TEOLOGIA EM FOCO: FALSOS PROFETAS

segunda-feira, 17 de maio de 2021

FALSOS PROFETAS



 Esboço de Jeremias 23:

23.1 – 4: “Ai dos falsos pastores...”

23.5 – 8: “O Senhor é a Nossa Justiça...”

23.9 – 15: “Contra os falsos profetas...”

23.16 – 22: “Não os enviei...”

23.23,24: “Deus de perto e de longe...”

23.25 – 40: “O destino dos falsos profetas...”

INTRODUÇÃO Ao estudar esta lição, você aprenderá a reconhecer os falsos profetas que falam mentiras em nome do Senhor.

Iniciaremos nossa jornada a partir de Jeremias 5.1-4. Desde o momento de sua chamada, Jeremias sabia que sua tarefa não seria fácil (Jr 1.17-19). Mas não imaginava, de início, de onde viria a oposição. Ele sabia que as reformas promulgadas pelo rei Josias não en­contravam guarida no coração do povo comum (Jr 5.4), mas acreditava que a liderança entenderia o recado divino. Quanto engano (Jr 5.5)! “Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, se há um homem que pra­tique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela” (Jr 5.1). A idolatria e a imoralidade tomavam conta de todos (Jr 5.7). A liderança espiritual devia funcionar como a consciência da nação (Jr 5.30-31), mas não exercia seu papel. A maior oposição que Jeremias teve de enfrentar veio dos falsos profetas.

I. PROFETA X “PROFETA” (Jr 27-28)

1. Vamos nos rebelar?

Começou o reinado de Zedequias, o último rei de Judá. Os reis vizinhos enviaram mensageiros a Jerusalém (Jr 27.3), com o intuito de montar uma conspiração contra Nabucodonosor. Aquilo não funcionaria, e Deus mandou o recado por Jeremias de maneira bem dramática. O profeta foi ao encontro dos embaixadores usando sobre o pescoço “correias e canzis” (Jr 27.2), ou seja, um jugo de bois, com cordas e madeiras! A mensagem era clara: as nações só teriam paz andando em submissão ao rei Nabucodonosor (Jr 27.8,11), que colocou Zedequias no trono (2º Rs 24.17). Mas Nabuco­donosor não passava de um “servo” nos planos do Senhor, que o tinha colocado no trono de domínio sobre as terras (Jr 27.6). Afinal, quem reina é Deus, o Senhor (Jr 27.5)!

2. Vozes conflitantes.

Por que os reis não reconheceram que a conspiração estava destinada ao fracasso? (cf. Jr 27.9-10,14-15). Havia vozes falsas, enganosas, falando menti­ras com uma suposta autoridade espiritual. No caso das nações, além de pro­fetas, havia todo tipo de médium, “guia espiritual” (Jr 27.9). No caso do povo de Deus, eram profetas que falavam em nome do Senhor (Jr 27.15). Mas tudo era “mentira” (Jr 27.10,14,16). O interesse deles pela causa de Deus se limi­tava às coisas materiais, os “utensílios” do templo (Jr 27.16; 28.2-3).

3. Corpo a corpo.

No capítulo 28, aparece o profeta Hananias com sua mensagem de restauração completa “dentro de dois anos” (Jr 28.1-4). Ele contradisse tudo o que Jeremias falou – o jugo não vale nada, pois “quebrei o jugo do rei da Ba­bilônia” (Jr 28.2,4). É impressionante como, ao longo do capítulo, os dois homens são chamados de “profeta” (cf. v.5,10,12,15). Os dois falam em nome do Senhor: Hananias nos versos 2 e 11; Jeremias nos versos 14 e 16. Como é que o povo saberia em quem acreditar?

É um problema perene, antigo e atual. Moisés já o previa e deu dois tes­tes: primeiro – profecia que não se cum­pre não veio de Deus (Dt 18.20-22); segundo – profecia em nome de outros deuses, mesmo que se cumpra, é pecado mortal (Dt 13.1-5). O segundo teste já condena os profetas pagãos (Jr 27.9), e o primeiro teste serviu para desmascarar Hananias, pois os “dois anos” (Jr 28.3) se passaram, e nada mudou; enquanto isso, outra profecia, esta de Jeremias, teve seu cumprimento mais rápido (Jr 28.15-17).

4. Reagindo à mentira.

A reação de Jeremias nesse episó­dio pode servir de modelo para nós. Duas palavras resumem a reação de Jeremias: “Amém!” e “Será?”

“Amém!” (Jr 28.6). É claro que a mensagem de Hananias era bem mais popular do que a de Jeremias. Quem não quer uma mensagem de libertação (Jr 28.10-11), de restauração (Jr 28.3), enfim, de paz e vitória (Jr 6.14)? Jeremias também queria que tais expressões fossem a verdade. Como sabemos, Jeremias não tinha nenhum prazer em pregar o juízo: “nem tampouco desejei o dia da aflição” (Jr 17.16). Jeremias pregava na esperança de que sua profecia não fosse cumprida, de que o povo se arre­pendesse e encontrasse a misericórdia e o perdão de Deus.

“Será?” (Jr 28.7-9). O que importa é que o profeta fale a verdade, seja agradável ou não. E Jeremias nos dá um terceiro teste (além dos dois citados por Moisés): a palavra é coerente com o que Deus falou no passado? Em geral, os profetas de Deus são mensageiros de juízo. Mesmo o Profeta maior, o Senhor Jesus Cristo, falou muitas vezes sobre o juízo.

 

Você notou que Jeremias não diz “assim diz o Senhor” neste discurso dos versos 6-9? É coisa de lógica, que não precisava de revelação divina!

Duas palavras: “amém!” e “será?” E um silêncio. Quando Hananias che­gou ao extremo ultrajante de destruir o jugo simbólico que Jeremias portava, o profeta de Deus não reagiu de imedia­to. Com domínio próprio dado pelo Senhor, simplesmente “se foi tomando seu caminho” (28.10-12). Foi apenas “depois” (28.12) de um intervalo, no qual certamente buscou a orientação de Deus, que Jeremias voltou a responder com uma palavra não dele, mas do Se­nhor (28.13-16). O profeta entendeu que a ofensa feita era “contra o Senhor” (28.16) e que Ele ia julgar.

Jeremias para hoje

Você tem andado sob o jugo do Rei maior, Jesus Cristo (Mt 11.28-30)? Tem se interessado mais pelas coisas “santas” do que por uma vida santa? Tem discernido corretamente as mensagens ouvidas (seja na televisão, na internet, no rádio ou pessoalmente)?

II. DEUS FALA A RESPEITO DOS FALSOS PROFETAS (JR 23.9-40)

1. O mal da profecia falsa.

“O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como homem embriagado e como homem vencido pelo vinho” (Jr 23.9). A forte reação de Jeremias mostra a serie­dade do problema. Os profetas estavam desrespeitando as “santas palavras” do Se­nhor, e dessa atitude fluíam muitos males.

1.1. Davam vazão à imoralidade sexual (Jr 23.10).

1.2. Encorajavam os outros no pecado. “...fortalecem as mãos dos malfeitores” (Jr 23.14), “fazem errar o meu povo” (Jr 23.32), contaminando toda a terra com a sua impiedade (Jr 23.15), como enchente que deixa um mar de lama nas casas atingidas.

1.3. Contradiziam diretamente a palavra do Senhor. “Não virá mal sobre vós” (Jr 23.17) é exatamente o contrário do que Deus falou no verso 12: “trarei sobre eles calamidade”. Falam sobre paz, mas não sobre pecado. Prometem alegria, mesmo sem arrependimento. Nisso imitam o pai da mentira (Gn 3.4).

2. A “sentença pesada do Senhor”

Enfim, falsos profetas: “furtam as minhas palavras, cada um ao seu compa­nheiro” (Jr 23.30), repetindo chavões que, mesmo sendo verdades, estavam desgastados e mortos, de tanta repetição. Um desses chavões era a expressão “sentença pesada do Senhor” (Jr 23.33). Nada há de errado na expressão em si, mas a repetição leviana, usada para legitimar qualquer ‘mensagem’ desses profetas mentirosos, chegou a ponto de Deus proibir seu emprego.

3. A profecia verdadeira.

Como é o ministério de um pro­feta verdadeiro? Quais as suas marcas? Podemos esboçar uma resposta a partir da acusação do verso 36: “pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus”.

3.1. O profeta genuíno traz uma pa­lavra viva, “do Deus vivo”. Não chavões mortos imitando outros. É uma mensagem que “vem da boca do Senhor” (Jr 23.16), não de algum livro (ou site!). O pro­feta genuíno “esteve no conselho do Senhor” (Jr 23.18); a palavra “conselho” aqui dá ideia de um cír­culo de amigos. É traduzida como “segredo” em Amós 3.7.

3.2. O profeta verdadeiro conhece a Deus na Sua grandeza majestosa como “Senhor dos Exércitos”. Aquele que enche os céus e a terra (Jr 23.23-24). Assim o profeta vive toda a vida na presença de Deus. Sabe da realidade de Seu juízo (Jr 23.15,19-20). Não se deixa enganar com “vãs esperanças” (Jr 23.16) e sonhos vazios (Jr 23.25-28).

3.3. O profeta genuíno conhece a Deus pessoalmente, como “o nosso Deus”, e compartilha do zelo que Deus tem por Sua casa (Jr 23.11), Sua terra (Jr 23.16), Seu povo (Jr 23.22,32), enfim, Seu próprio Nome. Para o profeta verdadeiro, o pior castigo é ser lançado fora da presença de Deus (Jr 23.39).

Jeremias para hoje

Que tipo de mensagens você mais gosta de ouvir? Quando seu pastor prega sobre pecado, você se alegra pelas palavras ditas ou você é daqueles que só querem ouvir coisas agradáveis aos ouvidos?

CONCLUSÃO

No capítulo 23 de Jeremias, obser­vamos que as mensagens falsas podem brotar de várias raízes: falsos deuses (Jr 23.13); coração humano (Jr 23.16); sonhos (Jr 23.25); palavras de outros (Jr 23.30). O Senhor se declara contra todos os que proferem tais mensagens (Jr 23.30-32) como se viessem de Deus. Em total contraste, a palavra que vem de Deus se faz sentir pelos seus efeitos (Jr 23.28-29). É “trigo” que alimenta a alma e nos dá força para servir e obedecer. É “fogo” que purifica e nos faz arder o coração para falar da grande salvação que temos em Cristo (cf. Lc 24.32-35). E é “martelo” que quebranta a dureza do nosso coração, trazendo-nos sempre de volta à depen­dência da graça do Senhor.

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