TEXTO
ÁUREO
“Mas, depois do segundo véu, estava o
tabernáculo que se chama o Santo dos Santos.” (Hb 9.3).
Verdade
Prática
Pelo sangue de Jesus Cristo, o véu da
separação foi rasgado. E, hoje, temos liberdade e confiança para entrar ao
trono da graça de Deus.
LEITURA
BÍBLICA
Êxodo
26.31-35; Hebreus 9.1-5; Mateus 27.51
Êxodo
26.31-34:
“Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino
torcido; com querubins de obra prima se fará. 32 - E o porás sobre quatro
colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus
colchetes serão de ouro. 33 - Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás
a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o
santuário e o lugar santíssimo. 34 - E porás a coberta do propiciatório sobre a
arca do Testemunho no lugar santíssimo, 35 - e a mesa porás fora do véu, e o
castiçal, defronte da mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás
à banda do norte.”
Hebreus
9.1-5:
“Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário
terrestre. 2 - Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia
o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário. 3
- Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos
Santos, 4 - que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de
ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a
vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto; 5 - e sobre a
arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais
coisas não falaremos agora particularmente.”
Mateus
27.51:
“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a
terra, e fenderam-se as pedras.”
INTRODUÇÃO.
O
Lugar Santíssimo era o local mais reservado do Tabernáculo. Ele representava a
plenitude da presença de Deus que habitava entre o povo de Israel. Ele nos ensina
sobre nossa comunhão íntima com o Senhor. Por isso, nesta lição, estudaremos a
posição do véu no Lugar Santíssimo, o propósito desse véu e a dimensão do Lugar
Santíssimo, bem como a sua relação com a obra expiatória de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. De fato, é uma lição que edificará a nossa vida.
I. O
LUGAR SANTÍSSIMO
- O lugar santíssimo, que é o segundo compartimento
da parte coberta do tabernáculo, também chamado de santo dos santos, e era a
parte do templo onde ficava a Arca da Aliança, que representava a presença de
Deus. No Antigo Testamento, somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos,
mas agora todos que creem em Jesus podem entrar na presença de Deus.
1. O
Santo dos Santos era uma sala quadrada onde a Arca da Aliança era guardada. A entrada da sala
era coberta por um grande véu e ninguém podia entrar lá dentro, porque, como o
nome indica, era um lugar muito santo (Êx 26.33).
- O Santo dos Santos era particularmente
santo porque Deus abençoava esse lugar com Sua presença. Quem entrasse no Santo
dos Santos estava chegando o mais perto possível de Deus! E não existe nada
mais santo que Deus.
- Uma vez por ano, no dia da Expiação, o
sumo sacerdote fazia um sacrifício pelos pecados de todo o povo e entrava no
Santo dos Santos para oferecer o sacrifício a Deus. Essa era uma ocasião muito
solene e ninguém mais podia entrar na presença de Deus (Lv 16.15-17).
2.
Jesus nosso Sumo Sacerdote. Quando Jesus veio, ele se tornou nosso sumo
sacerdote. Ele entrou na presença de Deus e ofereceu sua própria vida como sacrifício
por nossos pecados (Hb 9.11-12). Quando Jesus morreu na cruz, o véu que tapava
a entrada do Santo dos Santos se rasgou! Agora todos podem ter acesso à
presença de Deus (Mc 15.37-38).
- Quem é salvo por Jesus pode entrar no
Santo dos Santos espiritual, que é a presença real de Deus. Jesus purifica dos
pecados e torna cada um de seus seguidores santo, aceitável diante de Deus (Hb
10.19-20). Não há mais separação!
- Para o crente, o Santo dos Santos não é
mais um lugar no templo. O Santo dos Santos é a presença de Deus em sua vida.
II.
O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO
Na língua hebraica o vocábulo “véu” é paroketh que advêm de uma raiz que
significa “separar”. No Novo Testamento esse mesmo vocábulo é katapetasma, que representa o véu
interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo.
1. O
véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus.
- O véu que separava o lugar santo do
lugar santíssimo era muito semelhante tanto à primeira camada da cobertura do
tabernáculo, onde se tinha uma cortina de linho fino torcido também com pano
azul, púrpura, carmesim e, igualmente, com querubins de obra esmerada (Êx 26.1;
Êx 26.31,33) quanto à entrada do tabernáculo, onde também se tinha uma coberta
de vinte côvados de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, de
obra de bordador (Êx 27.16).
- Este véu seria posto sobre quatro
colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata, com
colchetes eram de ouro (Êx 26.32). O véu deveria ser pendurado debaixo dos
colchetes e, no lugar santíssimo seria ser posta uma única peça, a arca da
aliança (Êx 26.33).
- O fato de o véu que separava o lugar
santo do lugar santíssimo ter as mesmas cores seja da entrada do tabernáculo
seja da primeira camada de cobertura do santuário (parte coberta do
tabernáculo) mostra-nos que o Evangelho é a via de acesso tanto à salvação,
representada pela entrada do tabernáculo, como também pela a intimidade com o
Senhor, representada pelo véu.
- A narrativa bíblica revela o significado
especial do ato, de quando Jesus estava na cruz, expiando o nosso pecado. Ele
ministrou intercessoriamente por nós por meio de seu sangue no “Lugar
Santíssimo”, rasgando o véu da separação. A ministração de Cristo foi em favor
de todo o mundo e não apenas por uma parcela especial ou étnica da humanidade
(Hb 9.11-14 cf. Jo 3.16).
- O Evangelho é o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê (Rm 1.16) e este poder é manifestado tanto na entrada do
tabernáculo, pelo qual se ia até o altar de sacrifícios, onde o pecado era coberto,
como também no véu que separa o lugar santo e o lugar santíssimo, pois este véu
simboliza o pecado que faz separação entre Deus e os homens, tanto que foi o
véu que se rasgou quando Jesus Cristo Se entregou por nós, tirando o pecado do
mundo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.4).
- O Evangelho é a mensagem da salvação do
homem na pessoa de Jesus Cristo, salvação que não só é libertação do pecado
como também entrada em comunhão com Deus.
- O fato de o teto do lugar santo ter a
mesma configuração do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo
reforçava, dentro do lugar santo, a ideia aos sacerdotes, que eram as pessoas
que podiam frequentar o lugar santo, de que se estava diante de Deus,
representado ali pela arca da aliança, que se encontrava dentro do lugar
santíssimo, que era inacessível.
2. O
véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx 26.31).
- O que se tinha aqui nesta cobertura do
tabernáculo e no véu e que não se tinha na entrada do tabernáculo era a
presença dos querubins. Tais querubins, ao contrário do que defendem os
romanistas, não estavam ali para serem imagens a serem veneradas, até porque
esta cobertura do tabernáculo não conseguia sequer ser vista por quem estava
fora do tabernáculo e somente os sacerdotes podiam ver os querubins que se
encontravam no véu, mas tais imagens não serviam, em absoluto, para veneração
ou contemplação.
- Os querubins estavam ali para lembrar a
todos que havia uma divisão entre Deus e os homens, pois, quando o primeiro
casal pecou, o Senhor os expulsou do jardim no Éden e pôs querubins para
impedir que tivessem eles acesso à árvore da vida (Gn 3.24).
- Os querubins, seres que contemplam a
glória de Deus, lembram que o pecado nos destituiu da glória divina (Rm 3.23) e
que não temos, por causa do pecado, direito a ter acesso ao Senhor.
- Este véu simbolizava, então, a
insuficiência de toda a aliança estabelecida no monte Sinai, a falta de comunhão
perfeita entre o Senhor e Israel, já que os israelitas não haviam subido ao
monte após o longo sonido de buzina, que não foi sequer esperado pelos filhos
de Israel, que logo se retiraram para longe (Êx 19.13; 20.18,19).
- Embora a ira de Deus fosse aplacada nos
sacrifícios de animais no altar de sacrifícios e, uma vez ao ano, no dia da
expiação, o fato é que o véu estava ali para revelar que os pecados eram cobertos,
mas não retirados, o que somente ocorreu com o sacrifício de Cristo na cruz do
Calvário.
- As figuras de querubins bordadas no véu
lembram ao homem que o Trono de Deus está cercado desses seres angelicais,
refletindo a santidade do Altíssimo. Eles também foram esculpidos sobre o propiciatório
com as asas voltadas para a Arca da Aliança com o objetivo de protegê-la (Êx
25.18).
- Havia, pois, nítida noção por parte de
todos que este véu representava a separação entre Deus e a humanidade por causa
do pecado, o que somente se resolveria com a morte de Jesus Cristo na cruz, que
poria fim a esta situação, restabelecendo a amizade entre o Senhor e os homens.
- Por isso, o escritor aos hebreus afirma
que, agora, podemos, sim, entrar no santuário (e aqui santuário é o lugar
santíssimo) pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne (Hb 10.19,20).
- Embora não fosse possível entrar no
lugar santíssimo, salvo o sumo sacerdote uma vez ao ano no dia da expiação (dia
dez do sétimo mês), a presença de Deus era notória a todo o povo naquele lugar,
no tempo da peregrinação de Israel no deserto.
- Apesar da divisão causada pelo pecado e
representada pelo véu, o Senhor estava presente no meio dos filhos de Israel,
inclusive os orientando em todas as suas jornadas, indicando quando deveriam
marchar e quando deveriam acampar.
- Se, mesmo quando ainda o pecado estava
presente, quando não havia comunhão perfeita entre Deus e os homens, o Senhor
tomava cuidado em dirigir e orientar o Seu povo na sua jornada rumo a Canaã,
como não crer que o Senhor também quer cuidar de nós e, assim, nos conduzir e
dirigir para que cheguemos até o lar celestial?
- Não bastasse a promessa de Cristo de
estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20), Ele anda nos
deixou o Espírito Santo para nos guiar em toda a verdade (Jo 14.16,17; 16.13), Espírito
que está ao nosso lado, que foi chamado para ficar ao nosso lado e é isto que
significa dizer que é Ele o “Consolador”, a palavra grega “Parácleto” (παράκλητος), que, literalmente, é aquele que é chamado
para ficar ao lado, “…alguém chamado para ajudar…” (Bíblia de Estudo
Palavras-chave. Dicionário do Novo Testamento, n. 3875, p. 2340).
3. O
véu e o trançado de seus fios.
- O véu estava pendurado sobre quatro
colunas de madeira de cetim cobertas de ouro. Tais colunas, em número de
quatro, representam, conforme já dito, o Evangelho nas suas quatro perspectivas
inspiradas pelos Espírito Santo nas Escrituras que, por sinal, estão também
reproduzidas no véu, que é de azul (céu – Jesus como Filho de Deus – evangelho
segundo João); púrpura (realeza – Jesus como Rei – evangelho segundo Mateus);
carmesim (sofrimento – Jesus como Servo Sofredor – evangelho segundo Marcos) e
linho fino torcido (justiça, perfeição – Jesus como Homem perfeito- evangelho
segundo Lucas).
- As colunas, sendo de madeira de cetim e
revestidas de ouro, indicam-nos a dupla natureza de Jesus, o Deus que Se fez
homem (Jo 1.1-3). Ele é o grande sacerdote sobre a casa de Deus anunciado no
lugar santíssimo (Hb 10.21) e Seu sacerdócio decorre precisamente desta Sua
dupla natureza, pois, como Deus e homem, Ele é a “ponte” entre ambos. É o único
mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem (1ª Tm 2.5).
- As colunas estavam sobre quatro bases de
prata e cada base de prata está a nos lembrar que o fundamento da nossa entrada
no santo dos santos é o resgate de nossa alma pelo preço do sangue de Cristo
(Ef 1.7; Cl 1.14; 1ª Tm 2.6; 1ª Pe 1.18,19).
- O véu era pendurado sobre as colunas por
meio de colchetes de ouro. O ouro fala da divindade e nos mostra que a
iniciativa tanto para a separação quanto para o restabelecimento da comunhão
entre Deus e os homens está em Deus.
III.
O PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR
1. O
véu era um símbolo da presença de Deus no Lugar Santíssimo.
- Ora, ninguém podia ver a Deus e
continuar vivo (Êx 33.20), mas os homens podiam ver o véu que indicava a
presença divina no outro lado. Em Hebreus, o véu tipifica a “carne” de Cristo,
que encobria a presença divina em seu corpo (1ª Tm 6.16; Jo 1.18; 14.9; Cl
1.15,16).
2. O
véu: um impeditivo ao acesso à presença de Deus (Lv 16.2; Hb 9.8).
- A separação que o véu interior fazia dos
dois lugares sagrados, o Lugar Santo e Lugar Santíssimo, demarcava também os
lugares de atuação dos sacerdotes. No Lugar Santo, era permitida a entrada dos
sacerdotes comuns; no Santíssimo, a do sumo sacerdote.
3. O
véu indicava o caminho à presença de Deus.
- Sabemos que o sumo sacerdote podia
entrar no lugar santíssimo, não por méritos pessoais nem pela formosura do véu,
senão mediante o sangue da expiação (Lv 16.15). A única função dele era expiar
o próprio pecado e o do povo. Por isso, toda a orientação divina quanto à
pureza do sumo sacerdote e de sua casa era rigorosa.
- Hoje, a obra expiatória de Jesus é o único
meio que temos para achegar-nos à presença de Deus (Ef 2.8,9; Hb 10.19,20).
Graças ao nosso amado Senhor, já não há mais separação nem muro entre nós e
Deus, pois Cristo é o perfeito mediador entre Deus e os homens (1ª Tm 2.5).
IV.
O LUGAR SANTÍSSIMO NO RITUAL DO DIA DA EXPIAÇÃO
1. O
lugar santíssimo, como vimos, era um compartimento inacessível.
- Ninguém poderia nele entrar, a não ser o
sumo sacerdote, uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação, que era o dia
dez do sétimo mês, chamado Tishrei ou Tishri.
- No dia da expiação, portanto, o lugar
santíssimo assumia um caráter singular, pois era prevista a entrada do sumo
sacerdote no seu interior para que pudesse aspergir o sangue do sacrifício em
seu favor e em favor do povo, sobre a tampa da arca, o propiciatório, a fim de
obter a propiciação dos pecados, ou seja, que o Senhor, em virtude dos
sacrifícios efetuados, favorecesse o povo e adiasse a punição pelos pecados.
2. O
ritual do dia da expiação encontra-se em Lv. 16.
- Em primeiro, o Senhor proibiu o sumo
sacerdote de entrar no lugar santíssimo durante todo o tempo, somente o
permitindo que o fizesse no já mencionado dia dez do sétimo mês (Lv 16.2,34).
- O motivo pelo qual o sumo sacerdote não
devia entrar no lugar santíssimo em todo o tempo era porque Deus aparecia na
nuvem sobre o propiciatório, ou seja, diante do significado da palavra
“aparecer”, o hebraico “חָ אָ ר - rāʼāh”,
(verbo que significa ver). Seu significado básico é ver com os olhos (Gn 27.1).
Também pode ter os seguintes significados derivados, todos eles exigindo que o
indivíduo veja fisicamente algo que é exterior a si: ver de tal maneira que a
pessoa possa aprender a conhecer outra pessoa…” (Bíblia de Estudo
Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 7200, p.1915), ou seja,
ante a pecaminosidade humana, um olhar atento do Senhor, que estava todo o
tempo ali, na nuvem, sobre o propiciatório, levaria à condenação, já que o salário
do pecado é a morte (Rm 6.23). Como diz o salmista Asafe: “Tu, tu és terrível!
E quem subsistirá à tua vista, se te irares?” (Sl 76.7) ou, ainda, o salmista anônimo:
“Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130.3).
- No dia da expiação, o sumo sacerdote
deveria, em primeiro, banhar a sua carne na água e, devidamente purificado,
vestir a túnica santa de linho, ceroulas de linho sobre a sua carne e cingir-se
com um cinto de linho, cobrindo-se com uma mitra de linho (Lv 16.4).
3. Jesus
Cristo o Sumo Sacerdote.
- Naturalmente, sabemos que o sumo
sacerdote é tipo de Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros (Hb 9.11) e o
fato de todo o ritual se iniciar com o sumo sacerdote se banhando faz-nos
lembrar o início do ministério público de Jesus, que se deu com o Seu batismo
por João Batista, quando Ele começou a assumir a posição dos pecadores, a fim
de cumprir toda a justiça divina (Mt 3.13-15).
- O sumo sacerdote vestir-se com todas as
peças de linho de seu vestuário (ceroula, túnica, cinto e mitra) é também tipo
de Cristo, pois o linho fala da justiça dos santos (Ap 19.8) e o Senhor Jesus é
o Santo que veio ao mundo para nos salvar (Lc 1.35). Os discípulos de Cristo
têm de ter vestes brancas, para poder andar sempre com o Senhor (Ap 3.4,5).
- Devidamente paramentado, o sumo
sacerdote, então, deveria tomar da congregação dos filhos de Israel dois bodes
para expiação do pecado e um carneiro para holocausto e, para si, um novilho
para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3,5).
- Tem-se aqui, como bem explana o escritor
aos hebreus, mais uma demonstração da fraqueza da aliança do monte Sinai em
relação à nova aliança estabelecida pelo Senhor Jesus. O sumo sacerdote era homem,
e, portanto, fraco e pecador, devendo fazer sacrifício pelos seus próprios
pecados para então fazer os sacrifícios em favor do povo. Já Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo, como nunca pecou, pôde se oferecer a Si mesmo, uma única
vez, num sacrifício perfeito e que tirou o pecado do mundo (Hb 4.14-5.10; 8).
- O sumo sacerdote, então, oferecia o
novilho da oferta pela sua própria expiação, fazendo expiação por si e por sua
casa (Lv 16.6), estando, assim, devidamente santificado para poder exercer o
múnus sacerdotal em favor do povo.
Os
dois bodes.
Em seguida, o sumo sacerdote, então, tomava os dois bodes e os punha perante o
Senhor, à porta da tenda da congregação, lançando sortes sobre eles, sendo que
um seria o bode emissário e o outro, o bode expiatório. O bode que fosse
sorteado pelo Senhor, ou seja, o bode expiatório, seria oferecido para expiação
do pecado do povo e o outro bode seria apresentado vivo perante o Senhor, para
fazer expiação com ele, devendo, então, ser enviado ao deserto (Lv 16.7-10).
- Ambos os bodes tipificam o Senhor Jesus,
não podendo, em absoluto, ser admitida a interpretação trazida por Ellen Gould
White de que o bode emissário representaria Satanás e o bode expiatório, o
Senhor Jesus. O texto sagrado é claro ao dizer que ambos os bodes eram para
expiação do pecado e quem levou os pecados da humanidade sobre Si foi o Senhor
Jesus (Is 53.4,12; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.19-21; Cl 1.14; Hb 2.17; 10.12; 1ª Pe 3.18;
1ª Jo 2.2; 3.5; 4.10).
- O bode expiatório tipifica o Senhor
Jesus morrendo em nosso lugar, dando a Sua vida para nos salvar, pagando o
preço da nossa redenção com o Seu sangue (Jo.10.18). O bode emissário tipifica
o Senhor Jesus que, assumindo a nossa posição e os pecados sobre Ele, a ponto
de Se ter feito pecado (2ª Co 5.21), causando o único momento de separação
d’Ele com o Pai, que O fez exclamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me
desamparaste?” (Sl 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34), justificou-nos, de modo imputou
Sua justiça sobre nós, enquanto assumia nossas culpas n’Ele, tornando-nos “ficha
limpa” nos céus (Rm 4.6,8; 2ª Co 5.19).
- Em seguida, tendo oferecido o sacrifício
por si, o sumo sacerdote deveria tomar o incensário cheio de brasas de fogo do
altar de sacrifícios e, com os punhos cheios de incenso aromático moído,
deveria meter o incensário para dentro do véu, a fim de que a nuvem de incenso
cobrisse o propiciatório, ou seja, a tampa da arca da aliança que estava no
lugar santíssimo, devendo fazer isto para que não morresse (Lv 16.12,13).
- Aqui, vemos, claramente, a tipificação da
oração intercessória de Cristo em nosso favor, que é a razão pela qual podemos
ter acesso à presença de Deus e porque nossas orações chegam à presença do
Senhor nos céus (Ap 8.3,5). O Senhor Jesus, ao morrer por nós e tirar o pecado
do mundo, passou a ser o grande sacerdote sobre a casa de Deus (Hb 10.21),
estando, com todo poder nos céus e na terra (Mt 28.18), a interceder por nós à
direita do Pai (Is 53.12; Rm 8.27,34).
- Ao mesmo tempo, ao se determinar que o
lugar santíssimo deveria estar cheio de incenso para só então o sumo sacerdote
poder ali entrar, impedindo-o, portanto, de ter plena visão da arca da aliança
e do propiciatório, que era a tampa da arca, mais uma vez se reforçava o fato
de não se ter, ainda, plena comunhão entre Deus e os filhos de Israel e de ser
necessário que se mantivesse a nuvem, a escuridade (Êx 20.21; 24.18), para que
não houvesse a morte do sumo sacerdote, já que os pecados ainda não haviam sido
removidos, o que somente ocorreria com a morte de Cristo na cruz do Calvário.
- Lembremos que, antes da morte de Cristo,
quando o Senhor leva sobre Si os pecados da humanidade, durante Seu sacrifício,
as trevas tomaram conta do mundo, embora fosse meio-dia (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc
23.44), a revelar que, antes da morte do Senhor Jesus, estávamos em
circunstância de escuridade.
- Feito o sacrifício em seu favor, o sumo
sacerdote deveria tomar do sangue do novilho e, com o seu dedo, espargia sobre
a face do propiciatório para a banda do oriente e perante o propiciatório espargia
sete vezes do sangue com o seu dedo (Lv 16.14).
- Depois, o sumo sacerdote fazia o
sacrifício do bode expiatório e trazia o sangue dele também para o lugar santíssimo,
fazendo com o sangue o que havia feito com o sangue do novilho sacrificado
pelos seus próprios pecados. Durante todo este ritual, ninguém poderia ficar no
tabernáculo, nem mesmo no pátio (Lv 16.15-17).
- Em seguida, o sumo sacerdote deveria ir
até o altar e fazer expiação por ele e tomar do sangue do novilho e do sangue
do bode o punha sobre as pontas do altar ao redor, espargindo sobre dele com o seu
dedo sete vezes e o purificava das imundícias dos filhos de Israel e
santificava. Depois de santificar todas estas peças, expiando o santuário,
deveria pegar o bode vivo, pôr ambas as mãos sobre a cabeça do animal,
confessando todas as iniquidades dos filhos de Israel, determinando que o bode
fosse enviado ao deserto por um homem designado para isso, homem que ficaria
imundo por ter feito tal trabalho. De igual maneira, as peles, a carne e o
esterco dos animais mortos para expiação do pecado seriam queimados com fogo
(Lv 16.19-27).
- Após isto, o sumo sacerdote vinha à
tenda da congregação, despia-se das vestes de linho, deixando-as ali, banhando
sua carne em água no lugar santo e vestindo as suas vestes e, então, preparava
o seu holocausto e o holocausto do povo, os sacrifícios dos carneiros que
haviam sido tomados para tanto.
- No dia da expiação, o povo de Israel
deveria jejuar e não exercer quaisquer atividades, pois é dia de humilhação e
de adoração a Deus, tendo em vista que se deve pedir perdão pelos pecados
cometidos durante o ano, pecados que eram cobertos. Até hoje esta data é uma
das principais da nação judaica, o chamado “Yom
Kippur”, o “Dia do Perdão”.
- Em todo este ritual, fica evidente que o
lugar santíssimo é o lugar da presença de Deus e que o Senhor tem de ter
aplacada a sua ira diante dos pecados cometidos, pecados estes que, embora
cobertos, não são removidos.
V.
COMO ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?
1. O
Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular.
- O Lugar Santíssimo é conhecido também
como o “Santo dos Santos”. Um lugar quadrangular, na forma de um cubo, que
media dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento.
- É importante destacar, aqui, que as
medidas do Lugar Santíssimo, no sistema decimal, possuem números diferenciados,
uma vez que pesos, medidas e valores hebraicos são obscuros, e o resultado
sempre produz algumas pequenas diferenças numéricas. De acordo com a Bíblia de
Estudo Pentecostal, um côvado equivalia à medida de dois palmos ou ao tamanho
de nosso antebraço, o equivalente, portanto, a 45 centímetros. Era menor que o
Lugar Santo. O Lugar Santíssimo tipificava o Trono de Deus em Israel.
2. O
lugar continha apenas um mobiliário.
A
Arca da Aliança.
A Arca da Aliança tipificava a plenitude da presença de Deus: Sua santidade,
glória e majestade. Ali, Deus habitava entre o seu povo!
- No Novo Testamento, essa imagem revela o
que Paulo escreveu aos efésios: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso
coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”
(Ef 3.17-19).
Para
nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor Jesus. Logo, podemos
destacar o seguinte: os tecidos que constituíam o véu que demarcava o Lugar
Santo e o Santíssimo é símbolo do caráter santo e pleno de nosso Senhor. Assim,
a cor azul aponta para a sua divindade; a púrpura, para a sua realeza; a
branca, para sua santidade; o carmesim, para a sua obra expiatória por toda a
humanidade. Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma imagem forte e viva do véu,
juntamente com seus fios trançados, que representava, na “carne” de Cristo, a
união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo, pois, irmãos,
ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo
caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20).
3. O
que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santo?
O Lugar Santo era a antessala do Lugar
Santíssimo; o que mostra o caráter santo da presença de Deus representada na
Arca da Aliança, porque o Deus Santo e glorioso ali estava.
Não percamos de vista a dimensão da
santidade e da glória de Deus. Sejamos santos e não desprezemos o sacrifício de
nosso Senhor Jesus (Hb 10.26,27). Cuidado! A Palavra de Deus nos alerta que o
nosso adversário “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar” (1ª Pe 5.8). Vigiemos! Temamos ao Deus santo e glorioso!
VI.
O LUGAR SANTÍSSIMO: A ASSOCIAÇÃO AO ESPÍRITO E AO AMOR
- Por fim, como fizemos tanto em relação
ao pátio quanto em relação ao lugar santo, devemos ainda atender à associação
que alguns estudiosos fazem do tabernáculo com a tricotomia do ser humano,
associado o pátio ao corpo; o lugar santo, à alma e o lugar santíssimo, ao
espírito.
1. O
espírito é a parte do ser humano que faz o relacionamento com Deus.
- Como ensina o pastor Elienai Cabral,
comentarista deste trimestre: “…O espírito do homem não é simples sopro ou
fôlego, é vida imortal (Ec 12.7; Lc 20.37; 1ª Co 15.53; Dn 12.2). O espírito é
o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento
de comunicação entre Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que ‘corpo,
alma e espírito não são outra coisa que a base real dos três elementos do
homem: consciência do mundo externo, consciência própria e consciência de Deus’…”
(A tricotomia do homem. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/22/a-tricotomia-do-homem.html
Acesso em 14 fev. 2019).
- “…O espírito é o princípio ativo de
nossa vida espiritual, religiosa e imortal, embora receba impressões do corpo e
da alma, também é capaz de receber conhecimentos diretamente de Deus e de
manter com Deus uma comunhão espiritual que ultrapassa os raciocínios da alma.
Ela nos torna conscientes de Deus.…” (GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito. O
que é cada um? Disponível em: 2º Trim.
de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo Portal Escola
Dominical – www.portalebd.org.br- http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html
Acesso em 14 fev. 2019).
- Como é o espírito que faz a ligação com
Deus, é ele quem possui a “consciência”, esta voz de Deus em nós, que nos
permite discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. É o espírito,
ademais, que nos faz confiar em Deus, a ter fé, esta fé que se desenvolve em
nós e nos faz ser agradáveis ao Senhor (Hb 11.6). É em nosso espírito que o
Espírito Santo vem habitar quando cremos no Senhor Jesus (Jo 14.17).
- Ora, o lugar santíssimo, como temos
visto, é o compartimento do tabernáculo em que estava a presença de Deus, seja
pela arca da aliança, seja pela nuvem e coluna de fogo. Só por isso, vemos,
claramente, que se trata de tipo do espírito humano, espírito que, quando o
homem está em pecado, por se manter separado de Deus, está totalmente inativo,
sem qualquer uso.
2. Há,
também, os que associam cada parte do tabernáculo a uma das três virtudes
teologais, ou seja, os bons hábitos infundidos pelo Espírito Santo na vida do
salvo.
- O espírito recebe o amor de Deus, que é
derramado pelo Espírito de Deus em nós (Rm 5.5).
- O amor de Deus, também conhecido como
“amor ágape” é, conforme o apóstolo Paulo nos ensina, a maior de todas as
virtudes teologais, o “caminho mais excelente” (1ª Co 12.31), a maior de todas
as virtudes (1ª Co 13.13). O capítulo 13 de 1ª Coríntios descreve este amor
divino, este amor incondicional, que nos faz semelhantes a Deus, que nos torna
filhos de Deus, pois a característica do discípulo de Cristo é ter o amor (Jo 13.35),
até porque Deus é amor (1ª Jo 4.8).
- Como ensina o pastor Abraão de Almeida,
“…ao transpor o terceiro véu, que simboliza o amor com a maior de todas as
virtudes, o crente entra no Lugar Santíssimo. Esta terceira divisão do
Tabernáculo corresponde à terceira maior dimensão do nosso desenvolvimento
espiritual…”.
- A festividade judaica associada ao lugar
santíssimo é a Festa dos Tabernáculos que, não por acaso, era celebrada pouco
depois do dia da expiação, mais precisamente, cinco dias depois. “…nesta festa
eram sacrificados 70 novilhos (o que corresponde a 7 x 10, significando
plenitude de trabalho e frutificação). Também eram sacrificados 98 cordeiros (ou
2 x 7 x 7, entrega total e voluntária). Eram ainda imolados 14 carneiros (2x7,
uma plena visão da obra de Cristo e de nossos hediondos pecados). Morriam ainda
sete bodes, indicando morte plena, pelo poder de Deus, do velho Adão, pois o
bode tipifica o pecador, como em Mateus 25.33 (…) O apóstolo Paulo menciona a
morte do velho homem em seu poderoso testemunho …Gálatas 2.20…” (ALMEIDA,
Abraão de. p.77).
CONCLUSÃO.
Nesta lição, percorremos o Lugar
Santíssimo. Ele representa a presença santíssima e gloriosa de Deus no meio do
seu povo. Esse lugar, especial e único do Tabernáculo, mostra o que o Senhor
Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o véu da separação.
Diferentemente daqueles dias, onde o Lugar Santo não era aberto a todas as
pessoas, hoje, por meio da obra de Cristo, podemos entrar ao trono de Deus com
ousadia e confiança.
FONTE
DE PESQUISA
1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a
Igreja. CPAD, 2009.
2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
3. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
4. Bíblia de Estudo Palavras-Chave.
Dicionário do Antigo Testamento. CPAD
5.
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre
de 2019 – CPAD.
6. CABRAL, Elienai. A
tricotomia do homem.
7. GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito.
O que é cada um? Disponível em: 2º Trim. de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da
obra redentora de Cristo Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br
8. http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html
Acesso em 14 fev. 2019).
Pr. Elias Ribas
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