TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

OBREIRO APROVADO

 


2ª Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneje bem a palavra da verdade”. 

Introdução. O Senhor nos chamou e nos chama ainda nos dias de hoje para fazer a sua obra e anunciar o Evangelho para todas as pessoas que ainda não foram alcançadas pelo Seu amor. Nesta carta a Timóteo, o apóstolo Paulo recomenda que o obreiro se apresente aprovado, sem motivo para se envergonhar, e que se dedique ao estudo da palavra. Manejar bem a palavra de Deus faz toda a diferença, é o plantar a semente certa, deixar o terreno arado para plantar a palavra da verdade no coração das pessoas (cf. Jo 17.17). E assim com a convicção de que dará bons frutos. 

O apóstolo Paulo admoesta, ao irmão Timóteo apresentar-se a Deus: como um obreiro aprovado e que não tenha do que se envergonhar. E que manje bem, ou seja, que tenha destreza na Palavra da verdade. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

1. Ocasião. Paulo escreveu em sua 4ª viagem missionária, 64 - 68 d. C.- Paulo escreveu da prisão. - Ele foi abandonado por muitos. 

2. Público original. Para Timóteo, seu amigo que pastoreia em Éfeso. Os ensinamentos do evangelho de sua primeira carta estavam sendo distorcidos. 

3. Propósito. Incentivar o jovem pastor a se manter firme no evangelho e em seu ministério em todos os demais aspectos. Incentivar o jovem pastor Timóteo a visitar Paulo em sua prisão domiciliar em Roma, trazendo algumas coisas consigo. 

II. O CHAMADO DO OBREIRO 

1. O significado da palavra obreiro. 1ª Coríntios 4.1 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.

Obreiro do grego ergates, trabalhador, obreiro; operário; aquele que trabalha por salário. A palavraobreiro” quer dizeroperário” significa trabalhador. Aquele que trabalha em uma arte ou ofício!

Tem até insetos que trabalham! Formigas, cupins, e a conhecida abelha operária. É por isso que obreiros são trabalhadores da Obra de Deus. 

2. Em primeiro lugar somos chamados a salvação. Mt 11.27 “Vinde a mim, todos os que estias cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviareis. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, por que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu fardo é suave, e o meu fardo é leve”. 

3. Em segundo lugar somos chamados para ser pescadores de almas. Mateus 4.18 “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.”

Mt 4.19 Jesus chamando seus discípulos disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. 

Jesus tinha uma missão preciosa no momento desse chamado, era justamente de escolher homens que fossem capazes de após a sua morte continuar pregando o evangelho da salvação. Com essa missão, ele chamou cada um de forma diferente, mas todos para o mesmo propósito.

O mesmo chamado existe hoje em dia nas nossas vidas, a todos os momentos, Cristo está dizendo: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. Este chamado é tão grandioso que se estende até nós nos dias de hoje.

Jesus busca as pessoas para acompanha-lo e trabalhar com Ele, ou seja, compartilha a sua missão com a humanidade, isso revela seu desejo de comunhão conosco. 

4. Jesus chama, ensina e capacita Seus discípulos. Lucas 8.9,10 “E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta? 9- E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.”

As parábolas de Jesus podiam ocultar e revelar verdades. Suas narrações alegóricas transmitiam ensinamentos recentes — mistérios — acerca do Reino de Deus. Ele ensinava separadamente. Só Seus discípulos tinham o privilégio de aprenderem as verdades das parábolas. Para outros ouvintes, as narrações serviam como julgamentos que ocultavam a verdade, como a referência de Isaías 6.9 indica. De vez em quando, uma parábola era compreendida por um estranho, mas não era aceita. Deste modo, ela ainda funcionava como uma mensagem de julgamento (Lc 20.9-19). 

III. PROCURA-TE APRESENTAR 

1. O significado das Palavra procura e apresenta. A palavra procura no grego spoudazo significa: “apressar-se; esforçar-se, empenhar-se, ser diligente; ou empenhar-se por algo; desejar ansiosamente”.

A palavra apresentar no grego paristemi ou prolongada paristano; colocar ao lado ou próximo a; apresentar ou mostrar; apresentar uma pessoa para outra ver e questionar; aproximar; permanecer, permanecer perto ou junto, estar a mão, estar presente; deixar \a mão; estar ao lado para ajudar, socorrer; estar presente. 

2. Procure ser um trabalhador . “...como obreiro que não tem de que se envergonhar...”.

A palavra envergonhar no grego anepaischuntos: Que não tem motivo para envergonhar-se; de boa índole; boa reputação; exemplo dos fiéis.

- Irrepreensível. (Não seja caloteiro, mal pagador).

- Que pratique a justiça de Deus.

- Seja um homem da verdade.

- Seja o exemplo dos fiéis. 1ª Timóteo 4.12 “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.”

3. Que não se envolva com os negócios desta vida. 2ª Tm 2.3-4 “Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer aquele que o arregimentou”. 

Mas Deus exige aperfeiçoamento para ser pescadores de homens, pois somos um soldado em batalha contra as hostes infernais. E sem preparo perdermos a guerra.

Quando Paulo disse ao seu discípulo Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado” (2ª Tm 2.15a), significa “procura estar sempre disponível pra Deus”. Nenhuma ocupação terrena pode privar-nos desta disponibilidade (2ª Tm 2.4). 

4. Procure adquirir conhecimento. Crescer em graça e conhecimento.

Lc 2.40 “Crescia o menino e se fortalecia enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”.

Crescia. Esta descrição afirma a perfeita humanidade de Jesus. [Bíblia Shedd]. Embora Jesus fosse Deus, Seu desenvolvimento mental acompanhou seu corpo, e “a graça de Deus”, o favor divino, repousou manifesta e crescentemente n’Ele.

2ª Pe 3.18 “Antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo”. 

IV. APROVADO 

A palavra aprovado no grego dokimos, aprovado, agradável, aceitável. A prova é um teste, aqui é o resultado, se formos aprovados, bem-aventurados somos. 

Quando passamos no teste, somos aprovados: 

1. Procure ter a aprovação de Deus. “Procura apresentar-te a Deus aprovado.” (2ª Tm 2.15a).

O obreiro que se envolve na seara do mestre deve ter qualificação Divina e também uma característica ser um trabalhador aprovado.

At 2.22Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis”.

Aprovado por Deus. “Certos homens buscam o aplauso e recompensa deste mundo vulgo; quanto a ti mesmo e ao teu ministério; aprovados diante de Deus”. Aliás, não há nada mais eficaz para testar o insensato amor à ostentação do que recordar que é a Deus que teremos de prestar contas.” 

2. Procure ter a aprovação dos homens. Rm 14.18Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens”.

1ª Coríntios 4.1 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. 

3. A recompensa. Tg 1.12Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam”. 

V. QUE MANEJES BEM A PALAVRA DE DEUS.

Todo bom obreiro deve maneja bem a palavra da verdade. Uma das exigências para ser um obreiro aprovado é conhecer bem o livro de Deus e o Deus do livro. Manejar bem a palavra da verdade é uma virtude de quem ler, medita e estuda a palavra de Deus. Nenhum de nós seremos bem sucedidos como obreiros do Senhor, se não nos dedicarmos ao estudo constante e exaustivo das Sagradas Escrituras. 

1. O significado do termo. A expressão “manejar bem” no original, vem do verbo grego orthotoméo que significa: “Cortar reto” ou “fazer o corte correto”. Assim como o agricultor ARA a terra em linha reta. O carpinteiro CORTA a madeira em Linha reta. Bem como um pedreiro CONSTRÓI a parede em linha reta. Assim também o obreiro do Senhor deve “fazer o corte correto, sem tortuosidade na palavra”.

Manejar no grego é o mesmo que ter habilidade, saber cortar, cortar em linha reta sem distorção, ter destreza (Paulo compara o obreiro com um soldado romano em uma luta). Paulo aqui fala do conhecimento que o obreiro precisa ter da Palavra de Deus. 

Um obreiro, pastor, pregador ou mestre que se propõe a usar a Bíblia como sua ferramenta de trabalho, precisa saber fazê-lo corretamente. Nada de corte errado, nada de interpretações fora do contexto, nada de achismo (interpretação própria), criando heresias absurdas. Nesse tempo de grande apostasia, modismo e engano, é mais que necessário que saibamos usar corretamente a palavra de Deus, com sabedoria, sem adulterá-la. Amém! 

Ser um exemplo na fé significa que confiamos no Senhor e em Sua palavra. Significa que possuímos e nutrimos as crenças que vão guiar nossos pensamentos e nossas ações. Nossa fé no Senhor Jesus Cristo e em nosso Pai Celestial vai influenciar tudo o que fizermos. . 

2. Porque preciso manejar bem a Palavra de Deus. 

2.1. Para entender os provérbios, as parábolas, enigmas e os mistérios de Deus, para ter temor e prudência:

Pv 1.2-8 “Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entender as palavras da prudência; 3 Para se receber a instrução do entendido, a justiça, o juízo e a equidade; 4 Para dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso; 5 Para o sábio ouvir e crescer em sabedoria, e o instruído adquirir sábios conselhos; 6 para entender provérbios e sua interpretações. 

2.2. Para conhecer o verdadeiro caminho. Pv 15.24 “Para o sábio o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo”.

A Bíblia é uma bússola. Mostra o caminho da vida e também o caminho da morte. 

VI. COMO POSSO MANEJER BEM A PALAVRA DE DEUS? 

1. Examinado as Escrituras. Jo 5.39 “Examinais, as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”.

Examinando as escrituras vamos conhecer Jesus e Ele tem a Palavra de vida eterna, Ele é a vida eterna: esta é a razão. 

2. Com tudo que tenho. Pv 4.4 “O princípio da sabedoria é: Adquira sabedoria: sim, com tudo o que possuis, adquira o entendimento”.

Pv 23.23 “Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o entendimento”.

Comprar é o mesmo que investir no conhecimento da Palavra de Deus. 

3 Estudando. Pv 22.17 “Inclina o teu ouvido, e ouve as palavras do sábio, e aplica o teu coração à minha ciência (conhecimento).

Pv 23.12 “Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento”. 

VII. PARA QUE PRECISO MANEJAR BEM A PALAVRA DE DEUS 

1. Para cumprir o ide de Jesus. Mt 28.19-20 “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Ensinado-os a guardar a todas coisas que vos tenho ordenado...”.

Pv 23.24 “...quem gerar um sábio nele se alegrará”. 

2. É uma ordenança divina. Dt 6.1.9 “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; 2 para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. 3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais. 4 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. 5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. 6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. 8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. 9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.

Oséias 6.3 “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra”.

Os 6.6 “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos”. 

3. Para ser feliz. Pv 3.13 “Feliz é o homem que acha sabedoria e adquire conhecimento”. 

4. Para ter vida eterna e saúde. Pv 4.20-22 Salomão diz que vida e saúde para o corpo quem atenta os seus ouvidos aos ensinamentos do Senhor.

5. O coração do sábio ensina a sua boca. Provérbios 16.23 “O coração do sábio instrui a sua boca, e aumenta o ensino dos seus lábios.” 

6. O ensino é uma fonte de bem. Pv 16.20 “O que atenta para o ensino acha o bem, e o que confia no SENHOR, esse é feliz”. 

7. O ensino traz faz-nos ser prudente. Pv 16.21 “O sábio de coração é chamado prudente, e a doçura no falar aumenta o saber”. 

8. Ó ensino é u fonte de vida. Pv 22.22 “O entendimento, para aqueles que o possuem, é fonte de vida; mas, para o insensato, a sua estultícia lhe é castigo”. 

9. Para ter temor. Pv 1.7 “O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino”. 

VIII. O DEVER PARA COM A PALAVRA

 1. A Excelência da sabedoria. Pv 2.1-7 “Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, 2 para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido e para inclinares o coração ao entendimento, 3 e, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, 4 se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, 5 então, entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus. 6 Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento. 7 Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; é escudo para os que caminham na sinceridade”. 

2. Guarda no teu coração a Palavra. Pv 7.1-4 “Filho meu, guarda as minhas palavras e conserva dentro de ti os meus mandamentos. 2 Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos. 3 Ata-os aos dedos, escreve-os na tábua do teu coração. 4 Dize à Sabedoria: Tu és minha irmã; e ao Entendimento chama teu parente”.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

TRÊS GRANDES VERDADES PARA A VIDA DE UM OBREIRO

 


Esdras 7.10 “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”. 

Introdução. Esdras era um sacerdote do Senhor, um escriba das Palavras e mandamentos do Senhor Deus. Esdras viveu no período do cativeiro da Babilônia e teve o privilégio de voltar com os Judeus para Jerusalém. Neste versículo ele nos deixa grandes ensinos o qual vamos meditar e tirar três grandes verdades, para a vida de um obreiro. 

I. BUSCOU A LEI DO SENHOR 

O povo de Deus ficou no cativeiro 70 anos, e Esdras sabia que o povo havia pendura as harpas nos salgueiros e que haviam esquecido a Palavra do Senhor. Precisava alguém para avivar e alertar o povo. Esdras o sacerdote de Deus busca a Lei do Senhor para ensinar o povo.

Através deste gesto de Esdras, aprendemos que o genuíno ensino da Palavra de Deus, é produto do mais alto esforço. O fato de Esdras ter disposto ou inclinado o coração para buscar a Lei do Senhor, parece sugerir que Esdras teve de fazer um esforço maior que habitualmente fazia, para extrair da Lei do Senhor o máximo de ensino para si e também para seu povo. 

1. Esdras dispôs seu coração. Disposição significa “ter à sua disposição”. Mesmo os mais perfeitos espíritos terão necessidade de dispor de muito tempo e atenção.

Quem se dispõe a colocar Deus em primeiro lugar e no centro de tudo decidirá e fará somente aquilo que é da Sua vontade, seja na igreja ou no trabalho, no namoro e no casamento. O alvo diário não será os próprios interesses, mas sempre os de Deus.

O exemplo de Esdras revela o caráter de quem aplica o coração a examinar as Escrituras. Todo aquele que dedica, diariamente, um tempo de qualidade em comunhão com Deus, através da oração e do estudo da Bíblia, recebe do alto o vigor espiritual necessário para enfrentar as mais adversas situações. Entretanto, há uma porção adicional separada aos que se dedicam a compartilhar as boas-novas. Sua vida torna-se mais nobre e mais bela, como está escrito: “Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rm.10.15). 

2. Não basta somente buscar, mas ler e estudar todos os dias. Is 34.16 Não “Buscai no livro do Senhor e lede...” O estudo da Palavra do Senhor é uma ordem imperativa do Senhor, é um mandamento. Jesus mesmo diz em Jo 5.39 “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”. 

3. Buscar e meditar. Sl 119.97 “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia”. Esdras estava ocupado trabalhando na reconstrução do Templo, poderia dizer que já estava fazendo algo para Deus e não se dedicar a buscar a Palavra do Senhor. Mas Esdras mais ainda se dedicou à Palavra de Deus por que seria seu sustento para a sua Missão. Ele tinha “prazer na lei do Senhor” (Salmo 1.2) e nela meditava “de dia e de noite”.

4. São bem-aventurados. Sl 119.2 diz: Bem-aventurado os que guardam as prescrições e o buscam de todo o coração”.

Quando o homem recebe a Cristo, sua natureza é mudada. Ele pode dizer: “Segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus”.

O homem interior é o novo homem, que entende e aceita as coisas do Espírito. Este novo homem sente prazer na Lei, sente prazer em obedecer a Deus, mesmo que isso lhe custe algum esforço, dedicação e abrir mão de alguns desejos naturais e corruptos.

Buscar de todo o coração é buscar com todas as forças, com tudo que há dentro do nosso ser, com todo nosso homem interior.

Se não amamos a Lei de Deus, se não estamos tendo gozo em servir ao Senhor com certeza há algo de errado acontecendo em nossa vida, pois o salvo deve se alegrar em fazer a vontade do seu Salvador. 

II. CUMPRIU A LEI DO SENHOR 

Esdras não somente dispôs seu coração a buscar, mas a cumprir os mandamentos. Cumprir significa obedecer, seguir corretamente sem desvio de doutrina.

O sucesso do ensinador e pregador da Palavra do Senhor, não depende simplesmente do fato de ele pregar a Palavra de Deus. Ele precisa primeiro permitir que a Palavra faça parte da sua própria vida.

Em evangelho segundo João 1.14 A Bíblia diz que o Verbo (a Palavra de Deus) se fez carne em Cristo, ou seja, Jesus foi à própria Palavra de Deus encarnada. Assim deve acontecer com o pregador divinamente constituído por Deus. A Palavra de Deus deve ser não só o seu tema, mas a sua fala, mas antes de tudo a sua própria vida. 

1. O cristão deve guardar em seu coração. Sl 119.2, 4, 9, 11, 17 “Bem-aventurado os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração”. 4- Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos á risca”. 9- “De que maneira poderá o jovem guardar puro seu caminho? Observando-o segundo a tua Palavra”. 11- “Guardo as tuas Palavras no meu coração, para não pecar contra ti”. Vv. 17 “Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e observe a tua Palavra”. 18- Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua Lei”. 

2. Praticar a Palavra. Tg 1.22 “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.

Rm 2.13 “Porque os simples ouvidores da Lei não justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados”. 

3. Observar de continuo a Palavra do Senhor. Sl 119.44 “Assim, observarei de contínuo a tua Lei, para todo sempre”. Sl 37.31 “No coração, tem ele (o justo) a Lei do seu Deus”.

Observar significa obedecerei constantemente a Palavra, para todo o sempre, ou seja, enquanto estivermos vivendo nesta terra devemos obedecer todos os dias. 

4. Observar para desviar-se do mal. Sl 119.101 “De todo o mau caminho desvio os pés, para observar a tua Palavra”. 

5. Aplicar na família. No cântico de Moisés em Dt 32.46 “Disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei”.

Pv 3.1-3 “Filho meu, não te esqueça da minha Lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos. Porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desampare a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tabua do teu coração”. 

6. São sábios Sl 119.98 “Tu, pelos teus mandamentos, me fazem mais sábios que meus inimigos, pois estão sempre comigo”. 

Não pela sabedoria humana, mas a sabedoria divina. 1ª Coríntios 2.4 “E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder.” 

III. ENSINOU A LEI DO SENHOR 

Havendo buscado a Lei do Senhor, Esdras se dispôs não só a cumpri-la, mas também em ensina-la. É importante pedirmos que Deus levante novos Esdras para ensinar a Santa Palavra do Senhor e que ensine sem distorção.

Existem ensinadores hoje que estão ensinando qualquer coisa, menos a Palavra de Deus. Ensinam teologia da prosperidade, teologia com filosofia, com dogmas e com tradições.

A ênfase do ensino cristão deve estar não na diligência com que se deve ensinar, mas sobre o ensino que ele contém. 

1. O ensino da Palavra é um mandamento. Deus ordenou ao povo dizendo: “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre vossos olhos. Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantado-vos. Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas. Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a vossos pais” (Dt 11.18-19); (outra ref. Dt 6.6-9). 

Dt 5.31 “Tu, porém, fica-te aqui comigo, e eu te direi todos os mandamentos, e estatutos, e juízos que tu lhes há de ensinar que cumpram na terra que eu lhes darei para possuí-la”. 

2. O ensino traz temor. Dt 4.10 “Não te esqueça do dia em que estivestes perante o Senhor, teu Deus, em Horebe, quando o Senhor me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinarás a seus filhos”.

Provérbios 1.7 “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.”

Provérbios 9.10 “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.” 

3. Jesus nos enviou a ensinar. Mt 28.19-20 “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e, e do Espírito Santo. Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ensinado”. 

4. A Igreja do primeiro século cumpriu está ordenança. At 5.42 “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo”.

At 17.10-12 “E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se para a sinagoga dos judeus. Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os Tessalônica; pois, receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato, assim. Como isso, muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição e não poucos homens”.

At 18.24 “Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um homem judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João”. 

45 Como entenderão se não tem quem ensine? At 8.31 O Eunuco respondeu para Felipe: “Como poderei entender, se alguém não me explicar?”

Rm 10.14-15 Como, porém, invocarão aquele que não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” 

Conclusão. O ensino de Esdras deve ser o nosso referencial. Ele buscou a Palavra, cumpriu a Palavra e ensinou a Palavra.

A fé vem pelo ouvir e sem fé é impossível agradar a Deus. Portanto, busque o conhecimento da Palavra, cumpra seus mandamentos e ensine a outros que não conhecem a verdade.

Pr. Elias Ribas

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O MINISTÉRIO DE PASTOR

 


João 10.11,14Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12 O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13 O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim”. 

INTRODUÇÃO. Jesus nosso modelo como pastor. 

1. Ser pastor é um trabalho excelente. Paulo diz que aqueles que aspiram ao episcopado excelente obra almejam (1ª Tm 3.1). 

2. Mas também é um trabalho árduo. Não é uma obra para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo. As demandas internas e externas do rebanho são exaustivas, “entre elas o cuidado para com as pessoas do rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a administração eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra de Deus”. 

3. Diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “De: Pastor A: Pastor”. “Ser ministro é viver constantemente sob pressão. O ministério é uma arena de lutas contra o poder das trevas e contra o poder da carne. Não há ministério sem lágrimas. Ser pastor é cruzar um deserto escaldante, em vez de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte de engolir sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no céu”. 

I. JESUS, O SUMO PASTOR 

1. Jesus é o Pastor Supremo. O escritor da Epístola aos Hebreus refere-se ao Senhor Jesus como o “grande pastor das ovelhas” (Hb 13.20) e a primeira Epístola de Pedro, por sua vez, O declara como sendo “Pastor e Bispo das vossas almas” (1ª Pe 2.2-4). “Como Pastor, apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço; as que amamenta, Ele as guiará mansamente” (Is 40.11).

Jesus Cristo é o Senhor da Igreja, o Seu único Mediador, o Seu Intercessor e Sumo Sacerdote. Ele é o único que está de forma absoluta, espiritual e hierarquicamente acima de qualquer líder da Igreja. Nenhum líder possui o direito de ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, à semelhança de um “pontífice” entre Deus e os seres humanos, isto é, como uma espécie de “ponte” entre Deus e os discípulos. Esse tipo de posição na hierarquia religiosa ocorria no Antigo Testamento na pessoa dos sacerdotes do Templo, os quais tinham a função de mediar o encontro entre o pecador confesso e Deus, a fim de que ocorresse o recebimento do seu perdão ou o derramamento de bênçãos; mas, essa representação era uma figura de Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, por meio do qual toda e qualquer bênção o ser humano poderá alcançar. Assim, pode-se concluir que não há qualquer ministério eclesiástico humano que deva ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, e por meio do qual os discípulos recorram para que as bênçãos sejam-lhes derramadas. Só Jesus Cristo é o Pastor Supremo! 

2. O Pastor conhece as Suas ovelhas (João 10.14,15).Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai...”. 

2.1. Na Palestina as ovelhas eram criadas para produzir lã, sendo tosquiadas de ano em ano. Desta feita, o pastor as mantinha sob seus cuidados durante muitos anos e entre eles se desenvolvia um relacionamento de confiança e intimidade. O pastor sabia até o nome de cada uma delas e as chamava pelo nome (João 10.3). 

2.2.  Era esta certamente a relação existente entre Jesus e seus discípulos. Ele conhecia pessoalmente as suas ovelhas. Assim como no Antigo Testamento Jeová chamava Abraão, Moisés, Samuel, Elias, Josué e outros pelo nome, assim Jesus conhecia e chamava as pessoas individualmente.

Quando Ele viu Natanael se aproximando e lhe disse - João 1.47,48: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo! Natanael perguntou-lhe, atônito: Donde me conheces”? 

2.4. Mais adiante, Jesus chama Zaqueu pelo nome para que desça do sicômoro onde havia se escondido. 

2.5. E, após a sua Ascenção, Ele chamou Saulo de Tarso pelo nome, na estrada de Damasco (Lc 19.5; At 9.4). E mesmo que, ao nos convertermos, não tenhamos escutado nenhuma voz audível, nós também podemos dizer que Ele nos chamou pessoalmente, Ele nos conhece por nome. Tal conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao relacionamento entre Jesus e o Pai: “Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”. Portanto, a mesma união, comunhão, intimidade e o mesmo conhecimento que há entre o Pai e o Filho também existe entre o pastor e as ovelhas. 

3. O pastor dá a vida pelas ovelhas (João 10.11,15).Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. 

3.1. O bom pastor se dedica ao bem-estar das ovelhas e toda a sua vida é dominada pelas necessidades delas. A principal reclamação de Deus contra os líderes de Israel era esta:

Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas”? (Ez 34.2; Jd 12). 

3.2. Jesus mesmo deu a vida pelas suas ovelhas. Não agiu como um empregado ou um mercenário, que faz o trabalho por dinheiro. Ele cuidou delas genuinamente, a ponto de morrer por elas. Seu grande amor se revelou em sacrifício e serviço, sacrificando a si mesmo para servir aos outros. 

3.3. Um dos diversos cuidados que o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É desse amor sacrificial, que serve, que os pastores precisam hoje, pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do caminho. 

3.4. Jesus se comparou, ainda, a um pastor de ovelhas que deixou o resto de seu rebanho a fim de ir atrás daquela que se havia perdido. Longe de abandoná-la, na esperança de que ela pudesse sair balindo e tropeçando até encontrar o caminho de volta para casa, ele arriscou a própria vida para ir à procura dela (Lc 15.1-7). Na verdade, “o bom Pastor” deu a sua vida por suas ovelhas (Jo 10.11,15). Deliberada e voluntariamente, Jesus foi para a cruz, a fim de identificar-se conosco. Deus, em Cristo, assumiu o nosso lugar, a fim de que pudéssemos ser perdoados e feitos nova criação (2ª Co 5.17). 

II. O MINISTÉRIO DO PASTOR 

1. O significado de pastor.

Na língua original do Novo Testamento, pastor (gr. poimen), de acordo com Vine, é: “... aquele que cuida de rebanhos (não meramente aquele que os alimenta), é usado metaforicamente acerca dos ‘pastores’ cristãos” (Ef 4.11).

A palavra pastor vem do latim, pastor, com o significado de “aquele que guarda as ovelhas”, “o que cuida das ovelhas”.

Em termos ministeriais, o pastor é aquele que tem esse dom ministerial, e é encarregado de cuidar da vida espiritual dos que aceitam a Cristo e ficam sob seus cuidados, numa igreja ou congregação local. Pastor é um termo de cuidado, de zelo, de ternura, para com as ovelhas de Jesus. 

2. Função do Pastor, segundo o ministério recebido de Deus:

2.1. Dirigir.

2.2. Presidir.

2.3. Administrar.

2.4. Doutrinar.

Para isso o pastor precisa ser um dedicado estudante da Palavra de Deus, especialmente no que concerne à Teologia Sistemática. Um grande segredo do progresso no ministério pastoral está em doutrinar. 

3. É preciso cuidado, para não ensinar doutrinas de homens (Cl 2.22) e nem doutrina de demônios (1ª Tm 4.1).

3.1. Proteger. Muitas caem vítimas de todo tipo de males, se o pastor negligenciar esta parte.

3.2. Tratar as ovelhas. Muitas caem doente espiritualmente.

3.3. Alimentar as ovelhas.

Uma ovelha faminta, segue qualquer outro pastor, além de outros males que poderão lhe sobrevir.

3.4. Visitar o rebanho. É a outra função do pastor, diretamente, ou através de comissões.

3.5. Disciplinar.

O termo envolve primeiramente o sentido de instrução, admoestação e correção. Não o de castigo e punição. Para fazer tudo isso, o pastor precisa estar cheio de amor de Deus pelas ovelhas; pelos perdidos; pelos fracos; pelos faltosos, enfim, por todos.

Necessidade de um pastor Jr 3.15.

Jesus como exemplo de pastor Is 40.11. 

4. A Missão do Pastor.

A principal missão do pastor é cuidar das ovelhas de Cristo, que lhe são confiadas. A ele cabe apascentar (gr. poimanô) as ovelhas, dando-lhes o alimento espiritual, através do ensino fundamentado (doutrina) da Palavra de Deus.

No Salmo 23, Davi mostra o cuidado do pastor. Ele leva as ovelhas a deitar-se “em verdes pastos”. O pastor fiel leva as ovelhas de Jesus a alimentar-se do “pasto verde”, que nutre a alma e o espírito, fortalecendo-as, para que cresçam na graça e conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2ª Pe 3.18).

Sua missão é múltipla ou polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador, conselheiro, pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer as vezes de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local, além de outras tarefas como pai, esposo, e dono de casa, como pastor de sua família.

A atividade pastoral genuína é tão importante, que o profeta Isaías, falando ao povo de Israel, acerca do livramento que lhe seria dado, usa a figura do pastor, aplicando-a ao próprio Deus (Is 40.11). O verdadeiro pastor cuida bem das ovelhas: recolhe os cordeirinhos (os mais fracos, mais novos) entre os braços; leva-os no regaço; aos novos convertidos, os “amamenta”, como a “bebês espirituais” e os guias mansamente. 

4.1. O verdadeiro obreiro - que modela o seu ministério pelo do Bom Pastor. Além de ser exemplo para os fiéis e infiéis, e exemplo para sua família, ele tem, pelo menos, as seguintes características: 

A. Tem um caráter íntegro. A integridade do bispo é o fundamento sobre o qual ele constrói seu ministério. O que Paulo está falando em Tito 1.7 é, que o ministro deve ter um comportamento exemplar. 

B. Tem um relacionamento pessoal com suas ovelhas. Quando Paulo disse aos tessalonicenses: “Damos sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-os em nossas orações” (1ª Ts 1.2), até parece que ele tinha algum tipo de lista. É, sem dúvida, o fato de mencionarmos regularmente o nome das pessoas em oração que (com muito mais certeza e rapidez do que de outra maneira) fixa esses nomes em nossa mente e memória. Quer queira ou não, esquecer o nome de alguém é um sinal de sua falta de oração como pastor. 

C. Guia as suas ovelhas. No Oriente Médio o pastor, devido ao íntimo relacionamento que mantém com suas ovelhas, consegue caminhar à frente delas, chamando-as, às vezes assobiando ou tocando uma flauta, e elas o seguem. 

4.2. A relação de Israel com Jeová, e especialmente a passagem do povo pelo deserto, tem relação com o movimento das ovelhas que seguem o seu pastor: “Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu, que conduzes a José, como um rebanho” (Sl 80.1).

4.3. O israelita temente a Deus via YHWH da mesma maneira. Sl 23.1,2O Senhor é meu pastor: nada me faltará... Leva-me para junto das águas de descanso...”. 

4.4. Assim, Jesus, o Bom Pastor, pegou essa mesma figura e a desenvolveu: “... as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10.3,4). 

4.5. Com os pastores cristãos acontece algo parecido. É solene responsabilidade dele guiar as pessoas de tal forma que seja seguro para elas o seguirem. Ou seja: o pastor tem de ser para as pessoas(“ovelhas”) um exemplo coerente e confiável. Convém lembrarmos que Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança, a saber, a liderança pelo serviço e pelo exemplo, e não pela força. O apóstolo Pedro compreendeu isto e o ecoou em seus ensinos: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós... não como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho” (1ª Pe 5.2,3). Com efeito, por bem ou por mal, quer gostem ou não, as pessoas vão segui-lo. 

5. Alimenta as suas ovelhas. “Eu sou a porta”, disse Jesus. “Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem” (Jo 10.9). 

5.1. A principal preocupação dos pastores sempre é que suas ovelhas tenham o suficiente para comer. Quer sejam ovelhas criadas para lã, quer sejam de corte, a saúde delas depende de terem pastagem nutritiva. Assim, o próprio Jesus, na qualidade de bom pastor, foi sobretudo um Mestre. Ele alimentou os seus discípulos com a boa comida da sua instrução. 

5.2. Os pastores de hoje têm essa mesma tremenda responsabilidade. 

A. O pastor é, acima de tudo, um mestre. Esta é a razão para duas qualidades de um presbítero explicitadas nas Epístolas Pastorais. Primeiro, o candidato deve ser “apto para ensinar” (1ª Tm 3.2). 

B. Segundo, ele deve reter “firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9).

Estas duas qualificações andam juntas. O pastor deve ter o dom de ensinar e, ao mesmo tempo, ser fiel ao ensino da Palavra de Deus. E, quer estejam ensinando a uma multidão ou a uma congregação, a um grupo ou a um só indivíduo (Jesus mesmo ensinou nestes três contextos), o que distingue o seu trabalho pastoral é que este é sempre um ministério da Palavra. 

6. Cuida das ovelhas com ternura. O apóstolo Paulo tinha esta característica: “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (1ª Ts 2.7).

Paulo tratou os crentes de Tessalônica carinhosamente como uma ama que carecia seus filhos. A ênfase da mãe é a gentileza e a ternura. Paulo era como uma mãe afetuosa cuidando do seu bebê. Ele demonstrou pelos seus filhos na fé amor intenso, cuidado constante, dedicação sem reserva, paciência triunfadora, provisão diária, afeto explícito, proteção vigilante e disciplina amorosa.

7. Cuida de si mesmo para não praticar o que condena. Há um grande perigo do obreiro acostumar-se com o sagrado e perder de vista a necessidade de temer e tremer diante da Palavra. Os filhos de Eli carregavam a Arca da Aliança com uma vida impura. A Arca não os livrou da tragédia.

A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Pense nisso! 

III. O MINISTÉRIO PASTORAL 

Conforme o texto de 1ª Pedro 5.1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, pastor é aquele que supervisiona o rebanho; é aquele que serve debaixo da autoridade do “Supremo Pastor” cuidando das “ovelhas” de Cristo; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. O seu ministério é o de sábio conselho, correção, encorajamento e consolo. 

1. A missão do pastor. O pastor não é um voluntário, mas uma pessoa chamada por Deus. Seu ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas celestial. 

1.1. No Antigo Testamento, o termo “pastor, literalmente, refere-se aos cuidados de um indivíduo alimentando, disciplinando e protegendo seu rebanho. A partir dessa interpretação, surgiu o conceito acerca de Deus como “Pastor de Israel” (Gn 48.15; Sl 80.1):

A. Alimentando (Is 40.11).

B. Protegendo (Am 3.12).

C. Disciplinando (Sl 23.2).

D. Resgatando as ovelhas desgarradas (Jr 31.10; Ez 34.12) de seu rebanho.

Essa ideia de “pastoreio” foi estendida aos líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a supervisão de Deus, como, por exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes, os quais também foram denominados “pastores” (cf. Nm 27.17; 1ª Rs 22.17; Jr 2.8; Ez 34.2). 

1.2. No Novo Testamento, o termo “pastor é a tradução do vocábulo grego “poimén”, podendo ser interpretado como: “pastor, guia, ministro, clérigo; superintendente, inspetor, diretor; tutor, guardião, apascentador de ovelhas”. Os escritores inspirados do Novo Testamento mantiveram a ideia veterotestamentária do termo “pastor” aplicando-o ao Senhor Jesus Cristo como o “Pastor” (João 10.2,11,14,16) e assim reconhecendo suas atribuições como Aquele que exerce a função de pastoreio do rebanho do Pai (Mt 25.32; 26.31).

Jesus considerou os apóstolos como seus sucessores na missão de pastoreio da Igreja; a mesma simbologia foi perpetuada nos escritos do apóstolo Paulo com referência aos líderes que exerciam suas funções de governo das igrejas locais.

Portanto, “o verdadeiro pastor cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus”.

 

2. Uma missão polivalente. A partir do termo neotestamentário “poimén” é possível listar diversas interpretações para o ato daquele que pastoreia a Igreja, como, por exemplo:

2.1. Vigilância. Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15).

Paulo alertou para o fato dos pastores estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do rebanho. Jesus, também, fez o mesmo alerta: 

2.2. Alimentação. O pastor fortalece espiritualmente o rebanho de Cristo por meio do ensino da sua Palavra, sendo este o seu principal empreendimento. Bem diz Bernard Ramm:A tarefa fundamental de um pastor, na pregação, não é ser brilhante ou profundo, mas é ministrar a verdade de Deus”. 

2.3. Proteção. O pastor preserva o rebanho dos perigos auxiliando-o quanto aos obstáculos em sua peregrinação à glória, envolvendo-se ativamente no resgate dos doutrinariamente “desgarrados”, mantendo-se atento para “defender” por meio da apologética cristã e da oração persistente a união e a unidade das ovelhas. Sua função é descrita como a de um “vigia” que, servindo sob o “estado de vela”, permanece em constante exercício, espreitando a favor de seu rebanho. 

2.4. Despenseiro. 1ª Co 4.1-2Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. 2 Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”.

Além dessas responsabilidades, o pastor age como o bom conciliador e administrador eclesiástico dos bens materiais, patrimoniais, das finanças e recursos humanos disponíveis para toda boa obra da igreja local. 

3. O cuidado contra os falsos pastores. Quando Deus levantou Jeremias e Ezequiel como profetas de Judá, Ele ordenou-lhes que repreendessem os pastores infiéis da nação. No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1ª Sm 9.16; ler Dt 17.14-20); quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb 5.1-3; ler Lv 10.8-11; 16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez 2.1-10; ler Dt 18.20-22). 

3.1. Deus se indigna contra os pastores que não respeitam as ovelhas que lhe foram confiadas.

Jr 23.1-4 “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. 2- Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3- E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se multiplicarão. 4- E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor”.

Deus falou aos líderes de Judá que eles eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele. Preste atenção nos verbos que ele usa para descrever a conduta destes pastores: destruir, dispersar, afugentar e não cuidar. Pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de Israel faziam tudo ao contrário! Uma coisa marcante neste parágrafo é a maneira que Deus fala do rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem dele mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não amavam o povo como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição de destaque, honra e privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de responsabilidade, sacrifício e amor.

Hoje, ainda há muitos que olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente como pastores no rebanho local (1ª Pedro 5.1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, tais pastores não cuidam do rebanho como devem; são falsos pastores.

Mt 23.6-7 “Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens”. 

3.2. Veja, também, o que Deus diz através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas.

Ez 34.2-6 Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”.

Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o começo: “Ai dos pastores de Israel”. Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem.

Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são “donos” do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de Supremo Pastor (cf. 1ª Pedro 5.4). 

CONCLUSÃO “Precisamos de pastores que amem a Deus mais do que seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer “não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria diz “não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam sua consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e não de astros ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor a: Pastor”).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

PASTOREANDO O REBANHO DE DEUS

 


1ª Pedro 5.2-4Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: 2- pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; 3- nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. 4- Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”. 

INTRODUÇÃO. Pedro adverte os presbíteros da igreja que estivessem conscientes e cumprissem suas responsabilidades diante da igreja. O próprio Pedro era um presbítero. 

I. APASCENTAI O REBANHO DE DEUS 

Os pastores e dirigentes de igrejas têm a responsabilidade de cuidar dos crentes, de fazê-los discípulos, de alimentá-los com a Palavra e de protegê-los.

Ele encarregou os presbíteros de pastorear “o rebanho de Deus que há entre vós,” usando a figura do pastor para descrever o trabalho de um presbítero do mesmo modo que Paulo fez quando falava com os presbíteros efésios (Atos 20.28). Os pastores precisam alimentar com a Palavra de Deus, guiar e proteger o rebanho (veja Salmo 23). Em termos espirituais, eles têm que ensinar os membros da congregação que supervisionam. Os pastores precisam guardar o rebanho contra os falsos mestres, que são frequentemente comparados com lobos que entrarão no rebanho, não poupando as ovelhas (veja também Mt 7.15; At 20.29; Tt 1.5-11). 

II. NEM POR TORPE GANÂNCIA 

1. Pastores e dirigentes da igreja devem acautelar-se de dois pecados perigosos. 

1.1. A ambição por dinheiro (ver 1ª Tm 3.3,8; Tt 1.7). O ensino do NT para quem administra a obra de Deus é que recebam sustento adequado da igreja (Lc 10.7; 1ª Co 9.14; 1ª Tm 5.17) e que se contentem com o que têm para si mesmos e para suas famílias. Nenhum pastor deve enriquecer-se em detrimento da obra de Deus. Aqueles que se deixam dominar por este desejo, ficam à mercê dos pecados da cobiça, da prevaricação e do furto. Por amor ao dinheiro, comprometem a Palavra de Deus, os padrões da retidão e os princípios do reino de Deus. 

1.2. A sede de poder. Aqueles que cobiçam o poder, dominarão aqueles a quem deveriam servir, pelo abuso excessivo da sua autoridade. Antes, o pastor deve conduzir a igreja, servindo de exemplo ao rebanho na sua devoção a Cristo, no serviço humilde, na perseverança, na retidão, na constância na oração e no amor à Palavra. 

III. UMA MENSAGEM CONSTRANGEDORA 

1. Não por constrangimento, mas por vontade própria. Muitas coisas podem ser constrangedoras. O significado desta palavra pode ter muitos sentidos. Atualmente, quando ouvimos a palavra “constrangimento”, logo vem à nossa mente a ideia de embaraço, vergonha. 

1.1. O significado do termo. Um significado que podemos encontrar em um estudo etimológico dela. O dicionário Antônio Houiss, aponta que, originalmente, esta palavra deriva-se do latim “constrígo“, que, mais tarde, recebeu o sufixo “ingere“, formando assim a palavra “constringir”, que significa “fazer pressão”, “comprimir”, esta, mais tarde, formou uma palavra de significação divergente, “constranger”, que quer dizer: “forçar”, “obrigar”, “impelir”. 

Não como se você sentisse que um jugo pesado lhe foi imposto, ou um fardo do qual você teria prazer em receber alta. Vá com alegria ao seu dever como uma obra que você ama e aja como um homem livre, e não como um escravo. Por mais árduo que seja o trabalho do ministério, ainda não há trabalho na Terra em que um homem possa e deva trabalhar com mais alegria. 

2. O Amor de Cristo é constrangedor. 2ª Co 5.14 “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.”

Para combater os falsos mestres Paulo se opõe aos intrusos e lembra os membros da igreja de Coríntio de sua fidelidade para com eles como um ministro deste evangelho. Plenamente ciente da discórdia que os intrusos causam, ele busca remover o conflito ao lembrar aos seus leitores o evangelho de Cristo. A conexão entre o verso anterior e esse verso é claro. Paulo tem sã consciência ao pregar o evangelho da salvação. Este evangelho demonstra o amor indescritível de Cristo por seu povo. O Novo Testamento emprega a expressão o amor de Cristo somente três vezes: Paulo faz a pergunta retórica, “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8.35); ele refere-se às dimensões do amor de Cristo e afirma que excede o conhecimento humano (Ef 3.18-19); e ele observa que o amor de Cristo nos constrange (v. 14). Deus origina este amor, pois ele enviou o seu Filho unigênito para redimir pecadores (Jo 3.16; Rm 5.8). Ele elege o seu povo em amor e os faz mais do que vencedores por Cristo Jesus (Rm 1.7; 8:37), o bom pastor (Jo 10.14).

O apóstolo sentia-se constrangido por esse amor, que conforme ele mesmo coloca em Efésios 2.4,5 “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida, juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos”. 

III. REVESTI-VOS DE HUMILDADE 

A humildade deve ser o sinal distintivo de todo o povo de Deus. É a ausência de orgulho de si mesmo; a consciência das nossas fraquezas e a disposição de atribuir a Deus e aos outros o crédito por aquilo que estamos realizando ou que já alcançamos (cf. Mt 11.29; Fp 2.3,4; Cl 3.12). A palavra “cingir” no grego egkomboomai que significa atar em si mesmo um pedaço de pano. Nos tempos do NT, os escravos atavam um pano branco ou avental às suas roupas, a fim de que os outros soubessem que eram escravos. A exortação de Pedro é que atemos em nós mesmos o “pano” da humildade, a fim de: sermos identificados como crentes em Cristo, ao agirmos com humildade para com o próximo. 

Pedro observa a razão, o motivo e o modo do serviço deles como pastores numa série de três contrastes. Estes homens têm que desejar o trabalho de um pastor, e não se sentirem constrangidos a fazê-lo. Os presbíteros deveriam cumprir seus deveres pelo bem que podem fazer e não pelo propósito de lucro financeiro pessoal. Além disso, pastores têm que ser bons exemplos e assim conduzirem o rebanho, não sendo “dominadores” sobre ele (5.2-3). Os presbíteros precisam não esquecer que são pastores sob o Pastor Supremo; o rebanho que estão pastoreando não é deles próprios (5.4). 

Alimente o rebanho de Deus – cumpra os deveres de um pastor em relação ao rebanho. Na palavra “feed”, veja as notas em João 21:15 . É uma palavra que Pedro provavelmente se lembraria, da maneira solene em que a injunção para cumprir o dever lhe foi imposta pelo Salvador. A direção significa tomar uma supervisão da igreja como um pastor está acostumado a tomar do seu rebanho. Veja as notas em 1 Pedro 5,1, chamadas presbíteros ou presbíteros; e esta é uma das numerosas passagens do Novo Testamento que provam que tudo o que está devidamente implícito no desempenho das funções episcopais pertence àqueles que foram chamados presbíteros ou anciãos. Nesse caso, não havia um grau mais alto de ministros aos quais fossem confiados os deveres especiais do episcopado; isto é, não havia uma classe de oficiais correspondente àqueles que agora são chamados de “bispos”. Compare as notas em Atos 20.28. 

Não é para lucro sujo, ganho vergonhoso ou desonroso. Veja as notas em 1ª Timóteo 3.3. 

Mas com a mente pronta – alegre, prontamente. Devemos trabalhar neste trabalho, não sob a influência do desejo de obter lucro, mas a partir dos estímulos do amor. Existe toda a diferença concebível entre quem faz uma coisa porque é pago por ela e quem faz isso por amor – entre, por exemplo, a maneira pela qual alguém nos atende quando estamos doentes e nos ama. quem é apenas contratado para fazê-lo. Essa diferença existe no espírito com o qual alguém que é motivado por motivos mercenários e alguém cujo coração está no trabalho, se envolverá no ministério.

CONCLUSÃO. Os principais fundamentos do contentamento do crente são: A provisão divina, a ausência de cobiça e a disposição de suportar a privação.

A ambição é vencida pelo crente quando a sede de poder, a cobiça pelo dinheiro e os desejos carnais são dominados através da santificação, oração e meditação nas Escrituras.