Leitura
Bíblica
Ef
4.1-13
“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com
que foste chamado, 2 - com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, em
amor, 3 - Procurando guardar a unidade do espírito pelo vinculo da Paz: 4 - há
um só corpo, e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança
da vossa vocação; 5 - um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 - um só
Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos e por todos, e em todos.”
INTRODUÇÃO
No cap. 4, Paulo faz uma transição,
passando do aspecto doutrinário teológico tratado nos três primeiros caps., e
parte para a doutrina dos deveres cristãos. Ele une doutrina e serviço para
fortalecer a plasticidade do cristianismo instituído por Cristo. Portanto, o
cristianismo não é constituído de um punhado de teorias, mas de deveres, isto
é, a prática da doutrina ensinada. Nos primeiros dez versículos deste capítulo,
Paulo sai do “todo” e parte para a individualidade.
UM
ANDAR DIGNO DA ALTA POSIÇÃO
1. O
enfático convite para participar da unidade (v. 1).
Paulo começa com “rogo-vos”, que no
original é parakaleo, que significa
“chamar para estar ao lado de alguém para auxiliar”. O apóstolo faz, de fato,
um apelo veemente com o sentido de encorajar e exortar os crentes que tomem uma
atitude no sentido de participarem da vida cristã em unidade. Ele se
identifica, mais uma vez, como “o preso do senhor” para fazer entender um duplo
sentido. Ele era “o preso do Senhor” por amor a Cristo, mas também preso
fisicamente por causa de sua lealdade a Ele, e ao evangelho que pregava. Mesmo
estando distante, Paulo sentia-se unido aos irmãos em todas as igrejas.
2. A
vocação cristã (v. 1).
A palavra “vocação” neste versículo, tem
um sentido de chamamento, aquele que nos trouxe para a salvação. A Bíblia
destaca três sentidos especiais sobre a “vocação com que foste chamado”; é
soberana (Fl 3.14), é santa, (2ª Tm 1.9; é celestial (Hb 3.14).
2. A
dignidade da vocação cristã (v. 1).
A palavra digno, aqui refere-se ao
comportamento do crente de modo a corresponder ao que Cristo tem feito por ele.
Andar dignamente na vida cristã significa que, quando fomos chamados do mundo
para formar um povo santo e especial, Deus quer que manifestemos nossa unidade
espiritual, como é o caso de judeus e gentios, e vivamos uma vida digna da
vocação divina de que fomos alvo. Agora Paulo passa do ensino doutrinário para
a vivencia nesse ensino na vida diária do crente, Cl 1. 9 e 10; que diz: “Por
esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós,
e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda sabedoria
e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor,
agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no
conhecimento de Deus;
QUALIDADES
DA UNIDADE EM CRISTO
1. O
andar e o serviço do crente (vs. 1-5 e 17).
Neste ponto encontramos as qualidades
espirituais que caracterizam o crente que anda de “modo digno da vocação” (vs.
1 e 2 ), são quatro as qualidades da unidade em Cristo que devem ser cultivadas
pelo cristão. Elas evitam que o poder da carne tome espaço na vida do crente.
Elas sustentam a unidade espiritual do crente em Cristo, tais como humildade,
mansidão, longanimidade e tolerância mútua (“suportando-vos uns aos outros”).
1.1.
Humildade (v. 2).
É impossível que o nosso andar seja digno dessa vocação sem humildade. Essa
qualidade tem a ver com a adequada e justa maneira de nos ver diante de Deus.
Ninguém é digno dessa chamada com presunção e orgulho. É preciso reconhecer-se
dependente de Deus. Na língua original do Novo Testamento a palavra humildade
significa “modéstia”. É uma qualidade que repudia o orgulho e o egoísmo. A
Igreja sempre tem unidade quando os seus membros agem com humildade (Sl 138.6;
Pv 11.2; Mt 11.29; Tg 4.6).
1.2.
Mansidão (v.2).
Esse termo significa literalmente, “gentileza”, “cortesia”, “consideração”. É
uma qualidade importantíssima para a preservação da unidade do corpo de Cristo,
pois o inverso da mansidão é exasperação. A mansidão não discute, nem resiste,
nem teima contra a vontade de Deus. A mansidão não deve ser confundida com a
atitude covarde, nem como falta de energia para tomar decisões. A mansidão é
uma virtude cristã, que pode ser produzida pelo Espírito Santo em nosso caráter
para agirmos com brandura nas horas de conflito (2ª Sm 16.11; Gl 6.1; 2ª Tm
2.25; e Tt 3.2).
1.3.
Longanimidade (v. 2).
Esta palavra tem sua raiz no latim longanimitate,
que se traduz por duas outras palavras, “longo” e “animo”. A humildade e a
mansidão transmitem a ideia de “suportar-nos uns aos outros em amor” para se
viver em humildade. A longanimidade requer o equilíbrio nas ações em momentos
adversos (Tg 5.10). Num mundo de tanto ódios, rancores, exasperações, a
longanimidade se constitui numa qualidade vital para sobrevivência,
especialmente para a unidade do corpo de Cristo. O longânime não se precipita
em vingar o mal nem revidá-lo (Mt 5.3,5,7; 1ª Co 13.4; Gl 5.22; Cl 3.12).
1.4.
Paciência (v. 2).
O ato de suportar as fraquezas dos outros exige do crente uma disposição
altruísta, isto é, requer dele uma atitude que deseja para os outros aquilo que
deseja para si mesmo. É a capacidade de tolerar os mais fracos. Ela é adquirida
através do Espírito Santo que vive no crente; quando temos o verdadeiro amor
tornamo-nos tolerantes, pacientes e amáveis. Paulo escreveu, e nós já estudamos
e já comentamos; no item III. Da lição de número 11, na 3ª parte de 1ª e 2ª aos
Coríntios; o amor em ação, que o amor é paciente (1ª Co 13. 4-6).
1.5.
A preservação da unidade do Espírito (v. 3). “A unidade do espírito” não pode
ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na
verdade e receberam a Cristo, conforme o apostolo proclamou nos capítulos
(1-3). Os crentes devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os
esforços ou organizações, humanos, mas pelo andar como é digno da vocação com
que foste chamados (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade
e o andar segundo o Espírito (vs.1-3,14,15; Gl 5.22-26). Não pode ser
conseguida pela carne (Gl 3.3). São todas as qualidades apresentadas no v. 2,
quando produzidas pelo Espírito Santo. A prática delas fortalece a unidade da
Igreja pelo Espírito mediante o vínculo da paz. A paz é o elo que une cada
crente com os outros pelo Espírito. E o vínculo entre Deus e o crente é a
unidade do Espírito, a qual não é produzida pelo homem, por qualquer esforço
humano.
III.
SETE UNIDADES A SEREM MANTIDAS
A unidade do Espírito é firmada na unidade
da Trindade divina. Nos vs. 4-6; encontramos algumas expressões que confirma a
umidade da Trindade, tais como: Um só Espírito (v. 4); um só Senhor (v. 5); e
um só Deus e Pai (v. 6); Para que haja um só corpo, a Igreja. O exemplo maior é
o da trindade. Porém, a lição que Paulo queria ensinar nos vs. 4- 6; é sobre o
tipo de unidade que mantém a Igreja, que é a unidade da fé e doutrina.
1. Há
um só corpo (v. 4).
O texto de Ef 2. 15 e 16, representa o
retrato da criação da igreja, sob a linguagem figurada do “novo homem” que
forma um corpo, o corpo místico de jesus.
A igreja é a constituição de milhões de
membros no mundo inteiro a formar, “um só corpo” (Rm 12.5; 1ª Co 10.7; 12.12-30).
Somos um só corpo, independente das
diferentes denominações evangélicas, com exceção das falsas igrejas cristãs.
Temos uma só cabeça espiritual, Cristo.
2. Há
um só Espírito (v. 4).
A Igreja tem a vida do Espírito Santo,
assim como o corpo dinamizado pelo espírito humano, o corpo de Cristo é
dinamizado pelo Espírito Santo. É Ele a terceira pessoa da Trindade, que dá
vida ao corpo de Cristo. Só faz parte desse corpo os regenerados pelo Espírito (2ª
Co 5.17; Rm 8.9, 11; 1ª Co 12.12).
3. Há
uma só esperança (v. 4).
A “esperança da nossa vocação”. Quando
Deus nos chamou para a salvação, tornou possível o nosso futuro em Cristo. De
que valeria o cristianismo se existisse somente o hoje, e nunca o amanhã. A
obra que Cristo realizou no Calvário nos propiciou a esperança da glória. Esta
esperança vem da Bíblia a qual nos assegura que um dia teremos a libertação do
corpo de pecado e a obtenção de um corpo espiritual e glorioso, o qual jamais
terá dores e morte (1ª Ts 4.16-18; 1ª Co 15.44, 52-54; Cl 3.4).
4. Há
um só Senhor ( v. 5).
Uma parte essencial da fé e unidade cristã
é a confissão de que há “um só Senhor”:
(1)“Um só Senhor” significa que a obra
da redenção que Jesus efetuou é perfeita e suficiente e que não é necessário
nenhum outro redentor ou mediador para dar ao crente salvação completa (1ª Tm
2.5 e 6; Hb 9.15; O crente deve aproximar-se de Deus, somente através de Cristo
(Hb 7.25).
(2) Um só Senhor significa também, que
devotar lealdade igual ou maior a qualquer autoridade secular ou religiosa) que
não seja Deus, revelado em Cristo, e na sua Palavra inspirada, é a mesma coisa
que recusar o senhorio de Cristo, e, portanto, da vida que somente n’Ele
existe. Não pode haver nenhum senhorio de Cristo e nem unidade do Espírito (v.
3) a parte da afirmação de que o Senhor Jesus é a suprema autoridade para o
crente, e de que esta autoridade lhe é comunicada na Palavra de Deus.
5. Há
uma só fé (v. 5)
Trata aqui do nosso credo, aquela fé
racional e espiritual que produz a vida, diz respeito ao corpo de doutrina da
Bíblia que rege a vida cristã (Gl 1.23; 1ª Tm 3.9; 4.1; 2ª Tm 6.7; Jd 3). A
Igreja rege e obedece a uma só fé, isto é, tem uma só doutrina.
7.
Há um só batismo (v. 5).
Trata-se é evidente, do batismo como sinal
físico e simbólico da nossa entrada no corpo de Cristo, e esse batismo e o
realizado por emersão em águas; É o símbolo do sepultamento de um ser humano
morto para o mundo: “ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus
Cristo fomos batizados na sua morte”? De sorte que fomos sepultados com ele
pelo batismo; na morte, Para que, como cristo ressuscitados mortos, pela Glória
do Pai, assim andemos nós também, em novidade de vida (Rm 6.3-4).
8. Há
um só Deus e Pai de todos (v. 6).
Em sentido geral e correto a afirmação
segundo a qual “Deus é Pai de todos nós”. Evidentemente Deus é Pai de todos,
mas não o é em um mesmo nível de relacionamento.
CONCLUINDO
Podemos dizer que, cada crente, em
particular tem responsabilidade na preservação da unidade do corpo, colocando
em pratica as qualidades que sustentam essa unidade; humildade, mansidão,
longanimidade e paciência.