TEOLOGIA EM FOCO: A CARTA À IGREJA EM FILADÉLFIA

quarta-feira, 18 de junho de 2025

A CARTA À IGREJA EM FILADÉLFIA

 


Ap 3.14-21 “Ao anjo da Igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas, o princípio da criação de Deus. 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente. 16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. 17 Pois dizes: Estou rico e abastardo e não preciso de coisa alguma, nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifestada a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. 19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20 Eis que estou á porta e bato (falo); se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. 21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz ás igrejas”. 

Entre as sete cartas às igrejas no Apocalipse, encontramos duas que não contêm nenhuma crítica das igrejas: A carta à igreja em Esmirna, uma congregação pobre que enfrentava perseguição, e a carta à igreja em Filadélfia, uma congregação fraca e limitada, mas que dependia de Deus.

O vale de Lico, na Ásia Menor, tinha três cidades principais: Colossos, conhecida por suas fontes de água fria, Hierápolis, conhecida por suas fontes de águas termais, e Laodicéia, conhecida nesta carta por sua igreja morna, que causou enjoo no seu Senhor, Jesus Cristo. 

A carta à igreja em Filadélfia, destaca a fidelidade e perseverança da igreja, apesar das dificuldades, e promete recompensas para aqueles que perseverarem. A mensagem de Jesus é que, apesar de pouca força, a igreja guardou a sua palavra e não negou o seu nome. Ele reconhece a importância da igreja em abrir portas e afirma que ela tem um lugar especial em sua história. A carta também oferece um chamado para os membros se aproximarem de Jesus e receberem o seu amor e perdão. 

Ao Anjo da Igreja em Filadélfia (3.7-13). 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. A igreja em Filadélfia (7): Filadélfia significa amor fraterno ou amor entre irmãos.

As únicas referências bíblicas a Filadélfia se encontra no Apocalipse (1.11; 3.7).

A cidade de Filadélfia era a mais jovem em da Ásia Menor.

A cidade de Filadélfia gozava uma localização estratégica de acesso entre os países antigos de Frígia, Lídia e Mísia. Foi fundada pelo rei de Pérgamo, Atalo, cerca de 140 a.C. Ele foi conhecido por sua lealdade ao seu irmão, assim dando origem ao nome da cidade (Filadélfia significa amor fraternal). A região produzia uvas e o povo especialmente honrava Dionísio, o deus grego do vinho. A cidade servia como base para a divulgação do helenismo às regiões de Lídia e Frígia. Foi localizada num vale no caminho entre Pérgamo e Laodicéia. Filadélfia foi destruída por um terremoto em 17 d.C. e reconstruída pelo imperador Tibério. Em alguns momentos de sua história, a cidade recebeu nomes mostrando uma relação especial ao governo romano. Depois de ser reconstruída, foi chamada brevemente de Neocesaréia. Durante o reinado de Vespasiano, foi também chamada de Flávia (nome da mulher dele, e a forma feminina de um dos nomes dele). Atualmente, a cidade de Alasehir fica no mesmo lugar, construída sobre as ruínas de Filadélfia. 

Fundada provavelmente pelo apóstolo Paulo. Cl 4.13-16 “Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e pelos que estão em Hierápolis. 14 Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas. 15 Saudai aos irmãos que estão em Laodiceia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa. 16 E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também seja lida na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodiceia lede-a vós também.” 

II. JESUS SE APRESENTA PARA A IGREJA 

1. Estas coisas diz o santo, o verdadeiro (7): Nesta carta, Jesus não empregou as descrições do capítulo 1 para se identificar. Ele afirma ser o santo e o verdadeiro. São características divinas (6.10). A santidade é uma das qualidades principais de Deus (veja Ap 4.8; Is 6.3). Ninguém é igual ao Santo Deus (Is 40.25). A palavra “verdadeiro” é usada frequentemente no Novo Testamento, e especialmente nos livros de João, em referência a Deus (Pai e Filho). (Veja João 3.33; 7.28; 8.26; 17.3; 1ª João 5.20; Apocalipse 3.7; 6.10; 19.11; Romanos 3.4; 1ª Tessalonicenses 1.9). Enfatiza a sinceridade dele, em contraste com a falsidade dos judeus em Filadélfia. 

2. Aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá (7): Esta linguagem vem de Isaías 22.20-24, onde a autoridade sobre Jerusalém e sobre Judá é transferida a Eliaquim. A chave representa autoridade e poder. Jesus, como descendente real de Davi, controla o acesso ao reino de Deus. Ele abre, e ninguém é capaz de fechar. Ele fecha, e ninguém consegue abrir. 

3. Conheço as tuas obras (8): Como afirmam todas as cartas, Jesus conhece de primeira mão as obras dos cristãos em Filadélfia. 

III. A FIDELIDADE DA IGREJA 

1. Tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar (V. 8): Antes de falar sobre as obras deles, Jesus já oferece encorajamento a esses discípulos. Mesmo sendo servos fiéis, eles sentiram fracos e, talvez, incapazes de cumprir bem seus deveres ao Senhor. Jesus queria assegurá-los de sua fidelidade para com os seus servos.

Portas abertas representam acesso e oportunidades. Deus abre a porta da fé quando oferece o evangelho aos homens (At 14.27), assim lhes dando acesso à comunhão com ele. Abre portas de trabalho para seus servos divulgarem a palavra (1ª Co 16.9; 2ª Co 2.12; Cl 4.3). Aqui ele não fala especificamente da natureza das oportunidades dadas aos discípulos em Filadélfia, mas garante que as portas ficariam abertas. Hoje, quando Deus abre portas de oportunidade para nós, devemos aproveitá-las (Tg 4.17). 

2. Uma igreja com pouca força, mas com fé. V. 8) Fraqueza nem sempre sugere pecado. Jesus não condena esta igreja por nenhum erro, mas diz que ela tinha pouca força. Pode ser que fossem poucos em número, ou de outra maneira limitados em capacidade. Quando reconhecemos as nossas próprias limitações e fraquezas, devemos confiar mais em Deus e depender de sua força (2ª Cr 12.9-10). Como Eliseu venceu os siros pelo poder de Deus (2º Reis 6.16-17), os fiéis em Filadélfia teriam sua vitória pela força de Jesus. 

3. Entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome (V. 8): Apesar de suas limitações, a igreja em Filadélfia se mantinha fiel. Guardava a palavra de Jesus. Ele veio ao mundo e revelou a sua palavra, que nos julgará no último dia (Jo 12.48-50). Esta nova aliança entrou em vigor após a morte de Jesus (Hb 9.15-17; 8.6-13). Devemos obedecer a perfeita lei da liberdade que Jesus nos deu (Tg 1.25). Eles defendiam o nome de Jesus e não o negaram. 

4. A sinagoga de Satanás (9): Havia uma sinagoga de Satanás, uma congregação de falsos judeus, também em Esmirna (2.9). Sabemos do livro de Atos que as primeiras perseguições da igreja, tanto em Jerusalém como na Ásia, foram feitas por judeus. A igreja em Filadélfia sofreu por causa desses falsos judeus. 

5. Eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei (9): Apesar de serem fracos, os discípulos em Filadélfia ficariam do lado do vencedor. Seriam exaltados acima dos seus inimigos (Is 60.14). Os servos fiéis e vitoriosos podem reinar com Cristo sobre as nações (Ap 20.4; Ap 2.26-27), mas a glória e a adoração ainda pertencem totalmente ao Senhor. Esta honra serviria de prova do amor de Jesus para com os seus seguidores. Os falsos judeus os odiavam, mas o Senhor e Cristo os amava! 

6. Porque guardaste a palavra da minha perseverança (10): Não desistiram! 

7. Eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra (10): Os discípulos em Filadélfia seriam guardados num período de provação que afligiria o mundo. Pode ser uma referência à perseguição que começou no reinado de Domiciano e que causou terrível sofrimento e a morte de centenas de milhares de pessoas. Independente da natureza específica desta provação, Jesus prometeu proteção (mas não isenção de sofrimento) aos fiéis em Filadélfia. Ainda precisariam conservar o que tinham (3.11). 

8. Venho sem demora (11): A vinda de Jesus traria alívio para os servos que sofriam pelo nome dele, e castigo terrível para os perseguidores e imundos. Para a maioria em Sardes, seria um dia de angústia (3.3). Para os cristãos em Filadélfia, seria um dia de alívio. 

9. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (11): Depois de tudo que Jesus fez e prometeu, os cristãos em Filadélfia ainda teriam que fazer a sua parte. Ainda enfrentariam tentações e correriam o risco de perder tudo que haviam alcançado. Mesmo os servos mais fiéis precisam vigiar e permanecer fiéis até o fim. 

IV. PROMESSAS AOS VENCEDORES 

1. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus (12): As colunas de Filadélfia racharam e caíram no terremoto algumas décadas antes, mas as colunas no verdadeiro templo de Deus jamais seriam destruídas. Estas não são de pedra; são colunas vivas e firmes. Jesus não fala somente de líderes nas igrejas (Gl 2.9), mas de todos os vencedores fiéis. Os discípulos do Senhor são, ao mesmo tempo, pedras vivas e sacerdotes (1ª Pe 2.5-9). 

2. Daí jamais sairá (12): Os vencedores permanecerão no templo para sempre. Gozarão comunhão eterna com Deus.

3. Gravarei...sobre ele (12): Várias descrições mostram a posição privilegiada do vencedor. Nomes gravados sugerem posse. O vencedor pertence a Deus. Ele faz parte do “povo de propriedade exclusiva de Deus (1ª Pe 2.9). Ele também pertence à cidade de Deus, a nova Jerusalém. A nova Jerusalém é a noiva de Cristo (21.2). O vencedor faz parte da noiva, da igreja que pertence somente a Jesus. Ele recebe, também, o nome de Cristo. Jesus confessará abertamente os nomes dos seus servos (Mt 10.32). 

4. Quem tem ouvidos...ouça (13): Jesus viria logo para castigar e salvar. É importante ouvir a sua mensagem e estar preparado. 

CONCLUSÃO: Como identificar uma igreja boa? Seria a maior? A mais ativa? A mais conhecida? A mais rica? Certamente Jesus julga por critério diferente do nosso. Ele pode ver uma igreja pobre ou fraca como uma congregação fiel, dedicada e perseverante. Ao invés de tentar impressionar os homens, devemos nos dedicar ao desenvolvimento do caráter que agrada a Deus.

A Igreja de Filadélfia nos ensina sobre fidelidade a Deus e amor ao próximo. Esta é a Igreja que Deus quer, uma comunidade viva e perseverante na Palavra. O Senhor quer abrir portas para o anúncio do Evangelho e nos levantar como colunas em sua Obra.

Pr. Elias ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

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