TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 20 de maio de 2020

UM NOVO POVO DE DEUS


Leitura Bíblica
Ef 2.11-22 “Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pelas mãos dos homens; 12 - que, naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos consertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. 13 - Mas agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. 14 - Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, 15 - na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, 16 - e, pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 - E, vindo ele evangelizou a paz a vós que estável longe e aos que estavam perto; 18 - Porque Por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo espírito, 19 - Assim que não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; 20 - Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; 21 - no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, 22 - No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.”

INTRODUÇÃO.
A história bíblica apresenta o povo de Israel como a semente abençoada e frutífera que, multiplicada sobre a face da terra, representaria o reino de Deus.

Da semente de Abraão, Deus suscitou um povo especial, exclusivo separado de todas as gentes, para ser o seu povo, o seu representante entre as nações.

Prevalece na história bíblica as promessas de Deus para com Israel, mas a revelação bíblica já predita no Antigo Testamento mostra que Deus resolveu criar um novo povo, diferente entre todos os povos, que é a Igreja.

I. UNINDO JUDEUS E GENTIOS

Os vs. 11 e 12 apresentam as características das condições dos gentios no passado.

1. Sem o conserto (v. 11). Paulo começa lembrando o passado com as palavras “noutro tempo” o que indica o estado espiritual anterior dos gentios.

Paulo apela a memória dos gentios crentes para a sua condição anterior a nova vida. “Gentios na carne” tem um sentido metafórico, uma vez que os gentios não tinham a obrigação da circuncisão que os judeus tinham já antes da lei.

A circuncisão tinha um sentido moral e religioso que tornava os judeus diferentes dos demais povos do mundo (Gn 17.9-14). A palavra gentio, também, tinha um sentido, pejorativo, racial e religioso tara os judeus.

Significava ser idolatra adoradores de deuses mortos. Por isso ser “gentio na carne” era não pertencer Á exclusividade do povo de Deus.

2. Sem o sinal de exclusividade. A circuncisão física era também um sinal, uma marca que distinguia os judeus daqueles que eram “chamados incircuncisão” (v. 11). O apostolo Paulo reforça o sentido da expressão “gentio na carne” quando diz que eles são “chamados incircuncisão”,

Os judeus empregavam o termo incircuncisão em tom depreciativo; eles criam que os gentios, pelo fato de não serem judeus e nem terem feito a circuncisão, estava fora das bênçãos, sem direito a nada diante de Deus.

- O extremismo dos judeus era tal que tratavam os gentios de “cães”.
Mas Paulo, pela revelação divina, entendeu que a circuncisão feita na carne se torna vã para receber a graça de Deus, e mostrar-lhes que a verdadeira circuncisão não é feita por mãos humana mas pelo Espírito Santo (Rm 2.28-29).

4. Sem Cristo (v. 12). Os gentios não tinham qualquer afinidade com o Messias dos judeus cristãos ainda não tinha uma completa compreensão da nova posição e privilégios em cristo, dos gentios salvos.

Entretanto Paulo desfez essa ideia de exclusivismo dos judeus sobre os direitos espirituais das bênçãos da salvação.

Cristo uma vez aceito como salvador e senhor, torna-se direito de todos, (Fl 2.5-11), e o elo de reconciliação entre Deus e todos os homens, gentios e judeus, (Cl 1.19-23).

5. Sem direito á comunidade de Israel (v. 12). Essa comunidade é o resultado   de um pacto entre Deus e o povo de Israel de um teocrático.

Isto é, um governo direto de Deus através de homens que o serviam como porta vezes da divindade.

Os gentios estavam fora desse pacto que só os judeus podiam participar.

Eram considerados “estranhos aos concertos” porque os concertos eram exclusivos com o povo de Israel e desconheciam a promessa de um Salvador que um dia viria para mudar a sorte de Israel e instalar um novo reino, (Rm 9.4).

6. Sem “esperança e” (v. 12). Condenados, cegos e escravos, os gentios não podiam esperar nada; por isso, não tinha esperança (Rm 2.14-16).

7. Sem Deus no mundo. A expressão sem Deus aparece no original grego como atheoi que dá a ideia de que eles não possuíam um conhecimento verdadeiro de Deus.

Os gentios possuíam muitos objetos de culto, isto é, muitos deuses, (1ª Co 8. 4-6), mas desconheciam o único e verdadeiro Deus. Viver sem Deus pode indicar uma forma de ateísmo.

Mesmo que os homens neguem a existência de Deus, e outros vivem entregues aos ímpetos do pecado, a Bíblia declara que há um certo grau de conhecimento de Deus em todo homem, (Rm 1.19). Inevitavelmente, todo o ser humano tem uma certa intuição da realidade de Deus dentro de si.
O espírito humano é dotado da capacidade de sentir o sobre natural.

Os gentios viviam se Deus porque não o conheciam, mas quando Jesus Cristo o fez conhecido por seu evangelho, eles o aceitaram, e o receberam e, têm os mesmos privilégios dos judeus. Ambos os povos estão no mesmo nível de direito e privilégios diante de Deus.

II. UNIDADE NO CORPO DE CRISTO

1. Antes estávamos “longe”; agora chegamos “perto” (v. 13).

É o paralelo entre a velha e a nova vida (vs. 11 e 12), antes sem Cristo; agora em cristo, v. 13, “longe” e “perto” separados na carne” agora unidos no Espírito (v. 18).

Esse contraste foi possível graças a obra expiatória de Cristo as barreiras foram quebradas.

2. Antes, sem reconciliação; agora temos paz com Deus (vs. 14-16).

Em Cl 1.20; aprendemos que a paz vem através do sangue de Cristo na cruz, porque através da morte, reconciliou todas as coisas consigo mesmo, nos céus e terra.

Não tínhamos paz com Deus, mas Cristo uniu o homem a Deus, e propiciando-nos essa paz reconciliadora.

Através dessa paz El desfez as inimizades (v. 16).

3. Antes éramos dois povos; agora, somos um só (v. 15).

O sentido da palavra homem neste versículo não é individual, mas genérico.

A unidade espiritual de dois homens, judeu e gentio, isto é, dois povos, foi feita por Cristo em si mesmo.

Agora todos os que são salvos em Cristo Jesus, formam um só corpo, o corpo de Cristo a Igreja.

Por isso não pode haver ver mais diferenças nem privilégios, mas todos somos um só em Cristo.

4. Antes não tínhamos acesso ao Pai; agora em cristo isto é possível (vs. 18-19).

Nossos pecados eram a barreira de acesso ao Pai, mas Jesus expiou nossos pecados e abriu a porta á comunhão com o Pai. Esse glorioso acesso tem a garantia da obra expiatória de Cristo, e é o Espírito Santo quem o possibilita ao Pai.

O Espírito Santo da testemunho entre do crente perante o Pai e Jesus Cristo.

Este acesso espiritual, mostra-nos a Trindade Santíssima em ação na realização da salvação no ser humano, trazendo a unidade espiritual entre os povos como uma de suas bênçãos.

Todos nós temos bênçãos e privilégios comuns no corpo de Cristo (1ª Co 12.12).

III. UNIDADE NA CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE DEUS

Nos vs. 20-22 a Bíblia emprega a tipologia da família para ilustrar a relação do povo com Deus, e a tipologia de uma construção para ilustrar a participação individual de cada crente na edificação do reino de Deus.

Nestes versículos ele ilustra a construção de um edifício, no qual os crentes são pedras vivas, e Cristo a Pedra angular (Sl 118.22; Mc 12.10; At 4.11; 1ª Pe 2.7).

1. O fundamento dos apóstolos e dos profetas (v. 20).

Os profetas do Antigo Testamento profetizaram sobre Cristo e sua Igreja, e os profetas do N. T. confirmaram as antigas profecias.

Por isso os apóstolos e profetas representam a essência e cumprimento de tudo quanto Jesus ensinou.

Portanto, eles se constituem o fundamento desse edifício espiritual que ainda está em construção, e nós “pedras vivas”, somos edificados sobre este fundamento (Sl 118.22; Mc 12.10; At 4.11; 1ª Pe 2.7).

Toda Palavra de Deus revela a construção desse edifício espiritual a Igreja de Cristo.

2. O lugar de cada crente no edifício de Deus, (vs. 21-22).

Se somos “pedras vivas”, lapidada pelo Espírito santo, nos ajustamos perfeitamente neste edifício.

Somos colocados nele como pedras umas sobre as outras, isto indica uma obra progressiva e contínua.

Somos ajustados pelo Espírito Santo para sua morada.

Isto é, somos o templo do espírito no mundo.

CONCLUSÃO.
Deus nos uniu em Cristo para formar um novo povo, a Igreja.

Todos nós, os crentes, somos um povo especial, e, hoje, representamos e cuidamos dos interesses de Deus no mundo.

EDIFICADOS SOBRE O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E DOS PROFETAS


LEITURA BÍBLICA Efésios 2.20-22; Mateus 7.24-27.

Efésios 2.20-22 “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; 21 - no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para templo santo no Senhor, 22 - no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.

Mateus 7.24-27 “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. 25- E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 - E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 27 - E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”

INTRODUÇÃO.
Por meio da reconciliação efetivada na cruz, Cristo formou a Igreja (2.13,19). O apóstolo Paulo a compara como um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo e o fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas (2.20). Assim, há o propósito divino de que sejamos o templo santo do Senhor, a morada do Altíssimo (2.22). Nesta lição, estudaremos cada um desses aspectos.

Nosso Senhor Jesus Cristo é o edificador da Igreja. Os santos profetas e apóstolos testemunharam e ensinaram sobre este edificador. Nesse sentido, podemos dizer que a fé cristã é um edifício em que Cristo é a pedra angular, isto é, a pedra principal; e os ensinos dos apóstolos e os testemunhos dos profetas são o fundamento erguido sobre esta pedra angular. Portanto, tudo o que os apóstolos e os profetas ensinaram e testemunharam é fiel ao que Cristo ensinou e praticou.

I. UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL

1. O santuário judeu. O templo em Jerusalém era o símbolo do exclusivismo de Israel como povo de Deus (1º Rs 8.16-20). A proibição dos estrangeiros acessarem o Templo era um motivo de inimizade entre judeus e gentios (2.14). Ao reconciliar ambos os povos, Cristo aboliu as leis cerimoniais, desfez a inimizade entre eles e formou uma nova humanidade - a Igreja (2.18,19). Assim, o templo judaico perde sua relevância e um novo conceito de santuário é apresentado.

2. O santuário cristão. Os que pertencem a Cristo são comparados a um edifício onde Deus habita em Espírito (2.22). O ensino apostólico lembra Salomão, quando este reconheceu que o templo em Jerusalém não poderia conter a Deus (1º Rs 8.27); e reafirma a instrução de Estevão em que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 7.48; cf. 17.24). Desse modo, os crentes — judeus ou gentios — tornaram-se o templo onde o Espírito de Deus habita (1ª Co 3.16), em que eles são “pedras vivas” em um “edifício espiritual” (1ª Pe 2.5).

3. A pedra angular. Na arquitetura antiga, a construção de um edifício requeria uma pedra angular. Ela é traduzida como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”. Ela era posta no canto do prédio para sustentar o alicerce, firmar e unir toda a estrutura e manter as paredes em linha certa. Para que se tenha uma ideia dessa dimensão, em uma das escavações no local do templo em Jerusalém, foi encontrado um monólito com cerca de 12 metros de comprimento.

4. Cristo, a pedra principal. A identificação de Cristo como a pedra angular remonta a profecia messiânica em que a pedra rejeitada “tornou-se cabeça de esquina” (Sl 118.22). Ele mesmo afirmou ser “a cabeça da esquina” (Mc 12.10), assim como também os apóstolos testificaram ser Cristo “a pedra principal” (At 4.11; 1ª Pe 2.7). Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24).

II. O FUNDAMENTO: APÓSTOLOS E PROFETAS

1. O conceito de Apóstolos. O termo grego apóstolos é usado para “enviado” ou “mensageiro”. O apostolado é centrado na natureza da missão de Cristo, que foi enviado para ser o salvador do mundo (Hb 3.1; 1ª Jo 4.14). Nos Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas usam o termo quando se referem aos doze escolhidos por Jesus (Mt 10.2-5; Mc 6.30; Lc 6.13). Eles foram testemunhas oculares do ministério, morte e ressurreição de nosso Senhor (At 1.21,22). Assim, Paulo também foi chamado pelo próprio Senhor para ser Apóstolo (1ª Co 15.8,9; Rm 1.1). Aos apóstolos foi confiado o ministério da Palavra com o compromisso de instruírem a Igreja (At 6.2-4). Nesse aspecto, os apóstolos são aqueles que foram comissionados por Cristo para a Igreja primitiva, e a mensagem de Cristo, o fundamento.

2. A doutrina dos apóstolos. Embora não se possa desassociar das pessoas o ofício que ocupavam, o que constitui o fundamento da igreja não são os apóstolos em si, mas a doutrina que eles ensinavam, ou seja, as Escrituras (At 2.42; 2ª Tm 3.16). Os apóstolos receberam a doutrina diretamente de Cristo (Rm 6.17; 1ª Tm 1.3; 2ª Pe 3.16). Assim como não se pode mexer na pedra angular depois de colocado o alicerce, igualmente o fundamento da Igreja não pode ser violado. Acerca disso, o Senhor Jesus asseverou: “as minhas palavras não hão de passar” (Lc 21.33). A Bíblia de Estudo Pentecostal ratifica que a revelação dos Apóstolos conforme temos no Novo Testamento nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior.

3. O testemunho dos profetas. A palavra grega prophetes significa proclamador e intérprete da revelação divina. A ordem da frase em Efésios 2.20, “apóstolos e profetas”, indica tratar-se dos profetas da Igreja, e não os do Antigo Testamento. Mais adiante Paulo assegura que a compreensão do mistério que no passado estivera oculto, de que os gentios tinham igual posição no Corpo de Cristo e eram participantes da promessa, foi revelado pelo Espírito aos profetas do Novo Testamento (3.4-6). Assim, os profetas neotestamentários que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2ª Pe 1.21) perfazem o alicerce da Igreja de Cristo.

SUBSÍDIO BÍBLICO -TEOLÓGICO

“‘Essencialmente, a igreja representa uma comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos pode ser comparada a um edifício e, especialmente, a um templo’ (Stott, 106). A frase ‘edificados sobre o fundamento’ é a transição para essa analogia da Igreja como um edifício em processo de construção. Em 2.20-22, Paulo novamente assegura aos gentios que formarão parte integral da igreja que Deus está construído. […] A Igreja é ‘edificada’ sobre a revelação original e infalível de Cristo aos primeiros apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar que líderes visionários e santos, pessoas cheias da Palavra e do ‘espírito de sabedoria e de revelação’ (1.17), continuam a ser necessárias para liderar a Igreja ‘até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. RJ: CPAD, 2017, pp.419,420).

III. EDIFICADOS PARA MORADA DE DEUS

1. Edifício bem ajustado. A expressão “todo o edifício, bem ajustado cresce” indica um processo contínuo de desenvolvimento dos crentes (2.21). Assim como todas as partes do edifício precisam estar harmônicas (Cl 2.2; 1Co 1.10), o crescimento da igreja também depende de tudo ser bem ajustado a Cristo (Rm 14.15,16; 2ª Co 13.11). Nessa caminhada o salvo comporta-se como filho obediente e passa a evidenciar o fruto do Espírito (1ª Pe 1.14; Gl 5.22). O desenvolvimento prossegue até alcançar à medida completa de Cristo (Ef 4.13), pois todo crente bem ajustado torna-se “templo santo no Senhor” (2.21).

2. Templo santo no Senhor. A palavra aqui usada para templo é o vocábulo naon , que designa o recinto interior (o Lugar Santíssimo), ou seja, o lugar do encontro do sumo sacerdote com Deus (Hb 9.7). Todavia, a analogia paulina não se refere a uma estrutura material, mas sim ao crente que se tornou templo santo (1ª Co 3.16). Separado do pecado, quem pertence a Cristo passa a viver em santidade (1ª Pe 1.15; 1ª Jo 1.7). Como resultado, ao desfrutar da comunhão divina, o crente recebe o livre acesso à presença do Pai, tornando-se assim, “morada de Deus no Espírito” (2.22; Hb 4.14-16).

3. Morada do Altíssimo. No Antigo Testamento, a expressão “morada de Deus” fazia alusão ao tabernáculo e, depois, ao templo Israelita. Indicava lugar de habitação permanente e de comunhão íntima. Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22) e que tal afirmação ratifica o ensino apostólico de que “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 17.24). Ele reside individualmente dentro de cada cristão, bem como no corpo inteiro de crentes, a Igreja formada por judeus e gentios (Jo 14.23; 1ª Co 3.16).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Templo do Espírito. Outra figura muito significativa da igreja, no Novo Testamento, é ‘o templo do Espírito Santo’. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1ª Co 3.11). Em outra Epístola, no entanto, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20). Talvez isto signifique que esses primeiros líderes tivessem sido usados de modo muito especial pelo Senhor, a fim de estabelecer e fortalecer o templo do Espírito com os ensinos e práticas que haviam aprendido de Cristo e que continuam a ser comunicados aos crentes hodiernos através da Escrituras” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018, p.546).

CONCLUSÃO.
A comparação da Igreja como edifício em construção indica que estamos em processo de aperfeiçoamento até que todos cheguemos à unidade da fé (4.12,13). A pedra angular, que é o próprio Cristo, não pode ser substituída. A doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas não podem ser revogados.

BAPTISTA, Douglas. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020. Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas. CPAD – RJ.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

O CRISTO O DEUS ENCARNADO



I. A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO - ANTES DA CRIAÇÃO DO MUNDO

1. A doutrina da pessoa de Cristo (Cristologia) é crucial para a fé cristã. É básica para a soteriologia, pois, se nosso Senhor não era quem afirmava ser, então, seu sacrifício foi deficiente, não sendo suficiente para pagar pelos pecados da humanidade.

Quando o Senhor Jesus encarnado veio realizar a obra de redenção da humanidade, Deus tornou-se o Filho do homem, aparecendo-se e realizando a obra entre os homens. Ele não apenas abriu a Era da Graça, mas iniciou uma obra nova era na qual Deus veio pessoalmente ao mundo humano para viver entre os homens. Com grande adoração, o homem chamou o Senhor Jesus de Cristo, o Filho de Deus. Sim! Naquele tempo, o Espírito Santo também testemunhou que o Senhor Jesus é o Filho amado de Deus, e o Senhor Jesus chamou Deus de Pai celestial. Assim sendo, o homem acreditou que o Senhor Jesus era o Filho de Deus.

2. A Encarnação do Verbo tornou-se o “Principal pilar da fé cristã”. Afinal para crer e aceitar esse mistério só por meio da fé, (Papel principal da Doutrina de Cristo), provocar a fé veja: João disse: “Deus enviou seu Filho Unigênito para todo aquele que nele crer não pereça mais tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Jesus mesmo afirmou várias vezes o fator crer nele: “Quem crer em mim como diz as escrituras do seu interior correrão rios d’águas vivas” (Jo 7.38), O fator crer era a chave para se achegar a Deus (Jo 14.1). Veja bem! A fé que sig confiança crença, acreditar ou simplesmente crer! Era enfatizado, como alicerce, raiz, base e estrutura sólida (Hb 11.1). Sem ela é totalmente impossível agradar a Deus (v. 6). O justo vive por meio dela e por ela (Rm 1.17). Ela vem-nos por meio da pregação da palavra (Rm 10.17). A Palavra é o Próprio Cristo! Então é d’Ele que vem a nossa base de fé! Graças a Deus!

O mistério da encarnação de Cristo, pôs em movimento o “Plano da Salvação” arquitetado antes da fundação do mundo (Ef 1.1-6). Partindo da premissa que afirma ser Deus Onisciente, sabedor de tudo, passado, presente e futuro, sem precisar de subterfúgios ou meios de previsões! É notório que Ele sabia que o homem cairia, todavia Ele não impediu a queda, por que o homem precisava ser provado! Note Deus queria criaturas capazes de servi-lo, por amor! Enquanto Satanás regozijava com a queda do homem, Deus vê nela “A queda” tudo o que queria para nos provar seu amor e com isto dá uma lição a Satanás sem precisar mover um dedo, apenas um homem, um homem/ou mulher que estivesse disposto a aceitar o desfia da fé! Gloria a Deus!

O Mistério da encarnação nos revela o plano da salvação! Este acontecimento é o fato fundamental da fé Cristã, pois a encarnação do verbo reflete a união da natureza Divina com a Humana. Esse mistério revelado é o acontecimento mais mirabolante e envolvente do Cristianismo! Jesus encarnando nascendo da virgem como foi predito! Amem!

3. O significado da preexistência de Cristo. Significa que Jesus existia antes de nascer como homem, antes mesmo até da criação do tempo. É um conceito paralelo, mas distinto da “eternidade”.

2. A importância da doutrina da preexistência de Cristo. O maior testemunho da preexistência de Cristo vem dele mesmo, pois declara implicitamente e explicitamente a sua condição de existência antes da encarnação.

2.1. No nascimento. Se Cristo veio a existir em seu nascimento, Ele é apenas um homem comum, ou seja, nunca existiu. Porém, quando lemos o texto do profeta Isaías ele diz que o menino (que se refere a Jesus) e: “...Deus Forte, Pai da Eternidade...” (Is 9.6).

2.2. Na divindade. Se Cristo não era preexistente, então, não poderia ser Deus.
Fl 2.6 “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.”

Antes de ser gerado pelo Espírito Santo no ventre de sua mãe, Jesus já preexistia sendo parte da Trindade Divina.

2.3. Nas declarações. Se Cristo não era preexistente, ele mentiu a respeito de quem ele era e, consequentemente, possivelmente teria mentido também sobre outros assuntos.

3. As evidências da preexistência de Cristo.
3.1. Sua origem celestial. Jesus declara que desceu do céu, ou seja, Ele já existia antes de Seu nascimento.

Jo 3.13 “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.”

Jo 3.13, 31: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. 31 - Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos. 38 - Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 51 - Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. 58 - Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. 62 - Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?”

3.2. Ele afirma claramente que existia no céu antes da sua vinda a esta terra. Jesus declara que foi enviado, que desceu, isto implica em existência anterior à sua vinda: Jo 8.42 Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.”

Jo 13.3 “Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus.”

Jo 16.28 “Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.”

3.2. Sua obra na criação. Cristo estava envolvido na obra da criação, sendo anterior a ela:

Jo 1.3 “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.”

Cl 1.16 “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.”

Hb 1.2 “A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.”

3.3. Seu relacionamento com Deus. A Bíblia afirma que Jesus tem a mesma natureza de Deus e que possuiu a mesma glória do Pai antes de o mundo existir.

A. Natureza. Jo 10.30 “Eu e o Pai somos um.”
Fl 2.6 “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.”

B. Glória. Cristo afirma que já existia em glória antes da fundação do mundo.
Jo 17.5 “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. 24 - Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.”

3.4. Seu relacionamento com João Batista. João Batista reconhece a existência de Jesus antes de ele vir a existir, mesmo tendo ele nascido antes do Jesus encarnado. Jo 1.15,30 “João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. 30 - Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.”

II. A ETERNIDADE DO CRISTO PRÉ-ENCARNADO

1. O significado da eternidade de Cristo.
Jesus sempre existiu, eternamente. A eternidade e a preexistência andam sempre unidas, apesar de Ário ter afirmado a preexistência de Cristo e negado sua eternidade, ponto de vista defendido atualmente pelas Testemunhas de Jeová.

A palavra Pai da Eternidade referindo-se a Jesus (Is 9.6), mostra-nos que Ele é Eterno. A palavra Eterno no hebraico ["עלמּ" `olam], está relacionado a duas dimensões: “mundo físico e também ao tempo eterno.

Esta única palavra aparece na Bíblia, com variações, não menos que 437 vezes. Na língua hebraica, `olam (עלמּ) representa tanto a dimensão física quanto a dimensão do tempo - relacionando-se, especificamente, com sua propriedade “ilimitada”. Assim, `olam ( עלמּ ) significa, simplesmente, “mundo físico” (tudo o que existe), mas também fala de “tempo”, “eternidade” (relacionado ao tempo sem limites), ou o tempo decorrido desde o início dos tempos até a eternidade.

A palavra `olam (עלמּ) é derivada da raiz "עלמּ" `alam, que significa ocultar, esconder, ser escondido, ser ocultado, ser secreto. Na língua hebraica, essa raiz é origem de muitas palavras, todas com um senso comum: ser escondido, ocultado. Exemplos incluem "העלם" healem (esquecimento, desaparecimento), "תעלמה" ta`alummah (mistério, segredo), "להעלים" le-halim (esconder) e "להתעלם" le-hitalem (ignorar, agir como se algo é inexistente).

Olhando o sentido da palavra no seu significado mais concreto como era utilizado nos primórdios pelo povo hebreu, `olam (עלמּ) significa “além do horizonte”, apontando para algo distante e escondido, tanto físico quanto temporal, por isso a relação de `olam (עלמּ) com sua raiz `alam (עלמּ).

Você pode então justificadamente perguntar: Qual é a conexão entre “mundo” e “ocultação”? A resposta está escondida no clamor do profeta Isaías a Deus:

“Verdadeiramente, Tu és Deus que Se oculta (se esconde, misterioso), ó Deus de Israel, ó Salvador.” (Isaías 45.15)

O tema do Deus oculto é repetido inúmeras vezes na Bíblia. Por exemplo, quando Moisés pede a Deus “Mostre-me a Tua glória” (Êx 33.18), a resposta que ele recebe é:

“Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. 22 - E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. 23 - E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.” (Êx 33.21-23).

A tradição judaica interpreta isso implicando que a presença de Deus pode ser evidenciada pelas coisas que já ocorreram no passado (“Tu Me verás pelas costas”), entretanto, a própria existência de Deus está escondida dos olhos. Isso é muitas vezes comparado com o fato de que se pode ver o corpo humano, em suas várias manifestações, mas não a alma e o espírito que reside dentro de cada um. Da mesma forma como no Tabernáculo de Moisés no deserto, onde o Pátio (que simboliza o corpo) poderia ser visto abertamente, mas o Lugar Santo (que representa a alma) e o Lugar Santíssimo (que representa o espírito), ficavam escondidos pelas várias coberturas e os véus do Santuário. Por isso o autor de Hebreus escreve que o caminho ao SENHOR foi por meio da destruição do véu (a cobertura que simboliza a carne ... nesse caso a carne de Jesus que escondia a Sua natureza divina) que esconde o Santuário:

“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne” (Hb 10.20).

O sentido e o uso da palavra `olam (עלמּ) agora se torna claro: o mundo inteiro é uma manifestação do oculto de Deus. Deus está no mundo, mas o mundo inteiro é também um testemunho do Deus que Se esconde (Is 45.15) e isso para que o homem sempre tenha que fazer uso da fé, porque ...

“... sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que O buscam.” (Hb 11.16).

O significado na palavra hebraica para “mundo” e “eternidade” agora torna-se óbvio: em uma única palavra, `olam (עלמּ), está descrito toda a criação que envolve o mundo físico e o tempo, percebidos na física moderna pela relação espaço-tempo que rege o universo, mas que também fala do Criador de todas as coisas e que Se esconde, que Se oculta para que o homem possa fazer uso de seu poder de escolha e busque ou não ter um relacionamento com aqu’Ele que o criou (Elohim Bara).

Este nome é traduzido em nossas Bíblias como “Deus Eterno”, embora pudesse ser traduzido como “Deus dos séculos ou gerações.” EL-OLAM é encontrado pela primeira vez em gênesis 21.33. EL-OLAM nos mostra que Deus é o Deus do tempo, tudo o que acontece está sob o controle de Deus. Ao longo da história da humanidade EL-OLAM tem se manifestado e revelado o seu propósito ao homem, sua máxima revelação e manifestação se encontra na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo:

“Deus falou muitas vezes e de muitos modos anteriormente aos nossos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos tem falado pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb 1.1-2). Jesus Cristo tem atributos eternos. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8). Ele obteve para nós a redenção eterna (Hb 9.12).

2. A importância da doutrina da eternidade de Cristo.
Se a eternidade do Verbo é negada, então:
(a) Não existe Trindade.
(b) Cristo não possui divindade absoluta.
(c) Ele mentiu.

3. As evidências da eternidade de Cristo.
3.1. A essência de Cristo. Cristo é da mesma essência de Deus. Hb 1.3 “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.”

3.2. Os profetas. Os profetas anunciaram a eternidade de Cristo.
Isaías 9.6 “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”

O cristianismo sempre entendeu que Deus é eterno (Rm 16.26). A eternidade, como característica do ser divino, trata da relação de Deus com o tempo.

Para melhor compreendermos a doutrina da criação faz-se necessário analisarmos os três conceitos que os gregos antigos tinham para tempo: kronos, kairós e Aion.

A. O tempo kronos: refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, tempo do calendário, do relógio, tempo que costuma nortear a vida terrena, é o tempo dos homens.

B. O tempo kairós: É uma antiga palavra grega que significa a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o “tempo de Deus”, enquanto chronos é de natureza quantitativa, o “tempo dos homens”.

C. O tempo Aeon: já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

Quando Jeová criou a terra não foi no tempo literal, mas o tempo kronos. No Salmo 90 está escrito: “Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem que passou, e como uma vigília da noite”. 
Em 2ª Pedro 3.8: “Amados, não ignoreis uma coisa: “um dia para o senhor é como mil anos e mil anos como um dia”

- Todavia, não havia sol e nem lua, e o universo estava sob tempo de Jeová (Aeon) e não do homem. Em “seis dias” em tempo remotos e sem haver ninguém presente para relatar o processo da operação.
Como resultado, toma-se a eternidade divina como significando que Deus é totalmente e completamente desvinculado e alheio a qualquer realidade temporal ou histórica. As consequências de uma ideia como essa permeiam e condicionam toda a concepção clássica da natureza e dos atos divinos.

Isaías 57.15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

Mq 5.2 “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.”

3.3. Jesus declara que existia antes de Abraão - Jo 8.58-59 “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. 59 - Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.”

Cristo afirmou Sua existência eterna. Porém, os judeus perguntam: “Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?” Indicando claramente que o homem Jesus não tinha idade suficiente para fazer esta declaração, mas o Filho de Deus existia eternamente, o que equivalia a declarar-se Deus e, por isso, quiseram apedrejá-lo (Jo 8.56-59). A expressão “Eu sou” afirma sua eternidade e divindade.

3.4. A declaração de João. O evangelista João claramente afirmou a eternidade do verbo Jo 1.1 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”

3.5. A declaração do apóstolo Paulo – 1ª Timóteo 1.15-17: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 - Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna. 17 - Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”

V. 17 Rei eterno. Ao contrastar sua nova vida em Cristo com sua vida anterior de intolerância e ódio, Paulo prorrompe em uma gloriosa doxologia de gratidão (sobre semelhantes hinos de gratidão.

Esta atribuição de louvor é oferecida a Deus em vista da misericórdia que ele havia demonstrado a tão grande pecador. Além do mais, Deus se revelou como Salvador de uma maneira específica e pessoal, isto é, em Jesus Cristo o Filho de Deus. Em Sua sabedoria e decreto soberano, Deus fez de Cristo o único caminho pelo qual podemos conhecê-lo como Salvador. Ele não salva à parte de Jesus Cristo. Dessa forma, Jesus é a única esperança para a humanidade. Os não cristãos não têm nenhuma base para pensar que eles serão declarados justos diante do trono de Deus, ou para pensar que algo bom acontecerá a eles após a morte. Eles enganam a si mesmos quando se apegam aos seus falsos deuses e superstições, incluindo sua ciência e filosofia, e aqueles que confiam em suas boas obras não conseguirão nada melhor

Para o duplo testemunho que acabou de ser apresentado, a doxologia de louvor vem como o clímax e a fonte da profunda adoração e gratidão de Paulo. Deus Pai não foi mencionado no contexto, portanto esta doxologia dirigida a Deus possivelmente pode ser aceita como

dirigida a Cristo ou ao Deus Triúno.

Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus
Blumenaus SC

quarta-feira, 13 de maio de 2020

CRISTO É A NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS



LEITURA BÍBLICA

Efésios 2.14-19 “14 - Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, 15 - na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, 16 - e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 - E, vindo, ele evangelizou a paz a vós que estáveis longe e aos que estavam perto; 18 - porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. 19 - Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus.”

INTRODUÇÃO
Se na lição anterior, analisamos o antigo quadro desolador acerca dos gentios, em que o apóstolo Paulo descreveu (2.11,12), nesta veremos que houve uma significativa mudança na sequência do capítulo dois. No versículo 13 Paulo usa a expressão adversativa, “mas agora” para indicar que algo aconteceu e alterou a situação dos gentios. Ele explica que essa mudança repousa na Obra que Cristo realizou: “vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (2.13).

I. CRISTO DESFEZ A INIMIZADE ENTRE OS HOMENS

O exclusivismo religioso criou inimizade entre judeus e gentios. Nesse ponto veremos o que Cristo fez para dar fim a esse litígio entre os homens (2.14,15).

1. A parede de separação entre os homens. Trata-se de uma analogia com as muralhas do templo em Jerusalém. A estrutura da construção revela o exclusivismo religioso do Judaísmo. Entre o santuário e o átrio dos gentios havia um muro de pedra com a proibição de acesso aos estrangeiros. O extremismo judaico quanto a esse aspecto levou Paulo à prisão quando ele foi acusado de permitir um grego ultrapassar essa barreira (At 21.28-30).

2. A derrubada da parede da separação. O apóstolo declara que em Cristo foi derrubada “a parede de separação que estava no meio” (2.14b). Essa barreira era tanto literal como espiritual, mas por mérito da cruz de Cristo a divisória foi rompida. Assim, não somos mais forasteiros, mas somos da família de Deus, temos acesso à presença do Pai (2.18) e, pelo sangue de Cristo, temos livre entrada no santuário de Deus (Hb 10.19).

3. O conceito da lei dos mandamentos. A compreensão desse conceito repousa na visão tripartida da lei mosaica: a moral, a cerimonial e a civil, que na verdade são três esferas da mesma lei. A lei civil diz respeito ao israelita como cidadão. A lei moral permanece em vigor como padrão de conduta, mas não como meio de salvação (2.8,9). A lei cerimonial é citada como sendo a “circuncisão”, “sacrifícios”, “comida e bebida”, “dias de festas, lua nova e sábados” (Cl 2.11,16). Esses ritos identificavam a posição do povo judeu diante de Deus e demonstrava a hostilidade deles para com os gentios.

4. A revogação da lei dos mandamentos. A eliminação das barreiras que dividiam judeus e gentios se deu pela revogação da “lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças” (2.15b). Essa revelação não contradiz o que Jesus disse: “não vim para revogar, mas cumprir a lei” (Mt 5.17 – NAA). Visto que, ao entregar seu corpo para ser crucificado, Cristo cumpriu a Lei oferecendo-se como sacrifício em favor de ambos os povos (Hb 7.27). Desse modo, a revogação aqui aludida é a da lei cerimonial, que resultava em separação entre judeus e gentios. O ato de Cristo, oferecido a Deus em cheiro suave, aboliu a necessidade dessas ordenanças ritualísticas e assim a inimizade foi desfeita (5.2).

II. PELA PAZ, CRISTO FEZ UM “NOVO HOMEM”

A partir da expiação na cruz, a paz foi proclamada e de ambos os povos, judeus e gentios, Cristo fez uma nova humanidade (2.14-17).

1. O conceito bíblico de paz. De forma geral, a paz é a descrição de boas relações (At 24.2,3), do fim de um conflito (Lc 14.32), do estado de tranquilidade (1ª Rs 4.24) e de uma qualidade espiritual (Gl 5.22). Na passagem em apreço, o apóstolo ressalta a paz conferida por meio de Cristo. Sua morte na cruz desfez a nossa inimizade com Deus e como os homens, tornando possível a reconciliação entre ambos e, promovendo assim, a paz (Cl 1.20).

2. Cristo é o motivo da nossa paz. Paulo declara que Cristo “é a nossa paz” (2.14b). Essa expressão aponta para uma conotação mais profunda, pois Cristo não é apenas o “autor da paz”, mas literalmente “a nossa paz”. Isso implica o conceito de “comunhão espiritual”, ou seja, Cristo habita em nós sendo Ele mesmo a nossa paz: Jo 14.23-27 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. 24 - Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou. 25 - Tenho-vos dito isto, estando convosco. 26 - Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. 27 - Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”
- Desse modo, essa paz repousa na igreja, entre o crente e Deus e entre judeus e gentios, agora um único povo em Cristo Jesus (2.14.b).

3. A nova humanidade formada pela paz. Cristo uniu os povos que outrora se hostilizavam, para criar “em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz” (2.15c). Essa unidade não foi o resultado de algum acordo firmado entre os homens. Ela foi realizada “em si mesmo”, ou seja, o único modo possível era “em Cristo” e “por meio de Cristo”. A partir desse ato surge uma nova humanidade: a Igreja, “onde não há circuncisão e nem incircuncisão” (Cl 3.11). Foi Cristo quem criou esse novo povo “fazendo a paz” (2.15c). Nele, as desigualdades foram eliminadas, a acepção de pessoas desfeita, a etnia e a classe social desapareceram (Rm 2.11; Gl 3.28).

4. A restauração da paz. Embora o resultado da queda fosse a destruição da paz e do bem-estar para a raça humana, e até mesmo para a totalidade do mundo criado, Deus planejou a restauração do shalom; logo, a história da reconquista da paz é a história da redenção em Cristo.

4.1. Tendo em vista que Satanás deu início à destruição da paz no mundo, o restabelecimento da paz deve envolver a destruição de Satanás e do seu poder. Por isso, muitas promessas do AT a respeito da vinda do Messias era promessas da vitória e paz vindouras. Davi profetizou que o Filho de Deus governaria as nações (Sl 2.8,9; cf. Ap 2.26,27; 19.15). Isaías vaticinou que o Messias reinaria como o Príncipe da Paz (Is 9.6). Ezequiel predisse que o novo concerto que Deus se propôs estabelecer através do Messias seria um concerto de paz (Ez 34.25; 37.26). E Miqueias, ao profetizar o nascimento em Belém do rei vindouro, declarou: ‘E este será a nossa paz’ (Mq 5.5).

4.2. Por ocasião do nascimento de Jesus, os anjos proclamaram que a paz de Deus acabara de chegar à terra (Lc 2.14). O próprio Jesus veio para destruir as obras do diabo (1ª Jo 3.8) e para romper todas as barreiras de conflito que tomasse parte da vida a fim de fazer a paz (Ef 2.12-17). Jesus deu aos discípulos a sua paz como herança perpétua antes de ir à cruz (Jo 4.27; 16.33). Mediante a sua morte e ressurreição, Jesus desarmou os principados e potestades hostis, e assim possibilitou a paz (Cl 1.20; 2.14,15; cf. Is 53.4,5). Por isso, quando se crê em Jesus Cristo, se é justificado mediante a fé e se tem paz com Deus (Rm 5.1). A mensagem que os cristãos proclamam são as boas-novas da paz (At 10.36; cf. Is 52.7)” (STAMPS, Donald (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.1120-21).

*Sobre a Paz
eirene, paz. Ocorre em cada um dos livros do Novo Testamento, salvo em 1ª João. O termo descreve paz como: relações harmoniosas entre homens, entre nações; amizade; as relações harmonizadas enre Deus e os homens, satisfeitas pelo Evangelho; sensação de descanso e satisfação que lhe é consequente.” [Dicionário Vine, CPAD, pp. 856-57].

III. PELA CRUZ, RECONCILIADOS COM DEUS NUM CORPO
O ministério da reconciliação desfez a inimizade entre o homem e Deus, bem como entre os homens. Essas dádivas foram possíveis por causa da cruz de Cristo.

1. Cristo se fez maldição por nós. Ser condenado à morte de cruz era um sinal de maldição e de profunda humilhação (Hb 12.2). O réu era açoitado por um chicote de várias tiras de couro, acompanhado de chumbo ou ossos nas pontas (Mc 15.15). Em seguida, era obrigado a carregar publicamente sua cruz até ao local da execução (Jo 19.7). Por essas razões a cruz era escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1ª Co 1.23). Apesar disso, Cristo suportou a afronta, levou a nossa culpa, entregou seu corpo para a crucificação e se fez maldição em nosso lugar (Gl 3.13).

2. Reconciliados pela cruz de Cristo. Foi o sacrifício vicário de Cristo na cruz e sua consequente vitória sobre a morte que possibilitaram nossa reconciliação com Deus e com os homens (Cl 1.20). Nessa perspectiva que Cristo “é a nossa paz” (2.14), que pela sua carne um novo homem foi criado “fazendo a paz” (2.15) e que também “evangelizou a paz a vós”, proclamando ao mundo as boas novas da cruz (2.17). A mensagem da cruz apregoa a paz entre Deus e os homens, isto é, o ministério da reconciliação (2ª Co 5.18-20).

3. Reconciliados na cruz em um corpo. O apóstolo Paulo reforça que o propósito de Cristo foi o de “reconciliar ambos [judeus e gentios] com Deus em um corpo” (2.16b). A ênfase aqui recai sobre a inimizade existente na vertical, isto é, entre os homens e Deus. No versículo 14, o destaque era a inimizade horizontal, quer dizer, entre os judeus e os gentios. De forma que a reconciliação deve ser duplamente compreendida. As duas inimizades foram desfeitas quando Cristo levou nossos pecados no madeiro (1ª Pe 2.24). A ira de Deus, que por causa dos pecados estava sobre nós, foi cravada na cruz (Cl 2.13,14). Assim, a reconciliação foi concretizada pela cruz, gerando um novo povo, num único corpo: a “família de Deus”; a “Igreja de Cristo” (2.19; 3.6; 4.4; 5.23,30).

- O ministério da reconciliação ao restaurar a comunhão estabeleceu a Igreja, a nova família de Deus.
“A paz e a unidade entre judeus e gentios exigia que ambos fossem reconciliados ‘pela cruz… com Deus em um corpo (2.16). Isso pressupõe que tanto judeus como gentios eram pecadores separados de Deus (2.3) e necessitavam da morte expiatória de Cristo a fim de serem reconciliados com Deus (2.17,18). Sua ‘inimizade (2.16), que foi condenada à morte na cruz, era tanto horizontal como vertical – isto é, uma hostilidade entre povos não regenerados e Deus (Rm 5.10), e entre grupos hostis, tais como judeus e gentios. O milagre da reconciliação resultou em uma nova entidade espiritual chamada ‘um corpo’ de Cristo (2.16). Esse assunto tornar-se o foco de Paulo 2.19-22” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 417-18).

CONCLUSÃO
Em obediência ao plano divino, Cristo cumpriu as demandas da lei na cruz. Em seu sacrifício derrubou as barreiras e aboliu as ordenanças cerimoniais que serviam de divisão. Por meio da paz conquistada no madeiro desfez a inimizade, criou uma nova humanidade e a reconciliou com Deus. A partir dela, formou um novo povo: a Igreja, o Corpo de Cristo.

FONTE DE PESQUISA

1. BAPTISTA Douglas, Lições Bíblicas 2º Trimestre de 2020, CPAD RJ.

2. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, CPAD RJ.
3. Dicionário Vine, CPAD RJ.