TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A DIVINDADE DE CRISTO


A divindade de Cristo é comprovada pelos nomes divinos a Ele aplicado, conforme conta na Bíblia Sagrada.

A Divindade de Cristo é provada por algumas afirmações expressas nas Escrituras (Emanuel, ou “Deus conosco”, em Is 7.14 e Mt 1.23; Jo 1.1; Jo 1.18; Rm 9.5; Tt 2.13; Hb 1.8). Ele reivindicou ser capaz de perdoar os pecados (Mc 2.5,10.11; Lc 7.48), o que é uma prerrogativa exclusiva de Deus, que assim era reconhecida (Mc 2.7; Lc 5.21). Ele curou os enfermos (Mt 4.23,24; 8.14-17; 9.18-35; Lc 5.17-26; 7.18-23), e ressuscitou os mortos (Lc 7.11-15; 41,42,49, 55; Jo 11.38-44; cf. 5.25- 29). Ele controlou a natureza acalmando as ondas (Mt 8.23-27). Ele agiu com criatividade, multiplicando os pães e os peixes (Mt 14.19-21; 15.32-38). Ele afirmou ser Deus (Jô 10.33); e existir, com Deus, antes que o mundo existisse (Jo 8.58; 17.5). Ele é igual ao Pai (Jo 14.9; Fp 2.5-8) e um, em essência, com o Pai (Jo 10.30). Somente Ele, dentre todos os homens, é digno de ser adorado, um ato proibido quando dirigido aos seres criados e reservado exclusivamente a Deus (Jô 9.38; Fp 2.9-11; Ap 5.11-14; 19.10; 22.8ss.; At 10.25ss.).

I. JESUS É CHAMADO DEUS

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o pai, e nos foi manifestada) o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o pai, e com seu filho Jesus cristo. Estas coisas escrevo a vocês para tenhais muita alegria (1ª Jo 1.1-4).

Cristo Jesus sempre existiu. Quando manifestado em carne tivemos o privilégio de ouvi-lo e o vimos com nossos olhos e pudemos contemplá-lo, e as nossas mãos o tocaram, porque estava vivo, como vivo é a palavra manifestada a nós através dele, a qual testificamos e anunciamos a todos vocês sobre a vida eterna. O que vimos e ouvimos dele é o que anunciamos, para que tenhamos comunhão uns com os outros, pois a nossa comunhão é com o pai e com seu filho Jesus Cristo.

Os discípulos de Jesus após terem sido chamados e vocacionados por Ele para uma missão de evangelização do mundo conhecido da época, deixam claro nos primeiros versículos do primeiro capítulo de João a veracidade e autenticidade de seu Mestre. Eles não estão comentando sobre algo simplesmente que ouviram de outros. Eles estiveram em carne e osso com Jesus. Fizeram parte do seu ministério, ouviram suas palavras, contemplaram-no com seus olhos e tocaram nele. Em outras palavras, os discípulos caminharam, comeram, beberam, brincaram, correram as campinas, subiram os montes, se alegraram, oraram e choraram com Jesus. 

O texto se refere ainda a autenticidade da palavra ensinada por Jesus, uma vez que ele, Jesus foi, é e será a própria revelação da palavra de Deus disponível ao que crê. Os discípulos aprenderam qual o sentido em termos práticos da palavra comunhão, isto é o que é ter tudo em comum uns com outros e com Jesus Cristo.

Jo 1.1 “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus”. Vimos como o termo “o verbo” se refere sempre a Jesus. João declara abertamente: “O Verbo era Deus”. Em Hb 1.8 lemos a declaração do Pai que diz acerca do Filho: “O Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre”. Em Fl 2.6 Paulo diz: “Que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”. Em Jo 20.28, Tomé afirma sua fé, dizendo a Jesus: “Senhor meu e Deus meu”.


Nenhum dos grandes líderes religiosos, nem Moisés, nem Paulo, nem Buda, nem Maomé, nem Confúcio, nem qualquer outro alguma vez afirmou que era Deus; ou melhor, com a exceção de Jesus Cristo. Cristo é o único líder religioso que chegou a declarar sua divindade e o único indivíduo que convenceu uma grande parte do mundo de que era Deus. (Thomas Schultz).

“Dentre os julgamentos de crimes cometidos, o de Jesus é sui generis, pois não são as ações, mas a identidade do acusado que está em questão...”.

Diante do Sinédrio, a pergunta do Sumo Sacerdote foi: “És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?” (Mc 14.61-64).

Jesus aceita a provocação e reconhece que ele reivindica ser todos os três: O Cristo, o Filho do Homem e o Filho de Deus.

“Caso provas concretas não estivessem surgindo, essa necessidade estava superada: o prisioneiro havia incriminado a si mesmo”. H.B. Swete.
“Então o Sumo Sacerdote rasgou as suas vestes e disse: Que mais necessidade temos de Testemunhas? Ouvistes a blasfêmia; Que vos parece? E todos o julgaram réu de morte” (Mc 14.64).

O comportamento de Jesus diante da corte de Pilatos, pelo qual ele foi condenado, a pergunta do governador, o comportamento dos soldados, a inscrição colocada sobre a cruz, os ataques e o testemunho na hora da crucificação, tudo isso diz respeito a uma só questão, a da verdadeira identidade e importância de Cristo.

II. JESUS É CHAMADO DE SENHOR

Cristo é chamado “Senhor Jesus” vinte e uma vezes no texto do Novo Testamento. Em At 9.17, lemos as palavras de Ananias: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas...”. E em At 16.31, Paulo e Silas proclamaram ao carcereiro: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”.

III. JESUS É CHAMADO DE FILHO DE DEUS

Mt 16.16 Jesus perguntou aos Seus discípulos: “Quem dizeis que Eu Sou?”. E Pedro lhe respondendo por inspiração divina diz: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Em Mt 14.33, após presenciarem o milagre da calmaria no mar da Galiléia por Jesus, os discípulos adoraram-no dizendo: “Verdadeiramente és Filho de Deus”. Em Mt 8.29, até os demônios reconheceram a divindade de Jesus, gritando: “Que temos nós contigo, ó Filho de Deus?”. Em Jo 1.34 João Batista diz: “Pois eu de fato vi e tenho testificado que Ele é o Filho de Deus”. Em Mt 27.54 Também os soldados romanos disseram: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus”. Em Mt 3.17 Depois de ser Cristo batizado por João Batista, Deus o Pai falou dos céus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Em Mc 9.7, no monte da transfiguração de novo o Pai falou: “Este é o meu Filho amado, a Ele ouvi”.

IV. CRISTO É ETERNO

Ap 22.13 Jesus diz: “Eu Sou o Alfa e o Omega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o fim”. Alfa e Omega, são o A e o Z do alfabeto grego. É evidente que quando Cristo se apresenta como a primeira e a última letra do alfabeto, estava dando uma das mais evidentes provas da Sua eternidade. Com isto Ele dizia que antes que qualquer coisa existisse Ele já existia, e que após o fim de todas as coisas ele continuará a existir. Isto fala da Sua eternidade passada e futura. A respeito de Cristo, eis o que diz Deus, o Pai em Hb 1.12, “Tu porém, és o mesmo e os teus anos jamais terão fim”.

V. CRISTO É O SANTO DE DEUS

Jo 6.69 Pedro faz a seguinte declaração: “E nós temos crido e conhecido que Tu és o Santo de Deus”.

VI. CRISTO É ONIPOTENTE

Mt 28.18 Jesus diz: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. Onipotente quer dizer todo poderoso. Para entender-se que Cristo é onipotente, necessário se faz que se tenha certeza de que Ele detém todo o poder no céu e na terra. Todavia Ele morreu e ressuscitou ao terceiro dia; a sua ressurreição é a maior prova de Seu poder.

VII. CRISTO É ONISCIENTE.

Onisciência é a capacidade de se conhecer todos os fatos e pensamentos no tempo e no espaço, mesmo que eles tenham se consumado. Só as pessoas da Trindade detêm todo o poder no céu e na terra. Muitos são os testemunhos dados pelas Escrituras, de que Cristo era Onisciente. A Seu respeito afirmaram seus discípulos em Jo 16.30 “Agora vemos que sabes todas as cousas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus”. Em Jo 21.17 “Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão Pedro, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, Tu sabes todas as coisas”. Às sete igrejas da Ásia, Jesus declara em Ap 2.2-19; 3.1-8-15 “Conheço as tuas obras” (Jo 2.24-25).

VIII. CRISTO É ONIPRESENRTE.

Onipresença é a capacidade de existir e estar simultaneamente em toda a parte. Esta capacidade é característica a Cristo como Deus que é durante o Seu ministério terreno, Cristo não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, isto dando as suas limitações humanas mas após levantar-se dentre os mortos, ele disse: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt 28.20b).

Nós temos a Palavra de Deus que é viva e eficaz, temos o testemunho dos apóstolos sobre a veracidade de Jesus Cristo e o principal. Também temos a presença constante do Espírito Santo testificando com o nosso espírito que somos filhos de Deus.

Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com.br

domingo, 19 de janeiro de 2014

A INFÂNCIA DE JESUS

“Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a Festa da Páscoa. Quando ele atingiu os doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Terminados os dias da festa, ao regressarem, permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Pensando, porém, estar ele entre os companheiros de viagem, foram caminho de um dia e, então, passaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos; e, não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas. Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura. Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai? Não compreenderam, porém, as palavras que lhes dissera.  E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração” (Lc 2.40-51).

1. O      1. Os Magos, Herodes e o Novo Rei (2.1-23)
1.1. Os 1.1. Os Magos Vão a Jerusalém (2.1,2). O primeiro acontecimento que Mateus relata depois do nascimento de Jesus é os magos que chegam a Jerusalém, perguntando o paradeiro do rei recém-nascido e contando que a estrela os tinha alertado para este nascimento. Ardendo em ciúmes diante da sugestão de outro “rei dos judeus”, o rei Herodes pergunta aos principais sacerdotes e escribas da lei onde o Cristo, o Messias, nasceria. Ironicamente, estes líderes religiosos, que mais tarde tornaram-se inimigos mortais de Jesus, foram os que verificaram para Herodes que Belém era o lugar onde o Messias nasceria. O estabelecimento de Belém como a localização do nascimento de Jesus é crucial para Mateus, não só por causa do significado profético (vv. 5,6), mas também porque atende ao tema frequente da monarquia de Jesus (Belém é a cidade de Davi, o rei).

Na profecia que nomeou o local do nascimento do Messias, Miquéias estava predizendo que Deus usaria mais uma vez a insignificante Belém para guiar o povo de Israel depois que este fosse liberto do resultante julgamento dos maldosos assírios e do posterior exílio na Babilônia (Mq 5.2-4). A esta profecia Mateus inclui a referência ao “Guia que há de apascentar o meu povo de Israel”. Miquéias 5.4 registra que “ele permanecerá e apascentará o povo na força do SENHOR”, mas as palavras que Mateus insere ao término de sua citação da profecia de Miquéias são provenientes da antiga profecia davídica: “Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2 Sm 5.2); de maneira típica e enfática Mateus faz o vínculo com o rei Davi. É significativo que dos escritores dos Evangelhos, só Mateus registre a narrativa dos magos e seu cumprimento da profecia. Os temas do rei e seu cumprimento, que dominam sua agenda teológica, motivaram-no a incluir este relato em seu Evangelho.

Mateus ajuda a estabelecer a data do nascimento de Jesus com a expressão: “No tempo do rei Herodes” (Mt 2.1), cujo reinado como rei da Judéia e áreas circunvizinhas durou de 37 a 4 a.C. Presumivelmente Jesus nasceu perto do fim do reinado de Herodes, visto que Mateus nota que a morte do malvado rei aconteceu antes que a família santa voltasse do Egito (v. 19). Isto significa que Jesus nasceu de quatro a seis anos antes de Cristo, de acordo com o calendário atualmente em uso! Herodes, o Grande, era um político surpreendente; no tumultuoso século I ele, como um gato, sempre parecia cair com os pés no chão, apesar do fato de ser pego em intrigas com pessoas influentes e perigosas como César Augusto, Cássio, Marco Antônio e Cleópatra. Seu pai, Antípater II, idumeu convertido ao judaísmo, apoiou o regente hasmoneano Hircano II e subseqüentemente tornou-se o verdadeiro poder por trás do trono em Jerusalém. Em conseqüência disso, Herodes alcançou altas posições no governo judaico como também no romano Herodes fizera nome empreendendo grandes construções e edificando cidades, inclusive Cesaréia, nome dado em honra do imperador. Ele também construiu fortalezas e templos pagãos, anfiteatros, hipódromos e outros lugares nos quais as atividades helenísticas eram incentivadas. Sua prestimosidade às atividades pagãs não granjearam a estima dos judeus conservadores, que as encaravam como abominações e uma violação da lei de Deus. Quando reconstruiu, aumentou e embelezou o templo judaico em Jerusalém, ele ganhou alguma simpatia dos súditos judeus. Seu reinado trouxe muita prosperidade para a nação, acompanhada de um fardo enorme de imposto e antagonismo.

Herodes demonstrou ser um déspota astucioso e sanguinário, e até seus parentes tinham medo dele. Matou a esposa, filhos e parentes de quem suspeitou que estivessem tramando contra ele. Seus súditos também tinham motivo para temê-lo. Herodes executou quarenta e cinco dos aristocratas mais ricos que tinham apoiado seu predecessor hasmoneano e confiscou-lhes as propriedades para encher os cofres vazios. Execuções eram comuns. Esta descrição, dada pelo historiador judeu Josefo, encaixa-se com o relato de Mateus sobre a intenção dolosa de Herodes para com os magos, a raiva ao perceber que fora enganado, a tentativa de matar o menino Jesus e a ordem insensível de executar todas as crianças do sexo masculino nas redondezas de Belém.

1.2. A Reação de Herodes e de Jerusalém diante das Novas (2.3-8). Mateus nos conta que quando os magos chegaram perguntando sobre o novo rei, não foi apenas Herodes que ficou perturbado; toda a Jerusalém também ficou. O povo de Jerusalém tinha boas razões para se preocupar; não só era frequente que a mudança de governo fosse sangrenta, mas as pessoas sabiam que Herodes sacrificaria muitos para se manter no poder. Ainda que a elite religiosa tenha respondido com facilidade a pergunta de Herodes sobre o lugar do nascimento do Messias, não temos registro de que eles tenham viajado alguns quilômetros para procurar o Messias — talvez porque estivessem com a mente absorta no ministério complexo e detalhado no templo (Hannom, The Peril of the Preoccupied and Other Sermons [O Perigo dos Preocupados e Outros Sermões], 1942). Embora esta acusação não possa ser comprovada, o relato do nascimento de Jesus indica que, excetuando-se algumas pessoas pobres, não muitos foram ver o novo rei. A lição tem aplicação sensata para o ministério da Igreja dos dias de hoje: Nós ministramos para adorar, ou adoramos o ministério?

Herodes podia ser louco e paranoico, mas não era burro. Ele era manhoso e falaz, com uma astúcia mortal e um fascínio que desarma. Sua sugestão de que os magos o informassem para que ele prestasse homenagens ao bebê era uma cortina de fumaça para encobrir suas intenções assassinas dirigidas ao novo bebê. A referência à adoração (proskyneo nos vv. 2,8,11) diz respeito a uma deidade ou ser humano de alta posição. Não podemos dizer com certeza o que os magos pretendiam, embora seja provável que fosse o último. Herodes, é claro, não pretendia nada. Mas dado o avanço da alça de mira de Mateus e sua cristologia, ele considerou que a adoração divina é mais apropriada aqui, pois Jesus deve ser adorado por judeus e gentios igualmente.

1.3. Os Magos Seguem a Estrela para o Novo Rei (2.9-12). A identidade dos magos (ou sábios) é um mistério que durante séculos tem vexado exegetas e encantado clérigos. Heródoto (século V a.C.) escreveu acerca de magos sacerdotais entre os medos, que eram peritos em interpretar sonhos. O Livro de Daniel menciona magos junto com mágicos, encantadores, adivinhos, feiticeiros, sábios e astrólogos/astrônomos. Nesses dias, a linha entre magia e adivinhação, por um lado, e ciência nascente, de outro, não era mantida com clareza. Não se pode dizer com certeza o quanto de cientista e o quanto de mágico eles eram. É bastante afirmar que Deus pode usar até antigas tradições e sabedorias pagãs para fornecer uma testemunha cosmopolita do nascimento do Messias.

Na transição de poder dos medos para o império persa, os magos continuaram com suas atividades, e relatórios de suas práticas aparecem durante a era romana. A referência a “Oriente” levou muitos a considerar a Pérsia/Partia como sendo o país de origem dos visitantes estrangeiros de Jesus. Nos dias de Jesus eles podem ter sido os sacerdotes zoroástricos. As dádivas dos magos — incenso, ouro e mirra — eram produtos associados com a Arábia. É possível que eles sejam os judeus da Dispersão, que foram espalhados ao longo dos impérios romano e parto. Há amplas evidências arqueológicas entre as ruínas das sinagogas dessa era e nos escritos rabínicos que a comunidade judaica se interessava por astrologia.

A identidade e origem dos magos fica mais obscurecida quando notamos que a expressão “do Oriente [anatole, lit., “nascente, que sobe”]” pode se referir ao nascimento da estrela que sempre ocorria no leste por causa da rotação da terra, e é o padrão do trajeto planetário no céu. Considerando o destaque dado à estrela, o forte destes magos é a astronomia primordial do dia.

Assim como a identidade dos sábios, a natureza exata do fenômeno que veio a ser conhecido por “a estrela de Belém” permanece um mistério. Mateus é atraído para a história da estrela e dos magos que a seguiram não somente porque confirma a realeza de Jesus, mas também porque contrasta com muita vividez a devoção dos não determinados estrangeiros com a injustiça da elite de Israel. Ao longo dos anos os comentaristas procuram explicar a estrela como uma parte natural do universo. Trata-se de esforço apropriado e louvável, pois Deus usa meios comuns para expressar sua mensagem sobrenatural. Contudo, nenhuma explanação astronômica comum (um cometa, uma supernova, o alinhamento dos planetas que teria a aparência de um corpo celeste [uma conjunção de Júpiter e Saturno ocorreu em 7 a.C.], um asteroide brincalhão) atesta inteiramente o conjunto da evidência. Nem o cinismo de uma suposta cosmo visão “iluminada” que presume que o relato é invencionice do evangelista, explica o fenômeno ou apreende a totalidade do significado da mensagem de Mateus.

Se a referência a “Oriente” (anatole) é figurativa de “nascimento”, então o texto não pode estar dizendo que os magos seguiram a estrela até Jerusalém. “Antes, tendo visto o nascimento da estrela que eles associam com o Rei dos judeus, eles vão à capital dos judeus em busca de mais informação. Só no versículo 9 está claro que a estrela serviu como guia de Jerusalém para Belém” (Brown, 1977, p. 174). É precisamente aqui que as sugestões citadas acima são deficientes, já que os fenômenos astronômicos não podem explicar como os magos foram conduzidos a Belém, oito quilômetros ao sul de Jerusalém. Talvez o entendimento de Mateus sobre a natureza e movimento da estrela seja mais dependente do sobrenatural do que do natural.

A questão mais importante e respondível é: Qual é o significado do aparecimento da estrela no Evangelho de Mateus e no plano global de Deus na história de salvação? O que mais importa é que atesta o papel de Jesus como Rei. Assim como se dá com a genealogia terrena no contexto prévio do capítulo 1, a estrela fornece testemunho celestial da realeza de Jesus. O testemunho dos magos não deixa lugar para especulação quanto ao seu significado: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo” (v. 2a).

Uma estrela já havia sido associada com o advento do Messias. Números 24.17, parte da profecia que Balaão entregou quando os israelitas estavam prestes a dar início à conquista da Terra Prometida, diz: “Uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel”. A maioria dos estudiosos identifica esta profecia estelar com o rei Davi, pois os versículos seguintes, com a referência à conquista das nações circunjacentes, foram distintamente cumpridos nas suas campanhas militares. Os contemporâneos de Mateus entenderam que a passagem é messiânica, fato demonstrado na obra pseudoepigráfica O Testamento dos Doze Patriarcas, que associa uma figura messiânica levita e sacerdotal “com sua estrela [...] [que] subirá no céu como rei” (Testemunho de Levi 18.3). É interessante observar que tanto Balaão quanto os magos eram estrangeiros, e ambos profetizaram sobre o Messias hebraico (veja Brown, 1977, pp. 193-196, para mais comparações). Isto também contribui para o programa geral de Mateus de apresentar Jesus, o Rei, não só dos judeus mas de todos os povos.

Os três tesouros dos magos — incenso, ouro e mirra — eram dádivas associadas com a realeza, e este era o entendimento e intento de Mateus (v. 11). A Igreja mais tarde associou o ouro com Jesus como Rei, o incenso com Jesus como Sacerdote e a mirra como especiaria usada para embalsamento, relacionado-a com a morte e sepultamento de Jesus. Antes de os magos partirem, eles foram instruídos em sonho para não retornarem a Herodes, mas voltarem para casa por uma rota diferente pela qual vieram (v. 12).

1.4. A Fuga para o Egito (2.13-15). Depois da partida dos magos, José tem um sonho, entregue pelo “anjo do Senhor” (v. 13), advertindo-o a fugir para o Egito. Na Bíblia os anjos aparecem às vezes como seres humanos (e.g., Jz 13.16); outras vezes como criaturas brilhantes e que inspiram medo, cuja aparição e palavras os seres humanos mal podem suportar (e.g., Êx 3.2; Jz 13.6,19-21; 1 Cr 31.12; Dn 8.17). Não nos é informado que forma o anjo tomou no sonho de José. As gramáticas grega e hebraica sugerem que a expressão “o Anjo do Senhor” é tradução legítima. Às vezes no Antigo Testamento, o Anjo do Senhor não pode ser distinguido do próprio Deus e deve ser considerado como o próprio Senhor que aparece e fala (e.g., Gn 16.11-13; Jz 6.12-14). Se esta interpretação é a intenção de Mateus, então José tem uma revelação especial diretamente de Deus, uma experiência amedrontadora e magnífica, uma revelação especial para um homem especial, a fim de realizar a tarefa especial e mais urgente de salvar o menino Jesus.

A força do particípio do aoristo (egertheis, “levanta-te”) junto com o aspecto aoristo do imperativo do verbo principal (paralabe, “toma”) conota grande pressa e urgência. Em outras palavras: “Levanta-te da cama, sai daqui agora, e começa a fuga para o Egito, pois Herodes está a ponto de iniciar uma busca do menino Jesus”. Note que José pega Maria e Jesus de noite para evitar que eles sejam descobertos pelos agentes do rei ou por outras testemunhas.

Havia uma grande comunidade judaica no Egito, sobretudo na cidade de Alexandria, mas onde a família santa ficou e se José encontrou ou não trabalho não nos é dito. Há os que sugerem que os presentes preciosos que os magos lhes deram os sustentaram no exílio. Lá, eles ficaram até a morte do rei Herodes. O fato de Jesus e seus pais sofrerem o exílio com paciência numa terra estrangeira deve promover a compaixão cristã pelos refugiados de perto e de longe.

Mateus vê o retorno de José, Maria e Jesus do Egito como um cumprimento geográfico de profecia e uma reencenação dos eventos históricos e tipos teológicos já anteriormente ocorridos nos procedimentos de Deus para com os hebreus (veja comentários sobre Mt 1.22,23). “Do Egito chamei o meu Filho” é de Oséias 11.1, onde o profeta descreve a prometida volta do exílio na Mesopotâmia nos termos da libertação da escravidão do Egito. Estes dois acontecimentos são vistos como atos salvadores de Deus. Mateus considera a viagem da família santa do Egito para a Terra Santa como um cumprimento até maior do primeiro Êxodo, visto que o próprio Salvador está voltando à terra do seu nascimento. Esta referência ao Êxodo pressagia o destaque que Mateus dá a Jesus como o novo Moisés, ponto que ele desenvolverá mais quando apresentar o ensino de Jesus.

1.5. A Matança dos Inocentes (2.16-18). Quando os magos não voltaram para revelar a localização do rival ao trono, Herodes ficou enfurecido. Ele considerou a desobediência deles como escárnio; a palavra traduzida por “iludido” é depois usada em Mateus para descrever o escárnio suportado por Jesus na narrativa da paixão (Mt 27.29,31,41). Levando-se em conta seu reinado de terror (veja comentários sobre Mt 2.1,2), o assassinato de Herodes de todos os meninos de dois anos para baixo não está fora de seu caráter. O cômputo das vítimas, baseado na população provável, é de vinte a trinta crianças.

Há os que questionam a historicidade do acontecimento, visto que parece estranho que o plano e trama de Herodes permitissem que os magos e Jesus escapassem da rede de espionagem. Ademais, a demora de sua reação, às vezes calculada em um ano ou mais, parece igualmente inverossímil. Mas não podemos presumir que Herodes tenha mandado seguir os magos; mesmo que o fizesse, não há como prever que sua organização de inteligência fosse infalível. Outrossim Mateus acredita que a providência divina teve parte na fuga dos magos e de Jesus. O período de tempo entre a chegada dos magos a Jerusalém e à corte de Herodes e a partida deles de Belém pode ter sido pequeno. O limite de idade que Herodes escolheu para matar os bebês foi provavelmente averiguado pela determinação de quando a estrela apareceu a primeira vez. Os magos podem ter levado muito tempo para decidir responder ao sinal celestial e eventualmente percorrer o caminho à Terra Santa em busca do bebê nascido para ser rei. O texto deixa a impressão que assim que os magos saíram, a família santa também deixou Belém.

Mateus percebe mais uma vez o cumprimento de profecia na matança dos inocentes, baseado na localização da tragédia: “Raquel chora seus filhos” (Jr 31.15). Jeremias clamou que Raquel, que morreu na era dos patriarcas e foi enterrada em Efrata (também chamada Belém, cf. Gn 35.19), choraria séculos depois quando seus descendentes seriam forçados a marchar para o cativeiro na Babilônia do ponto de organização próximo de Ramá. Efrata está a cerca de dezessete quilômetros ao norte de Jerusalém e ao sul de Betel, na área de Benjamim e perto de Ramá. Esta não deve ser confundida geograficamente com Belém de Judá, que fica a oito quilômetros ao sul de Jerusalém. Mais tarde alguns benjamitas do clã de Efrata migraram para a área de Belém de Judá; por conseguinte as cidades estavam estreitamente associadas.

O entendimento que Mateus tem sobre a profecia de Jeremias é que se Raquel chorou por sua morte na ocasião do exílio de Judá, que matou muitos dos seus descendentes no século VI a.C., então ela chorou novamente quando as vítimas infantis de Herodes foram sacrificadas no século I d.C. Mateus demonstra mais uma vez que o cumprimento maior da profecia ocorre em eventos associados com a vida de Jesus. Ele também se refere aos meninos assassinados a fim de unir a vida de Jesus com a de Moisés, cujo papel Jesus completará como o novo Legislador, pois Moisés também foi salvo da guerra de um déspota no caso das crianças hebreias no antigo Egito (Êx 2.1-10).

1.6. A Volta do Egito para Nazaré (2.19-23). Pela terceira vez José recebe instruções do anjo do Senhor num sonho. A família santa volta para sua pátria visto que Herodes, o Grande, está morto e já não procura a vida da criança. Avisado em outro sonho, José evita prudentemente estabelecer-se no território de Judá regido pelo filho e sucessor de Herodes, Arquelau, e fixa residência em Nazaré, na Galiléia, governada por Herodes Antipas, outro dos filhos de Herodes. Arquelau foi inumano ao suprimir uma insurreição, matando mais de três mil dos peregrinos que subiam para a Festa da Páscoa em Jerusalém. Ele se casou com a esposa do seu meio-irmão, fato que não lhe granjeou a afeição dos seus súditos mais piedosos. Seu reinado sofreu tamanho abalo que uma delegação de judeus e samaritanos, inimigos jurados, dirigiu-se a Roma e foi bem-sucedida ao solicitar que o governo fosse retirado das mãos dele. Ele foi exilado subsequentemente na província romana da Gália. Herodes Antipas demonstrou ser um regente mais benigno na Galiléia.

Para Mateus a chegada da família santa a Nazaré cumpriu outra predição feita “pelos profetas”: “Ele será chamado Nazareno”. Não está claro a qual obra profética Mateus se refere. Talvez ele esteja citando uma obra que já não existente e que não foi incluída nem no cânon judaico ou no cristão. Também foi sugerido que Mateus esteja fazendo um jogo de palavras, unindo “Nazareno” (nazoraios) a Isaías 11.1, onde o profeta diz que o Messias virá de um “rebento” (netser) que “brotará [...] do tronco de Jessé”. Os termos nazoraios e netser têm sons semelhantes, embora não sejam do mesmo radical semítico.
Para saber mais:


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A HUMANIDADE DE CRISTO


OS IRMÃOS BIOLÓGICOS DE JESUS

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente” (Mt 1.18-19).

Desposada do original grego mnesteuo que significa: Cortejar e pedi-la em casamento; ser prometida em casamento, estar noivo.

Estes versículos provam que José e Maria se conheciam, porém não tinham tido relações íntimas.
A Palavra de Deus declara que José e Maria não se envolveram fisicamente enquanto Jesus não nasceu. Veja o que diz a Escritura Sagrada:

“E José, despertando do sonho, fez o como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus” (Mt 1.24-25).

A expressão: “não a conheceu” no grego ginosko, significa: chegar a saber, vir a conhecer, obter conhecimento de, perceber, sentir; tornar-se conhecido; conhecer, entender, perceber, ter conhecimento de; expressão idiomática judaica para relação sexual entre homem e mulher; tornar-se conhecido de, conhecer. O texto prova que depois do parto e cumprindo a quarentena de Maria o o casal viveu normalmente como qualquer outro casal.

Um outro texto bíblico menciona os nomes dos irmãos de Jesus:

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Mc 6.3).

Irmão no original grego quer dizer: “adelphos”. Um irmão, quer nascido dos mesmos pais ou apenas do mesmo pai ou da mesma mãe.

A tradição católica afirma tratar-se de uma outra Maria, e que a palavra “irmão” neste texto não deveria ser entendida literalmente, mas o contexto do versículo é indiscutível: Jesus estava em Nazaré, sua cidade, no meio de conhecidos e familiares, portanto não há dúvida alguma de o reconheceram (com sua família) de fato.

Não temos os nomes de suas irmãs, mas quatro de seus irmãos são mencionados, o que nos faz saber que sua família era grande. E a Bíblia declara que seus irmãos não criam nele:

“Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui e vai para Judéia, para que também os seus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele” (Jo 7.3-5).

Em outras palavras, poderíamos dizer que os irmãos de Jesus lhe diziam algo assim: - “Você não é o bom? Não quer aparecer? Então vá fazer seus sinais onde a multidão está reunida!” Posso deduzir que havia muito sarcasmo e cinismo por trás desta afirmação dos irmãos do Senhor.

Um outro texto bíblico nos revela que houve uma ocasião em que os irmãos de Cristo quiseram até mesmo prendê-lo por achar que ele estava louco:

“E foram para casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. E quando seus parentes ouviram isso, saíram para o prender, porque diziam: Está fora de si... Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando de fora, mandaram-no chamar” (Mc 3.20-21 e 31).

Imagino que se houve pessoas que puderam conhecer bem a Cristo (segundo a carne), foram justamente seus irmãos. Mas só o conhecimento natural não foi suficiente para transformá-los. Em Nazaré muitos também o conheceram sem provar transformação.

“Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor ( Gl 1.18.19).

Paulo afirma que foi a Jerusalém para ver a Pedro e não viu nenhum dos apóstolos, a não ser o apóstolo Tiago, irmão do Senhor, esse mesmo Tiago que antes da conversão não era seguidor de Jesus (Mt 13.55).

Escrevendo para a Igreja aos contos Paulo pergunta: “E também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã, como fazem os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1ª Co 9.5). Aqui fica claro que Paulo está falando de dois tipos de seguidores. Os discípulos (apóstolos), e os irmãos do Senhor Jesus.
Portanto podemos entender claramente que Jesus teve outros irmãos. Isso prova que Ele era cem por cento homem. No próximo estudos veremos a divindade de Jesus.

Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com.br


sábado, 11 de janeiro de 2014

COMO É SEU PASTOR?

“...aquele que almeja o episcopado, excelente obra deseja” (1ª Timóteo 3.1)


Almejar o episcopado, como diz Paulo, em si já é um notável privilégio, pois não há na face da terra tarefa mais honrosa do que conduzir o rebanho de Deus pelo estreito caminho em direção à glória celestial. Logo em minha primeira semana de fé, de um modo estranho e misterioso eu já sentia isso e já nutria em meu coração o ardente desejo de servir a Deus nessa dimensão. Com o passar do tempo, compreendi como se dá esse processo, que elementos se agregam e que capacitações se desenvolvem até que verdadeiramente estejamos aptos para o Ministério. E é justamente por amar, honrar e respeitar tão digna missão, que a serviço da verdade, não posso me calar ante os ignorantes, os impostores, os oportunistas e os lobos (hoje tão comuns) que maculam e comprometem a credibilidade da função pastoral.

Como devem ser e agir os verdadeiros pastores?

Os pastores devem ser fiéis às responsabilidades familiares e ao estudo da Palavra de Deus. A Bíblia diz em 1ª Timóteo 3.2-7 “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo”.

A mim particularmente não importa os diplomas, títulos ou formação que um homem possua. Nem mesmo se por sua iniciativa própria ou pela ação bajuladora dos que lhe rodeiam, viva este com a ostentação pública de que seja um pastor na casa de Deus. Para mim essa alcunha por dignidade pertence apenas àqueles que antes de tudo saibam amar, proteger e conduzir suas famílias, sendo um exemplo dentro de casa, antes de se posicionar como árbitro alheio dentro da igreja. O pastor segundo o padrão bíblico (o único que eu reconheço como legítimo) é um homem de testemunho, honesto, humilde. Não existem pastores ladrões e sim ladrões que se travestem de pastores.
 
Os pastores não devem ser orgulhosos. A Bíblia diz em 1 Coríntios 4.6 “Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, de modo que nenhum de vós se ensoberbeça a favor de um contra outro.” 


O único orgulho cabível à alma de um pastor é aquele que o exclui de toda glória. Homens vaidosos, soberbos, arrogantes, que amam o aplauso público, que querem ser idolatrados como astros da fé, não são dignos do Ministério. São meros gurus de uma religiosidade pálida, que se auto intitulam profetas, apóstolos, mestres – mas que perecem e padecem na insignificância típica daqueles que já morreram espiritualmente soterrados pela jactância. Grande é o débito que os tais terão a acertar com Deus.


Os pastores devem ensinar o povo de Deus através da Palavra e do seu próprio exemplo de vida. A Bíblia diz em Atos 20:28 “Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.”

O Espírito Santo os constituiu bispos para que apascentem o rebanho de Deus. Não para que sejam empresários da fé. Não para que sejam celebridades da mídia gospel. Não para que sejam promotores de eventos e shows. Não para que sejam políticos. Não para que sejam ídolos da falsa prosperidade. Pastores são chamados para ser pastores.

Como é o seu pastor?

Após a profunda reflexão que aqui fizemos, creio que você já tenha a resposta. Quanto a mim, peço a Deus apenas uma coisa: que mantenha sempre acesa essa chama nascida quando ainda era tão jovem – que eu seja pastor, o que já é muito mais do que eu possa merecer!

Pr. Reinaldo Ribeiro

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PORQUE CRISTO SE FEZ HOMEM


O estudo sobre a humanidade de Cristo seria incompleto se não nos dirigíssemos à questão fundamental: “Porque Ele se fez homem?”.

Cristo se fez homem para tornar-se o sacrifício perfeito para remissão do pecado humano.

I. JESUS RECONHECEU SUA MISSÃO
Mc 10.45 Jesus diz: “O próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Em Jo 1.29 João Batista diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Cristo foi a realização, o antípodo, dos sacrifícios transitórios do AT. Estes se repetiam constantemente, mas o sacrifício de Cristo no Calvário satisfez uma vez para sempre a justiça de Deus com relação aos que iriam crer n’Ele. Em Hb 7.27 diz que Jesus Cristo “não tem a necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifício primeiro por seus próprios pecados, depois pelo do povo; por que fez isto uma vez por todos, quando a si mesmo se ofereceu”.

II. PARA SER NOSSO MEDIADOR
1ª Tm 2.5 “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus Homem”. Cristo se fez homem para ser o perfeito mediador entre Deus e os homens. Nós temos tal mediador, digno de se aproximar de Deus e de se compadecer de nossa aflição! Sendo Deus, Ele pode interceder junto ao Pai; sendo homem, Ele pode sentir nossas fraquezas e enfermidades. Vejo que muitas pessoas estão sofrendo porque estão pedindo para o mediador errado, somente Jesus é que pode nos ajudar.

II. PARA DESTRUIR A MORTE

Hb 2.14-15 “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”.

Cristo se fez homem para vencer a morte. A morte é consequência do pecado (cf. G 2.17), sentença decretada para toda a humanidade. Só Cristo passou por esta vida sem pecar, por isso a morte não exerceu domínio permanente sobre o Seu corpo. Por isso que o apóstolo Paulo declarou em 1ª Co 15.15 dizendo: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”. Para o crente em Jesus, morrer é dormir em Cristo. Já que Cristo venceu a morte em nosso lugar, não devemos lamentar a morte dos crentes como fazem os incrédulos, que não têm esperança na vida eterna. Por haver Jesus vindo a este mundo como homem, vencendo a morte no calvário e por meio da sua ressurreição, sabemos que nós também ressuscitaremos e seremos congregados com nossos entes queridos que dormiram em Cristo. É por isso que Paulo exorta os tessalonicenses, dizendo: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não tem esperança. Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará justamente em sua companhia os que dormem” (1ª Ts 4.13-14).


Pr. Elias Ribas

pr.eliasribas2013@gmail.com.br

sábado, 4 de janeiro de 2014

GOLPEANDO BIBLICAMENTE A HERÉTICA PROSPERIDADE

“...o amor ao dinheiro é raiz de todos os males” (1ª Timóteo 6.10)

Não me parece que haja qualquer dificuldade interpretativa nas palavras do apóstolo Paulo, que claramente condena a iniciativa de qualquer pessoa que se diga cristã no sentido de acumular riquezas terrenas e ainda acrescenta que todos quantos almejam se enriquecer dessa forma, estão propensos a cair em laços e ciladas. A vontade de Deus é que tenhamos o necessário para viver, e que estejamos tranquilos e confiantes nele para o nosso sustento (Mateus 6.33). Todavia, o discurso dos marqueteiros da falsa prosperidade, os quais maculam milhares de púlpitos com sua sanha de ambição infecciosa e epidêmica, segue numa direção muito diferente.

Durante sua história, a Igreja envolveu-se com as riquezas deste mundo de tal forma que viu impedido o verdadeiro estabelecimento do Reino de Deus. A Igreja Católica, na Idade Média, chegou a concorrer com as maiores fortunas da época. Possuía riquezas de tal magnitude que dominava vidas de reis e imperadores. Essas riquezas eram adquiridas de diversas formas: vendas de indulgências; saques feitos durante as Cruzadas; posse por confisco das terras de pessoas amaldiçoadas por ela... (o que era tristemente comum).

Alguma coisa mudou?

Nos métodos, talvez. Na essência, bem pouco. Em nossos dias uma restauração e ruptura devem são urgentemente necessárias, pois a herança que recebemos desceu muito fundo em nossos hábitos religiosos e em nossa formação. Muitos protestantes e evangélicos condenam os excessos e desvios da Igreja Católica, enquanto caminham cegos perante as práticas e motivações que movem seus próprios ministérios e movimentos.

A vida financeira da igreja foi tocada somente em sua superfície, assim como outras áreas tais como: a forma de culto, a adoração individual, o cuidado das ovelhas e o discipulado. O Senhor, todavia, deseja nos levar para os seus padrões, para uma restauração de todas as verdades anunciadas por seus santos profetas (Atos 3.19-21). A humanidade está mergulhada num materialismo insano que domina toda sua forma de vida, suas ações, e seus ideais, e isso não deixou os cristãos ilesos.

A igreja assumiu uma mentalidade materialista de tal forma que sua maneira de agir não tem muita diferença dos padrões e alvos do mundo sem Deus. Seus cultos, seus ideais, sua forma de administração dos recursos — tudo está marcado pelo materialismo.

Como definiríamos o materialismo?

É uma forma de pensar, segundo a qual as premissas espirituais são abstratas, difusas e sem base, e as naturais são concretas e dignas de confiança. Porém, a Bíblia ensina diferente: "Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas" (2ª Coríntios 4.18).

A maior parte da vida humana é dedicada à busca das conquistas temporais como se fossem eternas. Entretanto, tudo que há na terra se desgasta minuto a minuto e somente não o percebemos porque estamos na mesma dimensão e na mesma velocidade dessas coisas.

O materialismo invadiu a vida da igreja e até sua doutrina e expectativa escatológica, pois a visão da eternidade futura está carregada de cobiça material. Os crentes estão sendo encorajados a interpretarem as promessas e bênçãos bíblicas como aquisições materiais e terrenas, o que vai muito além do mero equívoco e chega a ser diabólico e herético.

Nossos pais nos passaram a visão de que sua grande expectativa era a glória da presença de Deus. Ansiavam por estar com o Senhor. A lembrança dessas verdades precisa ser valorizada pelo cristianismo atual, pois elas procedem dos que viveram antes de nós e foram estabelecidas como referência para a igreja de ontem e de hoje.

Cristãos como aqueles enumerados em Hebreus 11. Homens e mulheres que descobriram riquezas espirituais em Deus, e que por causa dessa descoberta desprezaram as posses terrenas, morando em cavernas, sendo perseguidos, vestindo-se de peles de animais, vendo o invisível, vivendo muito acima da maior dignidade desse mundo.

Qual é a nossa verdadeira busca?

Hoje muitos buscam na igreja a solução de problemas seculares e lutam pelo pão que perece, sem experimentar o contentamento por ter o que comer, o que beber e o que vestir. Os alvos são ligados ao TER e não ao SER, como se o ter constituísse a vida do homem.

Estamos envolvidos por uma teia de propaganda de insegurança no futuro, e por isso nos mergulhamos numa busca inglória por bens materiais como se estes fossem confiáveis e nos trouxessem paz e felicidade.

O povo cristão está sendo enganado, em grande parte, por um evangelho que anuncia BOAS COISAS e não BOAS NOVAS. Anuncia a busca da satisfação do coração, sem leva-lo a experimentar o poder transformador da cruz de Cristo. O evangelho da prosperidade fala em vida (e vida boa), mas o evangelho de Cristo fala de morte.

Você se congrega numa igreja ou numa empresa?

Os modelos de igreja hoje, em grande parte, são diferentes da igreja do livro dos Atos. O povo era ensinado a dar generosamente, servindo aos necessitados. Hoje se ensina que ser rico seria sinal da bênção de Deus e ser pobre seria indício de maldição.

De acordo com os padrões atuais o próprio Jesus teria dificuldade em ser pastor de algumas igrejas. O atual padrão de sucesso no ministério é estabelecido por número de crentes, construção de prédios e saldo bancário. Quando um pastor tem um grupo pequeno e faz esse grupo crescer, ele é considerado relativamente bem sucedido. Se construir novos prédios é um realizador. Se faz o saldo bancário subir, é bom administrador. Isso lhe confere o status de “abençoado”.

Creio que essas medidas são boas para empresas, pois apontam para uma realização natural e comercial. Se a empresa aumenta seu número de empregados, seus lucros e seu patrimônio, então podemos dizer que é uma empresa bem sucedida. No entanto, não vejo como aplicar essas medidas para a igreja, pois o nosso modelo é o Senhor Jesus, o qual no seu ministério aqui na terra, em nenhum momento preocupou-se com esses indicadores.

Quantos seguidores o Senhor Jesus tinha? Não podemos contar na hora da distribuição dos pães. Somente devemos contar os discípulos, pois é nas horas de agonia que se revela o irmão e não nas horas de festa. Na cruz estava somente um discípulo!

Como eram as finanças de Jesus? Nasceu num lugar que não lhe pertencia, um lugar sujo, fétido e insalubre. Tinha uma profissão bem simples e usou um jumento emprestado na sua entrada em Jerusalém. Vestia-se com roupas doadas e fez um milagre para pagar o imposto. Para concluir, o tesoureiro era ladrão!

Quantos templos Jesus edificou? Quando foi levado por seus seguidores para que pudesse admirar as construções do Templo, falou em derrubá-lo. Hoje, construímos palácios e os chamamos de igrejas.

Desmascarando a herética prosperidade

Precisamos nos transformar pela renovação do nosso entendimento, sob pena de ter as nossas obras rejeitadas pelo Senhor, por completa incompatibilidade entre o seu exemplo e a nossa conduta.

A glória de Deus não pertence ao requinte terreno. Igrejas cheias podem ser apenas um curral de lobos vazios e bolsos lotados podem ser somente um sinal de corações miseráveis.

A verdade nós sabemos qual é. Ela não paga. Ela cobra. E o seu preço é um coração puro, humilde e sincero diante de Deus!

FONTE DE PESQUISA:

http://www.reinaldoribeiro.net/news/golpeando-biblicamente-a-heretica-prosperidade/