LEITURA
BÍBLICA
Neemias
6.10-14
“E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaias, o filho de Meetabel (que
estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do
templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite
virão matar-te. 11 - Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há,
como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. 12 - E
conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra
mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram. 13 - Para isso o subornaram,
para me atemorizar, e para que eu assim fizesse e pecasse, para que tivessem
alguma causa a fim de me infamarem e assim me vituperarem. 14 - Lembra-te, meu
Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da
profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos como se deu as
estratégias dos inimigos do povo de Deus para bloquear a obra do Senhor;
pontuaremos quais as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos;
notaremos como saber se uma profecia é verdadeira ou falsa; e por fim, estudaremos
a verdadeira função da profecia a luz da Bíblia.
I. ESTRATÉGIAS DOS INIMIGOS DO POVO DE DEUS
Sob a liderança competente de Neemias, o povo completou a reconstrução dos muros (Ne 6.15). Restava apenas restaurar as portas e fortalecer a comunidade cercada pelos muros. Uma vez que Sambalate e seus amigos haviam fracassado completamente em suas tentativas de impedir que o povo trabalhasse (Ne 6.16), decidiram concentrar seus ataques em Neemias. Vejamos agora as novas estratégias dos inimigos do povo de Deus:
1. Falsidade (Ne 6.1-3). O convite de Sambalate para “congregar-se” com Neemias feria os princípios já estabelecido por Ele (Ne 2.20). Uma reforma espiritual estava a caminho, renunciar a este princípio destruiria o aspecto moral da reforma (Ne 9.2; 10.28; 13.3). Seu objetivo real era fazer mal a Neemias (v. 2b) e fazê-lo cair em contradição.
2. Insistência (Ne 6.4). A insistência em chamá-lo quatro vezes demonstra que eles estavam tentando minar a resistência de Neemias para tentá-lo a mudar de ideia.
3. Mentiras (Ne 6.5-9). É interessante observar como, em várias ocasiões, os inimigos usaram cartas em seus ataques às obras (Ne 6.5,17,19). Uma “carta aberta” para um governador real era, ao mesmo tempo, uma forma de intimidação e um insulto [WIERSBE, 2012, p. 646]. A carta cheia de acusações contra Neemias nos mostra o qual baixo o inimigo pode chegar para tentar minar a obra (Ne 6.8).
4. Ameaças de morte (Ne 6.10). Como usar de artimanhas não havia funcionado o projeto mudou para as ameaças. Um falso profeta por nome de Semaías tentou convencer Neemias a se esconder no templo, porque o plano do inimigo era matá-lo.
5. Profecias falsas que incentivavam ao erro (Ne 6.12-14). O convite do falso profeta era para que Neemias fosse se esconder no templo, algo que era proibido pela Lei: “O estranho que se aproximar morrerá” (Nm 18.7). Alguns séculos antes o rei Uzias havia feito isso e sofrerá grandes consequências (2º Cr 26.16-23).
II.
AS RESPOSTAS DE NEEMIAS AS NOVAS INVESTIDAS DOS INIMIGOS
Podemos confiar em Deus para fazer a sua obra (Sl 21.7; Sl 125.1; Pv 29.25; Ne 1.7). Ele nos equipou com armas espirituais para vencer qualquer tipo de batalha: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue ...” (Ef 6.12). O povo de Deus é equipado com as armas de defesa e combate, e Neemias as usou com sabedoria. Vejamos agora as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos da obra de Deus:
1. Percepção espiritual (Ne 6.2). Neemias compreendeu que o convite tinha apenas um proposito; fazer-lhe mal. Que possamos pedir a Deus para enxergarmos além das palavras.
2. Responsabilidade com a obra (Ne 6.3). Neemias não se via fora de Jerusalém, o convite era para ir ao Vale de Ono, cerca de 32 quilômetros ao norte de Jerusalém, perto de Lida, ou Lode [KIDNER, 2011, p. 107]. Por que ir tão longe se o chamado era para restaurar Jerusalém? Neemias não desceu ao nível dos adversários, preferiu continuar fazendo a obra.
3. Consistência e coerência (Ne 6.4). Neemias possuía tanto discernimento quanto determinação; ele recusou-se a ser influenciado por suas ofertas repetidas (Ne 4.12). Se aquela oferta não era certa da primeira vez, continuaria sendo errada na quarta ou na quinta vez, e não havia motivo algum para reconsiderá-la. As decisões que se baseiam somente em opiniões podem ser reconsideradas, mas decisões que se baseiam em convicções devem ser mantidas [WIERSBE, 2012, p. 645].
4. Oração (Ne 6.9). Batalhas espiritais só podem ser vencidas através da oração (Mt 17.21). Neemias sabia disso, seu ministério baseava-se em oração desde o início (Ne 1.4; 2.4; 6.9). Que possamos ter em mente esse princípio, nossas guerras serão vencidas em oração. “O que a Igreja necessita não é de novos métodos [...] é de homens de oração, homens poderosos na oração” (BOUNDS, 2010, p. 8).
5. Conhecimento da Palavra (Ne 6.13). O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do Senhor da Lei lhe deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14; Ef 4.14,15). Neemias conhecia os riscos de se entrar na casa do Senhor sem ser comissionado para isso. Seu conhecimento da Palavra o livrou de pecar e de perder sua autoridade sobre seu povo. Precisamos cada vez mais conhecer a Deus e sua Palavra (Dt 6.6-9; Js 1.8; Sl 1.2; Sl 119.78; Os 6.3; 1ª Tm 4.15).
6. Temor a Deus e discernimento (Ne 6.13). Neemias ainda prosseguiu na sua resposta à Semaias, dizendo: “… E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne 6.13). Neemias desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao templo era restrito aos levitas e sacerdotes. O agravante é que não era apenas um falso profeta, mas vários (Ne 6.14). Neemias estava rodeado de traidores, que se deixavam vender por dinheiro (Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da qualidade de Balaão (Jd 11) e amigos da estirpe de Judas Iscariotes (Mt 26.14-16), mas Deus deu discernimento espiritual ao seu servo e ele não foi tragado pelos inimigos. Deus frustrara todas as investidas dos adversários de Neemias e da obra do Senhor. De igual modo, o Senhor haverá de frustrar toda e qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18) e contra os seus servos em particular, pois estamos munidos das armas espirituais (2ª Co 10.4; Ef 6.10-17).
III.
COMO SABER SE UMA PROFECIA É VERDADEIRA OU FALSA
A Bíblia revela que há três procedências das profecias, a saber: o espírito imundo e mentiroso (Is 8.19; Mt 8.29; At 16.16-18); o espírito humano (1ª Cr 17.1-4; Jr 23.21,25,28; Ez 13.1-8); ou o Espírito Santo (1ª Co 12.7-11). Ou seja, as profecias podem vir de três fontes: de Deus, da mente humana, ou do diabo; obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora” (1ª Jo 4.1). A forma mais segura na avaliação de uma profecia consiste na coerência com os mandamentos bíblicos. As Escrituras nos mostram como se dá esta coerência.
1. A profecia tem que estar de acordo com os preceitos bíblicos. Os frutos são conforme a espécie da árvore: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16). Jesus está dizendo que a videira só pode dar uva, que a figueira só pode dar figo, e assim por diante. A igreja não deve ter como infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas estarão na igreja (1ª Jo 4.1). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1ª Jo 4.1), e contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (1ª Co 12.3).
2. O cumprimento de uma profecia não é, por si só, suficiente para autenticá-la como de origem divina. Além da coerência e do cumprimento da profecia existem outros critérios para avaliação da profecia que merecem relevância. A profecia não pode: utilizar meios de adivinhação (Mq 5.12); envolver médiuns ou feiticeiros (Ml 3.5), negar a divindade de Cristo, e nem promover a imoralidade (Lv 19.2). “Quando o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e te der um sinal ou prodígio, e suceder ...” (Dt 13.2). Se o evento acontecer como foi profetizado e o profeta induzir o povo a adorar outros deuses, a recomendação do Senhor é: “…não ouvirás as palavras daquele profeta...” (Dt 13.3). Quando isto acontece, é Deus quem permite para provar se o povo d’Ele ama-O de todo coração.
IV. A VERDADEIRA FUNÇÃO DA PROFECIA A LUZ DA BÍBLIA
O engano produzido pelos falsos profetas do grego “pseudo prophetes” não é um assunto novo. A Bíblia tratou do assunto ao falar com os filhos de Israel (Dt 18 20-22; 1Sm 3.19; Jr 9.28-32; Dt 13.5). Os falsos profetas eram aqueles que rediziam paz, prosperidade, e segurança para o povo, quando este achava-se em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10). No Novo Testamento os profetas e a profecia podem ser julgados ou avaliados pela igreja (1ª Co 14.29,32; 1ª Ts 5.20,21). O propósito da profecia é “edificar, exortar e confortar” (1ª Co 14.3). Edificar é melhorar ou fortalecer, exortar é encorajar, e confortar é consolar, sendo assim a verdadeira profecia:
1. Produz liberdade, e não escravidão. Em Romanos 8.15 o apóstolo Paulo nos diz: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” A verdadeira profecia trará liberdade, não escravidão. Qualquer forma de controle sobre outra pessoa por intimidação, manipulação, ou domínio não vem de Deus.
2. Produz um verdadeiro avivamento. Quando inspirada pelo Espírito Santo, a profecia traz vida espiritual à reunião dos crentes. Se uma profecia vem para transtornar a adoração, não é de Deus (2ª Ts 2.2). A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (1ª Co 14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (1ª Co 14.3, 25,26, 31).
3. Tem o testemunho veraz do Espírito Santo. No AT existia o “ministério profético”, já no NT profetizar trata-se de um “dom” que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (At 11.27,28; 1ª Co 12.10, 28,29; 14.24,25, 29-31). Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus, exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (1ª Co 14.3). O apóstolo João nos mostra: “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (1ª Jo 5.6-b).
4. A profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (1ª Co 12.11). Pode-se dizer que nenhuma “profecia” excederá aos limites da Palavra, mas pode contribuir bastante para interpretar tais verdades, além de abordar necessidades específicas da Igreja local, envolvendo questões de ensino e questões morais, que pessoas sem esse dom não saberiam resolver com sucesso.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que todo aquele que
foi chamado por Deus enfrentará grandes batalhas para levar a cabo a vontade de
Deus e que para tal, precisará viver uma vida de discernimento espiritual. Sem
sombras de dúvidas o Espirito Santo irá capacitá-lo para enfrentar tais
adversidades, mas compete a cada um de nós uma vida de oração, conhecimento de
Deus e vigilância para assim concluir a boa obra que Ele o Senhor nos entregou.
FONTE DE PESQUISA
1. ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA.
2. KIDNER, Derek. Esdras e Neemias;
introdução e comentário. VIDA NOVA
3. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
4. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo Vol. 2. GEOGRAFICA
Fonte:
http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 29 ago. 2020
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