TEOLOGIA EM FOCO: O ALTAR DO HOLOCAUSTO

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O ALTAR DO HOLOCAUSTO


TEXTO ÁUREO
“Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa.” (Hb 10.22)

Verdade Prática
Na cruz, o Senhor Jesus Cristo purificou-nos de todos os pecados, tornando-nos aceitáveis diante de Deus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.1,2,6,7 “Farás também o altar de madeira de cetim; cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados, a largura (será quadrado o altar), e três côvados, a sua altura. 2. E farás as suas pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e o cobrirás de cobre. 6. Farás também varais para o altar, varais de madeira de cetim, e os cobrirás de cobre. 7. E os varais se meterão nas argolas, de maneira que os varais estejam de ambos os lados do altar quando for levado.

INTRODUÇÃO. Qual era o caminho que o pecador percorria para ter seus pecados perdoados? Ao estudarmos o Altar dos Holocaustos e o rito de lavagem dos corpos dos sacerdotes na pia de bronze, aprenderemos como alguns símbolos apontavam, com impressionante precisão, para a completude da obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nessa perspectiva, estudaremos o Altar dos Holocaustos, enfatizaremos relação simbólica das suas quatro pontas com a redenção provida pelo sacrifício vicário e, por último, como o Altar dos Holocaustos revela uma imagem do Calvário para nós. Que o Espírito Santo fale ao seu coração!

Quando se adentrava no pátio do tabernáculo, o primeiro móvel que o ofertante se deparava era o “altar de bronze” também chamado de “altar do holocausto”. Nesta lição falaremos um pouco deste móvel e de suas características; veremos que o este importante utensílio e o holocausto nele oferecido, prefiguram o sacrifício perfeito e definitivo de Cristo Jesus no Calvário por todos os homens.

I. O ALTAR DO TABERNÁCULO
A palavra “altar” literalmente significa “levantado”, “alto” ou “subindo”, visto que era uma elevação acima da terra. O Antigo Testamento mostra que muitos dos patriarcas ergueram altares para sacrificar ao Senhor (Gn 8.20; 12.7; 26.25; 35.1). No entanto, com a institucionalização do culto levítico, um altar foi construído para que nele se fizessem os sacrifícios a Deus, por meio do sacerdote.

1. Material. Muitos altares eram feitos de rocha natural, ou eram montes de terra ou rochas escavadas (Êx 20.24; 1º Rs 18.32). No entanto, esse altar do tabernáculo era feito de madeira de acácia (cetim) e era coberto de bronze (cobre) segundo algumas versões da Bíblia (Êx 27.1-8). Daí porque ele era chamado de “altar de bronze” (Êx 38.30; 39.39). No Tabernáculo, o bronze se destaca particularmente nos elementos do pátio externo (Êx 26.11,37; 27.10; 30.18). Esse bronze, sem dúvida, foi obtido através das ofertas trazidas diante do Senhor para edificar o Tabernáculo (Êx 25.3; 35.5,16).

2. Medidas e formato. O altar de bronze era a maior peça do tabernáculo. O relato bíblico diz que ele media “cinco côvados de comprimento” e “cinco côvados de largura”, aproximadamente (2,5 m x 2,5 m), e “três côvados de altura” (1,5 m). Seu formato era “quadrado” (Êx 27.1). Ele possuía chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser transportado (Êx 27.2,6,7). Contava com uma armação gradeada de metal (Êx 27.4,5).

O altar de bronze era provavelmente colocado sobre um monte de terra ou pedras e o fogo era ateado em cima. Os chifres que havia em cada canto do altar, tinham um significado especial, eram adornos funcionais, pois era ali que os animais sacrificados ficavam amarrados (Sl 118.27).

3. Utensílios. Junto com o altar do holocausto também foram fabricados utensílios que auxiliavam o sacerdote nos sacrifícios e na manutenção deste móvel e todos eram igualmente feitos de cobre (Êx 27.3).
3.1. Recipientes: Para recolher as cinzas – usados para retirar as cinzas do holocausto e limpar o altar (Lv 6.10,11).
A. Pás. Usadas para apanhar as cinzas e lidar com o fogo.
B. Bacias. Ou tigelas, usadas para derramar e aspergir o sangue no altar (Êx 24.6).
C. Garfos. Usados para distribuir os sacrifícios sobre o altar. O sacrifício deveria estar em ordem para ser perfeitamente consumido (1 Sm 2.13);
D. Braseiros. Ou incensários, usados para levar as brasas do altar de bronze para o altar de ouro (Lv 16.12).

4. Finalidade. Esse móvel também é chamado de “altar do holocausto” (Êx 30.28; 31.9; 35.16; 38.1; 40.6). Isso fala de sua principal finalidade: oferecer nele sacrifícios, sendo o principal deles o holocausto (Lv 1-5).

A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”, uma alusão ao sacrifício que quando queimado seu aroma subia como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9-b).

A oferta do holocausto, também chamada de “oferta queimada” (Lv 1.9), era “inteiramente consumida” sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6- 8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, “perpétuo”, “contínuo” (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21).

5. Localização. Quando se adentrava ao átrio do tabernáculo o primeiro móvel que se via era o altar do holocausto. Por isso ele é chamado de “o altar que está diante da porta da tenda da congregação” (Lv 1.5). A localização deste altar mostra-nos quão importante era o sacrifício a fim de que a pessoa pudesse acertar o seu relacionamento com Deus: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Ele era o móvel que lembrava da constante da necessidade de expiação e arrependimento, por parte do ofertante.

II. AS QUATRO PONTAS (CHIFRES) DO ALTAR E O SENTIDO DE REDENÇÃO
O Antigo Testamento apresenta uma linguagem que prefigura coisas e experiências presentes no Novo Testamento. De modo geral, a imagem das quatro pontas do Altar dos Holocaustos apresenta-se nessa perspectiva quando analisamos o sentido de redenção contido nelas.

1. As Quatro Pontas e a Propiciação.
O ato de fazer a propiciação, segundo o Dicionário Houaiss, implica “tentar obter de alguém sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira com sacrifícios”. Nas Escrituras, o sangue do sacrifício era de um animal inocente. Quando o sacerdote imolava o animal e retirava-lhe o sangue no altar de quatro pontas e, com esse gesto, apresentava a oferta pelos pecados do povo. Isso é uma propiciação, ou seja, um modo de readquirir o favor de Deus.

O evento era uma ação para apaziguar a ira de Deus, a fim de que a sua justiça e a santidade fossem satisfeitas e proporcionassem um perdão eficaz ao pecador.

As quatro pontas do altar do holocausto rememoram a morte de Cristo como propiciação provida por Deus para cobrir o nosso pecado e manifestar a justiça divina. O Senhor tomou sobre si o nosso pecado, revelando-nos o ato gracioso do Pai (Rm 3.24-26; 1ª Jo 2.2).

2. As Quatro Pontas e a Substituição.
Levítico 16 diz muito acerca do sentido de “substituição”. Ele narra que o sumo sacerdote Arão colocava as mãos sobre a cabeça do animal para sacrificá-lo. Esse animal devia ser um macho sem defeito. Posteriormente, o sumo sacerdote confessava os pecados e as faltas do pecador arrependido a partir da oferta apresentada no altar dos holocaustos com as quatro pontas. Logo, a oferta tomava o lugar do pecador. Foi exatamente assim que Jesus levou sobre si a nossa culpa, oferecendo-se na cruz em nosso lugar (Is 53.4-6; Jo 1.29; 1ª Pe 2.24). Na pessoa de Jesus Cristo, a nossa pena foi cumprida plenamente (1ª Co 5.7).

3. As Quatro Pontas e a Reconciliação.
O Altar era o lugar-símbolo da reconciliação de Deus com o povo de Israel. Ali, uma vítima inocente era completamente queimada e consumida, restando apenas o sangue colocado numa pequena pia e encaminhado ao Lugar Santíssimo, o qual, depois, era aspergido sobre o propiciatório (Êx 29.11-14; Lv 4.12,16-21; 16.14-19,27). Esse rito nos leva à cruz como o único lugar onde Deus se encontra com o pecador, a fim de perdoá-lo e reconciliá-lo mediante o sangue da expiação (Hb 9.12; Rm 5.10,11; 2ª Co 5.18,19). Na cruz, o Cordeiro Inocente pagou a dívida do culpado e, por isso, podemos dizer: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2ª Co 5.19).

4. As Quatro Pontas e a Redenção.
A ideia que a palavra nos dá é a da libertação da prisão do pecado. Logo, Redenção é o pagamento de um preço pelo resgate de uma pessoa. O preço: a morte de Cristo na cruz (Mt 20.28; At 20.28; Gl 3.13; 1ª Tm 2.5,6; 1ª Pe 1.18,19). Aqui, é importante ressaltar que o termo “redimir” aparece, na língua grega, com o significado de “comprar e tirar fora do mercado” (uma expressão retirada do comércio de escravos), ou seja, “resgatar” de uma vez por todas a pessoa da escravidão. Foi isso que Jesus fez por nós quando nos libertou da escravidão do pecado (Rm 6.22).

III. O ALTAR SIMBOLIZA A CRUZ DE CRISTO
Os altares antigos eram costumeiramente feitos de pedras e coberto de madeira para que a vítima sobre ela sacrificada, pudesse ser depois queimada sobre a lenha. No monte Calvário que é uma rocha, um lugar alto, Cristo foi crucificado sobre o madeiro. Logo há um paralelismo entre o altar e a cruz.

1. Lugar de sacrifício. O altar de bronze era o altar dos sacrifícios. Nele todos os sacrifícios eram realizados (Lv 1-5).
Esse altar prefigura a cruz, visto que foi o lugar onde Jesus foi sacrificado (Jo 19.17; Fp 2.8).

2. Lugar do juízo e da justiça de Deus. Era sobre o altar que o pecado encontrava o julgamento. O transgressor trazia para ele o animal que deveria ser morto pelo pecado do ofertante (Lv 1.4). Foi na cruz onde Jesus foi morto pelo nosso pecado (Is 53.4,5; Rm 5.6,8; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.15; 18-21).

3. Lugar de substituição. O altar do holocausto também era o altar da substituição, pois nele o pecador era substituído pela oferta: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Foi na cruz, onde Cristo levou o nosso pecado (Gl 3.13; 1ª Pd 2.24).

IV. O SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO PREFIGURA O SACRIFÍCIO DE CRISTO
Os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefiguram o sacrifício de Cristo. A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o holocausto aponta para a pessoa de Cristo Jesus:

SIMILARIDADES DO HOLOCAUSTO QUE APONTAM PARA CRISTO
1. O animal tinha que ser macho (Lv 1.3,10,14). Cristo se fez homem (Jo 9.11; 19.5; At 2.22; 1ª Tm 2.5).

2. O animal tinha que ser sem defeito (Lv 1.3,10). Cristo não teve pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1ª Pd 2.22).

3. O adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado, gesto que simbolizava a transferência de algo para o sacrifício, no caso o pecado (Lv 1.4). Os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Mt 20.28; Jo 11.50; Rm 5.6-8; 2ª Co 5.14,15,21; Gl 2.20; 3.13; 1ª Tm 2.6; Hb 9.28; 1ª Pd 2.24).

4. O pecador degolava o animal que morria em seu lugar (Lv 1.5,11). Cristo foi morto pelos nossos pecados (Rm 4.25; 1ª Co 15.3; Gl 1.4).

5. O holocausto contemplava o rico e o pobre (Lv 1.3,10,14) O sacrifício de Cristo proporciona salvação a todos os homens indistintamente (Jo 3.16; Tt 2.11; 1ª Jo 2.2; Ap 5.9).

V. O SACRIFÍCIO DE CRISTO É SUPERIOR AO SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO
Embora os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefigurem o sacrifício de Cristo, eles não eram permanentes porque não podiam satisfazer completamente a justiça divina e a necessidade humana. Logo, o sacrifício de Cristo foi necessário e é superior ao holocausto. Vejamos:

O HOLOCAUSTO CRISTO JESUS
1. Um animal era sacrificado pelo pecador (Lv 1.4-a). O próprio Filho de Deus foi sacrificado pelo pecador (1ª Pd 3.18; 1ª Jo 2.2; 4.10).

2. O sangue do animal cobria o pecado (Lv 1.4-b). O sangue de Cristo nos purifica do pecado (Jo 1.29; 1ª Co 6.11; Hb 1.3; 1ª Jo 3.5; Ap 1.5).

3. O sacrifício era feito em prol de alguns de pecados, não todos (Lv 4.2). O sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado (Tt 2.14; 1ª Jo 1.7,9).

4. O sacrifício era repetitivo (Lv 6.9-13). O sacrifício de Cristo foi definitivo (Hb 9.26; 10.10).

5. O animal era trazido contra a própria vontade (Hb 9.25). Cristo ofereceu-se voluntariamente (Jo 10.17,18)

CONCLUSÃO. Hoje aprendemos que o pecador precisava, no Antigo Testamento, passar pelo “altar de sacrifícios” para que fosse aceito diante de Deus. Mas vimos também que Cristo é a oferta suficiente e eficaz para a expiação completa de nossa culpa. Em Cristo, somos redimidos!
Deus não somente anunciou a vinda do Messias, por meio de palavras, como através do altar de bronze em que o holocausto era oferecido pelo pecador no tabernáculo ele preparou a nação de Israel para o sacrifício definitivo que seria feito por meio de Cristo Jesus e que de uma vez por todas (Jo 1.29; Hb 9.26). Portanto, prestemos ao Senhor um verdadeiro sacrifício de louvor!

FONTE DE PESQUISA
1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
2. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. ATOS.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
7. TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. EDITORA CULTURA CRISTÃ.

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