João fora banido para a Ilha de
Pátmos, por ordem do imperador Domiciano, “por causa da Palavra de Deus e pelo
Testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9). Na solidão da ilha, foi presenteado com
um dos mais altos privilégios que um mortal pode obter. Deus deu a João
revelações maravilhosas, que em seu bojo, constituem o clímax do Apocalipse.
Foi nesta Ilha que João teve a
estupenda visão do Cristo glorificado (Ap 1.9-20).
“Depois destas coisas, olhei, e
eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi,
como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que
deve acontecer depois destas coisas” (Ap 4.1).
Jesus convida o apóstolo João a
subir ao Seu Trono para revelar os acontecimentos vindouros. Através das
revelações deste livro queremos agora fixar os acontecimentos que ocorrerão
após o arrebatamento da Igreja fiel de Jesus Cristo.
João vê uma porta aberta no céu e recebe um convite para que
entre por ela, entrando contemplou o Trono do Rei dos reis (comp. 1ª Rs
22.19-23; Jo 1.6; 2.1). Ali é o lugar onde os eventos decretados por Deus,
antes de sua execução.
O quarto capítulo começa com
“Depois destas coisas, olhei....” Para entendermos este “Depois”, é necessário
analisar a revelação dos três primeiros capítulos onde o Senhor Jesus ordena o
apóstolo João:
1. Escreve, pois, as coisas que
viste (1.19). Onde João vê o Senhor Jesus glorificando e estava voltando
(1.20). Esta visão foi tão majestosa que João caiu como morto a Seus pés.
2. Escreve... as que são (1.19).
As cartas destinadas as sete igrejas (capítulos 2 e 3).
3. Escreve... as que hão de
acontecer depois destas” (1.19c). Ele devia, portanto, escrever também o que
aconteceria na terra após o arrebatamento da Igreja.
1.
João é
arrebatado ao céu.
[...] João não somente vê, mas
também ouve, “...como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar
comigo”, dizendo: “sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois
destas coisas”. É interessante que João reconhece a voz, que já havia ouvido
uma vez na terra (Ap 1.10). Foi o apóstolo João que em seu evangelho transmitiu
as palavras de Jesus: “as ovelhas ouvem a sua voz...., mas de modo nenhum
seguirão o estranho” (Jo 10.3-4). Ao ouvir a voz do Seu Senhor como de
trombeta, ele é arrebatado da terra em espírito. O seu arrebatamento é uma analogia ao
futuro do arrebatamento da Igreja, que acontecerá “num momento... ao ressoar da
última trombeta” (1ª Co 15.52), quando o Senhor aparecer com “sua palavra de
ordem” (1ª Ts 4.16). Agora João é chamado ao céu com a trombeta de Deus, como
ouvirá a Igreja, no arrebatamento. Há poder nesta voz para ressuscitar os
mortos (Jo 5.28-29). Ele foi arrebatado ao céu como Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5),
a Igreja será arrebatada, invisível, silenciosa e milagrosamente, num abrir e
fechar de olhos (1ª Co 15.52) [WIM MALGO. P. 106].
2.
A visão do
Trono de Deus.
“Imediatamente, eu me achei em
espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado” (v. 2).
A primeira coisa que João vê no
céu é um Trono. João não pode descrever a pessoa de Deus, mas ele conta o que
vê:
“E esse que se acha assentado é
semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono,
há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.4).
Abundância de luz que procede
d’Ele, reflete o caráter de Deus, representa o Senhor na Sua glória e poder. O
Salmo 104.2 descreve o Senhor assim: “coberto de luz como de um manto”. Com a
abundância de luz, ou seja, com o esplendor de cores das pedras preciosas.
A pedra jaspe era resplandecente
e representa o Senhor na Sua glória. A pedra de sardônia é igual ao rubi, uma
pedra cor de sangue, que representa o Senhor na Sua obra redentora. “Duas
pedras preciosas, iguais, havia no peitoral do sumo sacerdote” (Êx 28.17-26).
“...ao redor do trono, há um arco semelhante, no aspecto, a esmeralda” (v.3b).
A pedra esmeralda revela a Nova Aliança de Deus com o homem através de Seu
sacrifício na cruz do Calvário.
3.
Vinte quatro
Anciãos.
“Ao redor do trono, há também
vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de
branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (v. 4).
Os vinte quatro anciãos não são anjos, pois cantavam o
cântico de redenção (Ap 5.8-10), estão coroados, já vencedores (1ª Co 9.25),
assentados sobre tronos, mostrando um tempo depois da vinda de Jesus (2ª Tm
4.8). Os anciãos representam os remidos, que foram levados ao Tribunal de
Cristo e coroados logo após o arrebatamento.
Os doze primeiros anciãos deste turno de vinte quatro, são
“os doze patriarcas” de Israel, que estão ao lado de Cristo, representando
todos os remidos da “dispensação da lei” focalizada no Antigo Testamento (cf.
Nm 13.2-3; 17.1-6; Hb 8.5 e 9.23). Os outros doze, representam “os doze
Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns casos eles são chamados de “anciãos (cf.
1ª Pe 5.1; 2ª Jô v.1 e 9; Jo v.1). Estão ao lado de Cristo representando todos
os remidos da dispensação da graça no Novo Testamento (cf. Mt 19.29; Ap 21.12,
14) Estes tronos não estavam vazios, mas estavam assentados sobre eles vinte e
quatro anciãos, com vestidos brancos que representam as justiças dos santos (Ap
21.12-14), e coroas de ouro em suas cabeças. “...em cujas cabeças estão coroas
de ouro”. Está aqui já o início do cumprimento da promessa do Senhor em (Mt
19.28). O Senhor prometeu coroar a Sua Igreja “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei
a coroa da vida” (Ap 2.10). “Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e,
diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus” (4.5).
Atualmente, Deus está assentado sobre o trono da graça (Hb 4.16). Porém, neste
tempo, Deus estará sobre o trono de Juízo. Do trono saem relâmpagos, vozes e
trovões, e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos
de Deus, pois eles são citados no capítulo 1.4 e 3.1 de Apocalipse, e no
capítulo 5.6 os encontramos mais uma vez. Eles também são encontrados no Antigo
Testamento, nas sete lâmpadas da Menorá (Zc 4.2). Que procede do trono de Deus
uma atividade grandiosa e ininterrupta. Assim João observa as sete lâmpadas
diante do Trono, que são interpretadas como a plenitude do Espírito Santo.
“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e
entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres,
bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a
terra” (Ap 5.6).
O Cordeiro é o mesmo Leão que aparece no verso 5. Ele é na
qualidade de um “Cordeiro” na sua mansidão em tratar com Sua Noiva, mas como o
Leão, no Seu poder irresistível para executar juízo contra os pecadores. João
vê no trono de Deus o Cordeiro que havia sido morto, mas ao terceiro dia
ressuscitou. João vê “...sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete
Espíritos de Deus”, que simboliza o Espírito Santo em toda Sua plenitude, pois
ele convence, ouve, salva, julga, humilha, exalta e governa. O número sete não
somente descreve a plenitude da terceira pessoa da divindade, mas é também um
sinal da glória completa de Deus, pois sete é o número da plenitude divina.
“Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que
se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e
depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando. Tu és digno, Senhor e
Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu
criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap
4.10).
Sinal de adoração e respeito supremo, a que se segue o lindo
cântico de vitória, que mostra o verdadeiro culto no céu ao supremo Criador.
Temos a adoração mais profunda da parte dos anciãos, que prostram diante do
Trono, e lançam suas coroas, num gesto de submissão e respeito, ao que vive
para sempre. É a oração inteligente dos remidos que compreendem a santidade e o
amor do Senhor. E num gesto de magnífica adoração prostram-se cantando o lindo
hino de louvor: “digno és, Senhor, de receber glórias, e honra, e poder; porque
tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.
4.
O mar de
vidro.
“Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao
cristal...” (Ap 4.6).
O apóstolo João descreve o que vê “um mar de vidro”, ou
seja, um grande espelho diante do trono do Eterno.
O mar representa povos e nações agitadas no tempo do fim.
Porém, aqui o mar é tranqüilo e sem ondas. Ele não está agitado, mas sim imóvel
diante do trono em contraste com a situação do mar dos povos sobre a terra: “Calai-vos
perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as suas forças; cheguem-se e, então,
falem; cheguemo-nos e pleiteemos juntos” (Is 41.1).
O mar de vidro, lembra a pia de cobre feita por Moisés (Êx
30.18-21), e o mar de bronze do templo terrestre (1º Rs 7.23-26), que era para
purificação. Aqui a purificação está consumada, não há mais necessidade de
água. O mar que João vê representa a pureza, pois ali tudo é puro, calmo e de
perfeita paz.
“... e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro
seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente
é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto
como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando.
E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas,
estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem
de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso,
aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4.6-8).
Há várias interpretações, mesmo sem sentido de dogmatizar,
referente aos quatro seres viventes. Aos olhos de João, eram criaturas
estranhas, porque são desconhecidas dos homens, mas lindas.“Eram cheio de
olhos”. Penetração intelectual, vigilância e prudência. Estas criaturas
viventes não representam a Igreja nem uma classe especial de santos, mas são os
seres sobrenaturais visto no Velho Testamento, que estão sempre em conexão com
o Trono de Deus e a presença de Jeová. São os querubins de Ezequiel, capítulo 1
e 10 (cf. Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).
Todo o simbolismo
dessa passagem é inspirado no profeta do Antigo Testamento. Esses seres vivos
são os 4 anjos responsáveis pelo governo do mundo (Ezequiel 1,20). Eles andam em todas as
direções, numa perfeita visão, cada um tinha quatro rostos, como também quatro
asas, a forma de seus rostos era como o de homem; à direita, os quatro tinham
rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia, todos os
quatro. O aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança de
tochas; tinham quatro rodas em vez de pés, e o aspecto das rodas era brilhante
como pedra de berilo e o espírito dos seres viventes estava nas rodas, e, sem
cessar glorificam a Deus: Santo, santo, santo (Ez 1.6-21). Lembrando os
serafins de Isaías capítulo 6.
João não soubera descrever o que viu, portanto, ele os chama
de “quatro animais”, que são os querubins da visão descrita pelo profeta
Ezequiel.
Se analisarmos profundamente este assunto veremos que o
profeta Elias foi separado do profeta Elizeu, por estes seres (querubins), mas
subiu num redemoinho: “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo,
com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num
redemoinho” (2º Rs 2.11).
Eliseu, foi o único a ver o profeta Elias ser arrebatado.
Foi elevado ao céu com grande impulsão, portanto, ele também não soube descrever
minuciosamente a cena que viu. Os carros de fogo são as rodas dos querubins,
cor de brasas, os cavalos de fogo no nosso entendimento é o rosto dos
querubins.
João ao ver os quatro seres no céu não descreu com suas
minúcias, mas os chama de quatro animais ou quatro seres viventes, conforme o
verso 6.
São representados
com 4 formas. Cada uma delas tem o seu próprio significado. O leão é símbolo do
que há de mais nobre na criação; o touro é símbolo de força; o homem significa
sabedoria; a águia simboliza a agilidade.
[...] Na tradição cristã os
quatro seres viventes estão no meio do trono, segundo o santo Tomás de Aquino
que a doutrina do evangelho de Cristo em Ezequiel nos foi mostrada pelos quatro
seres viventes. Ele atribui à aparência quadriforme do viventes um ensinamento
simbólico sobre Cristo, que se tornou verdadeiro homem, foi imolado como um boi
em sacrifício, ressuscitou com a própria força como um leão e subia ao céu como
uma águia, onde se assentou a direita do Pai como Deus e homem. Também João
chama Jesus no apocalipse de cordeiro de Deus e leão de Judá [Homiliae in
Hiezchielem prophetam, 4].
Pr. Elias Ribas
A Paz do Senhor Pastor Elias Ribas.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, como sempre riquissimo para nosso aprendizado.
Feliz 2015
Abraço fraterno
Pastor Ismael
Forte essa passagem de Apocalipse
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