TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

VISÃO DO TRONO DA MAJESTADE DIVINA APOCALIPSE - 4

João fora banido para a Ilha de Pátmos, por ordem do imperador Domiciano, “por causa da Palavra de Deus e pelo Testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9). Na solidão da ilha, foi presenteado com um dos mais altos privilégios que um mortal pode obter. Deus deu a João revelações maravilhosas, que em seu bojo, constituem o clímax do Apocalipse.

Foi nesta Ilha que João teve a estupenda visão do Cristo glorificado (Ap 1.9-20).

“Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas” (Ap 4.1).

Jesus convida o apóstolo João a subir ao Seu Trono para revelar os acontecimentos vindouros. Através das revelações deste livro queremos agora fixar os acontecimentos que ocorrerão após o arrebatamento da Igreja fiel de Jesus Cristo.

João vê uma porta aberta no céu e recebe um convite para que entre por ela, entrando contemplou o Trono do Rei dos reis (comp. 1ª Rs 22.19-23; Jo 1.6; 2.1). Ali é o lugar onde os eventos decretados por Deus, antes de sua execução.

O quarto capítulo começa com “Depois destas coisas, olhei....” Para entendermos este “Depois”, é necessário analisar a revelação dos três primeiros capítulos onde o Senhor Jesus ordena o apóstolo João:

1. Escreve, pois, as coisas que viste (1.19). Onde João vê o Senhor Jesus glorificando e estava voltando (1.20). Esta visão foi tão majestosa que João caiu como morto a Seus pés.

2. Escreve... as que são (1.19). As cartas destinadas as sete igrejas (capítulos 2 e 3).

3. Escreve... as que hão de acontecer depois destas” (1.19c). Ele devia, portanto, escrever também o que aconteceria na terra após o arrebatamento da Igreja.

1.      João é arrebatado ao céu.

[...] João não somente vê, mas também ouve, “...como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo”, dizendo: “sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas”. É interessante que João reconhece a voz, que já havia ouvido uma vez na terra (Ap 1.10). Foi o apóstolo João que em seu evangelho transmitiu as palavras de Jesus: “as ovelhas ouvem a sua voz...., mas de modo nenhum seguirão o estranho” (Jo 10.3-4). Ao ouvir a voz do Seu Senhor como de trombeta, ele é arrebatado da terra em espírito. O seu arrebatamento é uma analogia ao futuro do arrebatamento da Igreja, que acontecerá “num momento... ao ressoar da última trombeta” (1ª Co 15.52), quando o Senhor aparecer com “sua palavra de ordem” (1ª Ts 4.16). Agora João é chamado ao céu com a trombeta de Deus, como ouvirá a Igreja, no arrebatamento. Há poder nesta voz para ressuscitar os mortos (Jo 5.28-29). Ele foi arrebatado ao céu como Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5), a Igreja será arrebatada, invisível, silenciosa e milagrosamente, num abrir e fechar de olhos (1ª Co 15.52) [WIM MALGO. P. 106].

2.      A visão do Trono de Deus.

“Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado” (v. 2).

A primeira coisa que João vê no céu é um Trono. João não pode descrever a pessoa de Deus, mas ele conta o que vê:

“E esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.4).

Abundância de luz que procede d’Ele, reflete o caráter de Deus, representa o Senhor na Sua glória e poder. O Salmo 104.2 descreve o Senhor assim: “coberto de luz como de um manto”. Com a abundância de luz, ou seja, com o esplendor de cores das pedras preciosas.

A pedra jaspe era resplandecente e representa o Senhor na Sua glória. A pedra de sardônia é igual ao rubi, uma pedra cor de sangue, que representa o Senhor na Sua obra redentora. “Duas pedras preciosas, iguais, havia no peitoral do sumo sacerdote” (Êx 28.17-26). “...ao redor do trono, há um arco semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.3b). A pedra esmeralda revela a Nova Aliança de Deus com o homem através de Seu sacrifício na cruz do Calvário.

3.      Vinte quatro Anciãos.


“Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (v. 4).

Os vinte quatro anciãos não são anjos, pois cantavam o cântico de redenção (Ap 5.8-10), estão coroados, já vencedores (1ª Co 9.25), assentados sobre tronos, mostrando um tempo depois da vinda de Jesus (2ª Tm 4.8). Os anciãos representam os remidos, que foram levados ao Tribunal de Cristo e coroados logo após o arrebatamento.

Os doze primeiros anciãos deste turno de vinte quatro, são “os doze patriarcas” de Israel, que estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação da lei” focalizada no Antigo Testamento (cf. Nm 13.2-3; 17.1-6; Hb 8.5 e 9.23). Os outros doze, representam “os doze Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns casos eles são chamados de “anciãos (cf. 1ª Pe 5.1; 2ª Jô v.1 e 9; Jo v.1). Estão ao lado de Cristo representando todos os remidos da dispensação da graça no Novo Testamento (cf. Mt 19.29; Ap 21.12, 14) Estes tronos não estavam vazios, mas estavam assentados sobre eles vinte e quatro anciãos, com vestidos brancos que representam as justiças dos santos (Ap 21.12-14), e coroas de ouro em suas cabeças. “...em cujas cabeças estão coroas de ouro”. Está aqui já o início do cumprimento da promessa do Senhor em (Mt 19.28). O Senhor prometeu coroar a Sua Igreja “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus” (4.5). Atualmente, Deus está assentado sobre o trono da graça (Hb 4.16). Porém, neste tempo, Deus estará sobre o trono de Juízo. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus, pois eles são citados no capítulo 1.4 e 3.1 de Apocalipse, e no capítulo 5.6 os encontramos mais uma vez. Eles também são encontrados no Antigo Testamento, nas sete lâmpadas da Menorá (Zc 4.2). Que procede do trono de Deus uma atividade grandiosa e ininterrupta. Assim João observa as sete lâmpadas diante do Trono, que são interpretadas como a plenitude do Espírito Santo.

“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap 5.6).

O Cordeiro é o mesmo Leão que aparece no verso 5. Ele é na qualidade de um “Cordeiro” na sua mansidão em tratar com Sua Noiva, mas como o Leão, no Seu poder irresistível para executar juízo contra os pecadores. João vê no trono de Deus o Cordeiro que havia sido morto, mas ao terceiro dia ressuscitou. João vê “...sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus”, que simboliza o Espírito Santo em toda Sua plenitude, pois ele convence, ouve, salva, julga, humilha, exalta e governa. O número sete não somente descreve a plenitude da terceira pessoa da divindade, mas é também um sinal da glória completa de Deus, pois sete é o número da plenitude divina.

“Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando. Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.10).

Sinal de adoração e respeito supremo, a que se segue o lindo cântico de vitória, que mostra o verdadeiro culto no céu ao supremo Criador. Temos a adoração mais profunda da parte dos anciãos, que prostram diante do Trono, e lançam suas coroas, num gesto de submissão e respeito, ao que vive para sempre. É a oração inteligente dos remidos que compreendem a santidade e o amor do Senhor. E num gesto de magnífica adoração prostram-se cantando o lindo hino de louvor: “digno és, Senhor, de receber glórias, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

4.      O mar de vidro.
“Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal...” (Ap 4.6).

O apóstolo João descreve o que vê “um mar de vidro”, ou seja, um grande espelho diante do trono do Eterno.

O mar representa povos e nações agitadas no tempo do fim. Porém, aqui o mar é tranqüilo e sem ondas. Ele não está agitado, mas sim imóvel diante do trono em contraste com a situação do mar dos povos sobre a terra: “Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as suas forças; cheguem-se e, então, falem; cheguemo-nos e pleiteemos juntos” (Is 41.1).

O mar de vidro, lembra a pia de cobre feita por Moisés (Êx 30.18-21), e o mar de bronze do templo terrestre (1º Rs 7.23-26), que era para purificação. Aqui a purificação está consumada, não há mais necessidade de água. O mar que João vê representa a pureza, pois ali tudo é puro, calmo e de perfeita paz.
 5.      As criaturas viventes.

“... e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4.6-8).

Há várias interpretações, mesmo sem sentido de dogmatizar, referente aos quatro seres viventes. Aos olhos de João, eram criaturas estranhas, porque são desconhecidas dos homens, mas lindas.“Eram cheio de olhos”. Penetração intelectual, vigilância e prudência. Estas criaturas viventes não representam a Igreja nem uma classe especial de santos, mas são os seres sobrenaturais visto no Velho Testamento, que estão sempre em conexão com o Trono de Deus e a presença de Jeová. São os querubins de Ezequiel, capítulo 1 e 10 (cf. Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).

Todo o simbolismo dessa passagem é inspirado no profeta do Antigo Testamento. Esses seres vivos são os 4 anjos responsáveis pelo governo do mundo (Ezequiel 1,20). Eles andam em todas as direções, numa perfeita visão, cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas, a forma de seus rostos era como o de homem; à direita, os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia, todos os quatro. O aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança de tochas; tinham quatro rodas em vez de pés, e o aspecto das rodas era brilhante como pedra de berilo e o espírito dos seres viventes estava nas rodas, e, sem cessar glorificam a Deus: Santo, santo, santo (Ez 1.6-21). Lembrando os serafins de Isaías capítulo 6.

João não soubera descrever o que viu, portanto, ele os chama de “quatro animais”, que são os querubins da visão descrita pelo profeta Ezequiel.

Se analisarmos profundamente este assunto veremos que o profeta Elias foi separado do profeta Elizeu, por estes seres (querubins), mas subiu num redemoinho: “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2º Rs 2.11).

Eliseu, foi o único a ver o profeta Elias ser arrebatado. Foi elevado ao céu com grande impulsão, portanto, ele também não soube descrever minuciosamente a cena que viu. Os carros de fogo são as rodas dos querubins, cor de brasas, os cavalos de fogo no nosso entendimento é o rosto dos querubins.

João ao ver os quatro seres no céu não descreu com suas minúcias, mas os chama de quatro animais ou quatro seres viventes, conforme o verso 6.

São representados com 4 formas. Cada uma delas tem o seu próprio significado. O leão é símbolo do que há de mais nobre na criação; o touro é símbolo de força; o homem significa sabedoria; a águia simboliza a agilidade.

[...] Na tradição cristã os quatro seres viventes estão no meio do trono, segundo o santo Tomás de Aquino que a doutrina do evangelho de Cristo em Ezequiel nos foi mostrada pelos quatro seres viventes. Ele atribui à aparência quadriforme do viventes um ensinamento simbólico sobre Cristo, que se tornou verdadeiro homem, foi imolado como um boi em sacrifício, ressuscitou com a própria força como um leão e subia ao céu como uma águia, onde se assentou a direita do Pai como Deus e homem. Também João chama Jesus no apocalipse de cordeiro de Deus e leão de Judá [Homiliae in Hiezchielem prophetam, 4].

Pr. Elias Ribas


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE APOCALIPSE


Para compreendermos melhor a Escatologia Bíblica (doutrina das últimas coisas), é necessário fazermos uma introdução apocalíptica, assim entenderemos melhor os acontecimentos a respeito do fim dos tempos.

O termo apocalipse do grego “apokalypsis”; no latim é “Revelatio”, que significa ação de tirar para fora, revelar o que está oculto. (De “Apo”, longe de, e “Kalyptõ”, ocultar).


A Bíblia é um livro cuja interpretação é considerada difícil. Muitos estudiosos a utilizam para edificação; outros, porém, para apresentar teses contraditórias. Esta confusão deve-se em grande parte, ao fato de não se levarem em conta os gêneros literários existentes no Livro Sagrado e também sabermos que ela foi revelada a seres humanos que embora iluminados pelo Espírito Santo, utilizavam os meios de expressão de sua época e de suas regiões. È necessário, portanto, para o interprete contemporâneo retroceder no tempo e procurar ambientar-se com as circunstancias nas quais os autores bíblicos receberam a revelação, ao comporem seus escritos.

O Apocalipse traz a “revelação de Jesus Cristos” para os últimos dias. Portanto Seu verdadeiro autor é o Filho de Deus. Ele é o testemunho apocalíptico. As palavras proféticas (1.3) deste livro (22.7, 18, 19) contêm o testemunho de Jesus, que o “pneuma” (espírito) da profecia (19.10).

Deus é o Senhor de todo espírito de profecia (22.6); sendo assim, Cristo é o possuidor dos sete espíritos de Deus (3.1). Diante deste testemunho do Apocalipse, podemos observar que o instrumento escolhido por Deus para receber a revelação foi o seu servo João, que obteve o testemunho através de anjos (1.1), quando estava na prisão na Ilha de Patmos (1.9).

O Apocalipse, por sua natureza histórico-profética, é dos mais fascinantes livros até hoje divulgados. O fato de tratar-se de uma “revelação de Jesus Cristo” indica que com todos os fatos e acontecimentos ali expostos estão na pessoa de Cristo, como motivo central do livro. Portanto, faz-se necessário o estudo sistemático a fim de conhecerem a linguagem simbólica e as predições de uma catástrofe que alcançará os pecadores, nestes últimos dias, ao mesmo tempo em que descobrirão no plano sobrenatural para os fiéis seguidores de Cristo.

Observemos ainda que cada grupo de sete é precedido por uma introdução. As perícopes do autor (ex. 8.3) devem ser consideradas pelo leitor com trechos intermediários. Notemos ainda que os grupos de sete são homogêneos; somente dois são interrompidos em seu desenvolvimento: precisamente a visão dos selos, num só caso (Ap 7.1-17) e a visão das trombetas duas vezes (8.13; 10.1-11).

O algarismo sete representa o número da perfeição, deparamos ainda com outros registros de sete, como: sete espíritos de Deus, isto é, sete lâmpadas que ardiam diante do trono, representando o Espírito Santo em Sua operação sétupla (4.5), sete cabeças da besta que o autor viu subir do mar e que representam os sete montes, os sete personagens e os sete reis (13.1; 17.9-10); e ainda as sete bem-aventuranças, a primeira das quais está no primeiro capítulo (1.3) e a última no capítulo (22.14). O simples registro do uso do número sete demonstra que Deus tem um plano para cada figura e para cada símbolo que aparece nas páginas do livro de Apocalipse.

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL



Nenhuma passagem do AT revela tanto os mistérios do plano profético de Deus para Israel e as nações quanto o livro de Daniel. Em particular, a profecia das setenta semanas em Daniel 9.24-27, apresenta a chave cronológica indispensável para a profecia bíblica.

A revelação das setenta semanas a Daniel é a chave para a compreensão da doutrina das últimas coisas. Para se fazer um estudo completo do Apocalipse, grande tribulação, ou qualquer outro assunto que fale sobre o tempo do fim (Dn 8.17), é necessário primeiro estudar as setenta semanas de Daniel, pois esta e uma profecia indispensável a Escatologia. 

I. DANIEL BUSCA A PRESENÇA DE DEUS 

1. O cenário histórico da profecia. “No primeiro ano de Dario, o filho de Assuero, da semente dos medos, o qual foi feito rei sobre o reino dos Caldeus; no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, a respeito dos quais a palavra do SENHOR veio ao profeta Jeremias, era de setenta anos, quando se completariam as desolações de Jerusalém. E coloquei a minha face diante do Senhor Deus, para buscá-lo com oração e súplicas, com jejum, e vestimenta de pano de saco e cinzas” (Dn.9.1-3).

O capítulo 9 de Daniel foi escrito no primeiro ano de reinado de Dario o Medo, por volta do ano 539 a.C.. Dario exercia agora a função de rei de Babilônia, sob o comando maior de Ciro, o Grande. Neste tempo Daniel havia compreendido que o período de cativeiro estava chegando ao seu fim e era necessário que seu povo começasse a orar a Deus pedindo perdão dos pecados e suplicando o retorno do exílio. Dessa forma, o profeta não poderia parar de orar mesmo sob o risco de ser sentenciado à morte. 

II. O QUE QUER DIZER AS SETENTA SEMANAS 

1. O número de anos. A referência parece ser a Jeremias 25.11, 12, que diz “quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilônia”. Esse rei já fora punido; por isso Daniel sabia que já era o momento das assolações de Jerusalém terem um fim.

Daniel estava estudando as profecias de Jeremias, quando entendeu que o cativeiro babilônico estava prestes a terminar, então ele começou a orar e buscar uma resposta de Deus (Dn 9.4-19). Gabriel vem, então, dizer a Daniel que a redenção de Israel ainda demoraria setenta semanas. Note nos dois versos seguintes que as 70 semanas terminarão (o fim) o que Deus começou com os 70 anos de cativeiro na Babilônia. 

2. A oração de Daniel e a resposta de Deus. O Anjo Gabriel foi mandado para trazer a resposta da oração a Daniel logo no princípio das súplicas do profeta, porque Daniel era “mui amado”. Que testemunho tinha Daniel no céu! Era “mui amado” por Deus, era alguém de quem o Senhor Se agradava, porque, durante os seus mais de noventa anos de vida, sempre fora fiel ao Senhor, sempre procurara agradar ao Senhor. 

III. QUANDO COMEÇARÁ AS SETENTA SEMANAS? 

Dn 9.24-27 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. 27 E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” 

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo...” (Dn 9.24). Esta profecia de Daniel a respeito de Israel e da cidade santa (Jerusalém) é fundamental para os últimos tempos.

Esta linguagem usada por Gabriel era bem conhecida por Daniel, que sabia que semana profética não se referia a semana de dias e, sim, de anos, ou seja, uma semana significa, aqui, uma unidade numérica de sete anos. O número setenta, então, ganha um sentido escatológico.

No hebraico, em lugar da palavra “semana” usa-se a palavra “shabua” que significa literalmente 7, ou um sétuplo. Um grupo de 7 dias ou de 7 anos. Em Levítico 25, o Senhor diz: “Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.” (Lv 25.8).

Então as setenta semanas, na realidade, são setenta semanas de anos, ou 490 anos: 70 x 7 = 490.

Nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias (Ne 14.34; Ez 4.6). Assim, estas “setenta semanas” devem ser entendidas como setenta “semanas” de anos, ou seja, um período de 490 anos, isto é, setenta vezes sete (70 x 7). Israel somente se converteria ao Senhor, alcançaria a sua redenção depois de 490 (quatrocentos e noventa) anos. 

1. As três divisões das setenta semanas. O versículo 24, afirma que Deus determinou as setenta semanas. O bloco que forma os versículos 24-27 é profeticamente dividido em três grupos.

As setentas semanas = 490 anos, divididos em:

1º 07 Semanas                     Dn 9.25                         49

2º 62 Semanas                     Daniel 9.25                   434 anos

3º 01 Semana                      Daniel 9.26                   7 anos. 

2. A Primeira divisão. V. 25 “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”

“...sete semanas...”. Sete semanas são iguais: 7 x 7 = 49 anos. O ponto de partida para a contagem das primeiras 7 semanas, começou com o decreto do rei Artaxerxes (Ne 2.1-9), no ano de 445 a.C.. Portanto, a primeira unidade de 49 anos (sete “semanas”) começa no ano de 445 a.C., e terminou aproximadamente no ano 397 a.C. De acordo com a profecia de Daniel, Jerusalém seria edificada e restaurada da destruição que o império Babilônico causou a santa cidade (Dn 1.1; 2ª Rs 24.1). Esta palavra cumpriu literalmente no período previsto (Ed 1.1; Ed 4.11-24).

“Examinando Esdras 1.2,3, fica esclarecido que a primeira ‘ordem’, dada por Ciro, não foi para ‘restaurar e para edificar Jerusalém’, e sim, para edificar o templo (Ver 2º Cr 36.23; Ed 1.2). É evidente que a ‘ordem’ referida por Gabriel não é a de Ciro e sim, a de Artaxerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C., data da ordem para reedificação da cidade Santa” (Ne cap. 2).” (Daniel versículo por versículo, p. 179).

Gabriel diz a Daniel que depois da reconstrução de Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haveria ainda sessenta e duas semanas - 62 x 7 = 434. 

3. A Segunda Divisão. “sessenta e duas semanas.” (Dn 9.25b). O segundo período de sessenta e duas semanas, tem início aproximadamente no ano 397, inicia-se com a continuidade ao primeiro período, ou seja, após a reconstrução completa de Jerusalém, encerrar-se-ia com a “tirada do Messias, que não seria mais” (v. 26). Desde a data desse decreto até a época do Messias haveria 483 anos, ou seja 69 semanas. Portanto, as 62 e mais as 7 semanas, estão juntas como um composto das sessenta e nove semanas ou 483 anos históricos até a vinda do Messias.

O período das sessenta e nove semanas se inicia com a ordem do rei Artaxerxes, 445 a.C., para a reconstrução de Jerusalém, após o pedido de Neemias, terminando com a entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho (Lc 19.41), no final de Seu ministério terreno, oportunidade em que, aclamado por Seus discípulos, como o Messias em 10 de Nisã de 33 d.C..

“O pastor Severino Pedro da Silva mostra-nos como, efetivamente, este período de 483 (quatrocentos e oitenta e três) anos cumpriu-se integralmente, com a entrada de Jesus em Jerusalém, quando, pela única vez em Seu ministério terreno, foi coletivamente aclamado como o Messias, o Filho de Davi, em 10 de Nisã de 33 d.C.: A primeira divisão é de 49 anos; a segunda de 434 anos; as duas somam 483 anos. O ponto de contagem dos 483 anos foi marcado no ano 445 a.C.” [As setenta semanas de Daniel. Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Fonte de pesquisa: Site https://adautomatos.com.br/licao-no-10-as-setenta-semanas-de-daniel/#:~:text=%E2%80%93%20O%20pastor%20Severino%20Pedro%20da,de%20Nis%C3%A3%20de%2033%20d.C. – acesso dia 23/04/2024].

“E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais...”. (Dn 9.26). De acordo com a profecia, o Ungido não foi cortado na 70º semana, Ele foi tirado ou morto, depois que as 7 e 62 semanas terminaram. Isso significa que há um intervalo entre a 69º e a 70º semana. Portanto, as 69 semanas terminaram com a morte de Jesus, quando deu-se o início da era da graça e só irá terminar, quando a Igreja for arrebatada. E quando isto acontecer, dar-se-á o início da a última semana desta Era, que é dividida em duas partes de três anos e meio cada. A última semana está prestes a começar, e quando começar, vai ser um efeito dominó, tudo será muito rápido. 

4. Os três príncipes são mencionados na profecia (vv. 25,26). O primeiro príncipe é o Messias (v. 25). O segundo apareceu posteriormente e destruiu a cidade de Jerusalém e o santuário em 70 d.C., trata-se do general Tito (v.26). E o terceiro príncipe surgirá no futuro, na última semana profetizada por Daniel (v. 27). Este príncipe não é o Messias tirado (9.26), mas certamente um personagem mais poderoso que Antíoco Epifânio e o general Tito. Trata-se, portanto, do Anticristo (2ª Ts 2.3-9; 1ª Jo 2.18). 

5. A terceira divisão. “E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações.” (Dn 9.26). 

Depois das 7 semanas e mais 62, duas coisas são preditas:

1º Messias seria “tirado” (crucificado) (ref. Is 53.8). Jesus foi rejeitado pelos judeus, condenado e morte na cruz. O povo presente à condenação de Cristo clamou: “O sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos (Mt 27.25).

2º O povo do príncipe, que há de vir, destruiria Jerusalém e o templo. O “povo” refere-se ao exército romano, que destruiu Jerusalém em 70 d.C. O “príncipe” refere-se ao General Tito que comandou a dispersão dos judeus (Dn 9.25-26). Porém, as 7 semanas e 62 semanas, terminaram na crucificação de Jesus e não na destruição do segundo templo no ano 70 d.C.. A atual era da Igreja é o intervalo entre o 69º e o 70º semana. 

5.1. O Messias é morto. Is 53.8 “Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto, foi cortado da terra dos viventes e pela transgressão do meu povo foi ele atingido.”

Tendo ocorrido o cumprimento das sessenta e nove semanas quando Jesus foi crucificado. Portanto, quando os judeus desprezaram o Messias, parou a contagem do tempo, uma vez que as 70 semanas estavam determinadas para os judeus. Resta, ainda, uma semana, a última. Os judeus necessitam estarem em Jerusalém (cidade Santa), e a Igreja já arrebatada.

Este período, assim, vemos, claramente, que a contagem dessas sessenta e nove semanas não se dá com a chegada do Messias, mas, sim, com a sua “retirada” e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída através da liderança do general do exército romano, Tito, em 70 d.C. 

5.2. Esta semana ainda não aconteceu (v. 27). A última semana, um período de 7 anos, ainda se cumprirá, do qual faz parte a Grande Tribulação. Compare o versículo 27 de Daniel com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu.

A Bíblia identifica este intervalo profético como “o tempo dos gentios”: Rm 11.25 “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” Lc 21.24, “E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.”

O termo “tempos dos gentios” é o período no qual Jerusalém estaria sob o domínio dos gentios, desde o cativeiro babilônico, continuando até hoje e continuará durante a Grande Tribulação. Atualmente, estamos no tempo da graça de Deus e temos de anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc 4.18,19).

Após o tempo gentílico dar-se-á a última semana, a Grande Tribulação. É neste tempo que o Anticristo virá sobre a asa das abominações (v. 27). 

5.2. O início da 70ª semana-ano. “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Dn 9.27).

Este versículo é uma das passagens proféticas mais importantes da Bíblia. Ela é a chave indispensável para toda a profecia. Ela é denominada como “a espinha dorsal da profecia bíblica” ou o “relógio de Deus”.

Esta última semana não pode ter se cumprido em hipótese alguma, pois nesta última semana (sete anos) os judeus irão fazer um acordo com o assolador (Anticristo), e este assolador irá ser destruído, porém isto ainda não aconteceu, Israel ainda não fez este acordo com ele (Is 28.15-18), muito menos o Anticristo manifestou-se, sendo assim podemos afirmar que esta última semana de Daniel ainda não cumpriu-se, pois a profecia permanece interrompida.

O assolador de Daniel 9.27 é o Anticristo, que fará um concerto com Israel por sete anos (uma semana), (Jo 5.43 e Is 28.15-18), e na metade da semana (três anos e meio) irá quebrar o concerto com os judeus.

Daniel 12.1, nos apresenta uma outra passagem importante sobre a Tribulação. “E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.”

Em resumo, então, podemos ver que a última semana (Tribulação) é para Israel, não para a Igreja. Primeiro, a Tribulação serve para punir e assim reconciliar a Israel com Yahveh.

A “última semana” (7 anos), é identificada pelas profecias bíblicas será o tempo da Grande Tribulação, que só irá começar depois do arrebatamento da Igreja. É neste tempo que o “assolador”, isto é, o Anticristo ou o homem do pecado ou o homem da perdição, virá sobre a asa das abominações (v. 27). O Anticristo agirá com falsidade em relação a Israel de um modo nunca visto na história, quebrando o acordo na metade do período (após três anos e meio) e colocará uma imagem de si mesmo no Templo de Deus reconstruído (Ap 13.14-15), e buscará a adoração como se fora Deus (2ª Ts 2.4b), profanando o santuário, o lugar santo para o povo de Israel.

Pelo fato de Israel se negar adora-lo e então o Anticristo quebrará o acordo de paz, fará cessar o sacrifício e oferta de manjares (Dn 9.27). Depois de três anos e meio será permitido que vença os santos. O ‘abominável da desolação’ (Mt 24.15) serve de sustentação para que os acontecimentos de Daniel 9.27 (assim como os de Dn 11.31 e 12.11) não ocorram ainda, mas somente no tempo do fim. Os últimos três anos e meio serão de “Grande Tribulação”, da qual Jesus falou dizendo: “Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais.” (Mt 24.21).

No término da semana, quando, então, se completarão as setenta semanas, o “assolador” sofrerá o juízo divino, conforme determinado e, aí, então, Israel será liberto do pecado. 

5.3. O final das setenta semanas-ano. No final da 70ª semana-ano, Deus derrotará o Anticristo (Ap 19.20), “a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda.” (2ª Ts 2.8). Isso marcará o final das 70 semanas-ano e o início do Reino Milenar de Cristo. Então estarão cumpridos os seis objetivos de Deus, mencionados em Daniel 9.24 (Ap 20.1-6). 

IV. OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA (Dn 9.27) 

1. Revelar o “homem do pecado”. “Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, 3- o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. (2ª Ts 2.3,4).

Paulo escreveu a igreja Tessalônica por volta do ano 50, 51 d.C durante a sua segunda viagem missionária. Não há dúvidas quanto a quem Paulo tem em mente é o homem do pecado ou o filho da perdição (cf. Jo 17.12) e aponta para a natureza e para o destino desse homem. Portanto, de acordo com as profecias, nem Antíoco Epifânio nem o general Tito foram objetos das predições do profeta Daniel. Neste tempo “ele”, também identificado como “o rei de cara feroz” (Dn 8,23), “o animal terrível e espantoso” (Dn 7.7), “o chifre pequeno” (Dn 7.8), “a besta que saiu do mar” (Ap 13.1), virá sobre as asas da abominação. Assim, vemos que a última semana (sete anos), será marcado com a presença do Anticristo (1ª Jo 2.18; 4.3) e apesar de ser apresentada numa linguagem simbólica, a personagem é literal, trata-se de um líder mundial poderoso que chamará a atenção das nações pela sua diplomacia, astúcia e inteligência política. Primeiro a apostasia será avanço dos poderes do mal contra o povo e os propósitos de Deus. Cristo e Paulo, ambos advertiram contra essa final conspiração do mal (Mt 24.10; 1ª Tm 4.1-3; 2ª Tm 3.1-9; 4.3). 

2. A Grande Tribulação (Mt 24.15,21). A última semana de Daniel, pode ser dividida em partes distintas. A primeira metade o Anticristo fará um concerto com Israel por uma semana, mas a segunda metade terá início quando Israel se negar a adorá-lo, e então o Anticristo quebrará o tratado de paz (Dn 9.27b) e perseguirá o povo judeu. Essa segunda metade é a Grande Tributação (1ª Ts 5.3; Jr 30.7). Em seguida, surgirá um tempo de sofrimento e tamanha aflição em todo o mundo. Perseguição, humilhação e morte serão a tônica desse tempo, os crentes que ficaram no arrebatamento serão perseguidos e mortos (Ap 19.4), bem como os judeus que romperam o concerto de paz.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



terça-feira, 18 de novembro de 2014

OS QUATRO ÚLTIMOS IMPÉRIOS MUNDIAIS - DANIEL CAPÍTULO 7


O sonho do profeta Daniel no capitulo sete, é a mesma profecia do capitulo dois que interpretou ao rei Nabucodonosor; esta profecia se deu 40 anos depois, já no reinado de Belsazar filho de Nabonido (Dn 7.1). No capítulo dois, ele descreve aparência exterior deste império; ao passo que, no capitulo sete, revela sua índole e caráter.

No capítulo 2 os impérios são representados por uma imagem de metais em quatro partes, no presente capítulo, estes mesmos impérios são representados por quatro animais.

A imagem de metais é descendente, começando com metal mais valioso (ouro) para o mais forte (ferro). De forma similar, a hierarquia dos animais move-se do mais honroso (leão, rei dos animais) ao poder mais esmagador (animal indescritível, mais feroz que qualquer um conhecido na natureza). 

I. O CURSO DOS TEMPOS DOS GENTIOS 

1. O paralelo entre os capítulos 2 e 7 de Daniel. Duas revelações paralelas no livro de Daniel nos dão a descrição completa deste período. No capítulo 2, por meio de Nabucodonosor, Deus revelou o lado político destes últimos impérios mundiais. No capítulo 7, por meio do profeta Daniel, Deus revelou o lado moral e espiritual através de quatro animais. A história política havia sido mostrada a Nabucodonosor, mas a história espiritual foi mostrada a Daniel. Notemos ainda o seguinte: No capitulo 2, as figuras representadas são tomadas da esfera inanimada, materiais como ouro, prata, bronze, ferro e barro. No capítulo 7, as figuras são representadas por seres animados, aqueles animais estranhos. Nos dois, aparecem quatro elementos, que obviamente seguem um ao outro cronologicamente, alcançando o clímax escatológico – o estabelecimento final do reino de Deus sobre a terra. 

2. O Mar agitado. Dn 7.2-3 “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. “E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”.

A palavra “mar” na linguagem escatológica sempre representa as nações, povos e pessoas (Is 17.12,13). O mar agitado representa a humanidade inquieta (ref. Ap 17.15). Veja como o profeta Isaías também falou sobre isto: “Ah! O bramido das numerosas nações; bramam como o mar! Ah, o rugido dos povos; rugem como águas impetuosas!” (Is 17.12). Jesus também falou dizendo: “E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.” (Lc 21.25). A inquietação e perplexidade das nações é uma característica do fim dos tempos, isto pelas crises mundiais cada vez maiores.

Os ventos representam os poderes do mal que incitam e afligem as nações. Note que os ventos vêm do céu, pois estão sujeitos ao Criador. Portanto, são agentes usados por Deus para agitar a humanidade nestes últimos dias. Estes ventos malignos são a consequência da pecaminosidade da humanidade na face da Terra. Veja que o apóstolo Paulo afirma que “A ira de Deus se revela do céu” (1.18). O Criador se revela na Palavra das Escrituras, mas o caráter e o poder de Deus se revelam pelas obras da criação (Rm 1.17-20). Este fato traz a responsabilidade sobre todos de buscar a Deus, e deixa os desobedientes sem desculpa. Certamente Deus tem todo direito em exercer a Sua ira judicial sobre a criação. Ele criou o homem para ser conhecedor e adorador da Natureza Divina. Porém, os homens rejeitaram o conhecimento de Deus e assim também recusaram lhe dar a adoração verdadeira. Rejeitar a verdade de Deus, portanto, tem trazido muitas consequências terríveis como resultado (Rm 1.21, 23, 25).

Os homens são “indesculpáveis” diante de Deus por haverem o desconhecido, desde que Ele claramente se manifestou por meio das coisas que ele criou (Rm 1.19-20).

Em seguida é revelado a Daniel quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar (Dn 7.3), isto é, saem do meio dos povos.

Então, quando o agir de Deus representado pelos quatro ventos do céu, agita as nações que são representadas pelo mar, quatro grandes reinos se levantam que são representados pelos quatro animais. 

II. OS QUATO ANIMAIS NA REVELAÇÃO DE DANIEL 

As nações usam imagens de animais como seus representantes, comunicando uma mensagem sobre como eles vêm a si mesmas. Algumas escolheram uma águia, outras um leão e ainda outras um urso.

Em Daniel 7 também encontramos vários animais. Entretanto, estes animais são indefiníveis ou misturas estranhas de bestas e todos eles são ferozes. Este capítulo nos leva para a parte escatológica do livro. 

1. O Leão com asas de águia. “O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem” (Dn 7.4).

O primeiro animal era como leão...”. Corresponde à cabeça de ouro da estátua do capítulo 2.32, 37, 38, e representa o Império Babilônico que surgiu por volta de 626 a.C. até 539 a.C. O leão era o símbolo do deus Marduque, o deus patrono da cidade de Babilônia.

O leão é a cabeça de ouro, aponta para o orgulho, a vaidade e a fineza da Babilônia. Jeremias diz que a Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).

O leão com duas asas como de águia, nos diz a respeito à força e rapidez nas suas conquistas, como revela a história do nosso mundo. Mas, Daniel vê que suas asas foram arrancadas, ou seja, seu poder lhe seria retirado e isto aconteceu quando os Medos e Persas conquistaram o Império Babilônico.

Um leão é notável pela sua força, enquanto que a águia é famosa pelo poder e altitude de seu voo. O leão é considerado o rei dos animais (animal majestoso), e a águia, a rainha das aves. 

1.1. Breve história do Império Babilônico. O império Babilônico teve início no ano 626 a C.539 a.C.

A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19).

Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da cidade), 90 m de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos, que para qualquer tipo de guerra da antiguidade, Babilônia era uma cidade simplesmente inconquistável. 

A. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha majestade” (Dn 4.30).

O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus feitos; ao profeta Isaías diz o Senhor Deus: “E a minha glória não a darei a outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a glória que pertence só a Deus. 

B. As profecias referentes à Babilônia. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia. 

C. Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais” (Is 13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).

Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada, mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia secou-se e os Medos e Persas a conquistaram.

D. “Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas: seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is 44.27).

Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande Babilônia. 

1.4. O Leão com asas de águia. “O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem” (Dn 7.4).

O primeiro animal era como leão...”. Corresponde à cabeça de ouro da estátua do capítulo 2.32, 37, 38, e representa o Império Babilônico que surgiu por volta de 626 a.C. até 539 a.C. O leão era o símbolo do deus Marduque, o deus patrono da cidade de Babilônia.

O leão é a cabeça de ouro, aponta para o orgulho, a vaidade e a fineza da Babilônia. Jeremias diz que a Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).

O leão com duas asas como de águia, nos diz a respeito à força e rapidez nas suas conquistas, como revela a história do nosso mundo. Mas, Daniel vê que suas asas foram arrancadas, ou seja, seu poder lhe seria retirado e isto aconteceu quando os Medos e Persas conquistaram o Império Babilônico.

Um leão é notável pela sua força, enquanto que a águia é famosa pelo poder e altitude de seu voo. O leão é considerado o rei dos animais (animal majestoso), e a águia, a rainha das aves. 

1. Breve história do Império Babilônico. O império Babilônico teve início no ano 626 a C.539 a.C.

A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19).

Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da cidade), 90 m de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos, que para qualquer tipo de guerra da antiguidade, Babilônia era uma cidade simplesmente inconquistável. 

A. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha majestade” (Dn 4.30).

O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus feitos; ao profeta Isaías diz o Senhor Deus: “E a minha glória não a darei a outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a glória que pertence só a Deus. 

B. As profecias referentes à Babilônia. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia. 

C. Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais” (Is 13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).

Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada, mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia secou-se e os Medos e Persas a conquistaram. 

D. “Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas: seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is 44.27).

Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande Babilônia.

No ano 539 a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava num grande banquete juntamente com mil convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. Na noite da festa, Belsazar teve uma visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real, que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Como Daniel já era conhecido pelos seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha, e então trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas” (Dn 5.26-28). E mais uma vez o profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino.

No ano 539 a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava num grande banquete juntamente com mil convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. Na noite da festa, Belsazar teve uma visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real, que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Como Daniel já era conhecido pelos seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha, e então trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas” (Dn 5.26-28). E mais uma vez o profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino.

Os Persas formaram uma colisão para derrotar a Babilônia. A Média sob o comando de Dário e a Pérsia sob Ciro. Na mesma noite em que Belsazar teve a visão, os Medos e os Persas invadiram a Babilônia, mataram Belsazar e tomaram o Palácio. Assim terminou o magnífico império babilônico, (a cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32, o leão com duas asas de Dn 7.4). 

2. O Urso destruidor. “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual levantou-se de um lado, tendo na boca três costelas entre seus dentes; e foi-lhe dito: levanta e come muita carne.” (Dn 7.5).

Depois do império babilônico viria um império que seria um pouco inferior, representado pela prata (Daniel 2.39).

O urso representa o segundo império mundial dos gentios, Medo-Persa. E corresponde ao peito e os braços da estátua (Dn 2.32-39). Este império teve início no ano de 539 a.C. 331 a.C.

As três costelas na boca do urso aludem à conquista da Babilônia, Lídia e Egito pelo império. 

3. O Leopardo altivo. “Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.” (Dn 7.6).

O leopardo representa o terceiro império: Império Grego, que surgiu no período de 331a168 a.C., tendo como Governante Alexandre o Grande. Este animal e corresponde ao ventre e as duas pernas de bronze da estátua do capítulo (2.39b).

O leopardo tinha “quatro asas e quatro cabeças”. As quatro asas do leopardo, indicam mais rapidez nas conquistas do que Babilônia, pois era um exército relâmpago em suas conquistas na guerra. As quatro cabeças falam da divisão do Império Grego em 4 partes (quatro reinos). Após a morte de Alexandre, o império Grego foi dividido entre os quatro generais: Cassandro (Macedônia), Lisímaco (Trácia), Ptolomeu (Egito) e Seleuco (Síria) isto representa a divisão do império em quatro reis. 

4. O animal terrível e espantoso. “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.” (Dn 7.7).

O quarto animal seria um rei ou um reino, como os demais animais. Esta besta representa o quarto império mundial o Império Romano, que surgiu no período entre 168 a.C. e 476 d.C., conquistou praticamente todo o mundo antigo conhecido. A história comprova que o Império Romano realmente arrasou a terra. Daniel não identifica o nome deste animal, mas classifica com uma besta que lhe causou espanto, por isso o chamou: espantoso, terrível e muito violento. Este animal tinha dentes de ferro, assim como as pernas de ferro e os pés, correspondem à visão de Nabucodonosor de que o quarto reino é forte como ferro, quebrando em pedaços e esmagando todos os outros (Dn 2.40,41), portanto o ferro representa dureza e maldade deste reino. Este reino seria forte, ou seja, um reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como foi o império romano, diferente de todos os reinos.

O reino de ferro dominou o mundo numa amplitude que nenhum império dantes o fizera. Com seus dentes de ferro despedaçava e devorava suas vítimas. Esta besta também é descrita em Apocalipse 13. 

4.1. Os dez chifres da besta. “Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, e as suas unhas, de metal; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava; E também das dez pontas que tinha na cabeça e da outra que subia, de diante da qual caíram três, daquela ponta, digo, que tinha olhos, e uma boca que falava grandiosamente, e cuja aparência era mais firme do que o das suas companheiras.” (v. 19- 20).

Daniel teve o desejo de conhecer esta besta porque era diferente dos demais. Este animal terrível possui dez chifres assim como os pés da estátua possuem dez dedos (Dn 2.33, 41).

Chifre na Bíblia representa poder, liderança e governo. Os dez chifres que saíam da cabeça do quarto animal que representa o Império Romano.

Veja que o anjo dá mais explicações sobre a profecia dos 10 chifres: pra Daniel: “O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24 E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis. 25 E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.” (Dn 7.23-26).

A Bíblia relata que vai chegar o tempo em que o poder estará novamente nas mãos de um único reino e que tudo será centralizado num único líder. Portanto, dez nações irão ressurgir no governo do Anticristo na Grande Tribulação (Ap 17.12). 

4.2. Pequeno chifre (V. 8). Na visão de Daniel ele vê um pequeno chifre ou pequena ponta subir dentre os dez chifres existentes na cabeça do quarto animal (Dn 7.8), mas depois de destruir três dos dez, ele se torna maior que todos (Dn 7.20; Dn 7.21). Para entendermos este mistério precisamos nos reportar para o livro apocalíptico onde o anjo explica para o apóstolo João dizendo: “o mistério da mulher e da besta e tem sete cabeças e dez chifres.” (Ap 17.7); “E a besta, que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição.” (Ap 17.11). Observe que a besta que João vê também tem dez chifres.

Esta profecia tem duplo sentido, em partes se cumpriu no Império Romano passado, mas no final dos tempos este império irá ressurgi na pessoa do Anticristo, o chifre pequeno.

O cumprimento da segunda parte irá se cumprir no final dos dias. Observe que o outro chifre pequeno que surgiu entre os dez que já existiam, ocasionou a retirada de três chifres (Dn 7.8). Aqui está uma nova fase do quarto império. O pequeno chifre simboliza o aparecimento do Anticristo (2ª Ts 2.3-4,8). Também a simbologia usada sugere que esse chifre se refere a um indivíduo e não a um reino. Nesse chifre havia olhos como os de homem e uma boca que proferia palavras insolentes.

Observe que os atributos do quarto reino do capítulo 2 e 7 de Daniel, tem uma conexão profética neste último império. “O quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços (Dn 2.40). “...o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava...” (Dn 7.7).

Esta visão nos traz ao fim dos tempos dos gentios. Quando a quarta besta com dez chifres e o chifre pequeno, irão formar um governo mundial, isto está em pleno andamento, então chega ao fim.

“E a besta, que era e já não é, é ela também o oitavo...” (Ap 17.11).

No tempo do apóstolo João a besta era, mas não existe mais, mas irá surgir novamente.

“é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição.” (Ap 17.11b). A besta de apocalipse 17, tem sete cabeças, bem com dez chifre. Mas o oitavo vem em seguida:

Como os reinos mundiais anteriores tinham suas cabeças representativas, vejamos:

1º O primeiro império mundial na história, conforme a Bíblia foi o Egito, na época de José no Egito, e da fome generalizada sobre a terra; quando também os israelitas permaneceriam escravos no Egito por aproximados 400 anos. (Livro de Êxodos – Bíblia). E o Egito, nessa época chegava a ter sob seu comando mais de um milhão de escravos hebreus a servir-lhe.

2º Segundo império mundial na história conforme a história é a Assíria. No tempo dos reis de Israel e Judá. São exatamente os reis da Assíria que deportam os judeus (do norte em Israel) transportando-os a outras nações, destruindo Israel (reino do norte) em cumprimento ao castigo da lei de Moisés; e, ao mesmo tempo, os reis da Assíria levariam povos estrangeiros p/ habitarem Israel, em lugar dos hebreus (por toda a Galileia e Samaria). (Isaías e 2º Reis e 2º Crônicas).

3º Terceiro império mundial na história – Babilônia – Daniel 1 e 2.

4º Quarto império mundial – Medos e Persas – Daniel 6 – Esdras e Neemias.

5º Quinto império mundial – Grécia – Daniel 2.32c – Daniel 7.6 – Daniel 11 – Livro de Macabeus.

6º Sexto império mundial na história – Roma – Daniel 2.33a – Daniel 7.7 – os Evangelhos.

7º E o Sétimo e último império mundial. O sétimo reino (ONU), surgira com dez reis e entregarão o poder ao Anticristo no final dos tempos.

8º O oitavo império mundial. O governo único através do Anticristo. 

Desde Antíoco Epífanes, o anticristo do terceiro reino em Daniel 8.1 e Daniel 8.27 era o inimigo pessoal de Deus; assim será o Anticristo final do quarto reino, seu antítipo.

“O Anticristo que já se manifestou na pessoa de Atíoco Epifânio (Dn 8.9,22), reaparecerá em forma ainda mais forte e global”. [Comentário Russel Shedd].

A Igreja sempre sofreu perseguições por vários anticristos no decorrer da história, porém, após seu arrebatamento da terra, levantar-se-á um que receberá poder de satanás no final dos tempos (Ap 13.2); será diferente dos outros reis (Dn 7.24); falará coisas espantosas (Dn 7.7); vai blasfemar contra Deus, caluniar Seu nome, (Dn 7.25; 11.36; Ap 13.5); irá perseguir o povo de Deus (Israel Ap 12.3), fará guerra contra os santos (Dn 7.21,25; Ap 13.6-7), irá oprimir os santos e será́ bem sucedido por 3 anos e meio (Dn 7.25; Ap 13.7). Ele Mudará os tempos e as leis. Ele vai tentar mudar o calendário, talvez para definir uma “nova era” Nova ordem mundial, relacionada a si mesmo (Dn 7.25).

Pr. Elias Ribas
Dr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau SC