TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 31 de maio de 2022

A HISTÓRIA MUNDIAL NO SONHO DE NABUCODOSSOR DANIEL CAPÍTULO 2


  

Daniel ainda muito jovem foi levado para Babilônia como cativo. Em terra estranha ele serviu fielmente a Deus. Levou uma vida imaculada em meio ao paganismo, idolatria e ocultismo da corte oriental babilônica. Ele foi levado para Babilônia na primeira leva de exilados de Judá, em 606 a.C., quando tinha 14 a 16 anos de idade. Aí viveu no palácio de Nabucodonosor, como estudante, estadista e profeta de Deus, atravessando o reino de todos os reis babilônicos, exceto o primeiro deles – Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, fundador do neo-Império Babilônico. Chegou até o Império Persa sob Ciro em 536 a.C. (Dn 6.28; 10.1). Prestou cerca de setenta e dois anos de abnegados serviços a Deus e ao próximo.

Daniel foi selecionado como um dos jovens judeus mais especiais para ser treinado para servir na corte do rei Nabucodonosor. Deus abençoou Daniel com o dom de interpretar sonhos, e ele foi promovido a cargos de liderança nos governos Babilônico e Persa.

Daniel por duas vezes teve visões e revelações proféticas na Babilônia. São estas visões que nos trazem luz aos acontecimentos que dar-se-ão no tempo do fim. Através da interpretação destas visões, nos situamos profeticamente e historicamente, podemos assim sentir o peso da responsabilidade de estarmos preparados para quando o fim chegar.

Nestas visões está predito o futuro do mundo gentílico na era dos “últimos dias” (Dn 2.28). Isto alcança os tempos da vinda de Jesus e o estabelecimento do Milênio. A matéria profética deste assunto é tão importante que vem repetida no capítulo 7. Uma das diferenças é que no capítulo 2, a revelação divina veio por meio de um sonho profético ao rei Nabucodonosor, rei da Babilônia; e no capítulo 7, por meio de uma visão profética concedida a Daniel. 

I. O SONHO DO REI NABUCODOSOR - Daniel capítulo 2. 

O capítulo 2 do livro de Daniel, o rei Nabucodonosor tem um sonho que deixou muito preocupado. O problema que ele esqueceu o que sonhou. 

1. A crise provocada pelo sonho. Certa noite, o rei Nabucodonosor teve um sonho, uma grande revelação. Ao levantar-se pela manhã esqueceu o que havia sonhado, e seu espírito ficou grandemente perturbado. Então o rei mandou chamar os sábios do palácio: os magos, astrólogos, encantadores, e os caldeus, para revelar ao rei qual tinha sido o seu sonho. Mas, nenhum desses adivinhos e místicos puderam revelar (trazer conhecido) ao rei, o que ele havia sonhado. Eles diziam ao rei que isto era impossível. Jamais alguém poderia revelar sem ajuda dos deuses.

Porém, Nabucodonosor vendo que não podiam trazer conhecido o seu sonho, fez um decreto ordenando a morte de todos os magos, sábios e encantadores; buscaram Daniel e os seus companheiros, para que fossem mortos. Então, Daniel falou prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia, o qual o levou a presença do Rei. Então, Daniel pediu ao rei que lhe desse tempo, para que pudesse dar a interpretação. E em seguida foi para sua casa e comunicou o fato aos seus três amigos, que juntos em oração pediram misericórdia ao Senhor Deus. Sendo Jeová um Deus compassivo e misericordioso para com seus servos, revelou o sonho do rei ao profeta Daniel numa visão de noite. Após o Senhor Deus ter revelado o sonho do rei ao profeta Daniel, ele O louvou grandemente (Dn 2.20-22).

Os magos haviam dito anteriormente que somente os deuses poderiam revelar o futuro ao homem (11). Agora Daniel afirma que os sábios da Babilônia não podiam revelar (v. 27), associando-se com suas falsas divindades. Daniel era capaz de fazer porque há um Deus no céu que revela mistérios. 

2. Daniel na presença do rei (Dn 2.25-30). Posto na presença do rei, este jovem judeu declarou as visões que o rei havia tido em sua cama, exatamente como elas aconteceram. Esta primeira visão, embora não tenha sido dada primariamente a Daniel, foi interpretada exclusivamente por ele, e estão registrados em seu livro. Isto causou uma grande surpresa no coração do rei, pois era exatamente o que havia sonhado alguns dias anteriores a este encontro. 

II. DANIEL REVELOU E INTERPRETOU O SONHO 

Dn 2.31-33 “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua, que era grande, e cujo esplendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível. 32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços, de prata; o seu ventre e as suas coxas, de cobre; 33 as pernas, de ferro; os seus pés, em parte de ferro e em parte de barro.” 

A grande estátua do sonho do rei foi composta de quatro partes principais.

A cabeça da estátua – de ouro – a Babilônia.

O peito e os braços – de prata – Medos-Persas.

O ventre e as coxas – de cobre – a Grécia.

As pernas – de ferro – Roma.

Os pés – em parte de ferro e em parte de barro – um reino mundial dividido: império dividido.

Na enorme estátua do sonho do rei, está predita a história das nações dos “tempos dos gentios”, começando por Nabucodonosor até a vinda de Jesus em glória.

Esta visão revela, em caráter profético, como dar-se-ão os acontecimentos sociais e políticos concernentes aos grandes reinos, impérios e confederações de países no mundo contemporâneo a Daniel, no período posterior aquele e no futuro (nossos dias).

Prosseguindo, vemos Daniel descrevendo o relato da interpretação deste sonho. E a interpretação, que segundo ele é fiel, pois ela cumpre-se na íntegra na história da humanidade que são os quatro últimos impérios mundiais. 

1. Cabeça de ouro, o reino Babilônico (605 a.C a 539 a.C.). “Este é o sonho; também a interpretação dele diremos na presença do rei. 37 Tu, ó rei, és rei de reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a majestade. 38 E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do céu, ele tos entregou na tua mão e fez que dominasses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro” (Dn 2.36-38). 

Daniel disse claramente que Nabucodonosor o rei da Babilônia, era a cabeça de ouro da estátua. O Império Babilônico representa o começo, o início dos tempos dos gentios. Sobre a expressão “tempos dos gentios” (Lc 21.24).

Depois da morte de Nabucodonosor, encontramos entre os seus sucessores o rei Nabonido (556-538 a.C.). Belsazar, seu filho, estava como co-regente na cidade da Babilônia, quando o Império Caldeu ruiu derrotado por Ciro, rei da Pérsia. 

2. O peito e os braços de prata, o reino Medo-Persa. (539 a.C. a 531 a.C.). “E depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu” (2.32-39).

A segunda parte da estátua, o peito e os braços de prata, representam o Império Medo-Persa, o segundo Império mundial liderado por Ciro (Isaías 45.1). Em 539 a.C. O grande imperador Ciro, general Persa, derrotou o império babilônico e estabeleceu a Segunda potência Universal. Os dois braços de prata representam as duas nações da Média e da Pérsia. 

3. O ventre e as coxas de cobre, o reino Grego (631 a.C. a 168 a.C.). “...e um terceiro reino, de metal, o qual terá domínio sobre toda a terra. (2.39).

O terceiro reino, após a Medo-Pérsia, foi a Grécia (Dn 8.20-21) de Alexandre, o Grande (331 a.C. a 168 a.C.). Este império está representado na estátua pelo ventre e quadris de bronze.

Duzentos anos mais tarde, em aproximadamente em 331 a.C. o império Medo-Pérsia se desmoronava diante das forças da Grécia, comandadas pelo então imperador Alexandre, o Grande. 

4. As duas pernas de ferro, o reino Romano (168 a.C. a 477 d.C.). “E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro esmiúça e quebra tudo, como o ferro quebra todas as coisas, ele esmiuçará e quebrantará” (Dn 2.40).

As pernas de ferro representam o Império Romano. As pernas são a parte mais longa do corpo, o que indica a extensão do domínio romano. As duas pernas correspondem a divisão do Império Romano em Ocidental e Oriental, ocorrido em 395 d.C. O reino de ferro teve início em 63 a.C., o general romano, Pompeu, conquista a Judéia. O mais forte dos quatro reinos seria o quatro, dominou o mundo numa amplitude que nenhum império dantes o fizera. Mas a mistura de barro mostra um reino dividido, com um lado frágil. Este reino seria esmiuçado pela grande pedra. 

4.1. Os pés, em parte é ferro, em parte de barro. (Dn 2.33, 41-43). Ferro e barro não se misturam. Isto revela que neste tempo do fim não haverá “nações unidas” de fato. A divulgada união das nações nestes últimos dias através da ONU é uma proforma; está previsto nesta profecia. O ferro é o governo ditatorial, totalitário que hoje cada vez aumenta em todos os continentes (v. 40). O barro é o governo do povo, democrático, republicano. O barro é formado de partículas soltas, o que indica governo do povo, como apresenta-se o regime democrático. Já o ferro é formado de blocos compactos, indicando poder centralizado. Temos hoje no mundo estas duas formas de governo. Vemos assim pela Palavra de Deus que a última forma de governo na terra será o governo do Anticristo. 

4.2. Os dez dedos dos pés na imagem (2.41-42). São dez reinos, como forma de expressão final do Império Romano, que aparecerá no governo do Anticristo e do falso profeta, no fim dos dias da presente dispensação, como se vê no versículo 44: “Mas, nos dias destes reis...”. Trata-se de um poder político que existiu, e que no presente momento não existe, mas que voltará a existir segundo a palavra profética (“era e não é e está para emergir” - Ap 17.8). 

4.4. A crescente inferioridade dos metais na estátua profética (2.32,33). A escala decrescente dos valores dos metais na estátua profética (2.32-33). Ouro, prata, bronze, ferro com barro, mostra a degradação da raça humana, na área moral, social e política, basta vermos as notícias mundiais para comprovarmos a imoralidade, corrupção e injustiças que fazem parte da humanidade sem Deus. É o que nos assegura esta profecia.

A imagem de Nabucodonosor é uma descrição bíblica da degeneração da raça humana alienada de Deus. Os dez dedos dos pés são dez reinos que nos últimos dias entregarão o governo mundial ao Anticristo o oitavo reino.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau SC

segunda-feira, 30 de maio de 2022

O TEMPOS DOS GENTIOS

 


Lucas 21.24 “Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles!”

A frase “os tempos dos gentios” refere-se a um período durante o qual nações gentílicas dominariam Jerusalém.

Quando começou a era chamada de tempos dos gentios? Este período começou quando Israel foi levada para o cativeiro na Babilônia em 586 a.C. (2º Cr 36.1-21; Dn 1.1,2) e só terminará quando Cristo voltar para governar sobre todo o mundo, e assumir o trono de Davi (Lc 1.31,32).

Jesus menciona que os “tempo dos gentios” durarão enquanto Jerusalém for “pisada por eles”. A referência em Lucas é ao domínio político de Jerusalém pelos gentios que começou com a queda de Jerusalém na época do cativeiro e continua até́ hoje.

Os impérios gentílicos que dominaram Israel foram profetizados por Daniel no capítulo 2. Quando ele interpreta o sonho de Nabucodonosor rei da Babilônia. Foi revelado a Daniel toda a sequência dos impérios gentílicos que dominariam Israel.

Analisando as palavras proféticas de Jesus Ele diz: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clamor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.” (Mt 24.29-31).

Nas palavras de Jesus a Grande Tribulação viria primeiro, depois o escurecimento do sol e da lua (Mt 24.29-31), que viriam “antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20), portanto, a expressão tempos dos gentios tem a ver com a dominação gentílica sobre os judeus, essa dominação deve durar até a segunda vinda de Cristo.

Em Apocalipse 11.2, João indica que Jerusalém estará sob o domínio dos gentios, embora o templo tenha sido restaurado. Os exércitos da Besta são destruídos pelo Senhor em Apocalipse 19.17-19, pouco antes do início do reinado milenar de Cristo.

Uma frase semelhante é encontrada em Romanos 11.25, que diz: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.”

Quando o povo judeu rejeitou a Cristo, ele foi temporariamente privado das bênçãos de um relacionamento com Deus. Como resultado, o evangelho foi dado aos gentios, e eles o receberam de bom grado. Este endurecimento parcial do coração por parte de Israel não impede que judeus individuais sejam salvos, mas que a nação aceite a Cristo como Messias até que Seus planos sejam concluídos.

O “mistério” é que a restauração de Israel se segue à salvação dos gentios no tempo do fim. O fim não poderá ocorrer enquanto isso não acontecer. Paulo diz “até que a plenitude dos gentios haja entrado”, isto é, até que Deus tenha completado, nesse mundo, os planos para a propagação das boas novas e cumprir-se-ão os seus propósitos entre as nações. O Senhor Jesus nos diz em Mateus 24.14 que o evangelho do reino deve primeiro ser pregado e, então, o reino dos céus virá, para que então Cristo implante seu reinado com Sua Igreja. Quando chegar a hora certa, Deus restaurará toda a nação e os judeus terão fé n’Ele mais uma vez, encerrando “os tempos dos gentios” (Is 17.7; 62.11–12; Rm 11.26).

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



sexta-feira, 27 de maio de 2022

APOCALIPSE

 


Para compreendermos melhor a Escatologia Bíblica (doutrina das últimas coisas), é necessário fazermos uma introdução apocalíptica, assim entenderemos melhor os acontecimentos a respeito do fim dos tempos.

O termo apocalipse do grego “apokalypsis”; no latim é “Revelatio”, que significa ação de tirar para fora, revelar o que está oculto. (De “Apo”, longe de, e “Kalyptõ”, ocultar).

A Bíblia é um livro cuja interpretação é considerada difícil. Muitos estudiosos a utilizam para edificação; outros, porém, para apresentar teses contraditórias. Esta confusão deve-se em grande parte, ao fato de não se levarem em conta os gêneros literários existentes no Livro Sagrado e também sabermos que ela foi revelada a seres humanos que embora iluminados pelo Espírito Santo, utilizavam os meios de expressão de sua época e de suas regiões. É necessário, portanto, para o interprete contemporâneo retroceder no tempo e procurar ambientar-se com as circunstancias nas quais os autores bíblicos receberam a revelação, ao comporem seus escritos.

O Apocalipse traz a “revelação de Jesus Cristos” para os últimos dias. Portanto Seu verdadeiro autor é o Filho de Deus. Ele é o testemunho apocalíptico. As palavras proféticas (1.3) deste livro (22.7, 18, 19) contêm o testemunho de Jesus, que o “pneuma” (espírito) da profecia (19.10).

Deus é o Senhor de todo espírito de profecia (22.6); sendo assim, Cristo é o possuidor dos sete espíritos de Deus (3.1). Diante deste testemunho do Apocalipse, podemos observar que o instrumento escolhido por Deus para receber a revelação foi o seu servo João, que obteve o testemunho através de anjos (1.1), quando estava na prisão na Ilha de Patmos (1.9).

O Apocalipse, por sua natureza histórico-profética, é dos mais fascinantes livros até hoje divulgados. O fato de tratar-se de uma “revelação de Jesus Cristo” indica que com todos os fatos e acontecimentos ali expostos estão na pessoa de Cristo, como motivo central do livro. Portanto, faz-se necessário o estudo sistemático a fim de conhecerem a linguagem simbólica e as predições de uma catástrofe que alcançará os pecadores, nestes últimos dias, ao mesmo tempo em que descobrirão no plano sobrenatural para os fiéis seguidores de Cristo.

Observemos ainda que cada grupo de sete é precedido por uma introdução. As perícopes do autor (ex. 8.3) devem ser consideradas pelo leitor com trechos intermediários. Notemos ainda que os grupos de sete são homogêneos; somente dois são interrompidos em seu desenvolvimento: precisamente a visão dos selos, num só caso (Ap 7.1-17) e a visão das trombetas duas vezes (8.13; 10.1-11).

O algarismo sete representa o número da perfeição, deparamos ainda com outros registros de sete, como: sete espíritos de Deus, isto é, sete lâmpadas que ardiam diante do trono, representando o Espírito Santo em Sua operação sétuplo (4.5), sete cabeças da besta que o autor viu subir do mar e que representam os sete montes, os sete personagens e os sete reis (13.1; 17.9-10); e ainda as sete bem-aventuranças, a primeira das quais está no primeiro capítulo (1.3) e a última no capítulo (22.14). O simples registro do uso do número sete demonstra que Deus tem um plano para cada figura e para cada símbolo que aparece nas páginas do livro de Apocalipse.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



terça-feira, 24 de maio de 2022

INTRODUÇÃO DO LIVRO DO PROFETA DANIEL

 

1. Significado do Nome Daniel. Daniel no hebraico דָּנִיֵּאל Daniyyel e significa “o Senhor é meu juiz”, “Deus é meu juiz”. O nome Daniel é formado pela junção dos elementos dan, que significa literalmente “aquele que julga, juiz”, e El, que quer dizer “Senhor, Deus”.

2. A autoria do livro de Daniel. Historicamente, tanto o judaísmo como o cristianismo, reconhecem o livro de Daniel no cânon bíblico Indiscutivelmente, foi o próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C. Ele iniciou sua obra  escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no palácio de Susã (Dn 8.2). O livro contém doze capítulos, majoritariamente escrito em hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto aramaico.

O livro de Daniel é uma riqueza para a igreja cristã, e tem como objetivo revelar o futuro do mundo gentílico e da nação israelita. Além de histórico, o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e outras que ainda vão se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo de Israel e aos gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da linguagem alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como gênero apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o povo de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros.

3. A vida de Daniel. Daniel ainda muito jovem foi levado para Babilônia como cativo. Em terra estranha ele serviu fielmente a Deus. Levou uma vida imaculada em meio ao paganismo, idolatria e ocultismo da corte oriental babilônica. Ele foi levado para Babilônia na primeira leva de exilados de Judá, em 606 a.C., quando tinha 14 a 16 anos de idade. Aí viveu no palácio de Nabucodonosor, como estudante, estadista e profeta de Deus, atravessando o reino de todos os reis babilônicos, exceto o primeiro deles – Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, fundador do neo-Império Babilônico. Chegou até o Império Persa sob Ciro em 536 a.C. (Dn 6.28; 10.1). Prestou cerca de setenta e dois anos de abnegados serviços a Deus e ao próximo.

4. As profecias de Daniel. Em duas ocasiões distintas, o Senhor revela ao profeta Daniel, tipologicamente as figuras dos quatro últimos impérios mundiais; no capítulo 2 e capítulo 7.

Sob as ordens de Nabucodosor, jovens judeus, da linhagem real e dos nobres, deveriam ser escolhidos para estar na presença deste rei. Eles deveriam servi-lo com aconselhamentos e interpretações, possuir boa aparência, ser instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciência e entendidos no conhecimento. Deveriam também possuir habilidades para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus (Dn 1.4). Entre estes jovens sobressaem-se quatro jovens judeus. Destes quatro jovens destacamos Daniel, que posteriormente teve seu nome mudado para Beltessazar, que quer dizer “príncipe de Bel”, onde Bel era o nome de um deus babilônico equivalente a Baal e a Marduque, deuses da época.

Daniel por duas vezes teve visões e revelações proféticas na Babilônia. São estas visões que nos trazem luz aos acontecimentos que dar-se-ão no tempo do fim. Através da interpretação destas visões, nos situamos profeticamente e historicamente, podemos assim sentir o peso da responsabilidade de estarmos preparados para quando o fim chegar.

Nestas visões está predito o futuro do mundo gentílico na era dos “últimos dias” (Dn 2.28). Isto alcança os tempos da vinda de Jesus e o estabelecimento do Milênio. A matéria profética deste assunto é tão importante que vem repetida no capítulo 7. Uma das diferenças é que no capítulo 2, a revelação divina veio por meio de um sonho profético ao rei Nabucodonosor, rei da Babilônia; e no capítulo 7, por meio de uma visão profética concedida a Daniel.

Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembleia de Deus Blumenau - SC

quarta-feira, 18 de maio de 2022

TRÊS COISAS QUE NÃO VOLTAM MAIS

 

Hb 9.27 “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois a juízo”. 

INTRODUÇÃO.

A Bíblia afirma que está ordenado ao homem morrer uma só vez, ou seja, e depois segue a um julgamento, ou seja, não podemos voltar mais a esta vida. Para onde nós vamos não tem retorno.

Com base no versículo acima desejo elucidar sobre o tema: Três coisas que não voltam mais para cada ser humano: “A vida, o tempo e a oportunidade”. 

I. VIDA 

1.O que é a vida. A vida é a existência, modo de viver é o tempo decorrido entre o nascimento e a morte. 

Todos temos o nosso próprio tempo. O tempo é unidade de medida de vida igual para todos os seres humanos, sabemos quando começou e não sabemos quando ele vai terminar para nós. 

2. Qual a duração da nossa vida. Sl 90.10 “A duração da nossa vida é de setenta anos; se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos”. 

3. O que é nossa vida segundo a Bíblia.

3.1. Tiago diz que a nossa vida é como um vapor. Tg 4.14 “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã”. Porque, que é nossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desaparece”. 

3.2. A nossa vida é como o vento. Jó 7.7 “Lembra-te de que a minha vida é como o vento”. 

3.3. A nossa vida é veloz - Jó 9.25 “E os meus dias são mais velozes que um correio”. 

3.4. Jó diz que a nossa vida é como a sombra.

Jó 8.9 “Porque nós somos de ontem, e nada sabemos, porquanto nossos dias sobre a terra são com a sombra”. 

3.5. A nossa vida é nada - Sl 39.5 “Eis que fizestes os meus dias como palmas, o tempo da minha vida é como nada diante de ti, na verdade todo o homem, por mais forme que esteja, é totalmente vaidade”. 

4. Na caminha da vida precisamos pedir a Deus corações sábios.

Precisamos orar como o salmista no 90.12 “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio”. 

No decorrer de nossa vida precisamos aprender crescer em graça e conhecimento para que tenhamos corações sábios e maturidade espiritual. 

A nossa vida neste mundo é penas uma passagem – depois segue a eternidade. 

5. Qual o maior sentido da vida. Gl 2.20 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. 

Mateus 10.39 “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.”

II. O TEMPO 

Duração calculável dos seres e das coisas é sucessão de dias, horas, momentos, período. 

1. O tempo revelará cada um de nós. Ec 3.1-8 “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu; a tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar; tempo de arrancar o que se plantou; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear; tempo de soltar; tempo de espalhar pedra; tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, tempo de afastar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar; tempo de deitar; tempo de estar calado; tempo de falar; tempo de guerra; tempo de paz”. 

2. Qual o propósito do nosso tempo. Ec 9.8 “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre tua cabeça”. 

2.1. Alvas. Simboliza branca, limpa, representa a justiça de Cristo, fidelidade a Deus, irrepreensível, homem que pratica a verdade. 

2.2. Óleo. Simboliza o Espírito Santo. O óleo representa a unção do Espírito Santo. 

A. Como receber este óleo em nossa vida.

1. Se formos fiéis a Deus.

2. Se buscar a sua face.

3. Se formos santo, separado do mundo.

4. Se tivermos uma vida de oração e consagração a Deus.

5. Se não tivermos uma vida dedicada e comprometida com Deus. 

B. Sem o Espírito Santo a nossa vida o nosso tempo está sem propósito.

Sem o precioso óleo do Espírito Santo somos comparadas as 10 virgens. 5 prudentes e 5 Loucas (Mt 25.13), que iram bater na porta, mas ele já estará fechada. 

3. Como devemos usar nosso tempo. Ec 9.10 “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faça-o conforme tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”. 

4. Hoje o Tempo é o da Graça. 2ª Co 6.2 “Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação”. 

- Hoje é o tempo aceitável, é o tempo da tua decisão, é o tempo oportuno.

- Hoje é o tempo da graça. Graça é um favor imerecido. Pois saiba de Jesus já pagou a tua salvação.

Tempo da graça: Refere-se ao período entre a morte de Cristo e sua vinda em julgamento. 

Is 55.6 “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto”. 

Oséias 10.12 “Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia; lavrai o campo de lavoura; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça sobre vós.” 

Devemos aproveitar o tempo. Efésios 5.14-16 “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.” 

III. OPORTUNIDADE 

1. O que é oportunidade. É uma coisa própria, ensejo, é o momento imediato. Oportunidade é uma porta que se abre para todos. 

2. Muitos homens da Bíblia perderam a oportunidade:

2.1. Judas um dos discípulos de Jesus perdeu a grande oportunidade da salvação, traindo o seu mestre e suicidando-se.

2.2. Pilatos também perdeu a oportunidade de salvação quando estava na presença de Jesus.

2.3. O governador Félix dispersou a oportunidade (At 24.24-25).

2.4. Um mancebo rico perdeu para sempre a oportunidade de ser salvo (Mt 19.16-22).

2.5. O Rei Acabe desperdiçou sua oportunidade diante do profeta Elias.

2.6. O ladrão da cruz aproveitou a oportunidade, o outro não. 

Conclusão. Desejo dizer uma grande verdade. A vida, o tempo e a oportunidade não voltam mais: “está ordenado (decretado) aos homens, morrerem uma vez, vindo depois a juízo”. Não tem mais volta não tem uma segunda chance e, nós não sabemos o dia de amanhã, portanto não perca tua vida, o teu tempo e a tua oportunidade de ser salvar. 

1. Existe apenas dois caminhos. 

1.1. Um caminho estreito e um caminho largo. Mt 7.13-14 “Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. 

1.2. Um caminho da vida e o caminho da morte. Jr 21.8 “E a este povo dirás: Assim diz o Senhor: Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte”.

A Bíblia afirma que há um caminho de morte e condenação eterna, e um caminho de vida eterna.

São apenas dois caminhos “vida” ou “morte”. Um vai para o céu e outro para a condenação eterna. Cabe a cada um fazer a sua escolha. Portanto Deus não tem prazer na condenação do homem, por isso Ele enviou Seu Filho Unigênito para a nossa salvação: 

Jesus diz que o caminho largo é espaçoso, de forma fácil, ou seja, é o caminho que conduz aos deleites da vida, aonde estão aqueles que não se preocupam em caminhar na vontade de Deus, quantos não estão entrando nessa porta, o próprio Jesus nos diz que: “muitos entram por ela”, e mesmo assim não percebem. O caminho atrativo e pecaminoso, que como um Leão com fome tem tragado diversas pessoas. O grande sábio Salomão já nos diz algo relacionado: 

Pv 14.12Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”.

Jesus vai concluir sua fala sobre os caminhos indo mais a fundo no caminho estreito; no verso 13, Ele nos fala um pouco, mas no vers. 14 ele explica abrangendo-o: 

Mt 6.14 “E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.”

2. Existe somente um salvador.

2.1. Salvação significa que recebemos vida eterna se tivermos uma relação pessoal com Deus.

No evangelho de João a Bíblia afirma: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17.3). 

2.2. O plano de Deus é salvar todas as pessoas, mas infelizmente nem todos aceitarão ser salvos. 

Jo 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. 

Tito 2.11-12 “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente.” 

2.3. Jesus é o caminho. Jo 14. 6 “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. 

2.4. O único nome nos céus e na terra. Atos 4.12 “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”. 

2.5. Abrir o seu coração e receber Jesus na tua vida. Ap 3.20 “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”. 

3. O que preciso fazer para herdar a salvação?

1. Arrepender de nossos pecados. Quando aceitamos o evangelho, recebemos a salvação e arrependemo-nos dos nossos pecados.

Atos 3.19 “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”.

Atos 2.38 “E disse-lhe Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” 

Arrepender-se é mudança de mentalidade que gera mudança de comportamento. É condição para entrar no Reino e para servir no Reino. É mensagem que deve ser levada a todos os corações.

Mateus 4.17 “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” 

“A primeira frase de Jesus é: metanoia. Que muitas vezes é traduzido por: Convertei-vos. Como uma tradução da palavra hebraica teshuvá, que significa voltar para si mesmo, voltar para sua terra. 

Os antigos diziam que a conversão é voltar daquilo que é contrário a nossa natureza para aquilo que lhe é próprio. Reencontrar em nós essa natureza do Cristo. Essa natureza que é ao mesmo tempo luz e compaixão. 

4. Mas qual decisão tomar?

4.1. Crer em Jesus de todo seu coração.

Mc 16.16 “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”.

At 8.37 “Filipe respondeu ao eunuco: “É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”.

At 16.31 “Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”. 

4.2. Receber Jesus no seu coração. Apocalipse 3.20 “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” 

4.3. Confessar que Jesus é o Senhor.

Receber a salvação é simples, direto, pessoal e público.

Rm 10.8-10 “Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que pregamos. Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação”. 

4.4. Jesus é o único Mediador entre Deus e o homem.

1ª Tm 2.5Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”. 

4.5. Jesus é o único Advogado perante o Supremo Juiz.

1ª Jo 2.1 “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. 

4.5. Somente crer. João 3.36 “Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”. 

João 6.40 “Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. 

4.7. A salvação é de graça. Efésios 2.8 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” 

Eu te convido a aceitar o caminho da vida que é Jesus fora dele não há salvação.

Isaías 55.6 “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.”

Pr. Elias Ribas

Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO

  


Texto Bíblico: Neemias 4.19, “Disse eu aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos no muro mui separados, longe uns dos outros”. 

INTRODUÇÃO

Muitos estão servindo ao Senhor como o primeiro trabalhador: sem a visão da grandiosidade do que está fazendo. Para estes, o trabalho de Deus não passa de uma atividade qualquer entre tantas outras que fazem, como por exemplo o trabalho secular, o cuidado da família, o curso escolar, etc. 

Se temos apenas uma visão míope, curta, sobre a extensão e grandiosidade da obra de Deus, certamente nossa disposição para o trabalho no reino será deficiente, faltosa, indiferente. Precisamos crer que servimos a um Deus grande, que tem um grande projeto para a salvação do homem. Tal é a grandiosidade deste projeto, que o Deus Todo-Poderoso investiu nele o que tinha de mais precioso, seu único Filho, Jesus Cristo. 

Quero analisar alguns aspectos que certamente estão envolvidos na grandeza do serviço cristão. 

I. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO SE MOSTRA NA ATITUDE DE SERVO 

1. Somos apenas servos nesta grande obra do Senhor. A visão de servo não contradiz a grandeza, porque servir ao Senhor é o maior privilégio de que podemos desfrutar em nossas vidas. A palavra “servo”, vem do termo grego “doulov” – doulos, e tem como significado “escravo”, “homem de condição servil”, “criado”. 

2. Não somos senhores da obra e nem os seus donos. Somos instrumentos nas mãos do Senhor para que ela seja realizada entre nós e através de nós. Vejamos algumas referências bíblicas de nosso “servir em Cristo”: 

2.1. Jesus, nosso exemplo de servo. Mc 10.45 “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.

De acordo com este texto, podemos afirmar que o maior exemplo de que precisamos “servir”, está no próprio Senhor, cuja vinda ao mundo foi unicamente para dar a sua vida por nós. 

Muitos filhos de Deus, ao invés de se apresentarem como servos, se colocam na posição de “senhores absolutos”, frustrando o propósito de Deus em suas vidas. Deus não abençoará aqueles que usurpam uma posição que não é a deles. Como Filhos de Deus, nada somos além de servos, de escravos, etc... 

2.2. Como Jesus, devemos estar dispostos a servir. 1ª Pe 4.10 “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”.

A palavra “servir” neste texto é “diakonew” – diakoneo, que quer dizer “ministrar”, “auxiliar”, “servir como provedor de determinada necessidade”. Isto significa “ministrar (servir) ao Senhor em favor de outros”. 

A igreja é serva do Senhor. Cada um de nós, como membros desta Igreja, somos servos de Deus. A igreja é plantada numa localidade para servir. É no serviço que está a grandeza da obra de Deus. Ninguém está no mundo para “se servir”, “para usufruir”. É no serviço que encontramos nossa verdadeira grandeza como crentes e reconhecemos a grandeza da obra de Deus. 

2.3. Devemos servir não de maneira fingida, mas com sinceridade. Ef 6.6-7 “Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; 7- servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens.”

De acordo com este texto, nosso servir deve obedecer a duas prerrogativas: 

A. Não devemos servir apenas na aparência. Existem muitos filhos de Deus que aparentemente se apresentam como servos, porém interiormente se mostram “senhores”, uma vez que suas atitudes denunciam que eles não são submissos a Deus. 

B. Devemos servir de coração, fazendo a vontade de Deus. Aqui está a excelência do verdadeiro servir, que é uma disposição que vem de dentro, do coração! E ainda, segundo a vontade de Deus! O verdadeiro servo procura agradar ao Senhor a quem presta serviço, e não tem como pretensão agradar a si mesmo! 

3. Precisamos aprender a servir e não almejarmos ser servidos! Jo 13.13-17 “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. 14- Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. 15- Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.16- Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. 17- Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” 

3.1. A base do serviço cristão são os exemplos de Cristo. Jesus quis que ficasse bem esclarecida a sua atitude. Tanto que perguntou aos discípulos: “Vocês entendem o que lhes fiz?”. A atitude de Cristo de retirar sua vestimenta, assumir a postura de servo e lavar os pés dos discípulos, é um símbolo do seu esvaziamento para assumir a forma humana e purificar os pecados da humanidade com a sua morte na cruz. Na passagem do versículo 14 , Ele não estava se referindo à limpeza externa dos pés, mas estava ensinando a eles a importância de se humilharem e servirem uns aos outros, de não se considerarem superiores. Se Ele, sendo o Cristo, estava disposto a lavar-lhes os pés, nenhum serviço seria humilhante demais para eles. Observe que Cristo declarou: “Eu lhes dei exemplo, para que vocês façam como eu fiz” (v. 15). 

3.2. Aplicando a Palavra. Assim como foi necessário que Jesus se humilhasse, nós devemos nos humilhar antes de nos propormos obedecer à vontade de Cristo. Leia Filipenses 2:5. Para obtermos a vitória devemos primeiro nos humilhar, tornando-nos servos de Jesus Cristo. Devemos: 

3.3. Submeter a nossa vontade totalmente a Ele. Não considerar qualquer tarefa simples demais no serviço cristão.

Olhar primeiramente para Cristo antes de olhar nossos próprios desejos e interesses. Considerar que de agora em diante nossa vida pertence exclusivamente a Cristo – vivendo ou morrendo. Precisamos seguir o exemplo de humildade que Cristo nos deixou e, em assim fazendo, teremos à nossa disposição todos os recursos espirituais para conquistarmos nossas vitórias sobre o inimigo. 

II. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO NOS REVELA QUE TUDO VEM DO SENHOR 

1. Nada provém de nossa capacidade, inteligência ou estratégia. Tudo vem de Deus. O que temos, o que somos e tudo o que viermos a ser ou a ter, provém de Deus. Quem não entende que não passamos de "instrumentos", nas mãos de Deus, não estará apto para a obra. Lembre-se, o instrumento não toca sozinho, mas depende de alguém que o execute, para daí produzir a bela música! Novamente, não devemos deixar de analisar alguns versículos na Palavra de Deus: 

1.1. Nossa dependência na pregação da Palavra de Deus. 1ª Pe 4.11 “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” Note a expressão: “fale como entregando oráculos de Deus”. A palavra "oráculos", vem do grego “logion” – logion, que tem como sentido: “as palavras ou expressões vocais de Deus”. Aquele que ministra deve entregar a Palavra de Deus e falar de acordo com o poder que Ele concede, mediante a ação do seu Espírito em nós. 

Lembre-se da pregação de Paulo: 1ª Co 2.1-5. “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 2- Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 3- E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. 4- A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5- para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” 

1.2. Nossa dependência como vasos de Barro. Para ser completos com o poder de Deus, precisamos reconhecer que somos apenas vaso de barro. 2ª Co 4.7 “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”. Note que aqui também, Paulo estava falando a respeito de sua pregação, 2 Co 4.5 “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus”. Tudo vem do Senhor! Eis a grandeza da obra que realizamos. 

1.3. Nossa dependência como “ramos da Videira”. Jo 15.5, “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” 

Observe: O ramo não pode existir independente da videira! É através dela que ele, o ramo, recebe a seiva e os nutriente necessários para sua sobrevivência. Se comparativamente, a Videira é Deus e nós os ramos, está estabelecida uma relação de dependência vital para nós como filhos de Deus. Deus sobrevive sem nós, porém, nós não podemos viver sem Deus! É por esta razão que Jesus afirma: “... sem mim nada podeis fazer”. 

4. Não nos resta alternativa! Se queremos ser úteis precisamos depender inteiramente do Senhor! No evangelho de Lucas (23.46); o próprio Jesus mostrou dependência do pai (o Deus que criou os céus e a terra), crucificado na cruz ele clamou em alta voz, Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.

Quantas vezes nos gabamos daquilo que fazemos? Isso não agrada ao Senhor. O que agrada o coração de Deus é um coração quebrantado e contrito. 

III. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO MANIFESTA A GRAÇA DE DEUS 

1. Servir o próximo. Pedro diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1ª Pe 4.10).

A palavra “graça”, vem do termo “cariv” – “charis” e quer dizer: “favor”, “benefício”, “generosidade”, “presente imerecido”. Pela nossa condição de pecadores diante do Criador, nada merecemos dele! Portanto, tudo que Ele nos outorga é pela sua graça! 

2. A graça que manifesta de diversas e muitas formas. A obra de Deus não se encontra engessada a uma única manifestação. Ela é grande o suficiente para se manifestar em todos os contextos e de formas que nós nem sequer imaginamos. 

3. Coração e mente abertas. Quem serve ao Senhor deve estar com o coração e a mente abertos para sentir e ver como Deus age para alcançar e transformar as pessoas. O nosso compromisso é sermos “instrumentos da manifestação da graça de Deus” entre os homens. 

3. Devemos ter a mesma atitude que Barnabé teve quando chegou em Antioquia. Depois que se soube que ali muitos pregadores espontâneos haviam proclamado que “a mão do Senhor era com eles, e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At 11.21). Ali chegando Barnabé, nos diz a Palavra que ele “viu a graça de Deus, e se alegrou, e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de coração.” (At 11.23). 

4. Quando a graça de Deus se manifesta, ninguém pode opor resistência. A obra do Senhor é grande porque ela manifesta sua graça. Podemos observar como a graça se manifesta em nós, como já vimos, sobre tudo quanto nos vem de Deus. Vejamos alguns pontos, entre tantos outros onde a graça se manifesta: 

4.1. Somos o que somos pela graça. Paulo se considerava “ministro”, “servo”, somente pela graça de Deus, "Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo" (1ª Co 15.10). 

4.2. Somente a “superabundante” graça de Deus nos leva à contribuição em amor, tanto com nossas ofertas e contribuição monetária para sustento da Obra, como também na ajuda aos pobres e necessitados. 2ª Co 9.13-14, “Visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos, 14 enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós”. 

4.3. Não podemos viver sem a graça de Deus. Na carta aos Hebreus temos: “...atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hb 12.15).

4. Por mais que queiramos ser independentes, há uma grande carência da manifestação da graça de Deus em nós! 

IV. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO GLORIFICA A DEUS 

1. Fazer dando graças ao Pai. Paulo disse que “tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl 3.17). 

2. A verdadeira obra é aquela que glorifica a Deus. Jesus ensinou: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (Jo 15.8).

Daí resulta também sua grandeza. Ela não é para glória pessoal de ninguém. infelizmente, muitos se autopromovem dizendo que fazem para a glória de Deus. Não é a pessoa que vai dizer isso; os frutos irão provar se realmente é para a glória de Deus que ela trabalha. 

3. Estamos vivendo um tempo de puro farisaísmo na vida de muitos que dizem servir a Deus, mas servem a si mesmos. O trabalho destes que deveria glorificar a Deus acaba sendo motivo de autoglorificação. No dizer de Paulo: 

3.1. Acabam servindo ao seu próprio ventre. Romanos 16.18, “porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.” 

3.2. Porém, serão punidos severamente. Fp 3.19 “O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.” 

3.3. Devemos trabalhar no reino objetivando a exaltação e a glorificação do nome de Jesus, o Dono legítimo da Obra. 

CONCLUSÃO

Concluímos com as palavras de Neemias, diante das investidas dos seus inimigos que punham obstáculos ao que ele estava realizando: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que poderei descer. Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Ne 6.3).

No contexto do presente versículo notamos Sambalate, Tobias, Gésem, o arábio e muitos outros inimigos do povo de Deus naquele tempo, em suas tentativas frustradas de parar a construção dos muros de Jerusalém. Agora intentam um plano sinistro para matar Neemias. Armam-lhe uma cilada, convidando-o para vir ao vale de Ono, onde seria assassinado. Porém ele diz: Como poderei cessar esta obra? Sua convicção e presteza o livrou!

Pr. Elias Ribas