INTRODUÇÃO
Nesta lição estaremos estudaremos a definição da palavra salvação; veremos que a promessa da vinda do Salvador foi feita logo após a Queda do homem; analisaremos a profecia de Gênesis 3.15 e o seu cumprimento na Pessoa de Jesus; e, por fim, pontuaremos como se deu a revelação progressiva da salvação.
A palavra “salvação” ocorre na Bíblia 167 vezes. No AT: 120; e no NT: 47 (JOSHUA, sd, p. 697). No hebraico o verbo “salvar” é “yasha” que significa: “ajudar, libertar, salvar”. No grego o verbo é “sozo” é usado como se dá acerca de: (a) livramento material e temporal do perigo (Mt 8.25; Mc 13.20; Lc 23.35; Jo 12.27; 1ª Tm 2.15; 2ª Tm 4.18); (b) a salvação espiritual e eterna concedida imediatamente por Deus aos que creem no Senhor Jesus Cristo (At 2.47; 16.31; Rm 8.24; Ef 2.5.8; 1ª Tm 2.4; 2ª Tm 1.9; Tt 3.5)” (VINE, 2002, p. 968). Teologicamente esta palavra significa: “livramento do que aceita a Cristo do poder e da maldição do pecado. Restituição do homem à plena comunhão com Deus” (ANDRADE, 2006, p. 325). A Bíblia destaca que a prerrogativa de salvação é exclusivamente divina (Is 43.11; 45.21; Os 13.4; Tt 1.3). Geisler (2010, p. 157), afirma: “Deus é o autor da salvação, pois apesar de o pecado humano ter a sua origem nos homens, a salvação vem do céu, e tem a sua origem em Deus”. Acerca da salvação devemos destacar que:
1. É uma promessa. Após a tentação e queda do homem no Éden, Deus pronunciou os castigos consequentes da desobediência, mas também fez uma promessa para o casal dizendo: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Nesse texto, Deus prometeu que da semente da mulher um dos descendentes nasceria para esmagar a cabeça da serpente. Tanto Adão quanto seus descendentes firmaram-se nessa palavra profética anunciada pelo próprio Deus. “Esta certeza entrou pelos ouvidos das primeiras criaturas de Deus como uma bendita promessa de redenção” (MOODY, sd, p. 20 – acréscimo nosso).
2. É uma provisão. O Deus que providenciou as árvores alimentícias para o corpo físico de Adão (Gn 1.29; 2.16); uma esposa para suprir as suas necessidades emocionais (Gn 2.18); providenciou-lhe também as necessidades espirituais, quando lhe fez a promessa da vinda do Redentor (Gn 3.15); quando lhe cobriu a nudez (Gn 3.21); quando vedou o acesso a árvore da vida a fim de que o homem não tivesse a sua situação irremediável (Gn 3.22-24). Na presciência divina, a solução para o pecado foi feita mesmo antes da Queda, pois o “Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8).
3. É um ato de amor. A Bíblia não somente afirma que a salvação do homem tem origem em Deus, como também nos mostra que Ele não foi coagido por nada nem por ninguém a tomar essa decisão. Ele resolveu salvar a humanidade motivado unicamente pelo Seu grande amor. É revelado na Escritura que “Deus amou o mundo que deu Seu Filho Unigênito...” (Jo 3.16); Jesus disse que “ninguém tem maior amor do que este” (Jo 15.13); Paulo afirmou também que Deus provou o Seu amor por nós quando enviou Cristo para morrer em nosso lugar (Rm 5.8); o apóstolo acrescenta ainda que o grande amor de Deus excede todo o entendimento (Ef 2.4; 3.19); João, por sua vez, diz que “Deus é amor” (1ª Jo 4.8); e que Ele nos amou primeiro (1ª Jo 4.10).
II. A PROMESSA DA SALVAÇÃO
Gênesis 3.15 "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."
O texto de Gênesis 3.15 é considerado pela maioria dos teólogos como o “proto euangelion” (primeiro evangelho), pois é a primeira alusão ao advento do Messias para vir redimir a raça humana caída em pecado.
A
misericórdia de Deus se evidencia em Gn 3.14-15. Também em Gn 3.21. É a
“Aliança Adâmica”: 1. Deus promete um Salvador (Gn 3.15). 2. Sacrifício de
sangue (Gn 3.21).
Abaixo
analisaremos esta profecia pormenorizadamente:
1. O Redentor viria de uma mulher. A primeira coisa de que somos informados nessa palavra profética de Gênesis 3.15 é a de que o Messias viria de uma mulher, ou seja, viria em carne. Embora tenha sido a mulher que primeiro pecou (Gn 3.6; 1ª Tm 2.14), Deus prometeu que da semente desta mulher viria o Redentor. Isto não significa dizer que o Salvador viria literalmente de Eva, mas de uma mulher descendente de Eva, visto que ela é a progenitora da raça humana (Gn 3.20).
2. O Redentor viria da semente de uma mulher. A profecia de Gênesis 3.15 também nos revela que o Salvador viria da “semente da mulher”, isto é do óvulo. Frequentemente é dito na Bíblia que o homem é o portador da semente, isto porque o óvulo feminino é apenas o receptáculo da semente masculina (Sl 18.50; 22.23; 69.36; 105.6). Na verdade, este anúncio profético, está fazendo alusão a concepção virginal, ou seja, de que o Messias viria ao mundo por meio de uma mulher, sem a participação masculina. O profeta Isaías complementa esta informação quando diz: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14).
3. O Redentor iria ferir a cabeça da serpente. O pecado concedeu legalidade para a atuação do diabo no homem e na criação (1ª Jo 3.8-b; Rm 8.20; Hb 2.14). No entanto, a promessa de Gênesis 3.15 fala da semente da mulher dizendo: “...esta te ferirá a cabeça ...”, ou seja, o descendente da mulher iria vir para destruir as obras do diabo (At 10.38; 1ª Jo 3.8).
Tal
profecia soou como uma sentença passada ao inimigo. Sabedor disto, a serpente
“Satanás” (Ap 12.9) faria de tudo para que o prometido não viesse a terra (Ap
12.4; 20.2).
4. O Redentor seria ferido pela serpente no calcanhar. Gênesis 3.15 nos mostra que o Messias sofreria, quando viesse a terra para salvar a humanidade caída. A expressão “tu lhe ferirás o calcanhar” faz alusão a isto. Está claro que para redimir o homem, a semente da mulher teria que sofrer em seu corpo a penalidade pelos pecados da humanidade: a morte (Ez 18.20; Rm 6.23-a). Satanás influenciou os homens pecadores a que matassem a Jesus (Lc 22.53). No entanto, o ferir do calcanhar é menos danoso que o ferir da cabeça. A respeito desta sentença, Beacon (sd, p. 41) diz: “uma cabeça esmagada que leva à morte é contrastada com um calcanhar esmagado que pode ser curado”.
III. O CUMPRIMENTO DA PROMESSA DE GÊNESIS 3.15 EM JESUS
1. Ele nasceu de uma mulher - a encarnação do Verbo. Os evangelhos e o livro de Atos registram que Jesus nasceu de uma mulher chamada Maria (Mt 1.16; Mc 6.3; Lc 2.34; Jo 2.1; 19.25; At 1.14). O apóstolo Paulo é claro em dizer que “...vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher...” (Gl 4.4).
2. Ele nasceu de uma mulher virgem - a concepção virginal do Verbo. A profecia dizia o Messias viria da semente da mulher”, indicando claramente que o homem não teria participação. Os evangelistas registraram que Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo no ventre de Maria, como nos mostra Mateus “...o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mt 1.18). Lucas de igual forma relata este fato (Lc 1.26-37), inclusive o questionamento de Maria, que ao saber que teria um filho questionou como se daria isto, visto que era virgem (Lc 1.34). O anjo que lhe foi enviado explicou que a concepção da criança se daria no ventre de Maria de forma sobrenatural (Lc 1.35), “porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37).
3. Ele esmagou a cabeça de serpente - a Vitória do Verbo. Jesus triunfou da astuciosa serpente em todas as tentações que sofreu (Mt 4.1-11; 16.23), e o ponto culminante dessa vitória foi na cruz do Calvário (Cl 2.15). O escritor da Epístola aos Hebreus nos diz que “visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hb 2.14). Um dia todas as coisas estarão debaixo dos seus pés (Sl 110.1; Rm 16.20; 1ª Co 15.24-27; At 2.35; Hb 10.13).
4. Ele foi ferido no calcanhar pela serpente - o sofrimento do Verbo. Tanto estava prevista a vinda do Redentor como o seu sofrimento vicário (Gn 3.15; Sl 22.1-31; Is 53.1-12). Esmagar a cabeça da serpente custaria a Jesus ser ferido no calcanhar, ou seja, experimentar a morte física (Hb 2.14). Mesmo ciente deste sofrimento (Mt 17.23; 20.19; 26.2; Mc 10.34; Lc 18.33; 24.7), Ele consumou a obra (Mt 26.39; Jo 17.4; 19.30; Hb 9.26).
CONCLUSÃO
Por
causa da desobediência, o homem perdeu sua comunhão com Deus, foi expulso do
paraíso e o pecado passou para todos nós. Não era este o plano de Deus. Mas o
homem teve liberdade para decidir se seguia ou não as instruções divinas.
A
salvação do homem foi providenciada por Deus antes da fundação do mundo,
anunciada no Éden e enviada na plenitude dos tempos. Na cruz, Jesus consumou o
plano salvífico de Deus em prol de toda a humanidade caída.
Até
hoje, o homem tem liberdade para aceitar ou não a vontade de Deus em sua vida.
“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,
entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” (Ap 3.20).
FONTE DE PESQUISA
1.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD. Rio de Janeiro RJ.
2.
Claiton Ivan Pommerening. Uma promessa de salvação. 4º Trimestre de 2017. CPAD
Rio de Janeiro - RJ.
3.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Vol. 02. CPAD. Rio de Janeiro – RJ.
4.
MOODY, D. L. Comentário Bíblico de João. PDF.
5.
OLIVEIRA, Oséias Gomes. Concordância Bíblica.
6.
Exaustiva Joshua. Vol. 03. CENTRAL GOSPEL.
7. Pommerening Claiton Ivan. A Promessa da
Salvação. Lições Bíblicas 4º Trimestre de 2017 – CPAD. Rio de Janeiro – RJ.
8.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. Rio de Janeiro - RJ.
9.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD. Rio de Janeiro - RJ.
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