 26, Paulo continua a sentença iniciada no versículo 25. “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades”. Paulo citou a profecia do profeta Isaías, ele vai apontar aqui, para consumação do Reino de Cristo, o qual o remanescente de Israel, será libertado quando clamar por Cristo no monte das Oliveiras (Zc 14.4). Portanto, a expressão “todo o Israel” significa “toda a nação de Israel”. Este Israel parcialmente endurecido é distinto dos gentios (v. 25) e é, também, distinto do atual remanescente de crentes judeus, no futuro. Deus irá trazer uma salvação tão ampla ao povo de Israel a ponto de se poder dizer que “todo o Israel será salvo”.

Paulo relata que o endurecimento de Israel tem acontecido até que chegue a plenitude dos gentios; assim, todo o Israel será salvo. 

3. A aliança de Deus com Israel (vs. 28-29). Nos versículos 26-27, Paulo falo do novo pacto que o Messias inaugurará (Jr 31.31). Paulo continua a citando o texto de Isaías 59.21, entretanto faz também a citação da promessa de Jeremias 31.31, que indica que Deus fará um novo concerto com Israel. “Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias...” (Jr 31.33). Daqueles dias, se refere ao tempo do fim, quando a plenitude dos gentios tiver entrado.

“são inimigos por causa de vós”. A rejeição do evangelho pela nação judaica fez que eles se tornassem inimigos de Deus. Por causa dos pais é uma menção às promessas que Deus fez aos patriarcas. Deus não se arrepende de ter chamado a descendência de Abraão e lhe ter dado dons. Os homens podem ser infiéis, mas Deus nunca abandona Seu propósito. 

4. A misericórdia de Deus para todos (vs. 30-32). Seja um judeu ou gentio, todos carecem da misericórdia de Deus porque todos pecaram.

“os dons de Deus” aqui denotam os bens da aliança que Deus fez com Abraão e que constituíram a verdadeira distinção entre sua família e todas as outras famílias da terra.

Deus não rejeitou os Israel, porém, os gentios alcançaram a misericórdia por causa da desobediência da nação. A conclusão de Paulo é que Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos. Portanto, não há diferença entre judeu e gentio e Deus tem misericórdia de ambos. O caminho da salvação está aberto para todos que desejam o dom da vida. É um dom que não se esgota no tempo e no espaço, mas sim para toda a eternidade. 

IV. DOXOLOGIA A SABEDORIA E O CONHECIMENTO DE DEUS 

1. A profundidade das riquezas de Deus (v. 33). O apóstolo descreve os atributos e propósito de Deus numa doxologia. As riquezas, sabedoria e ciência de Deus são insondáveis. 

2. A incompreensibilidade dos caminhos de Deus (vs. 34-35). Tudo isso ainda é difícil de compreender. Nenhum homem é suficientemente grande para observar todas as ações de Deus e segui-las uma a uma. Ele criou o plano da salvação pela fé, tanto para os judeus como também para os gentios. Paulo nos lembra que todas as coisas vêm D’Ele, por Ele e para Ele. Àquele que “opera tudo em todos”. 

3. A glória de Deus para sempre (v. 36). E todas as coisas acontecem conforme a vontade de Seus propósitos sendo assim, Ele deve ser louvado e, eternamente, glorificado.

Pr. Elias Ribas Dr. em trologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário