TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 15 de junho de 2024

QUAL É, POIS, A VANTAGEM DO JUDEU? ROMANOS 3

 


Romanos 3.1-18 “Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?

2 Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas. 3 Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? 4 De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado. 5 E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como homem.). 6 De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo? 7 Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador? 8 E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa. 9 Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; 10 Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11 Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. 12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. 13 A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; 14 Cuja boca está cheia de maldição e amargura. 15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. 16 Em seus caminhos há destruição e miséria; 17 E não conheceram o caminho da paz. 18 Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. 20 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” 

INTRODUÇÃO.

Nos primeiros capítulos aos romanos, Paulo fala sobre a condenação e conclui que todos, judeu e gentio, são pecadores e merecem ser julgados. Ele escreve sobre o problema do pecado na raça humana e a solução que Deus providenciou por meio da pessoa e obra de Jesus Cristo.

Após demonstrar que não há diferença entre judeu e gentil, Paulo inicia o capítulo 3, escrevendo sobre a justiça de Deus e sua fidelidade. Ele afirma que elas são independentes de nossa opinião e comportamento, aliás, a injustiça e o pecado confirmam a fidelidade e justiça d’Ele. 

I. A VANTAGEM DADA POR DEUS 

1. Qual a vantagem do Judeu? (Vs. 1-8). Paulo inicia o capítulo 3, abordando os judeus em relação à vantagem de serem o povo escolhido de Deus. Há uma grande vantagem em ser judeu: eles ouviram Deus falar os Dez Mandamentos (Êx 20.1-20), ou seja, a Palavra de Deus foi confiada primeiramente a eles. Deus escolheu o povo de Israel para realizar uma missão: tornar conhecido o nome o Seu nome sobre a face da terra, e em contra partida foi confiado a eles as Escrituras. Deus escolheu o povo para uma missão, mas a salvação é individual. 

2. A fidelidade de Deus. (Vs. 3-4). Se alguns judeus não creram, Deus continua sendo fiel à Sua aliança e cumprirá Suas promessas, especialmente a grande promessa mencionada no Antigo Testamento sobre a vinda do Messias à Terra para a salvação dos homens. Além de Deus ser fiel, Ele também é verdadeiro. Não ser salvo é uma questão de infidelidade e incredulidade da parte do homem, e não de infidelidade da parte de Deus. A incredulidade do homem não influencia os atributos de Deus: ele permanece fiel, mesmo quando o homem não crê em Sua Palavra. 

3. Como os judeus, todos nós temos recebido vantagens imensas pela bondade de Deus. “Ele enviou o seu Filho, para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). Mas se nós formos infiéis e incrédulos, negamos a justiça de Deus e a verdade da Palavra d’Ele. “Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem...” (3.3-4). 

4. Porventura será Deus injusto por aplicar a sua ira? (Vs. 5-8). Com a expressão: “Deus é injusto”? A resposta é categórica: De maneira nenhuma! “A nossa injustiça faz surgir a justiça de Deus”. Então, Paulo argumenta que tanto judeus quanto gentios estão sob o pecado e precisam da justiça de Deus. Ele pode dizer que os judeus, os descendentes naturais dos patriarcas, não gozaram nenhum benefício especial, pois ambos são homens e culpáveis diante de Deus. O problema dos judeus não veio da parte de Deus. A incredulidade deles trouxe a condenação (3-5). “Mas a graça superabundou onde o pecado abundou.” (Rm 5.20). 

“De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo?” (V.6). Deus não é injusto ao trazer ira sobre os injustos. Se alguém pensa diferente que o apóstolo, que apresente outro modo que Deus pudesse exercer a Sua justiça. Qualquer tese apresentada deve estar em conformidade com as Escrituras. Se o Senhor não trouxer o castigo da ira, como julgará Deus o mundo? 

“...se pela minha mentira...”. No versículo quatro Paulo afirma que todo homem é mentiroso. Na verdade, nem todos vivem na prática da mentira. Mas, Paulo está argumentado sobre o comportamento maligno ou da natureza terrena não regenerada pelo Espírito Santo.

Deus é verdadeiro em essência e todos os homens mentirosos. Este versículo é um contra ponto ao versículo cinco. Naquele, a injustiça do homem que rejeita a verdade faz surgir a ira de Deus, e neste, o homem que reconhece o seu estado de pecado, recebe em abundância a graça de Deus em verdade. As palavras usadas por Paulo, querem dizer que Deus não usaria o pecado do homem para glorificar a si mesmo. Se assim fosse, o Altíssimo não seria justo o suficiente para julgar, e teria que deixar todo o julgamento.  

 “Façamos males, para que venham bens?” (V. 8). Para aqueles que respondem assim, o único comentário de Paulo é: A condenação destes é justa. Observe o questionamento que Paulo faz aos judeus: ‘Vocês me julgam como se eu fosse pecador pelo fato de eu não dizer: façamos males, para que venham bens?’ Ora, quem diz ‘façamos males, para que venham bens’, receberá a condenação merecida. 

II. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE 

1. A universalidade e o jugo do pecado. (3.9-20). O Pecado deixou o judeu sem vantagem. Todo o mundo está debaixo do pecado e, no entanto, o pecado é considerado um tópico arcaico em nossa sociedade secular. Não é difícil imaginar a razão. Hoje o sistema está legalizando o pecado (legalização do aborto, droga, lesbianismo e homossexualismo).

“.... todos estão debaixo do pecado...”. No versículo 9, Paulo usa os termos “nós” para se referir aos judeus, “gregos” para se referir que todo o mundo em geral está debaixo do pecado original. Paulo continua o argumento de 2.17-29, e afirma que os judeus estão longe de serem mais perfeito que os gentios, são ainda mais culpados por conhecerem a Lei.

“A raça humana sem Cristo está sob o domínio do pecado. A expressão grega hüpo hamartían, traduzida como “debaixo do pecado”, tem o seguinte sentido: no poder de, debaixo da autoridade de. Essa mesma construção gramatical ocorre em Mateus 8.9. Nessa passagem encontramos o centurião dizendo: tenho soldados hüpo emautón (por debaixo de mim), que em português tem o sentido de às minhas ordens. A ideia de Paulo é mostrar que a humanidade em seu estado natural, está separada de Cristo, portanto, sob o domínio do pecado, é incapaz de libertar-se por si mesma. Ele mostra a situação do mundo para, então mostrar o poder da obra de Cristo em seu favor.” [José Gonçalves. Lição 2: A necessidade universal da Salvação em Cristo. Lições Bíblicas CPAD].

O vício é algo feito contra a própria pessoa; o crime é algo feito contra a sociedade ou contra um indivíduo; mas o pecado é contra Deus. Uma vez que a cultura moderna é essencialmente ateia, o “pecado” passou a ser um termo sem sentido.

O pecado veio ao mundo por um só homem, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12). Mas, pela bondade e pela misericórdia de Deus, mesmo o homem estando morto, voltou a viver (Ef 2.1), com a vida que Cristo lhe deu. E a deu de graça. pagando a nossa dívida, e não cobrando nada de nós. 

2. Valores e comportamentos. Paulo usa a Escritura rabínico para provar aos judeus que todos os homens estão destituídos da graça de Deus (Rm 3.23), Paulo vai citar vários textos do Antigo Testamento, que comprovam o que diz.

A maneira em que Paulo usa estes versículos ensina três verdades importantes. As Sagradas Escrituras suficientemente declaram aos judeus que o próprio pecado deles não era menos do que o dos gentios; as sagradas Escrituras concordam com o evangelho de Jesus Cristo; e, Paulo tinha muito conhecimento das sagradas Escrituras. 

“Não há um justo, nem um sequer” (v. 10). Paulo é categórico em dizer que de acordo com os padrões de Deus, de acordo com os seus métodos, “não há justo sequer. 

“Não há ninguém que entenda....”. O homem natural não tem capacidade para entender as verdades espirituais (1ª Co 2.14), e então essa ignorância é imediatamente provada, pois não busca diligentemente seguir a Deus. Ou melhor, as pessoas estão satisfeitas com a aparência exterior, com a religiosidade. 

“Não há ninguém que busque a Deus.” (v. 10). As Escrituras é categórica: apesar de inúmeras religiões, não há quem busque a Deus. Dentre os homens não há quem entenda como buscar a Deus! Isto porque, todos se extraviaram (se perderam), e se fizeram inúteis. 

“Todos se extraviaram.” (v. 12). Desviaram-se para longe do caminho de Deus para seguirem o caminho do pecado. 

“Se tornaram inúteis” (v. 12). A palavra usada aqui como “inútil” refere-se a frutas maduras e podres. Ou seja, foi estragado. Isto é humanidade. O homem hoje é uma pilha de frutas podres e corruptas. O homem não é como uma fruta suculenta. É um fruto corrupto. E é isso que Deus está dizendo aqui.

Não há quem faça o bem (v. 12). A humanidade separada de Deus pelo pecado, falta a verdadeira bondade e benignidade. Elas são propensas a mentir, roubar, se prostituir adulterar, etc. Ainda que algumas delas ajam com cordialidade e amor, seus atos, no fim das contas, são destituídos de qualquer valor, por não serem provenientes de um coração que conhece a Deus e quer glorificá-lo (Rm 1.21). Até mesmo um bom sujeito pode estar se rebelando contra Deus ou buscando os seus próprios interesses ao praticar atos de bondade.

A humanidade segue na direção oposta à certa, ou seja, na contra mão de Deus, e não há nenhum deles que possa ajudar os outros. O Senhor Jesus Cristo disse aos líderes religiosos do Seu tempo, no capítulo 15 do evangelho segundo São Mateus, versículo 14: “são cegos guias de cegos”. Isso é o que o Juiz de toda a terra diz sobre você, sobre mim e sobre toda a humanidade. 

“A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; 14 cuja boca está cheia de maldição e amargura.” (Vs. 13-14).

Essa expressão é retirada do Salmo 5.9. Paulo compara essas pessoas a um túmulo que está aberto para receber sua vítima, da mesma forma ocorre com a garganta aberta para devorar ou engolir a paz e a felicidade dos outros. Ele empregada essa passagem para demonstrar a depravação universal do homem. Pois são falsas, traiçoeiras, para não serem confiadas e caluniosas.

A língua é um órgão pequeno, mas pode incendiar uma floresta. A fofoca é uma das piores coisas que podem acontecer em algumas comunidades. Essa fofoca arruinou a reputação de muitas pessoas, embora muitos daqueles que a espalham acreditem que são espirituais e, na realidade, não passam de pessoas com os corações cheio de maldade

Infelizmente, há pessoas que só reclamam, murmuram, maldizem os outros, levam uma vida independente da Palavra. A Bíblia nos ensina a darmos graças em tudo (1ª Ts 5.18). O que significa que, pela fé, podemos ministrar a bênção, crendo que as circunstâncias serão mudadas, transformadas, pela graça do Senhor. 

O homem tem a boca que edifica, mas também pode matar. A Palavra de Deus nos revela preciosos ensinamentos acerca do nosso falar. “O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias” (Pv 21.23). Para a Igreja aos Efésio Paulo diz: “Não saia da boca de vocês nenhuma palavra pervertida, mas somente o que for bom para a edificação.” (Efésios 4.29). A língua é um pequeno órgão que pode matar ou dar vida. Devemos usar a língua para glorificar a Deus e abençoar os outros. Mas infelizmente por falta de sabedoria, muitos tem usado a sua boca para amaldiçoar. 

“Seus pés são rápidos em derramar sangue” (v. 15). O profeta Isaías mostra a imagem da humanidade violenta. Ele nos dá a versão completa: “Seus pés correm para o mal, eles são rápidos em derramar sangue inocente; seus pensamentos são pensamentos de iniquidade; destruição e destruição estão em seus caminhos”. (Is 59.7). 

Paulo continua nos versos 16-17, “Destruição e miséria estão em seus caminhos. E eles não conheciam o caminho da paz.”

Estamos vivendo os últimos dias desta dispensação, basta olharmos para o mundo que nos rodeia para percebermos isso. O mundo busca a paz, mas não encontra. A verdadeira paz é só em Jesus. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vô-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14.27). 

“Não há temor de Deus diante de seus olhos.” (V. 18). O mundo está sem temor, vivem como se Deus não existisse. Não há respeito pelo sagrado. Vemos blasfêmia nos carnavais brasileiro e nos desfiles gays. E isso realmente desafia a Deus. 

O Judeu será julgado pela Lei? (V. 19). Os seres humanos não podem alcançar a justiça através da Lei de Moisés. É como se os judeus, em desespero, se agarrassem à Lei como uma tábua de salvação quando está se afogando. Mas a Lei não a manterá à tona. Na realidade, fará o oposto. Apegar-se à Lei seria como um avião que chegou ao seu destino, mas alguns passageiros preferem ficar sentado e se recusam sair. 

Ninguém será justificado pela Lei. (V. 20). Paulo pronuncia sobre o assunto do pecado. “porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” Por isso Paulo diz: Ninguém será justificada diante dele pelas obras da Lei. Ninguém jamais conseguiria fazer isso, é absolutamente impossível para a humanidade conseguir. Então, qual é o propósito da Lei? Primeiro: em vez de proporcionar salvação aos seres humanos, a Lei serve para nos informar que somos pecadores. “Mas sabemos que tudo o que a Lei diz, ela diz àqueles que estão sob a Lei, para que toda boca seja fechada e o mundo inteiro seja submetido ao julgamento de Deus”. Segundo: A Lei serviu como aio para nos levar a Cristo. Amém!

Mas, ainda há religiões que querem cumprir a Lei para justiça. Justificar” significa que nenhum ser humano pode ser declarado justo, ou seja, nenhum ser humano pode ser salvo, nenhum ser humano pode cumprir os padrões estabelecidos por Deus, através das obras da Lei.

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

sexta-feira, 7 de junho de 2024

O FRACASSO ESPIRITUAL DOS JUDEUS - ROMANOS 2

 


Romanos 2.1-16 “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. 2- E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. 3- E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? 4- Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? 5- Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; 6- O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: 7 -A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; 8- Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; 9- Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego; 10- Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego; 11- Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. 12- Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. 13- Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. 14- Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; 15- Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; 16- No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” 

INTRODUÇÃO

No capítulo 1 de Romanos, Paulo relatou a imagem abominável do mundo dos gentios; o mal, a idolatria, a perversão sexual e a devassidão de todo tipo. Agora, no capítulo 2, Paulo descreve o pecado dos que têm um conhecimento de Deus. Ele vai se dirigir aos judeus sem mencioná-los por nome, mas dizendo aos chamados moralistas que: “Vocês são tão culpados quanto eles!” No verso 3, ele esclarece que assim como os ímpios serão julgados, aqueles que conhecem a verdade, mas desobedecem em algum aspecto não escaparão do juízo de Deus. 

I. CONSIDERAÇÕES GERAIS 

1. Os judeus. Os judeus por serem descendente de Abraão e detentores da Lei, se achavam superiores que os gentios. Neste capítulo Paulo afirma dizendo que todos serão julgados de acordo com suas obras e que os judeus se tornaram pecadores porque viviam a Lei de Moisés externamente, mas não internamente. Eles entendiam porque eram o povo escolhido de Deus, escapariam de Sua ira, assim como pensam hoje. Vemos a imparcialidade do julgamento divino, quando coloca a todos sob a condenação do pecado, tanto judeus como gentios, para que aceitem a justiça de Deus pela fé em Cristo Jesus.” 

2. Judeus em relação aos gentios. A partir deste capítulo, o apóstolo esclarece o modo de Deus lidar com a raça humana. Paulo afirma que tanto os judeus como gentios são pecadores e permanecem sob o juízo divino. A necessidade do evangelho se dá pelo fato de todo o mundo ser culpado diante Criador. Paulo começa afirmando que os judeus que julgam os outros por seus pecados são culpados dos mesmos pecados 

3. Caráter universal da mensagem divina. Havia entre os pagãos muitos moralistas.

Paulo mostra que tanto religiosos e moralistas como os gentios, precisam nascer de novo, necessitam de um encontro pessoal e transformador com Jesus (Jo 3.3). 

II. O JULGAMENTO JUSTO DE DEUS 

1. A pecaminosidade dos judeus. 2.1 “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.” 

Se julgas, a ti mesmo te condenas. Deus julga a todos por Sua reta justiça e o mundo todo será julgado pelo padrão divino. O julgamento será: (1) de acordo com a verdade (v. 1-5); (2) de acordo com as obras (v. 6-11); e (3) e a partir do que cada uma conhece (v. 11-16).

Paulo mostra que os judeus conhecem o certo e o errado, praticam o que é errado, todavia, condenam os gentios pelos mesmos erros que eles também cometem. 

2. Juízo segundo a verdade. 2.2-4 “Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. 3- E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? 4- Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” 

Deus é Deus de justiça e de verdade. Ele julga com base na verdade, a condição real da pessoa. Ele julga, como as coisas realmente são, não como elas aparecem ser; porém, um dia, pessoalmente, vamos responder a Ele.

A palavra julgar no original grego é krino, que significa juiz. É portanto, a mesma palavra que Jesus usa em Mateus 7.1: “Não julgueis, para que não sejais julgados.”

No texto original, a forma usada indica que os judeus precisavam parar de julgar segundo o seu próprio padrão. É o sensor obcecado em julgar a vida de seu irmão, e esquecido dos seus próprios erros. Quem julga já está condenando a si próprio. Além do mais, Paulo argumenta, agindo dessa forma nós nos expomos ao juízo de Deus e acabamos ficando sem desculpa nem saída.

O homem não é aceito por Deus por guardar a lei exteriormente, mas pela renovação interior e a santificação, através do Espírito Santo.

Jesus explica que “julgar” é bastante parecido com medir: Lucas 6.37,38,41,42 “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. 38- Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.

Na verdade, nossa cultura ainda faz essa comparação, retratando a justiça com uma balança nas mãos. Com paralelismo, Jesus diz a seus ouvintes para julgarem com uma balança justa, ao invés das injustiças que eles vivenciam regularmente. Para julgar com integridade e empatia, não com hipocrisia. 

Não julgueis, e não sereis julgados. Jesus tem em vista nesta passagem o julgamento que os escribas e fariseus assumiram o direito de exercer em Israel, e que sua dureza e arrogância tornou mais prejudicial do que útil. Jesus queria que Seus seguidores evitassem um grande erro que era muito comum na vida religiosa judaica de seu tempo; o hábito de julgar os outros com reprovação. 

3. Juízo segundo a culpa acumulada. V. 5 “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus.” 

“...entesouras ira para ti...”. O sentido do termo ira utilizado aqui é diferente da ira de Deus citada em Romanos 1.18. A palavra ira no primeiro capítulo, se refere a cólera no tempo presente, porém, aqui em Romanos 2.5, aponta para a ira futura de Deus, onde muitos consideram ao Dia do Juízo. Sendo assim, as pessoas que continuam em sua rebelião contra Deus estão acumulando a ira divina sobre sua própria cabeça.

Gálatas 6.7 “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. 8- Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna.”

Paulo faz uma alegoria sobre lei da semeadura. Todos nós podemos escolher o que semear. Pois quem semear na carne, isto é, quem vive conduzido pelas paixões da carne colherá destruição e condenação eterna. Mas quem semear no Espírito, uma vida de obediência ao Senhor Deus, colherá a vida eterna.

Os judeus por serem detentores da lei de Moisés, achavam que não seriam julgados como os gentios. Mas possui a lei não salva. Ser ouvinte da lei não salva. Para serem justificados, teriam de obedecer à lei. Paulo ainda mostrará que nenhum judeu obedeceu a lei perfeitamente. Não se deram conta de que a bondade de Deus era para levá-los ao arrependimento (v. 4). 

4. Conforme as obras. Vs. 6,7 “O qual recompensará cada um segundo as suas obras, 7- a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção.” 

Jesus Cristo é a videira e nós somos as varas, o fruto produzido são as boas obras que o cristão deve praticar. Por que esse ramo não produzir frutos, será cortado da videira e deixará de receber os nutrientes necessários para dar frutos e seca, ou seja, morre e será lançado no fogo. (Jo 15.1-6).

É verdade que não somos salvos pelas obras, mas pela fé somente (Ef 2.8), entretanto, as obras são a evidência de que temos a fé salvadora. Tiago afirma que a fé sem obras é morta (Tg 2.17). Paulo escreve para Tito dizendo que Jesus Cristo “se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.” (Tt 2.14). 

5. O orgulho do judeu. Vs. 8-10 “Mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; 9- tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego; 10- glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego.”

Os judeus tem a lei de Moisés em seus cultos religiosos e as promessas das bênçãos espirituais que Deus lhe concedeu (Rm 9.4,5), por isso a responsabilidade é maior diante dos gentios. Como as bênçãos divinas foram dirigidas primeiramente aos judeus, o julgamento há de vir na mesma proporção. 

Paulo expõe que não há qualquer diferença entre judeus e gentios. Nenhum homem pode escapar do Juiz ou do julgamento divino. Tribulação e angústia estão reservados para todos os que pratica o mal diante de Deus caso sejam desobedientes à verdade do evangelho (Gl 2.5). Da mesma forma todos que aceitam a Cristo praticam o bem se tornam escravos da justiça. Por terem adquirido um novo coração em Cristo tem um bom tesouro, e as suas ações são boas, pois são feitas estando em Deus. 

6. O Justo Juiz. V. 11 “Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.”

Paulo nos ensina que o julgamento será justo (de acordo com o que fizemos, (vs. 6-8)). Ninguém deve pensar que o juízo de Cristo seja manchado por acepção. Ele é um Juiz justo tanto para judeus como para gentios, e independe de condições externas como posição social, riqueza, nacionalidade, etc. Deus lida com a condenação sem favoritismo e, da mesma forma, Ele lida com a salvação sem qualquer favoritismo. Por isso, os judeus não devem esperar nenhum tratamento especial no dia do juízo. O apóstolo não está enfatizando a culpa do judeu, mas defendendo a equidade do juízo divino. 

7. A obra de cada um. Vs. 12-14 “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. 13- Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. 14- Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei.” 

Jesus disse: “Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Veio a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve e não praticam as será comparado a um homem imprudente que construiu a sua casa sobre areia. Veio a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, porque estava edificada sobre areia.” (Mt 7.24-27). Aquele que ouvem e não praticam Jesus diz: “haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti” (Mt 11.24), referindo ao povo de Cafarnaum. Isso mostra que há graus de castigo no juízo divino. Assim como há grau no galardão dos salvos (Ap 22.12), da mesma forma haverá também graus de punição para os condenados, ou seja, aqueles que conhecem, mas não obedecem. Os que ouvem a Lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei hão de ser justificados. 

8. A lei da consciência. Vs. 15, 16 “Os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, 16 no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” 

O escritor aos hebreus, vai dizer que: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo (Hb 9.27). Todos sem exceção, judeus e gentios, um dia irão passar por um julgamento. Deus julgará todos em justiça, os judeus do Velho Testamento serão julgados pela Lei Mosaica (v. 12), os crentes pela Lei de Cristo (1ª Co 9.21) e os gentios que pecaram sem lei, serão julgados pela lei da consciência.

Salomão vai dizer em Eclesiastes 12.14, “Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.”

Tudo que está encoberto, ou seja, as coisas secretas do coração: os desejos, paixões e motivos ocultos das pessoas; os pensamentos do coração, bem como as ações exteriores da vida. Será uma característica do dia do julgamento, que tudo isso ele traz à tona e receba a devida recompensa. Os motivos e princípios de um homem constituem seu caráter e, para julgá-lo imparcialmente, devem ser conhecidos.

A Lei é o guia para manter o ser humano no caminho certo de Deus. Todos os seres humanos a possuem naturalmente uma lei por terem sido criados à imagem de Deus (Gn 1.26). A Lei de Moisés foi gravada em pedras (Êx 20), porém há também uma lei moral, semelhante a ela, escrita no interior de todos os seres humanos. Os gentios não possuem a Lei como guia moral, mas possuem uma lei interna que instrui sua consciência, ou seja, seriam julgados não pelo conhecimento da Lei, mas pela prática da lei, sem mesmo a conhecer. É a faculdade inata no ser humano capaz de discernir entre o bem e o mal. É a lei de Deus nos corações. homens (At 17.31; 2ª Co 5.10) e conhece o mais profundo do coração dos homens. Deus conhece todos os segredos e Jesus será o juiz final (Jo 5.22-30). Se nos incrédulos é o testemunho capaz de convencer o homem natural entre o certo e o errado, quanto mais nos crentes. Temos a consciência iluminada pelo Espírito Santo e gravada pela graça! (Jr 31.33). 

9. O orgulho dos Judeus. Rm 2.17-20 “Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; 18- e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; 19- e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, 20- instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei.” 

Paulo descreve a autojustiça dos judeus. Ele listou vários pontos sobre as quais os judeus fundamentavam seu senso de superioridade moral acima dos gentios. Na verdade, muitos judeus tinham uma maior lealdade às tradições feitas pelos homens do que pela Lei. Eles substituíram as leis pelas tradições condenadas por Jesus (Mt 151-9). 

9.1. Tem por sobrenome judeu (v. 17). Eles eram orgulhos de sua nacionalidade, felizes por serem judeus.

9.2. Repousa na lei (v. 17). O orgulho em ter e conhecer a Lei que Deus revelou a Moisés no Monte Sinai (Êx 19-31).

9.3. Gloria-se em Deus (v. 17). Orgulha-se de Deus, mas não tinham amor.

9.4. Sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes (v. 18). Eles estavam aptos para tomarem decisões éticas corretas, e eles estavam prontos para ver as escolhas erradas que os outros tomavam. Seguindo a lei e suas regulações detalhadas dava a eles um senso de estarem agradando a Deus, particularmente quando se comparavam com os outros.

9.5. É instruído na Lei (v. 18). Eles não só tinham a Lei, mas dominavam ela. Eles podiam recitá-la, fazer referência cruzada, e ir fundo nos detalhes dela.

9.6. Confias que és guia dos cegos (v. 19). Eles sabem que eles podiam ver e os outros não podiam, então espalhavam o conhecimento da Lei.

9.7. Luz aos que estão nas trevas (v. 19). Os judeus os quais era a linhagem de Cristo, deviam ser a luz, porém pelo seu orgulho se tronaram treva (Gl 5.8).

9.8. Instruidor dos néscios (v. 20). Os judeus receberam e até ensinaram os princípios da Lei. O problema foi de não praticar o que pregavam (v. 21). Será que cometemos o mesmo erro? Ensinamos os outros que devem respeitar a palavra de Deus, mas somos, de fato, obedientes?

9.9. Mestre de crianças... Tem a sabedoria e a verdade na Lei (v. 20). São mestre de leigos e trazem uma descrição daquilo que o mestre espiritual de ser: um instrutor que corrige. 

10. Há uma diferença crucial entre moralidade e moralismo. Vs. 21-29 “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? 22 Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? 23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? 24 Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. 25 Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão. 26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura, a incircuncisão não será reputada como circuncisão? 27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará, porventura, a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei?” 

10.1. A hipocrisia dos Judeus. Os judeus estavam preparados para ensinar aos gentios os mandamentos da Lei, mas eles próprios quebravam tais mandamentos. Eles tinham a Lei e ouviam a Lei, mas não seguiam a Lei. Mesmo tendo a Lei especial que Deus lhes deu, se mostram desobedientes.

Paulo expõe a hipocrisia legalista dos judeus. Ele lista três maneiras como a moral autoconfiante judaica não está praticando aquilo que prega. Primeiro, rouba. Segundo, comente adultério. Terceiro, abomina a idolatria, mas desrespeitam os preceitos religiosos.

Espera-se dos judeus refletir a Deus em suas vidas, por serem o povo escolhido, porém desobedecem, desonram e por isso “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós.” (V. 24). 

III. A CIRCUNSIÇÃO NO CORAÇÃO 

1. Os judeus e a verdadeira circuncisão. Rm 2.28-29 “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. 29 Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.”

A circuncisão na carne era um rito que tinha alto significado entre os judeus (Gn 17.10-12). A circuncisão física era um sinal do Antigo Testamento, concernente a uma aliança firmada entre Deus e o homem (Rm 4.11-12). A circuncisão é a marca de distinção do judeu e teria valor somente acompanhada por obediência perfeita à lei (25).

Os judeus pensavam que eles eram circuncidados não podia ser condenado ao inferno. Mas Paulo responde que “se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão.” (V. 25b). 

2. A circuncisão no coração. A salvação para os judaizantes era no exterior e no cumprimento dos ritos da religião e suas tradições, porém Paulo diz que não, a circuncisão é no oculto do coração, ou seja, na mente do cristão.

Paulo vai dizer aos cristãos de Roma, que o verdadeiro judeu não é aquele que fez a circuncisão da carne, e sim aquele que fez a circuncisão do coração.

Observe que a circuncisão na Velha Aliança era no prepúcio do homem, ou seja, era na carne, mas, ficava escondida – era um sinal entre Deus e o homem. Da mesma forma a circuncisão no coração é um sinal entre o servo e o Seu Senhor. Ninguém pode ver por que é no secreto do seu coração.

A circuncisão no coração é algo divino é do Espírito e o crente. Para os colossenses Paulo diz: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo.” (Cl 2.11).

A circuncisão que Paulo fala não se trata de circuncisão física, mas espiritual (vs. 28-29). A circuncisão de Cristo (v. 11) não deve ser uma referência à circuncisão de Jesus ao oitavo dia, também não é um sinal corpóreo no crente, mas uma mudança de coração (Rm 2.28-29; Gl 6.15). Uma nova vida em Cristo, ou seja, o novo nascimento.

A perfeição concedida pela circuncisão espiritual (cf. Dt 10.16; Jr 4.4.), que Cristo experimentou e fornece, vem através da Sua morte, sepultamento e ressurreição. O homem natural só será circuncidado quando nascer de novo. Jesus disse a Nicodemos que “o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” (Jo 3.6). Como nos diz o texto, ele é o que é por meio do Espírito de Deus, não pela carne – sua natureza humana.

Qualquer rito, sinal ou obra que fizemos se não for resultado da operação da graça de Deus em nossa vida, não tem nenhuma validade. 

3. No tempo da graça a circuncisão não tem valor algum. 1ª Co 7.18-19 “Foi alguém chamado, estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado, estando incircunciso? Não se faça circuncidar. A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus.”

O que seria importante para um cristão que deseja ter uma vida intima com Deus. Cumprir as regras humanas e secundárias? Não. A circuncisão nada é. O ato exterior não serve para santificar, pois é uma satisfação da carne. Mas guardar as ordenanças (ensinos e princípios) de Deus no coração, leva o homem ter uma comunhão intima com o Senhor. 

4. A circuncisão exalta a maneira e práticas religiosas. Gl 6.12-14 “Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. 13 Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. 14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo.”

Paulo expressa que os judeus se gloriavam na carne, com um sinal que era visível e não na “cruz de Cristo” (6.13-14). A Cruz era completa, a Cruz enxergada pelos espirituais não era fardo algum, os conduzia, pelo Espírito Santo, a produzir os seus nove sabores. Paulo estava crucificado para o mundo (6.14) e não iria voltar a praticar tais absurdos em nome de uma religião fria e incompleta.

“Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais” (Fl 3.3-4).

Alguns dos judeus crentes, havendo interpretado a lei para afirmar que a circuncisão era necessária para a salvação, começaram a dar demais importância a este ato simbólico. Da mesma maneira, hoje necessitamos ser cuidadoso para não permitir que rituais e cerimônias passem a ter valor como agente da salvação. Somente Cristo pode nos dar a salvação

O apóstolo refuta os judaizantes e desqualifica a circuncisão da carne, recomendando um novo tipo de circuncisão feita no Espírito e não mais na carne. 

CONCLUSÃO

Paulo encerra este capítulo dizendo que: “é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (V. 29).

Aos Gálatas o apóstolo diz: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.” (Gl 6.15).

A ênfase em Gálatas é o relacionamento pessoal com Cristo e não com a lei. A fé cristã se baseia no amor a Cristo e não na obediência à lei ou a qualquer sistema de regras. Quem se dirige cegamente ao sistema legalista faz a sua religião o seu Deus. Disse Thomas Erskine: “Aquele que fazem de sua religião o seu Deus não terão Deus para sua religião”.

A Salvação não é simplesmente professar que se creia em alguma coisa. A Salvação é o agir de Deus no coração. É um trabalho interior da graça.

A circuncisão é um ato exterior e traz louvor dos homens e não de Deus. Os judeus que se convertiam a Cristo estavam colocando como meio de salvação a circuncisão e Paulo repreende severamente dizendo que a salvação não é o exterior, mas a circuncisão no coração. Judeu verdadeiro é o que é no interior, circuncisão válida é a que é feita no coração (Rm 2.25-29).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A DEPRAVAÇÃO DOS GENTIOS - ROMANOS 1

 

Romanos 1.16-32 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. 17 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. 19 Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou. 20 Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; 21 Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. 23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 24 Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. 26 Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. 28 E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; 29 Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30 Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; 31 Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; 32 Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.” 

INTRODUÇÃO. Nesta lição o apóstolo Paulo descreve sobre a condição dos gentios diante de Deus. Paulo relata em sua carta ao Romanos, que tanto os gentios, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o domínio do pecado.

Paulo nos ensina nesta lição que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios.

O tema da ira de Deus é desenvolvido nos próximos capítulos, onde o apóstolo volta a atenção primeiro para os gentios e depois para os judeus. O que o ocupa à medida que o argumento progride é a preocupação de que os judeus possam interpretar erroneamente seu status como povo escolhido de Deus, com o significado de que eles receberam isenção especial da ira de Deus, o que os gentios não gozam. 

I. O TEMA DA CARTA AOS ROMANOS 

1. Poder de Deus. V. 16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”.

Paulo afirma de não ter vergonha do evangelho porque “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem pregada por Paulo não foi invenção do homem, mas veio de Deus para a salvação de “todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

2. A fé dos romanos. Paulo anela vê-los. V. 17 “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”

Paulo ensina que a salvação é de quem crê, não de um determinado povo ou de quem faz determinadas obras. O apóstolo nos ensina que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios. 

O justo viverá pela fé. Paulo recorre ao profeta Habacuque 2.4, para mostrar a Igreja de Roma que a fé é o início, meio e fim do crente. Por isso nós o encontramos três citações do apóstolo no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

A teologia paulina nada tem a ver com os estágios progressivos da fé, mas somente com a fé em si como a maneira indicada de receber a “justiça” de Deus. Nós preferimos, portanto, entendê-la assim: A justiça de Deus está na mensagem do evangelho, revelada (ser por fé; para fé; mediante a fé, isto é, “a fim de ser pela fé recebida.

Iniciar a carreira com fé, no meio da caminha você vai batalhar pela fé, e acabar a carreira com fé. Jesus diz que “o ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir.” (Jo 10.10). 

Mas o que ele quer te roubar? Jesus responde esta pergunta: “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11b). 

O que é que você tem? Agora Paulo te responde: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2ª Tm 4.7). A fé é a essência da tua vida, por isso diabo luta contra você para roubar tua fé. Portanto, o cristão deve batalha pela fé Jd 1.3, “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Você deve também usar a fé como arma de defesa: Ef 6.16 “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Como ter fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” 

3. A revelação da justiça de Deus (v. 17). “Paulo afirma que a Justiça de Deus se revela através do Evangelho, da mensagem de salvação em Jesus Cristo. Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco ‘de obras em obras’” [Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD, 2º Trimestre de 1998]. 

4. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.

A declaração de Paulo nos versos 16 e 17 deixa uma questão: por que os justos devem viver pela fé? Por que apenas recebendo a justiça é o único modo de ficarmos retos diante de Deus? Paulo vai usar os versos 18 a 32 para responder o porquê nós precisamos que Deus nos dê sua justiça e por que não podemos merecê-la, conquistá-la por nós mesmos. Ele vai nos apresentar um retrato escuro da humanidade.

A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc. 

II. A DIFÍCIL SITUAÇÃO DA HUMANIDADE SOB A IRA DE DEUS (1.18—3.20). 

V. 18 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.”

O tema da ira de Deus é desenvolvido nos próximos capítulos, onde o apóstolo volta a atenção primeiro para os gentios e depois para os judeus. O que o ocupa à medida que o argumento progride é a preocupação de que os judeus possam interpretar erroneamente seu status como povo escolhido de Deus, com o significado de que eles receberam isenção especial da ira de Deus, o que os gentios não gozam. 

1. A Ira de Deus. O termo grego traduzido por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). A ira, não é um atributo divino, é um componente inseparável da justiça de Deus, isto é, o resultado da justiça aplicado ao deflator. Paulo está mostrando que o evangelho é necessário porque estamos diante da ira de Deus. Todos os seres humanos sem o evangelho estão debaixo da ira de Deus. Convém que se saiba que a ira de Deus é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriado para a natureza divina.

2. A provocação da ira de Deus. “toda a impiedade: Ou: “todo o desrespeito”. A palavra grega traduzida aqui como “impiedade” é ασέβεια asébeia. As Escrituras usam asébeia e outras palavras relacionadas para se referir a uma atitude de desrespeito a Deus ou, até mesmo, de oposição a Ele.

As palavras “ímpio”, “impiedade” e “impiamente” na Bíblia refere-se a alguém que vive de maneira contrária aos mandamentos e à vontade de Deus. Este termo é sinônimo de incrédulo, descrente, néscio, injusto, tolo, corrupto, insensato, enfim, um pecador impenitente. Já o termo depravação no grego πονηρος poneros, tem vário significados: perversidade, corrupção, o mal inato do homem não regenerado, malícia, maldade, mau, culposo, ou seja, abandonado, cruel.

A palavra κακος kakos refere-se ao caráter essencial tanto como 'sapros, que indica a degeneração da virtude original}. Estas duas palavras dão o significado de inútil, depravado, prejudicial.

A palavra depravação era também usada no Velho Testamento para designar Βελιαλ belial referindo-se a um filho de Satanás. 

3. A natureza da ira de Deus. “A ira de Deus se revela do céu”. Deus é santo, perfeito, e por isso Ele detesta o pecado. Deus é santo; os seus olhos são tão puros que não podem contemplar a iniquidade. A ira é a reação de Deus ao efeito destruidor do pecado.

A ira de se manifesta a todos os homens que andam ao contrário a natureza santa de Deus. Portanto a vida dos ímpios é caracterizada por ações e comportamentos considerados pecaminosos. Na verdade, o ímpio não respeita aos preceitos de Deus, e não se importa de violar as Suas Leis. 

4. A ira de Deus manifestada. A ira divina é o meio de Deus freia o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A ira de Deus que eternamente contra tudo que prejudica a vida espiritual da Sua Criação.

Muitas pessoas não entendem como Deus é amor e ao mesmo tempo é um Deus irado. Os atributos de Deus são equilibrados em Sua perfeição divina. Deus ama o pecador, mas não ama o pecado. Vejamos o que a Bíblia nos revela: Sl 11.5 “O Senhor prova o justo, mas a sua alma aborrece o ímpio e o que ama a violência.”

Deus não tem em nada amor benevolente para com o pecador. Ele tem um ódio perfeito dele, de fato, Ele diz que “odeio-os com ódio consumado” (Sl 139.21-22).

As manifestações da ira divina acontecem desde o pecado original no princípio. Ela só irá findar no juízo final. 

5. A propiciação da ira de Deus. “A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé” (Rm 3.25). Somente o sangue expiatório e a justiça de Cristo propiciam o livramento permanentemente contra essa ira de Deus.

“A quem Deus propôs...”, ou pré-ordenou. Esta palavra no grego é προέθετο proetheto e significa por diante de, o qual “como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo.” (Ef 1.4). O propósito de Deus se deu antes da fundação do mundo, escolhendo o Seu Filho como propiciação pela humanidade. Deus, agora exibiu publicamente Jesus Cristo como um sacrifício propiciatório pelos pecados das pessoas. Ele foi exposto à vergonha; e assim condenados à morte a fim de atrair para a cena os olhos de todos os habitantes da Terra. 

6. A ira de Deus na história. A Escritura atesta sobre a ira de Deus já manifestada na vida dos homens ao longo de sua história no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1ª Ts 1.10), julgamento das nações (Mt 25.32) e Juízo Final (Ap 20.1-15). Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que Deus “os entregou” (vs. 24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”. 

7. A Ira de Deus sobre a humanidade. “Homens que detém a verdade em injustiça.” “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira. 

Os homens que detêm a verdade em injustiça já estão debaixo de condenação herdada de Adão, e se mantém inescusáveis quanto as suas ações, visto que souberam da existência de Deus por meio das coisas que foram criadas, mas não deram a devida importância a tal conhecimento e não buscando a Deus. Antes, as suas ações se diversificaram segundo os seus corações e pensamentos, e somente entesouram ira para si (Rm 2.5).

A fé é o elemento pelo qual o homem alcança a justiça de Deus, e a incredulidade é o elemento que detém a ação da verdade, permanecendo a injustiça. O evangelho de Cristo revela a justiça de Deus aos homens, e estes, quando não creem em Cristo, detêm a verdade em injustiça. Portanto, a impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de Deus, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a Deus e viver na injustiça, detém a verdade.

O que atrai a ira de Deus é a impiedade e a injustiça. A ira de Deus é a retribuição pelas injustiças e impiedades praticadas pelos homens. O destino de cada indivíduo gira na aceitação ou na rejeição da revelação divina. Agora a natureza da revelação de Deus e as consequências de rejeitá-la serão retribuídas a cada um.

Somente aqueles que creem na mensagem do evangelho descobrem a justiça de Deus, pois é isto que o evangelho manifesta a todos quantos creem. Já aos incrédulos é dado conhecer a ira de Deus, pois mesmo eles não sabendo, a ira de Deus se manifesta neles. Deus manifestou a sua ira sobre os homens que detém a verdade de Deus em injustiça. 

III. A REVELAÇÃO DE DEUS E O SEU PODER ETERNO DA NATUREZA 

1. Através da natureza. Rm 1.20 “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” 

O profeta Oseias convida a conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor (Os 6.3.). A coisa mais extraordinária para o ser humano é conhecer a Deus. O Senhor poderoso, grandioso, que criou os céus e a Terra, dentro da mais perfeita ordem. “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16). Aquele que criou tudo se revela por meio da natureza, e nela, podemos ver a perfeição do Criador. O sol, a lua e as estrelas, as árvores, as pedras, as aves e os peixes, os animais terrestres, os insetos e os homens, tudo isso anuncia a grandeza do Eterno, exatamente como está escrito: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (João 1.3). Aquele que é Senhor sobre tudo se revela por meio da natureza. Observando-a podemos saber quem é Deus (Sl 8.3,4), pois os céus proclamam a sua glória (Sl 19.1-4). Assim, homens de todos os tempos têm acesso à revelação sobre o poder e a divindade do Senhor.

Quando olhamos o corpo humano com sua funcionalidade de uma maneira superior à qualquer criação humana, isso declara que Deus invisível é o Criador das coisas visíveis. E isso é suficiente a fim de que os homens “fiquem inescusáveis” (v. 20). Por isso o ateísmo é inaceitável diante do Eterno. 

2. Não glorificam a Deus. 1.21,22, “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22- Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” 

No verso 21, Paulo usa a expressão “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”, ou seja, a humanidade reconhece a existência de Deus, por meio da natureza, mas, não se voltam para Ele. Uma coisa é reconhecer a existência, outra é reconhecer a Deus.

Nunca poderão dizer que não tiveram oportunidade de se relacionar com Deus. Mesmo sabendo da existência de Deus, algumas pessoas tem motivação errada, buscando os seus próprios interesses, priorizam a busca do poder, mesmo que para os conquistar precise praticar a injustiça.

Glorificar a Deus é adorar, honrar, reverenciar e venerar como Criador e dono de tudo que existe. Este é o mandamento do princípio: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’ (Lc 4.8), diz Jesus, citando o Deuteronômio (Dt 6.13)”. 

2. Substituiu a criatura pelo Criador são considerados loucos (vs. 22,23). Parece que Paulo está falando de certos discursos filosófico que tinham conhecimento da verdade, mas detinham pelas suas injustiças. O termo empregado por Paulo para descrever os falsos sábios é σοφοὶ (sofhoi), o qual também se traduz por “filósofos”. Para Paulo, estes homens enganaram a si mesmos porque “Dizendo-se sábios, tornando-se loucos.” O efeito do pecado sobre a mente humana é mudar a sua falsa inteligência em loucura (1ª Co 1.17-27). Este era o orgulho comum dos filósofos da antiguidade. A própria palavra pela qual eles escolheram ser chamados “filósofos” significa literalmente “amigos da sabedoria”. Por causa desse orgulho, seu coração obscureceu-se, ficando destituído de entendimento espiritual e mergulhado em trevas profundas.

O desprezo pela revelação de Deus faz nascer discursos ímpios, teorias perversas, filosofias tolas, baseadas no próprio homem, como o humanismo. Os cristãos genuínos, porém, não são humanistas, pois sabem que só uma fé genuína em Deus, não em si mesmos, obtém a vitória sobre o mundo (1ª Jo 5.4,5). 

IV. O DEUS CONHECIDO E A IDOLATRIA (v. 21) 

V. 23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 

1. A idolatria. A palavra “idolatria” vem de duas palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar, servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a Deus, torna-se o seu deus (Fp 3.19).

Nas religiões primitivas muitas vezes o ídolo é talhado do tronco de uma árvore, ou de pedra, uma imagem de homem corruptível, ou de aves, quadrúpedes e répteis (vs. 23,24; veja Is 44.9-20).

Parte da argumentação de Paulo em Romanos 1.18-24 vem de Jeremias 2.11: “Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito.”

Parte da construção textual de Paulo, está relacionada com Salmos 106.20, acerca de “trocar a glória de Deus” pelas imagens da criação. Assim falou o Senhor a Deus através do profeta Miquéias 5.13 “e arrancarei do meio de ti as tuas imagens de escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos.”

O Senhor foi contundente com o Seu povo quando os tirou do Egito: Levítico 19.4 “Não vos virareis para os ídolos, nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”

O primeiro mandamento da lei de Deus, conforme descrito na Bíblia Sagrada em Deuteronômio 6.13, “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás”. Essa frase enfatiza a importância de adorar e servir somente ao Deus Criador, reconhecendo-o como o único Deus verdadeiro e digno de adoração.”

Na tentação de Jesus no deserto Satanás usou de sua artimanha para levar Jesus a apostasia. Veja no evangelho de Mateus:

Mateus 4.8,9 “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. 9- E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” 

Satanás na verdade queria que Jesus abandonasse o Pai. No mesmo instante, Jesus repreendeu Satanás e venceu aquela tentação no deserto: “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam. (Mateus 4.10,11).

Voltando ao texto em que Paulo expõe no v. 23, o extremo da degradação: Seres humanos, incumbidos de ser representantes de Deus na Terra, ajoelham-se diante de imagens humanas, répteis, animais etc. Inculcando-se (orgulhosamente) por sábios, tornaram-se loucos (v. 22; cf. v. 32).

E mudaram a glória do Deus incorruptível....” A palavra “incorruptível” é aqui aplicada a Deus em oposição ao “homem”. Deus é imutável, indestrutível, imortal.

E mudaram, ou seja, eles transferiram um objeto de adoração, para ídolos. Na verdade, não produziram nenhuma mudança real na glória do Eterno, mas a mudança foi neles mesmo. Eles abandonaram Aquele de quem tinham conhecimento e ofereceram a homenagem que lhe era devida aos ídolos.

“...em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” Eles mudaram “a glória do Deus incorruptível” na imagem não gloriosa da própria criação, “em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis”. Uma imagem é uma representação ou semelhança de qualquer coisa, seja feita por pintura, seja de madeira, pedra, etc. Assim, a palavra é aplicada aos “ídolos”, como sendo “imagens” ou “representações” de objetos terrenos; referindo ao culto egípcio. A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.

Quando Deus tirou o Seu povo do Egito determinou dizendo: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20.4-5).

A idolatria é tão seria que Paulo trata da atitude dos cristãos “que comem dos sacrifícios” se tornam “participantes do altar como oferendas aos deuses pagãos, e ainda afirma dizendo que os que sacrificam têm “comunhão com os demônios” (1ª Co 10.24-20). 

V. CONSEQUÊNCIAS DA REJEIÇÃO A DEUS

A rejeição da humanidade da revelação de Deus e suas consequências desastrosas são narradas com alguns detalhes (vs. 21-32): 

1. Deus entregou à própria sorte. Rm 1.24,25 “Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.”

O homem tem a livre escolha para fazer o bem e o mal (Dt 30.19), ou seja, ele tem a liberdade para fazer o que ele quer de sua vida. Quando o homem é entregue a sua própria vontade ele aprofunda em seu próprio pecado, ou de acordo com os desejos pecaminosos do seu coração (da mesma forma que o Pai entregou a herança ao filho pródigo (Lc 15.12)).

Quando eles mudaram a verdade de Deus, perderam a visão de Deus. Servindo a criatura em vez do Criador. Um idólatra adora a imagem de uma criatura feita por mãos humanas (Is 44.9-18) e, assim, insulta e desonra o Criador, que é eternamente digno de honra e glória. 

“...em mentira...”. Jesus diz que o diabo é o pai da mentira (Jo 8.44), ele com sua astúcia engana o homem assim como enganou Eva no Éden. Os judeus em Roma, deliberadamente trocaram a verdade que tinham sobre Deus pela mentira, isto é, os ídolos, ou imagens, são uma mentira, uma falsidade. (Jr 10.14). 

2. Deus os entregou a práticas antinaturais. 1.25,28 “Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27- semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28- Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.”

Paulo usa 3 vezes a expressão “Deus os entregou, (vs. 24, 26, 28), para reforçar que a ira de Deus também é derramada em dose tripa. 

Perversão sexual. “às paixões infames”. Ou: “ao apetite sexual vergonhoso”. A Bíblia King James Atualizada vai dizer: “E, por essa razão, Deus os entregou a paixões vergonhosas.”

A palavra grega traduzida aqui como “paixão” é páthos e se refere a um forte desejo, uma paixão descontrolada. O texto mostra claramente que se refere a desejos de natureza sexual. Aqui, esse tipo de paixão descontrolada é chamado de ‘vergonhoso’ (em grego, atimía, “desonra; vergonha”), Paulo diz que a homossexualidade é uma “paixão infame” (v. 26), uma “torpeza”, um abandono de “relações naturais” (v. 27), uma “injustiça” (1ª Co 6.9), e “prostituição segundo a carne” (Judas 1.7).

A ira de Deus é revelada contra os homens que mudaram os costumes naturais da sua sexualidade. Eles negaram o costume natural dado por Deus, para terem relações com o sexo oposto, homens com homens bem como mulheres com mulheres. 

A sodomia e outras formas de prostituição no Antigo Testamento, sempre estiveram ligadas ao culto pagão. Esta prostituição sagrada seria uma prática ligada à religião, na qual as prostitutas sagradas teriam relações sexuais com quem as procurasse com objetivo de ser abençoado com fertilidade, seja para si, esposa, terras ou animais. Assim as mulheres e homens vendiam sexo para o lucro de deidades e templos. 

“...e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.” O apóstolo Paulo afirma que aqueles que deixariam o costume natural do sexo receberiam uma penalidade de juízo e nós sabemos que a AIDS tem crescido entre os homossexuais.

Paulo em vez de usar as palavras gregas mais comuns para “homem” e “mulher”, ele usou palavras gregas mais específicas, que poderiam ser traduzidas como “macho” e “fêmea”. Estas mesmas palavras gregas específicas foram usadas na tradução de Gên 1.27 na Septuaginta. 

Ao descrever o homossexualismo, Paulo aponta sete características desse pecado abominável:

1) imundícia (Rm 1.24);

2) desonra para o corpo (1.24);

3) paixão infame (1.26);

4) antinaturalidade (1.26);

5) contrariedade à natureza (1.26);

6) torpeza (1.28);

7) erro (1.28). 

VI. DEUS OS ENTREGOU A UM SENTIMENTO DEPRAVADO 

Romanos 1.28-31 “E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; 29- estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30- sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; 31- néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia.”

1. Existe uma consequência quando os homens rejeitam a Deus. Paulo conclui este capítulo e apresenta a mais longa lista de pecados da humanidade corrupta, sem Deus. A lista de pecados registra vinte e dois itens encontrados nos versículos finais de Romanos 1, encabeçada pela palavra “iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de Deus. Esses pecados são inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nenhum é menos digno de castigo que o outro. Paulo disse: “São dignos de morte os que tais coisas praticam” (v. 32). Até que ponto o homem passou de Deus então, que não somente comete estas obras, mas, como Paulo diz, “consentem aos que as fazem”?

Paulo enfatizou que primeiramente, Deus entregou o homem às concupiscências de seu coração e à imundícia; segundo, Deus o abandonou às paixões infames; e, agora, terceiro, o entregou a um sentimento perverso. 

2. Deus os Entregou a um Sentimento Depravado. “....estando cheios de toda iniquidade...”. A palavra iniquidade no grego: ανομια anomia, significa: negação da lei; ilegalidade; falta de conformidade com a lei; violação da lei; desacato à lei e impiedade.

Observe que a rejeição de Deus começou com ingratidão, mas foi rapidamente para a idolatria e a imoralidade. Agora, o homem é completamente corrupto e culpado de várias iniquidades. 

Nesta lista representativa, Paulo cita vinte e dois pecados que eram comuns em seus dias, e que de forma alguma são incomuns hoje: 

2.1. Prostituição. É qualquer tipo de atividade sexual promíscua, antes ou depois do casamento. Os cristãos não são contra o sexo - eles são a favor - mas sempre na união matrimonial. Nesta união, e somente nesta união, Deus ordenou que o sexo deveria acontecer. 

2.2. Malícia. É habilidade para enganar, despistar; astúcia, ardil, manha. É a pessoa que tem propensão ou tendência para praticar atos de maldade, isto é, objetivo de enganar ou causar danos em alguém. 

2.3. Avareza. Ganância; cobiça; querendo aquilo que não deve querer. É o desejo de ter mais, uma coceira por mais e mais. Este é o materialismo em seu auge! 

3.4. Maldade. É a qualidade do que é mau; perversidade, malignidade, crueldade. É aquele que prejudica ou ofende alguém com atitude má, perversa; crueldade e desumanidade. É o ato de fazer mal com pessoas e animais. 

2.5. Cheios de inveja. Inveja significa um descontentamento ou desejo profundo por aquilo que pertence a outros. É um sentimento egoísta por parte da pessoa. 

2.6. Homicídio. É tirar a vida de outra pessoa por um motivo maligno. Parece que hoje nossa sociedade protege o assassino e o criminoso para que os homens não tenham mais medo da lei da terra. 

2.7. Contenda. Descreve uma pessoa contenciosa, um criador de problemas, alguém que tem um problema. Há muita agitação social em nossa terra hoje. 

2.8. Engano. É um ato de engano ou uma tentativa deliberada de enganar. Em nossos dias, o engano é parte integrante da política, dos negócios e até da religião. Tornou-se, simplesmente, um modo de vida. 

2.9. Malignidade. É aquele que age de maneira perversa e má. É qualidade do que é maligno; mau caráter; depravação de coração e vida; sutileza maligna; astúcia maliciosa.

2.10. Murmuradores. Murmurar significa sussurrar ou dizer algo em tom muito baixo.

São aqueles que secretamente contam informações que irão ferir o caráter de outras pessoas, ou seja, difamar, caluniar. Geralmente a murmuração está imbuída em descontentamento, insatisfação, queixa e lamentação. Com frequência a murmuração expressa um sentimento de desacordo, de oposição, de ira e rebelião. Contudo, o problema da murmuração é ainda pior porque geralmente Deus é o alvo da murmuração. 

2.11. Detratores. Difamadores; Caluniadores. São os que praticam a fofoca aberta e desenfreada que difama os outros. É aquele que desqualifica e desvaloriza a importância de algo ou alguém. 

2.12. Aborrecedores de Deus. São aqueles que têm mentes carnais que estão em “inimizade contra Deus" (Romanos 8.7). Eles “abominam e odeiam o verdadeiro Deus das Escrituras e frequentemente blasfemam contra Deus abertamente e com orgulho. 

2.13. Injuriadores. São fingidos e fanfarrões.

São aqueles que causa difamação, que calunia; insultador. 

2.14. Soberbos. Em praticamente todas as ocorrências que a Bíblia menciona a arrogância, orgulho ou altivez, é como um comportamento ou atitude detestada por Deus.

Existem duas formas gregas da palavra arrogância.

1. Uperogkos significa “inchaço” ou “extravagante” como usado em “palavras de vaidosa arrogância” (2ª Pe 2.18; Jd 1.16).

2. O outro é phusiosis, que significa “inchaço da alma” ou “orgulho e tumulto” (2ª Co 12.20). É semelhante a essa mentalidade egoísta que diz: “O mundo gira em torno de mim” (Pv 21.24). 

2.15. Presunçosos. Descreve uma pessoa arrogante, que se coloca acima dos outros. Aquele que se acha belo, perspicaz, com maior inteligência etc. adjetivo Característica de quem possui excesso de presunção, de vaidade e afetação. 

2.16. Inventores de males. São pessoas que ficam ativamente tramando e direcionando suas intenções com o objetivo de causar o mal. 

2.17. Desobedientes aos pais. Descreve o desrespeito pela unidade familiar. Nunca antes as crianças neste país alardearam sua desobediência à autoridade dos pais como fazem hoje. 

2.18. Néscios. Mostra uma incapacidade de apreender ou compreender os fatos. Pessoas sem compreensão podem racionalizar seu comportamento. Os alcoólatras são um bom exemplo disso. Existem mais alcoólatras em nosso país hoje do que nunca. 

2.19. Infiéis nos contratos. São aqueles que não têm fé e são desleais, aqueles que não cumprem sua palavra. Hoje a palavra de um homem não significa nada. Nem a palavra de uma nação - os tratados muitas vezes não passam de pedaços de papel. 

2.20. Sem afeições naturais. É falta a capacidade de amar "entes queridos", como os membros da família. Nos Estados Unidos, um em cada dois casamentos termina em divórcio. Uma grande porcentagem dos homicídios neste país ocorre em famílias ou com amantes. 

2.21. Irreconciliáveis Implacável. É a incapacidade de se relacionar com outras pessoas. Descreve alguém que não pode ser apaziguado. 

2.22. Sem misericórdia. Significa não ter piedade natural pelo sofrimento, ser implacável e duro. 

Esses versículos contêm uma das mais extensas listas de pecados de toda a Bíblia. Essa lista mostra a grande amplitude da depravação moral humana (observe o termo toda no versículo 29). Note que enquanto a sociedade exercita a tendência de justificar certos pecados, Deus julga todos os pecados sem distinção. Tais pecados revelam em particular a rebeldia existente em nosso coração. Todos, sem exceção, merecem o castigo de Deus. 

3. O Julgamento de Deus. 1.32 “Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.” 

- “... conhecendo bem o decreto de Deus”. Aqueles que cometem os pecados listados acima, “são dignos de morte os que tais coisas praticam”, ou seja, estão fazendo é errado e que no final serão julgados por um Deus justo.”

Os gentios, conhecendo o julgamento de Deus, percebem que essas coisas trarão punição e morte moral, física e espiritual. Mesmo assim, eles continuam a pecar porque “amam as trevas em vez da luz.” 

“não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.” O ímpio não apenas comete seu próprio pecado, mas também se deleita, aplaude e aprova quando outros fazem a mesma coisa. Os homens racionalizam seus pecados porque “todos estão cometendo”. Isso salva a consciência, mas não afasta a ira de Deus que arde “contra toda a impiedade e injustiça dos homens.” (Rm 1.18). 

CONCLUSÃO A humanidade perdeu-se em seus caminhos, pois não desejou conhecer o Senhor. Preferiu o pecado.

Daí entrou em processo de corrosão moral, que culminou na mais terrível degradação. Paulo, vendo essa cena, disse que Deus permitiu a devassidão pecaminosa para a própria vergonha do homem. Este é o retrato atual da humanidade - dominada pelo humanismo - que se fez inimiga de Deus (Tg 4.4). Se não houver arrependimento, todos perecerão (Lc 13.3).

Os crimes e pecados dos gentios são os mesmos que atormentam a humanidade nos dias atuais. Porque? Porque os homens ainda rejeitam a luz que Deus lhes deu. Mesmo assim, a porta da graça está aberta, mas um será fechada (Mt 2510-11). Porém, os homens hoje precisam desesperadamente do perdão dos pecados e de um propósito de vida que somente Cristo pode dar. Somente Cristo pode salvar uma pessoa ou nação de se autodestruir por meio de um profundo envolvimento e prazer no pecado.

A Igreja primitiva era composta de pecadores vis que foram salvos pela graça (1ª Coríntios 6.91-11). Quantas pessoas hoje dariam qualquer coisa por um novo começo na vida porque elas bagunçaram tanto suas próprias vidas? Se ao menos eles pudessem encontrar perdão pela culpa que assola suas almas! Para todos os que correm para ele para a salvação, Cristo diz: “Seus pecados estão perdoados. Vá e não peques mais.”

Pr. Elias Ribas

 Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


A EXPOSIÇÃO MAGNA DA FÉ CRISTÃ - ROMANOS

 


Romanos 1.1-15 “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. 2- O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas Escrituras, 3- Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, 4- Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5- Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, 6- Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. 7- A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 8 Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. 9 Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, 10 pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. 11 Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, 12 isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha. 13 Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. 14 Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. 15 E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.” 

INTRODUÇÃO

Nesse primeiro capítulo de Romanos o apóstolo Paulo destaca especialmente a condição de todas as pessoas diante de Deus, ou seja, não há justo seque diante de Deus. Ele enfatiza que a justiça do próprio homem é imperfeita e incompleta para poder satisfazer a exigência da santidade e justiça de Deus.

A teologia Paulina, relata, de maneira profunda, a doutrina da justificação pela fé, mediante a graça divina. Paulo mostra que a graça de Deus e a salvação são para todos, judeus e gentios. Ele mostra que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação dos judeus e gentios. 

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS 

1. Títulos. A carta aos Romanos os teólogos denominam com vários títulos: evangelho Paulo, evangelho da graça, evangelho do Cristo ressurreto, tratado teológico paulino, mais puro evangelho. Em relação ao Judaísmo, é uma é uma carta apologética; em relação ao Cristianismo, Paulo defende a salvação pela fé.

A carta aos Romanos é a mais longa de todas as epístolas de Paulo e é considerada por muitos como a melhor. 

2. Local e data de Romanos. Quando o apóstolo Paulo escreveu a epístola, ele se encontrava na cidade de Corinto (Rm 16.1), hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), entre 57 e 58 d.C. Foi nessa época que foram coletados os donativos na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Jerusalém. 

3. Destinatário de Romanos. “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” Com base nesse versículo, ele escreveu para os irmãos em Roma. Na verdade, a igreja era composta por pessoas de diferentes origens étnicas e sociais. Judeus e gentios, escravos e livres, ricos e pobres, todos se reuniam para adorar a Deus juntos (Rm 2.17; 4.1; 7.1). Essa diversidade trouxe desafios, mas também enriqueceu a comunidade cristã em Roma.

A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida. Embora não tenha o nome de um fundador específico podemos dizer que a igreja em Roma foi fundada por missionários anônimos. 

4. A cidade de Roma. Roma era a capital do Império Romano. Até o momento Paulo ainda não havia visitado a metrópole (1.13; 15.23). 

5. A influência de Romanos. Qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola. 

5.1. João Wesley. Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos. 

5.2. Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida. 

5.3. Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados. 

II. O AUTOR DA EPÍSTOLA 

1. Quem escreveu essa carta. O Apóstolo Paulo é o autor da Epístola (Rm 1.1). Paulo contou com ajuda de Tércio, que escreveu sua própria saudação aos irmãos em Roma, quase no final da epístola (Rm 16.22). A carta foi entregue à igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencreia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma. 

Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Ele mesmo afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense. O apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).

O nome Saulo tem uma origem hebraica Shaul, e significa desejado ou o que foi pedido a Deus. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”, esse nome possui uma rica história que remonta aos tempos bíblicos. 

2. O apóstolo a si mesmo se denomina “servo de Jesus Cristo” (v. 1.1). O apóstolo se auto denomina servo de Jesus Cristo. A palavra servo vem do grego doulos que ignifica escravo. Nós, os crentes, do Novo Testamento somos escravos de Jesus Cristo, isto é, fomos liberto da escravidão para servir voluntariamente no reino do mestre Jesus. 

2.1. “Chamado”. O Senhor Deus não chama vocacionados, mas vocaciona aqueles que recebem Jesus em seus corações. O termo chamado do grego kletos tem o sentido de vocacionado. Ele fora escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o profeta Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus, e não pelo homem (Gl 1.1). 

2.2. “Apóstolo”. O termo ἀπόστολος, apóstolo no grego vem de duas palavras, preposição apo, que significa “da parte de”, e do verbo grego stello, que significa “enviar”. Portanto a palavra “apóstolo” é aquele que é enviado em missão; ou enviado com uma mensagem confidencial. A vocação apostólica hoje, é denominamos de missionário. Ó missionário portanto, é aquele chamado por Deus, para levar a mensagem de boas novas em lugares diferentes, ou seja, em regiões desconhecidas O Novo Testamento afirma que Paulo é embaixador do céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21). 

III. A GRATIDÃO DE PAULO E A JUSTIÇA DE DEUS REVELADA 

Após as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos cristãos romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). Por causa disso Paulo não cessa de interceder e dar graças a Deus em favor dos irmãos em Roma, porque as boas novas de salvação havia chegado ao Império Romano.

Paulo declara seu profundo desejo de conhece-los pessoalmente, algo que tinha durante a muito tempo de fazer uma visita aos romanos, pois queria lhes anunciar o evangelho (13-15).

Paulo considerou-se como devedor a todos, mostrando que o mesmo evangelho serve para os “sábios” e os “ignorantes”. (14-15). 

IV. O TEMA DA CARTA AOS ROMANOS 

1. Poder de Deus. V. 16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”.

Paulo afirma de não ter vergonha do evangelho porque “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem pregada por Paulo não foi invenção do homem, mas veio de Deus para a salvação de “todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

2. A fé dos romanos. Paulo anela vê-los. V. 17 “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”

Paulo ensina que a salvação é de quem crê, não de um determinado povo ou de quem faz determinadas obras. O apóstolo nos ensina que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios. 

O justo viverá pela fé. Paulo recorre ao profeta Habacuque 2.4, para mostrar a Igreja de Roma que a fé é o início, meio e fim do crente. Por isso nós o encontramos três citações do apóstolo no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

A teologia paulina nada tem a ver com os estágios progressivos da fé, mas somente com a fé em si como a maneira indicada de receber a “justiça” de Deus. Nós preferimos, portanto, entendê-la assim: A justiça de Deus está na mensagem do evangelho, revelada (ser por fé; para fé; mediante a fé, isto é, “a fim de ser pela fé recebida.

Iniciar a carreira com fé, no meio da caminha você vai batalhar pela fé, e acabar a carreira com fé. Jesus diz que “o ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir.” (Jo 10.10). Mas o que ele quer te roubar? Jesus responde esta pergunta: “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11b). O que é que você tem? Agora Paulo te responde: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2ª Tm 4.7). A fé é a essência da tua vida, por isso diabo luta contra você para roubar tua fé. Portanto, o cristão deve batalha pela fé Jd 1.3, “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Você deve também usar a fé como arma de defesa: Ef 6.16 “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Como ter fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” 

3. A revelação da justiça de Deus (v. 17). “Paulo afirma que a Justiça de Deus se revela através do Evangelho, da mensagem de salvação em Jesus Cristo. Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco ‘de obras em obras’” [Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD, 2º Trimestre de 1998]. 

4. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.

A declaração de Paulo nos versos 16 e 17 deixa uma questão: por que os justos devem viver pela fé? Por que apenas recebendo a justiça é o único modo de ficarmos retos diante de Deus? Paulo vai usar os versos 18 a 32 para responder o porquê nós precisamos que Deus nos dê sua justiça e por que não podemos merecê-la, conquistá-la por nós mesmos. Ele vai nos apresentar um retrato escuro da humanidade. 

CONCLUSÃO. A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc.

 Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD 2º Trimestre de 1998 

https://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/1998/1998-02-01.htm

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC