TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

A VIDA ABUNDANTE EM CRISTO - ROMANOS 8

 


Rm 8.1-17 “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. 2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, 4 para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. 5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. 6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. 7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. 8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. 10 E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. 11 E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita. 12 De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne, 13 porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. 14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. 15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. 16 O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. 18 Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. 19 Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. 20 Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, 21 na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. 22 Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. 23 E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. 24 Porque, em esperança, somos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará? 25 Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos. 26 E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27 E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos. 28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. 29 Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Cântico de vitória: Deus é por nós 31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? 33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. 34 Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. 35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. 37 Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. 38 Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!” 

INTRODUÇÃO

Existe um contraste entre os capítulos 7 e 8 de Romanos. No capítulo 7, o apóstolo afirma “o pecado habita em mim” (Rm 7.17,20), no capítulo 8, é o Espírito Santo quem habita em nós (v. 9). No capítulo7, Paulo fala sobre a força do pecado na carne, no capítulo 8 ele expressa a profundidade da vida espiritual, a libertação da condenação, a vitória sobre o pecado e nosso relacionamento com Deus através da pessoa de Jesus Cristo.

Nesse capítulo Paulo ensina a distinguir as coisas da carne das coisas do Espírito. A Palavra de Deus apresenta um princípio que deve guiar a vida daqueles foram alcançados pela graça divina. Somos livres em Cristo Jesus, mas não para andar segundo a carne”, pois a carne escraviza, mas segundo o Espírito 

I. A NOVA VIDA NO ESPÍRITO 

1. O Espírito Santo é Deus? A Bíblia descreve que o Espírito Santo é totalmente Deus. Juntamente com Deus Pai e Deus Filho (Jesus Cristo), o Espírito Santo é o terceiro membro da Divindade ou da Trindade.

O livro de Atos capítulo 5, descreve que Ananias mentiu ao Espírito Santo sobre o preço de uma propriedade: “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.3-4).

O nome usado aqui para o Espírito Santo é aquele empregado nas Escrituras para designar a terceira pessoa da Trindade, como implicando uma distinção do Pai. Pedro pretendia, sem dúvida, designar uma ofensa como cometida particularmente contra a pessoa o Espírito Santo.

Antes de Jesus volta para o Pai, falou a Seus discípulos a respeito do Espírito Santo dizendo: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.” (Jo 14.16).

A palavra gregas para “outro” é allon, que significa “outro igual, da mesma espécie. O Pai enviará outro allos parákletos, outro consolador que “ficará conosco para sempre”.

Observe que Pedro disse para Ananias que ele não mentiu para homens, mas para Deus, para denotar que essa ofensa foi cometida contra o “Espírito Santo” e “o Espírito do Senhor” (Atos 5.9). 

2. “Porque a lei do Espírito de vida” (V. 2). A autoridade que governa o corpo não é mais a lei, nem a carne, nem o pecado, mas do Espírito Santo que nos dá a liberdade em Cristo. Pelo Espirito somos agora libertos do pecado.

A lei do Espírito de vida é superior a lei de Moisés, pois trata de uma esperança superior, pois é por ela que nos chegamos a Deus (Hb 7.18-19). 

3. Viver segundo o Espírito (1-4). A palavra “espírito” vem de uma raiz hebraica: “ruach”, do qual se deriva o vocábulo grego “pneuma”; e no lat. Spiritus e significa sopro, vento, respiração e princípio da vida. Esse vocábulo também descreve o espírito que habita no homem, o qual foi soprado por Deus (Gn 2.7).

Para viver segundo Espírito você precisa primeiramente receber o Espírito Santo. É Ele que convence o homem “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). O Espírito Santo não é apenas uma força como alguns pensam, mas Ele é o nosso guia e nosso consolador é Ele que revela a verdade de Deus. (Jo 16.7,13). Somente pelo Espírito Santo você consegue entender coisas espirituais e aplicar a verdade da Bíblia em sua vida.

O andar no Espírito é ter comportamento sábio e prudente, tendo uma vida de santidade. O Espírito de Deus é Santo, e só habita naquele que é santo. 

4. A presença do Espírito. Jesus prometeu enviar o Espírito Santo aos Seus discípulos após Sua ascensão (Jo14.16-17). Essa promessa se cumpriu no Dia de Pentecostes, quando o Ele desceu sobre os que estavam aguardando em oração (At 2.1-3), capacitando-os a testemunhar e viver vidas transformadas.

O Espírito Santo é a própria presença do poder de Deus que atua e habita na vida do crente (Sl 51.11; 139.7). Ele é o selo de Deus na vida do cristão: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.13). 

5. Quem tem o Espírito. Todos os que creram e seguem a Jesus têm o Espírito (Mc 16.16), os que nasceram de novo (Jo 3.3-5). Os que tem o Espírito não andam nas obras da carne (Rm 8.9).

O Espírito de Deus ou Espírito de Cristo, são alguns nomes e títulos que descrevem a sua natureza de Espírito Santo (8.9).

No verso 8, Paulo prescreve dizendo: “os que estão na carne não podem agradar a Deus”.

Para você agradar a Deus precisa ter o Espírito Santo (v. 9), ser o templo do Espírito Santo (1ª Co 6.19). “Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.”

Não importa qual a tua igreja, se não tiver o Espírito Santo, não pertence a Ele. Se você não é dele, de quem você é? 

6. O Espírito Santo que ressuscitou Jesus (8.11). O apóstolo ensina que o Espírito Santo é quem ressuscitou Jesus, é ele que também vivificará o nosso corpo mortal. A garantia da nossa ressureição é habitação do Espírito dentro de nós. 

II. O CONFLITO DA LEI 

1. A lei do pecado (v. 3). Como já vimos no capítulo 7, a lei não fez o pecado surgir, mas ela veio revelar e aumentar o pecado. A lei do pecado trouxe a morte, porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). A lei do pecado e da morte opera em nossos membros. A lei do Espírito, que dá vida em Cristo Jesus, me libertou da lei do pecado e da morte. (Rm 7.21-23; Rm 8.2). Portanto, somos libertos do domínio da lei e do pecado, e somos chamados para uma vida no espírito. “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” (Gl 5.18). 

2. Deus condenou o pecado (V. 3). “Deus enviou o seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele.” (Jo 3.17). Em vez de condenar o pecador Cristo condenou o pecado. “Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8.3b).

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (2ª Co 5.21). O julgamento de Deus sobre o pecado de nossos membros agora foi cumprido em Cristo Jesus na cruz do Calvário. 

3. Como é possível a lei ficar enferma (v. 3). A lei era incapaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar Seu Filho na semelhança de nossa natureza humana para que através do Seu sacrifício substitutivo na cruz, livrar-nos da condenação eterna. 

4. Qual a diferença entre a lei do Espírito e a lei do pecado. A lei do Espírito é vida, e a lei do pecado é morte, isto é, a lei do pecado e da morte opera em nossos membros. A lei do Espírito, que dá vida em Cristo Jesus, me libertou da lei do pecado e da morte. (Rm 7.21-23; Rm 8.2). O crente em Jesus não é mais servo da sua carne, e sim do Espírito, embora que a natureza humana é prisioneira da lei do pecado. 

III. A INCLINAÇÃO DA CARNE (vs. 1-9). 

1. A liberdade da condenação (1.1). O apóstolo Paulo afirma que não há condenação para quem está em Cristo Jesus. Para estar em Cristo você precisa em primeiro lugar, crer que Ele é o único e suficiente salvador, em segundo lugar você deve permanecer em Jesus (Jo 15.5-7) e terceiro lugar você precisa obedecer a Seus mandamentos. (Jo 14.21). Assim o cristão tem plena certeza que não será condenado: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3.18). Jesus deixa claro que aqueles que não creem em seu nome já estão condenados. Enquanto nós estávamos em Adão, havia uma condenação. Agora estamos em Cristo, já não condenação sobre nós. 

2. Viver segundo a carne. A palavra carne no grego é sarx é utilizada para designar a natureza adâmica que domina o velho homem e o leva a praticar as obras da carne (Gl 5.19-21). A Bíblia descreve como carne, aquilo que mora dentro do homem, e se opõem contra Deus e sua vontade.

A carne é o instrumento onde o poder do pecado e o diabo controlam, onde as obras da carne são praticadas: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.” (Gl 5.19-20). Portanto, aqueles que vivem nos pecados da carne não podem agradar a Deus (Rm 8.8).

No versículo 6 que a inclinação da carne (as coisas do mundo), “dá para a morte”. Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma? (Mc 8.36-37). Tiago chama de: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tg 4.4.). O amor do Pai não está voltada para aquele que amam o mundo “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” 1ª Jo 2.15-16

Se nossa disposição interior estiver voltada para o mundo, nossa conduta será carnal. Mas se ela estiver voltada para o Espírito, nossa maneira de viver será espiritual. 

3. Viver segundo a inclinação da carne resulta em morte (v. 6). O homem no pecado é inimigo de Deus, pois Deus abomina o pecado. O homem que comete pecado e não se arrepende certamente está em um caminho de morte. “Um exemplo da diferença entre tipos de pecados pode ser visto na vida de Saul e Davi, reis de Israel. Os dois cometeram pecados horríveis. O primeiro pecou e não se arrependeu; o segundo se arrependeu de todo coração. Quais foram as consequências? Saul morreu sem a esperança da vida eterna. Davi foi perdoado e foi-lhe assegurado um lugar no reino de Deus.”

Se alguém não se arrepender e recusar a salvação, partira deste mundo para uma condenação eterna. Deus não obrigará ninguém a ir para o céu. 

IV. FILHOS E HERDEIROS DE DEUS 

1. A vida como filhos de Deus (12-14). No capítulo 6.17-22, Paulo relata que éramos escravos (doulos) do pecado, agora em Cristo Jesus somos filhos de Deus guiados pelo Espírito Santo (v. 14). Desfrutamos da paternidade de filhos de Deus através Jesus.

Nós éramos criaturas desobedientes (Rm 1.30; 2ª Tm 3.2), mas, hoje “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10). A diferença está na obediência e no destino futuro (Rm 8.18). Enquanto um bom filho está disposto a obedecer, terá sempre um bom Pai. 

2. A adoção de filhos (15-17). A palavra adoção, em grego υἱοθεσία (huiothesia) é o ato de receber um estranho na família, reconhecendo-o como seu filho, e constituindo-o herdeiro dos seus bens. Todo mundo conhece alguém que adotou um filho (a) ou conhece um filho (a) que é adotado.

Deus não adota um crente como filho; este é gerado como tal, pelo Espírito Santo, na regeneração (Jo 3.3-5). Na regeneração há mudança de natureza, na adoção, há mudança de posição. “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome.” (Jo 1.12). Para Paulo, o espírito de adoção dá aos cristãos condições de dirigirem-se a Deus dizendo: Abba, Pai (v. 15).

Paulo é o único escritor do Novo Testamento a empregar a palavra aqui traduzida por adoção. “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória ...” (Rm 9.4). “E nos predestinou para filhos de adoção ...” (Ef 1.5). O povo de Israel foi adotado no passado, mas deserdado por ter rejeitado a salvação em Jesus, mas aqueles que creem em Jesus foram adotados em Cristo, antes da fundação do mundo, “para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.” (Ef 1.6).

O Espírito Santo é a nossa garantia de sermos chamados de filhos: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 9.16). E além de sermos recebido como filhos, o Pai nos deu a alegria de conviver com os demais filhos adotados, nossos irmãos na fé, que são a família de Deus. “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus.” (Ef 2.19). 

3. Os filhos de Deus são guiados pelo Espírito Santo (v. 14). Paulo afirma que aqueles que são justificados em Cristo Jesus recebem o Espírito Santo como um selo e são identificados como “filhos de Deus” ao serem “guiados pelo Espírito de Deus”. Portanto, a presença do Espírito Santo é a evidência de que somos realmente filhos de Deus. Porém, Paulo relata dizendo “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. (Gl 5.18).

Para ser guiado pelo Espirito, existe apenas um caminho: nascer de novo. Jesus disse para Nicodemos que o novo nascimento é o nascer do Espírito (Jo 3.6). (João 3.3-6). Assim, nos tornamos novas criaturas.

4. A herança como filhos (v. 17). Fomos salvos, recebido como filhos, herdeiros de Deus, coerdeiros de Cristo e seremos glorificados na Sua vinda. Fomos adotados pela graça soberana, mediante o qual Deus nos justificou pela fé. Temos a graça de ser recebidos na família de Deus Pai, e tornados concidadãos e herdeiros da herança dos céus.

Qualquer filho, pela lei, tem direito a herança familiar. Em termos espiritual, ao sermos convertidos a Cristo, nós nos tornamos filhos de Deus. A natureza divina, que não tínhamos, foi implantada em nós e, assim, nos tornamos filhos e também herdeiros de Deus. 

“...se é certo que com ele padecemos...”. A herança de Deus que vamos receber com Cristo, inclui compartilhar com os sofrimentos que o Pai designou para Ele hoje, no nosso tempo. “Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo.” (2ª Co 1.5).

Quem é filho por adoção para receber da herança com Cristo, deve estar pronto para sofrer com Ele, e, para que ao tempo determinado também seremos glorificados com Ele. 

V. A ESPERANÇA DA GLÓRIA FUTURA 

1. Os sofrimentos presentes e a glória futura (18-21). Quando alguém se converte a Jesus, fica muito animado e feliz, porém a vida cristã não é só mar de rosas. Muitas vezes passamos por vales profundos, outras vezes subimos montes elevados, as vezes choramos, as vezes sorrimos. A vida cristã tem altos e baixos Jesus mesmo disse: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33).

Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9.23). Jesus usou a expressão “e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” O que Jesus quis dizer? Na verdade, o Senhor realmente disse que devemos estar dispostos a morrer para seguir Jesus.

Paulo fala sobre o problema do sofrimento e da dor. Ele faz um contraste com o sofrimento do mundo presente com a glória futura que um dia Deus irá revelar pela qual nós participamos. Primeiro vem o sofrimento e depois vem a glória. Os sofrimentos que passamos aqui, comparado com a glória futura, eles são irrelevantes. Nós sabemos que Deus sempre está conosco em nossos desertos Is 43.2 “Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.”

Neste versículo, Deus promete que estará com conosco nos momentos mais difíceis da nossa vida. Ele nunca nos desampara, mas vai adiante de nós através do Espírito Santo.

Embora passamos por sofrimento, os filhos de Deus aguardam com expectativa quando Jesus vir em glória, eles serão apresentados ao mundo, serão vistos como eles são. 

2. A expectativa da redenção (v. 21- 25). Vivemos hoje em um mundo devastado pelo pecado. A Terra geme e sofre, há tragédia após tragédia. Neste caos em que vivemos para

quem olhar? O salmista Davi responde: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.” (Sl121.1-2).

A esperança que o cristão tem no por vir, traz a paz em nossos corações. Isso significa sentir a alegria do céu ainda que estejamos habitando na Terra. A esperança cristã está em sua base que é Cristo ressurreto. Ele ressuscitou e com Ele seremos todos transformados. 

3. A criação geme as dores de um parto (v. 22). A Criação não pecou, mas sofre por causa dos nossos pecados. Quando Adão pecou, toda a criação ficou sujeita à maldição. O pecado afetou a tudo o que Deus criou, por isso “a terra e as obras que nela há se queimarão. (2ª Pe 3.10). A terra e todo o universo um dia se desfarão.

A criação geme pela corrupção do homem, e Igreja sofre pelas perseguições, mas um dia aguardamos a volta de Jesus para restaurar todas as coisas. 

VI. O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO 

1. A ajuda do Espírito na oração (v. 26). O Espírito ora por nós quando somos incapazes orar. Ele ora em nosso favor porque conhece a perfeita vontade do Pai para nós. Então, quando você trouxer seus pedidos a Deus, creia que Ele sempre fará o que é melhor. 

2. A intercessão do Espírito (v. 27). O Espírito Santo intercede junto ao Trono do Pai, com gemidos inexprimíveis, isto é, algo impossível de ser expresso em palavras, porque não está baseada em nosso intelecto ou em frases bem elaboradas. 

VII A SOBERANIA DE DEUS 

1. Todas as coisas cooperam para o bem (v. 28). Todas as coisas, as adversidades, batalhas espirituais, tudo o que acontece conosco de bom ou ruim tem um propósito, que Deus possa ser glorificado. Deus age desta forma em nossas vidas para nos corrigir, Ele de várias maneiras, dando-nos a chance de sermos melhores. “...o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Sl 30.5b).

Paulo explica que Deus guia tudo para o bem daqueles que Lhe obedecem e seguem Seu caminho. 

2. A predestinação e a glorificação (vs. 29-30). A predestinação e a presciência estão intimamente ligadas uma a outra. Na carta do apóstolo Pedro ele escreve dizendo: “eleitos segundo a presciência de Deus Pai” (1ª Pe 1.2), isto é, aquele que ele conheceu de antemão para serem conformes Seu Filho, o Homem glorificado no céu.

No passado Deus escolheu pessoas com propósito especifico como Abraão, Isaque, Jacó. Deus tinha em mente formar uma nação através deles para trazer o Messias ao mundo. Mas a Igreja o Pai escolheu n’Ele, em Cristo antes da fundação do mundo. Assim como Abraão foi escolhido para uma missão especifica, Jesus foi escolhido pelo Pai para vir a esse mundo com um propósito de salvar aquele que nele crer (Jo 3.16) e formar Sua igreja (Mt 16.18), para evangelizar o mundo (Mc 16.15).

Em Mateus 11.28-30, Jesus faz um convite aberto a todos que se encontram cansados e sobrecarregados. Aqueles que se arrependem dos seus pecados e se convertem, são justificados (Rm 1.17 5.1), e aos que são justificados, também são glorificados (v. 30). 

VIII. A VITÓRIA NO AMOR DE DEUS 

1. Se Deus é por nós, quem será contra nós (v. 31-34). Paulo afirma que todas as três pessoas divinas agem para o nosso bem: “... o mesmo Espírito intercede por nós” (Rm 8.26-27). “...Cristo Jesus...intercede também por nós” (Rm 8.34). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31).

Sabemos que aqueles que andam segundo o Espírito são guiados pelo Espírito, também já aprendemos que as aflições e tribulações do tempo presente não se compara com a glória futura. Portanto, agora, aqueles que andam na verdade e praticam a justiça são protegidos por Deus (v. 32). Todas as circunstâncias da nossa vida, está no controle de Jesus. “O Pai ama o Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos.” (Jo 3.35). 

2. Nada poderá nos separar do amor de Deus (v. 35-39). O contexto tem início com uma pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo?” (V. 35), e termina com uma afirmação: “(nada) será capaz de nos separar do amor de Deus” (v. 39).

“A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” Paulo faz uma lista de adversidades que enfrentamos no dia a dia, mas nada disso pode nos separar do amor de Deus. Somos peregrinos nesta terra, estamos em batalhas contra a maldade e muitas pessoas se afastam de Cristo por causas destas adversidades, mas o vencedor não permite que nada disto venha separa do amor de Deus.

qualquer que permanece fiel até o fim será salvo (Mt 24.13).

Quando Paulo estava preso em Roma, próximo ao seu martírio, ele escreve a Timóteo dizendo: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” (2ª Tm 4.6-7). O apóstolo estava olhando para sua situação presente, sabia que eram seus últimos dias, mas não estava triste ou aflito, pois sabia que tinha combatido o bom combate e guardado a fé. Nem a espada separou Paulo do amor de Deus, ele via o seu martírio como uma oferta de gratidão a Cristo.

Por meio de Jesus Cristo, podemos vencer todas as dificuldades e tribulações da mortalidade. Nada pode separar-nos do amor de Deus, que se manifesta na Expiação de Jesus Cristo. 

CONCLUSÃO

O cristã que anda no Espírito tem grandes privilégios. É recebido como filho de Deus, guiado pelo Espirito Santo, glorificado em Cristo e herdeiros das coisas celestiais.

Pr. Elias Ribas Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


terça-feira, 6 de agosto de 2024

A LIBERDADE CRISTÃ ROMANOS 7

 


Romanos 7.1-25 “Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? 2 Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. 3 De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for doutro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim não será adúltera se for doutro marido. 4 Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus. 5 Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. 6 Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra. 7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão peia lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. 8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. 9 E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; 10 e o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. 11 Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou. 12 Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom. 13 Logo, tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum! Mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem, a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. 14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 15 Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso faço. 16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. 17 De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. 19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. 21 Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. 22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. 23 Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. 24 Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? 25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado.” 

INTRODUÇÃO No capítulo 6, encontramos a ilustração da liberdade do pecado na figura do escravo e seu senhor. Este capítulo trata a respeito da libertação da lei. Para que seus leitores compreendessem o assunto, Paulo faz uma analogia sobre a lei e o casamento. Ele usa essa imagem para mostrar que a lei tem poder sobre a pessoa apenas enquanto ele está vivo. Uma vez morrendo para lei por meio de Cristo Jesus, estamos livres para servir a Deus. 

I. A LEI DE MOISÉS 

1. Definição. A palavra Tora do hebraico תּוֹרָה, significando Lei, instrução, orientação, conjunto de ensino profético ou doutrina. É o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh também chamados de Hamisha Humshei Torah, mas o termo Torá é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.

A Torá possui 613 mandamentos (mitzov). A Lei de Deus é invariável e Eterna devido a sua origem Divina. 

2. A lei de Moisés. Na Bíblia, ao referir à lei de Moisés, para os judeus não se acha a distinção de lei “moral”, “cerimonial” ou “civil” mas somente: “Lei”, “Lei do Senhor” e “Lei de Moisés”. Nisso podemos entender que o Decálogo é só uma parte da Lei e não a sua totalidade.

É claro que o Decálogo tem as partes morais, cerimônias e civis. Essas partes, em si, não são distinguidas como sendo maior ou menor da “lei” mas, a própria lei. A parte cerimonial (sacrifícios) é chamada “lei” (Lc 2.27). A parte moral é chamada “lei” (1ª Tm 1.9). A parte civil é chamada “lei” (At 23.3).

Os judeus definem a Lei de Moisés como a expressão máxima da vontade de Deus. 

3. O que é aplicável aos nossos dias? A lei cerimonial já não se aplica mais. As leis civis se aplicam em princípios, mas não segundo o culturalismo hebraico da época. As leis morais continuam em vigor. Outro aspecto da lei veterotestamentária é que todas as leis se achavam no contexto da aliança que Deus tinha feito com Israel no monte Sinai. A função da lei era administrar ou superintender a aliança. 

4. Preceito moral fora do Decálogo. Há princípios que são imutáveis e universais. Não há para eles a questão de transculturação. Onde quer que o Evangelho for pregado tais princípios fazem-se presentes; são preceitos morais e éticos.

Os dois maiores mandamentos são preceitos morais (Mc 12.29-31). Entretanto, não constam no Decálogo; é uma combinação de Deuteronômio 6.4-5 com Levítico 19.18. Por outro lado, encontramos no Decálogo o quarto mandamento, que não é preceito moral. Jesus disse que o sacerdote podia violar o sábado e ficar sem culpa (Mt 12.5). 

5. Jesus e a Lei de Moisés (Mt 5.17,18). A lei não é contrária às promessas de Deus, mas foi adicionada por Deus devido às transgressões dos homens. A promessa foi feita a Abraão e a lei por Moisés, e a graça por Cristo. (Jo 1.17).

A nossa fé está baseada na lei de Cristo, que representa a graça de Deus em favor do homem caído, garantindo a nossa salvação. As leis e as cerimônias do Antigo Testamento, não foram capazes de salvar ninguém, conforme o Concílio Apostólico em At 15.11: “Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”. A lei estabelece a justificação pela fé, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (H 11.6) A fé estabelece a lei, pois em Cristo cumprimos a lei. 

II. A LEI E A ANALOGIA DO CASAMENTO 

1. A metáfora do casamento (v. 1-3). Os cristãos em Roma entendiam que a lei tinha domínio sobre eles por toda a vida. Por isso a liberdade da lei é ilustrada em termos da relação entre a esposa e seu marido. Paulo explica que enquanto o marido viver, a mulher está obrigada a ser fiel a ele. Mas morrendo o marido a viúva está livre da lei do marido para se casar com outro. Assim a lei tem domínio sobre o homem enquanto este viver, ou seja, assim como a morte dissolve o vínculo entre o marido e esposa, a morte do crente com Cristo rompe o jugo da lei. Ele está livre para unir-se com Cristo.

2. Mortos para a lei (vs. 4). O cristão ao morrer para o pecado e para a lei, é livre da lei e do pecado (Gl 5.1). Depois da morte do velho homem, a pessoa fica livre para entrar em um relacionamento com outro, o Cristo ressurreto. A morte liberta da vida anterior e de suas servidões. Agora, Cristo o novo marido, não morre (Rm 6.9), portanto, a nova união nunca mais será dissolvida. Da mesma forma que o liberto pertence ao seu novo Senhor, assim também o “novo ser” ressuscitado em Cristo não vive mais para si mesmo, mas para Cristo e para Deus (Gl 2.20). 

3. A caduquice da Lei (vs. 5-7). Neste verso 5 o apóstolo explica que a lei é um instrumento do “pecado e da morte” para aquele que vive “as paixões dos pecados, que são pela lei”. A lei, nesse caso, é a lei mosaica, que Deus entregou para que seu povo seguisse.

As paixões dos pecados dominam o velho homem e geravam este fruto para a morte. Ao morrermos com Cristo, nos livramos do poder que o pecado exercia sobre nós, tal qual a mulher se livra da obrigação com o marido na morte dele.

Mas, agora, estamos livres do pecado e da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na caduquice da letra. 

4. A lei do Espírito. O novo convertido muda de caminho e segue agora a lei do Espírito de vida, que opera na vida do crente. O Espírito entra no crente e o liberta do poder do pecado (Rm 7.23). A lei do Espírito entra em plena operação, à medida que os que creem se comprometem a obedecer ao Espírito Santo (vs. 4, 5, 13-14). Descobrem que um novo poder opera dentro deles; poder este que os capacita a vencer o pecado. A “lei do pecado e da morte”, neste versículo, é o poder dominante do pecado, que faz da pessoa uma escrava do pecado (Rm 7.14), reduzindo-a à miséria (Rm 7.24). 

III. A FUNÇÃO DA LEI 

1. A lei é pecado? (V. 7-8). Evidentemente que não. O culpado é a carne que se utilizou da Lei. Paulo vai dizer que: “Eu conheci o pecado pela lei”. (v. 7). Isto é, a lei nos deu consciência real de nosso pecado, nos fazendo sentir culpado. 

2. A lei veio revelar o pecado (v. 7). “E eu, nalgum tempo, vivia sem lei...”. Paulo se refere quando era criança, mas quando se tornou adulto e conheceu a lei e o pecado eu morri. A lei não é pecado, mas ela veio revelar o pecado, isto é, tornar o pecado conhecido. Dos dez mandamentos, o apóstolo tomou o último: “Não cobiçarás” (Êx 20.17). 

3. A lei veio provocar o pecado (v. 8-9). Paulo explica que o conhecimento da lei, que foi confiado ao judeu, não lhe permitia viver de acordo com os preceitos divino. Somente o poder do Espírito Santo capacita à vida nova.

A lei traz a consciência do pecado (8-9) e é ligada à morte (10-11). Portanto, os legalistas que buscam a vida através da lei, terão que procurar em outra fonte, pois a lei não traz a salvação. 

4. A lei é santa. Pelo mandamento santo e bom, o pecado achou espaço (Gn 3.1-6), e matou o homem por causa da lei (Gn 2.17), que é santa (Rm 7.12).

Paulo nos ensina que o legado da lei é nos mostrar o certo e o errado. Dependendo da nossa atitude podemos agradar a Deus ou não.

Infelizmente há muitos que ensinam que a santificação é o resultado do legalismo. Hoje há muitos que pregam regras humanas, hábitos e costumes como meios para santificação. Assim eram os fariseus nos dias de Jesus; que Deus nos livre desse espírito de religiosidade e legalista. 

5. A lei revela a natureza mortal do pecado (v. 13). Então o que é bom se tornou para mim morte? A culpa da minha morte está na boa lei? De maneira nenhuma. Segundo o apóstolo Tiago ele diz: “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15).

A causa da minha morte é o pecado. A concupiscência até parece bom no primeiro momento, mas de pois de consumado o pecado ela nos prende e nos leva a destruição.

Na carta de Paulo aos Gálatas ele pergunta: “por que foi dada a lei? Foi ordenada por causa das transgressões...” (Gl 3.19). Paulo quer dizer que a lei foi escrita para fazer transgressões conhecidas e, dessa maneira, obrigar os homens a reconhecer sua culpa. 

IV. A LUTA INTERNA CONTRA O PECADO 

1. A fraqueza da carne e a espiritualidade da lei (v. 14). Aqui começa o conflito entre homem carnal e o homem interior. Paulo explica como a lei torna nosso corpo escravo do pecado por causa da nossa natureza humana, mesmo conhecendo a lei de Deus que é divina. Quando o homem é carnal vendido ao pecado, ele vive os desejos da carne (Gl 5.19-21), sem se preocupar com o pecado e suas consequências. Porém, quando o homem é espiritual, vive uma guerra entre a carne e o Espírito. “A carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.” (Gl 5.17). 

2. O conflito entre o quere fazer (vs. 15-20). Gálatas 2.20, Paulo diz que está crucificado com Cristo. Mas aqui ele esclarece que tem uma guerra interior. Esse conflito envolve o chamado velho homem, a velha natureza carnal e pecaminosa, voltada sempre para o mal. 

As armas espirituais. Na carta aos Corintos Paulo diz: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas.” (2ª Co 10.4).

Quais as armas da nossa milicia? A Palavra de Deus (2ª Tm 2.15; Ef 6.17); a oração (Ef 6.18); louvor e adoração (2º Crônicas 20.21) e estar em comunhão na casa de Deus (At 2.26).

Na verdade, o pecado nunca vai te abandonar, mas você deve estar revestido com as armas espirituais (Ef 6.10-17), para resistir o diabo. “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4.7). Para vencer essa a natureza pecaminosa, temos que colocar Jesus Cristo em primeiro lugar.

Com as armas espirituais, oração e vigilância você permanece firme. E essa luta só acaba quando partimos para a eternidade. 

3. A dualidade entre a lei interior e a lei do pecado (v. 21-23). Mesmo Paulo tendo profunda intimidade om Deus, tinha uma grande luta travada entre a carne e o espírito. Da mesma forma acontece com todos nós cristão que já entregaram as suas vidas nas mãos de Deus vivemos esta luta interior. 

A lei é boa (v. 16). A uma forte influência do pecado na vida do apóstolo porque, o pecado também habita nele (vs. 17, 20).

A maldade que exerce em nosso íntimo nos leva ao pecado, mesmo a lei sendo “santa, justa e boa”, não pode nos livrar desta situação. Mesmo quando somos rebelde e desobediente, o Espírito Santo revela a essencial bondade da lei. 

“não sou mais eu quem o faz (v. 17). A lei moral na mente de Paulo batalha contra a lei do pecado. “De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” (v. 17). Paulo está dizendo que na sua carne não existe bem algum por causa do poder do pecado que é a desobediência.

Em primeiro momento parece que Paulo sede ao pecado: “mas o mal que não quero, esse faço.” Mas quando recorremos a outros textos ele esclarece que não. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.” (Rm 8.1). Andar segundo o Espírito é produzir o fruto do Espírito. E uma parte desse fruto é a “temperança” ou o domínio próprio. (Gl 5.22) que é o autocontrole, a renúncia e a moderação.

Nós temos o desejo de fazer o bem, mas não conseguimos fazê-lo, porque a nossa carne é pecaminosa. O bem que desejamos fazer é o desejo do homem regenerado, que decidiu servir a Deus e tem um coração voltado para Ele, mas a carne tem desejo contrário, e é terrena.

Nessa luta interior, muitos desistem e se entregam ao pecado, ao domínio do mal. Se você quer abandonar os desejos carnais, então, precisa aprender a guerrear. Portanto, não desista nunca, pois, “Aquele, porém, que perseverar até o fim, será salvo” (Mc 13.13), mas “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.” (1ª Jo 2.1). 

4. O clamor não é um grito de desespero (24-25). Paulo reconhece sua miséria e faz a seguinte pergunta: “Quem me livrará do corpo desta morte?” Então ele encontra a solução e dá graças a Deus por causa de Jesus, que é nossa escolha. O livramento vem, não do esforço legalista, mas mediante a lei de Cristo. “Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à Lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado.” (V.25). Paulo conclui que o problema não é a Lei; o problema é a carne. 

CONCLUSÃO. Mesmo o cristão vivendo debaixo da graça experimenta o conflito entre sua antiga natureza e sua nova vida em Cristo.

Aprendemos com Paulo que através do evangelho ele se tornou um homem mudado e teve poder sobre o pecado, que antes ele não tinha. O poder do Espírito Santo nos capacita para se alcançar a justiça em Cristo Jesus.

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

SANTIFICAÇÃO UMA NOVA MANEIRA DE VIVER - ROMANOS 6

 

Romanos 6.1-23 “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? 2 De modo nenhum! Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? 3 Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? 4 De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. 5 Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; 6 sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. 7 Porque aquele que está morto está justificado do pecado. 8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; 9 sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. 10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. 11 Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor. 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; 13 nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. 14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. 15 Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum! 16 Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? 17 Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18 E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. 19 Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. 20 Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. 21 E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. 22 Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e pôr fim a vida eterna. 23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.” 

INTRODUÇÃO. Já sabemos que o homem é salvo pela graça sem as obras da lei (Rm 3.20,24). No capítulo 6, Paulo nos conduz a um pensamento profundo sobre a nova vida em Cristo. Ele ensina que a nova vida cristã requer santidade e um coração puro. 

I. NOVA VIDA EM CRISTO 

1. O cristão e o pecado vs. 1-2. Paulo escreve este capítulo para esclarecer uma interpretação errônea. Ele se preocupava com o fato do pecado estar presente na vida dos cristãos. Ele apresenta um problema que pode surgir dependendo da interpretação da nova posição diante de Deus. Se a salvação é pela fé, então cada um pode fazer o que quer e andar como quiser? O apóstolo responde: “de modo nenhum. Ele ensina que após a justificação, o salvo: deve morrer para o pecado e ocupar uma nova posição diante de Deus, andando em novidade de vida. 

2. A união com Cristo na sua morte e ressureição vs. 3-5. Paulo faz uma analogia entre o batismo e a morte de Cristo. Quando o cristão é submergido morre para o pecado, quando ele sai das águas ele é justificado e reconciliado com Deus. O ato do batismo significa uma nova posição com Cristo. É um símbolo da união espiritual de Cristo com o cristão. Assim como Cristo morreu e ressuscitou, da mesma forma o crente morre para o mundo e renasce para Cristo. O batismo é uma a nossa identificação na morte de Cristo Jesus, e, “se um morreu por todos, logo todos morreram.” (2ª Co 5.14). 

3. O velho homem crucificado com Cristo vs. 6-7. O cristão que nasce de novo está morto para o mundo, isto é, ele crucifica sua carne quando se torna de Cristo, para que o Espírito possa produzir nele, “o fruto do Espírito” (Gl 5.22). Observe que Paulo diz: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” (Gl 5.24). Se seu corpo está crucificado ela não pode mais ter domínio sobre sua vida. “Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” (Rm 6.7).

Um homem morto não ouve nada, não vê nada, e nada o afeta ao seu redor. Aos Gálatas 2.19-20, Paulo vai dizer que: “Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.

Observe, quando você nasce de novo, já nasce crucificado com Cristo. E se realmente nasceu de novo, é Cristo que vive em você e a sua vida agora é pautada pela fé em Cristo Jesus. 

4. Vivos para Cristo 8-11. Paulo expressa uma certeza dizendo: “se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” (Rm 6.8). Mortos para um mundo de pecado, para viver uma nova vida em santificação, até que nossa salvação seja completa.

Cristo sendo a primícia dos mortos, a morte não tem poder sobre Ele, assim também o cristão, pois Jesus afirma dizendo: “aquele que vive e crê em mim nunca morrerá.” (Jo 11.26).

O que Jesus quis dizer “nunca morrerá.” De fato, Ele nos ensina que a morte não tem domínio sobre nós, o corpo pode morrer, mas o nosso espirito vai para a eternidade sem ver o espírito da morte. Por conta da morte e ressurreição de Cristo, seus seguidores não precisam jamais temer a morte. 

II. UMA VIDA DE SANTIDADE 

1. O significado do terno. A palavra santificação é substantivo grego hagiasmos, do verbo hagios e no hebraico קדש - qadosh, é mais aplicado para se referir à santificação e santidade. É o estado de pureza; o ato de consagrar ao Senhor. Portanto, a santificação envolve a separação ao mundo e a sua completa dedicação ao serviço de Deus (2ª Tm 2.21). 

1.1. Santo é a separação do pecado. Mas o que é pecado? “Do hebraico hattah; do grego hamartios; do latim peccatum e significa: erro, iniquidade, transgressão, corrupção, maldade, fazer mal, ofender, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, imoralidade, injustiça etc. Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Gl 5.19-21).

Deus é santo (Lv 19.2) e ordena que sejamos santos (1ª Pe 1.16). Sem santificação ninguém verá a Deus (Hb 12.14).

1.2. As três áreas que o pecado atinge no ser humano. 1ª João 2.16 “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede de Pai, mas procede do mundo”.

Quando nos tornamos cristãos, pode ser difícil, a princípio, discernir o que é certo e o que é errado. Porém, a Palavra de Deus é luz para nosso caminho (Sl 119.105), por isso o salmista disse: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” (Sl 119.11). Quando meditamos as Sagradas Escrituras, o Espírito Santo ilumina nossa mente para não pecarmos. 

2. Não permitir que o pecado reine no corpo mortal 11-12. Ainda que o salvo em Cristo tenha morrido para o pecado, a influência do pecado ainda está presente no corpo mortal. A diferença que o pecado não tem mais domínio sobre ele. Ainda somos escravos, mas agora temos um novo Rei, Jesus Cristo. (1ª Jo 1.8).

Na carta aos Tessalonicenses Paulo instrui a se prepararem inteiramente para servirem a Deus, dizendo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1ª Ts 5.23). 

3. Oferecer-se a Deus como instrumento de justiça. O cristão do novo reino não deve mais apresentar o seu corpo como instrumento para o pecado. Nós cristãos estamos unidos a Cristo (1ª Jo 15.5), é abominável levar os membros de Cristo e sujeitá-los ao pecado, porque somos agora, “membros do corpo de Cristo, e nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos.” (1ª Co 6.15-17). “Portanto devemos apresentar o nosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional.” (Rm 12.1). 

4. O domínio da graça sobre o pecado - v. 14. “Pois não estais debaixo da Lei.” Isto é, o cristão agora não está sob a lei do pecado. Apenas sob a Lei de Deus, que é imutável (Rm 3.31; 13.8-10). O pecado estará sempre em nossa frente para nos incitar, no entanto, não terá domínio sobre o verdadeiro cristão.

Nos versículos 1-2, Paulo argumenta dizendo que: “de modo nenhum devemos permanecer no pecado para que a graça seja mais abundante”, porque o cristão está morto para o pecado. Portanto, ao reconhecer que seu pecado merece pena de morte, jamais ele deve dar liberdade para o pecado. 

III. ESCRAVOS DA JUSTIÇA 

1. A liberdade e o pecado – v. 15. Não debaixo da lei como meio de salvação. A lei revela o pecado (3.20). A lei foi dada por Moisés para revelar o quanto o homem é pecador e merecedor de condenação. Por isso, os israelitas da Antiga Aliança deveriam cumprir a lei com base em obras, que incluíam as festas anuais (Páscoa, Tabernáculos e Pentecostes), sacrifícios de animais e a dependência do ministério dos sacerdotes levíticos.

A graça não anula a lei moral de Deus. A graça e a lei não se contradizem, na verdade, elas se complementam mutuamente. Porém a graça está acima da lei. Paulo explica que se o cristão não está sob a lei, que proíbe todos os pecados, mas está sob a graça, que perdoa o pecado. Portanto, “estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gl 5.1).

A nossa liberdade baseia na redenção de Cristo, e não mais na lei e sua maldição que exigia a pena de morte. Agora, portanto, estamos livres em Cristo Jesus. Mas essa liberdade não nos dá o direito de pecar. O pecado nos escraviza assim como a lei). Portanto, “não useis da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13). 

2. Escravos da justiça - vs. 16-18. Nos versos 15-23, Paulo faz uma comparação entre a redenção e o mercado de escravos tão conhecido nos tempos do NT. Na verdade, o escravo em si, está sob a obrigação de servir o seu senhor até a morte. Mas uma vez morto, o dono não consegue mandar mais nele. É igual com o cristão, ou seja, o crente quando morre para o pecado, ele não tem mais domínio sobre ele.

Para explicar melhor esse ponto, Paulo compara o pecado a um senhor, ou amo, que paga um salário. Assim como o trabalhador sabe que vai receber um salário por causa do seu trabalho, os humanos sabem que vão morrer por causa da sua imperfeição.

Nós devemos oferecer o nosso corpo como escravo da Justiça, mas isto não significa que a carne é perfeita. Nós devemos oferecer os nossos membros para as obras justas sempre, apesar de a nossa carne possuir a tendência de fazer o que a agrada. Nós normalmente vamos por um caminho conhecido, mas isso depende de a quem oferecemos o nosso corpo como escravo. 

3. O fruto da santificação – 20-22. Apesar de nosso coração estar santificado, a influência do pecado age na nossa mente. Todavia, pela graça, deixamos de ser dominados pelo pecado, para nos tornarmos servos que se submetem voluntariamente à justiça de Cristo.

Na verdade, a vida cristã é uma luta diária contra o próprio eu, que é a maior de todas as batalhas. A pessoa deve se submeter ao senhorio de Cristo e produzir fruto de santificação. O cristão é salvo para produzir fruto de santificação. 

4. O salário do pecado e o dom de Deus vs. 23. O termo grego original para salário é ὀψώνιον opsonion, e se refere ao pagamento de um soldado durante o Império Romano.

Paulo estabelece um contraste direto entre o salário do pecado e o dom gratuito de Deus.

Quando Adão desobedeceu a ordem divina: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17), com essa afirmação compreende não apenas a morte física, mas principalmente a morte espiritual. Essa morte espiritual é basicamente a perda da comunhão com Deus e condenação eterna.

O apostolo relata que o pecado leva à morte, mas Deus oferece a vida através de Jesus Cristo. Há dois caminhos e dois destinos (Mt 7.13-14), vida ou morte (Dt 30.19). 

CONCLUSÃO. O brado da reforma protestante de Sola Scriptura, Sola Gracia, Solo Cristus e Sola Fides, somos lembrados da importância de retornar sempre às Escrituras como nossa autoridade suprema, confiando unicamente na graça de Deus manifestada em Cristo Jesus.

Essa doutrina, porém, mostra que não somos servos da lei, mas servos voluntários de Cristo. Somos livres do pecado para servir à justiça de Deus (Rm 6.18).

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

segunda-feira, 29 de julho de 2024

AS BÊNÇÃOS DA JUSTIFICAÇÃO EM CRISTO JESUS - ROMANOS 5

 


Romanos 5.1-21. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; 2 pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. 3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; 4 e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. 5 E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado. 6 Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. 8 Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. 11 E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação. 12 Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. 13 Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei. 14 No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. 15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. 16 E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 17 Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 18 Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. 19 Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. 20 Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 21 para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.” 

INTRODUÇÃO No capítulo 4 de romanos, Paulo explicou sobre a doutrina justificação pela fé sem as obras, agora no capítulo 5, ele enfoca os benefícios da justificação pela fé em Jesus Cristo.

Os capítulos 5 a 8 de Romanos registram os privilégios dos que são justificados pela fé: paz com Deus (Rm 5): união com Cristo (Rm 6); libertação da lei (Rm 7) e vida abundante no Espírito (Rm 8). 

I. FRUTOS DA JUSTIFICAÇÃO 

1. Paz com Deus (v. 1). A palavra paz no hebraico é shalom, e a grega, eirene, que significa “completo”. Essa palavra descreve a harmonia integridade, saúde e bem-estar entre a humanidade e toda a criação de Deus. No dicionário Aurélio significa: tranquilidade, sossego, descanso da alma.

Pela desobediência de Adão o pecado entrou no mundo, e pelo pecado, a morte. Com a transgressão de Adão, toda a humanidade caiu em pecado e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23). O pecado tornou o homem inimigo de Deus (Rm 5.10), pois todos se extraviaram e se fizeram inúteis (Rm 3.10-12), o homem perdeu a paz com Deus. Hoje humanidade busca a paz nas coisas efêmera do mundo, porém não encontra. Mas Deus pelo Seu infinito amor providenciou um meio para trazer novamente a paz aos homens.

A verdadeira paz só pode ser encontrada na pessoa de Jesus Cristo (Jo 14.27; Jo 16.33ª), mediante Sua morte vicária (Hb 13.20). 

2. Temos entrada pela fé a esta graça (v. 2). Além de perdeu a paz, o homem ficou separado e distante de Seu Criador, mas pelo sangue de Cristo, Ele uniu judeus e gentios em um só povo ao derrubar o muro de inimizade que nos separava. Agora temos acesso a esta graça. É Cristo quem introduz o pecador à presença de Deus (v. 2), “por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” 

3. Na qual estamos firmes. “Estamos firmes” como um navio que tem firme acesso para ancorar num porto seguro. Isso significa o efeito contínuo da justificação. 

4. Temos esperança na glória futura. V. 2b “... e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” O crente não precisa ter medo do futuro; não precisa ter medo da eternidade; não precisa ter medo da morte; Morrer é entrar na glória de Cristo.

“Glória de Deus” é o mesmo que a manifestação de Deus. Aqui, é uma expressão que significa o céu, lugar da habitação de Deus e de sua manifestação. 

II. O SOFRIMENTO 

1. O que significa tribulação. A palavra tribulação no grego βάσανο basano e significa: aflição, sofrimento, dissabor, provação. Pressão opressão, debaixo de um peso.

A palavra tribulação no latim é “tribulum”. O “tribulum” era um instrumento de madeira coberto de cravos usado pelos agricultores para, por exemplo, separar a palha do milho. Com força o agricultor batia a espiga no “tribulum” até separar completamente a palha ou a casca do grão. Assim as nossas aflições tribulum, é como o agricultor estivesse passando o tribulum sobre nós.

Existe propósito nas tribulações, e o resultado é benéfico para todo aquele que persevera em fé na confiança de Cristo, pois o caráter cristão é produzido em meio aos sofrimentos.

Quando Paulo pede ao Senhor para lhe tirar um espinho na carne que lhe afligia, o Senhor lhe responde: “o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2ª Co 12.9). Com isso aprendemos que é o poder de Cristo e não o poder humano, ou seja, a suficiência da graça de Deus e seu caráter independente da força humana que nos fortalece.

Na tribulação não temos controle da situação, não podemos fazer nada para alterar este momento. Não sabemos de onde vem o vento. O Mestre Jesus nos ensina dizendo que “aquele escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” (Mt 7.24-25). Se você estiver firmado na Rocha, nada te acontece, a tempestade vem e passa. 

1.1. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações. “Gloriamos” revela o regozijo e o gozo inefável do crente como antecipação das bênçãos futuras. O quadro glorioso registrado nos versículos 1 e 2 não significa uma vida totalmente isenta de tribulações. Jesus disse: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me” (Mc 8.34).

1.2. As tribulações tem uma a finalidade. Aprender os mandamentos do Senhor. Sl 119.71 “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” 

2. A tribulação produz paciência V. 3. A palavra paciência, no grego, é υπομένη hypomene, que vem de duas palavras gregas hypo, “sob” e o verbo meno, “permanecer”. O referido vocábulo significa: “paciência, perseverança, firmeza, fortaleza”.

As tribulações desta vida são as batalhas espirituais, aflições do dia, enfermidade, altos e baixos da vida. Jesus disse: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. (Jo 16.33). É difícil para o homem sem Deus entender como um crente em aflição consegue ter paz, porque Ele não conhece o príncipe da paz. (Is 9.6).

As promessas do Senhor para os seus filhos é que Ele está conosco nos momentos mais difíceis da nova vida: “Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” (Is 43.2). 

3. A paciência produz a experiência (v. 4a). A palavra experiência no grego εμπειρία empeiria e significa: conhecimento ou aprendizado obtido através da prática ou da vivência: experiência de vida; experiência de trabalho.

A experiência é o aprendizado ou amadurecimento em nossa caminhada de fé. A paciência nas perseguições torna o cristão aprovado e vitorioso (2ª Ts 1.4,5). As tribulações trazem experiência, e, essa experiência te leva mais perto de Deus. 

4. A experiência produz a esperança (vs. 4b). Paulo conclui falando do último degrau começando com a tribulação e encerra dizendo que a experiência produz a esperança. Na verdade, a experiência é o resultado da perseverança.

“A palavra “esperança” em hebraico é תקווה tiqvah. Vem do verbo hebraico gavah que significa: “Olhar esperançosamente em uma direção particular” ou “esticar uma corda” (Strong 08615). Essa foi a esperança realizada na vida de Raabe (Js 2.18-21) e que aparece cerca de 33 vezes somente no Antigo Testamento. Esperança era o cordão na cor vermelha esticado na porta da casa de Raabe, para livrar a ela e a toda família da morte. E em acordo com a afirmação de que Jesus era a esperança tanto dos antigos, como das novas gerações, Ele é essa Tiqvah na porta da casa de Raabe em semelhança ao sangue espargido na entrada das tendas dos israelitas ao serem resgatados da servidão do Egito: Êxodo 12.13 “O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito.” Profeta Oseias confessou olhar atentamente para Deus a espera de um resgate para nação de Israel. É linda a oração desse profeta cheio de esperança: “E lhe darei as suas vinhas dali e o Vale de Acor por porta de esperança; e ali cantará como nos dias de sua mocidade, e como no dia em que subiu do Egito” Oseias 2.15.” [Blog: A Tenda da Rocha https://www.atendanarocha.com/2013/07/tres-significados-biblicos-para.html – acesso dia 26/07/2024].

A palavra esperança no grego é ελπίδα, designava a atitude de quem espera ou aguarda qualquer acontecimento. É uma firme convicção, uma expectativa confiante de que coisas boas estão vindo da parte de Deus. A esperança bíblica é expectativa e confiante pelo qual a Igreja aguarda a volta de Cristo. 

IV. A RECONCILIAÇÃO DOS PECADORES

1. O amor de Deus. No grego tem várias palavras que são traduzidas como amor.

1. Eros, o amor romântico, afetivo, de relacionamento íntimo.

2. Filos, o amor fraterno, de irmão e de amigos.

3. Storge. É o amor conjugal, familiar, doméstico. Longe de ser interesseiro, esse amor é humilde, objetivo e sacrificial. É o amor que une o marido à sua mulher bem como os pais aos filhos. Logo, em um lar onde reina a harmonia, está em ação o amor “storge”.

4. Ágape, é o amor Deus pela humanidade. Esse amor é incondicional. Ou seja, não espera nada em troca. Não preciso esperar que alguém me ame para amá-lo. Aliás, com esse amor é possível amarmos até os nossos inimigos (Mt 5.44). Ele também é infalível e eterno, (1ª Co 13.8,13). Portanto, esse amor é baseado em fidelidade, bondade, perdão, paciência, tolerância, e boa vontade.

Quando nos tornamos crentes, sabemos que Deus nos amou com um tipo especial de amor incondicional. Seu amor por nós não se baseia em nada que fizemos, mas flui de quem Deus é, porque “enquanto ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5.9). 

2. Deus prova Seu amor. Paulo expressa três coisas que nós éramos no passado. “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. V. 8 “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. 10 Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rm 5.6,8,10).

O apóstolo relata o sacrifício de Cristo estando nós “fracos”, “ímpios” e pecadores”, isso demonstra o grande amor de Deus por nós, pois, raramente o justo morreria pelo injusto. (Jo 3.16; Jo 15.9-10). Portanto Deus provou Seu grande amor quando enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, para morrer e salvar todo a humanidade pecadora. (Jo 3.16; 1ª Jo 2.2).

Para a Igreja de coríntios Paulo expressa dizendo: “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.” (2ª Co 5.14).

Observe Jesus não se entregou por homens justos e bons. Ele Se sacrificou por pecadores, por inimigos, por pessoas que rejeitaram Sua vontade e orgulhosamente escolheram o pecado.

O apóstolo João relata que o amor de Deus é sem motivo: “Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” (1ª Jo 4.10).

O amor filo entre duas pessoas é despertado por alguma coisa encontrado entre si, isto é, porque escolheram a se amar, mas o amor divino é voluntário e espontâneo não provocado. É por isso que João vai dizer que Deus nos amou primeiro (1ª Jo 4.19). O Senhor nos amou n’Ele no amado, antes da fundação do mundo (Ef 1.4, 6).

O homem havia quebrado a lei divina, sua natureza estava completamente corrompida e estávamos destinados a condenação eterna, mesmo assim Ele nos amou enviando Jesus para nos salvar. Esse amor tem a natureza da graça e da misericórdia. Deus não viu nada em nós que o atraia, ou qualquer merecimento. 

3. Deus é amor, mas odeia o pecado (Pv 15.9). Deus criou o homem com amor e cuidado (Gn 2.27), mas Ele odeia o mal e não tolera o pecado (Gn 3.1-6).

Na verdade, o pecador está morto em seus pecados (Ef 2.1). “Os pensamentos e desígnios de seu coração são continuamente maus” (Gn 6.5). Ele é escravo do pecado (Jo 8.34) e um servo do diabo (Ef 2.2).

“Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu filho...” (Jo 3.16), “não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (2ª Pe 3.9), e “não tem prazer na morte o ímpio” (Ez 33.1). Isso significa que é um amor de boa vontade ou benevolente. Entenda que Deus faz o bem a todos: “porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos.” (Mt 5.45).

Na verdade Deus só pode salvar o pecador que se converte e se arrepende de seus pecados.” (At 3.19). O amor é benevolente para o pecador arrependido, ou seja, “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 3.16). Mas, quem não crer em Jesus como Seu único salvador, e permanece em seus pecados, de fato Ele tem ódio: “Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.” (Sl 139.22). 

4. Reconciliação (v. 11). O termo reconciliação vem do grego καταλλασσω katallasso, e significa mudar de inimizade para amizade e só aparece quatro vezes no Novo Testamento.

O pecado ofende a Deus, por isso o pecador não pode sair ileso. Deus exigiu sacrifício (Gn 3.15), porém o homem era incapaz se salvar ele mesmo. Sendo assim o Pai enviou o Seu único Filho para reconciliar e salvar a humanidade. No verso 10 Paulo afirma que nós sendo inimigos de Deus, fomos reconciliados pela morte de Cristo, um único sacrifício ele resolveu o problema do pecado (Hb 10.10).

No verso 2, Paulo fala da alegria nas tribulações e na esperança da glória de Deus. Agora ele acrescenta que nos regozijamos no próprio Deus por ter derramado o Seu amor em nosso favor, derrubando a parede de separação que existia entre nós e Deus (Ef 2.14), “e, pela cruz, reconciliou ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.” (Ef 2.16) e nos deu o ministério da reconciliação. (2ª Co 5.18-20). 

V. A MORTE DE CRISTO PELOS PECADORES 

1. A entrada do pecado no mundo. (v. 12). Paulo conclui esse capítulo fazendo uma analogia entre dois Adãos. O primeiro Adão do Éden e da queda e o segundo Adão, do céu e da cruz, Jesus Cristo. Adão e Cristo representando duas humanidades: a velha e a nova. Adão, sendo o responsável pelo pecado e morte a obra expiatória de Cristo, vida e salvação.

A expressão “um só homem” (Adão ou Cristo) ao longo de toda a passagem (vs. 12, 15-17,19) indica que ele via tanto Adão quanto Cristo como indivíduos históricos.

O apóstolo relata que o pecado e a morte estão no mundo através de um homem Adão. Assim a morte entrou no mundo por causa do pecado. A morte é a penalidade do pecado e pelo pecado de Adão toda humanidade pecou, ou seja, herdamos a natureza do pecado. 

2. A lei estava no pecado. Mesmo antes da Lei de Moisés já havia pecado. Evidentemente a morte reinou após o pecado original. A lei não deve ser entendida como o criador do pecado, mas como o revelador do pecado (v. 13).

No Éden Deus ordenou: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2.16-17).

No Éden havia apenas um mandamento: não comer da “arvore da ciência do bem e do mal.”

Quando Adão e Eva foram colocados no Éden, não havia morte. Por terem transgredido esse mandamento e comido do fruto proibido, foram separados do Criador e sofreram a morte espiritual e também se tornaram mortais, ou seja, sujeitos à morte física. Essa morte espiritual e física é chamada de Queda ou pecado original.

No verso 13, Paulo afirma que o pecado já existia, mesmo sem o conhecimento da lei. O pecado já estava no mundo. Portanto, antes de Moisés, não havia uma lei escrita em detalhes de modo a fornecer uma regra unificada e clara e um guia para Israel como nação. Embora o pecado não fosse levado em conta por não existir a lei, a morte tinha reinado desde o princípio. 

3. Por um homem vieram o pecado e a morte; por um homem também veio a graça.

Todas as pessoas agora nascem espiritualmente mortas (Ef 2.1-3). Mediante a morte de Cristo, foi removida a barreira do pecado e aberto um caminho para a volta do pecador a Deus (2ª Co 5.19; Rm 5.25).

Se pelo pecado de um só homem veio o julgamento que trouxe a condenação, também por intermédio de um só homem, Jesus Cristo, recebemos o dom gratuito que resultou na nossa justificação. 

4. “Para que a ofensa abundasse” (v. 20). A Lei amplificou o pecado. Ela não entrou no mundo para salvar, mas para revelar o pecado.

As leis escritas em pedras por Moisés foram direcionadas para guiar Israel à justiça (Dt 6.24-25). Entretanto, a Lei veio para que aumentasse as faltas da humanidade caída de Adão. Mas “onde o pecado abundou, superabundou a graça.” 

CONCLUSÃO. Se a desobediência de Adão fez com que todos se tornassem pecadores, a obediência de Jesus é a causa da justificação de muitos, a saber de todos os que estão unidos a Ele pela fé. Todos estavam condenados, portanto, agora, todos os que creem encontram a salvação e tem a paz com o Pai.

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau -SC