TEOLOGIA EM FOCO: O LUGAR SANTÍSSIMO

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O LUGAR SANTÍSSIMO



TEXTO ÁUREO
“Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos.” (Hb 9.3).

Verdade Prática
Pelo sangue de Jesus Cristo, o véu da separação foi rasgado. E, hoje, temos liberdade e confiança para entrar ao trono da graça de Deus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 26.31-35; Hebreus 9.1-5; Mateus 27.51
Êxodo 26.31-34: “Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará. 32 - E o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro. 33 - Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo. 34 - E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do Testemunho no lugar santíssimo, 35 - e a mesa porás fora do véu, e o castiçal, defronte da mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás à banda do norte.”

Hebreus 9.1-5: “Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre. 2 - Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário. 3 - Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, 4 - que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto; 5 - e sobre a arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.”

Mateus 27.51: “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.”

INTRODUÇÃO. O Lugar Santíssimo era o local mais reservado do Tabernáculo. Ele representava a plenitude da presença de Deus que habitava entre o povo de Israel. Ele nos ensina sobre nossa comunhão íntima com o Senhor. Por isso, nesta lição, estudaremos a posição do véu no Lugar Santíssimo, o propósito desse véu e a dimensão do Lugar Santíssimo, bem como a sua relação com a obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. De fato, é uma lição que edificará a nossa vida.

I. O LUGAR SANTÍSSIMO

- O lugar santíssimo, que é o segundo compartimento da parte coberta do tabernáculo, também chamado de santo dos santos, e era a parte do templo onde ficava a Arca da Aliança, que representava a presença de Deus. No Antigo Testamento, somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, mas agora todos que creem em Jesus podem entrar na presença de Deus.

1. O Santo dos Santos era uma sala quadrada onde a Arca da Aliança era guardada. A entrada da sala era coberta por um grande véu e ninguém podia entrar lá dentro, porque, como o nome indica, era um lugar muito santo (Êx 26.33).

- O Santo dos Santos era particularmente santo porque Deus abençoava esse lugar com Sua presença. Quem entrasse no Santo dos Santos estava chegando o mais perto possível de Deus! E não existe nada mais santo que Deus.

- Uma vez por ano, no dia da Expiação, o sumo sacerdote fazia um sacrifício pelos pecados de todo o povo e entrava no Santo dos Santos para oferecer o sacrifício a Deus. Essa era uma ocasião muito solene e ninguém mais podia entrar na presença de Deus (Lv 16.15-17).

2. Jesus nosso Sumo Sacerdote. Quando Jesus veio, ele se tornou nosso sumo sacerdote. Ele entrou na presença de Deus e ofereceu sua própria vida como sacrifício por nossos pecados (Hb 9.11-12). Quando Jesus morreu na cruz, o véu que tapava a entrada do Santo dos Santos se rasgou! Agora todos podem ter acesso à presença de Deus (Mc 15.37-38).

- Quem é salvo por Jesus pode entrar no Santo dos Santos espiritual, que é a presença real de Deus. Jesus purifica dos pecados e torna cada um de seus seguidores santo, aceitável diante de Deus (Hb 10.19-20). Não há mais separação!

- Para o crente, o Santo dos Santos não é mais um lugar no templo. O Santo dos Santos é a presença de Deus em sua vida.

II. O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO


Na língua hebraica o vocábulo “véu” é paroketh que advêm de uma raiz que significa “separar”. No Novo Testamento esse mesmo vocábulo é katapetasma, que representa o véu interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo.

1. O véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus.
- O véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo era muito semelhante tanto à primeira camada da cobertura do tabernáculo, onde se tinha uma cortina de linho fino torcido também com pano azul, púrpura, carmesim e, igualmente, com querubins de obra esmerada (Êx 26.1; Êx 26.31,33) quanto à entrada do tabernáculo, onde também se tinha uma coberta de vinte côvados de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, de obra de bordador (Êx 27.16).

- Este véu seria posto sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata, com colchetes eram de ouro (Êx 26.32). O véu deveria ser pendurado debaixo dos colchetes e, no lugar santíssimo seria ser posta uma única peça, a arca da aliança (Êx 26.33).

- O fato de o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo ter as mesmas cores seja da entrada do tabernáculo seja da primeira camada de cobertura do santuário (parte coberta do tabernáculo) mostra-nos que o Evangelho é a via de acesso tanto à salvação, representada pela entrada do tabernáculo, como também pela a intimidade com o Senhor, representada pelo véu.

- A narrativa bíblica revela o significado especial do ato, de quando Jesus estava na cruz, expiando o nosso pecado. Ele ministrou intercessoriamente por nós por meio de seu sangue no “Lugar Santíssimo”, rasgando o véu da separação. A ministração de Cristo foi em favor de todo o mundo e não apenas por uma parcela especial ou étnica da humanidade (Hb 9.11-14 cf. Jo 3.16).

- O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16) e este poder é manifestado tanto na entrada do tabernáculo, pelo qual se ia até o altar de sacrifícios, onde o pecado era coberto, como também no véu que separa o lugar santo e o lugar santíssimo, pois este véu simboliza o pecado que faz separação entre Deus e os homens, tanto que foi o véu que se rasgou quando Jesus Cristo Se entregou por nós, tirando o pecado do mundo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.4).
- O Evangelho é a mensagem da salvação do homem na pessoa de Jesus Cristo, salvação que não só é libertação do pecado como também entrada em comunhão com Deus.

- O fato de o teto do lugar santo ter a mesma configuração do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo reforçava, dentro do lugar santo, a ideia aos sacerdotes, que eram as pessoas que podiam frequentar o lugar santo, de que se estava diante de Deus, representado ali pela arca da aliança, que se encontrava dentro do lugar santíssimo, que era inacessível.

2. O véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx 26.31).
- O que se tinha aqui nesta cobertura do tabernáculo e no véu e que não se tinha na entrada do tabernáculo era a presença dos querubins. Tais querubins, ao contrário do que defendem os romanistas, não estavam ali para serem imagens a serem veneradas, até porque esta cobertura do tabernáculo não conseguia sequer ser vista por quem estava fora do tabernáculo e somente os sacerdotes podiam ver os querubins que se encontravam no véu, mas tais imagens não serviam, em absoluto, para veneração ou contemplação.

- Os querubins estavam ali para lembrar a todos que havia uma divisão entre Deus e os homens, pois, quando o primeiro casal pecou, o Senhor os expulsou do jardim no Éden e pôs querubins para impedir que tivessem eles acesso à árvore da vida (Gn 3.24).

- Os querubins, seres que contemplam a glória de Deus, lembram que o pecado nos destituiu da glória divina (Rm 3.23) e que não temos, por causa do pecado, direito a ter acesso ao Senhor.

- Este véu simbolizava, então, a insuficiência de toda a aliança estabelecida no monte Sinai, a falta de comunhão perfeita entre o Senhor e Israel, já que os israelitas não haviam subido ao monte após o longo sonido de buzina, que não foi sequer esperado pelos filhos de Israel, que logo se retiraram para longe (Êx 19.13; 20.18,19).

- Embora a ira de Deus fosse aplacada nos sacrifícios de animais no altar de sacrifícios e, uma vez ao ano, no dia da expiação, o fato é que o véu estava ali para revelar que os pecados eram cobertos, mas não retirados, o que somente ocorreu com o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário.

- As figuras de querubins bordadas no véu lembram ao homem que o Trono de Deus está cercado desses seres angelicais, refletindo a santidade do Altíssimo. Eles também foram esculpidos sobre o propiciatório com as asas voltadas para a Arca da Aliança com o objetivo de protegê-la (Êx 25.18).

- Havia, pois, nítida noção por parte de todos que este véu representava a separação entre Deus e a humanidade por causa do pecado, o que somente se resolveria com a morte de Jesus Cristo na cruz, que poria fim a esta situação, restabelecendo a amizade entre o Senhor e os homens.

- Por isso, o escritor aos hebreus afirma que, agora, podemos, sim, entrar no santuário (e aqui santuário é o lugar santíssimo) pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne (Hb 10.19,20).

- Embora não fosse possível entrar no lugar santíssimo, salvo o sumo sacerdote uma vez ao ano no dia da expiação (dia dez do sétimo mês), a presença de Deus era notória a todo o povo naquele lugar, no tempo da peregrinação de Israel no deserto.

- Apesar da divisão causada pelo pecado e representada pelo véu, o Senhor estava presente no meio dos filhos de Israel, inclusive os orientando em todas as suas jornadas, indicando quando deveriam marchar e quando deveriam acampar.

- Se, mesmo quando ainda o pecado estava presente, quando não havia comunhão perfeita entre Deus e os homens, o Senhor tomava cuidado em dirigir e orientar o Seu povo na sua jornada rumo a Canaã, como não crer que o Senhor também quer cuidar de nós e, assim, nos conduzir e dirigir para que cheguemos até o lar celestial?

- Não bastasse a promessa de Cristo de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20), Ele anda nos deixou o Espírito Santo para nos guiar em toda a verdade (Jo 14.16,17; 16.13), Espírito que está ao nosso lado, que foi chamado para ficar ao nosso lado e é isto que significa dizer que é Ele o “Consolador”, a palavra grega “Parácleto” (παράκλητος), que, literalmente, é aquele que é chamado para ficar ao lado, “…alguém chamado para ajudar…” (Bíblia de Estudo Palavras-chave. Dicionário do Novo Testamento, n. 3875, p. 2340).

3. O véu e o trançado de seus fios.
- O véu estava pendurado sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro. Tais colunas, em número de quatro, representam, conforme já dito, o Evangelho nas suas quatro perspectivas inspiradas pelos Espírito Santo nas Escrituras que, por sinal, estão também reproduzidas no véu, que é de azul (céu – Jesus como Filho de Deus – evangelho segundo João); púrpura (realeza – Jesus como Rei – evangelho segundo Mateus); carmesim (sofrimento – Jesus como Servo Sofredor – evangelho segundo Marcos) e linho fino torcido (justiça, perfeição – Jesus como Homem perfeito- evangelho segundo Lucas).

- As colunas, sendo de madeira de cetim e revestidas de ouro, indicam-nos a dupla natureza de Jesus, o Deus que Se fez homem (Jo 1.1-3). Ele é o grande sacerdote sobre a casa de Deus anunciado no lugar santíssimo (Hb 10.21) e Seu sacerdócio decorre precisamente desta Sua dupla natureza, pois, como Deus e homem, Ele é a “ponte” entre ambos. É o único mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem (1ª Tm 2.5).

- As colunas estavam sobre quatro bases de prata e cada base de prata está a nos lembrar que o fundamento da nossa entrada no santo dos santos é o resgate de nossa alma pelo preço do sangue de Cristo (Ef 1.7; Cl 1.14; 1ª Tm 2.6; 1ª Pe 1.18,19).

- O véu era pendurado sobre as colunas por meio de colchetes de ouro. O ouro fala da divindade e nos mostra que a iniciativa tanto para a separação quanto para o restabelecimento da comunhão entre Deus e os homens está em Deus.

III. O PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR

1. O véu era um símbolo da presença de Deus no Lugar Santíssimo.
- Ora, ninguém podia ver a Deus e continuar vivo (Êx 33.20), mas os homens podiam ver o véu que indicava a presença divina no outro lado. Em Hebreus, o véu tipifica a “carne” de Cristo, que encobria a presença divina em seu corpo (1ª Tm 6.16; Jo 1.18; 14.9; Cl 1.15,16).

2. O véu: um impeditivo ao acesso à presença de Deus (Lv 16.2; Hb 9.8).
- A separação que o véu interior fazia dos dois lugares sagrados, o Lugar Santo e Lugar Santíssimo, demarcava também os lugares de atuação dos sacerdotes. No Lugar Santo, era permitida a entrada dos sacerdotes comuns; no Santíssimo, a do sumo sacerdote.

3. O véu indicava o caminho à presença de Deus.
- Sabemos que o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, não por méritos pessoais nem pela formosura do véu, senão mediante o sangue da expiação (Lv 16.15). A única função dele era expiar o próprio pecado e o do povo. Por isso, toda a orientação divina quanto à pureza do sumo sacerdote e de sua casa era rigorosa.

- Hoje, a obra expiatória de Jesus é o único meio que temos para achegar-nos à presença de Deus (Ef 2.8,9; Hb 10.19,20). Graças ao nosso amado Senhor, já não há mais separação nem muro entre nós e Deus, pois Cristo é o perfeito mediador entre Deus e os homens (1ª Tm 2.5).

IV. O LUGAR SANTÍSSIMO NO RITUAL DO DIA DA EXPIAÇÃO

1. O lugar santíssimo, como vimos, era um compartimento inacessível.
- Ninguém poderia nele entrar, a não ser o sumo sacerdote, uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação, que era o dia dez do sétimo mês, chamado Tishrei ou Tishri.

- No dia da expiação, portanto, o lugar santíssimo assumia um caráter singular, pois era prevista a entrada do sumo sacerdote no seu interior para que pudesse aspergir o sangue do sacrifício em seu favor e em favor do povo, sobre a tampa da arca, o propiciatório, a fim de obter a propiciação dos pecados, ou seja, que o Senhor, em virtude dos sacrifícios efetuados, favorecesse o povo e adiasse a punição pelos pecados.

2. O ritual do dia da expiação encontra-se em Lv. 16.
- Em primeiro, o Senhor proibiu o sumo sacerdote de entrar no lugar santíssimo durante todo o tempo, somente o permitindo que o fizesse no já mencionado dia dez do sétimo mês (Lv 16.2,34).

- O motivo pelo qual o sumo sacerdote não devia entrar no lugar santíssimo em todo o tempo era porque Deus aparecia na nuvem sobre o propiciatório, ou seja, diante do significado da palavra “aparecer”, o hebraico “חָ אָ ר - rāʼāh”, (verbo que significa ver). Seu significado básico é ver com os olhos (Gn 27.1). Também pode ter os seguintes significados derivados, todos eles exigindo que o indivíduo veja fisicamente algo que é exterior a si: ver de tal maneira que a pessoa possa aprender a conhecer outra pessoa…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 7200, p.1915), ou seja, ante a pecaminosidade humana, um olhar atento do Senhor, que estava todo o tempo ali, na nuvem, sobre o propiciatório, levaria à condenação, já que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Como diz o salmista Asafe: “Tu, tu és terrível! E quem subsistirá à tua vista, se te irares?” (Sl 76.7) ou, ainda, o salmista anônimo: “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130.3).

- No dia da expiação, o sumo sacerdote deveria, em primeiro, banhar a sua carne na água e, devidamente purificado, vestir a túnica santa de linho, ceroulas de linho sobre a sua carne e cingir-se com um cinto de linho, cobrindo-se com uma mitra de linho (Lv 16.4).

3. Jesus Cristo o Sumo Sacerdote.

- Naturalmente, sabemos que o sumo sacerdote é tipo de Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros (Hb 9.11) e o fato de todo o ritual se iniciar com o sumo sacerdote se banhando faz-nos lembrar o início do ministério público de Jesus, que se deu com o Seu batismo por João Batista, quando Ele começou a assumir a posição dos pecadores, a fim de cumprir toda a justiça divina (Mt 3.13-15).

- O sumo sacerdote vestir-se com todas as peças de linho de seu vestuário (ceroula, túnica, cinto e mitra) é também tipo de Cristo, pois o linho fala da justiça dos santos (Ap 19.8) e o Senhor Jesus é o Santo que veio ao mundo para nos salvar (Lc 1.35). Os discípulos de Cristo têm de ter vestes brancas, para poder andar sempre com o Senhor (Ap 3.4,5).

- Devidamente paramentado, o sumo sacerdote, então, deveria tomar da congregação dos filhos de Israel dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto e, para si, um novilho para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3,5).

- Tem-se aqui, como bem explana o escritor aos hebreus, mais uma demonstração da fraqueza da aliança do monte Sinai em relação à nova aliança estabelecida pelo Senhor Jesus. O sumo sacerdote era homem, e, portanto, fraco e pecador, devendo fazer sacrifício pelos seus próprios pecados para então fazer os sacrifícios em favor do povo. Já Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como nunca pecou, pôde se oferecer a Si mesmo, uma única vez, num sacrifício perfeito e que tirou o pecado do mundo (Hb 4.14-5.10; 8).

- O sumo sacerdote, então, oferecia o novilho da oferta pela sua própria expiação, fazendo expiação por si e por sua casa (Lv 16.6), estando, assim, devidamente santificado para poder exercer o múnus sacerdotal em favor do povo.

Os dois bodes. Em seguida, o sumo sacerdote, então, tomava os dois bodes e os punha perante o Senhor, à porta da tenda da congregação, lançando sortes sobre eles, sendo que um seria o bode emissário e o outro, o bode expiatório. O bode que fosse sorteado pelo Senhor, ou seja, o bode expiatório, seria oferecido para expiação do pecado do povo e o outro bode seria apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, devendo, então, ser enviado ao deserto (Lv 16.7-10).

- Ambos os bodes tipificam o Senhor Jesus, não podendo, em absoluto, ser admitida a interpretação trazida por Ellen Gould White de que o bode emissário representaria Satanás e o bode expiatório, o Senhor Jesus. O texto sagrado é claro ao dizer que ambos os bodes eram para expiação do pecado e quem levou os pecados da humanidade sobre Si foi o Senhor Jesus (Is 53.4,12; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.19-21; Cl 1.14; Hb 2.17; 10.12; 1ª Pe 3.18; 1ª Jo 2.2; 3.5; 4.10).

- O bode expiatório tipifica o Senhor Jesus morrendo em nosso lugar, dando a Sua vida para nos salvar, pagando o preço da nossa redenção com o Seu sangue (Jo.10.18). O bode emissário tipifica o Senhor Jesus que, assumindo a nossa posição e os pecados sobre Ele, a ponto de Se ter feito pecado (2ª Co 5.21), causando o único momento de separação d’Ele com o Pai, que O fez exclamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Sl 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34), justificou-nos, de modo imputou Sua justiça sobre nós, enquanto assumia nossas culpas n’Ele, tornando-nos “ficha limpa” nos céus (Rm 4.6,8; 2ª Co 5.19).

- Em seguida, tendo oferecido o sacrifício por si, o sumo sacerdote deveria tomar o incensário cheio de brasas de fogo do altar de sacrifícios e, com os punhos cheios de incenso aromático moído, deveria meter o incensário para dentro do véu, a fim de que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, ou seja, a tampa da arca da aliança que estava no lugar santíssimo, devendo fazer isto para que não morresse (Lv 16.12,13).

- Aqui, vemos, claramente, a tipificação da oração intercessória de Cristo em nosso favor, que é a razão pela qual podemos ter acesso à presença de Deus e porque nossas orações chegam à presença do Senhor nos céus (Ap 8.3,5). O Senhor Jesus, ao morrer por nós e tirar o pecado do mundo, passou a ser o grande sacerdote sobre a casa de Deus (Hb 10.21), estando, com todo poder nos céus e na terra (Mt 28.18), a interceder por nós à direita do Pai (Is 53.12; Rm 8.27,34).

- Ao mesmo tempo, ao se determinar que o lugar santíssimo deveria estar cheio de incenso para só então o sumo sacerdote poder ali entrar, impedindo-o, portanto, de ter plena visão da arca da aliança e do propiciatório, que era a tampa da arca, mais uma vez se reforçava o fato de não se ter, ainda, plena comunhão entre Deus e os filhos de Israel e de ser necessário que se mantivesse a nuvem, a escuridade (Êx 20.21; 24.18), para que não houvesse a morte do sumo sacerdote, já que os pecados ainda não haviam sido removidos, o que somente ocorreria com a morte de Cristo na cruz do Calvário.

- Lembremos que, antes da morte de Cristo, quando o Senhor leva sobre Si os pecados da humanidade, durante Seu sacrifício, as trevas tomaram conta do mundo, embora fosse meio-dia (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc 23.44), a revelar que, antes da morte do Senhor Jesus, estávamos em circunstância de escuridade.

- Feito o sacrifício em seu favor, o sumo sacerdote deveria tomar do sangue do novilho e, com o seu dedo, espargia sobre a face do propiciatório para a banda do oriente e perante o propiciatório espargia sete vezes do sangue com o seu dedo (Lv 16.14).

- Depois, o sumo sacerdote fazia o sacrifício do bode expiatório e trazia o sangue dele também para o lugar santíssimo, fazendo com o sangue o que havia feito com o sangue do novilho sacrificado pelos seus próprios pecados. Durante todo este ritual, ninguém poderia ficar no tabernáculo, nem mesmo no pátio (Lv 16.15-17).

- Em seguida, o sumo sacerdote deveria ir até o altar e fazer expiação por ele e tomar do sangue do novilho e do sangue do bode o punha sobre as pontas do altar ao redor, espargindo sobre dele com o seu dedo sete vezes e o purificava das imundícias dos filhos de Israel e santificava. Depois de santificar todas estas peças, expiando o santuário, deveria pegar o bode vivo, pôr ambas as mãos sobre a cabeça do animal, confessando todas as iniquidades dos filhos de Israel, determinando que o bode fosse enviado ao deserto por um homem designado para isso, homem que ficaria imundo por ter feito tal trabalho. De igual maneira, as peles, a carne e o esterco dos animais mortos para expiação do pecado seriam queimados com fogo (Lv 16.19-27).

- Após isto, o sumo sacerdote vinha à tenda da congregação, despia-se das vestes de linho, deixando-as ali, banhando sua carne em água no lugar santo e vestindo as suas vestes e, então, preparava o seu holocausto e o holocausto do povo, os sacrifícios dos carneiros que haviam sido tomados para tanto.
- No dia da expiação, o povo de Israel deveria jejuar e não exercer quaisquer atividades, pois é dia de humilhação e de adoração a Deus, tendo em vista que se deve pedir perdão pelos pecados cometidos durante o ano, pecados que eram cobertos. Até hoje esta data é uma das principais da nação judaica, o chamado “Yom Kippur”, o “Dia do Perdão”.

- Em todo este ritual, fica evidente que o lugar santíssimo é o lugar da presença de Deus e que o Senhor tem de ter aplacada a sua ira diante dos pecados cometidos, pecados estes que, embora cobertos, não são removidos.

V. COMO ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?

1. O Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular.
- O Lugar Santíssimo é conhecido também como o “Santo dos Santos”. Um lugar quadrangular, na forma de um cubo, que media dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento.

- É importante destacar, aqui, que as medidas do Lugar Santíssimo, no sistema decimal, possuem números diferenciados, uma vez que pesos, medidas e valores hebraicos são obscuros, e o resultado sempre produz algumas pequenas diferenças numéricas. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, um côvado equivalia à medida de dois palmos ou ao tamanho de nosso antebraço, o equivalente, portanto, a 45 centímetros. Era menor que o Lugar Santo. O Lugar Santíssimo tipificava o Trono de Deus em Israel.

2. O lugar continha apenas um mobiliário.
A Arca da Aliança. A Arca da Aliança tipificava a plenitude da presença de Deus: Sua santidade, glória e majestade. Ali, Deus habitava entre o seu povo!

- No Novo Testamento, essa imagem revela o que Paulo escreveu aos efésios: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).

Para nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor Jesus. Logo, podemos destacar o seguinte: os tecidos que constituíam o véu que demarcava o Lugar Santo e o Santíssimo é símbolo do caráter santo e pleno de nosso Senhor. Assim, a cor azul aponta para a sua divindade; a púrpura, para a sua realeza; a branca, para sua santidade; o carmesim, para a sua obra expiatória por toda a humanidade. Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma imagem forte e viva do véu, juntamente com seus fios trançados, que representava, na “carne” de Cristo, a união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20).

3. O que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santo?
O Lugar Santo era a antessala do Lugar Santíssimo; o que mostra o caráter santo da presença de Deus representada na Arca da Aliança, porque o Deus Santo e glorioso ali estava.

Não percamos de vista a dimensão da santidade e da glória de Deus. Sejamos santos e não desprezemos o sacrifício de nosso Senhor Jesus (Hb 10.26,27). Cuidado! A Palavra de Deus nos alerta que o nosso adversário “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pe 5.8). Vigiemos! Temamos ao Deus santo e glorioso!


VI. O LUGAR SANTÍSSIMO: A ASSOCIAÇÃO AO ESPÍRITO E AO AMOR

- Por fim, como fizemos tanto em relação ao pátio quanto em relação ao lugar santo, devemos ainda atender à associação que alguns estudiosos fazem do tabernáculo com a tricotomia do ser humano, associado o pátio ao corpo; o lugar santo, à alma e o lugar santíssimo, ao espírito.

1. O espírito é a parte do ser humano que faz o relacionamento com Deus.
- Como ensina o pastor Elienai Cabral, comentarista deste trimestre: “…O espírito do homem não é simples sopro ou fôlego, é vida imortal (Ec 12.7; Lc 20.37; 1ª Co 15.53; Dn 12.2). O espírito é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que ‘corpo, alma e espírito não são outra coisa que a base real dos três elementos do homem: consciência do mundo externo, consciência própria e consciência de Deus’…” (A tricotomia do homem. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/22/a-tricotomia-do-homem.html Acesso em 14 fev. 2019).

- “…O espírito é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal, embora receba impressões do corpo e da alma, também é capaz de receber conhecimentos diretamente de Deus e de manter com Deus uma comunhão espiritual que ultrapassa os raciocínios da alma. Ela nos torna conscientes de Deus.…” (GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito. O que é cada um? Disponível em:  2º Trim. de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br- http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html Acesso em 14 fev. 2019).

- Como é o espírito que faz a ligação com Deus, é ele quem possui a “consciência”, esta voz de Deus em nós, que nos permite discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. É o espírito, ademais, que nos faz confiar em Deus, a ter fé, esta fé que se desenvolve em nós e nos faz ser agradáveis ao Senhor (Hb 11.6). É em nosso espírito que o Espírito Santo vem habitar quando cremos no Senhor Jesus (Jo 14.17).

- Ora, o lugar santíssimo, como temos visto, é o compartimento do tabernáculo em que estava a presença de Deus, seja pela arca da aliança, seja pela nuvem e coluna de fogo. Só por isso, vemos, claramente, que se trata de tipo do espírito humano, espírito que, quando o homem está em pecado, por se manter separado de Deus, está totalmente inativo, sem qualquer uso.

2. Há, também, os que associam cada parte do tabernáculo a uma das três virtudes teologais, ou seja, os bons hábitos infundidos pelo Espírito Santo na vida do salvo.

- O espírito recebe o amor de Deus, que é derramado pelo Espírito de Deus em nós (Rm 5.5).

- O amor de Deus, também conhecido como “amor ágape” é, conforme o apóstolo Paulo nos ensina, a maior de todas as virtudes teologais, o “caminho mais excelente” (1ª Co 12.31), a maior de todas as virtudes (1ª Co 13.13). O capítulo 13 de 1ª Coríntios descreve este amor divino, este amor incondicional, que nos faz semelhantes a Deus, que nos torna filhos de Deus, pois a característica do discípulo de Cristo é ter o amor (Jo 13.35), até porque Deus é amor (1ª Jo 4.8).

- Como ensina o pastor Abraão de Almeida, “…ao transpor o terceiro véu, que simboliza o amor com a maior de todas as virtudes, o crente entra no Lugar Santíssimo. Esta terceira divisão do Tabernáculo corresponde à terceira maior dimensão do nosso desenvolvimento espiritual…”.

- A festividade judaica associada ao lugar santíssimo é a Festa dos Tabernáculos que, não por acaso, era celebrada pouco depois do dia da expiação, mais precisamente, cinco dias depois. “…nesta festa eram sacrificados 70 novilhos (o que corresponde a 7 x 10, significando plenitude de trabalho e frutificação). Também eram sacrificados 98 cordeiros (ou 2 x 7 x 7, entrega total e voluntária). Eram ainda imolados 14 carneiros (2x7, uma plena visão da obra de Cristo e de nossos hediondos pecados). Morriam ainda sete bodes, indicando morte plena, pelo poder de Deus, do velho Adão, pois o bode tipifica o pecador, como em Mateus 25.33 (…) O apóstolo Paulo menciona a morte do velho homem em seu poderoso testemunho …Gálatas 2.20…” (ALMEIDA, Abraão de. p.77).

CONCLUSÃO.
Nesta lição, percorremos o Lugar Santíssimo. Ele representa a presença santíssima e gloriosa de Deus no meio do seu povo. Esse lugar, especial e único do Tabernáculo, mostra o que o Senhor Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o véu da separação. Diferentemente daqueles dias, onde o Lugar Santo não era aberto a todas as pessoas, hoje, por meio da obra de Cristo, podemos entrar ao trono de Deus com ousadia e confiança.

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD, 2009.
2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
3. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
4. Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento. CPAD
5. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
6. CABRAL, Elienai. A tricotomia do homem.
7. GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito. O que é cada um? Disponível em: 2º Trim. de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br
8. http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html Acesso em 14 fev. 2019).

Pr. Elias Ribas

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