TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 20 de maio de 2020

EDIFICADOS SOBRE O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E DOS PROFETAS


LEITURA BÍBLICA Efésios 2.20-22; Mateus 7.24-27.

Efésios 2.20-22 “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; 21 - no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para templo santo no Senhor, 22 - no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.

Mateus 7.24-27 “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. 25- E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 - E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 27 - E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”

INTRODUÇÃO.
Por meio da reconciliação efetivada na cruz, Cristo formou a Igreja (2.13,19). O apóstolo Paulo a compara como um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo e o fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas (2.20). Assim, há o propósito divino de que sejamos o templo santo do Senhor, a morada do Altíssimo (2.22). Nesta lição, estudaremos cada um desses aspectos.

Nosso Senhor Jesus Cristo é o edificador da Igreja. Os santos profetas e apóstolos testemunharam e ensinaram sobre este edificador. Nesse sentido, podemos dizer que a fé cristã é um edifício em que Cristo é a pedra angular, isto é, a pedra principal; e os ensinos dos apóstolos e os testemunhos dos profetas são o fundamento erguido sobre esta pedra angular. Portanto, tudo o que os apóstolos e os profetas ensinaram e testemunharam é fiel ao que Cristo ensinou e praticou.

I. UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL

1. O santuário judeu. O templo em Jerusalém era o símbolo do exclusivismo de Israel como povo de Deus (1º Rs 8.16-20). A proibição dos estrangeiros acessarem o Templo era um motivo de inimizade entre judeus e gentios (2.14). Ao reconciliar ambos os povos, Cristo aboliu as leis cerimoniais, desfez a inimizade entre eles e formou uma nova humanidade - a Igreja (2.18,19). Assim, o templo judaico perde sua relevância e um novo conceito de santuário é apresentado.

2. O santuário cristão. Os que pertencem a Cristo são comparados a um edifício onde Deus habita em Espírito (2.22). O ensino apostólico lembra Salomão, quando este reconheceu que o templo em Jerusalém não poderia conter a Deus (1º Rs 8.27); e reafirma a instrução de Estevão em que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 7.48; cf. 17.24). Desse modo, os crentes — judeus ou gentios — tornaram-se o templo onde o Espírito de Deus habita (1ª Co 3.16), em que eles são “pedras vivas” em um “edifício espiritual” (1ª Pe 2.5).

3. A pedra angular. Na arquitetura antiga, a construção de um edifício requeria uma pedra angular. Ela é traduzida como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”. Ela era posta no canto do prédio para sustentar o alicerce, firmar e unir toda a estrutura e manter as paredes em linha certa. Para que se tenha uma ideia dessa dimensão, em uma das escavações no local do templo em Jerusalém, foi encontrado um monólito com cerca de 12 metros de comprimento.

4. Cristo, a pedra principal. A identificação de Cristo como a pedra angular remonta a profecia messiânica em que a pedra rejeitada “tornou-se cabeça de esquina” (Sl 118.22). Ele mesmo afirmou ser “a cabeça da esquina” (Mc 12.10), assim como também os apóstolos testificaram ser Cristo “a pedra principal” (At 4.11; 1ª Pe 2.7). Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24).

II. O FUNDAMENTO: APÓSTOLOS E PROFETAS

1. O conceito de Apóstolos. O termo grego apóstolos é usado para “enviado” ou “mensageiro”. O apostolado é centrado na natureza da missão de Cristo, que foi enviado para ser o salvador do mundo (Hb 3.1; 1ª Jo 4.14). Nos Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas usam o termo quando se referem aos doze escolhidos por Jesus (Mt 10.2-5; Mc 6.30; Lc 6.13). Eles foram testemunhas oculares do ministério, morte e ressurreição de nosso Senhor (At 1.21,22). Assim, Paulo também foi chamado pelo próprio Senhor para ser Apóstolo (1ª Co 15.8,9; Rm 1.1). Aos apóstolos foi confiado o ministério da Palavra com o compromisso de instruírem a Igreja (At 6.2-4). Nesse aspecto, os apóstolos são aqueles que foram comissionados por Cristo para a Igreja primitiva, e a mensagem de Cristo, o fundamento.

2. A doutrina dos apóstolos. Embora não se possa desassociar das pessoas o ofício que ocupavam, o que constitui o fundamento da igreja não são os apóstolos em si, mas a doutrina que eles ensinavam, ou seja, as Escrituras (At 2.42; 2ª Tm 3.16). Os apóstolos receberam a doutrina diretamente de Cristo (Rm 6.17; 1ª Tm 1.3; 2ª Pe 3.16). Assim como não se pode mexer na pedra angular depois de colocado o alicerce, igualmente o fundamento da Igreja não pode ser violado. Acerca disso, o Senhor Jesus asseverou: “as minhas palavras não hão de passar” (Lc 21.33). A Bíblia de Estudo Pentecostal ratifica que a revelação dos Apóstolos conforme temos no Novo Testamento nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior.

3. O testemunho dos profetas. A palavra grega prophetes significa proclamador e intérprete da revelação divina. A ordem da frase em Efésios 2.20, “apóstolos e profetas”, indica tratar-se dos profetas da Igreja, e não os do Antigo Testamento. Mais adiante Paulo assegura que a compreensão do mistério que no passado estivera oculto, de que os gentios tinham igual posição no Corpo de Cristo e eram participantes da promessa, foi revelado pelo Espírito aos profetas do Novo Testamento (3.4-6). Assim, os profetas neotestamentários que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2ª Pe 1.21) perfazem o alicerce da Igreja de Cristo.

SUBSÍDIO BÍBLICO -TEOLÓGICO

“‘Essencialmente, a igreja representa uma comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos pode ser comparada a um edifício e, especialmente, a um templo’ (Stott, 106). A frase ‘edificados sobre o fundamento’ é a transição para essa analogia da Igreja como um edifício em processo de construção. Em 2.20-22, Paulo novamente assegura aos gentios que formarão parte integral da igreja que Deus está construído. […] A Igreja é ‘edificada’ sobre a revelação original e infalível de Cristo aos primeiros apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar que líderes visionários e santos, pessoas cheias da Palavra e do ‘espírito de sabedoria e de revelação’ (1.17), continuam a ser necessárias para liderar a Igreja ‘até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. RJ: CPAD, 2017, pp.419,420).

III. EDIFICADOS PARA MORADA DE DEUS

1. Edifício bem ajustado. A expressão “todo o edifício, bem ajustado cresce” indica um processo contínuo de desenvolvimento dos crentes (2.21). Assim como todas as partes do edifício precisam estar harmônicas (Cl 2.2; 1Co 1.10), o crescimento da igreja também depende de tudo ser bem ajustado a Cristo (Rm 14.15,16; 2ª Co 13.11). Nessa caminhada o salvo comporta-se como filho obediente e passa a evidenciar o fruto do Espírito (1ª Pe 1.14; Gl 5.22). O desenvolvimento prossegue até alcançar à medida completa de Cristo (Ef 4.13), pois todo crente bem ajustado torna-se “templo santo no Senhor” (2.21).

2. Templo santo no Senhor. A palavra aqui usada para templo é o vocábulo naon , que designa o recinto interior (o Lugar Santíssimo), ou seja, o lugar do encontro do sumo sacerdote com Deus (Hb 9.7). Todavia, a analogia paulina não se refere a uma estrutura material, mas sim ao crente que se tornou templo santo (1ª Co 3.16). Separado do pecado, quem pertence a Cristo passa a viver em santidade (1ª Pe 1.15; 1ª Jo 1.7). Como resultado, ao desfrutar da comunhão divina, o crente recebe o livre acesso à presença do Pai, tornando-se assim, “morada de Deus no Espírito” (2.22; Hb 4.14-16).

3. Morada do Altíssimo. No Antigo Testamento, a expressão “morada de Deus” fazia alusão ao tabernáculo e, depois, ao templo Israelita. Indicava lugar de habitação permanente e de comunhão íntima. Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22) e que tal afirmação ratifica o ensino apostólico de que “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 17.24). Ele reside individualmente dentro de cada cristão, bem como no corpo inteiro de crentes, a Igreja formada por judeus e gentios (Jo 14.23; 1ª Co 3.16).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Templo do Espírito. Outra figura muito significativa da igreja, no Novo Testamento, é ‘o templo do Espírito Santo’. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1ª Co 3.11). Em outra Epístola, no entanto, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20). Talvez isto signifique que esses primeiros líderes tivessem sido usados de modo muito especial pelo Senhor, a fim de estabelecer e fortalecer o templo do Espírito com os ensinos e práticas que haviam aprendido de Cristo e que continuam a ser comunicados aos crentes hodiernos através da Escrituras” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018, p.546).

CONCLUSÃO.
A comparação da Igreja como edifício em construção indica que estamos em processo de aperfeiçoamento até que todos cheguemos à unidade da fé (4.12,13). A pedra angular, que é o próprio Cristo, não pode ser substituída. A doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas não podem ser revogados.

BAPTISTA, Douglas. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020. Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas. CPAD – RJ.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

O CRISTO O DEUS ENCARNADO



I. A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO - ANTES DA CRIAÇÃO DO MUNDO

1. A doutrina da pessoa de Cristo (Cristologia) é crucial para a fé cristã. É básica para a soteriologia, pois, se nosso Senhor não era quem afirmava ser, então, seu sacrifício foi deficiente, não sendo suficiente para pagar pelos pecados da humanidade.

Quando o Senhor Jesus encarnado veio realizar a obra de redenção da humanidade, Deus tornou-se o Filho do homem, aparecendo-se e realizando a obra entre os homens. Ele não apenas abriu a Era da Graça, mas iniciou uma obra nova era na qual Deus veio pessoalmente ao mundo humano para viver entre os homens. Com grande adoração, o homem chamou o Senhor Jesus de Cristo, o Filho de Deus. Sim! Naquele tempo, o Espírito Santo também testemunhou que o Senhor Jesus é o Filho amado de Deus, e o Senhor Jesus chamou Deus de Pai celestial. Assim sendo, o homem acreditou que o Senhor Jesus era o Filho de Deus.

2. A Encarnação do Verbo tornou-se o “Principal pilar da fé cristã”. Afinal para crer e aceitar esse mistério só por meio da fé, (Papel principal da Doutrina de Cristo), provocar a fé veja: João disse: “Deus enviou seu Filho Unigênito para todo aquele que nele crer não pereça mais tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Jesus mesmo afirmou várias vezes o fator crer nele: “Quem crer em mim como diz as escrituras do seu interior correrão rios d’águas vivas” (Jo 7.38), O fator crer era a chave para se achegar a Deus (Jo 14.1). Veja bem! A fé que sig confiança crença, acreditar ou simplesmente crer! Era enfatizado, como alicerce, raiz, base e estrutura sólida (Hb 11.1). Sem ela é totalmente impossível agradar a Deus (v. 6). O justo vive por meio dela e por ela (Rm 1.17). Ela vem-nos por meio da pregação da palavra (Rm 10.17). A Palavra é o Próprio Cristo! Então é d’Ele que vem a nossa base de fé! Graças a Deus!

O mistério da encarnação de Cristo, pôs em movimento o “Plano da Salvação” arquitetado antes da fundação do mundo (Ef 1.1-6). Partindo da premissa que afirma ser Deus Onisciente, sabedor de tudo, passado, presente e futuro, sem precisar de subterfúgios ou meios de previsões! É notório que Ele sabia que o homem cairia, todavia Ele não impediu a queda, por que o homem precisava ser provado! Note Deus queria criaturas capazes de servi-lo, por amor! Enquanto Satanás regozijava com a queda do homem, Deus vê nela “A queda” tudo o que queria para nos provar seu amor e com isto dá uma lição a Satanás sem precisar mover um dedo, apenas um homem, um homem/ou mulher que estivesse disposto a aceitar o desfia da fé! Gloria a Deus!

O Mistério da encarnação nos revela o plano da salvação! Este acontecimento é o fato fundamental da fé Cristã, pois a encarnação do verbo reflete a união da natureza Divina com a Humana. Esse mistério revelado é o acontecimento mais mirabolante e envolvente do Cristianismo! Jesus encarnando nascendo da virgem como foi predito! Amem!

3. O significado da preexistência de Cristo. Significa que Jesus existia antes de nascer como homem, antes mesmo até da criação do tempo. É um conceito paralelo, mas distinto da “eternidade”.

2. A importância da doutrina da preexistência de Cristo. O maior testemunho da preexistência de Cristo vem dele mesmo, pois declara implicitamente e explicitamente a sua condição de existência antes da encarnação.

2.1. No nascimento. Se Cristo veio a existir em seu nascimento, Ele é apenas um homem comum, ou seja, nunca existiu. Porém, quando lemos o texto do profeta Isaías ele diz que o menino (que se refere a Jesus) e: “...Deus Forte, Pai da Eternidade...” (Is 9.6).

2.2. Na divindade. Se Cristo não era preexistente, então, não poderia ser Deus.
Fl 2.6 “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.”

Antes de ser gerado pelo Espírito Santo no ventre de sua mãe, Jesus já preexistia sendo parte da Trindade Divina.

2.3. Nas declarações. Se Cristo não era preexistente, ele mentiu a respeito de quem ele era e, consequentemente, possivelmente teria mentido também sobre outros assuntos.

3. As evidências da preexistência de Cristo.
3.1. Sua origem celestial. Jesus declara que desceu do céu, ou seja, Ele já existia antes de Seu nascimento.

Jo 3.13 “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.”

Jo 3.13, 31: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. 31 - Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos. 38 - Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 51 - Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. 58 - Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. 62 - Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?”

3.2. Ele afirma claramente que existia no céu antes da sua vinda a esta terra. Jesus declara que foi enviado, que desceu, isto implica em existência anterior à sua vinda: Jo 8.42 Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.”

Jo 13.3 “Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus.”

Jo 16.28 “Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.”

3.2. Sua obra na criação. Cristo estava envolvido na obra da criação, sendo anterior a ela:

Jo 1.3 “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.”

Cl 1.16 “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.”

Hb 1.2 “A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.”

3.3. Seu relacionamento com Deus. A Bíblia afirma que Jesus tem a mesma natureza de Deus e que possuiu a mesma glória do Pai antes de o mundo existir.

A. Natureza. Jo 10.30 “Eu e o Pai somos um.”
Fl 2.6 “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.”

B. Glória. Cristo afirma que já existia em glória antes da fundação do mundo.
Jo 17.5 “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. 24 - Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.”

3.4. Seu relacionamento com João Batista. João Batista reconhece a existência de Jesus antes de ele vir a existir, mesmo tendo ele nascido antes do Jesus encarnado. Jo 1.15,30 “João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. 30 - Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.”

II. A ETERNIDADE DO CRISTO PRÉ-ENCARNADO

1. O significado da eternidade de Cristo.
Jesus sempre existiu, eternamente. A eternidade e a preexistência andam sempre unidas, apesar de Ário ter afirmado a preexistência de Cristo e negado sua eternidade, ponto de vista defendido atualmente pelas Testemunhas de Jeová.

A palavra Pai da Eternidade referindo-se a Jesus (Is 9.6), mostra-nos que Ele é Eterno. A palavra Eterno no hebraico ["עלמּ" `olam], está relacionado a duas dimensões: “mundo físico e também ao tempo eterno.

Esta única palavra aparece na Bíblia, com variações, não menos que 437 vezes. Na língua hebraica, `olam (עלמּ) representa tanto a dimensão física quanto a dimensão do tempo - relacionando-se, especificamente, com sua propriedade “ilimitada”. Assim, `olam ( עלמּ ) significa, simplesmente, “mundo físico” (tudo o que existe), mas também fala de “tempo”, “eternidade” (relacionado ao tempo sem limites), ou o tempo decorrido desde o início dos tempos até a eternidade.

A palavra `olam (עלמּ) é derivada da raiz "עלמּ" `alam, que significa ocultar, esconder, ser escondido, ser ocultado, ser secreto. Na língua hebraica, essa raiz é origem de muitas palavras, todas com um senso comum: ser escondido, ocultado. Exemplos incluem "העלם" healem (esquecimento, desaparecimento), "תעלמה" ta`alummah (mistério, segredo), "להעלים" le-halim (esconder) e "להתעלם" le-hitalem (ignorar, agir como se algo é inexistente).

Olhando o sentido da palavra no seu significado mais concreto como era utilizado nos primórdios pelo povo hebreu, `olam (עלמּ) significa “além do horizonte”, apontando para algo distante e escondido, tanto físico quanto temporal, por isso a relação de `olam (עלמּ) com sua raiz `alam (עלמּ).

Você pode então justificadamente perguntar: Qual é a conexão entre “mundo” e “ocultação”? A resposta está escondida no clamor do profeta Isaías a Deus:

“Verdadeiramente, Tu és Deus que Se oculta (se esconde, misterioso), ó Deus de Israel, ó Salvador.” (Isaías 45.15)

O tema do Deus oculto é repetido inúmeras vezes na Bíblia. Por exemplo, quando Moisés pede a Deus “Mostre-me a Tua glória” (Êx 33.18), a resposta que ele recebe é:

“Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. 22 - E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. 23 - E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.” (Êx 33.21-23).

A tradição judaica interpreta isso implicando que a presença de Deus pode ser evidenciada pelas coisas que já ocorreram no passado (“Tu Me verás pelas costas”), entretanto, a própria existência de Deus está escondida dos olhos. Isso é muitas vezes comparado com o fato de que se pode ver o corpo humano, em suas várias manifestações, mas não a alma e o espírito que reside dentro de cada um. Da mesma forma como no Tabernáculo de Moisés no deserto, onde o Pátio (que simboliza o corpo) poderia ser visto abertamente, mas o Lugar Santo (que representa a alma) e o Lugar Santíssimo (que representa o espírito), ficavam escondidos pelas várias coberturas e os véus do Santuário. Por isso o autor de Hebreus escreve que o caminho ao SENHOR foi por meio da destruição do véu (a cobertura que simboliza a carne ... nesse caso a carne de Jesus que escondia a Sua natureza divina) que esconde o Santuário:

“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne” (Hb 10.20).

O sentido e o uso da palavra `olam (עלמּ) agora se torna claro: o mundo inteiro é uma manifestação do oculto de Deus. Deus está no mundo, mas o mundo inteiro é também um testemunho do Deus que Se esconde (Is 45.15) e isso para que o homem sempre tenha que fazer uso da fé, porque ...

“... sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que O buscam.” (Hb 11.16).

O significado na palavra hebraica para “mundo” e “eternidade” agora torna-se óbvio: em uma única palavra, `olam (עלמּ), está descrito toda a criação que envolve o mundo físico e o tempo, percebidos na física moderna pela relação espaço-tempo que rege o universo, mas que também fala do Criador de todas as coisas e que Se esconde, que Se oculta para que o homem possa fazer uso de seu poder de escolha e busque ou não ter um relacionamento com aqu’Ele que o criou (Elohim Bara).

Este nome é traduzido em nossas Bíblias como “Deus Eterno”, embora pudesse ser traduzido como “Deus dos séculos ou gerações.” EL-OLAM é encontrado pela primeira vez em gênesis 21.33. EL-OLAM nos mostra que Deus é o Deus do tempo, tudo o que acontece está sob o controle de Deus. Ao longo da história da humanidade EL-OLAM tem se manifestado e revelado o seu propósito ao homem, sua máxima revelação e manifestação se encontra na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo:

“Deus falou muitas vezes e de muitos modos anteriormente aos nossos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos tem falado pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb 1.1-2). Jesus Cristo tem atributos eternos. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8). Ele obteve para nós a redenção eterna (Hb 9.12).

2. A importância da doutrina da eternidade de Cristo.
Se a eternidade do Verbo é negada, então:
(a) Não existe Trindade.
(b) Cristo não possui divindade absoluta.
(c) Ele mentiu.

3. As evidências da eternidade de Cristo.
3.1. A essência de Cristo. Cristo é da mesma essência de Deus. Hb 1.3 “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.”

3.2. Os profetas. Os profetas anunciaram a eternidade de Cristo.
Isaías 9.6 “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”

O cristianismo sempre entendeu que Deus é eterno (Rm 16.26). A eternidade, como característica do ser divino, trata da relação de Deus com o tempo.

Para melhor compreendermos a doutrina da criação faz-se necessário analisarmos os três conceitos que os gregos antigos tinham para tempo: kronos, kairós e Aion.

A. O tempo kronos: refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, tempo do calendário, do relógio, tempo que costuma nortear a vida terrena, é o tempo dos homens.

B. O tempo kairós: É uma antiga palavra grega que significa a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o “tempo de Deus”, enquanto chronos é de natureza quantitativa, o “tempo dos homens”.

C. O tempo Aeon: já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

Quando Jeová criou a terra não foi no tempo literal, mas o tempo kronos. No Salmo 90 está escrito: “Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem que passou, e como uma vigília da noite”. 
Em 2ª Pedro 3.8: “Amados, não ignoreis uma coisa: “um dia para o senhor é como mil anos e mil anos como um dia”

- Todavia, não havia sol e nem lua, e o universo estava sob tempo de Jeová (Aeon) e não do homem. Em “seis dias” em tempo remotos e sem haver ninguém presente para relatar o processo da operação.
Como resultado, toma-se a eternidade divina como significando que Deus é totalmente e completamente desvinculado e alheio a qualquer realidade temporal ou histórica. As consequências de uma ideia como essa permeiam e condicionam toda a concepção clássica da natureza e dos atos divinos.

Isaías 57.15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

Mq 5.2 “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.”

3.3. Jesus declara que existia antes de Abraão - Jo 8.58-59 “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. 59 - Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.”

Cristo afirmou Sua existência eterna. Porém, os judeus perguntam: “Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?” Indicando claramente que o homem Jesus não tinha idade suficiente para fazer esta declaração, mas o Filho de Deus existia eternamente, o que equivalia a declarar-se Deus e, por isso, quiseram apedrejá-lo (Jo 8.56-59). A expressão “Eu sou” afirma sua eternidade e divindade.

3.4. A declaração de João. O evangelista João claramente afirmou a eternidade do verbo Jo 1.1 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”

3.5. A declaração do apóstolo Paulo – 1ª Timóteo 1.15-17: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 - Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna. 17 - Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”

V. 17 Rei eterno. Ao contrastar sua nova vida em Cristo com sua vida anterior de intolerância e ódio, Paulo prorrompe em uma gloriosa doxologia de gratidão (sobre semelhantes hinos de gratidão.

Esta atribuição de louvor é oferecida a Deus em vista da misericórdia que ele havia demonstrado a tão grande pecador. Além do mais, Deus se revelou como Salvador de uma maneira específica e pessoal, isto é, em Jesus Cristo o Filho de Deus. Em Sua sabedoria e decreto soberano, Deus fez de Cristo o único caminho pelo qual podemos conhecê-lo como Salvador. Ele não salva à parte de Jesus Cristo. Dessa forma, Jesus é a única esperança para a humanidade. Os não cristãos não têm nenhuma base para pensar que eles serão declarados justos diante do trono de Deus, ou para pensar que algo bom acontecerá a eles após a morte. Eles enganam a si mesmos quando se apegam aos seus falsos deuses e superstições, incluindo sua ciência e filosofia, e aqueles que confiam em suas boas obras não conseguirão nada melhor

Para o duplo testemunho que acabou de ser apresentado, a doxologia de louvor vem como o clímax e a fonte da profunda adoração e gratidão de Paulo. Deus Pai não foi mencionado no contexto, portanto esta doxologia dirigida a Deus possivelmente pode ser aceita como

dirigida a Cristo ou ao Deus Triúno.

Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus
Blumenaus SC

quarta-feira, 13 de maio de 2020

CRISTO É A NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS



LEITURA BÍBLICA

Efésios 2.14-19 “14 - Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, 15 - na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, 16 - e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 - E, vindo, ele evangelizou a paz a vós que estáveis longe e aos que estavam perto; 18 - porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. 19 - Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus.”

INTRODUÇÃO
Se na lição anterior, analisamos o antigo quadro desolador acerca dos gentios, em que o apóstolo Paulo descreveu (2.11,12), nesta veremos que houve uma significativa mudança na sequência do capítulo dois. No versículo 13 Paulo usa a expressão adversativa, “mas agora” para indicar que algo aconteceu e alterou a situação dos gentios. Ele explica que essa mudança repousa na Obra que Cristo realizou: “vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (2.13).

I. CRISTO DESFEZ A INIMIZADE ENTRE OS HOMENS

O exclusivismo religioso criou inimizade entre judeus e gentios. Nesse ponto veremos o que Cristo fez para dar fim a esse litígio entre os homens (2.14,15).

1. A parede de separação entre os homens. Trata-se de uma analogia com as muralhas do templo em Jerusalém. A estrutura da construção revela o exclusivismo religioso do Judaísmo. Entre o santuário e o átrio dos gentios havia um muro de pedra com a proibição de acesso aos estrangeiros. O extremismo judaico quanto a esse aspecto levou Paulo à prisão quando ele foi acusado de permitir um grego ultrapassar essa barreira (At 21.28-30).

2. A derrubada da parede da separação. O apóstolo declara que em Cristo foi derrubada “a parede de separação que estava no meio” (2.14b). Essa barreira era tanto literal como espiritual, mas por mérito da cruz de Cristo a divisória foi rompida. Assim, não somos mais forasteiros, mas somos da família de Deus, temos acesso à presença do Pai (2.18) e, pelo sangue de Cristo, temos livre entrada no santuário de Deus (Hb 10.19).

3. O conceito da lei dos mandamentos. A compreensão desse conceito repousa na visão tripartida da lei mosaica: a moral, a cerimonial e a civil, que na verdade são três esferas da mesma lei. A lei civil diz respeito ao israelita como cidadão. A lei moral permanece em vigor como padrão de conduta, mas não como meio de salvação (2.8,9). A lei cerimonial é citada como sendo a “circuncisão”, “sacrifícios”, “comida e bebida”, “dias de festas, lua nova e sábados” (Cl 2.11,16). Esses ritos identificavam a posição do povo judeu diante de Deus e demonstrava a hostilidade deles para com os gentios.

4. A revogação da lei dos mandamentos. A eliminação das barreiras que dividiam judeus e gentios se deu pela revogação da “lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças” (2.15b). Essa revelação não contradiz o que Jesus disse: “não vim para revogar, mas cumprir a lei” (Mt 5.17 – NAA). Visto que, ao entregar seu corpo para ser crucificado, Cristo cumpriu a Lei oferecendo-se como sacrifício em favor de ambos os povos (Hb 7.27). Desse modo, a revogação aqui aludida é a da lei cerimonial, que resultava em separação entre judeus e gentios. O ato de Cristo, oferecido a Deus em cheiro suave, aboliu a necessidade dessas ordenanças ritualísticas e assim a inimizade foi desfeita (5.2).

II. PELA PAZ, CRISTO FEZ UM “NOVO HOMEM”

A partir da expiação na cruz, a paz foi proclamada e de ambos os povos, judeus e gentios, Cristo fez uma nova humanidade (2.14-17).

1. O conceito bíblico de paz. De forma geral, a paz é a descrição de boas relações (At 24.2,3), do fim de um conflito (Lc 14.32), do estado de tranquilidade (1ª Rs 4.24) e de uma qualidade espiritual (Gl 5.22). Na passagem em apreço, o apóstolo ressalta a paz conferida por meio de Cristo. Sua morte na cruz desfez a nossa inimizade com Deus e como os homens, tornando possível a reconciliação entre ambos e, promovendo assim, a paz (Cl 1.20).

2. Cristo é o motivo da nossa paz. Paulo declara que Cristo “é a nossa paz” (2.14b). Essa expressão aponta para uma conotação mais profunda, pois Cristo não é apenas o “autor da paz”, mas literalmente “a nossa paz”. Isso implica o conceito de “comunhão espiritual”, ou seja, Cristo habita em nós sendo Ele mesmo a nossa paz: Jo 14.23-27 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. 24 - Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou. 25 - Tenho-vos dito isto, estando convosco. 26 - Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. 27 - Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”
- Desse modo, essa paz repousa na igreja, entre o crente e Deus e entre judeus e gentios, agora um único povo em Cristo Jesus (2.14.b).

3. A nova humanidade formada pela paz. Cristo uniu os povos que outrora se hostilizavam, para criar “em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz” (2.15c). Essa unidade não foi o resultado de algum acordo firmado entre os homens. Ela foi realizada “em si mesmo”, ou seja, o único modo possível era “em Cristo” e “por meio de Cristo”. A partir desse ato surge uma nova humanidade: a Igreja, “onde não há circuncisão e nem incircuncisão” (Cl 3.11). Foi Cristo quem criou esse novo povo “fazendo a paz” (2.15c). Nele, as desigualdades foram eliminadas, a acepção de pessoas desfeita, a etnia e a classe social desapareceram (Rm 2.11; Gl 3.28).

4. A restauração da paz. Embora o resultado da queda fosse a destruição da paz e do bem-estar para a raça humana, e até mesmo para a totalidade do mundo criado, Deus planejou a restauração do shalom; logo, a história da reconquista da paz é a história da redenção em Cristo.

4.1. Tendo em vista que Satanás deu início à destruição da paz no mundo, o restabelecimento da paz deve envolver a destruição de Satanás e do seu poder. Por isso, muitas promessas do AT a respeito da vinda do Messias era promessas da vitória e paz vindouras. Davi profetizou que o Filho de Deus governaria as nações (Sl 2.8,9; cf. Ap 2.26,27; 19.15). Isaías vaticinou que o Messias reinaria como o Príncipe da Paz (Is 9.6). Ezequiel predisse que o novo concerto que Deus se propôs estabelecer através do Messias seria um concerto de paz (Ez 34.25; 37.26). E Miqueias, ao profetizar o nascimento em Belém do rei vindouro, declarou: ‘E este será a nossa paz’ (Mq 5.5).

4.2. Por ocasião do nascimento de Jesus, os anjos proclamaram que a paz de Deus acabara de chegar à terra (Lc 2.14). O próprio Jesus veio para destruir as obras do diabo (1ª Jo 3.8) e para romper todas as barreiras de conflito que tomasse parte da vida a fim de fazer a paz (Ef 2.12-17). Jesus deu aos discípulos a sua paz como herança perpétua antes de ir à cruz (Jo 4.27; 16.33). Mediante a sua morte e ressurreição, Jesus desarmou os principados e potestades hostis, e assim possibilitou a paz (Cl 1.20; 2.14,15; cf. Is 53.4,5). Por isso, quando se crê em Jesus Cristo, se é justificado mediante a fé e se tem paz com Deus (Rm 5.1). A mensagem que os cristãos proclamam são as boas-novas da paz (At 10.36; cf. Is 52.7)” (STAMPS, Donald (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.1120-21).

*Sobre a Paz
eirene, paz. Ocorre em cada um dos livros do Novo Testamento, salvo em 1ª João. O termo descreve paz como: relações harmoniosas entre homens, entre nações; amizade; as relações harmonizadas enre Deus e os homens, satisfeitas pelo Evangelho; sensação de descanso e satisfação que lhe é consequente.” [Dicionário Vine, CPAD, pp. 856-57].

III. PELA CRUZ, RECONCILIADOS COM DEUS NUM CORPO
O ministério da reconciliação desfez a inimizade entre o homem e Deus, bem como entre os homens. Essas dádivas foram possíveis por causa da cruz de Cristo.

1. Cristo se fez maldição por nós. Ser condenado à morte de cruz era um sinal de maldição e de profunda humilhação (Hb 12.2). O réu era açoitado por um chicote de várias tiras de couro, acompanhado de chumbo ou ossos nas pontas (Mc 15.15). Em seguida, era obrigado a carregar publicamente sua cruz até ao local da execução (Jo 19.7). Por essas razões a cruz era escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1ª Co 1.23). Apesar disso, Cristo suportou a afronta, levou a nossa culpa, entregou seu corpo para a crucificação e se fez maldição em nosso lugar (Gl 3.13).

2. Reconciliados pela cruz de Cristo. Foi o sacrifício vicário de Cristo na cruz e sua consequente vitória sobre a morte que possibilitaram nossa reconciliação com Deus e com os homens (Cl 1.20). Nessa perspectiva que Cristo “é a nossa paz” (2.14), que pela sua carne um novo homem foi criado “fazendo a paz” (2.15) e que também “evangelizou a paz a vós”, proclamando ao mundo as boas novas da cruz (2.17). A mensagem da cruz apregoa a paz entre Deus e os homens, isto é, o ministério da reconciliação (2ª Co 5.18-20).

3. Reconciliados na cruz em um corpo. O apóstolo Paulo reforça que o propósito de Cristo foi o de “reconciliar ambos [judeus e gentios] com Deus em um corpo” (2.16b). A ênfase aqui recai sobre a inimizade existente na vertical, isto é, entre os homens e Deus. No versículo 14, o destaque era a inimizade horizontal, quer dizer, entre os judeus e os gentios. De forma que a reconciliação deve ser duplamente compreendida. As duas inimizades foram desfeitas quando Cristo levou nossos pecados no madeiro (1ª Pe 2.24). A ira de Deus, que por causa dos pecados estava sobre nós, foi cravada na cruz (Cl 2.13,14). Assim, a reconciliação foi concretizada pela cruz, gerando um novo povo, num único corpo: a “família de Deus”; a “Igreja de Cristo” (2.19; 3.6; 4.4; 5.23,30).

- O ministério da reconciliação ao restaurar a comunhão estabeleceu a Igreja, a nova família de Deus.
“A paz e a unidade entre judeus e gentios exigia que ambos fossem reconciliados ‘pela cruz… com Deus em um corpo (2.16). Isso pressupõe que tanto judeus como gentios eram pecadores separados de Deus (2.3) e necessitavam da morte expiatória de Cristo a fim de serem reconciliados com Deus (2.17,18). Sua ‘inimizade (2.16), que foi condenada à morte na cruz, era tanto horizontal como vertical – isto é, uma hostilidade entre povos não regenerados e Deus (Rm 5.10), e entre grupos hostis, tais como judeus e gentios. O milagre da reconciliação resultou em uma nova entidade espiritual chamada ‘um corpo’ de Cristo (2.16). Esse assunto tornar-se o foco de Paulo 2.19-22” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 417-18).

CONCLUSÃO
Em obediência ao plano divino, Cristo cumpriu as demandas da lei na cruz. Em seu sacrifício derrubou as barreiras e aboliu as ordenanças cerimoniais que serviam de divisão. Por meio da paz conquistada no madeiro desfez a inimizade, criou uma nova humanidade e a reconciliou com Deus. A partir dela, formou um novo povo: a Igreja, o Corpo de Cristo.

FONTE DE PESQUISA

1. BAPTISTA Douglas, Lições Bíblicas 2º Trimestre de 2020, CPAD RJ.

2. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, CPAD RJ.
3. Dicionário Vine, CPAD RJ.

terça-feira, 12 de maio de 2020

A ORIGEM DO PECADO



INTRODUÇÃO

A doutrina do pecado é conhecida nos tratados de teologia como Hamartiologia, da palavra grega hamartia. O estudo se reveste de suma importância porque se trata do problema básico de todos os seres humanos. Todos os conflitos no mundo e as confusões existentes na humanidade são manifestações do pecado. Ninguém pode se livrar dele, mas o Senhor Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores da condenação eterna. O enfoque da presente lição é definir e explicar o pecado, bem como apresentar o meio divino para a solução humana.
Deus não criou o pecado. A Bíblia diz que “tudo o que Deus criou era bom” (Gn 1.31) Então Deus não é o Autor do pecado. Os seres morais não tinham pecado ao serem criados. Satanás foi criado de modo perfeito e sem pecado (E 28.15); “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29).

I. DEFININDO OS TERMOS

pecado no heb: hhatá; no gr. Hamartáno; e no latim, o termo é vertido por peccátu que significam “errar”, no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal ou padrão.
O seu equivalente grego na Septuaginta e no Novo Testamento é hamartia. Essa palavra na Septuaginta traduz 24 termos hebraicos no Antigo Testamento referentes ao pecado.
Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o pecado: erro, iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição, injustiça etc., além dos verbos e adjetivos cognatos. Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Gl 5.19-21). Mas há um termo genérico para designar o pecado com todos os seus detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com “h” aspirado), que literalmente significa “errar o alvo” (Jz 20.16).
O substantivo derivado desse termo aparece pela primeira vez no relato do assassinato de Abel por seu irmão Caim: “E, senão fizeres bem, o pecado jaz à porta” (Gn 4.7).
Em sentido etimológico — a palavra ‘pecado’ conforme se encontra em nossas versões, vem da palavra hebraica ‘hatta’th’, do qual origina-se a raiz hebraica ‘hata’ traduzido na Septuaginta da palavra ‘hamartia’. Existem algumas palavras que relatam significados semelhantes à palavra hebraica hatta’th’, como também a palavra grega ‘hamartia’. Estes termos são aplicados no tempo e no espaço para descrever e dar sentido a tudo aquilo que o pecado é e suas formas de expressão. Os eruditos teológicos usam várias palavras deste gênero para descrever a natureza sombria do pecado, mostrando seus aspectos e suas disposições torcidas, maléficas em sua natureza daninha e perniciosa” (PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.13,14).
O pecado é um mal moral; é violência, corrupção. Errar ou desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou andar no erro. Pecado significa “errar o alvo”, como um arqueiro que atira, mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. É também “errar o caminho” como um viajante que sai do caminho certo. Pecado é uma falta de integridade e retidão, uma saída da vereda designada. É uma revolta ou uma recusa de sujeição à autoridade legítima, uma transgressão da lei divina. O pecado é uma fuga ímpia e culposa da lei de Deus; é também culpa, infidelidade, falsidade, engano, dívida, desordem, iniquidade, queda, obstinação, desobediência, falta, derrota, impiedade, erro, morte; pecado, uma ofensa, uma violação da lei divina em pensamento ou em ação etc.

II. A ORIGEM DO PECADO

1. Deus criou a terra - Gn 1.1 “No princípio criou Deus os céus e a terra”.
Deus é o criador de todas as coisas, visível e invisível, Ele criou os anjos arcanjos, querubins e serafim. Tudo é obra de Suas mãos.

2. Deus não fez a terra vazia, mas criou para ser habitada - Is 45.18 “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, Ele é Deus; foi Ele que formou a terra, e a fez, Ele a estabeleceu; Ele não a criou para ser vazia, mas a formou para que fosse habitada. Diz Ele! Eu sou o Senhor e não há outro”.
A maioria dos teólogos concorda que Lúcifer (anjo de luz), habitava na terra antes da criação do homem. A terra era diferente da qual vivemos hoje. Após o pecado de Lúcifer, Deus transformou esta terra e ela ficou sem forma e vazia uma terra caótica.

3. O pecado originou-se no mundo angélico. Para se conhecer a origem do pecado, devemos retomar à queda do homem descrita em Gn 3; e olhar atentamente algo que aconteceu no mundo dos anjos. O Senhor Deus criou um número enorme de anjos e todos estes eram bons (Gn 1.31). Porém, Lúcifer e legiões deles rebelaram contra Deus, pelo que caíram em condenação. A época exata dessa queda não é indicada na Bíblia, mas em Jo 8.44. O Senhor Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio. O apóstolo João, na sua primeira epístola, capítulo 3 e versículo 8, diz que “o diabo peca desde o princípio”. Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Mas, quando da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo” (1ª Tm 3.6- AEC). Podemos concluir com toda convicção, que foi o pecado do orgulho (soberba), de desejar ser como Deus em poder e autoridade (Is 14.12-15).

III. A origem dE SATANÁS

Vamos conhecer agora o terceiro inimigo do homem, que se chama Satanás. Existem pessoas que tem em si, uma pergunta, e buscam a resposta. Essa pergunta é: Como surgiu Satanás e os demônios? Neste tópico veremos como surgiu Satanás, que faz, quem é, o que pode, e os nomes e títulos de Satanás, como satanás atua, sete armas contra satanás e as sete debilidades de satanás.
A Bíblia ensina que Deus é o criador de todas as coisas (Jo 1.3), nos céus e na terra, tanto visíveis, quanto invisíveis (Cl 1.16), mas também ensina que tudo o que Deus criou foi bom (Gn 1.31). Por essa razão, algo certamente aconteceu para que este ser criado por Deus se tornasse o diabo, se tornasse o acusador e inimigo de Deus.
Para entender o que aconteceu, podemos tomar Isaías 14 (Is 14.11-15) e Ezequiel 28 (Ez 28.11-19) como base. Apesar de serem profecias inicialmente dirigidas aos reis da Babilônia e de Tiro, tais passagens tomam proporções que vão muito além do que poderia ser declarado a respeito de qualquer ser humano. Tanto o texto em si, quanto o contexto bíblico (1ª Tm 3.6, Lc 10.18), mostram claramente que se trata de uma referência à origem de Satanás, ou seja, são alusões que o Eterno usou para referir a determinada pessoa.
Ezequiel fala de um anjo criado de forma especial (Ez 28.13), em Isaías ele é chamado de “estrela da manhã” (Is 14.12), na tradução para o latim, Lúcifer.

III. quem era satanÁs

Deus não criou Satanás, mas criou um ser especial, perfeito, ungido e cheio de sabedoria, porém a soberba levou a sua queda e tornou-se:
Diabo. Nome que se dá ao chefe dos demônios. Em grego diabolos quer dizer “caluniador” (Mt 4.1).
Satanás. Em hebreu é Satã, que quer dizer “adversário” (Jó 1.6 a 9).

1. Satanás era um querubim ungido - Ez 28.14 “Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci”.
Querubim quer dizer protetor. Lúcifer era o protetor da terra. Habitava nela antes da criação do homem.

2. Era perfeito e cheio de sabedoria - Ez 28.12 b-15 “Tu és o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. 15 Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia que foste criado”.
Ele é descrito como modelo de perfeição, cheio de sabedoria e perfeita beleza (Ez 28.12). Criado por Deus como um querubim (Ez 28.14), um anjo de alta hierarquia que, provavelmente, era o responsável por comandar a exaltação e a glorificação de Deus (Jó 38.4-7). A Bíblia diz que, desde o dia em que foi criado, ele permaneceu inculpável em seus caminhos, até que algo aconteceu (Ez 28.15).

3. Estava no Éden e era coberto de pedras preciosas - Ez 28.13, 16: “Estavas no Éden, jardim de Deus, e usava pedras preciosas de todo o tipo: o sardônio, o topázio, o berilo, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda. Você tinha joias de ouro que foram feitas para você no dia em que foste criado”. 16b “... ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras”.
Estava no Éden aqui se refere ao paraíso. A terra onde Lúcifer habitava era adornada de pedras preciosas e ouro. A Bíblia mostra a glória que o querubim Lúcifer possuía, antes de sua queda; guardava a presença de Deus, vivendo no brilho das pedras, ou seja, no meio do fulgor de relâmpagos que para Deus serve como pavimento.

4. Orgulhou-se por causa da sua formosura - Ez 28.2 b. No orgulho do teu coração, tu dizes: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento”. Ez 28.17 diz: “Elevou-se o teu coração por causa da tua beleza.
Por causa da sua grandeza orgulhou seu coração e quis ser igual a Deus. O poder, a riqueza e a sabedoria perdem seu valor quando se misturam com a soberba; é como tomada elétrica desligada da força. Até mesmo um arcanjo que se desliga do contado amoroso de Deus nada mais faz com seus poderes sobrenaturais senão arruinar os homens e decretar sua própria e eterna destruição.

5. Sua cobiça - Is 14.13-14: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei. Subirei acima das mais altas nuvens; serei semelhante ao Altíssimo”.
O orgulho e a cobiça entraram no coração de Lúcifer, a ponto de igualar a um deus. Qualquer criatura quer seja visível ou invisível que se coloca no lugar de Deus, perde a comunhão com Ele e por fim recebe a condenação eterna.

6. Sua queda - Is 14.12, 15 “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Mas você será jogado no mundo dos mortos, ao mais profundo abismo.”
A soberba de Lúcifer fez com que Deus expulsasse do Jardim do Éden. Lúcifer querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição.
Não se deixará de perceber aqui uma aplicação a Satanás que, ao se exaltar contra Deus, foi rebaixado até o inferno. Estrela da manhã, no heb. hêlel, “glorioso”, “luzente”, que alguns interpretam como nome próprio. “Lúcifer”, o assim considerado nome original do diabo.
Não só Lúcifer, mas muitos homens têm caído pelo orgulho e a cobiça. Deus abomina o pretensioso, mas exalta o humilde.

7. Na sua queda levou junto a terça parte dos anjos - Ap 12.4, 7-9: “Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e a jogou sobre a terra. 7 E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão e os seus anjos. 8 - Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar achou nos céus. 9 - E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, que engana a todo mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

8. Deus transformou a Terra em caos, para que satanás não mais habitasse nela - Gn 1.2: “E a terra que era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo”.
Não temos palavra para explicar a beleza que era a primeira terra. Mas após o pecado de Lúcifer Deus transformou esta terra em um caos, ou seja, sem forma e vazia. Tudo que havia de vida animal morreu e a terra ficou coberta de água, até a criação do homem.
Hoje quando o homem encontra fossas de animais pré-histórico, os cientistas dizem: Este animal tem cinquenta milhões de anos; e muitos têm me perguntado como pode. Sim estes animais habitavam aqui quando Lúcifer habitava na terra perfeita. A terra que Lúcifer habitava era diferente da qual nos habitamos hoje. Para o ser humano Deus o recriou.

9. Lúcifer (Satanás) ficou sem moradia e passou a viver no ar - Ef 2.2: “Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência”.

Príncipe das potestades do ar. Principados e potestades são termos utilizados na Bíblia para se referir tanto a reis e governantes que estão em posição de autoridade como a anjos e demônios, isto dependendo do contexto de cada passagem.
No entanto, o apóstolo Paulo utilizou a expressão “principados e potestades” para se referir aos demônios neste texto (ver Ef 6.12; Cl 2.15).

10. Hierarquia demoníaca - Ef 6.12: “Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
Assim como existe uma hierarquia entre os anjos bons (Efésios 1.21), assim também existe uma hierarquia entre os anjos maus. Efésios 6.12 faz referência a essa hierarquia do mal.

1. “Principados” são as ordens angelicais malignas superiores. 2. “Potestades” são os governantes angelicais malignos subordinados. 3.“Dominadores deste mundo tenebroso” são os anjos a serviço do diabo. 4. O “mundo tenebroso”, que também se lê em Efésios 5.8, é este mundo com o seu pecado, os seus pecadores e as esferas da existência onde o mal domina, enfim, o reino das trevas. 5. As “forças espirituais do mal” são mais uma referência aos anjos que estão a serviço do diabo, que é maligno. O lugar onde ficam “as regiões celestes” não é definido pela Bíblia. São reinos ocupados por seres malignos.

11. O inferno não foi feito para os seres humanos. O inferno foi preparado para o diabo e suas hostes: Mt 25.41: “Então, dirá também aos que estiverem a sua esquerda; apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. “Porque, se Deus não perdoou os anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo” (2ª Pe 2.4). Porém, quem rejeita ao Senhor Jesus, irá também para lá: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl 9.17). O Senhor Jesus separará os justos dos injustos: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46). “Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder” (2ª Ts 1.8,9). “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos e reservar os injustos para o Dia de Juízo, para serem castigados” (2ª Pe 2.9). As almas dos que estiverem no inferno serão julgadas e condenadas: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). Reflita, como você vive!

12. Satanás já está julgado - Jo 16.11: “... porque o príncipe deste mundo já está julgado”.
O justo juiz já que venceu todas as coisas já tem julgado o inimigo do homem e de Deus. Não há nenhuma oportunidade de salvação para o diabo, pois ele pecou sem ser tentado, mas o homem pecou porque foi tentado e por isso Deus tem dado oportunidade de salvação, mas o diabo não tem este privilegio é por isso que ele engana a humanidade com sua astúcia e luta contra todos.

A CRIAÇÃO DO HOMEM

Em Gênesis, no capítulo 1 e 2, temos a descrição da criação, que também incluí a criação do homem e da mulher, e uma breve descrição da vida deles sem o pecado no jardim do Éden. A Bíblia não nos diz quanto tempo Adão e Eva viveram sem saber o que era pecar. O fato é que, num determinado momento de suas vidas, pela desobediência a Deus, o pecado entrou na vida de Adão e Eva.

I. Satanás viu Deus criar o homem

Gn 2.7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente”.
A partir do verso dois de Gêneses, Deus recria a Terra para habitação do homem. Note que Deus criou todas as coisas, mas os metais Deus não criou! Por quê? Porque metais não se deteriora debaixo da água. Após ter criado os animais pelo poder de Sua Palavra, Ele cria o homem do pó da terra, com sua imagem e semelhança, fazendo um boneco de barro e soprando em suas narinas o fôlego de vida.

II. Satanás viu Deus criar o jardim para o homem

Gn 2.8: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do oriente, e pôs ali o homem que tinha formado”.
Satanás não se conformou em ficar sem a sua antiga moradia, procurou tirar de lá os seus moradores (o homem), através da astúcia.

III. A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

O pecado originou na raça humana, devido à transgressão voluntária de Adão no paraíso. O tentador veio com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, tornar-se-ia igual a Ele. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, desobedecendo às ordens de Deus. Com o primeiro pecado, Adão passou a ser escravo do pecado (Jo 8.34). Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. A tentação de Satanás pode ser resumida como tendo apelado ao homem desta maneira: ele fez o homem desejar TER o que Deus havia proibido; SABER o que Deus não havia revelado; e SER o que Deus não tivera a intenção que fosse.
Gênesis 3.1-6, 13 e 14: “Ora, a serpente era o mais astuto de todo os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? 2 - Respondeu a mulher à serpente: do fruto da árvore do jardim podemos comer 3 - Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. 4 - Então a serpente disse à mulher: certamente não morrereis. 5 - Porque Deus sabe que no dia em que comerdes deste fruto, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. 6 - Vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, que estava com ela, ele comeu. 13 - E disse o senhor Deus à mulher: porque fizeste isso? E disse a mulher: a serpente me enganou, e eu comi. 14 - Disse, pois, o Senhor Deus a serpente: Porque fizeste isto, maldita és entre todos os animais domésticos, e entre todos os animais do campo; sobre teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida”.
A essência do pecado de nossos primeiros pais é algo como o que segue:
A) Eva não confiou na bondade de Deus.
B) Ela acreditou na mentira de Satanás.
C) A mulher cedeu ao seu apetite físico.
D) Se submeteu a um desejo excessivo pelo belo.
E) Cobiçou uma sabedoria que não era da intenção de Deus que tivesse, Desejar o que Deus proibiu é preferir a si mesmo no lugar de Deus, isto é pecar, O primeiro pecado foi o desejo do coração, a escolha de interesses próprios ao contrário dos interesses de Deus. Adão pecou como pai da raça humana e também como chefe representante de todos os seus descendentes e, portanto, a culpa do pecado é imputada a todos os homens, pelo que todos são merecedores de punição e morte. É nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de todos.
Rm 5.12: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”.
Deus imputa a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como atribui a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo.
Rm 5.18-19: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida, porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos”.
Satanás induziu o homem a desobedecer a Deus, e tornou-se inimigo de Deus, e também do homem, e não quer que ninguém seja feliz.
Deus criou o homem para viver eternamente, mas por causa do pecado da desobediência ele perdeu esse direito, e passou a ser um mortal. Mesmo assim Deus enviou o Seu Filho Unigênito para resgatar o homem e dar a vida eterna.
A glória que Lúcifer possuía e o paraíso que habitava, Deus têm preparado para o homem que for fiel a Sua Palavra. É por isso que Satanás tem lutado dia e noite para que eu e você não venhamos receber essa glória e a vida eterna com Jesus Cristo nosso salvador.
Sabemos que ele já está julgado e em breve levado ao inferno, não há salvação para ele, pois ele pecou sem ser tentado, mas o homem pecou porque foi tentado, por isso existe perdão para os que se arrependem. Para habitarmos no paraíso com Deus devemos ser fiéis até o fim.

IV AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

1. Os sofrimentos da vida. É sempre bom lembrar o que Jesus disse aos judeus que falavam de uma calamidade que aconteceu acertos galileus, e insinuaram que aqueles galileus deviam ter sido grandes pecadores:
Lc 13.2-5: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vô-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”.

2. A morte espiritual. A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rrn 5.21). Por ela, o homem perdeu a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32; 105.24; 8.51).

3. A morte física. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
Para o cristão, entretanto, a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14).

4. A morte eterna. A morte eterna é simplesmente o auge, o cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.28; 25.41; 2ª Ts 1.9; Ap 14.10-11).

Pr. Elias Ribas