Levítico
16.5-10:
“E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para expiação do
pecado e um carneiro para holocausto. 6 Depois Arão oferecerá o novilho da
expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa. 7 Também
tomará ambos os bodes, e os porá perante o SENHOR, à porta da tenda da
congregação. 8 E Arão lançará sortes sobre os dois bodes; uma pelo SENHOR, e a
outra pelo bode emissário. 9 Então Arão fará chegar o bode, sobre o qual cair a
sorte pelo SENHOR, e o oferecerá para expiação do pecado. 10 Mas o bode, sobre
que cair a sorte para ser bode emissário, apresentar-se-á vivo perante o
SENHOR, para fazer expiação com ele, a fim de enviá-lo ao deserto como bode
emissário.
- No tempo do Antigo Testamento, todas as
cerimônias realizadas eram alegorias das verdades enfatizadas no Novo
Testamento, embora essas cerimônias fossem realizadas com toda a devoção e sinceridade
na forma de sacrifício pelo pecado de alguém. Então, o bode emissário tem o seu
significado. Vejamos o que significa a presença de dois bodes nessa cerimônia
de Levítico 16.5-10.
- Devidamente paramentado, o sumo
sacerdote, então, deveria tomar da congregação dos filhos de Israel dois bodes
para expiação do pecado e um carneiro para holocausto e, para si, um novilho
para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3,5).
Os
dois bodes.
Em seguida, o sumo sacerdote, então, tomava os dois bodes e os punha perante o
Senhor, à porta da tenda da congregação, lançando sortes sobre eles, sendo que
um seria o bode emissário e o outro, o bode expiatório. O bode que fosse
sorteado pelo Senhor, ou seja, o bode expiatório, seria oferecido para expiação
do pecado do povo e o outro bode seria apresentado vivo perante o Senhor, para
fazer expiação com ele, devendo, então, ser enviado ao deserto (Lv 16.7-10).
- Após o lançamento de sortes, o bode
emissário recebia, pela mão do sacerdote, os pecados do povo e era afastado
para longe, enquanto o outro bode era imolado, fazendo assim a expiação pelo
povo.
O
bode emissário.
Quanto ao bode que era solto no deserto, como a passagem no hebraico refere-se
a “azazel”. A tradição da kabala
judaica diz que Israel era salvo das astúcias do Diabo quando este bode lhe era
enviado. O bode levaria todas as iniquidades e transgressões do povo. Parte da
erudição evangélica moderna tem favorecido essas interpretações, não obstante
Levítico 17.7 parecer excluir a ideia de que o bode servia como um sacrifício
‘oferecido a azazel’.
O
significado de “azazel”. Azazel vem das
raízes hebraicas “ez” (bode) e “azai” (voltar-se, virar-se). A maioria
dos rabinos entendia que “azazel” era
o local aonde o bode era enviado no deserto. Como muitos judeus acreditavam que
o deserto era a habitação de espíritos maus, alguns pensavam que azazel era um espírito mau. Porém,
Levítico 17.7 não apoia essa conclusão. Além disso, uma coisa é clara: o termo
“azazel” refere-se a um lugar e não
ao bode. Ele ia “para Azazel”.
Portanto, o bode emissário, carregando os pecados do povo, era levado “a Azazel”, ele não era “Azazel”.
- Quando lemos Hebreus 9.11-14, vemos que
toda cerimônia que se fazia no passado era uma sombra das coisas do futuro, que
vemos cumpridas realmente em Cristo Jesus, nosso Salvador: “Mas, vindo Cristo,
o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo,
não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e
bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo
efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue de touros e bodes, e a cinza
duma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica quanto à purificação da
carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a
si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas,
para servirdes ao Deus vivo?”
- Ambos os bodes tipificam o Senhor Jesus,
não podendo, em absoluto, ser admitida a interpretação trazida pela profetisa
Ellen Gould White de que o bode emissário representaria Satanás e o bode
expiatório, o Senhor Jesus. O texto sagrado é claro ao dizer que ambos os bodes
eram para expiação do pecado e quem levou os pecados da humanidade sobre Si foi
o Senhor Jesus (Is 53.4,12; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.19-21; Cl 1.14; Hb 2.17; 10.12;
1ª Pe 3.18; 1ª Jo 2.2; 3.5; 4.10).
- O bode expiatório tipifica o Senhor
Jesus morrendo em nosso lugar, dando a Sua vida para nos salvar, pagando o
preço da nossa redenção com o Seu sangue (Jo.10.18). O bode emissário tipifica
o Senhor Jesus que, assumindo a nossa posição e os pecados sobre Ele, a ponto
de Se ter feito pecado (2ª Co 5.21), causando o único momento de separação
d’Ele com o Pai, que O fez exclamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me
desamparaste?” (Sl 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34), justificou-nos, de modo imputou
Sua justiça sobre nós, enquanto assumia nossas culpas n’Ele, tornando-nos
“ficha limpa” nos céus (Rm 4.6,8; 2ª Co 5.19).
- O bode emissário era, portanto, um tipo
de Cristo. Assim como o sumo sacerdote colocava a mão na cabeça do bode e dizia
“ele tomou sobre si os pecados” (Levítico 16.21), Isaías 53.4 diz: “Verdadeiramente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e
nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido”. Esta é uma passagem
das Sagradas Escrituras que nos mostra o significado do bode emissário de
Levítico 16.5-10, mostrando que todos os sacrifícios apontavam para Cristo,
visto que o bode tomava o pecado do povo e era enviado ao deserto, afastando
cada vez mais as suas transgressões. Cristo tomou nos seus ombros o peso de
nossos pecados, e saiu fora da porta da cidade rumo ao Gólgota (Hb 13.11-12).
Pr. Elias Ribas
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