TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A NATUREZA DOS ANJOS



TEXTO ÁUREO
“Bendizei ao SENHOR, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra.” (Sl 103.20).

VERDADE PRÁTICA
Os anjos são seres reais, espirituais e celestiais a serviço de Deus e enviados para ajudar os que vão herdar a salvação.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 1.26-35 “E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 28 E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. 29 E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e considerava que saudação seria esta. 30 Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus, 31 E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. 32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, 33 e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim. 34 E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, visto que não conheço varão? 35 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.”

INTRODUÇÃO. “Os anjos estão presentes na Bíblia desde o livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, e o número deles é incontável. Eles apareceram a muitas pessoas na história do povo de Deus, trazendo uma missão específica. A presente lição pretende mostrar que eles não são mitos nem lendas, mas seres reais, e continuam atuando na vida da Igreja.”

- Estamos sendo treinados para passarmos a eternidade com o Senhor e ao lado destes seres criados para servir, então será muito útil aprendermos tudo o que pudermos a partir das Escrituras sobre os anjos e elas indicam que no céu nos uniremos aos anjos para adorar a Deus ao redor do Seu trono. Apocalipse 4 descreve a primeira cena que João testemunhou em sua visão do céu: “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (Ap 4.4). Os anciãos representam a igreja. O fato de haver lugares permanentes para eles indica que o povo redimido de Deus perpetuamente adorará ali ao lado dos anjos. O escritor de Hebreus diz que os anjos são espíritos ministradores, enviados para servir os que hão de herdar a salvação (Hb 1.14). Deus ordena aos Seus anjos que cuidem dos Seus santos, mas não há apoio escriturístico que apontem anjos governando nem sobre eles ou receberem adoração. Os anjos, como servos de Deus, interferem de tempos em tempos nos assuntos humanos, mas a forma como isso acontece, sabemos muito pouco. Na verdade, a Bíblia não revela tudo o que gostaríamos de saber sobre os anjos. Os anjos são seres espirituais que podem, até certo ponto, assumir forma humana. A maior coisa que podemos aprender dos anjos é sua obediência instantânea e sem questionamentos às ordens de Deus. “A existência dos anjos, conforme veremos a  partir de agora,  é  claramente demonstrada pelo ensino, tanto  do  Antigo, quanto do Novo Testamentos. São inúmeros os textos do AT que comprovam a realidade da existência dos anjos (Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1º Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17; 91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-17). Nos textos alistados anteriormente, vemos os anjos em suas funções principais de servir e louvar a Yahweh, transmitir as mensagens de Deus, obedecer Sua vontade, executar a vontade de Deus, e também como guerreiros. No contexto do NT, os anjos não são apresentados simplesmente como “mensageiros de Deus”, mas também como “ministros aos herdeiros da salvação” (Hb 1.14). Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de maneira inequívoca no NT (Mt 13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc 22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16; 2ª Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1ª Pe 3.22; 2ª Pe 2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9.) (CACP). O termo teológico apropriado para esse estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego angelos, “anjo” e logia, “estudo”, “dissertação”). Angelologia, se constitui, portanto, de doutrina específica dentro do contexto daquilo que denominados de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, natureza moral e atividades dos anjos. Iniciaremos, portanto, pelo estudo da existência dos anjos. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. OS ANJOS
1. Quem são eles? Os anjos são uma classe de seres criados por Deus, assim como os seres humanos foram também criados. A palavra “anjo” chegou à nossa língua pelo latim angelus, uma transliteração do termo grego angelos, que a Septuaginta empregou para traduzir o hebraico mal'ak, “mensageiro, anjo”. Na nossa cultura, quando se fala em anjo, todos entendemos o que isso significa; vêm à nossa mente os seres espirituais e sobrenaturais que habitam o céu. Mas o termo tem significado mais amplo.”

- Os anjos foram criados por Deus (Sl 148.2 e 5); O fato de serem criaturas está implícito em 1ª Timóteo 6.16. O tempo da criação dos anjos é deixado indefinido na Bíblia, apenas sabemos que quando foram lançados os fundamentos da Terra os anjos já existiam (Jó 38.4,7; Is 14.12); são de uma ordem completamente diferente da dos humanos. Em nenhum lugar a Bíblia afirma que os anjos foram criados à imagem e semelhança de Deus, como foram os humanos (Gn 1.26). Interessante notar que Jesus ensinando sobre nosso estado na ressurreição “Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu” (Mt 22.30) assevera que nós seremos “como os anjos” - espírito, e não anjos.
  
2. Os gregos e os romanos. O mundo grego usava angelos para um mensageiro ou embaixador em assuntos humanos, alguém que fala ou age em nome de quem o enviou. Foi essa a palavra usada na Septuaginta para traduzir o hebraico mal'ak. Entre os romanos, a ideia não era diferente dos gregos.”

- Como expliquei no subtópico anterior, a palavra original correspondente no grego ‘angelos’ é usado tanto para mensageiros humanos (1ºRs19.2; Lc 7.24 e 9.52), quanto divinos. O primeiro tipo de anjo mencionado na Bíblia são os querubins, que foram enviados por Deus para proteger a árvore da vida no Jardim do Éden (Gn 3.24). A Escritura usa várias expressões para descrever os anjos. Eles são chamados de “seres celestiais” (Sl 89.6); “Filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1; 38.7); “Santos” (Sl 89.5); “estrelas da alva” (Jó 38.7), “príncipes” (Dn 10.13); e “principados e potestades” (Ef 3.10).

3. Na Bíblia. O termo mal'ak, na cultura judaica, indicava um ser celeste e espiritual dotado de poderes sobrenaturais e acima de qualquer humano (Sl 103.20; 2ª Pe 2.11). Eles pertencem à corte de Javé no céu, onde o louvam e o servem (Is 6.2,3; Ap 5.11; 7.11). Convém nunca perder de vista que essa palavra se aplica também a mensageiros humanos; o profeta Ageu foi chamado de mal'al Yahweh, “o embaixador do SENHOR” (ARC) ou “enviado do SENHOR” (ARA). João Batista é outro exemplo do uso do termo para os humanos (Ml 3.1; Mc 1.2-4).”

- O termo português ‘anjo’ é derivado do latim ‘angelus’, que por sua vez deriva-se do grego ‘angelos’ (lê-se ‘anguelos’). No hebraico o termo é ‘malak’, que pode ser traduzido por “mensageiro”, o que designa a ideia de ofício de mensageiro. O grego clássico emprega o termo angelos para mensageiro, embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou. No Antigo Testamento, onde o termo malak ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne 9.6; Jó 1.6), são espíritos ministradores (1ºRs 19.5), transmitem a vontade de Deus (Dn 8.16,17)), obedecem a vontade de Deus (Sl 103.20), executam os propósitos de Deus (Nm 22.22), e celebram os louvores de Deus (Jó 38.7; Sl 148.2). No Novo Testamento, a palavra angelos aparece por 175 vezes, aparecem como representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6), são espíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14), transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26), obedecem a vontade d’Ele (Mt 6.10), executam os Seus propósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo (Lc 2.13,14). Ali, os anjos estão vinculados a eventos especiais, tais como: a concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seu nascimento (Lc 2.10-12), Sua ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1.11). Foi Agostinho no século IV d.C. quem desenvolveu o estudo acerca do mundo angelical. Segundo esse Pai da Igreja, os anjos teriam uma natureza puramente espiritual e livre. Comentando o Gênesis, Agostinho definiu as funções destes seres celestes, que seriam responsáveis pela glorificação de Deus e pela transmissão da vontade divina. Agostinho afirmava que os anjos estariam voltados tanto para o mundo espiritual quanto para o mundo visível, no qual interviriam com certa frequência.

II. OS SERES CELESTIAIS PARA SERVIR
1. Natureza. Os anjos são criaturas espirituais e invisíveis aos seres humanos. Eles são sobrenaturais e, como os humanos, possuem natureza racional. São em grandes multidões no céu (Hb 12.22; Ap 5.11). Como criaturas, não são autônomos nem independentes; não agem como tal e nunca receberam adoração. A habitação deles é o céu, e eles veem sempre a face do Pai (Mt 18.10). Não possuem corpo físico ou material, mas podem se apresentar na forma humana, quando ocorrem as manifestações angelofânicas. Essas aparições ocasionais são bíblicas (Jz 13.6; Hb 13.2). Os anjos são assexuados, não se reproduzem nem estão sujeitos à morte (Mc 12.25; Lc 20.36).”

- É importante ressaltar que os anjos não existem desde a eternidade, eles foram criados por Deus no momento de sua criação (Ne 9.6; Sl 148.2; Cl 1.16). A bíblia não indica com precisão em que parte foram criados, mas podemos entender que isso deve ter acontecido imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra, segundo podemos ver em Jó 38.4-7 e Gn 1,1; 2.1. Não podemos também definir número, mas sabemos que um ‘exercito’ compreende grande quantidade, uma ‘legião’ compreende um número grandioso (Dn 7.10; Mt 26.53; Hb 12.22); Segundo Apocalipse 5.11, eles são milhões de milhões e milhares de milhares. Deus certamente criou todos de uma só vez, pois os anjos não tem capacidade de propagar-se como o homem (Mt 22.30). “São seres espirituais – incorpóreos (Hb.1.14). Não tem corpo físico, mas podem assumir forma corpórea (Gn 18.19; Sl 104.4; Hb 1.7; Ef 6.2; Mt 8.16; 12.45; Lc 7.21; Ap 16.14). São imortais – Os anjos não estão sujeitos à dissolução: nunca morrem. A imortalidade dos anjos se deriva de Deus e depende de Sua vontade. Os anjos são isentos da morte, porque assim Deus os fez (Lc 20.35,36). Não se reproduzem conforme sua espécie – As Escrituras em parte alguma ensina que os anjos são seres assexuados. Inferências encontramos referindo-se aos anjos, com o uso de pronomes do gênero masculino (Dn 8.16,17; Lc 1.12,29,30; Ap.12.7; 20.1; 22.8,9). Mas, não obstante, o casamento, a reprodução, não é da ordem ou do plano de Deus. São poderosos – Dotados de poder sobre-humano (Sl 103.20; 2Pd 2;11). São uma classe de seres criados superiores aos homens (Sl 8.5; Hb 2.10). Contudo, esse poder tem seus limites estabelecidos, não são Onipotentes (2ª Ts 1.7; 2º Sm 24.16,17). Veja demonstração de poder dos anjos: At 5.19; 12.7,23; Mt 28.2).


2. Ofício. Não é possível descrever todas as atividades dos anjos em tão pouco espaço. A Bíblia mostra a atuação deles nas diversas esferas no céu e na terra. Uma de suas atividades, e a principal delas, é louvar e glorificar a Deus (Sl 148.2; Ap 7.11,12). Eles executam obras em favor de homens e mulheres para socorrer e ajudar nas suas dificuldades, e são eles que levam os salvos ao lar eterno (Lc 16.22).”

- Apesar de terem vontade, os anjos são, como todas as criaturas, sujeitos à vontade de Deus. Os anjos bons são enviados por Deus para ajudar os crentes (Hb 1.14). A seguir, algumas atividades que a Bíblia atribui aos anjos:
● Eles louvam a Deus (Salmos 148:1,2; Isaías 6:3).
● Eles adoram a Deus (Hb 1.6; Ap 5.8-13).
● Eles se regozijam nos feitos de Deus (Jó 38.6-7).
● Eles servem a Deus (Sl 103.20; Ap 22.9).
● Eles se apresentam perante Deus (Jó 1.6; 2.1).
● Eles são instrumentos dos julgamentos de Deus (Ap 7.1; 8.2).
● Eles trazem respostas às orações (At 12.5-10).
● Eles ajudam a ganhar pessoas para Cristo (At 8.26; 10.3).
● Eles observam a ordem cristã, obra e sofrimento (1ª Co 4.9; 11.10; Ef 3.10; 1º Pd 1.12).
● Eles dão encorajamento em tempos de perigo (At 27.23-24).
● Eles cuidam dos justos no momento da morte (Lc 16.22).

- O que a Bíblia diz sobre anjos da guarda? Embora a expressão “anjo da guarda” não ocorre na Bíblia, muitas pessoas acreditam que cada indivíduo recebe um “anjo da guarda” no dia do nascimento ou no dia do batismo. Porém, a Bíblia não diz nada sobre isso. Uma das passagens bíblicas mais conhecidas para defender esta interpretação está registrada no Salmo 34: “O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Sl 34.7). Outra passagem encontra-se no Evangelho de Mateus, quando o Senhor Jesus, falando acerca dos pequeninos, declarou: “Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10). Porém, essas passagens não provam nada. Essas passagens não ensinam que cada crente ou criança tem seu próprio “anjo da guarda”, mas, simplesmente expressam o cuidado geral de Deus por Seu povo através dos anjos. Uma interpretação provável para expressão “seus anjos nos céus” é que eles estão prontos para a ação por ordem de Deus. Sabemos que os anjos são “espíritos ministradores” enviados para servir os cristãos (Hb 1.14). Mas se cada pessoa possuiu um anjo da guarda, a Bíblia não diz nada especificamente. A Bíblia fala de um “exército celestial” – Todos os anjos que velam pelo povo de Deus. Assim, neste exato momento, há um pelotão de forças angelicais cuidando de sua vida. Assim, a noção popular de um anjo da guarda para cada crente não tem base Bíblica. Ao invés disso, a Escritura afirma uma verdade ainda mais preciosa: o cuidado de um crente não é a tarefa de apenas um anjo; todo o exército angelical, em consenso, cuida de cada crente e de sua salvação (Gn 32.1-2; 2º Rs 6.17; Lc 15.10; 16.22).

3. A ação dos anjos durante o ministério de Jesus. Sua participação já começa antes mesmo do nascimento de Jesus, quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc 1.18,19), e seis meses depois, o nascimento de Jesus a Maria (vv. 26-31). Os anjos assistiram a Jesus durante todo o seu ministério terreno, na tentação do deserto, na agonia do Getsêmani, na sua ressurreição e na ascensão ao céu (Mc 1.13; Lc 22.43; Mt 28.2-6; At 1.10).”

3.1. Em seu nascimento.
a. Previsão. Gabriel predisse o nascimento de Jesus (Mt 1.20; Lc 1.26-28).
b. Anúncio. Um anjo anunciou o nascimento de Jesus aos pastores e foi acompanhado em seu louvor por uma multidão de anjos (Lc 2.8-15).

3.2. Durante sua vida.
a. Alerta. Um anjo alertou José e Maria a que fugissem para o Egito, escapando, assim, da ira de Herodes (Mt 2.13-15).

b. Direção. Um anjo orientou a família para retornar a Israel após a morte de Herodes (Mt 2.19-21).

c. Ministração. Anjos ministraram a Jesus após sua tentação no deserto (Mt 4.11) e seu conflito no Getsêmani (Lc 22.43).

d. Defesa. Jesus disse que havia legiões de anjos preparadas para defendê-lo se ele os chamasse (Mt 26.53).

3.3. Após sua ressurreição.
a. Na pedra. Um anjo rolou para longe a pedra que fechava a entrada do sepulcro de Jesus (Mt 28.1-2).

b. Anúncio. Anjos anunciaram a ressurreição para as mulheres na manhã do domingo de Páscoa (Mt 28.5,6; Lc 24.5-7).

c. Ascensão. Anjos estavam presentes na ascensão de Jesus (At 1.10-11).

3.4. Na Segunda Vinda de Jesus.
a. Arrebatamento. A voz do arcanjo será ouvida no arrebatamento da Igreja (1ª Ts 4.16).
b. Segunda Vinda. Os anjos vão acompanhá-lo na Segunda Vinda (Mt 25.31; 2ª Ts 1.7).
c. Juízo. Os anjos vão separar o joio do trigo na Segunda Vinda (Mt 13.39-40).”

III. AS HOSTES ANGELICAIS
A Bíblia menciona as categorias angelicais sem apresentar detalhes de sua natureza; somente se manifesta em alguns casos, como veremos a seguir.

1. Ás hierarquias angelicais. O apóstolo Paulo inclui nessas hierarquias duas duplas de seres: “tronos e dominações” e “principados e potestades” (Cl 1.16). Alguns acham que a primeira dupla seja uma referência às “coisas visíveis”; e as outras duas, às "coisas invisíveis". Uma tentativa sem sucesso. Os tronos estão localizados no céu (Dn 7-9; Ap 4.4), mas a literatura pseudoepígrafa dos antigos rabinos tem os tronos como seres celestes. A maioria dos expositores do Novo Testamento reconhece o termo "tronos" nesse contexto como classificação angelical. As dominações se referem aos poderes celestes (Ef 1.20,21). A explicação sobre os principados e potestades foi dada na lição passada.”

- A única referência clara a uma hierarquia é Apocalipse 12.7, que mostra que o arcanjo Miguel tem outros anjos debaixo de seu comando. No entanto, não há dúvidas de que encontramos na Bíblia evidências da existência de uma hierarquia entre os anjos, isto é, se acham organizados de forma hierárquica, numa forma de graduação, de autoridade. Essa graduação‚ destacada pelo tipo de atividade que os anjos exercem em todo o Universo e na presença de Deus. Paulo aponta diretamente para isto quando usa a expressão “principados e potestades”. Essa designação indica a existência de certos anjos que ocupam lugares de autoridade no mundo angélico. Paulo emprega essa expressão tanto para se referir aos anjos caídos como para se referir aos anjos de Deus sendo que, em duas ocasiões ele fala de anjos maus, isto é, demônios (Ef 6.12; Cl 2.13); e em outras duas ele fala dos santos anjos de Deus (Ef 3,10; Cl 1.16). O apóstolo Pedro também emprega essa mesma expressão para se referir aos anjos do Senhor (1ª Pd 3.22). Não confunda essa hierarquização com o assunto estudado na lição anterior sobre espíritos territoriais. Nos últimos tempos muitas heresias surgiram relacionadas à hierarquia dos anjos. Os propagadores dessas heresias defendem a ideia de que existem seres angelicais que se ocupam em uma organização hierárquica territorial. Nas Escrituras encontramos três classes ou tipos de anjos:

● Querubins: anjos dotados de grande poder e majestade. São frequentemente mencionados em conexão com a adoração a Deus e a revelação de sua glória (Êx 25.18; 2º Sm 22.11; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Hb 9.5).
● Serafins: anjos que parece próxima à classe dos querubins. São mencionados apenas pelo profeta Isaías. Os serafins são descritos pelo profeta com uma riqueza de detalhes que revela seu serviço em torno do trono de Deus (Is 6.2,6).
● Arcanjo: apenas Miguel é mencionado na Bíblia pertencente a esta classe (Jd 9). Alguns estudiosos acreditam que possa haver mais arcanjos, enquanto outros afirmam que apenas Miguel ocupa esse posto. Ele é retratado na Bíblia como um comandante do exército celestial a serviço de Deus, ou seja, ele ocupa o posto mais elevado na hierarquia dos anjos (Dn 10.13-21; Jd 9; Ap 12.7).

2. Serafins e querubins. São outras duas categorias de anjos sobre as quais a Bíblia revela algo mais do que as categorias anteriores. O termo serafim significa "flamejante, brilhante, refulgente". Os serafins são criaturas sobrenaturais associadas à glória de Javé e representam a presença, a grandeza e a majestade divinas (Is 6.2). Os querubins simbolizam a transcendência de Deus, o qual “habita entre os querubins” (1º Sm 4.4). Eles são representados como criaturas aladas colocadas no propiciatório da Arca do Concerto (Êx 25.18-20:37.7-9).”

- O vocábulo serafim deriva do “saraph” e significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6.1-3. Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de Ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus. É uma forma materializada que os seres espirituais usam para serem compreendidos, porque, de fato, os anjos são incorpóreos.

- Querubins. Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles têm com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico “querub”, tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia em Gn 3.24 no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. 0 que aprendemos acerca dos querubins ‚ que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus (1º Sm 4.4; 2º Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16). Em Ezequiel 10, os querubins aparecem cheios de olhos e o trono de Deus está acima deles. A ligação dos querubins com o trono de Deus nos ensina que eles guardam o acesso á presença de Deus. Só nos é possível entrar no Santo dos Santos ou “Lugar Santíssimo “ com o sangue da aliança em nossas vidas (Hb 10.19-22).

3. Arcanjos. Esse termo significa chefe ou líder dos anjos. Essa palavra só aparece duas vezes na Bíblia, em: “com voz de arcanjo” (1ª Ts 4.16) e “mas o arcanjo Miguel, quando contendia...” (Jd 9). Os tratados de teologia costumam incluir Gabriel como arcanjo. Miguel e Gabriel são os únicos anjos mencionados por nome na Bíblia. O nome “Miguel”, mikhael em hebraico, significa “quem é semelhante a Deus?”; e “Gabriel”, “varão de Deus”. As Escrituras Sagradas revelam existir mais seres no céu, da mesma natureza e com a mesma posição de arcanjo: e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia (Dn 10.13). Veja que a expressão um dos primeiros príncipes" mostra existirem outros como Miguel.”

- “A palavra “arcanjo” representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. O prefixo “arc”, do grego “arch”, sugere tratar-se de um chefe, um príncipe, um primeiro- ministro. Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do arcanjo Miguel (Jd 9). Esse arcanjo se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel) (Jd 9; Dn 12.1). O arcanjo Miguel ‚ denominado “príncipe dos filhos de Israel” porque é o guardião dessa nação. Na visão apocalíptica e escatológica (futura) que João teve na Ilha de Patmos, o arcanjo Miguel surgirá como o grande comandante dos exércitos celestiais contra as milícias satânicas, representadas pelo dragão, símbolo de Satanás (Ap 12.7-12). Na vinda pessoal de Jesus Cristo, na primeira fase de convocação dos remidos do Senhor, a escritura não dá nome ao arcanjo, mas declara que a voz do arcanjo será ouvida pelos mortos santos, os quais ressuscitarão e se levantarão de suas sepulturas para ir ao encontro do Senhor nos ares (1ª Ts 4.16)”.

IV. JESUS E O ARCANJO MIGUEL
O ministério dos anjos em relação a Jesus vem desde o anúncio do seu nascimento até a sua ascensão ao céu. Miguel é anjo e se inclui também nesse ministério.

1. A identidade de Miguel. As Escrituras falam muito pouco a respeito desse anjo. O seu nome aparece cinco vezes na Bíblia, como “príncipes” (Dn 10.13,21; 12.1), arcanjo (Jd 9) e combatente contra Satanás e seus anjos (Ap 12.7). Alguns grupos religiosos ensinam que Miguel é o próprio Jesus Cristo. Esse pensamento não nos surpreende, pois um desses grupos é arianista. O que nos chama a atenção é o fato de outros grupos cristãos, que afirmam crer na Trindade, confundam o Criador com a criatura.”

Esclarecendo o termo ‘arianismo’: doutrina de Ário 250-336, um professor do início do século 4 d.C., de Alexandria (Egito), que afirmava ser Cristo a essência intermediária entre a divindade e a humanidade, negava-lhe o caráter divino e ainda desacreditava a Santíssima Trindade. O Arianismo, então, é a crença de que Jesus era um ser criado com atributos divinos, mas não era divindade em Si mesmo. Hoje, existem seitas que advogam esse ensino e que afirmam que sempre que Miguel é mencionado na Bíblia, refere-se à Pessoa de Jesus como Comandante dos exércitos celestiais em direta disputa com Satanás e os anjos maus. (Leia mais sobre este assunto aqui). Judas 9 é a única passagem das Escrituras que mostra ser Miguel um arcanjo. “O termo grego ἀρχ (gr. arch) significa, “chefe, líder” ou “cabeça”. Isto mostra que Miguel é um líder dos anjos. Seu nome em hebraico é מִֽיכָאֵ֗ל (Michael), significa ‘Quem é semelhante a Deus?’. O hebraísta Heinrich Friedrich Wilhelm Gesenios, declara que a tradição rabínica afirma ser Miguel “um dos sete arcanjos”. Esses arcanjos aparecem na literatura rabínica apocalíptica, em que esses nomes são apresentados no livro pseudoepífrafo de Enoque: Uriel, Rafael, Raquel, Miguel, Saracael, Gabriel e Remiel (1º Enoque 20.2-8; Tob 12.15)”. (CACP).

2. Uma diferença abissal. Não é verdade que o Senhor Jesus Cristo seja o mesmo Miguel, pois há uma diferença abissal entre ambos: Jesus é Deus, o Criador e transcendente, Miguel é anjo, portanto, criatura (Jo 1.1-3; Cl 1.16,17; Jd 9). Jesus é adorado até pelos anjos, e isso inclui o próprio Miguel; no entanto, Miguel, sendo anjo, não pode ser adorado (Hb 1.6; Ap 19.10; 22.8,9).  Jesus é o Senhor dos senhores, e Miguel é príncipe (Ap 17.14; Dn 10.13,21). Não se deve, portanto, confundir o Criador com a criatura.”

Distinções entre Jesus e Miguel:
● Jesus é chamado de Filho, mas Miguel não, por ser ele anjo.
● Jesus é Criador (Jo1. 3; Ap 1.18), Miguel é criatura que obedece ao Criador (Mt 26.53; Cl 1.16).
● Jesus é adorado por Miguel (Hb 1.6), Miguel não pode ser adorado (Ap 22.8-9).
● Jesus, é o Senhor dos senhores (Ap 17.14), Miguel é um dos príncipes (Dn 10.13).
● Jesus é Rei dos reis (1ª Tm 6.15), Miguel é príncipe dos judeus (Dn 12.1).

Jesus não é o Arcanjo Miguel. A Bíblia em nenhum lugar identifica Jesus como Miguel (ou como qualquer outro anjo). Hebreus 1.5-8 estabelece uma clara distinção entre Jesus e os anjos: “Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino.” A hierarquia dos seres celestiais é esclarecida nessa passagem – os anjos adoram a Jesus, o qual, como Deus, é o único digno de adoração. Nenhum anjo é jamais adorado nas Escrituras; portanto, Jesus (digno de adoração) não pode ser Miguel ou qualquer outro anjo (não digno de adoração). Os anjos são chamados de filhos de Deus (Gênesis 6.2-4; Jó 1:6, 2:1, 38:7), mas Jesus é o Filho de Deus (Hebreus 1.8, Mateus 4.3-6). O Arcanjo Miguel talvez seja o maior de todos os anjos. Miguel é o único anjo na Bíblia que é chamado de “Arcanjo” (Judas versículo 9). O Arcanjo Miguel, porém, é apenas um anjo. Ele não é Deus. A clara distinção no poder e autoridade de Miguel e de Jesus pode ser vista através da comparação de Mateus 4.10, onde Jesus repreende Satanás, com Judas, versículo 9, onde o Arcanjo Miguel "não se atreveu a proferir juízo infamatório" contra Satanás e chama o Senhor para repreendê-lo. Jesus é Deus encarnado (João 1:1,14). O Arcanjo Miguel é um anjo poderoso, mas ainda só um anjo.” (Is Jesus Michael the archangel? Disponível em: https://www.gotquestions.org/Jesus-Michael-Archangel.html. Acesso em: 4 Jan, 2019)"

CONCLUSÃO. A Bíblia traz muitas informações acerca dos anjos e, apesar das inúmeras referências bíblicas, ainda muito pouco sabemos a respeito de quem eles são e do que fazem. A diferença entre os anjos e os humanos está, entre outras, no fato de que a nós o Criador deu a capacidade reprodutiva e, para tal, quando criou o ser humano, criou um casal que geraria outros da mesma espécie. Os anjos não se reproduzem.”
- A Escritura ensina que anjos ministram aos santos (Hb 1.14), e que algumas pessoas “hospedaram anjos sem saber” (Hb 13.2). Em nenhum lugar nas Escrituras somos encorajados a procurar evidências de anjos na vida cotidiana, além do que, Paulo adverte os crentes a não se tornarem adoradores de anjos (Cl 2.18). Os anjos não dormem, não tiram férias. Eles são ministros. São feitos ventos. Eles agem diuturnamente. O diabo tenta se fazer de anjo para enganar as pessoas. Eles estão ao nosso redor. Eles nos vigiam, nos guardam. Eles estão perto de nós. O mundo está povoado deles. Eles são milhões de milhões. Eles são guerreiros. Eles são adoradores. Eles trabalham em nosso favor. Eles são em maior número que os nossos adversários. Estamos do lado do vencedor!

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),

FONTE DE PESQUISA.
- Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 2, 13 Jan, 2019
- Rev. Hernandes Dias Lopes.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

BATALHA ESPIRITUAL – A REALIDADE NÃO PODE SER SUBESTIMADA



TEXTO ÁUREO
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).

VERDADE APLICADA
Batalha Espiritual é uma realidade bíblica que consiste na luta contínua da Igreja contra o reino das trevas.

LEITURA BÍBLICA
1 Pedro 5.5-9 “Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. 6- Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, 7- lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. 8- Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; 9- ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.”

INTRODUÇÃO.
- A Batalha Espiritual é o tema do trimestre que estamos iniciando. Basta uma olhada na leitura diária para confirmar a menção do assunto nas Escrituras. Mas existe uma onda extravagante que surgiu na década de 1960 e que tenta se passar por batalha espiritual. A presente lição apresenta o equilíbrio doutrinário que servirá como ajuda para ninguém subestimar o assunto.

- A presença e a influência do mal na vida da humanidade, desafiando o equilíbrio da criação, é suficiente para entendermos a sua realidade: estamos numa batalha espiritual. Estamos num campo de batalha espiritual contra as forças satânicas e precisamos de estratégia e adestramento para entrar em combate.
Os desafios das forças invisíveis dos espíritos imundos são imensos contra a humanidade e principalmente contra a Igreja de Jesus Cristo.

- Todos devem saber que neste mundo, entre os céus e a terra, há diversos poderes atuando. Um poder divino, maior e, seres destinados a impedirem a vida santa do cristão, e até mesmo suas benção e orações, os demônios, concitados pelo orgulho de seu líder Satanás (O inimigo das nossas almas).

- A demonstração clara de uma destas batalhas, está descrita no livro do profeta Daniel, e seu capítulo 10.
“E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.” (Dn 10.11-13).

Um dos aspectos da Batalha Espiritual são os níveis, nos quais ela se dá:
- Na mente
- No coração
- No corpo físico
- Na família
- Na igreja
- Na vida financeira
- Na vida espiritual

I. BATALHA ESPIRITUAL
A autêntica batalha espiritual tem fundamentos bíblicos, mas nem tudo o que se diz ser batalha espiritual tem sustentação nas Escrituras.

1. Conceito de Batalha Espiritual.
- A Bíblia afirma “que todo o mundo está no maligno” (1ª Jo 5.19). Assim, existem seres malignos e espirituais que desde o princípio conspiram contra Deus e contra a humanidade para a destruição e o caos no mundo. Primordialmente, os demônios existem; eles são reais e manifestam-se de várias maneiras, em princípio, nas pessoas possessas, e tais espíritos precisam ser expulsos. Por conseguinte, os cristãos se opõem a essas forças malignas pela pregação do evangelho, a oração e o poder da Palavra de Deus. A essa oposição dos crentes denominamos “batalha espiritual”.

- A batalha espiritual não é uma batalha natural entre a carne e o sangue. Não é uma batalha do homem contra o homem. Não é uma batalha visível. É um conflito invisível no mundo espiritual (Ef 6.12).

- Uma vez que estamos lutando contra um adversário que não podemos ver, devemos confiar no Deus da Bíblia - não na nossa própria espiritualidade, sagacidade ou nossas estratégias de guerra - para alcançar a vitória (2ª Co 5.7). Devemos manter nossa mente voltada para as coisas de Deus em vez de especular sobre o próximo movimento do diabo (Fp 4.8).

- A guerra espiritual é “multidimensional”, o qual significa que é travada em diferentes dimensões. Vejamos.
1. Uma batalha social entre o crente e o mundo (Jo 15.18-27).
2. Uma batalha pessoal entre a carne e o espírito (Gl 5.16-26).
3. Uma batalha sobrenatural entre o crente e os poderes sobrenaturais malignos (Ef 6.10-27).

- Às vezes batalha espiritual é definida como o confronto invisível entre as forças de Deus e as forças do diabo, o reino de Deus versus o reino das trevas. Às vezes essa batalha provoca circunstâncias que podem ferir pessoas físicas, mental, emocional ou espiritualmente. No Novo Testamento, as forças das trevas sabiam que Paulo era servo de Deus e o atacaram (At 19.15; 2ª Co 11.23-12.1-9).

- A batalha espiritual consiste na oposição dos cristãos às forças malignas pela pregação do evangelho, pela oração e pelo poder da Palavra de Deus. Essa peleja vai continuar até a vinda de Jesus.

2. Uma realidade bíblica.
2.1. Crentes e não Crentes estão envolvidos na Batalha Espiritual.
- Toda pessoa viva está comprometida nesta guerra, quer se dê conta ou não. Não há campo neutro. Os nãos crentes estão sob o jugo do mal e têm sido levados pelas forças do inimigo. São vítimas da guerra. As hostes infernais dominam com muita facilidade as pessoas que não conhecem o evangelho. Nenhuma força humana é capaz de vencê-los. Jesus disse: “porque sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5).

- Os crentes têm sido livrados do inimigo mediante Jesus Cristo e são vitoriosos, porém estão ainda comprometidos na guerra.

- Nós (todos os crentes) combatemos contra as forças espirituais malignas. “Combater” implica contato pessoal próximo. Ninguém está isento desta batalha. Ninguém pode vê-a a distância. Você está no meio do conflito quer você reconheça ou não.

“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12).

- O tema principal da Primeira Epístola do apóstolo Pedro é o sofrimento do crente por causa do nome de Jesus. Esse sofrimento resulta da nossa contínua luta espiritual contra o pecado e contra o indiferentismo religioso. Mas, ao encerrar a sua epístola, o apóstolo esclarece que tudo isso parte de Satanás e seus agentes: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (v.8).

3. O Mundo Espiritual é real. De acordo com Efésios 6.10-17, existe um mundo espiritual e invisível habitado por seres malignos que conspiram contra Deus e contra os seres humanos. Paulo fala sobre a existência de um mundo espiritual da maldade sob o domínio do príncipe das trevas (Ef 2.2; 6.10-12).

O ensino apostólico nos exorta a combater essas forças demoníacas pelo poder que o Senhor Jesus conferiu aos crentes (Mc 16.17, 18; Lc 10.17-19) com oração e uma vida de santidade. Esse conjunto de fatores é chamado de batalha espiritual. Trata-se de uma realidade bíblica e manifestada na vida da Igreja ao longo dos séculos.

4. O que não é Batalha Espiritual. O que geralmente se chama de “batalha espiritual” por alguns é um modelo não bíblico e nocivo à fé cristã. Os mentores dessa doutrina pinçam a Bíblia aqui e ali e adaptam as passagens selecionadas para ajustá-las às suas próprias experiências. Trata-se de uma cosmovisão abrangente de culturas antigas como a da Mesopotâmia e do Egito, influenciada pela magia e pelo ocultismo. Era na época um mundo cheio de forças ocultas em que os homens viviam procurando se proteger de deuses e demônios malévolos. É uma estrutura muito próxima do ocultismo contemporâneo com a doutrina dos espíritos territoriais, maldição hereditária ou de família com os rituais de libertação.

II. PRINCIPAIS CRENÇAS DA PSEUDOBATALHA ESPIRITUAL

As inovações mais chocantes que se pregam por aí são o mapeamento espiritual, a maldição hereditária e a ideia de que um salvo pode ser possuído pelos demônios.

1. Mapeamento espiritual. A doutrina consiste na crença de que Satanás designou seus correligionários para cada país, região ou cidade. O evangelho só pode prosperar nesses lugares quando alguém, cheio do Espírito Santo, expulsar esse espírito maligno. Em decorrência, surgiu a necessidade de uma geografia espiritual, o mapeamento espiritual. Os espíritos territoriais são identificados por nomes que eles mesmos teriam revelado, com as respectivas regiões que eles supostamente comandam. Essas pessoas acreditam que tudo isso se baseia na Bíblia (Dn 10.13,20; Mc 5.10).

2. A maldição hereditária. A doutrina resume-se nisso: se uma pessoa tem problemas com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências suicidas é porque, no passado, alguém de sua família, não importa se avós, bisavós ou tataravós, teve esse problema. Desse modo, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar ao Diabo. Uma vez descoberta a tal geração, pede-se perdão por ela, e, dessa forma, a maldição de família será desfeita. É uma espécie de perdão por procuração, muito parecido com o batismo pelos mortos praticado pelos mórmons. Os que defendem essa doutrina pinçam as Escrituras em busca de sustentação bíblica (Êx 20.5; Dt 5.9; Is 8.19).

3. “Crentes endemoninhados”. Esses pregadores ensinam que “o homem é um espírito que tem alma e habita num corpo” (Kenneth Hagin). Partindo desse falso conceito teológico, afirmam que o Espírito Santo habita no espírito humano no processo de salvação; e que os espíritos imundos “estão relegados à alma e ao corpo do cristão”. Os promotores dessa doutrina costumam apelar para o estado psicológico de Saul depois que ele se afastou de Deus (1Sm 16.14; 18.10; 19.9), o caso de Judas Iscariotes (Lc 22.3), além de Ananias e Safira (At 5.3).

III. VAMOS À BÍBLIA

Ninguém tem o direito de fazer o que quiser com a Bíblia. Vejamos, portanto, o que Bíblia ensina nas passagens reivindicadas pelos líderes defensores dessa inovação:

1. Sobre o mapeamento espiritual. As duas passagens de Daniel falam sobre o “príncipe do reino da Pérsia” (Dn 10.13) e o “príncipe da Grécia” (v.20). São citações fora de contexto, pois se trata de guerra angelical, e não há indícios da presença humana. O gadareno “rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província” (Mc 5.10) porque Jesus havia mandado os tais espíritos para o abismo: “E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo” (Lc 8.31). Essa é a razão de pedirem para ficar na região; não se refere, portanto, a espíritos territoriais. Assim, fica claro que se trata de uma doutrina baseada numa interpretação equivocada.

2. Sobre a maldição hereditária. No segundo mandamento do Decálogo, Deus afirma visitar “a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êx 20.5; Dt 5.9). Essas palavras não podem se aplicar à doutrina da maldição hereditária porque, quando alguém se converte a Cristo, deixa de aborrecer a Deus; logo, essa passagem bíblica não pode se aplicar aos crentes (Rm 5.8-10), pois estes se tornam nova criatura, “as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). O que eles fazem com a expressão “espíritos familiares” é uma fraude. O termo usado na Bíblia hebraica é ov, ou ovoth, plural, “médium, espírito, espírito de mortos, necromante e mágico” (Lv 19.31; 20.6). Isso está muito longe de serem espíritos que passam de pai para filhos.

3. Sobre a possibilidade de o cristão ser possesso. É bom lembrar que Saul já estava desviado nessa época (1Sm 15.23); além disso, a Bíblia não fala de demônio, mas que “o assombrava um espírito mau da parte do SENHOR” (1Sm 16.14). Quem foi que disse que Judas Iscariotes era crente? Foi Jesus quem disse: “Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isso dizia ele de Judas Iscariotes” (Jo 6.70,71). E, quanto a Ananias e Safira, a Bíblia declara que eles mentiram ao Espírito Santo, e não que ficaram possessos. O crente em Jesus tem a promessa de Deus de que “o maligno não lhe toca” (1ª Jo 5.18).

4. O homem segundo a Bíblia. Jesus disse que “um espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39). Se o espírito não tem carne nem ossos, logo se conclui que não é verdade que o homem seja um espírito. A Bíblia declara que Deus formou “o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). Isso mostra que o ser humano é uma combinação do pó da terra com o sopro de Deus. O Senhor Jesus se fez homem, pois “o verbo se fez carne” (Jo 1.14).

IV. LIDANDO COM A BATALHA ESPIRITUAL
- Quando uma pessoa nasce de novo, entra no reino do sobrenatural e espiritual e deve começar sua nova vida com o estudo da Bíblia. Assim, conhecerá seus ensinamentos e saberá como andar e como lidar com a batalha espiritual. Se ela não ficar vigilante e não combater os poderes satânicos será passível de ser derrotada pelos demônios.

- Por outro lado, não haverá nada a temer se tiver uma vida cristã consciente da necessidade de leitura bíblica e oração diárias, e viver no Espírito de acordo com a luz recebida pela Palavra de Deus (Cl 2.6-8; G1 5.16-26; Rm 8.1-13; 1 Jo 1.7). Ela deve acordar toda manhã e orar, crendo com fé que Deus a ajudará durante o dia, meditar sempre nas Escrituras e recusar tudo o que venha a ser contrário à vontade de Deus, segundo os ensinamentos bíblicos.

1. Responsabilidade do cristão diante da Batalha Espiritual.
1.1. Tome cuidado para não negligenciar o que trará esclarecimento sobre a batalha espiritual (Sl 1.2-4; 2ª Tm 2.15; 3.15-17).

1.2. Não se torne uma presa fácil às críticas dos outros nem aos cuidados prementes da vida que o mantêm ocupado, impedindo-o de empenhar-se na batalha e obter êxito (Lc 21.34-36; Ef 6.10-18).

1.3. Não se esqueça de que bastam as armas espirituais para lhe dar vitória sobre o pecado e Satanás (2ª Co 10.4-7; Ef 6.10-18).

1.4. Não negligencie a oração e a leitura da Bíblia (Ef 6.18; 1ª Tm 4.12-16).

1.5. Não se desanime quando parecer que você está perdendo a guerra (1ª Tm 6.12; 2ª Tm 4.7; 1ª Pe 1.7; 4.12; Tg 1.12).

1.6. Fique alerta e resista a Satanás (Tg 4.7; 1ª Pe 5.8,9).

1.7. Não deixe de usar a autoridade de Cristo por meio de seu precioso sangue, de seu nome e do poder do Espírito Santo contra os poderes demoníacos (At 1.8; Jo 14.12-15; Mc 16.15-20).

1.8. Não deixe de realizar a vontade plena de Deus, de forma racional, à medida que tomar conhecimento dela. Ande na luz da Palavra de Deus (1ª Jo 1.7).

CONCLUSÃO. Há necessidade de equilíbrio para que os exageros dessas aberrações doutrinárias não levem o crente ao ceticismo, porque a batalha espiritual existe e ninguém deve subestimá-la. Os fatos estão registrados na Bíblia, e nenhum cristão ousa negar essa realidade. Por outro lado, os crentes devem ter maturidade suficiente para não entrar no fanatismo, mas discernir entre o que é verdadeiramente espiritual e o que é manipulação esotérica.


Revista do 1° trimestre de 2019 – CPAD

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A MOTIVAÇÃO VERDADEIRA DO NATAL


Natal é a festa que comemora, no dia 25 de dezembro, o nascimento de Jesus Cristo. É, também, uma das épocas de maior atividade do comércio. É grande o movimento nos centros comerciais, pois as lojas se enchem de pessoas comprando presentes, fazendo preparativos para festas, renovando o vestuário, gastando o dinheiro do 13° salário que recebeu no final do ano. É uma época de muitas compras, festas, enfeites e luzes.

É momento que muitos aproveitam para elaborar uma decoração especial com motivos natalinos. Alguns destes enfeites fazem alusão ao nascimento de Cristo, como estrela e presépios, mas o que predomina, na decoração natalina, são árvores, guirlandas, luzes, velas, duendes e, principalmente, o Papai Noel.

1. A origem da comemoração do Natal.
A comemoração desta festa tem origem no decreto do papa Júlio 1, no século 4 d.C., aproveitando a ocasião de uma festa pagã, que marcava o início do inverno, no hemisfério Norte.

Junto com a data vieram os símbolos pagãos: árvore, velas, guirlandas e outros. O Papai Noel foi inspirado em São Nicolau, um idoso que viveu na Turquia, no século 3 d.C., que distribuía presentes para as crianças. A roupa vermelha, o trenó, as renas e os ajudantes duendes foram difundidos através do marketing da Coca-cola, a partir de 1930.



A maioria das pessoas, principalmente, nos países ocidentais, comemora o Natal. Vestem roupas novas, dão presentes, participam dos jantares, decoram os ambientes e acendem luzes para a festa. Muitos, entretanto, não se dão conta do verdadeiro significado do Natal. Quando as luzes se apagam, não passou de mais um feriado ou um momento de confraternização.

2. O personagem verdadeiro.
O Natal comemora o nascimento de Jesus Cristo, o filho de Deus, e não podemos permitir a intromissão de qualquer outro personagem, como Papai Noel, duendes, fadas, gnomos ou semelhantes. Não se faz necessário “enfeitar” as casas e, menos ainda, as igrejas, com decoração natalina. Se forem necessários em uma peça teatral ou algo parecido, os símbolos que representam o Natal são a estrela, a manjedoura, os pastores e outros descritos na Bíblia.

Imagine que em uma casa se vai preparar a festa de aniversário do pai da família, cujo nome é José. As pessoas convidadas para a festa são estranhas ao aniversariante, a decoração da festa é de bonecas e casinhas e, bem destacado, acima da mesa este escrito: “Parabéns, Saci-Pererê!”. Como você acha que se sentiria o aniversariante? É o que acontece com a celebração de Natal de muitos: convidados, decoração e aniversariante totalmente estranhos a Jesus.

O Natal é de Jesus e não cabe outro. É a história do nascimento daquele que é o maior personagem da história. O apóstolo Paulo diz que ele é “Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1 Tm 3.16). O Natal é a grande ocasião para glorificar a Jesus, “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36).

3. A motivação verdadeira.
O Natal não deve ser visto como a comemoração de uma data, mas de um evento. É certo que Jesus não nasceu em 25 de dezembro. Esta data ocorre no inverno em Israel, que é um período frio e chuvoso. Belém está próxima de Jerusalém, que está sobre montes e, no inverno, chega a nevar, em alguns anos.

O período de dezembro corresponde ao nono mês do calendário judaico e está escrito que “todos os homens de Judá e Benjamim, em três dias, se ajuntaram em Jerusalém; era o nono mês, no dia vinte do mês; e todo o povo se assentou na praça da Casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes chuvas” (Ed 10.9). Jeremias informa que o rei estava diante de um braseiro no nono mês, pois era inverno (Jr 36.22).


No nascimento de Jesus “pastores estavam no campo e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho” (Lc 2.8), o que indica ser verão ou primavera, e nos mostra que o nascimento de Jesus foi bem antes de dezembro.

O Natal, portanto, não celebra uma data, mas o maior evento de todos os tempos: O grande e poderoso Deus, criador dos céus e da terra, encarnou e viveu entre os homens, com a finalidade de dar a sua vida em sacrifício por todos os homens.

Jesus Cristo não deve ser visto apenas como um lindo bebê nos braços de sua mãe ou em uma manjedoura, mas como o verdadeiro Deus, que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). O apóstolo João admira-se com o grande milagre da encarnação, dizendo que Jesus é a Palavra de Deus encarnada, que os seus olhos viram e as mãos tocaram. Ele estava dizendo: “nós tocamos em Deus, o apalpamos!” (1ª Jo 1.1,2).

Jesus sabia que a sua missão era dar a sua vida em resgate dos homens pecadores. O que iniciou em Belém, na manjedoura, terminaria no Calvário, em uma cruz. Quando o anjo anunciou a Maria que o seu filho salvaria a humanidade, significava que ele morreria, levando sobre si os pecados de todo o mundo. Não havia outra possibilidade!

O Deus Eterno resolveu ter uma limitada existência humana para garantir a nossa presença ao seu lado na eternidade. Ele é o Senhor que se fez servo para nos tornar participantes do seu reino (Ap 3.21). O grande Deus resolveu ser homem para nos fazer participantes da sua santidade (Hb 12.10). Como diz a letra do hino: ele “morreu a nossa morte pra vivermos sua vida”. Esse é o grande tema e o propósito do Natal.


Festejar o Natal sem experimentar a salvação que o Cristo do Natal veio nos trazer é fazer festa sem saber o motivo e sem ter recebido qualquer benefício.

É como gastar dinheiro para fazer uma festa comemorando o resultado das eleições do Cazaquistão, sem saber onde fica e sem ter nenhum parente lá. É uma festa vazia, sem sentido e sem propósito.

A mensagem do Natal é a revelação da graça de Deus, que enviou seu filho para ser homem e morrer pelos homens, a fim de salvá-los. E a demonstração máxima do grande amor de Deus, enviando o único filho para nos livrar do terrível destino eterno que estava preparado. Como diz a letra do antigo hino: “No Natal a gente sempre agradece / Por Jesus ter nascido em Belém. / Mas nem sempre se lembra, na prece, / Que ele nasce na gente também”.

Quando as luzes do Natal se apagam o que deve ficar é a certeza da vida eterna, garantida pela comunhão com o Jesus Salvador, que nasceu em Belém, e a gratidão pelo grande sacrifício que ele fez, em nosso lugar, para nos dar a gloriosa salvação e nos fazer filhos de Deus.

Se isto for verdadeiro para mim e para você, então podemos fazer muita festa, pois quando as luzes se acenderem ou quando elas se apagarem, sempre será Natal!

Reverberação: www.subsidiosebd.com | Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, Dezembro de 2018 – Acervo: Subsídios EBD | Artigo: Márcio Klauber Maia

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A HUMILDADE E O AMOR DESINTERESSADO



TEXTO ÁUREO
“Porquanto, qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc 14.11).

VERDADE PRÁTICA
Jesus apresenta, a partir de seu próprio exemplo, o caminho da humildade e do amor altruísta como indispensável aos que querem servi-lo.

LEITURA BÍBLICA
Lucas 14.7-14 “7- E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes: 8- Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar, para que não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu, 9- e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. 10- Mas, quando fores convidado, vai e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, assenta-te mais para cima. Então, terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa. 11- Porquanto, qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. 12- E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. 13- Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos 14- e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado serás na ressurreição dos justos.”

INTRODUÇÃO. Jesus contou a parábola dos primeiros assentos, ou lugares de honra, e dos convidados, ao participar de uma refeição na casa de um fariseu. Ele instruiu a todos acerca da humildade e do perfil das pessoas que devem ser convidadas para ocasiões especiais. O verdadeiro objetivo do fariseu, e de seus companheiros, era encontrar algo em Cristo que pudesse condená-lo. Na ocasião, Jesus observou o perfil dos convidados e notou que eles buscavam escolher os primeiros lugares. Foi a partir dessa observação, e também do perfil dos convidados, que o Mestre contou essa curta, mas instrutiva, parábola.

I. A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS ASSENTOS (Lc 14.7-11).
Em Lucas 14 encontramos o registro de uma sequência de quatro parábolas, destas destacaremos duas. Alguns detalhes interessantes merecem ser destacados sobre elas, a saber:
a) Estas parábolas constam apenas no evangelho conforme Lucas.

b) Diferente das outras, elas não foram contadas para responder algum questionamento, mas para combater alguns comportamentos, dos religiosos da sua época.

1. O contexto. Lucas inicia o capítulo catorze dizendo que “num sábado”, Jesus, foi convidado a comparecer na casa de um dos “principais dos fariseus” (Lc 14.1-a), para uma refeição: “para comer pão” (Lc 14.1-b). Beacon (2006, p. 445) acrescenta que: “esta é uma das muitas ocasiões em que os fariseus agiam como hipócritas, sempre fingindo ser amigo de Jesus para alcançar os seus objetivos malignos. A aceitação de um convite como este por parte de Jesus demonstrou coragem e amor. Ele sabia por experiência o perigo que correria, mas seu amor por todos os homens - incluindo os fariseus, não deixaria que Ele abrisse mão desta oportunidade”. Nessa ocasião, Jesus curou um homem que se fez presente e que tinha uma doença chamada “hidropisia” (Lc 14.2), que é uma inchação do corpo produzida pela retenção excessiva de líquido nos tecidos (MOODY, sd, p. 66). Mas, antes ele fez um questionamento se era lícito curar alguém no sábado?
Como todos eles calaram-se (Lc 14.4-a), Jesus curou o homem (Lc 14.4-b). E, fez uma outra pergunta dizendo: “Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?” (Lc 14.5-b). Novamente eles calaram-se, porque entendiam que não podiam dar mais valor a vida animal que a vida humana (Lc 14.6).

2. O que motivou a parábola. Diferente da maioria das parábolas, estas não foram contadas pelo Mestre para responder algum questionamento, na verdade, o comportamento dos convidados no banquete, deu a Jesus a oportunidade para dar uma lição. Embora durante a refeição a que fora convidado, Jesus estivesse sendo observado: “eles o estavam observando” (Lc 14.1-b) claramente estavam esperando que o apanhassem fazendo alguma coisa pela qual pudessem fazer acusações formais contra Ele. O que eles não imaginavam é que Jesus também os estava observando e que tinha várias acusações a fazer contra eles: “[Jesus] reparando como escolhiam os primeiros assentos” (Lc 14.7-b). Moddy (sd, p. 66) diz que: “a posição social era coisa importante na sociedade daquele tempo, e cada convidado queria ocupar o mais alto lugar de honra que conseguisse pegar”. Capítulos antes deste acontecimento, descobrimos que os fariseus tinham sido denunciados por Jesus de amarem os primeiros assentos, literalmente, “lugares de honra” (Mt 23.6; Lc 11.43).

3. A parábola. Jesus aproveitou o comportamento reprovável dos convidados, durante a refeição, para lhes trazer um ensinamento: “E disse aos convidados uma parábola...” (Lc 14.7-a). Na parábola, Jesus falou a respeito de um casamento, onde várias pessoas são convidadas. Sabendo que todos convidados para uma celebração desta são importantes,
o Mestre destacou que, existem alguns que pelo grau de parentesco, intimidade ou consideração ocupam lugares de destaque na festa. Ciente disto, Jesus falou que os convidados devem ter o cuidado de não preferirem lugar de honra ou primeiro lugar (Lc 14.8-a), pois na festa, o lugar nas cadeiras não ficava sob a preferência dos convidados senão dos celebrantes (Lc 14.9). Logo, se alguém sentasse nalgum lugar indevido, poderia sofrer a vergonha de ser substituído por outra pessoa que fosse mais digna de honra: “não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu” (Lc 14.8). Era preferível procurar o derradeiro lugar e ter a honra de ser chamado porque aquele que convidou para um lugar superior (Lc 14.10).

4. O objetivo da parábola. O principal ensinamento transmitido por Jesus aqui é uma lição sobre a humildade, e não simplesmente regras para serem observadas em encontros sociais. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 1555), “humildade” significa: “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; simplicidade; ausência completa de orgulho; rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”. A Bíblia destaca a humildade como virtude necessária em todos os aspectos da vida humana (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Ef 4.1,2; Fp 2.3; Cl 3.12; 1ª Pd 5.5). Beacon (2006, p. 447), pontua duas coisas que devem nos motivar a sermos humildades, a saber:

a) A atitude humilde não apenas evita o risco da humilhação, mas é sempre o caminho da exaltação (Sl 147.6; Lc 1.52).

b) A atitude humilde deveria ser tomada, não porque funciona, traz honra, mas porque é a certa (Pv 14.21; Mq 6.8). Jesus encerrou a parábola com uma séria advertência dizendo: “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc 14.11). Acerca da humildade Morris (2007, p. 219) diz: “a maneira de chegar ao alto é começar em baixo. Se alguém escolher o lugar mais baixo, a única direção em que pode ir é para cima”.

II. A PARÁBOLA DO JANTAR: LUCAS 14.12-14
Nesta mesma ocasião em que contou uma parábola destacando a importância da humildade para os convidados, Jesus viu que alguma coisa precisava ser dita também ao anfitrião: “E dizia também ao que o tinha convidado” (Lc 14.12-a).

1. O que motivou a parábola. O fariseu havia convidado Jesus para uma refeição, prática comum dessas classes de religiosos para com o Mestre (Lc 7.36; 11.37); e também convidou outras pessoas dentre elas: “vizinhos ricos” (Lc 14.1,7). Pelo menos, para este fariseu oferecer uma refeição a alguém de importância, pessoas ricas, era garantir também o recebimento de um futuro convite. Sabedor disto, Jesus contou uma parábola (Lc 14.12).

2. A parábola. Já vimos que o fariseu não convidou Jesus para uma refeição apenas por hospitalidade, mas porque queria observar o Mestre e quem sabe encontrar nele algum comportamento reprovável (Lc 14.1). Boyer (2011, p. 126) afirmou que: “a hospitalidade manifesta neste lar deu ocasião a hostilidade escondida”. Apesar disso, foi Jesus quem viu nesse homem um comportamento que precisava ser corrigido, e o Mestre o fez, contando uma parábola, dizendo: “Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado” (Lc 14.12).

3. O objetivo da parábola. Esta parábola tem como principal objetivo destacar a virtude do “amor desinteressado”.
Jesus ensinou ao fariseu que em vez de convidar para o jantar pessoas que podiam retribuir seu feito, ele deveria fazer o contrário: “Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos” (Lc 14.13.14).

III. ALGUMAS LIÇÕES SOBRE A VIRTUDE DO AMOR
O dicionário teológico define a palavra “amor” como: “sentimento que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente o bem de outrem” (ANDRADE, 2006, p. 42).

1. O amor deve ser dirigido a todos indistintamente. Assim como Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; 2º Cr 19.7; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1ª Pd 1.17), mas ama a todos indistintamente: “Deus amou o mundo …” (Jo 3.16). Logo, Ele espera que assim façamos (Dt 16.19; Jó 13.10; Ml 2.9; Tg 2.1,9). Na parábola do bom samaritano, vemos Jesus relatando o samaritano ajudando o judeu, exercendo misericórdia apesar das diferenças que havia entre eles (Lc 10.33-35). A Bíblia nos diz que devemos amar:
a) A Deus (Dt 6.5; 11.1; Mc 12.30).
b) A família (Ef 5.25; 1 Tm 5.8; Tt 2.4).
c) Ao próximo (Lv 19.18; Lc 10.27; Gl 5.14).
d) Aos inimigos (Mt 5.44).
e) Aos santos (Rm 12.10; 1ª Pd 1.22).

2. O amor não busca os seus próprios interesses. Se existe uma virtude que é altruísta é o amor (1ª Co 13.5). Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra altruísta, quer dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do próximo do que com o seu. Acerca desta declaração Lopes (2008, pp. 247,248 – acréscimo nosso) afirmou que: “o amor é a própria antítese do egoísmo. Ele não é egocentralizado, mas outro centralizado. Ele não vive para si mesmo, mas para servir ao outro”. Não podemos como cristãos vivermos como o mundo numa guerra desenfreada pela satisfação pessoal. Paulo ensinou aos coríntios que ninguém deveria buscar o proveito próprio “antes cada um o que é de outrem” (1ª Co 10.24).

3. O amor não faz por obrigação. Até mesmo as coisas mais nobres se feitas sem amor perdem o seu sentido: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1ª Co 13.3). Barclay (sd, p. 167), “a única forma de dar verdadeiramente, é quando nossa dádiva provém do influxo incontrolável do amor”. Paulo ensinou que: “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (1ª Co 16.14).

4. O amor não faz por ostentação. O verbo “ostentar” significa: “mostra-se; exibir-se com aparato; alardear” (HOUAISS, 2001, p. 2089). Os fariseus eram peritos em fazer coisas para serem apresentados, e Jesus reprovou esta atitude (Mt 6.2,5,18). Lucas nos mostra que, Barnabé vendeu sua propriedade para depositar aos pés dos apóstolos, para assistir aos necessitados da igreja (At 4.36,37); Ananias e Safira, também venderam sua herdade e depositaram aos pés dos apóstolos (At 5.1-11). A obra era praticamente a mesma. No entanto, a diferença entre eles era a motivação. Enquanto Barnabé foi inspirado pelo amor; Ananias e Safira, pela ostentação e por isso foram severamente punidos (At 5.9,10).

CONCLUSÃO. A humildade e o amor são virtudes que devem fazer parte do caráter daquele que segue a Cristo, pois Ele as tem e espera que os seus seguidores imitem o Seu exemplo (Mt 11.28; Jo 15.12).

FONTE DE PESQUISA
1. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
2 BARCLAY, William. Comentário de Lucas. PDF.
3. BOYER, Orlando. Espada Cortante 2. CPAD.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
6. LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios: como resolver conflitos na igreja. HAGNOS.
7. MOODY, D.L. Comentário Bíblico de Lucas. IBR.
8. MORRIS, Leon L. Lucas introdução e comentário. VIDA NOVA.
9. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

ESPERANDO, MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“Cada um administre aos outros o dom com o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” (1ª Pe 4.10).

VERDADE PRÁTICA
Enquanto vigilantes aguardamos a volta de Cristo, devemos trabalhar diligentemente na causa do Mestre.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 25.14-30 “Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, 15 e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. 16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos. 17 Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois. 18 Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. 20 Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles. 21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom efiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles ganhei outros dois talentos. 23 Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 24 Mas, chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; 25 e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; 27 devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros. 28 Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. 29 Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado. 30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.”

INTRODUÇÃO. A parábola dos talentos retrata um senhor que viaja para fora do país e deixa suas posses sob a responsabilidade de seus servos. Enquanto ele estiver ausente, os servos deverão negociar os seus bens para obter lucro. No dia que o senhor voltar, eles deverão prestar contas. A referência sobre o longo tempo de duração da viagem (Mt 25.19) desperta a questão a saber quem estará pronto para o retorno do senhor. Assim, uma das grandes lições da parábola dos talentos está na importância de se "remir" o tempo, de maneira sábia, antes que Cristo volte. Não se trata de uma espera desinteressada, pois exige de cada um de nós, seus servos, que levemos adiante a tarefa de cuidar dos "bens" e tiremos o máximo proveito da oportunidade que nos foi confiada. Estar preparado para a volta de Jesus significa também comprometer-se com a tarefa que nos foi designada pelo Senhor (Lc 19.13b).

I. INTERPRETAÇÃO EXEGÉTICA
“A palavra grega talanton, usada somente por Mateus, é uma moeda de alto valor, dependendo do metal do qual é feito (em contraste com a palavra mna que Lucas usa, a qual tinha consideravelmente menos valor, Lc 19.13). Em certo ponto um talento era igual a seis mil denários, sendo o valor de um denário o salário de um dia para os trabalhadores (veja Mt 18.23-28). (Em nosso idioma usamos a palavra talento para nos referirmos à habilidade que a pessoa tenha, sentido este proveniente desta parábola.) Emprestar dinheiro para ganhar juros e enterrar tesouros de moedas eram práticas comuns nessa época.

“Quando o nobre volta, cada servo o trata de 'Senhor' (kyrie). Para os leitores de Mateus conotava a divindade de Jesus. Embora todos o chamem de Senhor, nem todos são servos fiéis. Todo aquele que trabalha fielmente nos negócios do Reino é aprovado e convidado a entrar no gozo do teu senhor' (Mt 25.21,23). O servo infiel afirma que sua inação é resultado de medo do senhor, que teria ficado bravo se o servo tivesse investido o dinheiro num empreendimento improdutivo. Em vez de arriscar a perder, ele enterra o tesouro como garantia (cf. Mt 13.44). Mas ele se condena com as próprias palavras. 0 senhor o chama de 'mau e negligente servo' (Mt 25.26). Fazer o trabalho do Reino obtém abundância na consumação do tempo do fim, ao mesmo tempo que a negligência (ou a preguiça) é recompensada com a danação eterna {[...]). Jesus ensinou que a prática da justiça e do perdão graciosos de Deus são indispensáveis para a salvação última" (SHELTON, James 8. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.136).

A Origem da Nossa Moderna Palavra “Talento”.
“A definição que conhecemos de ‘talento’ como uma referência à capacidade humana é derivada desta parábola e, apesar das pessoas interpretarem o ‘talento’ como tendo uma ligação com a capacidade há muito tempo atrás, este uso da palavra não surgiu antes do século XV.”

II. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS

1. O contexto da parábola.
A maioria dos estudiosos enfrenta dificuldade para explicar o contexto da parábola dos talentos, pois se trata de uma narrativa que expõe uma realidade econômica muito distinta da nossa. Um ou outro arriscou uma explicação dizendo que o procedimento adotado pelo senhor da parábola era uma das formas que as pessoas de posse adotavam quando se ausentavam por um longo período de tempo. No entanto, tal explicação não é o mais importante, e sim a sua mensagem.

2. Conhecendo o sistema financeiro da época.
Os estudiosos destacam ainda que embora Jesus usasse, via de regra, em suas parábolas, imagens da vida no campo, dos trabalhadores braçais e até da família, nesta o Senhor tomou exemplos do sistema financeiro, pelo fato de que, naquela época, tal sistema era um assunto corriqueiro e criticado entre as pessoas. Assim, ainda que elas não tivessem posses e fossem pobres, sabiam desse sistema e entendiam também que as pessoas que tinham muito dinheiro eram as que possuíam maiores condições de multiplicar seus bens. Uma vez que desde sempre os juros de empréstimos são elevados, certamente talvez, por isso, os servos bons e fiéis tenham atuado, eles mesmos, como banqueiros, emprestando o dinheiro a altos juros e realizando grandes negócios (v.27).

3. A motivação e o significado da parábola.
Pelo contexto escatológico em que foi contada, muito provavelmente a parábola dos talentos tem como finalidade retratar o período que abrange desde a ascensão de Jesus até sua segunda vinda e foi dirigida aos seus discípulos com o objetivo de alertá-los a ter uma vida pautada nos valores do Evangelho (Mt 25.13-15). O homem rico a quem os servos se referiram como "senhor" que iria partir é uma representação do Senhor Jesus Cristo. A viagem a um país distante se refere à sua partida para o céu, após a sua ascensão. Os servos eram, inicialmente, os doze discípulos a quem Jesus dirigiu a parábola, e num sentido mais amplo, refere-se a todas as pessoas nascidas de novo. Os talentos são os dons que o Senhor entregou aos seus servos. Inclusive, a nossa palavra “talento”, com o sentido que conhecemos, vem desse uso que o Mestre fez da expressão. A volta do senhor dos talentos seria o equivalente à segunda vinda de Cristo, enquanto a recompensa, ou o castigo, seriam uma representação do destino dos salvos e dos não-salvos (vv. 20-27). A aprovação elogiosa que o senhor fez aos servos, no seu retorno, refere-se aos galardões que se podem esperar do julgamento das obras no Tribunal de Cristo (2 Co 5.10). Já a condenação do servo que negligenciou sua responsabilidade em relação ao talento, é uma advertência contra o não uso, ou o uso indevido dos dons (vv. 28-30 cf. Mt 7.21-23).

III. USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS

1. O Senhor reparte seus talentos segundo a nossa capacidade.
A parábola dos talentos nos ensina uma grande verdade sobre o nosso potencial, isto é, a aptidão e a possibilidade que cada um possui de realizar uma tarefa. Por isso, o texto fala que a quantidade de talentos foi repartida “a cada um segundo a sua capacidade” (v.15). Deus não concede um talento a uma pessoa sem que esta tenha condições de desenvolver e nem requer de alguém uma tarefa para a qual não a tenha chamado. Qual é o seu talento? Qual é a sua capacidade? Contente-se com o seu talento, pois você o recebeu do Senhor de acordo com a sua capacidade. A esse respeito, a parábola mostra a diferença de responsabilidade, pois diferimos uns dos outros na quantidade de dons recebidos. Note que, apesar de os servos terem recebido uma quantidade diferente de talentos, que foram distribuídos de acordo com a capacidade pessoal de cada um, a recompensa pela dedicação de cada um deles à tarefa foi igual.

2. A capacitação do homem por Deus.
Desde o livro de Êxodo, a Bíblia apresenta o agir de Deus na vida de homens com a finalidade de capacitá-los para o exercício de uma atividade (35.30-35). O texto fala da capacitação divina a Bezalel e a Aoliabe, dizendo que Deus lhes deu habilidade para fazerem trabalhos manuais e engenhosos específicos, além de capacidade para criar “invenções”. Diante da grande tarefa que tinha diante de si em liderar o povo de Deus, apesar de ter sido escolhido para desempenhar tal papel, Salomão pede ao Senhor que lhe dê sabedoria (1ª Rs 3.6-9). Assim também o apóstolo Paulo reconhece, de forma humilde, que não somos “capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2ª Co 3.5). Esta é a atitude que se espera de quem realmente tem um chamado da parte de Deus: Reconhecer que a nossa capacidade vem de Deus.

3. O acerto de contas.
A responsabilidade de desempenhar uma missão na obra de Deus é de tal envergadura que a parábola que estamos estudando fala do acerto de contas dos servos de Deus, com o seu Senhor, e mostra algumas verdades interessantes. Entre elas a de que os homens podem até receber dons desiguais, mas devem desenvolvê-los e entregá-los com a mesma diligência, pois os que fizerem a vontade do seu senhor receberão a mesma remuneração (vv.21,23). De igual forma, o negligente, independentemente do quanto recebeu, pela sua maneira de lidar com o talento, também será punido (vv.28,30).

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Os três servos receberam seus talentos (Mt 25.15). Cada um deles trabalharia e administraria os bens conforme a sua capacidade pessoal. Aquele senhor deixou aqueles talentos em suas mãos para serem cuidados e negociados. Não há acepção, nem discriminação. Cada qual negociaria da melhor forma possível com aquilo que recebeu para trabalhar. Cada qual deveria preocupar-se apenas com o seu trabalho e procurar fazê-lo bem. Não pode haver espaço para invejas, ciúmes e porfias entre os servos de Cristo, que são coisas típicas de pessoas carnais (Gl 5.19-21). A entrega dos talentos representava não só a confiança, mas significava o teste que provaria a fidelidade de cada um deles. Os servos de Cristo na terra, da mesma forma, são selecionados para trabalharem com os talentos recebidos, e o Senhor espera que os mesmos trabalhem e façam multiplicar os bens do Senhor. Ele chama e seleciona pessoas como quer” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.144).

IV. TRABALHANDO ATÉ O SENHOR VOLTAR

1. Usando os talentos segundo a nossa capacidade.
Assim como a distribuição dos bens foi proporcional à capacidade de cada um dos servos, de igual maneira, espera-se que a sua utilização obedeça à mesma regra, ou seja, os talentos devem ser usados de acordo com a capacidade de cada um. A respeito do trabalho com a expansão do Reino de Deus, o Senhor reparte talentos segundo a nossa capacidade e os requer na mesma medida, pois “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12.48b). Cientes de sua obrigação, os dois primeiros servos, não sabendo quanto tempo o seu senhor estaria ausente, tão logo ele se foi, começaram a negociar imediatamente e empregaram seus talentos, ou seja, eles negociaram e não descansaram enquanto não dobraram o que tinham recebido (vv. 20,22). Em ambos os casos os talentos foram devidamente empregados. Se o servo que recebera um talento tivesse feito o mesmo, certamente o seu desempenho seria semelhante (vv. 26,27).

2. A advertência de que haverá uma prestação de contas.
Por mais que tenha demorado, “o senhor daqueles servos” voltou e chamou-os para ajustar “contas com eles” (v.19). De modo semelhante, Cristo não nos chamou para que fiquemos ociosos, pois Ele chamará cada um a prestar contas de seu trabalho na obra de Deus (Lc 12.48b; 2ª Co 5.10). A parábola nos adverte para o fato de que recebemos algo de Cristo, ou seja, dons e talentos, com a finalidade de trabalharmos para Ele, pois a “manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1ª Co 12.7). É necessário atentar para esta verdade, pois o dia de prestar contas chegará e todos seremos examinados.

3. Recompensa no Tribunal de Cristo.
Além de ser uma responsabilidade, trabalhar no Reino de Deus é um privilégio. Os elogios que o senhor fez aos servos no seu retorno (vv. 21,23) lembram dos galardões que, como seus servos, podemos esperar no dia do julgamento de nossas obras no Tribunal de Cristo (1ª Co 3.12-15 cf. 2ª Co 5.10). Alegremo-nos com essa verdade.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Aproveite a temática da lição como um todo, mas desse terceiro tópico, m especial, para incentivar à classe a praticar o evangelismo pessoal e a falar de Cristo em todo e qualquer lugar, seja nas redes sociais ou mesmo no trabalho u na vizinhança. Estimule aqueles que têm vocação para o ensino, oferecendo a oportunidade de, nas próximas aulas, eles introduzirem ou, talvez, concluírem a lição. Dessa forma você estará contribuindo para a continuidade do ministério de ensino.

CONCLUSÃO. Uma vez que Jesus não estabeleceu uma data para a sua volta, Ele pode vir a qualquer momento (Mt 24.36; Mc 13.32; At 1.7). Todavia, sempre há tempo suficiente, antes que Cristo venha, para que os que forem servos bons e fiéis dupliquem os talentos que o Senhor lhes confiou.