TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 21 de março de 2019

VIVENDO EM CONSTANTE VIGILÂNCIA



TEXTO ÁUREO
“Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos.” (1ª Co 16.13)

VERDADE PRÁTICA
A vigilância na fé cristã significa permanecer acordado quanto à vinda de Cristo, atento no zelo de não se afastar de Jesus e perseverar na cautela contra os falsos profetas.

Mateus 26.36-41
36. Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. 37. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. 38. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. 39. E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. 40. E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo? 41. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.”

INTRODUÇÃO. Nesta lição veremos a definição da palavra “vigilância”; pontuaremos algumas causas da necessidade da vigilância na batalha espiritual; elencaremos como devemos vigiar na batalha contra as hostes do maligno; e por fim, analisaremos a importância da vigilância espiritual para vencermos Satanás e seus anjos.

A exortação à vigilância na presente lição abrange dois aspectos da vida cristã. O primeiro diz respeito às palavras de Jesus na agonia em Getsêmani, na noite em que Ele foi preso. O outro aspecto refere-se ao contexto escatológico no sermão profético registrado nos Evangelhos Sinóticos. A presente lição mostra os aspectos da vigilância na fé cristã.

I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA VIGILÂNCIA

1. Definição exegética. O verbo “vigiar” traduz pelo menos cinco palavras hebraicas no AT e outras cinco palavras gregas no NT. O lexicógrafo Houaiss explica que o verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar; espiar, espreitar atentamente” (2001, p. 2860). No hebraico o principal verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”.
No grego o termo “gregoreo” significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 22 lugares no NT. Já o verbo “agrypneo” significa: “manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar”. Pode-se ainda citar o verbo “eknepho” que só aparece uma vez no NT (1ª Co 15.34). Na Bíblia a palavra “vigiar” é aplicada em diferentes contextos e, é usado acerca de:
(a) “manter-se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41).
(b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1ª Co 16.13; Cl 4.2; 1ª Ts 5.6.10; 1ª Pd 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323).

1. Vigiar, estar alerta.
A palavra que mais aparece no Novo Testamento grego para “vigiar” é o verbo gregoréo, “vigiar, estar alerta, ser vigilante”, que aparece 22 vezes. A ideia principal dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13), e isso se mostra nas passagens paralelas de Marcos e Lucas. Mas, quando Jesus disse a Pedro, Tiago e João: “ficai aqui e vigiai comigo” (v.38), isso significa que Ele queria que seus discípulos ficassem acordados e continuassem a orar ou, talvez, se protegessem de alguma intromissão enquanto oravam. Mas gregoréo é usado para denotar uma vigilância mais geral (1ª Co 16.13; Cl 4.2; 1ª Pe 5.8).

2. Vigiar, guardar, cuidar.
É o verbo grego agrypnéo, “manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar”, e só aparece quatro vezes no Novo Testamento, duas delas no sentido escatológico no sermão profético (Mc 1333; Lc 2136). O vocábulo é usado para indicar a vigilância nas orações e súplicas (Ef 6.18) e apresenta ainda a ideia de cuidar ou velar: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma” (Hb 13.17).

3. Vigiar, ser sóbrio.
É o verbo nepho, literalmente “ser sóbrio”, mas que aparece no sentido figurado de vigilância combinado com gregoréo (1ª Ts 5.6; 1ª Pe 5.8). Seu uso no sentido próprio pode ser visto em outras partes do Novo Testamento (1ª Ts 5.8; 2ª Tm 4.5; 1ª Pe 1.13). Existe ainda o verbo eknepho, que só aparece uma vez no Novo Testamento (1ª Co 15.34), traduzido por “vigiar”, na ARC; por “tornar à sobriedade”, na ARA e na Nova Almeida Atualizada; e por “despertar” na TB.

II. CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA NA BATALHA ESPIRITUAL

O apóstolo Paulo fala da importância da armadura de Deus, do poder de Deus, da oração e também da vigilância para vencermos as astutas ciladas do inimigo: “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica...” (Ef 6.18).
A vigilância é o ato de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã.

1. A fraqueza humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1ª Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1ª Co 15.51-54). Precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1ª Co 15.34).

2. A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “...o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pd 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1ª Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1ª Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

3. A repentina vinda do Senhor. A necessidade da vigilância espiritual se dá também pelo fato de ser o retorno de Cristo um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2ª Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria “sem demora” (Ap 3.11; 22.12,20). A Bíblia nos exorta a estarmos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

III. COMO DEVEMOS VIGIAR NA BATALHA ESPIRITUAL
Notemos quais atitudes devemos ter para vencermos as batalhas espirituais:

1. Vigiando em oração. Jesus associou o verbo vigiar com o verbo orar: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” Mt 26.41), são duas atividades que se misturam e se completam. Não basta orar: é preciso vigiar cuidadosamente. A Bíblia nos exorta a aguardarmos o Senhor vigiando em oração (1ª Pd 4.7). É por meio desta prática constante: “Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17) que o cristão mantém contato com Deus (Jr 33.3; Tg 4.8). Ela expressa uma atitude de sujeição e inteira dependência da Sua graça, ou seja, quem ora reconhece que precisa da ajuda divina para vencer as batalhas espirituais e as dificuldades da vida (Is 38.1-5; 2º Cr 20.3,4). Faz-se necessário entender que, os últimos dias da Igreja de Cristo aqui na terra, serão dias de esfriamento espiritual na vida de alguns cristãos (Mt 24.12; Ap 3.15,16). Portanto, devemos ter cuidado para não sermos cristãos superficiais, mas de profunda comunhão com Deus.

2. Vigiando em santidade. A ausência de vigilância é terreno propício para que a tentação encontre brechas e nos conduza à derrota espiritual (Hb 12.1,2). Jesus anunciou que antecipadamente que os dias que antecedem a sua vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano e geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos também fizeram: a mesma afirmação (2ª Tm 3.1-5; 2ª Pd 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14). Por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é que devemos estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4), e só assim, venceremos as batalhas espirituais.

3. Vigiando em todo tempo. O ensino sobre a vigilância é constante no ministério de Jesus (Mt 26.41 ver Ef 6.18). Já vimos que a palavra “vigiar” significa: “estar atento”. O contrário da palavra “vigiar” é justamente “dormir” (Mc 14.37; Ef 5.14; Rm 13.11). Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem conotação negativa, pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou disto quando disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc 13.35,36). Foi quando as dez virgens cochilaram que chegou o esposo “E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da volta de Cristo se constitui num teste de resistência e fidelidade para aqueles que professam segui-lo. Por isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc 8.15; Rm 2.7; 1ª Tm 4.16; Ap 3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros (Hb 10.25).

IV. A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL
A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução nas várias áreas da vida, principalmente na vida espiritual. A atitude de vigiar na vida espiritual implica em algumas atitudes.

1. Vigiar implica ficar de atalaia. O atalaia exercia um papel bastante importante na segurança da cidade e se aquele atalaia falhasse na sua função, colocaria a cidade em risco (2ª Cr 20.2-10). Para proteger o gado, a lavoura e os centros urbanos, os judeus construíam as chamadas torres de vigia nos pastos (Mq 4.8; Mt 21.33), nas vinhas (Is 5.2) e nas cidades (Sl 127.1). A vigilância era de dia e de noite e os guardas ansiavam pelo romper da manhã (Sl 130.6). No NT Jesus também insiste muito na prática da vigilância e o imperativo vigiai aparece três vezes na parábola da figueira (Mc 13.33, 35, 37), uma vez na parábola das dez virgens (Mt 25.13) e duas vezes na cena do Getsêmani (Mc 14.34,38).

O texto de Marcos 13.37 é muito enfático: “O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai”. A ordem para vigiar não está apenas no ensino de Jesus. Encontra-se também em Paulo, tanto no discurso dirigido aos presbíteros de Éfeso (At 20.31) como nas cartas endereçadas aos Coríntios (1ª Co 16.13) e aos Tessalonicenses (1ª Ts 5.6). Aos cristãos judeus expulsos de Jerusalém e espalhados pelo Ponto, pela Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, Pedro escreve: “Sede sóbrios e vigilantes” (1ª Pe 5.8) A igreja em Sardes recebe a mesma exortação (Ap 3.2). Depois de glorificado Jesus declarou que é: “bem-aventurado aquele que vigia...” (Ap 16.15). É exigido daquele que vigia atitude de alerta permanente (1ª Ts 5.6; Rm 13.11).

2. Vigiar implica ficar acordado. A vigilância na fé cristã pode ser entendida o ato de permanecer acordado (Lc 12.36- 38; 1ª Ts 5.6). Estar alerta e acordado tem como objetivo evitar o comportamento negligente ou indolente que pode levar alguém a cair em alguma cilada ou ceder a alguma tentação que acaba enfraquecendo sua fé em Cristo (Mt 24.42; 25.13; 26.41; 1ª Co 16.13; 1ª Ts 5.6; 1ª Pd 5.8; Ap 3.2; 16.15). Todos nós precisamos de vigilância espiritual, e são inúmeras as recomendações bíblicas acerca da importância da vigilância constante para o crente. Diariamente somos submetidos a diversas tentações, e diante disso o conselho Jesus é: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41).

3. Vigiar implica ter consciência das realidades espirituais. Ter consciência dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes ativamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e seus malévolos princípios (Ef 6.12). Quanto mais nos lembrarmos da realidade desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2ª Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pd 5.8). Quanto mais inclinados estivermos para o mundo secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido bíblico, requer que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que tal conhecimento determine as nossas decisões e ações.

V. JESUS NO GETSÊMANI

Depois que Jesus instituiu a Ceia do Senhor, Ele seguiu com os seus discípulos para o jardim de Getsêmani. Em oração, o Senhor Jesus rogou ao Pai, três vezes, para que passasse dEle “esse cálice”.

1. Getsêmani.
O lugar é assim identificado em Mateus (v.36) e Marcos (14.32). Lucas se refere ao local como “àquele lugar” (22.40) e João registrou: “o outro lado do ribeiro Cedrom, onde havia um jardim” (18.1, Nova Almeida Atualizada). O nome “Getsêmani” vem de um termo aramaico que parece significar “prensa de azeite”. Era uma área localizada no sopé do monte das Oliveiras, onde o Senhor Jesus costumava se reunir com os discípulos e para onde se retirou na noite em que foi preso (Lc 22.39; Jo 18.2).

2. A angústia de Jesus. O Senhor Jesus, durante todo o tempo do seu ministério, encarava a sua morte de maneira serena (Mt 16.21; 17.22,23; 20.17-19; 26.1,2 e passagens paralelas em Marcos e Lucas). Alguns estudiosos do Novo Testamento se perguntam por que só agora “começou a entristecer-se e a angustiar-se muito” (v. 37) a ponto de dizer: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (v.38)? O seu pavor não era a morte, mas o ser separado do Pai ao assumir os pecados de toda a humanidade na cruz (2ª Co 5.21), pois Ele já estava decidido quanto a isso (Mc 10.33,34) e tinha consciência de que a sua morte era a vontade do Pai (Jo 12.27). Esse era o momento mais crucial para a humanidade, pois estava em jogo a salvação dos pecadores.

3. O cálice. A expressão usada por Jesus: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice” (v.39), deve ser entendida à luz do Antigo Testamento. O cálice ou copo aparece com frequência na Bíblia e mui especialmente na sua aplicação metafórica. É usada para indicar uma situação miserável (Sl 11.6) e também de felicidade (Sl 16.5; 23.5). Da mesma forma, indica a manifestação da ira de Deus (Sl 75.8; Is 51.17). Essa linguagem aparece no Novo Testamento (Ap 14.10; 1ª Co 10.16). O Senhor Jesus se referia ao cálice da ira de Deus como castigo da separação do Pai no momento da cruz (Mt 27.46; Mc 15.34). Estava chegando a hora de ser submerso na maldição, por nós, pecadores (Gl 3.13).

CONCLUSÃO. Aprendemos que o ensino bíblico sobre a vigilância envolve precaução, cuidado, perseverança, fé e obediência, considerando esta verdade sigamos o ensino de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2006.
2. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. RJ: CPAD 2010.
3. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. RJ: OBJETIVA, 2001.
4. STAMPS, Donald C (Trad. Gordon Chown). Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
5. SOARES Esequias. Lições bíblicas 1º Trimestre de 2019. CPAD
5. VINE, W.E, et al (Trad. Luís Aron). Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2002

terça-feira, 12 de março de 2019

DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS - UM DOM IMPRESCINDÍVEL



Atos 16.16-24 “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. 17. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. 18. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu. 19. E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados. 20. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade.  21. E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. 22. E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas. 23. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança, 24. o qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior e lhes segurou os pés no tronco.”

INTRODUÇÃO. Nesta Lição estudaremos um tema importante para vivermos a fé nestes últimos dias: o discernimento de espíritos. Não se pode querer discernir o que é espiritual com instrumentalidade carnal.

I. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Paulo apresenta os dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo, visando a edificação da Igreja (1ª Co 12.7).

1. Os dons espirituais. Os dons podem ser classificados, para uma melhor compreensão, da seguinte maneira:

1ª Coríntios 12.1,4-7 “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. 4. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. 7. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.

A palavra dom no grego dõron significa uma dádiva, um presente que nos é dado por Deus. Dõrea, presente grátis, charisma.

A palavra charisma no grego é χαρισμα no português carisma que significa:
 - Uma graça, gratuidade (divina).
- (especialmente), um dom (espiritual).
- Qualificação religiosa.
- Aptidão milagrosa.

2. “Ora, os dons são diversos...” 1º Co 12-4. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”.

Os dons espirituais podem ser classificados como:

2.1. Dons de serviço ou da graça (charismata).

São evidências para proveito de todos.
Romanos 12.3-8 “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função. 5. Assim também nós, conquanto muitos, somos um corpo em Cristo e membros uns dos outros. 6. Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia seja segundo a porção da fé. 7. Se ministério dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no faze-lo. 8. Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria”.

3. Dons ministeriais (diakoniai) - 1ª Co 12.5. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

Efésio 4.11 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.”

- Correspondem aos dons de serviços ou ministérios práticos.

4. Dons espirituais (pneumatikos) ou Manifestações (phanerōsis). O termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (1ª Co 12.7; 14.1).

5. Classificação dos dons.
Os dons são distribuídos em três categorias:

5.1. Dons de Revelação.
1. Palavra do conhecimento (v.8).
2. Palavra da sabedoria (v.8).
3. Discernimento de espíritos (v.10).

5.2. Dons de Poder.
1. Fé (v.9).
2. Curar (v.9).
3. Operação de milagres (v.10).

5.3. Dons de Inspiração.
1. Profecia (v.10).
2. Variedade de línguas (v.10).
3. Interpretação de línguas (v.10).

6. As fontes das manifestações espirituais.
Este dom é a capacitação divina para julgarmos se a força espiritual por detrás de uma manifestação ou situação é:
- Do Espírito Santo.
- Do Espírito Humano.
- De um Espírito Demoníaco (Ou seja, de Deus, do homem ou do diabo).

7. Como os Dons do Espírito Atuam um Sobre o Outro.
Os dons do Espírito geralmente funcionam juntos.
7.1. Dons que manifestam a sabedoria de Deus (1ª Co 12.8-10).
7.2. Dons que manifestam o poder de Deus (1ª Co 12.9,10).
7.3. Dons que manifestam a mensagem de Deus (1ª Co 12.10).

8. A escassez dos dons espirituais. Nunca os dons espirituais fizeram-se tão necessários quanto hoje. Num século de enganos e falsificações espirituais, carecemos das capacitações sobrenaturais provindas do Espírito Santo, a fim de que saibamos diferençar a verdade da mentira.

- Na Igreja Primitiva, onde o temor de Deus e a reverência eram abundantes. At 2.42-43 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43 E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.”

- Os dons espirituais manifestavam-se com regularidade e frequência. A irreverência, a falta de oração e de leitura da Bíblia Sagrada, além de impedirem as legítimas manifestações espirituais, deturpam-nas, gerando confusão e desordem (cf. 1ª Co 14).

II. O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

1. O verbo “discernir”.
- O Novo Testamento grego apresenta dois verbos traduzidos em nossas versões bíblicas por “discernir”, anakrino e diakrino. O significado do primeiro é amplo, como “perguntar, interrogar, investigar, examinar” (Lc 23.14; At 17.11), e aparece também com o sentido de “discernimento” (1ª Co 2.14,15). O segundo verbo apresenta grande variedade semântica e uma das variações é a de discernir (1ª Co 11.29).

2. O substantivo “discernimento”.
- O termo grego é diákrisis, que só aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente: uma vez com o sentido de “briga” ou “julgamento” (Rm 14.1); outra, como “distinção” em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1ª Co 12.10); e, finalmente, para discernir entre o bem e o mal (Hb 5.14).

2.1. Discernir significa distinguir, estabelecer diferença. O Espírito Santo concede o dom de discernir, a fim de que não sejamos enganados por espíritos e manifestações espirituais que, apesar das aparências, não se originam em Deus, mas em fontes demoníacas e carnais (1ª Co 12.10).

- No seu uso geral, discernimento é, na vida cotidiana, a capacidade de compreender e avaliar as coisas com bom senso e clareza, de separar o certo do errado com sensatez. O termo aparece nessa acepção na Bíblia (2ª Sm 19.35; Jn 4.11). Mas, no contexto teológico, o seu uso é muito mais amplo, como veremos a seguir.

3. Falsos profetas.
- Num universo religioso, como o atual, onde há tantas imitações e fingimentos, faz-se urgente essa capacidade sobrenatural que nos concede o Espírito Santo, para sabermos as proveniências dos espíritos. Recomenda-nos o apóstolo João: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1ª Jo 4.1).

3.1. A advertência do Senhor para o Povo de Israel.
Dt 13.1-3 “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, 2. E suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; 3. Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

3.2. Advertência de Jesus.
Mt 24.24 “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.”

- Jesus disse que o Anticristo aparecerá fazendo sinais, prodígios e maravilhas de tal maneira que, se possível fora, enganaria até os escolhidos.

3.3. A advertência do apóstolo Paulo para a Igreja de Corintos.
2ª Co 11.13-15 “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. 14. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. 15. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.”

- Os agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça.

3.4. A advertência do apóstolo Paulo aos Presbíteros da Igreja.
Atos 20.28-30 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

3.5. A advertência de Paulo a Timóteo.
2ª Tm 3.1-9 “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. 2. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, 3. Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, 4. Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, 5. Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. 6. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; 7. Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. 8. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. 9. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.”

3.6. A advertência do apóstolo Pedro.
2ª Pe 2.1-3 “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. 2. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. 3 E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.”

1ª Pe 5.1-4 “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: 2. Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; 3. Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 4. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória.”
 - Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos (1ª Co 12.10).

- Estes versículos expõem o perigo dos falsos profetas. O povo de Deus deveria ficar alerta porque eles proclamariam ser os verdadeiros enviados do Senhor. Além disso, os israelitas teriam de discernir a intenção da mensagem e verificar o cumprimento das palavras proféticas, para que descobrissem se tratava-se de um verdadeiro profeta (Dt 18.21,22). No Novo Testamento também há avisos quanto a esses enganadores (1ª Jo 4.1; compare com A t 20.28-31).

4. A importância do dom de discernimento.
- A vinda de Cristo está mui próxima (1ª Jo 2.18).

- Cumprem-se os sinais que anunciam a volta iminente do Senhor.

- Haja vista a operação dos falsos doutores e profetas que, usados por Satanás, ostentam uma aparente piedade e operam maravilhas com o objetivo de enganar os escolhidos (Mt 24.24). Por isso, afirma John Stott, “de todos os dons espirituais, um dos que mais devemos desejar é seguramente o de discernimento”. Leia e medite em 2ª Timóteo 3.1-9 e 2ª Pedro 2.1-3.

- O discernimento espiritual capacita a pessoa que tem o dom a identificar os tipos de espíritos que se manifestam em uma determinada situação.

- Como a Palavra da Ciência e da Sabedoria, o dom de discernir os espíritos é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo que permite conhecermos a natureza e o caráter dos espíritos.

O discernimento de espíritos, ajuda o crente a separar:
- O falso do verdadeiro.
- O puro do impuro.
- O santo do pecador.
- O joio do trigo e, especialmente, a intenção dos corações. (1ª João 4.1).

- Ele é de fato um dom do Espírito de Deus, o qual revela a identidade do poder e da força espiritual por detrás de uma situação específica. Será que é o Espírito de Deus, o homem, ou o diabo?

- Vivemos hoje em um mundo de confusões religiosas onde o falso assemelha com o verdadeiro até mesmo dentro da Igreja. Por isso devemos buscar com urgências os dons para a edificação da Igreja.

Muitos erroneamente pensam que “discernir os espíritos” quer dizer julgar as ações e procedimentos dos homens. Trata de discernir espíritos e não homens, no tocante a assuntos relacionados puramente com eles. E, certamente, não é a capacidade de encontrarmos as falhas nas vidas dos outros. Isto é apenas uma forma de julgamento farisaico.

- Através dele podemos julgar ou “discernir” as forças espirituais que produzem certas ações, ensinos ou comportamentos. É um dom de revelação divina com relação à natureza e atividades do mundo espiritual.

III. A ADIVINHADORA DE FILIPOS
- Quem realmente já experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores. Deus permite, às vezes, o sobrenatural vindo de fontes estranhas para provar a fé do crente e sua experiência espiritual.

1. Uma avaliação sensata.
- A jovem adivinha estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia.

- Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44).
- O principal opositor da obra de Deus (At 13.10).
- Por que, então, o espírito adivinho elogiaria os dois mensageiros de Deus, Paulo e Silas, ao confirmá-los como anunciadores do caminho da salvação? É óbvio que havia algo de errado nisso.

2. O espírito de adivinhação.
- A jovem pitonisa “tinha espírito de adivinhação” (v. 16). O termo grego usado aqui é python, “Píton, espírito de adivinhação", de onde vem o termo “pitonisa”, associado à feitiçaria.

- Píton era a serpente que guardava o oráculo em Delfos, na antiga Grécia, a qual, segundo a mitologia, Apolo matou. Com o tempo, python passou a ser usado para designar adivinhação ou ventríloquo, que em grego é engastrimythos, de gaster, “ventre”, e mythos, “palavra, discurso”, cuja ideia é dar oráculos ou predições desde o ventre, pois se imaginava alguém ter tal espírito em seu ventre. O vocábulo engastrimythos não aparece no Novo Testamento, mas está presente na Septuaginta (Lv 19.31; 20.6) e é aplicado à feiticeira de En-Dor (1ª Sm 28.7,8).

3. Adivinhações ontem e hoje.
- Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os cananeus (Dt 18.14) e os egípcios (Is 19.3), as quais Israel deveria rejeitar. Isso vale também para os cristãos, pois essas práticas estão presentes ainda hoje na sociedade. Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At 8.9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap 21.8; 22.15). Como parte da magia, a adivinhação é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc.


IV - DESMASCARANDO OS ARDIS DE SATANÁS

- O Senhor Jesus colocou à disposição de cada crente as condições necessárias para discernir entre o falso e o verdadeiro, habilitando-o a fazer a obra de Deus. Ele disse:
“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16) e para isso nos equipou com armas espirituais de defesa e de ataque ao reino das trevas.

2ª Co 10.4-5 “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; 5. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.”

Efésios 6.10-18 “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 11. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. 12. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. 13. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. 14. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; 15. E calçados os pés na preparação do evangelho da paz; 16. Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. 17. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; 18. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.”

- O discernimento espiritual é importante arma do arsenal do Espírito Santo.

1. Uma estratégia demoníaca para confundir o povo.
- É muito estranho que o espírito maligno que atuava na vida da jovem viesse gritando publicamente por muitos dias e elogiando Paulo e Silas com as palavras:

“Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo" (v.17).

- Essa não foi a única vez em que Satanás procedeu dessa maneira (Mc 5.7). Adam Clarke comenta que o “testemunho sobre os apóstolos, em essência, era verdadeiro, com o fim de destruir sua reputação e arruinar a sua utilidade”.

- O propósito diabólico aqui era transmitir ao povo a falsa ideia de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora.

2. A libertação da jovem adivinhadora.
- A moça era uma escrava que dava muito lucro aos seus senhores com essa prática ocultista (v. 16).

- Ao ser liberta pelo poder do nome de Jesus, os seus proprietários viram nisso um prejuízo econômico e foram denunciar os missionários às autoridades locais.

- A população não viu a maravilha da grande libertação da moça, e Paulo e Silas não foram denunciados por causa da expulsão do espírito maligno da jovem. Eles foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Foram açoitados e colocados na prisão (vv. 19-22).
- Jesus tornou-se também persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc 5.16-18). Infelizmente, o lucro fala mais alto ainda hoje.

3. A necessidade do dom de discernir.
- O discernimento do Espírito nos permite conhecer tudo aquilo que é impossível saber por meio de recursos humanos.

- O caso de Paulo e da adivinha de Filipos é emblemático, um exemplo clássico do uso desse dom na vida real.

- Reconhecer a origem maligna de uma manifestação contra a Igreja não é tão difícil, mas, no contexto de Paulo, diante dos elogios da adivinhadora, isso era praticamente impossível sem a atuação do Espírito Santo.

CONCLUSÃO. Estudamos nessa lição que o discernimento de espíritos é importante para a igreja lidar com o mundo dos espíritos e assim poder identificar as falsas profecias, as falsas manifestações.

- Também ficou claro que o crente é capacitado par identificar e para expulsar os demônios e finalmente que, mesmo uma pessoa que não tenha o dom pode discernir se determinadas profecias ou manifestações são verdadeiras usando do ensinamento da palavra e testando o espírito.


Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 7 de março de 2019

JESUS A VERDADEIRA RELIGIÃO



São poucos que dão crédito ao evangelho e a resposta é sempre a mesma “eu já tenho a minha religião”.
Muitos que frequentam uma religião não conhecem Jesus é por isso que Pedro atacou os judeus dizendo: “Seja conhecido de vós todos, de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dos mortos, em nome desse é que está diante de vós. Ele é pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvo” (At 4:10-12).
Vivemos hoje em um mundo conturbado e cheio de seitas e heresias, um mundo de confusões religiosas; Por isso devemos fazer a seguinte pergunta: Qual a verdadeira religião?
A Bíblia sagrada só nos fala de uma religião que pode salvar o homem da condenação eterna. A Bíblia diz que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus isto é desligado por causa do pecado.
Religião do latim religionis, termo este de religare, ligar outra vez. O homem que estava desligado do Criador foi ligado pelo Seu infinito amor. Ele enviou Seu Filho Jesus ao mundo, para morrer e dar seu sangue para resgate de nossas almas. Todavia com Sua morte na cruz do Calvário Ele nos ligou com Deus outra vez. Portanto Jesus é a única e verdadeira religião, ou seja, o verdadeiro caminho que nos leva ao Pai!

I. A ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA É JESUS.
At 4.12 “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.  

II. O ÚNICO CAMINHO É JESUS
Jo 14.6 Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por Mim”.
Há um adágio popular que diz: Todos os caminhos nos levam á Deus, mas não é verdade, pois só existe um caminho e este caminho é Jesus Cristo.

III. O ÚNICO MEDIADOR É JESUS
1ª Tm 2.5 Paulo diz: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus”.

IV. JESUS É VERDADEIRO ADVOGADO
1ª Jo 2.6 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis: e se alguém pecar temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo”.
Advogado: É uma pessoa formada para defender uma pessoa em juízo. E Jesus é o nosso advogado que está à direita de Deus Pai para nos defender e livrar-nos de uma condenação. Só Ele é a pessoa qualificada para defender a nossa causa, isto é, mediador e advogado perante o Supremo Juiz. 
V. JESUS É A VERDADEIRA PORTA
Jo 10.9 Jesus disse: “Eu sou a porta: se alguém entrar por Mim, salvar-se-á”.

VI. JESUS É A VERDADEIRA LUZ
Jo 8.12 Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”.

VI. JESUS É O PÃO DA VIDA
Jo 6.35 Jesus diz: “Eu sou o pão da tua vida. Aquele que vive em Mim não terá fome”.

VIII. JESUS É A RESSURREIÇÃO E A VIDA
Jo 11.25 Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto viverá”.

IX. JESUS É O VERDADEIRO MESSIAS
1ª Co 3.11 “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”.
2ª Co 11.4 “Porque se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis”.

X. JESUS É O ÚNICO SALVADOR
Mt 18.1 Jesus diz: “Porque o Filho do homem veio salvar o que estava perdido”.

CONCLUSÃO. O evangelho de Jesus Cristo difere de todas as religiões pelo seu alto grau de comprometimento com os padrões éticos, morais e espirituais determinados por Deus aos homens.
Nem uma religião tem um Salvador ressuscitado, que dá perdão dos pecados e vida eterna, somente Jesus Cristo. Por isso, meu amigo, dirija-se só a Jesus Cristo. Ele é o único que pode perdoar os seus pecados e lhe dar vida nova aqui e vida eterna no porvir.
At 16.1 diz: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo”. 1ª Jo 1.7 diz: “Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

quarta-feira, 6 de março de 2019

PODER DO ALTO CONTRA AS HOSTES DA MALDADE



TEXTO ÁUREO
“Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49)

VERDADE PRÁTICA
As obras das trevas são demolidas pelo poder de Deus no trabalho de pregação do Evangelho de Cristo.


LEITURA BÍBLICA

Atos 8.5-13,18-21 “E, descendo Filipe à cidade de Somaria, lhes pregava a Cristo.
6- E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, 7- pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. 8- E havia grande alegria naquela cidade. 9- E estava ali um certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; 10- ao qual todos atendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: Esta é a grande virtude de Deus. 11- E atendiam-no a ele, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas. 12- Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres. 13- E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. 18- E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, 19- dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. 20- Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. 21- Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.

INTRODUÇÃO. A Bíblia não somente fala da realidade da batalha espiritual, bem como nos ensina sobre o que devemos fazer para prevalecermos na luta contra Satanás e os demônios – “fortalecer-se no Senhor e na força do Seu poder” (Ef 6.10). Nesta lição, falaremos sobre a necessidade do poder espiritual para a nossa caminhada cristã; destacaremos a importância de termos o Espírito em nós e sobre nós; veremos porque o poder de Deus é necessário; e, por fim, pontuaremos que uma vida cheia do Espírito Santo é uma condição vital para nos mantermos de pé espiritualmente.

I. A IMPORTÂNCIA DO PODER DE DEUS NA VIDA CRISTÃ

Após trazer diversas recomendações práticas aos cristãos de Éfeso, Paulo decidiu abrir os seus olhos quanto a realidade do mundo espiritual e da necessidade de estarmos capacitados para vencermos a batalha contra o mal. Para tal, o apóstolo conclama os irmãos a buscarem o poder do Senhor. Paulo diz: “fortalecei-vos” (Ef 6.10), expressão que no grego é “endunamoo”, que significa: “fortalecer”, “tornar-se forte” (CHAMPLIN, 2004, p. 641). Já a palavra “poder” no grego “dúnamis” significa: “força”, “energia”, “habilidade”, “poder”, mas que normalmente se refere a algum agente de poder ou força capaz de realizar um determinado trabalho. Nosso vocábulo “dinamite” se deriva desse termo grego; e isso ilustra a natureza da palavra (CHAMPLIN, 2004, p. 311). Vejamos o que a Bíblia nos sobre o poder de Deus:

1. A necessidade do poder. Como a nossa luta não é contra carne e sangue, mas, sim, “contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12); seres que são maiores que os homens (Sl 8.5; Hb 2.7); e, que são poderosos (At 26.18; 2ª Ts 2.9; 2ª Pd 2.11), necessitamos de um poder que não produzimos e que seja maior que o poder dos demônios. Portanto, fortalecer-se é tão necessário que Paulo afirma que é a condição para nos mantermos firmes “contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11).

2 A busca pelo poder. O crente por si mesmo e com suas próprias forças jamais poderá suportar uma guerra espiritual, inimigos espirituais são enfrentados com armas espirituais. O poder que necessitamos para vencer está em Deus. Por isso, Paulo diz: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). A Bíblia diz que Ele é aquele que tem todo o poder nos céus e na terra, pois é Todo Poderoso (Mt 28.28; Ap 1.8). Somente na epístola aos Efésios Paulo fala da “grandeza do seu poder” (Ef 1.19); da “superioridade do seu poder” (Ef 1.21); da “operação do seu poder” (Ef 3.7); que ele é “poderoso para fazer” (Ef 3.20); e, de que é a “fonte do poder” (Ef 6.10). É bom notar que o verbo “fortalecer” está no imperativo, denotando uma ordem, ou seja, cabe ao crente individualmente buscar fortalecer-se no Senhor (1ª Co 16.13; Tg 5.8). Paulo também exortou a Timóteo dizendo: “Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2ª Tm 2.1).

3 A concessão de poder. Jesus não deixou a igreja sem o poder necessário para vencer as batalhas espirituais. Ele nos concedeu o Espírito Santo por meio do qual temos condições de vencer: “Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16). Paulo falou do poder de Deus que está “sobre nós, os que cremos” (Ef 1.19); e, do “poder que em nós opera” (Ef 3.20); e, nas mais diversas situações que enfrentou, prevaleceu, porque Cristo o fortalecia (Fp 4.13; 2ª Tm 4.17). Jesus concedeu poder para expulsarmos os demônios (Mc 16.17; Lc 10.19); e, também fez a confirmou a promessa de revestimento de poder para os seus discípulos a fim de equipá-los espiritualmente (Lc 24.49; At 1.8).

II. A OPERAÇÃO DO PODER DE DEUS NO CRENTE

1. O poder em nós. Todo crente salvo tem o Espírito Santo (Rm 5.5; 8.9; 1Co 6.19; 1ª Ts 4.8; 2ª Tm 1.14). O recebemos no momento da conversão, ocasião que fomos selados, como prova de que somos propriedade particular de Deus (Ef 1.13,14; 4.30). A presença do Espírito Santo em nós confere-nos poder (Ef 3.16,20).

2 O poder sobre nós. No AT o Espírito Santo apareceu capacitando algumas pessoas para o serviço e até mesmo para as batalhas físicas contra os inimigos de Israel (Jz 6.34; 14.19). No NT, vemos uma atuação mais ampla e diferenciada. Além de habitar em todos os crentes, Jesus prometeu que o Espírito Santo viria para “revestir os crentes” (Lc 24.49; At 1.8). A palavra “revestir” dá a ideia de vestir sobre outra vestimenta. Este poder é tão necessário que Jesus orientou os discípulos que não se ausentassem de Jerusalém até serem revestidos (Lc 24.49; At 1.4). O batismo com o Espírito Santo é extremamente necessário para o crente em Jesus também nos dias atuais: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.38).

III. PARA QUE PRECISAMOS DE PODER

1. Para que o evangelismo prevaleça. O diabo se opõe frontalmente a sublime tarefa da evangelização dos povos que Jesus confiou a igreja (Mc 4.15; At 13.8-10; 1ª Ts 2.18). Ele cegou o entendimento dos incrédulos “[…] para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2ª Co 4.4). Logo, para levarmos adiante a evangelização dos povos devemos estar revestidos de poder a fim de prevalecermos contra as trevas (Lc 24.49; At 1.8). Em Éfeso, havia doze discípulos que não eram batizados com o Espírito Santo, quando Paulo tomou ciência disto, orou por eles e logo foram revestidos de poder (At 19.1-7). Após este acontecimento, Paulo na unção do Espírito Santo (At 19.11,12), começou a pregar nesta cidade e o impacto do evangelismo foi tão grande que agitou a cidade, provocando muitas conversões até mesmo de feiticeiros (At 19.18); e, “assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19). Por onde andava, Paulo sabia que o diabo erguia suas fortalezas na vida das pessoas a fim de que não fossem salvas, no entanto, ele sabia que Deus nos disponibilizou armas espirituais para destruição destas fortalezas (2ª Co 10.4).

2. Para que possamos prevalecer contra os demônios. O cristão jamais poderá prevalecer contra o poder de Satanás e dos demônios sem o poder de Deus. Sabedor disto, Jesus delegou aos apóstolos poder para expulsar os demônios: “E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem” (Mt 10.1). Veja também (Mc 10.1; Lc 9.1). Na ocasião em que o Mestre ordenou que outros setenta discípulos fossem expulsar os demônios, também lhes conferiu poder (Lc 10.19). Sobre a necessidade do poder para vencer os ataques demoníacos, Paulo exortou aos cristãos de Éfeso dizendo: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10,11). Sobre esta afirmação paulina, Beacon (2008, p. 194) diz que: “no conflito com os poderes demoníacos, os cristãos têm de utilizar, de forma imediata e contínua, o poder de Cristo para terem vitória”.

3. Para que possamos vencer a si mesmos. Além de ataques externos, cada crente também enfrenta ataques internos, na sua “natureza pecaminosa”, também chamada de “carne”, no grego “sarx”. Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18). É importante dizer que fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Cl 3.5). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Logo, o poder da carne só poderá ser detido pelo poder do Espírito (Rm 8.1-6; Gl 5.16,17). “O homem natural não tem poder para combater o pecado, porque o pecado reside no seu interior. Somente pela sua transformação através da obra regeneradora do Espírito Santo é que ele se torna ‘homem espiritual’. O espírito interior do homem se torna acessível ao Espírito Santo e recebe d’Ele o fortalecimento espiritual necessário (Rm 7.14,15; 1ª Co 2.14,15; Gl 5.17,26)” (CABRAL, 1999, p. 38).

IV. VIVENDO CHEIO DO PODER DE DEUS PARA VENCER AS HOSTES DA MALDADE

Enquanto estivermos no mundo não teremos trégua na luta contra Satanás e os demônios. Como a batalha é contínua nossa capacitação para vencer também deve ser contínua. Precisamos diariamente do poder do Espírito Santo para prevalecermos as hostes da maldade. Em Efésios 5.18 o apóstolo Paulo diz que devemos nos encher do Espírito Santo. Tal palavra nos mostra pelo menos quatro verdades práticas. Vejamos:

1. Ser cheio do Espírito Santo é uma ordem. Encher-se do Espírito é um mandamento: “[…] enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). É a vontade de Deus que vivamos sob o poder do Espírito Santo. Portanto, não buscar a plenitude do Espírito é desobedecer a ordem divina.

2. Ser cheio do Espírito é uma necessidade de todos. A plenitude do Espírito é abrangente a todo crente. A plenitude do Espírito não é um privilégio para alguns, mas, uma possibilidade para todo aquele que foi regenerado. Este mandato foi dado a toda Igreja e não a indivíduos em particular: “E todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4-a).

3. Ser cheio do Espírito é uma parceria. O ser cheio do Espírito Santo não depende exclusivamente de nós, pois não é obra humana, é uma operação divina no homem (At 19.1-6; Ef 3.19). No entanto, a vida de obediência e sujeição do crente é a condição para o recebimento da plenitude do Espírito (At 5.32).

4.4. Ser cheio do Espírito é um ato contínuo. Não descreve uma ação única, e sim contínua, porque a plenitude do Espírito é vivida constantemente, não é uma experiência para uma única vez, mas, precisa ser sempre renovada (At 2.4; 4.31; 13.52). Não devemos viver uma vida espiritual conformada e rotineira, e sim, anelar sempre por novas experiências concedidas pelo Espírito Santo (Rm 12.2; 1ª Ts 1.5).

CONCLUSÃO. Para prevalecermos no combate espiritual contra as trevas, precisamos buscar a Deus diariamente a fim de nos fortalecermos e assim prevalecermos contra as astutas ciladas do diabo.

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
2. CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
3. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
4. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.