I. O QUE É RESSUREIÇÃO
A palavra ressuscitar tem
origem no termo grego αναστασις
anistemis, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da
palavra resurgere, que literalmente
significava levantar-se, despertar dentre os mortos, erguer-se outra vez,
retornar a vida. É a junção de duas
palavras gregas ανα - ana que significa: para o meio de, no meio de,
em meio a, entre (duas coisas), no intervalo de, e a outra palavra sendo ιστημι
- histemi que significa causar ou fazer ficar de pé,
colocar, pôr, estabelecer. Portanto, a ressurreição é o ato do
levantamento daquilo que havia estado no sepulcro.
A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre
o fato da ressurreição de Cristo. Ele foi o primeiro a realizar tal obra, teve
a primazia nisso, como em todas as coisas. Jesus destruiu esse inimigo, que é
chamado na Bíblia de o último inimigo: “O último inimigo a ser destruído é a
morte” (1ª Co 15.26).
Cristo ressuscitou, e é esta a
base da nossa fé e da nossa pregação (1ª Co 15.14). Ele foi o primeiro a morrer
e ser ressuscitado para ter imortalidade no reino celestial de Deus.
A Bíblia afirma que os salvos ressuscitarão com um corpo transformado e
glorioso (1ª Co 15.35-53), enquanto que os ímpios ressuscitarão com um corpo
desprezível e vergonhoso (Dn 12.2), em que sofrerão pela eternidade (Mt
10.28). Os não salvos farão parte da segunda ressurreição, a qual abrange todos
os ímpios mortos, e ocorrerá ao findar o Milênio.
A palavra ressurreição implica em
transformação do corpo que morreu e foi sepultado. Se o corpo ressurreto não
fosse o mesmo, isto não seria ressurreição. Seria uma nova criação e o termo na
Bíblia seria um absurdo.
O apóstolo Paulo afirma que o mesmo Espírito que ressuscitou Cristo (Rm
8.11), de fato ressuscitará também nossos nossos corpos, que doutra sorte,
estão destinados a morrer.
O Senhor Jesus é o Primogênito porque ressuscitou para nunca mais
morrer (Rm 6.9). Na Sua vinda, os corpos dos santos que jazem em seus sepulcros
irão ressuscitar no dia em que ressoar a trombeta de Deus, à semelhança de
Cristo, ressuscitarão para nunca mais morrer. É por isso que o Senhor Jesus é o
Primogênito.
“E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.”
II. RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS INJUSTOS
Daniel 12.2 “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”
Há na Bíblia, duas
ressurreições: a dos justos e a dos injustos, havendo um intervalo de mil anos
entre elas (Dn 12.2; Jo 5.28-29; Ap 20.5). A expressão bíblica “ressurreição
dentre os mortos”, como em Lucas 20.35 e Filipenses 3.11, implica numa
ressurreição em que somente os justos participarão, continuando sepultados os
ímpios. Esta expressão é no original “ek
ton nekron” ressurreição
dentre os mortos. Sempre que a Bíblia trata da ressurreição de Jesus ou
dos salvos, emprega estas palavras. A expressão nunca é usada em se tratando de
não-salvos.
A ressurreição dos mortos é obra exclusiva do poder de Deus. A Bíblia
ensina claramente sobre a ressurreição dos salvos e a dos ímpios. Ela é
prova de nossa fé, que os que agora morrem não deixam de existir. No livro das
revelações, João vê os mortos diante do Grande Trono para serem julgados
segundo suas obras (Ap 20.11-15).
Na verdade, os vivos nunca morrem. Atos 24.15 “Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos.”
A ressureição de Jesus é a base da doutrina.
No Domingo bem cedo as mulheres Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, foram ao túmulo com a intenção de levar especiarias para ungir o corpo de Jesus. Quando chegaram lá viram que a pedra da entrada do túmulo tinha sido removida e entrando viram que o corpo do Senhor não estava ali. Mas de repente lhe apareceram dois anjos que declaram: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, dizendo: convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. (Lc 24.5,8).A ressurreição do corpo, como todo o cristianismo, está
fundamentada em Cristo, está baseada na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
O Senhor Jesus participou da mesma carne e sangue conosco, e
prometeu ressuscitar a humanidade dos mortos através de sua ressurreição, se os
mortos não ressuscitarem, também Cristo não ressuscitou, e é vã a nossa
pregação, e também é vã a vossa fé.” (1ª Co 15.13,14).
Se Cristo não ressuscitou, então a pregação apostólica da ressurreição era vã, a fé dos coríntios era vazia e os apóstolos eram falsas testemunhas. Aqui “fé” se refere ao conteúdo da mensagem do evangelho e equivale a “conjunto de crenças”.
III. A RESSUREIÇÃO DOS JUSTOS
As palavras de Jesus revelam o poder e a autoridade sobre a morte e a vida. Como a ressurreição, Ele tem o poder de trazer à vida aqueles que estavam mortos espiritualmente, trazendo-os à salvação e ao relacionamento com Deus.
1. A ressureição dos justos se divide em três grupos. Há
uma ideia entre o povo de Deus que a ressurreição dos justos será em um só
momento. Mas na realidade não será assim. Segundo a Bíblia, a ressurreição dos
justos se divide em três grupos distintos.
A primeira ressurreição ocorre em vários estágios:
1º O primeiro grupo foi inaugurada por Jesus Cristo, que é
as primícias dos que dormem (1ª Co 15.20; Cl 1.18), abriu o caminho para a
ressurreição de todos os que creem n’Ele. Houve uma ressurreição dos santos de
Jerusalém (Mateus 27:52-53), a qual deve ser incluída em nossa consideração da
primeira ressurreição.
2º Seguindo a sequência os que são de Cristo por ocasião de
Seu retorno (1ª Co 15.23; 1ª Ts 4.16).
3º E sete anos depois os mártires da Grande Tribulação (Ap
6.9-11; 20.4). Portanto a primeira ressurreição abrange da ressurreição de
Cristo até os mártires da Grande Tribulação.
As Festas do Senhor se
relacionam com o início e o término da colheita dos frutos de Israel. A partir
do conhecimento desta relação, se tem a confirmação do Plano Profético apontado
pelas Festas do Eterno.
Levítico capítulo 23 é a história da Igreja escrita de antemão. Temos aí entre outras coisas a ressurreição prefigurada.
1.1. As primícias da primeira ressurreição. 1ª Coríntios 15.20 “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.”
Mas cada um por sua ordem. O termo τάγμα “tagma”, no
original grego, significa dispor em ordem, fileira, grupo, turma”, como numa
formatura militar ou escolar.
Este grupo é formado por Cristo e os santos que
ressuscitaram por ocasião de sua morte na cruz. “E Jesus clamando outra vez com
grande voz entregou o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de
alto abaixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. E abriram-se os
sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiram foram ressuscitados. E saindo
dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa e
apareceram a muitos” (Mt 27.50-52). Só
Mateus narra este acontecimento. Foi um pequeno grupo que ressuscitou com
Cristo e representa um sinal da vida eterna para os fiéis. Só depois da ressurreição
de Cristo foram vistos estes santos.
Cristo é o princípio dentre os mortos (Cl 1.18). Portanto, à ressurreição de Cristo
e de muitos santos do Antigo Testamento, identificados como as “primícias dos
mortos” (1ª Co 15.20; Mt 27.52,53).
A festa das Primícias em
Levítico 23.10-12 tipifica isto, quando um molho das primícias era
trazido para o sacerdote mover perante o Senhor. Molho
implica um grupo, o que de fato aconteceu. Esta festa tipificava Jesus
ressuscitando com um pequeno grupo.
Desse modo a ressurreição dos fiéis começou, pois com Cristo, as primícias da ressurreição (At 26.23), isto é, que Cristo devia padecer e sendo o primeiro da ressurreição dos mortos.
1.2. A colheita geral da ressurreição. 1ª Coríntios 15.23 “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.”
O primeiro grupo “Cristo as primícias” (1ª Co 15.22),
representa as primícias da colheita; “depois os que são de
Cristo, na sua vinda”, representa a colheita geral do povo israelita.
Este grupo é formado pelos santos que ressuscitarão no
momento do arrebatamento da Igreja (1ª Ts 4.16). São
todos os mortos salvos desde o tempo de Adão.
Este grupo representa a colheita geral de cereais do Velho
Testamento: “Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara,
começarás a contar as sete semanas. Depois, celebrarás a festa das semanas ao
Senhor, teu Deus” (Dt 16.9-10).
O primeiro dia de Tishrei, que é o primeiro dia de Rosh
Hashaná, com o primeiro raio da lua nova, o sacerdote ficava em pé no parapeito
do Templo e soava o shofar para que fosse ouvido em todo o vale ao redor e
assim que o sacerdote tocava o shofar, todos os agricultores israelitas interrompiam
imediatamente a colheita, mesmo que ainda ficasse mais para ser colhido. Eles
deixavam tudo lá mesmo no campo. Era o fim da colheita de trigo e eles paravam
tudo e se dirigiam para o Templo para a adoração do dia de ano novo, a Festa
das Trombetas.”
Paulo associa claramente o “soar das
trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens (1ª Ts 4.16-17; 1ª Co
15.51-52). Isaías associou o uso do Shofar com a vinda do Messias (Is 51.9;
60.1). Paulo associou o despertamento estrondoso com o Shofar e com o
arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios 5.14-17.
As Escrituras compara o trigo com a Igreja de Cristo, podemos entender que ao tocar a última trombeta, “Senhor descerá do céu... e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1ª Ts 4.16-17). Com o arrebatamento da Igreja, a colheita do trigo é interrompida, e a Igreja estará reunida no céu para Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9).
A colheita geral do Velho Testamento tipifica o arrebatamento da Igreja quando Cristo voltar: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos” (Ap 20-6). Esta Bem-aventurança é aplicada a “ressurreição dos justos”. O bem-estar e a felicidade dos justos advêm deste acontecimento.
1.3. Os rabiscos da colheita. Deuteronômio 24.19 “Quando vocês estiverem fazendo a colheita de sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo...”.
A terceira fase da primeira
ressurreição refere-se àqueles mortos no período da Grande Tribulação, os quais
são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. São os restolhos da ceifa,
isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17; 14.1-5; 20.4,5).
“....e deixarem um feixe de
trigo para trás...”. A palavra deixarem no original hebraico aponta para o
sentido de “deixar por esquecimento”, ou seja, os feixes de trigo que serão
deixados para trás.
A prática de respigar (colher
as sobras da colheita) também é conhecida como rabiscos. O Eterno determinou,
assim, que o segador não deve voltar ao campo para buscar a sobra da colheita
do trigo, mas deve deixá-la para o estrangeiro, o órfão e a viúva.
Os remanescentes de Israel
também farão parte dos rabiscos da colheita: “Porém ainda ficarão nele alguns
rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta
ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o Senhor
Deus de Israel.” (Isaías 17.4-6).
Ficarão alguns remanescentes
(Is 10.20), ainda que em número muito reduzido. E um erro, portanto, insistir
nas tribos perdidas de Israel.
Observou-se, no tópico
anterior, que a colheita é interrompida e não encerrada, pois haverá no campo
ainda a sobra da colheita. Isto é, ama pequena parte da colheita do trigo é
deixada para trás, de forma que esta parte não será colhida pelos segadores,
mas por outras pessoas que podem não ter o mesmo cuidado que os segadores ao
realizarem a colheita.
Na verdade, enquanto a Igreja
estará na festa das trombetas no céu (Bodas do Cordeiro - Ap 19.7-9), os
deixados para trás estarão que enfrentar o Anticristo.
Apocalipse 7.9,13-14 “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; 13- E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? 14- E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”
Este último grupo são os rabiscos da colheita formado pelos,
mártires da Grande Tribulação (Ap 7.9, 13-14; Ap 20.4), as duas testemunhas (Ap
11.1-12) e os 144 mil selados das 12 tribos de Israel (Ap 7.1-8; Ap 14.1-5), os
quais ressuscitarão antes do milênio, isto é, onde Cristo reinará nesta terra
por mil anos.
O primeiro grupo que João viu que serão salvos, são os mártires
da Grande Tribulação que foram mortos pela besta:
Ap 20.4 “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes
dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram decapitados pelo
testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a
sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram,
e reinaram com Cristo durante mil anos.”
João vê no céu as almas daqueles que foram decapitados pela besta. Na língua grega a palavra decapitado αποκεφαλίζω é: decapitar, degolar, guilhotina. Eles foram degolados, porque foram fiéis a Jesus e não se curvarão a besta e nem sua imagem, por isso terão o direito de reinar com Cristo no milênio. Esse grupo são os rabiscos da colheita. Os poucos que ficaram para trás.
IV. A RESSURREIÇÃO DOS INJUSTOS SÓ TERÁ LUGAR DEPOIS DO MILÊNIO
Apocalipse 20.5 “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.”
As Escrituras mostram que há pelo menos um espaço de mil
anos entre o fim da ressurreição dos justos, chamada de primeira, e a
ressurreição dos ímpios, chamada de segunda ressurreição, isso significa que
são dois momentos distintos.
Na verdade, o tempo da segunda ressurreição acontecerá no
fim de todas as coisas, após o período do Milênio na Terra, quando haverá o
Juízo Final (Hb 4.13).
No evangelho de João, Jesus falou de duas ressureições. A
ressurreição da vida e a ressurreição do juízo (Jo 5.28,29). A Daniel também foi revelado acerca destes dois eventos “uns
para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” (Dn 12.2).
Os outros mortos (os homens que
desde Adão morreram nos seus delitos e pecados) não reviveram. Eles estão hoje em
tormento no estado intermediário, mas ainda não estão no lugar definitivo do
castigo final. Mas depois do milênio eles irão ressuscitar (no mesmo corpo) depois
do milênio e dela só farão parte os ímpios.
A Bíblia revela que os ímpios ressuscitarão para serem julgados segundo suas obras (Ap 20.12), diante do Grande Trono Branco, e lançados no lago de fogo (Ap 20.12-13), que é a segunda morte. Isso não significa aniquilados, mas banidos da presença de Deus (2ª Ts 1.9). Na verdade, o “Lago de Fogo” (Mt 25.41,46), que arde continuamente com fogo inapagável – o tormento eterno (Ap 14.10,11).