TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 21 de julho de 2022

A VISÃO DO TRONO DO TRONO DE DEUS - APOCALIPSE 4

 

Na primeira cessão do livro de Apocalipse, entre o capítulo 1 a 3, João teve uma visão de Cristo no meio de Sua Igreja, mas nesta segunda cessão, ele passa para uma nova parte da revelação. Os capítulos 4 e 5 mostram a glória de Deus, apresentando primeiro o Pai no seu trono e, depois, o Filho glorificado ao lado d’Ele. A cena nestes dois capítulos pode ser comparada especialmente com a de Daniel 7.9-14.

Através das revelações deste livro queremos agora fixar os acontecimentos que ocorrerão após o arrebatamento da Igreja fiel de Jesus Cristo. 

1. João é arrebatado ao céu. “Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas” (Ap 4.1).

A primeira coisa vista pelo apóstolo João foi “uma porta aberta no céu” (v.1). Em seguida ouviu a mesma voz divina, que já conhecia, chamando-o para subir até o céu e ver o futuro que Deus mostraria.

O quarto capítulo começa com “Depois destas coisas, olhei...”. Para entendermos este “Depois”, é necessário analisar a revelação dos três primeiros capítulos onde o Senhor Jesus ordena o apóstolo João:

1. Escreve, pois, as coisas que viste (1.19). Onde João vê o Senhor Jesus glorificando e estava voltando (1.20). Esta visão foi tão majestosa que João caiu como morto a Seus pés.

2. Escreve... as que são (1.19). As cartas destinadas as sete igrejas (capítulos 2 e 3).

3. Escreve... as que hão de acontecer depois destas” (1.19c). Ele devia, portanto, escrever também o que aconteceria na terra após o arrebatamento da Igreja. 

2. João vê uma porta aberta no céu. João vê uma porta aberta no céu e recebe um convite para que entre por ela e entrando contemplou o Trono do Rei dos reis (comp. 1ª Rs 22.19-23; Jo 1.6; 2.1). Ali é o lugar onde os eventos decretados por Deus, antes de Sua execução.

Compreendendo o simbolismo desta visão:

Em primeiro lugar João vê uma porta aberta no céu; esta porta representa Jesus que é a porta da salvação (Jo 10.9) que ainda está aberta a todos que queiram entrar.

Em segundo lugar ele ouve uma voz como de trombeta. É interessante que João reconhece a voz, que já havia ouvido uma vez na terra, também é a mesma voz de (Ap 1.10), é forte como um toque de trombeta. Naquele trecho, João virou para ver quem falava e viu Jesus no meio dos candeeiros.

Em terceiro lugar ele recebe um convite dizendo: “sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas”.

E por último João viu um Trono no Céu. Trono significa autoridade, domínio, poder e honra. Aqui começa ficar clara a expressão “o que deve acontecer”.

[...] Ao ouvir a voz do Seu Senhor como de trombeta, ele é arrebatado da terra em espírito. O seu arrebatamento é uma analogia ao futuro do arrebatamento da Igreja, que acontecerá “num momento... ao ressoar da última trombeta” (1ª Co 15.52), quando o Senhor aparecer com “sua palavra de ordem” (1ª Ts 4.16). Agora João é chamado ao céu com a trombeta de Deus, como ouvirá a Igreja, no arrebatamento. Há poder nesta voz para ressuscitar os mortos (Jo 5.28-29). Ele foi arrebatado ao céu como Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5), a Igreja será arrebatada, invisível, silenciosa e milagrosamente, num abrir e fechar de olhos (1ª Co 15.52) [WIM MALGO. P. 106]. 

2. João vê O Trono de Deus. Apocalipse 4.2,3,5 “E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. 3- E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra de jaspe e de sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono e era semelhante à esmeralda. 5- E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus. 

A primeira coisa que João vê no céu é um Trono. João não pode descrever quem está assentado no trono, mas descreve o seu esplendor e majestade, destacando dois de Seus atributos. Ele diz que o que viu é semelhante à pedra de jaspe (ou no original algo como diamante branco e translucido) e a pedra de sardônico. Abundância de luz que procede d’Ele, reflete o caráter de Deus, representa o Senhor na Sua glória e poder. O Salmo 104.2 descreve o Senhor assim: “coberto de luz como de um manto”. Com a abundância de luz, ou seja, com o esplendor de cores das pedras preciosas.

A pedra de jaspe era resplandecente e representa o Senhor na Sua glória. A pedra de sardônia é igual ao rubi, uma pedra cor de sangue, que representa o Senhor na Sua obra redentora. “Duas pedras preciosas, iguais, havia no peitoral do sumo sacerdote” (Êx 28.17-26). “...ao redor do trono, há um arco celeste semelhante á esmeralda” (v. 3b), que simboliza a graça e a misericórdia de Deus revelada na Nova Aliança através de Seu sacrifício na cruz do Calvário.

Atualmente, Deus está assentado sobre o trono da graça (Hb 4.16). Porém, neste tempo, Deus estará sobre o trono de Juízo. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus, pois eles são citados no capítulo 1.4 e 3.1 de Apocalipse, e no capítulo 5.6 os encontramos mais uma vez. Eles também são encontrados no Antigo Testamento, nas sete lâmpadas da Menorá (Zc 4.2). Que procede do trono de Deus uma atividade grandiosa e ininterrupta. Assim João observa as sete lâmpadas diante do Trono, que são interpretadas como a plenitude do Espírito Santo. 

3. João vê vinte quatro Anciãos. “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro” (v. 4).

Os vinte quatro anciãos não são anjos, pois cantavam o cântico de redenção (Ap 5.8-10), estão coroados, já são vencedores (1ª Co 9.25), assentados sobre tronos, mostrando um tempo depois da vinda de Jesus (2ª Tm 4.8). Os anciãos representam os remidos, que foram levados ao Tribunal de Cristo e coroados logo após o arrebatamento, portanto o primeiro advento escatológico começa com o arrebatamento da Igreja.

Os vinte quatro anciãos podemos dividir em dois grupos. Os doze primeiros, são “os doze patriarcas” de Israel, que estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação da lei” focalizada no Antigo Testamento (cf. Nm 13.2-3; 17.1-6; Hb 8.5 e 9.23). Os outros doze, representam “os doze Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns casos eles são chamados de “anciãos (cf. 1ª Pe 5.1; 2ª Jo v. 1 e 9; Jo v. 1). Estão ao lado de Cristo representando todos os remidos da dispensação da graça no Novo Testamento (cf. Mt 19.29; Ap 21.12, 14). Estes tronos não estavam vazios, mas estavam assentados sobre eles vinte e quatro anciãos, com vestidos brancos que representam as justiças dos santos (Ap 21.12-14), “...em cujas cabeças estão coroas de ouro”. O Senhor prometeu coroar a Sua Igreja “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). Portanto, os vinte quatro anciãos representam os salvos de todas as épocas. 

4. João vê no meio do Trono um Cordeiro. “Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap 5.6).

João vê o Cordeiro tendo a aparência de ter sido morto; tendo algumas marcas ou indicações sobre o fato de ter sido morto, isso representa a vitória conquistada na cruz. O Cordeiro é o mesmo Leão que aparece no verso 5. Ele é na qualidade de um “Cordeiro” na sua mansidão em tratar com Sua Noiva, mas como o Leão, no Seu poder irresistível para executar juízo contra os pecadores. João vê no trono de Deus o Cordeiro que havia sido morto, mas ao terceiro dia ressuscitou. Ele possui “...sete chifres. Chifres em toda a Bíblia simbolizam poder e força, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus”, que simboliza o Espírito Santo em toda Sua plenitude, pois ele convence, ouve, salva, julga, humilha, exalta e governa. O número sete não somente descreve a plenitude da terceira pessoa da divindade, mas é também um sinal da glória completa de Deus, pois sete é o número da plenitude divina. 

5. João vê um mar de vidro. “Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal...” (Ap 4.6).

O apóstolo João descreve o que vê “um mar de vidro”, ou seja, um grande espelho diante do trono do Eterno.

O mar representa povos e nações agitadas no tempo do fim. Porém, aqui o mar é tranquilo e sem ondas. Ele não está agitado, mas sim imóvel diante do trono em contraste com a situação do mar dos povos sobre a terra: “Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as suas forças; cheguem-se e, então, falem; cheguemo-nos e pleiteemos juntos” (Is 41.1).

O mar de vidro, lembra a pia de cobre feita por Moisés (Êx 30.18-21), e o mar de bronze do templo terrestre (1º Rs 7.23-26), que era para purificação. Aqui a purificação está consumada, não há mais necessidade de água. O mar que João vê representa a pureza, pois ali tudo é puro, calmo e de perfeita paz. 

6. João vê quatro seres viventes. “E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal, e, no meio do trono e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos por diante e por detrás. 7- E o primeiro animal era semelhante a um leão; e o segundo animal, semelhante a um bezerro; e tinha o terceiro animal o rosto como de homem; e o quarto animal era semelhante a uma águia voando. 8- E os quatro animais tinham, cada um, respectivamente, seis asas e, ao redor e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir. 9- E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre.” (Ap 4.6-9 - ARC). 

Aos olhos de João, eram criaturas estranhas, porque são desconhecidas dos homens, mas lindas. “Eram cheios de olhos”. Penetração intelectual, vigilância e prudência. Estas criaturas viventes não representam a Igreja nem uma classe especial de santos, mas são os seres sobrenaturais visto no Velho Testamento, que estão sempre em conexão com o Trono de Deus e a presença de Jeová. São os querubins de Ezequiel, capítulo 1 e 10 (cf. Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).

Todo o simbolismo dessa passagem é inspirado no profeta do Antigo Testamento. Esses seres vivos são os 4 querubins responsáveis pelo governo do mundo (Ezequiel 1.20). Eles andam em todas as direções, numa perfeita visão, cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas, a forma de seus rostos era como o de homem; à direita, os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia, todos os quatro. O aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança de tochas; tinham quatro rodas em vez de pés, e o aspecto das rodas era brilhante como pedra de berilo e o espírito dos seres viventes estava nas rodas, e, sem cessar glorificam a Deus: Santo, santo, santo (Ez 1.6-21). Lembrando os serafins de Isaías capítulo 6.

João não soubera descrever o que viu, portanto, ele os chama de “quatro animais”, que são os querubins da visão descrita pelo profeta Ezequiel.

Se analisarmos profundamente este assunto veremos que o profeta Elias foi separado do profeta Elizeu por estes seres (querubins), mas subiu num redemoinho: “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2º Rs 2.11). Eliseu, foi o único a ver o profeta Elias ser arrebatado. Foi elevado ao céu com grande impulsão, portanto, ele também não soube descrever minuciosamente a cena que viu. Os carros de fogo são as rodas dos querubins, cor de brasas, os cavalos de fogo no nosso entendimento é o rosto dos querubins.

João ao ver os quatro seres no céu não descreveu com suas minúcias, mas os chama de quatro animais ou quatro seres viventes, conforme o verso 6. Na concepção de que os quatro seres viventes estão no meio do trono, à volta dele e junto de Deus, simboliza quatro características da pessoa com também a obra redentora de Jesus Cristo é apresentado nos quatro evangelhos.

1. O primeiro ser vivente é semelhante ao leão. O Evangelho de Mateus apresenta o Senhor Jesus como o Leão da tribo de Judá.

2. O segundo ser vivente é semelhante a um novilho. O Evangelho de Marcos apresenta o Senhor Jesus como o Servo que Se fez sacrifício pelo pecado, tendo o novilho como animal sacrificial.

3. O terceiro ser vivente tem o rosto como de homem. O Evangelho de Lucas apresenta o Senhor Jesus como Filho do Homem. O apóstolo Paulo, dirigido pelo Espírito Santo, escreveu: “antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fl 2.7-8).

4. O quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. O evangelho de João mostra a divindade de Jesus (Jo 1.1). Assim é o Senhor Jesus Cristo, pois, depois da Sua morte e ressurreição, tomou a posição de exaltado e glorificado, assentando-se à direita de Deus. O Evangelho de João apresenta o Senhor Jesus como o Único capaz de levar o ser humano ao Céu.

Os quatro seres viventes, portanto, mostram como Deus se inclina, fala e Se entrega pelo mundo. Estes seres viventes, embora com características de Deus, aqui se manifestam como querubins.

Eles têm asas, demonstrando com isso que Deus age em todos os lugares e sem parar. Também o profeta Ezequiel os viu com asas indo por todas as direções. As Asas dos querubins estão cheias de olhos, ao redor e por dentro, significando que nada, nos céus e na terra, foge do alcance dos olhos de Deus, pois Ele é onisciente e tudo vê. 

7. Adoração no céu. “e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” (Ap 4.8b).

“Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando. Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.10,11).

A palavra adoração no grego é “proskuneo” e significa: adoração; cair e adorar, ajoelhar-se, curvar-se, cair aos pés de outro. No hebraico a palavra para adoração é “shachah” e aparece 170 vezes no Antigo Testamento) e significa: inclinar-se, cair diante de, prostrar-se, ajoelhar-se.

Na visão do trono de Deus João vê um grande culto de adoração, quando os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos louvam ao Senhor Deus. O primeiro cântico ministra quem Deus é (v. 8) e o segundo cântico as suas obras (v.11).

Sinal de adoração e respeito supremo, a que se segue o lindo cântico de vitória, que mostra o verdadeiro culto no céu ao supremo Criador.

Temos a adoração mais profunda da parte dos anciãos, que prostram diante do Trono, e lançam suas coroas, num gesto de submissão e respeito, ao que vive para sempre. É a oração inteligente dos remidos que compreendem a santidade e o amor do Senhor. E num gesto de magnífica adoração prostram-se cantando o lindo hino de louvor: “digno és, Senhor, de receber glórias, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

A atitude de todos os personagens da visão é uma de adoração e louvor àquele que se assenta no trono. Os querubins, à semelhança dos serafins de Isaías 6 proclamam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”. Na eternidade adoraremos aquele que “vive eternamente” (Ap 5.14), na companhia de seres celestiais. Este é o verdadeiro culto que o mestre Jesus nos ensinou quando estava nesta terra: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4.23,24).

O Senhor exige que adoremos a Deus em espírito e em verdade, pois Ele é Espírito e somente assim poderemos conquistar Sua aprovação. O Senhor Jesus revelou claramente às pessoas a vontade e as exigências de Deus: não importa onde as pessoas adorem a Deus e elas não devem seguir nenhuma regra ou cerimônia, mas adorar a Deus em espírito e em verdade. Esse é também o nosso princípio de prática para adorar a Deus. A expressão “em espírito” indica o princípio espiritual na adoração contrastando com o formalismo, cerimonialismo, legalismo e símbolos culturais. A verdadeira adoração vai além do que vimos, ela expressa unicamente a pessoa e a obra do Seu único Filho, Jesus o Cristo. A adoração em espírito é uma ligação profunda entre o espírito do adorador e o Espírito Santo, onde ele adora no âmago do seu ser e de sua alma, o ser humano o reconhece como Senhor e Deus. Portanto, a verdadeira adoração só é possível quando impulsionada pela obra do Espírito Santo dentro de nós.

Neste capítulo 4, o Senhor Jesus abre a porta dos céus e João vê um culto de adoração realizando-se no céu, na sala do Trono de Deus. Se temos de adorar a Deus biblicamente, devemos estar certos de que nossa adoração na terra reflete o exemplo e a direção da adoração celestial. Todavia, adoramos O Criador e não a criatura, assim o apóstolo Paulo nos ensina dizendo: “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Rm 1.23, 25).

A frase “a verdade de Deus” é uma frase hebraica, que significa “o verdadeiro Deus”, em oposição aos ídolos, que são chamados de deuses falsos. Existe apenas um Deus verdadeiro e todos os outros são falsos e vazios.

Ídolos são frequentemente chamados de mentiras e mentiras, porque não são verdadeiras representações de Deus (Jr 10.14; 13.25; Is 2815; Sl 40.4).

Não pode haver dúvida, Deus é a personagem principal no céu, Ele é o Soberano absoluto que criou e domina o universo. Somente Ele merece a adoração e a obediência absoluta de todas as suas criaturas, até dos mais exaltados seres viventes no céu. É o Deus Santo e Todo-Poderoso.

A partir do capítulo 6 veremos a ira de Deus sendo derramada sobre este mundo, para aqueles que tem rejeitam a verdade. Assim o apóstolo Paulo escreve em sua carta aos Romanos 1.18 dizendo: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.”

Deus certamente tem todo direito em exercer a sua ira judicial sobre a criação que Ele mesmo fez. Ele criou o homem para ser conhecedor e adorador da Natureza Divina. Os homens rejeitam, desde o início, o conhecimento de Deus, desde o início, o tempo real dos tempos, mas também não aceitaram. Rejeitar a Deus, portanto, a verdade traz muitas consequências como resultado.

Se quisermos um dia, comparecer diante do trono de Deus, precisamos viver em adoração ao Senhor. A cada dia devemos entoar um cântico novo ao Senhor e também viver para a sua glória.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 12 de julho de 2022

A QUEDA DO IMPÉRIO BABILÔNICO – DANILE 5



Daniel 5.1-5, 8, 11, 17, 23-30

1- “O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil. 2- Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas. 3- Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. 4- Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra. 5- Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo. 8- Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação. 11- Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. 17- Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação. 23- E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, os teus grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste. 24- Então, dele foi enviada aquela parte da mão, e escreveu-se esta escritura. 25- Esta, pois, é a escritura que se escreveu: Mene, Mene, Tequel e Parsim. 26- Esta é a interpretação daquilo: Mene: Contou Deus o teu reino e o acabou. 27- Tequel: Pesado foste na balança e foste achado em falta. 28- Peres: Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas. 29- Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e que lhe pusessem uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro dominador do reino. 30-Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. 

Neste capítulo, veremos o cumprimento das palavras que Daniel disse ao rei Nabucodonosor, ao interpretar o sonho do rei: “E, depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu, e um terceiro reino, de metal, o qual terá domínio sobre toda a terra.” (Dn 2.39). Babilônia a cabeça de ouro, foi decorado pelos medo-persa, assim deu início a um segundo império mundial, comandado pelos imperadores Dário e Dário. 

I. QUEM ERA BELSAZAR 

Neste capítulo aparece o último rei Babilônico: Belsazar era filho de Nabonido, que era genro de Nabucodonosor e que reinou a Babilônia por 17 anos (de 556 a 539 a.C.). Enquanto Nabonido permanecia fora da cidade de Babilônia, Belsazar estava reinando em Babilônia. Nessa narrativa, o rei é condenado pelo insolente menosprezo que demonstrou pela santidade do Deus de Israel e pelo seu templo.

O nome Belsazar significa “Bel, protege o rei”. Não deve ser confundido com Beltessazar, o nome babilônico dado a Daniel (1.7) que significa: “Bel protege a sua vida” ou “Senhora, protege o rei”).

II. BREVE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BABILÔNICO 

O império Babilônico teve início no ano 612 a C.539 a.C. A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19). Jeremias diz que a Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).

Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da cidade), 90 m de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos, que para qualquer tipo de guerra da Antiguidade, Babilônia era uma cidade simplesmente inconquistável. 

1. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha majestade” (Dn 4.30).

O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus feitos; o Senhor Deus diz ao profeta Isaías: “E a minha glória não a darei a outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a glória que pertence só a Deus. 

2. A soberba leva a ruina. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia.

Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais” (Is 13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).

Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada, mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia secou-se e os Medos e Persas a conquistaram.

“Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas: seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is 44.27).

Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande Babilônia. 

III. O JUÍZO DE DEUS SOBRE BABILÔNIA 

1. Uma festa no palácio real. No ano 538 a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido, estava num grande banquete juntamente com mais de mil convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. 

2. O dedo de Deus escreve na parede (Dn 5.5). A resposta divina foi imediata: Deus interferiu naquela festa escrevendo sua sentença na parede do salão, diante dos olhos de Belsazar e de todos os seus convivas.

Na noite da festa, Belsazar teve uma visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real, que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Estas palavras estão em aramaico, mas compartilham alguns radicais com a língua babilônica. De modo assombroso e assustador estava escrito a sentença contra o rei Belsazar e o seu reino. Era uma mensagem de julgamento para um povo que era ímpio, não tinha moral e tinha um comportamento desprezível. O Reino da Babilônia foi rasgado. Fez-se um silêncio dentro do palácio. 

3. A rainha lembrou-se do profeta Daniel (Dn 5.6-12). A mensagem na parede estava numa linguagem ininteligível (v. 7). No primeiro momento, ninguém compreendia o que estava escrito. Belsazar convocou todos os sábios para decifrar o “enigma”. Entretanto, eles foram incapazes de fazê-lo. É provável que Daniel estivesse com cerca de oitenta anos. Ele era jovem quando fora levado para a Babilônia, sessenta e seis anos atrás, em 605 a.C. (1.1).


Como Daniel já era conhecido pelos seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha filha de Nabucodonosor, mãe do rei Belsazar, e então trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas” (Dn 5.26-28). E mais uma vez o profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino. 

4. Daniel entra na presença de Belsazar (Dn 5.13). Belsazar não via a Daniel como servo do Deus Altíssimo, mas apenas como um dos sábios do palácio. A mãe de Belsazar, contrariamente, o conhecia e tinha certeza que Daniel era uma pessoa diferente e o seu Deus, poderoso. Ela mesma havia testemunhado as proezas do Deus de Israel em outras ocasiões da história daquele reino. 

5. O fim repentino do império babilônico (vs. 30,31). Os Persas formaram uma colisão para derrotar a Babilônia. A Média sob o comando de Dário e a Pérsia sob Ciro. Na mesma noite em que Belsazar teve a visão, os Medos e os Persas invadiram a Babilônia, mataram Belsazar e tomaram o Palácio. Assim terminou o magnífico império babilônico, (a cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32, o leão com duas asas de Dn 7.4). Os medos e os persas passariam a reinar no lugar do império da Babilônia, (Dn 2.32b o peito e os seus braços, de prata”; urso Dn 7.5; um carneiro com dois chifres (Dn 8.3).

Nada escapa aos seus olhos. Tão logo foi dada a interpretação da mensagem e as honrarias feitas a Daniel para ser o terceiro homem do império, o rei Belsazar foi morto e o exército de Dario entrou na cidade da Babilônia.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

 

terça-feira, 28 de junho de 2022

O IMPÉRIO DO ANTICRSITO - O ÚLTIMO IMPÉRIO MUNDIAL

  


I. O ÚLTIMO IMPÉRIO MUNDIAL

O renascimento do Império Romano no tempo do fim não é uma hipótese. Se ao término da Segunda Guerra Mundial, parecia ele utopia numa Europa humilhada e destruída, hoje mostra-se mais real do que nunca. Não importa o nome que se lhe dê: União Europeia ou Novo Império Romano. O chifre pequeno do terrível animal, visto por Daniel (7.7), acha-se prestes a pisar e a despedaçar a quantos se lhe opuserem. Esse reino, que não terá paralelo na história dos grandes impérios, devido a sua maldade, dará todo o suporte político, econômico e religioso ao Anticristo, a fim de que este venha a dominar o mundo todo.

As profecias de Daniel, muito nos dizem sobre os impérios mundiais desde a Babilônia até ao último império, neste mundo (mostrada, em sonhos, a Nabucodonosor rei da Babilônia Daniel 2, mas o sétimo império mundial na história, a contar-se primeiramente do Egito (no tempo que Israel era escravo no Egito), e o império Assírio (tempo dos reis em Israel e Judá), os quatro impérios (Babilônia, Medo-Persa, grego e Romano (Dn 2; 7)), e por fim o último a Nova ordem mundial (através do G7, ONO e OTAN) entregando o governo mundial ao Anticristo durante a Grande Tribulação na última semana de Daniel 9.24-27. 

II. A FORMAÇÃO DO IMPÉRIO DO ANTICRISTO

1. O dragão vermelho. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas.” (Ap 12.3).

Antes de estudarmos o surgimento do último império mundial devemos começar com uma referência a Apocalipse 12.3, onde João viu um dragão vermelho que simboliza Satanás a antiga serpente (Ap 12.9), ameaçar a mulher e seu filho que simbolizam Israel e o Messias. As tentativas de Satanás de destruir os descendentes da mulher. João escreveu sobre a Guerra no Céu e sobre os reinos deste mundo, que lutariam contra os seguidores de Deus. 

2. A diferença entre Satanás e o Anticristo. “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia.” (Ap 13.1).

Apocalipse 13, é um texto simbólico profético que faz menção às duas bestas: uma besta que sobe do mar que representa o Anticristo (um líder político) e a besta que surge da Terra que representa o falso profeta (um líder religioso). São dois poderes que, aliados ao dragão, irão se unir com o objetivo de dizimar o povo de Deus da Terra. Besta ou animal, em profecia, significa reino ou poder deste mundo (Dn 7.17).

O dragão (Pai), que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas (Ap 12.3), mas no capítulo 13 e verso 1, João vê uma besta (Anticristo) com sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres, dez diademas.

Vamos analisar a diferença entre Satanás (o pai) e o Anticristo (o filho). Note que ambos possuem sete cabeças e dez chifres. A diferença é que o Dragão (Satanás) usa sete diademas sobre a cabeça e a besta (Anticristo) possui dez” diademas sobre os seus chifres. Isso mostra que quem governa é, na verdade, o dragão que deu o seu poder a besta.

As sete cabeça. A besta quer fazer-se parecer com Deus (2ª Ts 2.4). As sete cabeças referem-se a sete reinos ou sete impérios que também simbolizam sete montes (Ap 17.9), porém vou dar ênfase aos sete reinos começando pelo Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grego e Roma que somam seis e já passaram, mas o sétimo está por vir, ou seja, está para surgir no governo da Besta.

Os dez chifres. A besta também tem dez chifres que são dez reis (Ap 17.12) que irão governar com ela. Portanto, os dez chifres representam os reis que no tempo do fim iram governar juntamente com o Anticristo. Satanás irá inspirar os reis deste mundo para que cumpram suas ordens.

As diademas. Já vimos que a única diferença entre eles está na quantidade de diademas. O dragão tem sete e a besta tem dez.

Os diademas indicam que a besta é investida de autoridade pelo dragão (cf. Ap 13.4). O dragão tem sete diademas que é o número simbólico da santidade de e da perfeição de Deus. A besta tem dez diademas, uma para cada chifre, portanto, ele terá autoridade máxima durante seu governo. 

3. Os dez chifres da besta. Vamos analisar de forma distinta os dez chifres da besta, bem como o ambiente em que eles estão inseridos.

“...era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres.” (Daniel 7.7).

Os dez chifres representam os governantes, que recebem inspiração de Satanás e cumprem suas ordens. Em uma aplicação direta ao período do Anticristo, a referência aos dez reis nos mostra como os governos mundiais se unirão para oferecerem suporte, poder e autoridade ao governo da besta.

Os dez chifres correspondem a dez futuros reis, interpretação no verso 24 que diz: “E quanto às pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis”.

Os dez chifres, correspondem aos dez dedos dos pés da estátua do capítulo (2.41-42), e aos dez chifres da besta do Apocalipse 13.1; 17.12, que serão dez reinos ou dez reis que se levantarão no fim para entregar o mundo ao Anticristo. 

3.1. O chifre pequeno. “Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente” (Dn 7.8).

No capítulo 7 de Daniel, ele apresenta uma sequência de cinco reinos, sendo o último o reino de Cristo. Sendo dividido o capítulo em duas seções, uma é a visão (Dn 7.1-14) e, a outra, sua interpretação (Dn 7.17-27).

Os dez chifres são dez reis (ou reinos) que surgem do quarto reino. O chifre pequeno é um rei (ou reino) que surge dentre os dez e se torna diferente de todos. e devorava tudo que via (Dn 7.8).

O caráter singular da besta que agora aparece; o número dos chifres; o surgimento de um novo chifre (a ponta pequena); o poder e o terror da besta, e a longa duração de seu domínio sobre a terra, atraíram e fixaram a atenção de Daniel, o levaram a uma descrição mais minuciosa da aparência do animal e o induziram particularmente a pedir uma explicação de o anjo do significado desta parte da visão no verso 19:

“Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal...” (Dn 7.19). “e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros. (Dn 7.20).

E o mensageiro lhe respondeu: “Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino” (Dn 7.24), ou seja, os dez reis ou reinos que se originaram do Império Romano ressurgido (v. 24). 

3.2. Subiu um “pequeno chifre”, o qual arranca três deles. Aqui está uma segunda fase do quarto império, um “império romano revivificado” que aparecerá no senário mundial nos últimos tempos.

Nos últimos dias da história, surgirá o poder chamado de chifre pequeno. Se os dez chifres representam a divisão do Império Romano, o chifre pequeno representa um poder que se levantaria entre esses dez, diante do qual três deles seriam completamente destruídos.

O chifre pequeno que surgiu entre os dez que já existiam, ocasionou a retirada de três chifres (Daniel 7.8), ou seja, esse chifre, arrancou fora três pontas que já havia no terrível animal, representa o futuro império do Anticristo que ao emergir entre os dez reinos, abaterá três reis.

Daniel vê que surgiu entre os chifres que já existiam, outro chifre pequeno e distinto dos dez chifres, e de constituição diferente. O chifre pequeno simboliza o aparecimento do Anticristo (2ª Ts 2.3-4,8). Nesse chifre pequeno havia olhos, como os olhos humanos, indicam a perspicácia, previsão e astúcia desse poder; e a boca que fala coisas grandes ou presunçosas não é diferente do homem do pecado, descrito pelo apóstolo Paulo, “cuja vinda deve ser depois da operação de Satanás com toda a ilusão de injustiça” (2ª Ts 2.9-10; ver também Ap 13.5-6). Também a simbologia usada sugere que esse chifre se refere a um indivíduo e não a um reino.

O cumprimento da profecia sobre o quarto animal para aquela época, pode ter sido cumprida em parte quando surgiu o Império Romano. Mas, sabemos que o capítulo 7 do livro de Daniel está falando também sobre o fim dos tempos. E, como sempre devemos relembrar, as profecias podem ser cumpridas na época em que foram anunciadas e também num futuro distante. 

III. O SURGIMENTO DO IMPÉRIO DO ANTICRISTO 

1. O império romano nos dias de João. “A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição” (Ap 17.8). 

“A besta que era”. Isto tem a ver com os impérios mundiais passado (Dn 7), porém, estava atuado nos dias de João por isso o anjo diz “era”. Este império, digo, o Império Romano que era e durou até ano de 476 d.C.

“e não é”. É o intervalo que vai do fim do Império Romano até o surgimento do Anticristo.

“mas está para emergir do abismo” A besta que era e não é, mas irá ressurgir novamente no governo do Anticristo na Grande Tribulação.

Era, aparentemente, indica que a besta se manifestou no passado (Dn 7). Não é sugere que ela não estava agindo na época de João. Há de subir [...] à perdição sugere ruína ou punição eterna. Aqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida (Ap 13.8; 20.12,15) são enganados pela besta porque não conhecem o seu destino certo e eterno. Tudo o que eles veem é alguém que uma vez existiu e agora faz uma reaparição incrível.

O terrível animal que Daniel viu (Dn 7.7), o anjo o chama de besta (Ap 13); “e há de subir do abismo”. Esta expressão diz com respeito ao Império Romano, que ressurgirá no tempo do fim, comandado pelo Anticristo e o falso profeta, junto com as confederações mundiais (dez reinos). É claro que o Império Romano não será o mesmo, mas será terrível, espantoso e brutal como era. Portanto, os fatos proféticos do v. 8 são ainda futuros. 

2. Na visão de João como será o último império. Ap 17.12 “Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora.”

Note que há um paralelismo entre o apóstolo João e o profeta Daniel 7.7,24 Apocalipse 13. Os dez chifres, são os dez reinos que hão de receber autoridade para governar nos últimos dias. Os quais ainda não receberam um reino, isto é, eles não existiam quando João escreveu. Está implícito que, durante o período em análise, eles surgiriam e se conectariam, em um sentido importante com a besta e o falso profeta.

Entendo que esses dez reinos ou dez reis que irão surgir, estarão coligados com a ONU, e darão o início do último império mundial. 

3. O tempo de duração deste reino. “...durante uma hora”. Os dez reis reinarão com a besta por período breve. O sétimo império quando surgir terá o domínio mundial por um pouco de tempo, ou seja, breve e temporário. O reinado de uma hora significa que surgirão de repente e durarão pouco conforme a visão de Daniel 7.25. 

4. Entregarão o seu poder e autoridade à besta. “Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma ideia, e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.” (Ap 17.17).

“...que deem à besta o seu reino...”. Com o advento da besta como um rei supremo devido ao auto endeusamento (Dn 11.36; Mt 24-15; 2ª Ts 2), Satanás começou uma ordem completamente nova, a qual é tão radicalmente diferente de todos os reinos que já existiram.

Estes futuros reis têm a mesma intenção, entregar o governo mundial ao Anticristo. Eles irão apoiar e obedecer às diretrizes da burocracia centralizada dominada deste governo chamado besta.

Uma parte do plano de Deus para vencer a besta foi o aumento do poder dela. Deus a deixou crescer cada vez mais forte, dominando os reis das nações, enquanto preparava o castigo dela. Nas décadas depois de João escrever o Apocalipse, o poder romano foi aumentando, chegando ao seu auge no final do reinado de Trajano. A partir daquela época, perdeu território e poder aos poucos. 

5. O oitavo reino. “E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição.” (Ap 17.11 – ver também os versos 3, 7 e 10).

A besta, o Anticristo, será o último império mundial, é um dos sete, ou seja, sete impérios mundiais passados na história, que são: 1. Egito; 2. Assíria; 3. Babilônia; 4. Medo-Persa; 5. Grécia 6. Império Romano. 7. O sétimo reino está surgindo através da ONU, ou a Nova Ordem Mundial. 8. O oitavo reino será governado pelo Anticristo, significa que a besta pertença ao mesmo sistema mundano, que os sete primeiros impérios pertenceram também.

A besta que era” (no passado), “já não é “(no tempo de João), mas aparecerá, ou seja, será escolhido dentre os reis e receberá autoridade para reinar nos últimos dias da grande tribulação. Literalmente procede dos sete e será o oitavo e último império mundial comandado pela besta. 

São os dez reis que estarão unidos à besta no seu governo. Isto, no entanto, não significa que somente dez países formarão o Novo Império Romano nesta última fase; ele terá proporções mundiais. Significa somente que estes estarão no comando do governo único, tendo, porém, o Anticristo como o cabeça do império.

A profecia fala de tempos futuros, e por isto eles aqui, ainda não tinham recebido o reino. Eles reunirão com o Anticristo por uma hora, e como todos eles são anticristãos, acatarão as instruções de como deverão agir em perseguição aos santos. Os dez formarão um acordo. Esta reunião decisória marcará o ponto de partida da estruturação das ações da besta.

Conforme Apocalipse 13, a besta será o Anticristo o oitavo rei ou reino mundial, que receberá completa autoridade dos sete reis. Este reino emergira do anterior, diz este versículo em outras palavras: “quando assumir o controle dos dez reinos, isto será o oitavo reino”. Revelação idêntica que Deus deu ao profeta Daniel em 7.24 que diz: “Dez reis que se levantarão daquele mesmo reino”. É, pois uma forma daquele antigo Império. É claro que não poderá ser o mesmo, porque aquele era regido por um único soberano, e o futuro será por dez reis. Eles formaram uma confederação de nações durante a grande tribulação. Dizemos confederações porque num pé os dedos são ligados (Dn 2.42-44). Com a formação destes dez Estados estará pronto o palco para formação do reino do anticristo que durará sete anos. 

6. O G7 ou grupo dos sete. Hoje são sete países (G7) entre os mais desenvolvidos industrialmente e economicamente do mundo, composto por: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, embora a União Europeia também esteja representada. O grupo reúne-se periodicamente desde 1975 para discutir questões relacionadas à economia. Embora hoje são sete países e todos oriundos da Europa, amanhã podem ser dez, os quais estes irão eleger um governo único e entregar todo poder a ele. Assim nascerá o novo Império Romano governado pelo Anticristo o homem do pecado. 

O auge de seu império. O Homem do Pecado, no auge de seu poder, dominará tanto a economia quanto a religiosidade humana, agrupando todas as coisas sob o seu comando (Ap 13.7,8,16-18). O seu governo, a princípio, será aceito por todos sem qualquer contestação (Ap 13.4).

Depois que o Anticristo receber o poder do G10 (dez reis), se tornará ditador do mundo inteiro. Mas não conseguirá impedir a queda do sistema mundial babilônico e o total colapso econômico do mundo (Ap 18.1-24). E depois, no fim da Grande Tribulação, comandará exércitos de muitas nações arregimentados por Satanás, em Armagedom (Ap 16.16; 19.19). É então que Jesus o ‘desfará pelo assopro de sua boca e o aniquilará pelo esplendor de sua vinda’ (2ª Ts 2.8). Seu destino final será ‘no ardente lago de fogo e de enxofre’ (Ap 19.20)”.

A Besta que subiu do mar (Ap 13), e será o animal mais terrível e maldoso que já existiu na face da terra, maior que todos os impérios que já existiram, ou seja, a maldade de todos os animais estará incorporada neste império. Jamais o mundo teve alguém como este, subversivo e impostor. A crueldade da besta será tal que nem juntando Nero, Mussolini e Hitler, pode se explicar, tamanha a fúria da besta.

Para com concluir, o antigo império romano (o reino de ferro de Daniel 2.33-35; Daniel 2.40-44; Daniel 7.7, terá dez chifres (ou seja, reis, Apocalipse 17.12) correspondendo aos dez dedos da imagem. Como Daniel considera esta visão dos dez reis, surge entre eles um “chifre pequeno” (rei), que subjuga três dos dez reis tão completamente que a identidade separada de seus reinos é destruída. Restam sete reis dos dez, e o “chifre pequeno”. Ele é o “rei do semblante feroz”, tipificado por aquele outro “rei do semblante feroz”, Antíoco Epifânio, Daniel 8.23-25, o “príncipe que virá” de Daniel 9.26; Daniel 9.27 o “rei” de Daniel 11.36-45 a “abominação” de; Daniel 12.11 e Mateus 24.15 o “homem do pecado” de 2ª Tessalonicenses 2.4-8 e a “besta” de Apocalipse 13.4-10.

Pr. Elias Ribas - Professor de Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau SC

quarta-feira, 15 de junho de 2022

AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL



Nenhuma passagem do AT revela tanto os mistérios do plano profético de Deus para Israel e as nações quanto o livro de Daniel. Em particular, a profecia das setenta semanas em Daniel 9.24-27, apresenta a chave cronológica indispensável para a profecia bíblica.

A revelação das setenta semanas a Daniel é a chave para a compreensão da doutrina das últimas coisas. Para se fazer um estudo completo do Apocalipse, grande tribulação, ou qualquer outro assunto que fale sobre o tempo do fim (Dn 8.17), é necessário primeiro estudar as setenta semanas de Daniel, pois esta e uma profecia indispensável a Escatologia. 

I. DANIEL BUSCA A PRESENÇA DE DEUS 

1. O cenário histórico da profecia. “No primeiro ano de Dario, o filho de Assuero, da semente dos medos, o qual foi feito rei sobre o reino dos Caldeus; no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, a respeito dos quais a palavra do SENHOR veio ao profeta Jeremias, era de setenta anos, quando se completariam as desolações de Jerusalém. E coloquei a minha face diante do Senhor Deus, para buscá-lo com oração e súplicas, com jejum, e vestimenta de pano de saco e cinzas” (Dn.9.1-3).

O capítulo 9 de Daniel foi escrito no primeiro ano de reinado de Dario o Medo, por volta do ano 539 a.C.. Dario exercia agora a função de rei de Babilônia, sob o comando maior de Ciro, o Grande. Neste tempo Daniel havia compreendido que o período de cativeiro estava chegando ao seu fim e era necessário que seu povo começasse a orar a Deus pedindo perdão dos pecados e suplicando o retorno do exílio. Dessa forma, o profeta não poderia parar de orar mesmo sob o risco de ser sentenciado à morte. 

II. O QUE QUER DIZER AS SETENTA SEMANAS 

1. O número de anos. A referência parece ser a Jeremias 25.11, 12, que diz “quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilônia”. Esse rei já fora punido; por isso Daniel sabia que já era o momento das assolações de Jerusalém terem um fim.

Daniel estava estudando as profecias de Jeremias, quando entendeu que o cativeiro babilônico estava prestes a terminar, então ele começou a orar e buscar uma resposta de Deus (Dn 9.4-19). Gabriel vem, então, dizer a Daniel que a redenção de Israel ainda demoraria setenta semanas. Note nos dois versos seguintes que as 70 semanas terminarão (o fim) o que Deus começou com os 70 anos de cativeiro na Babilônia. 

2. A oração de Daniel e a resposta de Deus. O Anjo Gabriel foi mandado para trazer a resposta da oração a Daniel logo no princípio das súplicas do profeta, porque Daniel era “mui amado”. Que testemunho tinha Daniel no céu! Era “mui amado” por Deus, era alguém de quem o Senhor Se agradava, porque, durante os seus mais de noventa anos de vida, sempre fora fiel ao Senhor, sempre procurara agradar ao Senhor. 

III. QUANDO COMEÇARÁ AS SETENTA SEMANAS? 

Dn 9.24-27 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. 27 E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” 

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo...” (Dn 9.24). Esta profecia de Daniel a respeito de Israel e da cidade santa (Jerusalém) é fundamental para os últimos tempos.

Esta linguagem usada por Gabriel era bem conhecida por Daniel, que sabia que semana profética não se referia a semana de dias e, sim, de anos, ou seja, uma semana significa, aqui, uma unidade numérica de sete anos. O número setenta, então, ganha um sentido escatológico.

No hebraico, em lugar da palavra “semana” usa-se a palavra “shabua” que significa literalmente 7, ou um sétuplo. Um grupo de 7 dias ou de 7 anos. Em Levítico 25, o Senhor diz: “Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.” (Lv 25.8).

Então as setenta semanas, na realidade, são setenta semanas de anos, ou 490 anos: 70 x 7 = 490.

Nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias (Ne 14.34; Ez 4.6). Assim, estas “setenta semanas” devem ser entendidas como setenta “semanas” de anos, ou seja, um período de 490 anos, isto é, setenta vezes sete (70 x 7). Israel somente se converteria ao Senhor, alcançaria a sua redenção depois de 490 (quatrocentos e noventa) anos. 

1. As três divisões das setenta semanas. O versículo 24, afirma que Deus determinou as setenta semanas. O bloco que forma os versículos 24-27 é profeticamente dividido em três grupos.

As setentas semanas = 490 anos, divididos em:

1º 07 Semanas                     Dn 9.25                         49

2º 62 Semanas                     Daniel 9.25                   434 anos

3º 01 Semana                      Daniel 9.26                   7 anos. 

2. A Primeira divisão. V. 25 “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”

“...sete semanas...”. Sete semanas são iguais: 7 x 7 = 49 anos. O ponto de partida para a contagem das primeiras 7 semanas, começou com o decreto do rei Artaxerxes (Ne 2.1-9), no ano de 445 a.C.. Portanto, a primeira unidade de 49 anos (sete “semanas”) começa no ano de 445 a.C., e terminou aproximadamente no ano 397 a.C. De acordo com a profecia de Daniel, Jerusalém seria edificada e restaurada da destruição que o império Babilônico causou a santa cidade (Dn 1.1; 2ª Rs 24.1). Esta palavra cumpriu literalmente no período previsto (Ed 1.1; Ed 4.11-24).

“Examinando Esdras 1.2,3, fica esclarecido que a primeira ‘ordem’, dada por Ciro, não foi para ‘restaurar e para edificar Jerusalém’, e sim, para edificar o templo (Ver 2º Cr 36.23; Ed 1.2). É evidente que a ‘ordem’ referida por Gabriel não é a de Ciro e sim, a de Artaxerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C., data da ordem para reedificação da cidade Santa” (Ne cap. 2).” (Daniel versículo por versículo, p. 179).

Gabriel diz a Daniel que depois da reconstrução de Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haveria ainda sessenta e duas semanas - 62 x 7 = 434. 

3. A Segunda Divisão. “sessenta e duas semanas.” (Dn 9.25b). O segundo período de sessenta e duas semanas, tem início aproximadamente no ano 397, inicia-se com a continuidade ao primeiro período, ou seja, após a reconstrução completa de Jerusalém, encerrar-se-ia com a “tirada do Messias, que não seria mais” (v. 26). Desde a data desse decreto até a época do Messias haveria 483 anos, ou seja 69 semanas. Portanto, as 62 e mais as 7 semanas, estão juntas como um composto das sessenta e nove semanas ou 483 anos históricos até a vinda do Messias.

O período das sessenta e nove semanas se inicia com a ordem do rei Artaxerxes, 445 a.C., para a reconstrução de Jerusalém, após o pedido de Neemias, terminando com a entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho (Lc 19.41), no final de Seu ministério terreno, oportunidade em que, aclamado por Seus discípulos, como o Messias em 10 de Nisã de 33 d.C..

“O pastor Severino Pedro da Silva mostra-nos como, efetivamente, este período de 483 (quatrocentos e oitenta e três) anos cumpriu-se integralmente, com a entrada de Jesus em Jerusalém, quando, pela única vez em Seu ministério terreno, foi coletivamente aclamado como o Messias, o Filho de Davi, em 10 de Nisã de 33 d.C.: A primeira divisão é de 49 anos; a segunda de 434 anos; as duas somam 483 anos. O ponto de contagem dos 483 anos foi marcado no ano 445 a.C.” [As setenta semanas de Daniel. Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Fonte de pesquisa: Site https://adautomatos.com.br/licao-no-10-as-setenta-semanas-de-daniel/#:~:text=%E2%80%93%20O%20pastor%20Severino%20Pedro%20da,de%20Nis%C3%A3%20de%2033%20d.C. – acesso dia 23/04/2024].

“E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais...”. (Dn 9.26). De acordo com a profecia, o Ungido não foi cortado na 70º semana, Ele foi tirado ou morto, depois que as 7 e 62 semanas terminaram. Isso significa que há um intervalo entre a 69º e a 70º semana. Portanto, as 69 semanas terminaram com a morte de Jesus, quando deu-se o início da era da graça e só irá terminar, quando a Igreja for arrebatada. E quando isto acontecer, dar-se-á o início da a última semana desta Era, que é dividida em duas partes de três anos e meio cada. A última semana está prestes a começar, e quando começar, vai ser um efeito dominó, tudo será muito rápido. 

4. Os três príncipes são mencionados na profecia (vv. 25,26). O primeiro príncipe é o Messias (v. 25). O segundo apareceu posteriormente e destruiu a cidade de Jerusalém e o santuário em 70 d.C., trata-se do general Tito (v.26). E o terceiro príncipe surgirá no futuro, na última semana profetizada por Daniel (v. 27). Este príncipe não é o Messias tirado (9.26), mas certamente um personagem mais poderoso que Antíoco Epifânio e o general Tito. Trata-se, portanto, do Anticristo (2ª Ts 2.3-9; 1ª Jo 2.18). 

5. A terceira divisão. “E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações.” (Dn 9.26). 

Depois das 7 semanas e mais 62, duas coisas são preditas:

1º Messias seria “tirado” (crucificado) (ref. Is 53.8). Jesus foi rejeitado pelos judeus, condenado e morte na cruz. O povo presente à condenação de Cristo clamou: “O sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos (Mt 27.25).

2º O povo do príncipe, que há de vir, destruiria Jerusalém e o templo. O “povo” refere-se ao exército romano, que destruiu Jerusalém em 70 d.C. O “príncipe” refere-se ao General Tito que comandou a dispersão dos judeus (Dn 9.25-26). Porém, as 7 semanas e 62 semanas, terminaram na crucificação de Jesus e não na destruição do segundo templo no ano 70 d.C.. A atual era da Igreja é o intervalo entre o 69º e o 70º semana. 

5.1. O Messias é morto. Is 53.8 “Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto, foi cortado da terra dos viventes e pela transgressão do meu povo foi ele atingido.”

Tendo ocorrido o cumprimento das sessenta e nove semanas quando Jesus foi crucificado. Portanto, quando os judeus desprezaram o Messias, parou a contagem do tempo, uma vez que as 70 semanas estavam determinadas para os judeus. Resta, ainda, uma semana, a última. Os judeus necessitam estarem em Jerusalém (cidade Santa), e a Igreja já arrebatada.

Este período, assim, vemos, claramente, que a contagem dessas sessenta e nove semanas não se dá com a chegada do Messias, mas, sim, com a sua “retirada” e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída através da liderança do general do exército romano, Tito, em 70 d.C. 

5.2. Esta semana ainda não aconteceu (v. 27). A última semana, um período de 7 anos, ainda se cumprirá, do qual faz parte a Grande Tribulação. Compare o versículo 27 de Daniel com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu.

A Bíblia identifica este intervalo profético como “o tempo dos gentios”: Rm 11.25 “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” Lc 21.24, “E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.”

O termo “tempos dos gentios” é o período no qual Jerusalém estaria sob o domínio dos gentios, desde o cativeiro babilônico, continuando até hoje e continuará durante a Grande Tribulação. Atualmente, estamos no tempo da graça de Deus e temos de anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc 4.18,19).

Após o tempo gentílico dar-se-á a última semana, a Grande Tribulação. É neste tempo que o Anticristo virá sobre a asa das abominações (v. 27). 

5.2. O início da 70ª semana-ano. “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Dn 9.27).

Este versículo é uma das passagens proféticas mais importantes da Bíblia. Ela é a chave indispensável para toda a profecia. Ela é denominada como “a espinha dorsal da profecia bíblica” ou o “relógio de Deus”.

Esta última semana não pode ter se cumprido em hipótese alguma, pois nesta última semana (sete anos) os judeus irão fazer um acordo com o assolador (Anticristo), e este assolador irá ser destruído, porém isto ainda não aconteceu, Israel ainda não fez este acordo com ele (Is 28.15-18), muito menos o Anticristo manifestou-se, sendo assim podemos afirmar que esta última semana de Daniel ainda não cumpriu-se, pois a profecia permanece interrompida.

O assolador de Daniel 9.27 é o Anticristo, que fará um concerto com Israel por sete anos (uma semana), (Jo 5.43 e Is 28.15-18), e na metade da semana (três anos e meio) irá quebrar o concerto com os judeus.

Daniel 12.1, nos apresenta uma outra passagem importante sobre a Tribulação. “E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.”

Em resumo, então, podemos ver que a última semana (Tribulação) é para Israel, não para a Igreja. Primeiro, a Tribulação serve para punir e assim reconciliar a Israel com Yahveh.

A “última semana” (7 anos), é identificada pelas profecias bíblicas será o tempo da Grande Tribulação, que só irá começar depois do arrebatamento da Igreja. É neste tempo que o “assolador”, isto é, o Anticristo ou o homem do pecado ou o homem da perdição, virá sobre a asa das abominações (v. 27). O Anticristo agirá com falsidade em relação a Israel de um modo nunca visto na história, quebrando o acordo na metade do período (após três anos e meio) e colocará uma imagem de si mesmo no Templo de Deus reconstruído (Ap 13.14-15), e buscará a adoração como se fora Deus (2ª Ts 2.4b), profanando o santuário, o lugar santo para o povo de Israel.

Pelo fato de Israel se negar adora-lo e então o Anticristo quebrará o acordo de paz, fará cessar o sacrifício e oferta de manjares (Dn 9.27). Depois de três anos e meio será permitido que vença os santos. O ‘abominável da desolação’ (Mt 24.15) serve de sustentação para que os acontecimentos de Daniel 9.27 (assim como os de Dn 11.31 e 12.11) não ocorram ainda, mas somente no tempo do fim. Os últimos três anos e meio serão de “Grande Tribulação”, da qual Jesus falou dizendo: “Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais.” (Mt 24.21).

No término da semana, quando, então, se completarão as setenta semanas, o “assolador” sofrerá o juízo divino, conforme determinado e, aí, então, Israel será liberto do pecado. 

5.3. O final das setenta semanas-ano. No final da 70ª semana-ano, Deus derrotará o Anticristo (Ap 19.20), “a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda.” (2ª Ts 2.8). Isso marcará o final das 70 semanas-ano e o início do Reino Milenar de Cristo. Então estarão cumpridos os seis objetivos de Deus, mencionados em Daniel 9.24 (Ap 20.1-6). 

IV. OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA (Dn 9.27) 

1. Revelar o “homem do pecado”. “Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, 3- o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. (2ª Ts 2.3,4).

Paulo escreveu a igreja Tessalônica por volta do ano 50, 51 d.C durante a sua segunda viagem missionária. Não há dúvidas quanto a quem Paulo tem em mente é o homem do pecado ou o filho da perdição (cf. Jo 17.12) e aponta para a natureza e para o destino desse homem. Portanto, de acordo com as profecias, nem Antíoco Epifânio nem o general Tito foram objetos das predições do profeta Daniel. Neste tempo “ele”, também identificado como “o rei de cara feroz” (Dn 8,23), “o animal terrível e espantoso” (Dn 7.7), “o chifre pequeno” (Dn 7.8), “a besta que saiu do mar” (Ap 13.1), virá sobre as asas da abominação. Assim, vemos que a última semana (sete anos), será marcado com a presença do Anticristo (1ª Jo 2.18; 4.3) e apesar de ser apresentada numa linguagem simbólica, a personagem é literal, trata-se de um líder mundial poderoso que chamará a atenção das nações pela sua diplomacia, astúcia e inteligência política. Primeiro a apostasia será avanço dos poderes do mal contra o povo e os propósitos de Deus. Cristo e Paulo, ambos advertiram contra essa final conspiração do mal (Mt 24.10; 1ª Tm 4.1-3; 2ª Tm 3.1-9; 4.3). 

2. A Grande Tribulação (Mt 24.15,21). A última semana de Daniel, pode ser dividida em partes distintas. A primeira metade o Anticristo fará um concerto com Israel por uma semana, mas a segunda metade terá início quando Israel se negar a adorá-lo, e então o Anticristo quebrará o tratado de paz (Dn 9.27b) e perseguirá o povo judeu. Essa segunda metade é a Grande Tributação (1ª Ts 5.3; Jr 30.7). Em seguida, surgirá um tempo de sofrimento e tamanha aflição em todo o mundo. Perseguição, humilhação e morte serão a tônica desse tempo, os crentes que ficaram no arrebatamento serão perseguidos e mortos (Ap 19.4), bem como os judeus que romperam o concerto de paz.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC