TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 18 de junho de 2021

A SALVAÇÃO NA PÁSCOA JUDAICA


Êx 12.21-24,29 “Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. 22- Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. 23- Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir. 24- Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre. 25- E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará, como tem dito, guardareis este culto. 29- E aconteceu, à meia-noite, que o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até ao primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais.”

INTRODUÇÃO

Sem dúvida, a Páscoa era uma das festas mais importantes do judaísmo, e a sua celebração era carregada de valor simbólico. Quando instituiu a Santa Ceia, por ocasião da celebração da última Páscoa, Jesus tinha em mente esses fatos. A libertação da páscoa reveste-se, portanto, de um caráter introspectivo, por mostrar a necessidade pessoal de libertação por meio da substituição. E um caráter prospectivo, porque profetizava a libertação antes dela acontecer e prenunciava a obra de Cristo que prometeu a libertação a todos quantos crerem nele (Jo 8.32,36; Mt 11.28).

I. PÁSCOA, A PRIMEIRA FESTA RELIGIOSA DOS JUDEUS

1. Nome da festa. A palavra portuguesa “Páscoa” é usada para designar a festa dos judeus que, no hebraico, é chamada “Pesach”, que significa: “saltar por cima”, ou “passar por sobre”. Esse nome surgiu em face do registro bíblico de que o anjo da morte, ou anjo destruidor, passou por sobre as casas marcadas com o sangue do cordeiro pascal, quando ele matou os primogênitos do Egito “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Êx 12.23).

2. A data em que foi celebrada. O nome hebraico do mês que aconteceu a primeira Páscoa foi em Abibe, que significa “espigas verdes”. Corresponde Abril em nosso calendário. Durante o Exílio babilônico foi substituído pelo nome Nisã que significa “começo, abertura” (Ne 2.1). Ainda hoje o ano civil começa no outono, com a Festa das Trombetas (Lv 23.24; Nm 29.1), chamado Rosh Hashanah, que significa “Ponta do Ano” ou “Ano Novo”.

3. Uma festa em família. O registro bíblico nos mostra que a Páscoa era uma cerimônia familiar: “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família” (Êx 12.3). Quando a família fosse pequena demais deveria unir-se a outra. De acordo com a tradição judaica, a expressão “pequena demais” significava com menos de dez pessoas. Eles deviam calcular quanto cada um poderia comer e assim determinar se deviam se reunir com alguma outra família (Êx 12.4).

4. Elementos da festa. Os participantes da Páscoa deveriam ter os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Conforme o registro bíblico, a festa da Páscoa deveria ser preparada com os seguintes elementos: um cordeiro ou cabrito, pães asmos, ervas amargas e o sangue do cordeiro que deveria ser aplicado nas vergas e nos umbrais da porta. Cada um dos componentes desta celebração tinha um sentido literal e espiritual, que Deus tinha em mente transmitir não somente aos filhos de Israel, como a seus descendentes (Êx 12.24-27).

II. ELEMENTOS EXIGÊNCIAS PARA A FESTA DA PÁSCOA SIGNIFICADO ESPIRITUAL

1. Cordeiro. Este animal deveria ser: macho, de um ano, e sem mancha (Êx 12.5). Os hebreus deveriam avaliar o cordeiro durante quatro dias, e assim verificar se ele estava apto para ser sacrificado como cordeiro pascal (Êx 12.3,6).

Este cordeiro substituiria o primogênito de cada família dos hebreus morrendo em seu lugar (Êx 12.12,13). A partir daquela comemoração cada primogênito deveria ser consagrado ao Senhor, tanto dos homens quanto dos animais (Êx 13.1,2,12-15).

2. Sangue. Os hebreus deveriam sacrificar o cordeiro no décimo quarto dia no período da tarde (Êx 12.6). O sangue do animal deveria ser colocado nas vergas e no umbral da porta (Êx 12.7). O sangue no umbral e nas vergas das portas dos hebreus, serviria como sinal para livramento, pois o Senhor “passaria por cima” destas casas poupando da morte o primogênito (Êx 12.12,13). O Sangue representa a expiação. O sangue de Cristo nos traz a libertação do pecado (Jo 3.16; Hb 9.22; 1ª Jo. 1.7).

3. Pães asmos. Os pães asmos ou ázimo, do hebraico “matzá” (Êx 12.8), é um tipo de pão assado sem fermento. O pão asmo é feito somente de farinha de trigo e água.

O pão deveria ser assado sem fermento, pois não havia tempo para que o pão pudesse crescer (Êx 12.8,11,34-36). A saída do Egito deveria ser rápida.

A farinha amassada sem ter recebido o fermento simboliza pureza. O fermento servia de símbolo da corrupção moral (Mt 16.11; Mc 8.15).

4. Ervas amargas. Os hebreus deveriam comer a páscoa com ervas amargas (Êx 12.8). A tradição judaica menciona alface, escarola, chicória, hortelã e dente-de-leão como essas ervas. As ervas amargas ou alface agreste deveriam ser comidos para recordar a opressão do Egito e a amargura do cativeiro que os hebreus sofreram por tanto tempo (Êx 1.14; 12.8).

III. A PÁSCOA E O SEU SIGNIFICADO PARA A IGREJA

Embora a celebração da festa da Páscoa seja uma ordenança divina para aos judeus (Êx 12; Nm 9.2,4; Dt 16), ela tem um profundo significado para o cristão por representar a obra de Cristo para a nossa redenção, pois as festas de Israel eram “sombras das coisas futuras” (Cl 2.17). Observemos algumas similaridades entre a Páscoa e Cristo:

1. O significado profético da Páscoa. Assim como um cordeiro foi sacrificado no dia da páscoa para a libertação dos judeus no Egito, Cristo foi sacrificado para a libertação dos nossos pecados: “…Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21); “…pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5); “…Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado” (1ª Co 5.7). Há uma perfeita identificação entre o pecado do crente e a oferta pelo pecado (Jo 3.14 ver Jo 1.29).

2. O poder profético do sacrifício de Cristo. Este era o método usado por Deus, desde os tempos de Adão, para perdoar os pecados: O sangue deveria ser derramado “Porque a vida da carne está no sangue” (Lv 17.11). “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez (oferta pelo) pecado por nós…” (2ª Co 5.21). Por isso “… sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9.22). No tempo do AT o sangue dos animais apenas cobria os pecados, no NT o sangue de Cristo tira o pecado do mundo (Jo 1.29; Hb 10.10-12).

IV. A PÁSCOA JUDAICA JESUS CRISTO

1. Cordeiro sem defeito (Êx 12.5). O Messias é comparado a um cordeiro pelo profeta Isaías (Is 53.4). Filipe interpreta essa profecia aplicando-a a Jesus (At 8.32-35). Profeticamente Jesus é o Cordeiro de Deus (Jo 1.29). O cordeiro representava o preço da redenção e libertação de Israel do Egito e Cristo é a nossa libertação do pecado (Jo 1.36; 19.36). O Messias nasceu e viveu uma vida imaculada e irrepreensível (1ª Pd 1.19; 2.22; Hb 7.26).

O cordeiro deveria ser observado durante quatro dias a fim de verificar se não tinha defeito (Êx 12.3,6).

1.1. Examinado pelos grupos religiosos. No relato de Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, sendo examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus e nenhum deles conseguiu achar nele nenhum defeito que o incriminasse e eles mesmo ficaram sem condições de responder-lhe nenhuma palavra (Mt 22.46).

1.2. Examinado pelo sumo sacerdote. O cordeiro da Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que o julgavam, com base no exame de sua perfeição, apto para ser sacrificado. Caifás queria evidências para o entregar a Pilatos, mas não as encontrou (Jo 18.29).

1.3. Examinado por Herodes e Pilatos. Herodes ao entrevistá-lo não viu nada de errado (Lc 23.7-11). Pilatos por sua vez, após ter examinado Jesus, “…não achou nele crime algum…” (Jo 19.4). Pelo menos três vezes Pilatos declarou que Jesus era inocente (Jo 18.28; 19.4, 6). Sua esposa também viu isso num sonho (Mt 27.19), bem como o soldado que estava ao pé da cruz (Lc 23.47).

O cordeiro foi morto de maneira vicária; seu sangue trouxe livramento e sua carne tornou-se alimento (Êx 12.6,23; 12.8).

Jesus foi morto pelos judeus (Mc 15.11-14; At 2.23,36); o seu sangue foi derramado para nós livrar da ira divina (Rm 3.25; 5.1; 1ª Ts 1.10); e a sua carne simbolizada no pão da ceia instituída pelo Senhor é alimento (Mt 26.26; Jo 6.51,55).

V. PRINCÍPIOS QUE A IGREJA APRENDE COM A FESTA DA PÁSCOA

1. A Páscoa significa libertação. Se esta festa era a festa da libertação, porque então ela foi celebrada antes da libertação propriamente dita? Porque Deus quis ensinar que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa obediência precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava sendo liberto apenas de Faraó, mas também do Anjo Destruidor. E isto implica que a libertação espiritual sempre precede a física.

2. A Páscoa significa salvação. Observem que a promessa de Deus era que por meio do sacrifício de um cordeiro cada casa era salva do destruidor (Êx 12.3). O Faraó havia dito ao povo hebreu que eles podiam ir, mas sem os seus filhos (Êx 10.8-11) e nisto podemos entender a vontade do Diabo quanto as nossas famílias. Satanás sempre tentará cativar e destruir nossos filhos.

3. A Páscoa significa redenção. As festas eram “sombras das coisas futuras” (Hb 10.1; Cl 2.17), ou seja, elas tipificavam aquilo que, como no caso da Páscoa, um dia tornar-se-ia história na encarnação do Senhor. E a Páscoa era exatamente uma antecipação figurativa da obra de Jesus no Calvário.

CONCLUSÃO

Concluímos que a Páscoa para os judeus é a memória da ação salvadora de Deus. Para nós, os cristãos, é a recordação da ação redentora de Jesus em favor da humanidade. Cristo é a nossa verdadeira Páscoa, o Cordeiro único e o Sumo Sacerdote por excelência. Seu sacrifício foi definitivo e completo e ilimitado, ou seja, para todos os homens (Jo 3.16).

FONTE DE PESQUISA

1. Gilberto Antônio. A salvação na pascoa judaica. Lições Bíblicas 1º Trimestre de 2014 CPAD Rio de Janeiro – RJ.

2. MCMURTRY, Grady Shannon. As Festas Judaicas do Antigo Testamento. AD Santos.

3. VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. Vida Nova.

4. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


A CELEBRAÇÃO DA PRIMEIRA PÁSCOA

 


Êxodo 12.1-11. “E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: 2- Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. 3- Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada casa. 4- Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então, tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; conforme o comer de cada um, fareis a conta para o cordeiro. 5- O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras 6- e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. 7- E tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem. 8- E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargosas a comerão. 9- Não comereis dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo; a cabeça com os pés e com a fressura. 10- E nada dele deixareis até pela manhã; mas o que dele ficar até pela manhã, queimareis no fogo. 11- Assim, pois, o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a Páscoa do SENHOR.”

INTRODUÇÃO.

A Páscoa é uma das festas mais significativas para Israel. Deus queria que seu povo nunca se esquecesse desta comemoração especial. Por isso, esta data foi santificada.

A Páscoa foi instituída pelo Senhor para que os israelitas celebrassem a noite em que Deus poupou da morte todos os primogênitos hebreus. É uma festa repleta de significados tanto para os judeus quanto para os cristãos. Os judeus deveriam comemorar a Páscoa no mês de Abib (corresponde à parte de março e parte de abril em nosso calendário), cujo significado são as “espigas verdes”. Hoje estudaremos a respeito desta festa sagrada e o seu significado para nós, cristãos.

A Páscoa era uma oportunidade para os israelitas descansarem, festejarem e adorarem a Deus por tão grande livramento, que foi a sua libertação e saída do Egito. Hoje, o nosso Cordeiro Pascal é Cristo. Ele morreu para trazer redenção aos judeus e gentios. Cristo nos livrou da escravidão do pecado e sua condenação eterna. Exaltemos ao Senhor diariamente por tão grande salvação.

I. A PÁSCOA

1. Para os egípcios. Para os egípcios a Páscoa significou o juízo divino final sobre o Egito, Faraó e todos os deuses cultuados ali. O Senhor havia enviado várias pragas e concedido tempo suficiente para que Faraó se rendesse, deixando o povo partir. Deus é misericordioso, longânimo e deseja que todos se salvem (2ª Pe 3.9b). Porém, Ele é também um juiz justo que se ira contra o pecado: “Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias” (Sl 7.11). O pecado, a idolatria e as injustiças sociais suscitam a ira do Pai. O povo hebreu estava sendo massacrado pelos egípcios e o Senhor queria libertá-lo. Restava uma última praga. Então o Senhor falou a Moisés: “À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; e todo primogênito na terra do Egito morrerá” (Êx 11.4,5). Foi uma noite pavorosa para os egípcios e inesquecível para os israelitas.

2. Para Israel. Era a saída, a passagem para a liberdade, para uma vida vitoriosa e abundante. Foi para isto que Cristo veio ao mundo, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, para nos libertar do jugo do pecado e nos dar uma vida cristã abundante (Jo 10.10). Enquanto havia choro nas casas egípcias, nas casas dos judeus havia alegria e esperança. O Egito, a escravidão e Faraó ficariam para trás. Os israelitas teriam sua própria terra e não seriam escravos de ninguém.

3. Para nós. Como pecadores também estávamos destinados a experimentar a ira de Deus, mas Cristo, o nosso Cordeiro Pascal, morreu em nosso lugar e com o seu sangue nos redimiu dos nossos pecados (1ª Co 5.7). Para nós, cristãos, a Páscoa é a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em Cristo. No Egito um cordeiro foi imolado para cada família. Na cruz morreu o Filho de Deus pelo mundo inteiro (Jo 3.16).

Para nós cristãos a Páscoa é a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em Cristo.

O propósito de Deus em instituir a Páscoa era estabelecer o marco inicial para a libertação de Israel do cativeiro egípcio e proclamar a redenção alcançada pelo sangue do Cordeiro, já revelada no sacrifício de Isaque (Gn 22.1-19), conforme mais tarde escreveram os apóstolos Paulo e Pedro: “e demonstrar a todos qual seja a dispensação do ministério, que, desde os séculos esteve oculto em Deus” (Ef 3.9); “...o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, antes da fundação do mundo” (1ª Pe 1.20).


4. Cristo é a nossa Páscoa (1ª Co 5.17). Ele é o Cordeiro de Deus (Jo 1.29). O cordeiro deveria ser separado para o sacrifício até ao décimo quarto dia do primeiro mês do ano (Êx 12.3-6) e tinha de ser sem defeito (Êx 12.5). Cristo cumpriu essa exigência (1Pe 1.18,19). Ele entrou em Jerusalém no dia da separação do cordeiro e morreu no mesmo dia do sacrifício. O cordeiro precisava ser imolado pela congregação, assim como Cristo foi sacrificado pelos líderes civis e religiosos de Israel e de Roma e pela vontade do povo. Nenhum osso do cordeiro poderia ser quebrado (Êx 12.46), também nenhum osso de Cristo foi partido (Jo 19.33-36)” [COHEN, A. C. Êxodo. 1 ed., RJ: CPAD, 1998, p. 42].

II. OS ELEMENTOS DA PÁSCOA

Os três elementos da Páscoa eram: o pão, as ervas amargas e o cordeiro sem mácula.

“Êxodo 12 não diz respeito somente ao momento da Páscoa, ao porquê da Páscoa e a como ela deve ser observada, mas também quem deve participar (Êx 12.43-49). A Páscoa não era algo indiscriminadamente aberto para todos. Quem podia participar? A congregação de Israel (v. 47); os escravos (v. 44), quando circuncidados, por terem os mesmos privilégios dos hebreus; os estrangeiros (v.48), gentios que tivessem abraçado a fé em Jeová. Quem não podia participar? O forasteiro (v. 43), pagão e incrédulo; o viajante (v. 45) que, hóspede ou de passagem, ficava algum tempo no território de Israel; o servo assalariado (v. 45), que pertencia a uma outra nação mas trabalhava em Israel. Essas distinções eram necessárias por causa da ‘mistura de gente’ (12.38) que deixou o Egito. Foi por isso que as instruções acerca da elegibilidade para participar da Páscoa (12.43-49) foram passadas logo após essa ‘mistura de gente’ deixar o Egito (12.37-39)” [HAMILTON, V. P. Manual do Pentateuco. 2ª ed., RJ: CPAD, 2007, pg. 191-92].

1. O pão. Deveria ser assado sem fermento, pois não havia tempo para que o pão pudesse crescer (Êx 12.8,11,34-36). A saída do Egito deveria ser rápida. A falta de fermento também representa a purificação, a libertação do fermento do mundo. Em o Novo Testamento vemos que Jesus utilizou o fermento para ilustrar o falso ensino dos fariseus (Mt 16.6, 11,12; Lc 12.1; Mc 8.15). O pão também simboliza vida. Jesus se identificou aos seus discípulos como “o pão da vida” (Jo 6.35). Toda vez que o pão é partido na celebração da Ceia do Senhor, traz à nossa memória o sacrifício vicário de Cristo, através do qual Ele entregou a sua vida em resgate da humanidade caída e escravizada pelo Diabo.

2. As ervas amargas (Êx 12.8). Simbolizavam toda a amargura e aflição enfrentadas no cativeiro. Foram 430 anos de opressão, dor, angústia, quando os hebreus eram cativos do Egito.

3. O cordeiro (Êx 12.3-7). Um cordeiro sem defeito deveria ser morto e o sangue derramado nos umbrais das portas das casas. O sangue era uma proteção e um símbolo da obediência. A desobediência seria paga com a morte. O cordeiro da Páscoa judaica era uma representação do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O sangue de Cristo foi vertido na cruz para redimir todos os filhos de Adão (1Pe 1.18,19). Aquele sangue que foi derramado no Egito, e aspergido nos umbrais das portas, aponta para o sangue de Cristo que foi oferecido por Ele como sacrifício expiatório para nos redimir dos nossos pecados.

4. A celebração da primeira Páscoa.

Deus desejava que o os israelitas se recordassem do dia triunfal em que no Egito seus filhos primogênitos foram libertos da morte (Êx 12.1-30). O Senhor também almejava que as novas gerações conhecessem a sua história e os Seus feitos a fim de que temessem o Seu nome. Então, o Senhor ordenou que o povo comemorasse a Páscoa. A Páscoa era um memorial ao Todo-Poderoso, por isso deveria ser celebrada todos os anos.

Cada família teria que ter o seu cordeiro sem mácula. Se a família fosse pequena poderia se unir a outra, pois neste dia nada poderia faltar ou sobrar. A medida de Deus é sempre justa, certa. O Senhor não desperdiça nada.

Um animal inocente deveria ser morto e seu sangue aspergido sobre as ombreiras e nas vergas das portas: “E tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta ...” (Êx 12.7).

O cordeiro sem mácula e inocente apontava para Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

Para os egípcios, a Páscoa significava o juízo divino, para os israelitas, a passagem para uma vida de liberdade, longe da escravidão, e para nós os cristãos, ela significa a remissão dos nossos pecados. Hoje podemos afirmar que Cristo é a nossa Páscoa (1ª Co 5.7b). Assim como Israel não poderia se esquecer de tal celebração, nós também jamais poderemos nos esquecer do sacrifício remidor do nosso Redentor, Jesus Cristo. Jamais se esqueça que Cristo morreu em seu lugar. Este é um dos princípios da Ceia do Senhor. Jesus declarou: “Em memória de mim” (1ª Co 11.24,25). Todas as vezes que participarmos da Ceia temos que recordar da nossa passagem, da escravidão do pecado, para uma nova vida em Cristo (1ª Co 5.17). Israel foi salvo da ira divina e liberto do pecado. Nós também estávamos destinados a experimentarmos da ira divina, mas Cristo, o Cordeiro Pascal, nos substituiu na cruz do calvário. Em Cristo fomos redimidos dos nossos pecados. O sangue de um cordeiro foi aspergido nos umbrais das portas das casas, pois sabemos que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecado” (Hb 9.2).

5. A tipologia dos elementos da páscoa.

5.1. O pão. Apontava para Jesus o Pão da Vida: “eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome” (Jo 6.35).

5.2. As ervas amargas. Apontavam para toda a amargura e aflição vividos no cativeiro egípcio.

5.3. Um cordeiro sem mácula. A pontava para Jesus, “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

5.4. Cristo é o nosso Cordeiro Pascal. Ele morreu para trazer a redenção a toda humanidade. Ele é o nosso Redentor.

III. CRISTO, NOSSA PÁSCOA


1. Jesus, o Pão da Vida (Jo 6.35,48,51).
Comemos pão para saciar a nossa fome, porém, a fome da salvação da nossa alma somente pode ser saciada por Jesus. Certa vez, Ele afirmou: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome” (Jo 6.35). Apenas Ele pode saciar a necessidade espiritual da humanidade. Nada pode substituí-lo. Necessitamos deste pão divino diariamente. Sem Ele não é possível a nossa reconciliação com Deus (2Co 5.19).

2. O sangue de Cristo (1ª Co 5.7; Rm 5.8,9). No Egito, o sangue do cordeiro morto só protegeu os hebreus, mas o sangue de Jesus derramado na cruz proveu a salvação não apenas dos judeus, mas também dos gentios. O cordeiro pascal substituía o primogênito. O sacrifício de Cristo substituiu a humanidade desviada de Deus (Rm 3.12,23). Fomos redimidos por seu sangue e salvos da morte eterna pela graça de Deus em seu Cordeiro Pascal, Jesus Cristo.

3. A Santa Ceia. A Ceia do Senhor não é um mero símbolo; é um memorial da morte redentora de Cristo por nós e um alerta quanto à sua vinda: “Em memória de mim” (1Co 11.24,25). É um memorial da morte do Cordeiro de Deus em nosso lugar. O crente deve se assentar à mesa do Senhor com reverência, discernimento, temor de Deus e humildade, pois está diante do sublime memorial da paixão e morte do Senhor Jesus Cristo em nosso favor. Caso contrário, se tornará réu diante de Deus (1ª Co 11.27-32).

A Ceia do Senhor é um memorial da morte redentora de Cristo por nós e um alerta quanto à sua vinda.

CONCLUSÃO. Deus queria que o seu povo Israel nunca se esquecesse da Páscoa, por isso a data foi santificada. A Páscoa era uma oportunidade para os israelitas descansarem, festejarem e adorarem a Deus por tão grande livramento, que foi a sua libertação e saída do Egito. Hoje o nosso Cordeiro Pascal é Cristo. Ele morreu para trazer redenção aos judeus e gentios. Cristo nos livrou da escravidão do pecado e sua condenação eterna. Exaltemos ao Senhor diariamente por tão grande salvação.

Antônio Gilberto. A celebração da primeira Páscoa. Lições Bíblicas 1º Trimestre de 2014. CPAD Rio de Janeiro RJ.

AS PRAGAS DIVINAS E AS PROPOSTAS ARDILOSAS DE FARAÓ

 


Êxodo 3.19-20 “Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte. 20- Porque eu estenderei a minha mão e ferirei ao Egito com todas as minhas maravilhas que farei no meio dele; depois, vos deixará ir.”

Êxodo 7.4 “Faraó, porém, não vos ouvirá; e eu porei a mão sobre o Egito e tirarei os meus exércitos, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito com grandes juízos. 5- Então, os egípcios saberão que eu sou o SENHOR, quando estender a mão sobre o Egito e tirar os filhos de Israel do meio deles.”

Êxodo 8.8 “E Faraó chamou a Moisés e a Arão e disse: Rogai ao SENHOR que tire as rãs de mim e do meu povo; depois, deixarei ir o povo, para que sacrifiquem ao SENHOR. 25- Então, chamou Faraó a Moisés e a Arão e disse: Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta terra.”

Êxodo 10.8,11,24 “Então, Moisés e Arão foram levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide, servi ao SENHOR, vosso Deus. Quais são os que hão de ir? 11- Não será assim; andai agora vós, varões, e servi ao SENHOR; pois isso é o que pedistes. E os lançaram da face de Faraó. 24- Então, Faraó chamou a Moisés e disse: Ide, servi ao SENHOR; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco as vossas crianças.”

INTRODUÇÃO.

Deus havia declarado que se Faraó não deixasse o seu povo sair do Egito, Ele feriria os egípcios com várias pragas (Êx 3.19,20). Em Êxodo 7.4,5, Deus reiterou o envio de flagelos terríveis sobre o Egito, os quais tinham como propósitos: julgar tanto o governo quanto o povo por seus atos, e também apressar a saída dos hebreus e mostrar o poder de Deus sobre os deuses egípcios.

Faraó era perverso e não tinha intenção alguma de libertar os hebreus. Diante da recusa dele, Deus enviou várias pragas ao Egito (Êx 3.19,20). Qual era o propósito divino ao enviar as pragas? O objetivo era o julgamento contra o governo de Faraó e seu povo e um juízo contra o generalizado culto idólatra egípcio.

Precisou Deus enviar dez terríveis pragas que arrasaram o Egito. A partir da ocorrência da segunda praga (a das rãs, Êx 8.1-15), Faraó passa a fazer uma série de propostas ardilosas e destruidoras a Moisés e Arão. Precisamos de discernimento a fim de não aceitar as ardilosas propostas de Satanás para nós, igreja do Senhor.

I. AS PRAGAS ENVIADAS E A PRIMEIRA PROPOSTA DE FARAÓ

1. Pragas atingem o Egito (Êx 7.19 - 12.33). Deus ordenou que Moisés e Arão fossem até o palácio de Faraó para pedir-lhe que deixasse o povo hebreu partir. Diante de Faraó Moisés fez alguns milagres, para que este contemplasse uma amostra do poder do Altíssimo e liberasse o povo de Deus. Faraó era considerado um deus, por isso foi necessário que Moisés se apresentasse diante dele com sinais e maravilhas. Porém, Faraó endureceu o seu coração e não deixou o povo partir (Êx 7.13,14,22; 8.15,19,32; 9.7,34,35; 4.21; 7.3; 9.12; 10.1,27; 11.10; 14.4,8,17). Com receio das pragas que já estavam atingindo duramente o Egito, Faraó decide fazer algumas propostas ardilosas para Moisés e Arão.

2. A primeira proposta (Êx 8.25). Esta proposta exigia que Israel cultuasse a Deus no próprio Egito, em meio aos falsos deuses. O ecumenismo também parte deste princípio, porém, a Palavra de Deus nos exorta:

“E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26).

A proposta de Faraó era para Israel servir a Deus sem qualquer separação do mal. Todavia, “sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Um povo separado por Deus e para Deus, e ao mesmo tempo misturado com os ímpios egípcios, como sendo um só povo, seria uma abominação ao Senhor. Deus requer santidade do seu povo. Nestes últimos dias antes da volta de Cristo, o pecado sob todas as formas avoluma-se por toda a parte, como um rolo compressor. Esta é uma das causas de haver tantos crentes frios espiritualmente: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12). Precisamos ser mais santos e consagrados a Deus!

Diante das pragas que atingiram duramente o Egito, Faraó apresentou algumas propostas ardilosas para Moisés e Arão.

II. FARAÓ NÃO DESISTE

1. A segunda proposta de Faraó (Êx 8.28). “Somente que indo, não vades longe”. Isso resultaria em o povo de Deus sair do Egito, mas o Egito não sair deles, como acontece ainda hoje com o crente mundano (Tg 4.4,5; 1ª Jo 2.15). Assim fez a mulher de Ló, que saiu de Sodoma, mas não tirou Sodoma do seu coração e da sua mente, e perdeu-se (Gn 19.17,26; Lc 17.32). O propósito de Faraó ao ordenar “não vades longe” era vigiar e controlar os passos do povo de Israel. “Não vades longe” significa para o crente hoje o rompimento parcial com o pecado e com o mundo. É a vida cristã sem profundidade, sem expressão e por isso sempre vulnerável. “Não vades longe” (Êx 8.28) equivale ao crente viver sem compromisso com Deus, com a doutrina do Senhor, com a igreja, com a santidade. É a vida cristã superficial, sem consagração a Deus e ao seu serviço.

2. A terceira proposta de Faraó (Êx 10.7). Essa proposta atingia os chefes de família e demais adultos. Os demais membros da família ficariam no Egito. O povo de Israel vivia organizado por famílias e casas paternas (Êx 6.14,15,17,19). A família é universalmente a unidade básica da sociedade humana. A saída parcial do povo, como queria Faraó, resultaria no fracionamento e fragilização das famílias, dividindo-as. O propósito de Deus é sempre abençoar toda a família, no sentido de que ela seja salva, unida, coesa, forte, feliz e saudável.

A proposta de Faraó traria resultados nefastos para o povo de Deus. Vejamos:

2.1. Famílias sem o governo dos pais, sem provisão, sem proteção, sem direção.

2.2. Maridos sem as esposas; homens viajando no deserto e as crianças sem os pais. O Diabo quer a ruína do casamento (Êx 1.16). Oremos por um avivamento espiritual sobre os casais que servem ao Senhor.

 2.3. Miscigenação devastadora. Os jovens de Israel sozinhos no deserto a caminho de Canaã se casariam com moças pagãs, idólatras. Por sua vez, as jovens deixadas no Egito se casariam com os incrédulos egípcios. Enfim, haveria perda de identidade dos hebreus como povo do Senhor.

“Não vades longe”, significa para o crente hoje, o rompimento parcial com o pecado e com o mundo.

III. A PROPOSTA FINAL DE FARAÓ

1. A situação caótica do Egito. A praga das trevas acabara de ocorrer, e todo o Egito durante três dias seguidos ficou sem luz. Só havia luz nas casas dos hebreus (10.21-23). Faraó teve muitas oportunidades, mas não deu ouvidos à voz do Senhor e não atendeu aos apelos de Moisés. A cada praga o coração de Faraó se tornava mais endurecido. O rei do Egito escolheu resistir a Deus e teve seu país devastado pelas pragas. Quem pode resistir ao Senhor? Se Deus está falando com você, atenda-o. Não resista! Muitos já viram e experimentaram os milagres do Senhor, porém, seus corações permanecem duros e inflexíveis, como o de Faraó. Lembre-se de que há um preço alto a se pagar por não se dar atenção ao que Deus fala.

2. A quarta e última proposta. A situação era tão caótica no Egito que o próprio Faraó procurou Moisés (Êx 10.24) e fez a sua última proposta: “Ide, servi ao Senhor; somente fiquem as ovelhas e vossas vacas” (v. 24). A ovelha e a vaca eram animais cerimonialmente “limpos” para oferendas de sacrifícios a Deus na época da Lei (cf. 1ª Pe 2.25; Hb 13.15,16). Sem as ovelhas e vacas não haveria sacrifícios. Não haveria entrega ao Senhor. Segundo a Bíblia Explicada, esta proposta também significa “os nossos negócios e interesses materiais, não santificados e não sujeitos à vontade de Deus” (10.24). O crente precisa viver uma vida digna, não só diante de Deus, mas também diante dos homens (2ª Co 8.21). A santidade é um imperativo na vida do cristão até mesmo nos negócios.

A cada praga o coração de Faraó se tornava mais endurecido. Ele escolheu resistir a Deus e teve seu país devastado pelas pragas.

CONCLUSÃO.

A atitude do cristão hoje ante as traiçoeiras propostas do Maligno deve ser a mesma dos representantes de Israel, Moisés e Arão: “Nem uma unha ficará” no Egito (Êx 10.26). Satanás figurado em Faraó não mudou em relação à sua luta contra o povo de Deus. Ele continua a tentar o crente de muitas maneiras para fazê-lo cair, inclusive com más insinuações, sugestões, conclusões etc. “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Co 15.57).

Antônio Gilberto. As pragas divinas e as propostas ardilosas de Faraó. Lições Bíblicas 1º Trimestre de 2014. CPAD Rio de Janeiro RJ.


sexta-feira, 11 de junho de 2021

O LEGADO DE MOISÉS

 


Deuteronômio 34.10 “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face; 11- nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra; 12- e em toda a mão forte e em todo o espanto grande que operou Moisés aos olhos de todo o Israel.

Hebreus 11.23 “Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. 24- Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, 25- escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; 26- tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. 27- Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível. 28- Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse. 29 - Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca; o que intentando os egípcios, se afogaram.”

Se há alguma coisa de valor transcendente que os líderes podem deixar aos sucessores é o seu legado. Queremos dizer com legado toda a disposição, tradição, exemplos e valores morais e espirituais, deixados pelo líder para o bem da igreja local.

Conta-nos a Bíblia a história de um rei chamado Jeorão (2º Cr 21.4-20). Este era um opressor, sem qualquer sensibilidade humana e que andava nos caminhos dos reis de Israel. Esse rei não deixou qualquer legado edificante para os seus sucessores, ao ponto de o texto bíblico descrever o sentimento do povo quando da sua morte, desse modo: “e foi-se sem deixar de si saudades” (v.20). Que este não seja o legado dos líderes cristãos!

INTRODUÇÃO.

Moisés nasceu quando Israel estava cativo no Egito, durante os terríveis dias em que Faraó ordenou que todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino fossem mortos (Êx 1.15,16). Casou-se com Zípora, filha de Jetro, sacerdote de Midiã, descendente de Abraão (Gn 25.1,2). Ele teve uma comunhão especial com o Senhor e nas Escrituras Sagradas é repetidamente chamado de “servo de Deus”, pois “foi fiel em toda a sua casa” (Hb 3.5). No último livro do Antigo Testamento, Deus chama Moisés de “meu servo” (Ml 4.4), e no último livro do Novo Testamento ele é chamado “Moisés, servo de Deus” (Ap 15.3). Moisés é uma figura tipológica de Cristo.

I. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS

1. As palavras de despedida. O ministério de Moisés chegaria ao fim em breve. Consciente deste fato, ele se despede ensinando o seu povo a guardar as leis.

No capítulo 32 do livro de Deuteronômio, temos o último cântico de Moisés. O servo do Senhor se despede com adoração e louvor. Moisés de forma bem didática faz um resumo de toda a história de Israel em forma de cântico. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, ele “fez o povo lembrar de seus erros, a fim de que não mais os repetisse e suscitou a nação a confiar apenas em Deus”.

2. Moisés incentiva o povo a meditar na Palavra. Moisés era um homem que amava os preceitos divinos. Por isso, antes de sua partida ele incentiva e reforça a ideia de que os israelitas precisavam ouvir e obedecer às ordenanças de Deus, a fim de que prosperassem enquanto nação. Sabemos que todos que amam e meditam na lei de Deus são bem-aventurados (Sl 1.1-6).

3. Moisés vê a Terra Prometida e morre. Antes de morrer, Moisés abençoou cada uma das tribos de Israel (Dt 33.1-29). Ele lutou em favor do seu povo e o amou até os últimos dias de sua vida. Ele foi fiel a Deus e à sua nação em tudo. Por ocasião de sua morte, por ordem de Deus, Moisés sobe até o monte Nebo e dali avista toda a Terra Prometida. Porém, não tem permissão para entrar nela. Moisés havia desobedecido a Deus ferindo a rocha (Nm 20). Ali no monte, solitário, o grande legislador vai se encontrar com o seu Deus. Ele foi sepultado pelo Senhor em um vale na terra de Moabe, todavia, o local nunca foi revelado a ninguém (Dt 34.6). Certamente Deus quis evitar que o local, assim como o corpo de Moisés, fossem venerados pelos israelitas. Durante trinta dias os israelitas choraram e lamentaram a morte de Moisés (Dt 34.8).

Parece injusto que o Senhor negue a Moisés o acesso à Terra Prometida (Dt 31.2), por causa de uma explosão e descontrole por parte daquele homem (1.37; cf. Nm 20.12). Mas Moisés, aquele homem que havia recebido um privilégio especial, também foi incumbido de uma responsabilidade especial. Deixar de cumprir a sua responsabilidade de uma forma completa significava passar a ter uma má reputação, tanto para si mesmo como para o seu Deus. Por este motivo, ele não pôde entrar na terra, com a nova geração.

A prendemos com o mestre Jesus quando diz: “E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.” (Lc 12.48).

4. Moisés nomeia seu sucessor (Dt 31.1-8). É necessário começar bem um ministério e terminá-lo de igual forma. Moisés preparou Josué para que este fosse o seu sucessor. O Legislador de Israel tinha consciência de que seu ministério um dia findaria. É muito importante que o líder do povo de Deus tenha esta consciência e prepare os seus sucessores ainda em vida, assim como fez Moisés (Dt 34.7-9).

Em seus últimos dias de vida, Moisés dispensou palavras de advertências e exortações ao povo. Em seguida, viu a Terra Prometida e morreu.

II. MOISÉS, PASTOR DE ISRAEL

1. Homem de Deus. No final de sua carreira, Moisés é chamado nas Escrituras de “homem de Deus” (Dt 33.1). Ele é também pastor e líder do povo de Israel sob a mão de Deus (Sl 77.20). Assim, Homem de Deus é o homem a quem Deus usa como Ele quer.

2. Homem de oração. A vida de intensa oração de Moisés resultou em força, coragem, destemor, sabedoria e humildade, pois o povo de Israel era na época muito desobediente, murmurador e carnal. Moisés era um homem muito ocupado com seus encargos, mas conseguia levar sempre muito tempo em oração intercessória pelo povo. Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava. Um exemplo disso está em Êxodo 33.13, quando ele diz: “rogo-te que [...] me faças saber o teu caminho”. No versículo 18, ele ora em continuação: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. Essas duas orações não devem ser invertidas pelo crente, como alguns fazem por imaturidade ou fanatismo.

Moisés intercedeu diante do Senhor pedindo para entrar na tão sonhada Terra Prometida, mas Deus negou esse pedido (Dt 3.23-25).

Oremos sempre uns pelos outros, inclusive pelos desconhecidos. Intercedamos “por todos os homens” (1ª Tm 2.1), a fim de que alcancem a eterna Jerusalém.

3. Homem de fé. Moisés agia por fé em Deus (Hb 11.24-29), daí a quantidade de milagres realizados pelo Senhor através dele. Seus pais foram campeões da fé (Hb 11.23), pois a fé em Deus opera milagres (Mt 17.18-21; At 3.16; 6.8;). Aliás, um dos dons espirituais é o da fé (1ª Co 12.9); fé para operar maravilhas.

Moisés e Arão realizaram muitos milagres perante Faraó e seus oficiais no período que precedeu a saída de Israel do Egito (Êx 4-12). Esses milagres em forma de catástrofes tinham por objetivo demonstrar publicamente que os deuses do Egito nada eram diante do Deus verdadeiro e único de Israel (Êx 12.12; Nm 33.4).

Moisés como pastor de Israel era um homem de Deus, de oração e de fé.

4. O Legado de Moisés. Moisés foi um importante profeta, poeta, legislador e acima de tudo servo do Senhor valoroso. Um homem de muita fé. A fé de Moisés fez com que ele acreditasse no impossível. Sem fé não teria conduzido por tantos anos um povo rebelde e contumaz. Sua vida foi um milagre, pois ainda bebê foi salvo da morte por seus pais. Embora tenha sido criado no Egito, ele se identificou com o seu povo (Hb 11.5). Moisés viveu no Egito, foi criado pela filha de Faraó, mas nunca permitiu que o Egito entrasse em seu coração. A Palavra de Deus nos exorta: “Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12.2), o Egito é um tipo do mundo. Não podemos nos adequar à maneira de ser mundana. Vivemos neste mundo, mas não pertencem os a ele, estamos aqui de passagem. Em breve veremos não a Terra Prometida, mas a Nova Jerusalém.

Moisés foi escolhido e preparado pelo Senhor para conduzir os hebreus até a Terra Prometida. O povo peregrinou durante quarenta anos pelo deserto, e certa vez, Deus desejou exterminar o povo ali mesmo e prometeu a Moisés que faria dele uma grande nação: “Agora, pois deixa-me, que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e eu farei de ti uma grande nação” (Êx 32.10). Todavia Moisés não buscava somente favores divinos para si. Ele amava seu ministério e suas ovelhas e intercedeu em favor delas (Êx 32.11-14). Moisés foi testado pelo Senhor. Deus também testa a fidelidade e o amor daqueles que Ele chama para conduzir seu povo. Tem você sido fiel?

Moisés era homem e como tal um dia seu ministério chegaria ao final. Porém, como líder ele se preocupava com seu povo e desejava instruí-los para que depois de sua partida continuassem tendo a Deus como o soberano e único Senhor. Antes de partir e estar para sempre com o Senhor, Moisés se preocupou em deixar toda a lei escrita, assegurando que o povo jamais a abandonaria.

Depois de atravessar o mar Vermelho, Moisés cantou um hino de adoração e louvor ao Senhor pela passagem e livramento milagroso. Perto de passar desta vida para a eternidade, Moisés canta novamente adorando a Deus. Seu cântico é um resumo de tudo que Deus fez em favor do seu povo. Moisés era grato a Deus por todos os Seus feitos. Moisés começou bem sua carreira e terminaria os seus dias também bem, todavia por desobedecer a Deus ele não entrou na Terra Prometida. Moisés vê a Terra Prometida e morre. O local da sua sepultura é um mistério que somente será revelado na eternidade.

III. APRENDENDO COM MOISÉS

1. A cultivar comunhão com Deus. “Cultivar”, significa incentivar, preparar para o crescimento. Muito antes de as primeiras flores aparecerem ou os sinais do fruto serem vistos, muito foi feito para preparar a planta para o fruto esperado. O lavrador cuida da planta com zelo para que esta seja mais produtiva. Este processo de carinho e atenção é o cultivo. É em nossa relação com Deus, mediante a comunhão contínua, que nossa vida é mudada e desenvolvida em direção à realização plena. Como filho de Deus, você desfruta de plena comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Cultive, como Moisés, esta comunhão, passando mais tempo com Deus em oração, leitura da Palavra e adoração. Moisés foi um homem que cultivou uma comunhão bastante íntima com Deus.

2. A ter comunhão com outros crentes. Através da vida de comunhão com os santos, você é incentivado a viver a vida cristã saudável e abundante. Os primeiros cristãos tinham comunhão diária entre si (At 2.46). Não admira que suas vidas fossem testemunhos poderosos do Evangelho e fizessem com que as pessoas tivessem sede de salvação. Havia uma colheita diária de almas, à medida que o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos (At 2.46,47). Moisés prezava pela comunhão em família e com todo o povo de Deus. Sigamos de perto o seu exemplo e busquemos a comunhão com os nossos irmãos, pois estamos também todos caminhando rumo à Terra Prometida.

3. A aceitar o ministério de líderes piedosos. Os líderes são instrumentos de Deus para alimentar e nutrir seu povo. Efésios 4.11-13 enfatiza que o propósito dos ministérios de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores na igreja é edificar o povo de Deus. Quando você aceita e aplica os ensinos de Deus, que nos são proporcionados por meio dos líderes que Ele chamou, você é levado a um lugar de maior fertilidade e de crescimento (Ef 4.16). Toda vez que os hebreus deixavam de obedecer a Moisés eles pecavam e eram grandemente prejudicados. Quando Miriã se rebelou contra a liderança de Moisés, seu irmão, ela ficou leprosa e o povo todo não pôde partir. Todos ficaram retidos pela desobediência de uma única pessoa.

4. A ter cuidado com os inimigos. Ao entrarem na Terra Prometida, os israelitas tinham de destruir as nações ímpias que ali viviam. Esse era o plano de Deus, mas Israel não o seguiu. Em consequência disso, o povo de Israel foi seduzido pelos maus caminhos desses povos (Sl 106.34-36). Essa experiência é um aviso para nós. Cuidado com o Inimigo e as suas propostas. Vigie para que você e sua família não sejam seduzidos pelas coisas deste mundo. O mundo e a sua concupiscência é passageiro, mas os valores de Deus e a sua Palavra são eternos.

A vida de Moisés nos ensina a cultivar a comunhão com Deus e com o próximo, a piedade e a prudência.

CONCLUSÃO.

Moisés cumpriu sua carreira com fé em Deus, coragem e determinação. Em tudo ele buscou ser fiel ao Senhor. Sigamos o exemplo deste líder a fim de que possamos viver com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira de viver.

Antônio Gilberto. O legado de Moisés. Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2014. CPAD Rio de Janeiro – RJ.

terça-feira, 8 de junho de 2021

AS CARACTERÍSTICAS DE LIDERANÇA DE MOISÉS

 


INTRODUÇÃO. O Eterno sempre usou o homem para anunciar a salvação, para conduzir o Seu povo ao Seu propósito e Ele escolhe os homens para este trabalho. Homens que tenham passado pela Sua escola e que sejam aptos e aprovados para conduzir o Seu povo.

I. TEM QUE INTERCEDER PELO POVO

Quando o povo de Israel estava no deserto murmurava, reclamava, se rebelavam contra Yahweh e seu líder, mas Moisés intercedia pelo povo.

Êx 32.30-33 “No dia seguinte, disse Moisés ao povo: Vós cometeste grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor e, porventura, farei propiciação pelo vosso pecado. Tornou Moisés ao Senhor e disse: ora, o povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou se não risca-me, peço-te, do livro que escreveste. Então, disse o Senhor a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim”.

Moisés se dá de tal maneira com o povo que Jeová havia confiado aos seus cuidados pastoreais, se tornou semelhante a Cristo, (Hb 2.17; Jo 15.12-15). Moisés, pois era um bom pastor que não receava dar a vida pelas ovelhas.

II. TEM QUE SER SERVO

Êx 24.13 “Levantou-se Moisés com Josué, seu servidor, e, subindo Moisés ao monte de Deus”.

A palavra servo no grego é dolos” significa escravo.

Josué era seu ministro ou servo, e seria uma satisfação para ele tê-lo com ele como companheiro durante os seis dias em que ele ficou na montanha antes que Deus o chamasse. Josué deveria ser seu sucessor e, portanto, foi honrado diante do povo e, portanto, foi preparado sendo treinado em comunhão com Deus. Josué era um tipo de Cristo e (como o sábio bispo Peirson observa bem Moisés o leva com ele para o monte, porque sem Jesus, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, não há como investigar os segredos do céu, nem se aproximando da presença de Deus.

III. PRECISA SER DILIGENTE E TER FIRMEZA

Êx 19.5-6 “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre os povos; porque toda a terra é minha. Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel”.

Um bem caro adquirido com esforço e cuidadosamente guardado. A relação especial em que Israel se mantém, tirada do mundo pagão e consagrada a Deus, como Seus escravos, súditos e filhos, determina seus privilégios e é o fundamento de seus deveres. O mesmo princípio se aplica ainda mais fortemente à Igreja.

Então o povo reconheceu isso e se comprometeu solenemente a cumprir os mandamentos de Deus. Assim, embora a aliança se originasse na graça divina e não estivesse condicionada às obras humanas (ver Gálatas 3.17-18). Ainda era necessário que o povo mantivesse sua parte da aliança se quisesse desfrutar de suas bênçãos

IV. TER A PRESENÇA DE DEUS

Êx 13.21-22 “O Senhor ia diante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite”.

Êx 33.14-15 “Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. Então lhe disse Moisés: Se a tua presença não for comigo, não nos faça subir deste lugar”.

A presença de Deus junto a Seu povo se manifestava de maneira espetacular em forma de uma coluna de nuvens e de uma coluna de fogo (Êx 14-19,20,24; 40.38; Nm 9.21). Deus esteve com Seu povo durante toda a experiência do êxodo. Por estes e outros maravilhosos sinais, Ele se fez inesquecível! Deus é Espírito (Jo 4.24), e a onipresença é um dos Seus atributos. O Senhor fez com que Sua presença fosse vista e sentida dentre as pessoas que saíram do Egito. Se todos concentrassem suas atenções na divina presença, não teriam motivos para temer.

E o Senhor foi adiante deles em um pilar – Nos dois primeiros estágios, bastava que Deus ordenou a Moisés para onde marchasse; ele conhecia o país e a estrada; mas agora que chegaram ao limite do deserto, teriam ocasião de um guia, e um guia muito bom que tinham, infinitamente sábio, gentil e fiel, o Senhor subiu diante deles; A Shechiná, ou aparência da divina Majestade, que era uma preciosa manifestação da Palavra eterna, que na plenitude dos tempos deveria ser feita carne e habitar entre nós. Cristo estava com a igreja no deserto (1ª Coríntios 10.9).

V. PRECISA TER DISCERNIMENTO

Êx 32.16-19 “As tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas. Ouvindo Josué a voz do povo que gritava, disse a Moisés: Há alarido de guerra no arraial, respondeu-lhe Moisés: Não é alarido dos vencedores nem alarido dos vencidos, mas alarido dos que cantam é o que ouço. Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e a danças; então, ascendendo-se a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte”.

As duas tábuas do Testemunho são as tábuas da aliança ou as tábuas dos Dez Mandamentos (Êx 31.18).

Josué acompanhou o profeta até, pelo menos, certa parte da jornada ao monte Sinai (Êx 24.13,14). Ao que tudo indica, enquanto Moisés estava sozinho com Deus, Josué permaneceu por perto. De onde estava, ele foi a primeira pessoa a ouvir a adoração ao bezerro de ouro, e transmitiu a alarmante informação a Moisés.

A resposta de Moisés às palavras de Josué se dá em um poema de três versos. Neste, o termo alarido, que aparece três vezes, também é traduzido como canto e som (NVI), e soa muito semelhante à palavra traduzida como canções. Moisés sabia que o som das canções só poderia significar problema. Visto que ele não deixará nenhuma instrução acerca da adoração a Deus, o povo se sentiu inclinado a adorar outros deuses. O interessante, entretanto, é que o termo canções estava associado, no pensamento de Moisés, à adoração.

Ao descer ouvem a voz do povo que gritava. Porem Josué disse a Moisés: Há alarido de guerra no arraial...”

Moisés respondeu: “Não é alarido dos vencedores nem alarido dos vencidos, mas alarido dos que cantam é o que ouço...”

“Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e a danças; então, ascendendo-se a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte”.

Josué era ainda novo para discernir o que estava acontecendo, e entendeu que era alarido de guerra, mas Moisés já tinha grandes experiências com Deus, portanto discerniu que o alarido não era de vencedores e nem de vencidos, ou seja, algo estranho estava acontecendo no meio do arraial, e ao aproximar viu a loucura que o povo estava cometendo, em adorar um bezerro de ouro (deus do Egito). Assim podemos ver que Josué precisou caminhar 40 anos ao lado de Seu líder para aprender com seu mestre.

CONCLUSÃO. O verdadeiro líder intercede pelo povo, é servo assim como Jesus. Ele precisa ser diligente e ter firmeza no ensino (At 2.42). Tem que ter comunhão com Deus e discernimento para tratar os assuntos relativo à  coisas espirituais.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

segunda-feira, 7 de junho de 2021

A DESCULPA DE UM VOCACIONADO

 


Êxodo 3.10-18 “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito. 11- Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? 12- E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte. 13- Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? 14- E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. 15- E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.16- Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito. 17- Portanto eu disse: Far-vos-ei subir da aflição do Egito à terra do cananeu, do heteu, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu, a uma terra que mana leite e mel. 18- E ouvirão a tua voz; e irás, tu com os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e dir-lhe-eis: O Senhor Deus dos hebreus nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus.”

Êxodo 4.1, 10-16 “Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O SENHOR não te apareceu. 11- Então disse Moisés ao Senhor: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloquente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. 12- E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? 13- Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. 12- Ele, porém, disse: Ah, meu Senhor! Envia pela mão daquele a quem tu hás de enviar. 14- Então se acendeu a ira do Senhor contra Moisés, e disse: Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem; e eis que ele também sai ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração. 15- E tu lhe falarás, e porás as palavras na sua boca; e eu serei com a tua boca, e com a dele, ensinando-vos o que haveis de fazer. 16- E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus.”

INTRODUÇÃO

Quando Deus se compadece dos aflitos, e promete sua intervenção, é o próprio homem que recebe uma comissão sobrenatural para ser o instrumento nas mãos de Deus.


I. Quem sou eu (3.11).

Moisés levantando a primeira desculpa de uma série de objeções. O ser humano sempre deve reconhecer sua impossibilidade de fazer a obra de Deus. Moises é escolhido para ser um instrumento nas mãos do Eterno, portanto ele deve agir na vontade e confiar no Seu poder.

1. Moisés se sentia inferior. Ele pensou que Deus havia escolhido errada.

2. Não sou ninguém importante.

2.1. Não possuo qualidades.

2.2. Não tenho muitos dons.

2.3. Ninguém me conhece.

2.4. Não sirvo para nada.

3. Você é alguém criado por Deus.

3.1. Deus planejou cada detalhe seu.

3.2. Deus não se enganou ao criá-lo.

3.3. Aos olhos e para os propósitos de Deus és perfeito.

4. Alguém amado por Deus.

4.1. Deus lhe ama tanto que deu seu Filho por ti.

4.2. Cada detalhe de sua vida conta com Seu cuidado.

4.3. Quando você diz que não é ninguém fere o coração do Pai que te considera especial.

5. Alguém escolhido por Deus.

5.1. Não é que não houvesse ninguém é que ele escolheu você.

5.2. Não é seu irmão, seu amigo, é você Davi tinha seis irmãos e era o menor deles, mas foi exatamente quem Deus escolheu.

5.3. Não é que não houvesse outros, até melhores, ele escolheu você.

6. A resposta de Deus. “Eu serei contigo” (v. 12).


II. Quem me enviou (v. 13)

“Então disse Moisés a Deus: eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: o Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: qual é o seu nome? que lhes direi? e disse Deus a Moisés: [אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה; ehyeh asher ehyeh] eu sou o que sou. disse mais: assim dirás aos filhos de Israel: eu sou me enviou a vós.” (Êxodo 3.13-14).

Em resposta, DEUS se revela à Moisés com o nome de: אֶֽהְיֶ֖ה אֲשֶׁ֣ר אֶֽהְיֶ֑ה (Eh’yeh asher eh’yeh), literalmente “EU serei o que serei”.

As edições mais atuais da Bíblia não trazem mais o Êxodo 3.14 “Ehyeh Asher Ehyeh”, com a tradução estática “Eu Sou o Que Sou”, mas passam a registrar esta frase como ela está no seu original hebraico, “Eu Serei o que Serei”, implicando que o nosso relacionamento e as nossas definições de quem é Deus, estão abertos para constante mudança.

Na verdade, não se trata de um nome próprio, mas se trata do verbo ‘ser’ ou ‘estar’ em hebraico, לִהְיוֹת (Lih’yot) nos três tempos verbais: Futuro, presente e passado, ao mesmo tempo, dá o nome transliterado YAHWEH que indica a natureza e imutável de Deus.

Disse Deus ainda a Moisés: assim dirás aos filhos de Israel: o Senhor, o Deus de vossos pais...” (v. 15).

“Quando os nomes do SENHOR ou DEUS se escreve em letra maiúscula, é uma transliteração da palavra hebraica YAHWEH que vem do verbo “ser” e mostra que Deus é Eterno e imutável.” [Comentário Dr. SHEDD].

1. Moisés sentiu falta de intimidade.

2. Não conhecia Deus o suficiente para descrevê-lo.

3. Quem me enviou.

3.1. Não foram seus pais.

3.2. Não foi sua igreja.

3.3. Não foi sua denominação.

3.4. Não foi uma agência missionária.

4. Foi Deus.

4.1. Não importa o que os outros digam ou pensem.

4.2. Não importa se os outros reconhecem ou não.

4.3. Se Deus envia devemos ir.

4.4. Precisamos fazer a vontade de Deus.

4.5. É a Ele quem prestaremos contas.

4.6. Deus é maior que seu pai, sua mãe, a obra missionária é maior que seu pastor, sua denominação.

5. A resposta de Deus. Sou o que que Sou. Eu Sou tudo o que você precisa.


III. Não crerão em mim (4.1).

Tão arraigado no coração humano é a incredulidade, que até no momento de receber uma visão de Deus, surgem as dúvidas.

1. Moisés preocupou-se com a reação que o povo teria para com ele.

2. A resposta de Deus. Mostre os Meus sinais que eles ouvirão.

3. A missão é anunciar o evangelho.

3.1. Convencer é tarefa do Espírito Santo.

3.2. Crer ou não crer é responsabilidade pessoal de quem ouve.

4. Sinais e prodígios acompanharão o missionário

Marcos 16.20 “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”.

4.1. Curas milagrosas.

4.2. Expulsão de demônios.

4.3. Poder para interferir sobre as forças da natureza.

4.4. Muitas maravilhas são operadas.


IV. Não sei falar - NÃO SOU UM BOM ORADOR (4.10).

Moises quis culpar a Deus por sua falta de dons, em vez de aceitar sua vocação e avançar com uma atitude vitoriosa. Cada cristão vocacionado deve confiar que Deus lhe dará tudo o que é necessário (Rm 8.32).

1. Moisés lamentou suas fragilidades.

2. A resposta de Deus: Que fez tua boca?

3. Quando Deus chama, ele capacita.

3.1. Dá palavras certas.

3.2. Concede unção.

3.3. Concede oportunidades.

4. O que fazer.

4.1. Ler a Bíblia, estudar, meditar – encha-se da Palavra.

4.2. Busque ao Senhor.

  • Ore
  • Jejue.
  • Consagre-se.

4.3. Faça, se possível, um curso teológico – vá para o seminário.

4.4. Abra sua boca e fale.


V. Não tenho idade

Toda a condição humana está dentro do alcance dos planos de Deus, não se tratando de circunstância inesperada, ou seja, sem previsão nem planejamento. Moisés tem de aprender que o EL SHADAY acompanha sua missão.

1. Moisés julgou-se incapaz.

2. Sou muito jovem.

2.1. O amanhã não nos pertence.

2.2. Nunca se é jovem demais para fazer a obra de Deus.

3. Sou muito velho.

3.1. Nunca é tarde demais para se fazer a obra de Deus – Moisés tinha 80 anos

3.2. Deus não está preocupado com sua idade – ele pode renová-lo.

3.3. Muitos aposentados podem ser muito úteis a serviço do reino.

4. Moisés deixou Deus irado. Ok Moisés vou deixar que Arão vá com você. Mesmo assim, VOCÊ irá conduzi-lo.

A recusa ao final lembra a reação de Jonas que também provocou a ira de Deus. Contudo, ao invés de punição, outro sinal da graça divina é dado. Aarão já está a caminho para encontrar Moisés para apoiá-lo e encorajá-lo. A descrição da ira divina não tem nada em comum com a ira irracional humana, mas destaca a graça divina (como é visível na sobrevivência miraculosa de Jonas na barriga do peixe.

Conclusão. Depois de todas as desculpas, Moisés finalmente fez o que Deus pediu. E o livramento aconteceu.

Deus não aceita desculpas. Você tem como opções obedecer ou desobedecer. Desculpas não convencem a Deus. Não importa o que os outros façam ou pensem, quais seus talentos ou dons ou mesmo sua idade. Deus lhe chama e quer usá-lo. Aceite o chamado. Diga sim incondicional e irrestritamente.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC