TEXTO
ÁUREO
“Cada um administre aos outros o dom com
o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” (1ª Pe 4.10).
VERDADE
PRÁTICA
Enquanto vigilantes aguardamos a volta
de Cristo, devemos trabalhar diligentemente na causa do Mestre.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Mateus
25.14-30
“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os
seus servos, e entregou-lhes os seus bens, 15 e a um deu cinco talentos, e a
outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se
logo para longe. 16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos
negociou com eles e granjeou outros cinco talentos. 17 Da mesma sorte, o que
recebera dois granjeou também outros dois. 18 Mas o que recebera um foi, e
cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 E, muito tempo depois,
veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. 20 Então, aproximou-se
o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo:
Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei
com eles. 21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom efiel. Sobre o pouco
foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 E,
chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor,
entregaste-me dois talentos; eis que com eles ganhei outros dois talentos. 23
Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel,
sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 24 Mas, chegando também
o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro,
que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; 25 e, atemorizado,
escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 Respondendo, porém, o
seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei
e ajunto onde não espalhei; 27 devias, então, ter dado o meu dinheiro aos
banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros. 28 Tirai-lhe,
pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. 29 Porque a qualquer que
tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem
ser-lhe-á tirado. 30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali,
haverá pranto e ranger de dentes.”
INTRODUÇÃO.
A
parábola dos talentos retrata um senhor que viaja para fora do país e deixa
suas posses sob a responsabilidade de seus servos. Enquanto ele estiver
ausente, os servos deverão negociar os seus bens para obter lucro. No dia que o
senhor voltar, eles deverão prestar contas. A referência sobre o longo tempo de
duração da viagem (Mt 25.19) desperta a questão a saber quem estará pronto para
o retorno do senhor. Assim, uma das grandes lições da parábola dos talentos
está na importância de se "remir" o tempo, de maneira sábia, antes que
Cristo volte. Não se trata de uma espera desinteressada, pois exige de cada um
de nós, seus servos, que levemos adiante a tarefa de cuidar dos "bens" e tiremos o máximo proveito da oportunidade que nos foi
confiada. Estar preparado para a volta de Jesus significa também comprometer-se
com a tarefa que nos foi designada pelo Senhor (Lc 19.13b).
I.
INTERPRETAÇÃO EXEGÉTICA
“A palavra grega talanton, usada somente por Mateus, é uma moeda de alto valor,
dependendo do metal do qual é feito (em contraste com a palavra mna que Lucas
usa, a qual tinha consideravelmente menos valor, Lc 19.13). Em certo ponto um
talento era igual a seis mil denários, sendo o valor de um denário o salário de
um dia para os trabalhadores (veja Mt 18.23-28). (Em nosso idioma usamos a
palavra talento para nos referirmos à habilidade que a pessoa tenha, sentido
este proveniente desta parábola.) Emprestar dinheiro para ganhar juros e
enterrar tesouros de moedas eram práticas comuns nessa época.
“Quando o nobre volta, cada servo o
trata de 'Senhor' (kyrie). Para os
leitores de Mateus conotava a divindade de Jesus. Embora todos o chamem de
Senhor, nem todos são servos fiéis. Todo aquele que trabalha fielmente nos
negócios do Reino é aprovado e convidado a entrar no gozo do teu senhor' (Mt
25.21,23). O servo infiel afirma que sua inação é resultado de medo do senhor,
que teria ficado bravo se o servo tivesse investido o dinheiro num
empreendimento improdutivo. Em vez de arriscar a perder, ele enterra o tesouro
como garantia (cf. Mt 13.44). Mas ele se condena com as próprias palavras. 0
senhor o chama de 'mau e negligente servo' (Mt 25.26). Fazer o trabalho do
Reino obtém abundância na consumação do tempo do fim, ao mesmo tempo que a
negligência (ou a preguiça) é recompensada com a danação eterna {[...]). Jesus
ensinou que a prática da justiça e do perdão graciosos de Deus são
indispensáveis para a salvação última" (SHELTON, James 8. In ARRINGTON,
French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, p.136).
A Origem da Nossa Moderna Palavra “Talento”.
“A definição que conhecemos de ‘talento’
como uma referência à capacidade humana é derivada desta parábola e, apesar das
pessoas interpretarem o ‘talento’ como tendo uma ligação com a capacidade há
muito tempo atrás, este uso da palavra não surgiu antes do século XV.”
II.
INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS
1.
O contexto da parábola.
A maioria dos estudiosos enfrenta
dificuldade para explicar o contexto da parábola dos talentos, pois se trata de
uma narrativa que expõe uma realidade econômica muito distinta da nossa. Um ou
outro arriscou uma explicação dizendo que o procedimento adotado pelo senhor da
parábola era uma das formas que as pessoas de posse adotavam quando se
ausentavam por um longo período de tempo. No entanto, tal explicação não é o
mais importante, e sim a sua mensagem.
2.
Conhecendo o sistema financeiro da época.
Os estudiosos destacam ainda que embora
Jesus usasse, via de regra, em suas parábolas, imagens da vida no campo, dos
trabalhadores braçais e até da família, nesta o Senhor tomou exemplos do
sistema financeiro, pelo fato de que, naquela época, tal sistema era um assunto
corriqueiro e criticado entre as pessoas. Assim, ainda que elas não tivessem
posses e fossem pobres, sabiam desse sistema e entendiam também que as pessoas
que tinham muito dinheiro eram as que possuíam maiores condições de multiplicar
seus bens. Uma vez que desde sempre os juros de empréstimos são elevados,
certamente talvez, por isso, os servos bons e fiéis tenham atuado, eles mesmos,
como banqueiros, emprestando o dinheiro a altos juros e realizando grandes
negócios (v.27).
3.
A motivação e o significado da parábola.
Pelo contexto escatológico em que foi
contada, muito provavelmente a parábola dos talentos tem como finalidade
retratar o período que abrange desde a ascensão de Jesus até sua segunda vinda
e foi dirigida aos seus discípulos com o objetivo de alertá-los a ter uma vida
pautada nos valores do Evangelho (Mt 25.13-15). O homem rico a quem os servos
se referiram como "senhor" que iria partir é uma representação do
Senhor Jesus Cristo. A viagem a um país distante se refere à sua partida para o
céu, após a sua ascensão. Os servos eram, inicialmente, os doze discípulos a
quem Jesus dirigiu a parábola, e num sentido mais amplo, refere-se a todas as
pessoas nascidas de novo. Os talentos são os dons que o Senhor entregou aos
seus servos. Inclusive, a nossa palavra “talento”, com o sentido que
conhecemos, vem desse uso que o Mestre fez da expressão. A volta do senhor dos
talentos seria o equivalente à segunda vinda de Cristo, enquanto a recompensa,
ou o castigo, seriam uma representação do destino dos salvos e dos não-salvos
(vv. 20-27). A aprovação elogiosa que o senhor fez aos servos, no seu retorno,
refere-se aos galardões que se podem esperar do julgamento das obras no
Tribunal de Cristo (2 Co 5.10). Já a condenação do servo que negligenciou sua
responsabilidade em relação ao talento, é uma advertência contra o não uso, ou
o uso indevido dos dons (vv. 28-30 cf. Mt 7.21-23).
III.
USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS
1.
O Senhor reparte seus talentos segundo a nossa capacidade.
A parábola dos talentos nos ensina uma
grande verdade sobre o nosso potencial, isto é, a aptidão e a possibilidade que
cada um possui de realizar uma tarefa. Por isso, o texto fala que a quantidade
de talentos foi repartida “a cada um segundo a sua capacidade” (v.15). Deus não
concede um talento a uma pessoa sem que esta tenha condições de desenvolver e
nem requer de alguém uma tarefa para a qual não a tenha chamado. Qual é o seu
talento? Qual é a sua capacidade? Contente-se com o seu talento, pois você o
recebeu do Senhor de acordo com a sua capacidade. A esse respeito, a parábola
mostra a diferença de responsabilidade, pois diferimos uns dos outros na
quantidade de dons recebidos. Note que, apesar de os servos terem recebido uma
quantidade diferente de talentos, que foram distribuídos de acordo com a
capacidade pessoal de cada um, a recompensa pela dedicação de cada um deles à
tarefa foi igual.
2.
A capacitação do homem por Deus.
Desde o livro de Êxodo, a Bíblia
apresenta o agir de Deus na vida de homens com a finalidade de capacitá-los
para o exercício de uma atividade (35.30-35). O texto fala da capacitação
divina a Bezalel e a Aoliabe, dizendo que Deus lhes deu habilidade para fazerem
trabalhos manuais e engenhosos específicos, além de capacidade para criar “invenções”. Diante da grande tarefa que tinha diante de si em liderar o povo de Deus,
apesar de ter sido escolhido para desempenhar tal papel, Salomão pede ao Senhor
que lhe dê sabedoria (1ª Rs 3.6-9). Assim também o apóstolo Paulo reconhece, de
forma humilde, que não somos “capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de
nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2ª Co 3.5). Esta é a atitude
que se espera de quem realmente tem um chamado da parte de Deus: Reconhecer que
a nossa capacidade vem de Deus.
3.
O acerto de contas.
A responsabilidade de desempenhar uma
missão na obra de Deus é de tal envergadura que a parábola que estamos
estudando fala do acerto de contas dos servos de Deus, com o seu Senhor, e
mostra algumas verdades interessantes. Entre elas a de que os homens podem até
receber dons desiguais, mas devem desenvolvê-los e entregá-los com a mesma
diligência, pois os que fizerem a vontade do seu senhor receberão a mesma
remuneração (vv.21,23). De igual forma, o negligente, independentemente do
quanto recebeu, pela sua maneira de lidar com o talento, também será punido
(vv.28,30).
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Os três servos receberam seus talentos
(Mt 25.15). Cada um deles trabalharia e administraria os bens conforme a sua
capacidade pessoal. Aquele senhor deixou aqueles talentos em suas mãos para
serem cuidados e negociados. Não há acepção, nem discriminação. Cada qual
negociaria da melhor forma possível com aquilo que recebeu para trabalhar. Cada
qual deveria preocupar-se apenas com o seu trabalho e procurar fazê-lo bem. Não
pode haver espaço para invejas, ciúmes e porfias entre os servos de Cristo, que
são coisas típicas de pessoas carnais (Gl 5.19-21). A entrega dos talentos
representava não só a confiança, mas significava o teste que provaria a fidelidade
de cada um deles. Os servos de Cristo na terra, da mesma forma, são
selecionados para trabalharem com os talentos recebidos, e o Senhor espera que
os mesmos trabalhem e façam multiplicar os bens do Senhor. Ele chama e seleciona
pessoas como quer” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã, 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003, p.144).
IV. TRABALHANDO
ATÉ O SENHOR VOLTAR
1.
Usando os talentos segundo a nossa capacidade.
Assim como a distribuição dos bens foi
proporcional à capacidade de cada um dos servos, de igual maneira, espera-se
que a sua utilização obedeça à mesma regra, ou seja, os talentos devem ser
usados de acordo com a capacidade de cada um. A respeito do trabalho com a
expansão do Reino de Deus, o Senhor reparte talentos segundo a nossa capacidade
e os requer na mesma medida, pois “a qualquer que muito for dado, muito se lhe
pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc
12.48b). Cientes de sua obrigação, os dois primeiros servos, não sabendo quanto
tempo o seu senhor estaria ausente, tão logo ele se foi, começaram a negociar
imediatamente e empregaram seus talentos, ou seja, eles negociaram e não
descansaram enquanto não dobraram o que tinham recebido (vv. 20,22). Em ambos os
casos os talentos foram devidamente empregados. Se o servo que recebera um
talento tivesse feito o mesmo, certamente o seu desempenho seria semelhante
(vv. 26,27).
2.
A advertência de que haverá uma prestação de contas.
Por mais que tenha demorado, “o senhor
daqueles servos” voltou e chamou-os para ajustar “contas com eles” (v.19). De
modo semelhante, Cristo não nos chamou para que fiquemos ociosos, pois Ele
chamará cada um a prestar contas de seu trabalho na obra de Deus (Lc 12.48b; 2ª
Co 5.10). A parábola nos adverte para o fato de que recebemos algo de Cristo,
ou seja, dons e talentos, com a finalidade de trabalharmos para Ele, pois a “manifestação
do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1ª Co 12.7). É necessário
atentar para esta verdade, pois o dia de prestar contas chegará e todos seremos
examinados.
3.
Recompensa no Tribunal de Cristo.
Além de ser uma responsabilidade,
trabalhar no Reino de Deus é um privilégio. Os elogios que o senhor fez aos
servos no seu retorno (vv. 21,23) lembram dos galardões que, como seus servos,
podemos esperar no dia do julgamento de nossas obras no Tribunal de Cristo (1ª
Co 3.12-15 cf. 2ª Co 5.10). Alegremo-nos com essa verdade.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO
Aproveite a temática da lição como um
todo, mas desse terceiro tópico, m especial, para incentivar à classe a
praticar o evangelismo pessoal e a falar de Cristo em todo e qualquer lugar,
seja nas redes sociais ou mesmo no trabalho u na vizinhança. Estimule aqueles
que têm vocação para o ensino, oferecendo a oportunidade de, nas próximas
aulas, eles introduzirem ou, talvez, concluírem a lição. Dessa forma você
estará contribuindo para a continuidade do ministério de ensino.
CONCLUSÃO.
Uma
vez que Jesus não estabeleceu uma data para a sua volta, Ele pode vir a
qualquer momento (Mt 24.36; Mc 13.32; At 1.7). Todavia, sempre há tempo
suficiente, antes que Cristo venha, para que os que forem servos bons e fiéis
dupliquem os talentos que o Senhor lhes confiou.
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