TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 4 de junho de 2022

A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE - DANIEL CAPÍTULO 8

 


Daniel 8.1,3-11 “No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio. 2- Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio Ulai. 3- Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. 4- Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia. 5- Estando eu observando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os olhos; 6- dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o seu furioso poder. 7- Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do poder dele. 8- O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do céu. 9- De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa. 10- Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. 11- Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.” 

Deus dá a Daniel uma previsão da destruição de outros reinos, que em seus dias eram tão poderosos quanto os da Babilônia.

No capítulo sete, Daniel tem a visão dos quatro animais, representando os quatro últimos impérios mundiais. Desta vez, o profeta vê dois animais diferentes, um carneiro com dois chifres que são os reis da Média e da Pérsia lutando contra um bode peludo que é o rei da Grécia.

Na verdade, este capítulo repete muito da predição do capítulo dois, e especialmente do capítulo sete. Todavia, o capítulo oito acrescenta detalhes importantíssimos quanto aos períodos medo-persa e grego. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

No capítulo 8, Daniel começa identificando os eventos no tempo, no 3º ano do reinado de Belsazar, segundo ele, depois daquela que lhe apareceu no princípio. Isto é, dois anos após o sonho de Daniel no cap. 7.

Está visão também é ocorrida na Babilônia, mas o profeta identifica dizendo: “quando a visão me veio, pareceu-me estar em Susão”; ou seja, Daniel é transportado em visão para Susã, capital de Elão, mas que tinha sido incorporada no território da Pérsia e era residência de inverno dos reis da Persia, cerca de 360 km a leste da Babilônia. Susã tornou-se a capital diplomática e administrativa do Império Persa (cf. Et 1.2; Ne 1.1).

Podemos dizer que as visões em Daniel 8, 9 e 11 não mostra os impérios todos cumprindo-se na história um após outro; não mostra Babilônia nem Roma. Isso porque Daniel 8 e Daniel 9 são visões paralelas; de forma que Daniel 9 registra os principais eventos que se devam cumprir-se na Cidade Santa, Jerusalém, durante as 70 semanas de anos começando pela ordem da restauração da cidade, em época de Ciro, rei persa no seu 1º ano de reinado – 1º ano do império Medo-Persa. 

II. A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE 

1. A visão do carneiro. “Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.” (Dn 8.3). 

Daniel tem uma visão onde um carneiro (v. 3), dá cabeçadas para o ocidente, norte e sul (v. 3). O mensageiro deixou claro que “aquele carneiro que viste são os reis da Média e da Pérsia” (v. 20), que são Ciro, o Persa e Dario, o Medo (v. 20).

O carneiro identificado como o império medo-persa venceu e derrotou o império babilônico quando Belsazar estava no poder. No mesmo dia em que Belsazar zombou de Deus ao utilizar os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, ele caiu nas mãos dos medo-persas. Nota-se que há uma repetição do predito na visão do capítulo sete sobre o segundo e o terceiro impérios, porém, Deus de maneira especial mostrou a Daniel o que estaria fazendo no futuro desses impérios e com o próprio povo de Israel. 

2. Os dois chifres do carneiro - Império Medo-Persa. O carneiro tinha dois chifres, mas não eram iguais, um era mais alto que o outro. O maior representa Ciro, o persa e o menor representa Dario, da Média. Os dois países (dois povos): medos e persas, a formarem um único império, apesar de serem dois reis; mas eram unidos.

Esta visão faz um paralelo com o “peito e os braços da estátua” no sonho de Nabucodonosor (Dn 2.32), e o “Urso que levanta uma das patas” em Daniel 7.5 e “o carneiro tinha dois chifres e um era mais alta do que a outra” (Dn 8.3), são representadas pelas duas nações, Medo e Persa (Dn 8.20).

O lado que se levantou do urso e um dos chifres mais alto que sobe por último do carneiro é a Pérsia que passou a ter mais poder sobre a Média. Apesar de ser mais recente a Média tornou-se proeminente. Em 550 a.C. Ciro, o persa, rebelou-se contra os Medos, que até então detinham o poder e tornou-se cabeça dos dois reinos.

De acordo com a história, os medos prevaleceram na guerra com a Babilônia. Dario foi o primeiro governante da união entre a Média e a Pérsia. Porém, logo os persas prevaleceram em força e Ciro tornou-se o rei do império. Eventos importantes aconteceram no período desses dois reis até que o carneiro foi vencido, surgindo na visão de Daniel a figura de um bode que ataca o carneiro e o vence (vs. 5-7). 

3. A visão do bode peludo. “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta 6- notável entre os olhos. 6- Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o ímpeto da sua força. 7- E o vi chegar perto do carneiro, irritar-se contra ele; e feriu o carneiro e lhe quebrou as duas pontas, pois não havia força no carneiro para parar diante dele; e o lançou por terra e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão.” (Dn 8.5-7).

Na visão de Daniel ele vê um bode com um chifre entre os olhos, vindo do ocidente sem tocar o chão (v. 5), que vai em direção ao carneiro (v. 6); o bode arremeteu contra o carneiro com muita força, ferindo-o e quebrando os seus dois chifres (v. 7).

O bode é identificado no verso 21 como sendo o rei da Grécia. Com séculos de antecedência, a profecia identifica a Grécia como o império que subjugaria a Medo-Pérsia. O bode andava sem tocar no chão (ou seja, ele voava), demonstrando a rapidez do exército grego. “Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “o bode representava a Grécia, e seu grande chifre refere-se a Alexandre, o Grande (8.21). O carneiro foi totalmente dominado e humilhado. Seus dois chifres foram quebrados e, após isso, ainda foi pisoteado sem compaixão pelo bode. Foi uma profecia de completa sujeição e derrota do império medo-persa pelos gregos. [Elienai Cabral, Lições Bíblicas CPAD].

Alexandre o Grande, um dos homens mais brilhantes dos tempos antigos: Rei da Macedônia, fundador do helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega. Foi ele o grande imperador que realizou grandes conquistas, sendo que em doze anos tinha o mundo aos seus pés. 

4. A Divisão do império de Alexandre. “E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu.” (Dn 8.8).

“....estando na sua maior força...”. Alexandre morreu ainda muito jovem, depois de ralizar grandes conquistas. Morreu em 323 a.C., na Babilônia, aos 33 anos de idade.

Cabe observar que alguns teólogos interpretam que o pequeno chifre nasce de entre os quatro chifres do bode, ou seja, seria um poder que se afirma a partir de um dos quatro reinos nos quais o império de Alexandre se divide.

Nos versículos oito e nove, a “ponta notável” se quebra e surge em seu lugar quatro outras chifres do bode (Dn 8.8-9). Esses quatro chifres menores representam os quatro generais que assumiram o império grego depois da morte de Alexandre. As quatro divisões do império grego foram lideradas por: Lisímaco, Cassandro, Ptolomeu e Selêuco. 

II. O CHIFRE PEQUENO 

1. A visão do chifre pequeno. “De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.” (v. 9). 

Na visão do profeta Daniel, surge de uma das quatro pontas notáveis, “uma ponta mui pequena”, e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro (Alexandre); levantando-se quatro em lugar dela, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dela. Daniel percebeu que esta “ponta pequena” cresceu muito, especialmente direcionada para a “terra formosa”, Jerusalém. Isso significa que de uma das ramificações do Império Grego deveria se levantar uma ponta ou um rei que se voltaria contra a “terra formosa”, Israel. Essa “ponta pequena” refere-se a Antíoco Epifânio o governante do reino selêucida de 175 a 164 a.C., e tornou-se um opressor terrível contra os judeus. 

2. A transgressão de Antíoco Epifânio contra Israel. “E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra.” (Dn 8.10,11). 

E se engrandeceu até ao exército dos céus...”. A perseguição dos servos de Deus é considerado como guerra contra o próprio Deus com consequências eternas. [Russel Shedd].

Antíoco Epifânio perseguiu os judeus de Jerusalém e da Judeia, desrespeitou as leis da Tora profanando o templo de Jerusalém, tirou o culto s Deus e substituiu pelos ritos pagãos. A história confirma também o assassinato do sumo-sacerdote judeu Onias em 170 d.C. Este rei cometeu tantas crueldades contra o povo de Deus, que muitos o veem como um tipo do Anticristo.

Antíoco IV não apenas entrou no Santo dos Santos e saqueou os vasos de ouro e prata, como também erigiu um altar a Zeus sobre o altar do Senhor no átrio do templo e ofereceu porcos sobre ele.

O verso 12 fala que por isso o exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário. O povo de Deus foi subjugado pelo chifre que começara pequeno (v. 9), Antíoco IV. Isso causou a interrupção das observâncias regulares no templo.

A Bíblia diz que o espírito do anticristo opera no mundo. De acordo com a crueldade, a ignomínia e a covardia de Antíoco Epifânio muitos estudiosos o relacionam como um tipo do Anticristo de que fala o Novo Testamento.

A Grécia, com todo o seu conhecimento, produz o primeiro Anticristo do Antigo Testamento. Antíoco teve um extraordinário amor pela arte, que se expressou em grandes templos. Ele queria substituir Zeus Olympius por Jeová em Jerusalém. 

3. A purificação do santuário (Dn 8.14). “Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do contínuo sacrifício e da transgressão assoladora, para que seja entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. (Dn 8.13,14).

Segundo a história, a purificação do santuário ocorreu três anos e dois meses depois de o altar do Senhor ter sido removido por Antíoco. Os sacrifícios eram oferecidos duas vezes ao dia, às 9 da manhã e às 3 da tarde era o horário que o povo de Deus da Antiga Aliança se reunião para adorá-lo. 

4. A diferença dos chifres dos animais.

4.1. O chifre pequeno do quaro animal (Dn 7.7-8). Este chifre pequeno representa o Anticristo que irá aparecer do Império Romano ressurgido na Grande Tribulação para governar junto com os dez reis, dos quais três será arrancado e juntamente com o falso profeta (Ap 13; Ap 17.7, 12). 

4.2. O chifre notável do carneiro (Dn 8.3). Nesta visão Daniel vê um carneiro com dois chifres altos, mas um subiu mais que o outro. Conforme já vimos, este chifre que sobe mais que o outro representa a Pérsia que dominou a Média. 

4.3. O chifre notável do bode peludo. O bode tinha uma ponta notável entre os olhos. Este chifre representa Alexandre o Grande do Império Grego. 

4.4. O chifre pequeno que surgiu depois da morte de Alexandre. “De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.” (Dn 8.9).

O chifre pequeno do bode peludo não pode ser confundido com o pequeno chifre do quarto animal (reino) em Daniel 7.8, o qual se levantaria durante o período romano, e não grego. O chifre pequeno em Daniel 7.8 vem como um décimo primeiro chifre depois de dez chifres precedentes (Ap 17.7, 12).

Daniel vê o chifre grande (Alexandre) se quebrar e em seu lugar saíram quatro chifres, ou seja, o Império Grego foi dividido entre os quatro generais após a morte de Alexandre o grande. Não é um quinto chifre independente, depois dos quatro anteriores, mas surge de um dos quatro chifres existentes, portanto, esse chifre que se destaca dentre os quatro generais, é o Antíoco Epifânio que perseguiu o povo de Deus em Israel. Este chifre é explicado (Daniel 8.23) para ser “um rei de semblante feroz”, etc. Portanto, o Império Grego nada tem a ver com o Império Romano e não se pode dizer de forma alguma que o império Romano saiu do Grego. Quem argumenta isso o faz sem base histórica e, por conseguinte diz uma inverdade.

O chifre pequeno que se tornou muito forte, conforme já estudamos é o Antíoco Epifânio, um tipo de Anticristo. 

III. O TEMPO DO FIM 

Mais pormenores sobre a Grécia prefigura os tempos do fim. Antíoco, prefigura o futuro Anticristo:

Daniel 8.23-25 “Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, se levantará um rei, feroz de cara, e será entendido em adivinhações. 24- E se fortalecerá a sua força, mas não pelo seu próprio poder; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os fortes e o povo santo. 25- E, pelo seu entendimento, também fará prosperar o engano na sua mão; e, no seu coração, se engrandecerá, e, por causa da tranquilidade, destruirá muitos, e se levantará contra o príncipe dos príncipes, mas, sem mão, será quebrado.” 

1. O significado do termo “tempo do fim” (Dn 8.17). Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o fim do tempo”, neste caso é uma alusão a todo o período entre o final do exílio e a segunda vinda de Cristo. Os governantes e impérios vistos por Daniel no capítulo oito já não existem mais. Homens como Alexandre e Epifânio morreram e seus impérios chegaram ao fim, pois os reinos deste mundo são efêmeros. Somente um reino nunca terá fim — o reino do Messias: “O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Dn 7.27). [Elienai Cabral. Lições Bíblicas CPAD - Lição 9: O prenúncio do Tempo do Fim. 4º Trimestre de 2014]. 

2. O “homem forte de Deus”. Referindo-se ao nome do anjo Gabriel, que estava falando com Daniel dizendo-lhe que aquela visão se referia ao tempo do fim (Dn 8.19). 

3. No fim do reinado deles. Precisamos entender que em parte a profecia se cumpriu, e em partes será para o tempo do fim.

Este trecho é o mais difícil nos profetas, uma dificuldade que é aumentada pelo atual estado do texto. Historicamente foi cumprido em Antíoco Epifanes, mas num sentido mais profundo ele apenas antecipa a terrível blasfêmia do chifre pequeno de Daneil 7.8; 9.25; 12.11. Em Daniel 8.10-14, as ações de ambos os chifres combinam.

Há fatos aqui não aplicáveis a Antíoco, mas podem se referir a uma personagem futura, ou seja, isso não é válido para os tempos de Antíoco, mas para os tempos finais da era cristã. Compare Lucas 18.8 e 2ª Timóteo 3.1-9, quanto à iniquidade do mundo em geral, pouco antes da segunda vinda de Cristo.

Quando a rebelião dos ímpios tiver chegado ao máximo, ou seja, quando o pecado estiver chegado a um patamar terrível, surgirá o Anticristo, talvez disfarçado de um salvador; entendido em adivinhações, encantamentos, ocultismo. Ele se tornará muito forte, mas não pelo seu próprio poder, mas de satanás (Ap 13.2b). 

4. Fará prosperar o engano. Ele enganará a muitos, será arrogante, orgulhoso (Dn 8.25). E, pelo seu entendimento, também fará prosperar o engano na sua mão; e, no seu coração, se engrandecerá. Provocará devastações terríveis (gênio militar) e será́ bem sucedido em tudo o que fizer (Dn 8.24). Destruirá́ os homens poderosos e o povo santo (Israel) (Dn 8.24) e se insurgirá contra o Príncipe dos príncipes.(Cristo) (Dn 8.25). Apesar disso, ele será́ destruído, mas não pelo poder dos homens (pelo poder de Deus no Armagedom) (Dn 8.25).

Ele perde o trono e a glória quando está no maior período de perseguição aos judeus, isso para deixar bem claro que não há outro senhor senão o Deus de Israel.  

5. “ao tempo determinado do fim”. Esta passagem tem um sentido duplo. Em primeiro lugar fala do fim do reinado de Antíoco, um homem extremamente corrupto e desprezível. Não temia a Deus ou a qualquer divindade. Completamente avesso a religião judaica. 

6. “...mas não pelo seu próprio poder” (v. 24). No princípio era “pequeno” (Dn 8.9; 7.8); mas, vencendo os outros através do ofício, o outrora chifre pequeno tornou-se “poderoso” (compare Daniel 8.25; 11.23). Para ser plenamente realizado pelo Anticristo. Ele deve agir pelo poder de Satanás, que será então autorizado a trabalhar através dele em licença irrestrita, tal como ele não tem agora (Ap 13.2); daí os dez reinos darão à besta seu poder (2ª Tessalonicenses 2.9-12; Ap 17.13). 

6. Príncipe dos príncipes (v. 25). É evidente que se refere ao mesmo ser designado como “Príncipe do exército”, no v. 11, ninguém além de Cristo. Esta passagem tem um sentido duplo; assim como Antíoco foi morto sem mão humanas, ou por nenhuma causa visível, da mesma forma o Anticristo e seu exército serão vencidos pelo poder invisível e divino. Uma antevisão da guerra do Armagedom: “levantará contra o príncipe dos príncipes, mas, sem mão, será quebrado.” O texto nos arremete para o Armagedom apocalíptico, quando o poder mundial sob o comando do Anticristo será destruído por pela vinda de Cristo em glória (Ap 19.11-21). 

7. Mas ele será quebrado sem mão. Antíoco Epifânio não foi assassinado nem morreu em batalha. Sua morte aconteceu em 166 a.C. de uma doença física. Segundo o autor do primeiro livro de Macabeus (1º Macabeus 6.8-16 ), ele morreu de tristeza e remorso na Babilônia. Sua morte é vista por muitos como um cumprimento da profecia registrada em Daniel 11.45. Para relatos variados sobre a sua morte, veja nos livros apócrifos de 1º Macabeus 6.1-16; 2º Macabeus 9.1-28.

Sem mãos, será quebrado, isto é, sem a mão do homem, ou por nenhuma causa visível. Ele será vencido pelo poder invisível e divino. Na volta de Cristo em Glória Ele julgará o reino do Anticristo durante a Grande Tribulação totalmente sem ingerência humana. Naquele momento, Ele o aniquilará e exterminará para sempre, preparando o caminho para Seu reino milenar e, finalmente, para Seu reinado eterno nos novos céus e na nova terra.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



quinta-feira, 2 de junho de 2022

OS QUATRO ÚLTIMOS IMPÉRIOS MUNDIAIS - DANIEL CAPÍTULO 7

 


O sonho do profeta Daniel no capitulo sete, é a mesma profecia do capitulo dois que interpretou ao rei Nabucodonosor; esta se deu 40 anos depois, já no reinado de Belsazar filho de Nabonido (Dn 7.1). No capítulo dois, ele descreve aparência exterior deste império; ao passo que, no capitulo sete, revela sua índole e caráter.

No capítulo 2 os impérios são representados por uma imagem de metais em quatro partes, no presente capítulo, estes mesmos impérios são representados por quatro animais.

A imagem de metais é descendente, começando com metal mais valioso (ouro) para o mais forte (ferro). De forma similar, a hierarquia dos animais move-se do mais honroso (leão, rei dos animais) ao poder mais esmagador (animal indescritível, mais feroz que qualquer um conhecido na natureza).

I.        O CURSO DOS TEMPOS DOS GENTIOS 

1. O paralelo entre os capítulos 2 e 7 de Daniel. Duas revelações paralelas no livro de Daniel nos dão a descrição completa deste período. No capítulo 2, por meio de Nabucodonosor, Deus revelou o lado político destes últimos impérios mundiais. No capítulo 7, por meio do profeta Daniel, Deus revelou o lado moral e espiritual através de quatro animais. A história política havia sido mostrada a Nabucodonosor, mas a história espiritual foi mostrada a Daniel. Notemos ainda o seguinte: No capitulo 2, as figuras representadas são tomadas da esfera inanimada, materiais como ouro, prata, bronze, ferro e barro. No capítulo 7, as figuras são representadas por seres animados, aqueles animais estranhos. Nos dois, aparecem quatro elementos, que obviamente seguem um ao outro cronologicamente, alcançando o clímax escatológico – o estabelecimento final do reino de Deus sobre a terra. 

2. O Mar agitado. Dn 7.2-3 “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. “E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”. 

A palavra “mar” na linguagem escatológica sempre representa as nações gentílicas (Is 17.12,13). O mar agitado representa as nações inquietas (ref. Ap 17.15). A inquietação e perplexidade das nações é uma característica do fim dos tempos, isto pelas crises mundiais cada vez maiores. “Os ventos” podem ser os poderes do mal que incitam e afligem as nações. São poderes usados por Deus para agitar a humanidade e são específicos. Obedecem e cumprem fielmente sua missão, agitando geologicamente mares, rios e a terra com seus vulcões. Açoitam a terra varrendo os continentes, e também sopram brandamente sobre a terra, avisando-a de possíveis catástrofes.

Em seguida é revelado a Daniel quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar (Dn 7.3), isto é, saem do meio dos povos. 

II.     O PODER DOS GENTIOS 

As nações usam imagens de animais como seus representantes, comunicando uma mensagem sobre como eles vêm a si mesmas. Algumas escolheram uma águia, outras um leão e ainda outras um urso ou um antílope.

Em Daniel 7 também encontramos vários animais. Entretanto, estes animais são indefiníveis ou misturas estranhas de bestas e todos eles são ferozes. Este capítulo nos leva para a parte escatológica do livro. 

1. O Leão com asas de águia. “O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem” (Dn 7.4). 

Era como o leão e tinha asas de águia (Império Babilônico). O leão corresponde a cabeça de ouro da estátua do capítulo 2 (2.32, 37, 38), a Nabucodonosor, rei do Império Babilônico.

O leão é a cabeça de ouro, refere-se ao orgulho, a vaidade e a fineza da Babilônia; leão com duas asas como de águia, nos diz a respeito da força e rapidez nas suas conquistas, como revela a história do nosso mundo. 

1.1. Breve história do Império Babilônico. O império Babilônico teve início no ano 612 a C.539 a.C.

A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19). Jeremias diz que a Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).

Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da cidade), 90 m de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos, que para qualquer tipo de guerra da Antiguidade, Babilônia era uma cidade simplesmente inconquistável. 

1.2. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha majestade” (Dn 4.30).

O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus feitos; o Senhor Deus diz ao profeta Isaías: “E a minha glória não a darei a outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a glória que pertence só a Deus. 

1.3. As profecias referentes à Babilônia. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia.

Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais” (Is 13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).

Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada, mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia secou-se e os Medos e Persas a conquistaram.

“Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas: seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is 44.27).

Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande Babilônia.

No ano 538 a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava num grande banquete juntamente com mil convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. Na noite da festa, Belsazar teve uma visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real, que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Como Daniel já era conhecido pelos seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha, e então trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas” (Dn 5.26-28). E mais uma vez o profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino.

Os Persas formaram uma colisão para derrotar a Babilônia. A Média sob o comando de Dário e a Pérsia sob Ciro. Na mesma noite em que Belsazar teve a visão, os Medos e os Persas invadiram a Babilônia, mataram Belsazar e tomaram o Palácio. Assim terminou o magnífico império babilônico, (a cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32, o leão com duas asas de Dn 7.4)

2. O Urso destruidor. “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual levantou-se de um lado, tendo na boca três costelas entre seus dentes; e foi-lhe dito: levanta e come muita carne.” (Dn 7.5). 

Depois do império babilônico viria um império que seria um pouco inferior, representado pela prata (Daniel 2.39).

O urso representa o segundo império mundial dos gentios, Medo-Persa. E corresponde ao peito e os braços da estátua (Dn 2.32-39). Este império teve início no ano de 539 a.C. 331 a.C.

As três costelas na boca do urso aludem à conquista da Babilônia, Lídia e Egito pelo império. 

3. O Leopardo altivo. “Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.” (Dn 7.6). 

O leopardo representa o terceiro império mundial o império Grego, que surgiu no período de 331a168 a.C., tendo como Governante Alexandre o Grande e os quatro generais; Este animal leopardo tinha asas em suas costas, que significa que era rápido como foi Alexandre em suas conquistas.

O leopardo corresponde ao ventre e as duas pernas de bronze da estátua do capítulo 2. 

O leopardo tinha “quatro asas e quatro cabeças”. As quatro asas do leopardo, indicam mais rapidez nas conquistas do que Babilônia, pois era um exército relâmpago em suas conquistas na guerra. As quatro cabeças falam da divisão do Império Grego em 4 partes (quatro reinos). Após a morte de Alexandre, o império Grego foi dividido entre os quatro generais: Cassandro (Macedônia), Lisímaco (Trácia), Ptolomeu(Egito) e Seleuco(Síria) isto representa a divisão do império em quatro reis. 

4. O animal terrível e espantoso. “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.” (Dn 7.7-8). 

O quarto animal seria um rei ou um reino, como os demais animais. Ele representa o quarto império mundial o império romano. Esta besta causou espanto em Daniel, por isso o chamou: espantoso, terrível e muito violento. Este animal tinha dentes de ferro, assim como as pernas de ferro e os pés, correspondem à visão de Nabucodonosor de que o quarto reino é forte como ferro, quebrando em pedaços e esmagando todos os outros (Dn 2.40,41), portanto o ferro representa dureza e maldade deste reino. Este reino seria forte, ou seja, um reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como foi o império romano, diferente de todos os reinos.

O reino de ferro dominou o mundo numa amplitude que nenhum império dantes o fizera. Com seus dentes de ferro despedaçava e devorava suas vítimas. 

4.1. Os dez chifres da besta. Este animal possui dez chifres (Dn 7.7, 20) e a estátua possui os dez dedos dos pés da estátua (Dn 2.33, 41) que representam as dez nações na grande do Império Romano que irá ressurgir no governo do Anticristo na tribulação (Ap 17.12). 

4.2. Ele abaterá três reis. “E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis.” (Dn 7.24). 

A identificação do império pretendido por esta besta tem sido o ponto crucial dos intérpretes.

Os dez chifres são dez reis ou reinos anteriores ao “pequeno chifre” (v. 8), o qual arranca três deles. Aqui está uma nova fase do quarto império. O o pequeno chifre simboliza o aparecimento do anticristo (2ª Ts 2.3-4,8). Também a simbologia usada sugere que esse chifre se refere a um indivíduo e não a um reino. Nesse chifre havia olhos como os de homem e uma boca que proferia palavras insolentes. 

4.3. Pequeno chifre. Desejo ser sucinto neste quesito, pois no estudo do último Império mundial, desejo elucidar com mais clareza.

Segundo a visão de Daniel a ponta pequeno se eleva após sua ascensão, a princípio “pequeno” (Dn 7.8); mas depois de destruir três dos dez, ele se torna maior que todos (Dn 7.20; Dn 7.21). Para entendermos este mistério precisamos nos reportar para o livro apocalíptico onde o anjo explica para o apóstolo João dizendo: “o mistério da mulher e da besta e tem sete cabeças e dez chifres.” (Ap 17.7); “E a besta, que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. (Ap 17.11).

Esta visão nos traz ao fim dos tempos dos gentios. Quando a quarta besta com dez chifres e o chifre pequeno, a última coisa falada sobre este império mundial, está em pleno andamento, então chega o fim.

Os três desaparecidos, ele é o oitavo (cf. Ap 17.11); uma cabeça distinta, e ainda “dos sete”. Como os reinos mundiais anteriores tinham suas cabeças representativas, vejamos:

1º O primeiro império mundial na história, conforme a Bíblia foi o Egito, na época de José no Egito, e da fome generalizada sobre a terra; quando também os israelitas permaneceriam escravos no Egito por aproximados 400 anos. (Livro de Êxodos – Bíblia). E o Egito, nessa época chegava a ter sob seu comando mais de um milhão de escravos hebreus a servir-lhe.

2º Segundo império mundial na história conforme a história é a Assíria. No tempo dos reis de Israel e Judá. São exatamente os reis da Assíria que deportam os judeus (do norte em Israel) transportando-os a outras nações, destruindo Israel (reino do norte) em cumprimento ao castigo da lei de Moisés; e, ao mesmo tempo, os reis da Assíria levariam povos estrangeiros p/ habitarem Israel, em lugar dos hebreus (por toda a Galileia e Samaria). (Isaías e 2º Reis e 2º Crônicas).

3º Terceiro império mundial na história – Babilônia – Daniel 1 e 2.

4º Quarto império mundial – Medos e Persas – Daniel 6 – Esdras e Neemias.

5º Quinto império mundial – Grécia –  Daniel 2.32c – Daniel 7.6 – Daniel 11  – Livro de Macabeus.

6º Sexto império mundial na história – Roma – Daniel 2.33a – Daniel 7.7 – os Evangelhos.

7º E o Sétimo e último império mundial. O sétimo reino (ONU), surgira com dez reis e entregarão o poder ao Anticristo no final dos tempos.

8º O oitavo império mundial. O governo único através do Anticristo.

Desde Antíoco Epífanes, o anticristo do terceiro reino em Daniel 8.1 e Daniel 8.27 era o inimigo pessoal de Deus; assim será o anticristo final do quarto reino, seu antítipo.

“O anticristo que já se manifestou na pessoa de Atíoco Epifânio (Dn 8.9,22), reaparecerá em forma ainda mais forte e global”. [Comentário Russel Shedd].

A Igreja sempre sofreu perseguições por vários anticristos no decorrer da história, porém, após seu arrebatamento da terra, levantar-se-á um que receberá poder de satanás no final dos tempos (Ap 13.2); será diferente dos outros reis (Dn 7.24); falará coisas espantosas (Dn 7.7); vai blasfemar contra Deus, caluniar Seu nome, (Dn 7.25; 11.36; Ap 13.5); irá perseguir o povo de Deus (Israel – Ap 12.3), fará guerra contra os santos (Dn 7.21,25; Ap 13.6-7), irá oprimir os santos e será́ bem sucedido por 3 anos e meio (Dn 7.25; Ap 13.7). Ele Mudará os tempos e as leis. Ele vai tentar mudar o calendário, talvez para definir uma “nova era” Nova ordem mundial, relacionada a si mesmo (Dn 7.25).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 31 de maio de 2022

A HISTÓRIA MUNDIAL NO SONHO DE NABUCODOSSOR DANIEL CAPÍTULO 2


  

O Antigo Testamento não foi projetado para ser um compêndio de “história antiga”. É a história do povo de Israel. As nações somente são referidas na medida em que entram em conexão com Israel. Babilônia era o mais antigo dos reinos (Gn 10.10). Compare Deuteronômio 32.8, Nabucodonosor não foi o primeiro rei, mas ele era a “cabeça” ou o princípio do domínio gentio na terra quando Israel foi levado para o cativeiro babilônico (cf. Jr 15.4; Jr 24.9; Jr 29.18). Esses reinos sucessivos são considerados apenas quando obtiveram a posse de Jerusalém. Eles existiam antes disso e cada um, por sua vez, foi absorvido no que teve sucesso.

Nabucodonosor era um dos grandes conquistadores da história antiga. Numa série de batalhas, ele venceu os assírios, o povo que dominara a Mesopotâmia durante os séculos anteriores. Defendeu-se contra os egípcios e estabeleceu as fronteiras de um império extenso e próspero. Conseguiu dominar a pequena, mas importante terra que conhecemos hoje como a Palestina, uma região por onde passavam as principais rotas comerciais entre a Ásia e a África. Passou por Jerusalém em 605 a.C. e levou os jovens mais inteligentes e nobres para a Babilônia, onde seriam educados na sabedoria babilônica e teriam oportunidades de até participar do governo do império. Daniel foi um desses jovens. 

 I. O SONHO DO REI NABUCODOSOR 

1. A crise provocada pelo sonho (Dn 2.1-19). Certa noite, o rei Nabucodonosor teve um sonho, uma grande revelação. Ao levantar-se pela manhã esqueceu o que havia sonhado, e seu espírito ficou grandemente perturbado. Então o rei mandou chamar os sábios do palácio: os magos, astrólogos, encantadores, e os caldeus, para revelar ao rei qual tinha sido o seu sonho. Mas, nenhum desses adivinhos e místicos puderam revelar (trazer conhecido) ao rei, o que ele havia sonhado. Jamais alguém poderia revelar sem ajuda divina. Nem mesmo o sonhador ou o próprio Satanás saberia, pois ele não é onisciente para saber os mistérios de Deus.

Porém, Nabucodonosor vendo que não podiam trazer conhecido o seu sonho, fez um decreto ordenando a morte de todos os magos, sábios e encantadores. O profeta Daniel e seus três amigos, Ananias, Misael e Azarias, sendo jovens e recém formados na corte babilônica, não foram chamados pelo rei juntamente com os outros sábios, mas o decreto da matança também os incluía.

Daniel, avisado sobre o decreto, prudentemente Daniel pediu ao chefe da guarda (Arioque era seu nome), permissão para falar com o rei, e pedir um pouco mais de tempo para que pudesse dar a interpretação do sonho. Isto lhe foi concedido. E em seguida foi para sua casa e comunicou o fato aos seus três amigos, que juntos em oração pediram misericórdia ao Senhor Deus, a fim de não perecerem com os demais sábios. Sendo YAHWE um Deus compassivo e misericordioso para com seus servos, revelou o sonho do rei ao profeta Daniel numa visão de noite. 

2. Daniel Louva a Deus pela revelação (Dn 2.20-23). A noite enquanto dormia, todo o mistério lhe foi revelado. Observe que após o tempo de oração eles foram dormir. Imagine, você saber que sua vida corre perigo, que seu tempo de vida pode estar chegando ao fim e mesmo assim, dormir tranquilamente.

A atitude de Daniel e seus amigos mostram que eles de fato confiavam no Senhor, e estavam tranquilos com relação a Sua providência.

Foi exatamente enquanto Daniel dormia que o Senhor lhe revelou o sonho e sua interpretação. Enquanto ele descansava em Deus.

Após o Senhor Deus ter revelado o sonho do rei ao profeta Daniel, ele O louvou grandemente dizendo: “Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; Ele muda os tempos e as horas; Ele remove os reis e estabelece os reis; Ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas; e com Ele mora a luz” (Dn 2.20-22).

O Deus de Daniel é o nosso Deus e continua nos dias de hoje, fazendo milagres, operando maravilha e revelando a Sua Palavra aos seus servos, é por isso que Jesus diz: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3.22).

Após Daniel ter louvado ao Rei dos reis e Senhor dos senhores, foi ter com o rei Nabucodonosor, não para reivindicar mérito pessoal por revelar o sonho e a interpretação. Devemos tomar cuidado para nunca aceitar mérito e louvor por aquilo que Deus faz através de nós. Mas foi para fazer conhecido ao rei o que ele havia sonhado. 

3. Daniel na presença do rei (Dn 2.25-30). Posto na presença do rei, este jovem judeu declarou as visões que o rei havia tido em sua cama, exatamente como elas aconteceram. Esta primeira visão, embora não tenha sido dada primariamente a Daniel, foi interpretada. Isto causou uma grande surpresa no coração do rei, pois era exatamente o que havia sonhado alguns dias anteriores a este encontro.

Quanto à entrada de Daniel na presença do rei foi algo surpreendente, e Daniel falou as palavras que se seguem:

“Então, Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação. 26- Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação? 27- Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; 28- mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas: 29- Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser. 30- E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente.” (Dn 2.25-30). 

 II.  DANIEL REVELOU E INTERPRETOU O SONHO (Dn 2.36-43). 

Daniel 2.31-35 “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. 32- A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de bronze; 33- as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro. 34- Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. 35- Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra.”

Na enorme estátua do sonho do rei, está predita a história das nações dos “tempos dos gentios”, começando por Nabucodonosor até a vinda de Jesus em glória.

Esta visão revela, em caráter profético, como dar-se-ão os acontecimentos sociais e políticos concernentes aos grandes reinos, impérios e confederações de países no mundo contemporâneo a Daniel, no período posterior aquele e no futuro (nossos dias).

Prosseguindo, vemos Daniel descrevendo o relato da interpretação do tal sonho. E a interpretação, que segundo ele é fiel, pois ela cumpre-se na íntegra na história da humanidade que são os quatro últimos impérios mundiais. 

1. Cabeça de ouro, o reino Babilônico (625 a 538 a.C.). “Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro.” (Dn 2.37-38).

A cabeça de ouro é a Babilônia, o reino do conquistador Nabucodonosor. O Império Babilônico representa o começo, o início dos tempos dos gentios. Sobre a expressão “tempos dos gentios” (cf. Lc 21.24).

Babilônia nos dias de Nabucodossor, detinha a hegemonia mundial, após ter derrotado a Assíria, em 612 a.C.

Depois da morte de Nabucodonosor, encontramos entre os seus sucessores o rei Nabonido (556-538 a.C.). Belsazar, seu filho, estava como co-regente na cidade da Babilônia, quando o Império Caldeu ruiu derrotado por Ciro, rei da Pérsia. 

2. O peito e os braços de prata, o reino Medo-Persa. “Depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu...” (2.39a).

“Depois de ti...” O reino babilônico seria seguido por um reino inferior, representado pelo peito e braços de prata (v. 32), este reino seria o império medo-persa fundado por Ciro (539 a.C.), o segundo Império mundial.

Para identificar os próximos dois, consideramos uma visão de Daniel no finalzinho do domínio babilônico, relatada no capítulo 8. Nesta visão, Deus mostrou-lhe mais detalhes sobre os próximos dois reinos, e os identificou como a Média-Pérsia (8.20) e a Grécia (8.21). Ligando as duas profecias, percebemos que a parte de prata representa Média-Pérsia, o reino que venceu a Babilônia em 539 a.C. 

3. O ventre e as coxas de cobre, o reino Grego. “...e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra.” (2.39b).

Um terceiro reino, simbolizado pelo ventre e coxas de cobre, representava o império grego fundado por Alexandre Magno (330 a.C.).

Aqui Daniel não traz os pormenores deste império. Mas no capítulo 7, sim. Trata-se do terceiro império mundial, a Grécia. O império que conquistou um território enorme no quarto século a.C. 

4. As duas pernas de ferro, o reino Romano. “O quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará.” (Dn 2.40). 

O reino de ferro (v. 33) representa o Império Romano. As pernas são a parte mais longa do corpo, o que indica a extensão do domínio romano. O Império Romano é considerado a maior civilização da história ocidental. Durou cinco séculos: começou em 27 a.C. e terminou em 476 d.C., conquistou praticamente todo o mundo antigo conhecido. As duas pernas correspondem a divisão do império romano ocidental e oriental. O imperador Diocleciano em 286 introduziu o sistema da tetrarquia, com dois imperadores intitulados Augusto, um no Oriente e um no Ocidente, cada um com um César nomeado. No entanto, o Império Romano do Oriente prolongou-se por mais um milénio, tendo sido conquistado pelo Império Otomano em 1453. [Wikipédia. Império Romano https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano#:~:text=O%20Imp%C3%A9rio%20Romano%20(em%20latim,na%20Europa%2C%20%C3%81frica%20e%20%C3%81sia - Acesso dia 14/052022]. 


Os pés, em parte é ferro, em parte de barro. (Dn 2.33, 41-43).
Ferro e barro não se misturam. Isto revela que neste tempo do fim não haverá “nações unidas” de fato. A propalada união das nações nestes últimos dias através da ONU. O ferro é o governo ditatorial, totalitário que hoje cada vez aumenta em todos os continentes (v. 40). O barro é o governo do povo, democrático, republicano. O barro é formado de partículas soltas, o que indica governo do povo, como apresenta-se o regime democrático. Já o ferro é formado de blocos compactos, indicando poder centralizado. Temos hoje no mundo estas duas formas de governo. Vemos assim pela Palavra de Deus que a última forma de governo na terra será o governo do Anticristo (ditatorial).

Os dez dedos dos pés na imagem (2.41-42) são dez reinos, como forma de expressão final do Império Romano, que ressurgira no governo do Anticristo e do falso profeta, no fim dos dias.

Como os pés são ao mesmo tempo 10 dedos, seria imaginação demais supor que o último império mundial humano será formado por 10 reinos? Não, pois no livro do Apocalipse capítulo 13, diz claramente que o último reino dos homens (liderado por um líder soberbo chamado a Besta) será formado inicialmente por exatamente 10 reis (que também são chamados pelo profeta de 10 chifres da Besta). A Profecia é perfeita e combina-se entre si em cada detalhe. Em resumo: Os 10 dedos da estátua formarão um novo reino, com um só propósito (conforme fala Apocalipse, capítulos 13 e 17, os 10 chifres da Besta), entregar o governo mundial para o Anticristo, mas este reino será um fracasso. Será a última tentativa do homem de fazer a coisa certa, antes do Reino de Deus ser implantado na terra. Esta mistura fracassada de ferro e barro (Oriente e Ocidente) já está acontecendo em nossos dias, como provamos anteriormente. Basta prestar atenção ao noticiário. Líderes mundiais viajam de um lugar para outro, todos falam em Globalização governo único. Em que ponto da estátua encontramo-nos atualmente? Justamente nos dedos, ou seja, a época dos dedos da Estátua.

A escala decrescente dos valores dos metais na estátua profética (2.32-33). Ouro, prata, bronze, ferro com barro, mostra a degradação da raça humana, na área moral, social e política, basta vermos as notícias mundiais para comprovarmos a imoralidade, corrupção e injustiças que fazem parte da humanidade sem Deus. 

 III.              O REINO DO SENHOR JESUS CRISTO 

“Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação.” (Dn 2.44-45).

Nabucodonosor viu, em seu sonho, uma Pedra vindo do céu e atingindo a estátua nos pés. Mas o que ela representa? O Reino de Deus, através de Jesus Cristo, que será implantado em breve, cuja capital será Jerusalém. Em várias partes da Bíblia Jesus é comparado a uma Rocha, uma Pedra para edificação e proteção do seu povo, mas também para destruição dos seus inimigos. 

1. Este reino é proveniente do céu. O versículo 34 diz: “Uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos” No evangelho segundo Mateus 21.42-44, temos a explanação da profecia da Pedra, dada por Jesus, que é a própria Pedra. A Pedra rejeitada por Israel Atos 4.11 “Este Jesus é a pedra rejeitada por vós”. Pedro referindo-se aos judeus que crucificaram Jesus, pois os judeus não queriam que Jesus reinasse sobre eles; “Não queremos que este reine sobre nós” (Lc 19.14). Paulo em 1ª Co 10.4 também fala sobre Jesus com pedra dizendo: “E beberam todos duma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo” (rf. 1ª Pe 2.4). A Pedra angular da igreja, a pedra de esquina (Ef 2.20).

A Pedra esmiuçará as nações (2.44): “aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó”. Isto é futuro, e refere-se ao Senhor Jesus na sua vinda em glória, com os santos (a Igreja) e os anjos para esmiuçar (quebrar) as nações e estabelecer o seu reino.

O salmista já fazia suas predições dizendo: “Tu os esmigalharás com vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor” (Sl 2.9-11).

Uma montanha nada mais é do que barro e pedra sob diferentes formas. Isto fala de Jesus que nasceria como homem aqui na terra (Is 53.3), sem intervenção humana, isto é, sendo gerado pelo Espírito Santo, e não pelo homem. Algo idêntico ocorrerá quando o Reino de Deus for estabelecido aqui brevemente, ou seja, sem auxílio humano. Sua conquista não será efetuada por armas carnais:

“E então será revelado o iníquo (Anticristo), a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor de sua vinda” (2ª Ts 2.8).

Quanto à expressão “sem o auxílio de mãos” quer dizer, sem o auxílio de mãos humanas (cf. Dn 8.25). A pedra bateu violentamente nos pés da estátua e esmiuçou-a. Quatro vezes está dito que a pedra esmiuçou a imagem (Dn 2.34, 40, 44, 45). Portanto, o mundo não findará convertido pela pregação do Evangelho, e sim destruído com violência sobrenatural na vinda de Jesus. Isto ocorrerá em Armagedom, no tempo do domínio mundial das nações confederadas sob o governo do Anticristo (Ap 17.11-13; 19.11-21).

A pedra que Jesus feriu a estátua nos pés, e em seguida destruiu a cabeça, o peito, o ventre e as pernas (2.34). Isto indica que todas as formas de governo representadas por estas partes da estátua, existirão sob a Besta, no futuro que será destruída por Cristo onde será implantado Seu governo por mil anos. Ainda que o Império Romano se reerga, Cristo o destruirá. Nosso Senhor é Aquela pedra que, sem esforço humano, abateu-se sobre a estátua vista por Nabucodonosor.

O Mercado Comum Europeu, Asiático, Mercosul e ALCA: já é o palco para o Anticristo. A estátua começou como uma obra grandiosa e fina, e terminou em pó (2.35). A pedra começou com uma pedra diminuta, mas depois encheu o mundo inteiro: “encheu toda a terra”. Isto mostra a magnitude e poder de Cristo.

A profecia de Daniel afirma: “Então foram juntamente esmiuçados o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais fizeram-se como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua tornou-se uma grande montanha, e encheu toda a terra” (Dn 2.35).Os reinos do mundo (e todos os seus súditos) serão destruídos e soprados para muito longe, porém o reino da Pedra (e seus súditos) encherão a terra e reinarão para sempre.

O rei Nabucodonosor viu esta Pedra em seu sonho. A Pedra caiu do céu, atingia a grande estátua nos pés e transformava tudo em pó. Isto representa a Segunda Vinda de Cristo para estabelecer o Seu Reino na terra, após julgar e destruir seus inimigos.

O rei Nabucodonosor ficou estarrecido ao ouvir do profeta Daniel as revelações contidas em seu sonho. Tudo cumpriu-se exatamente como Deus planejou. Cabe a cada pessoas receber a mensagem do Reino e permitir que ele se estabeleça em sua vida. 

“Nos dias desses reis...” isto é, na época da unificação deste reino dividido, no tempo de formação deste último império, em outras palavras: em nossa própria época. O nosso tempo é a formação do reino dos dedos da estátua. Isto já está acontecendo. Agora só falta a pedra.

Portanto, desde Babilônia, está sendo cumprido hoje e será justamente neste período que se levantará o Anticristo (6 é o número do homem rebelde). O 7.º período (O REINO DE JESUS CRISTO) está aproximando-se velozmente. A Profecia é perfeita e a Matemática de Deus também.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau SC

segunda-feira, 30 de maio de 2022

O TEMPOS DOS GENTIOS

 


Lucas 21.24 “Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles!”

O texto de Lucas, Jesus aponta a um período em que Jerusalém será pisada pelos gentios. Ao se referir à destruição de Jerusalém, Lucas declarou que seus habitantes seriam mortos ao fio da espada, que os sobreviventes seriam espalhados como prisioneiros de guerra entre as nações e que a cidade seria destruída (e dominada) por povos pagãos até que o tempo deles se completasse, ou seja, “...até que os tempos destes se completem.”

Quando comparamos as profecias constantes de Daniel, Apocalipse, Mateus 24 e Lucas 21, concluímos que o lapso temporal indefinido, que começou logo após a destruição de Jerusalém (no ano 70 d.C.), já estava previsto na Palavra profética. É o período denominado “os tempos dos gentios” (Lc 21.24), o qual perdurará até o início da septuagésima semana, isto é, a Grande Tribulação.

Quanto tempo deveria durar a era chamada de tempos dos gentios? A primeira parte da profecia se cumpriu de modo dramático no ano 70 d.C., quando as tropas romanas sob o comando de Tito, filho do imperador Vespasiano, invadiram Jerusalém e destruíram tudo o que encontraram pela frente, inclusive o templo. Milhares de judeus foram mortos (Lc 13.34, 35). Por muitos anos depois da destruição, os judeus não puderam sequer se aproximar das ruínas da cidade. Até hoje, parte de Jerusalém permanece nas mãos de gentios, pois os muçulmanos controlam o lado oriental da cidade. Portanto, o tempo dos gentios, começa com a destruição de Jerusalém até a segunda vinda, com a possível implicação de que, ao fim do período, o juízo divino também recairia sobre as nações gentílicas.

Quando começou a era chamada de tempos dos gentios? Por que esta profecia ainda não se cumpriu por completa? Analisando as palavras proféticas de Jesus Ele diz: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clamor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.” (Mt 24.29-31).

Nas palavras de Jesus a grande tribulação viria primeiro, depois o escurecimento do sol e da lua (Mt 24.29-31), que viriam “antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.20), portanto, o tempo dos gentios termina com o retorno de Cristo em glória.

Quando examinamos o livro das revelações do apóstolo João, encontramos referências semelhantes ao tempo do domínio gentio terminando com o retorno de Cristo. Em Apocalipse 11.2, João indica que Jerusalém estará sob o domínio dos gentios, embora o templo tenha sido restaurado. Os exércitos da Besta são destruídos pelo Senhor em Apocalipse 19.17-19, pouco antes do início do reinado milenar de Cristo.

Um tema de Romanos 11 é que, quando o povo judeu rejeitou a Cristo, ele foi temporariamente privado das bênçãos de um relacionamento com Deus. Como resultado, o evangelho foi dado aos gentios, e eles o receberam de bom grado. Este endurecimento parcial do coração por parte de Israel não impede que judeus individuais sejam salvos, mas que a nação aceite a Cristo como Messias até que Seus planos sejam concluídos. Quando chegar a hora certa, Deus restaurará toda a nação e os judeus terão fé n’Ele mais uma vez, encerrando “os tempos dos gentios” (Is 17.7; 62.11–12; Rm 11.26).

Pr. Elias Ribas - Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



sexta-feira, 27 de maio de 2022

APOCALIPSE

 


Para compreendermos melhor a Escatologia Bíblica (doutrina das últimas coisas), é necessário fazermos uma introdução apocalíptica, assim entenderemos melhor os acontecimentos a respeito do fim dos tempos.

O termo apocalipse do grego “apokalypsis”; no latim é “Revelatio”, que significa ação de tirar para fora, revelar o que está oculto. (De “Apo”, longe de, e “Kalyptõ”, ocultar).

A Bíblia é um livro cuja interpretação é considerada difícil. Muitos estudiosos a utilizam para edificação; outros, porém, para apresentar teses contraditórias. Esta confusão deve-se em grande parte, ao fato de não se levarem em conta os gêneros literários existentes no Livro Sagrado e também sabermos que ela foi revelada a seres humanos que embora iluminados pelo Espírito Santo, utilizavam os meios de expressão de sua época e de suas regiões. É necessário, portanto, para o interprete contemporâneo retroceder no tempo e procurar ambientar-se com as circunstancias nas quais os autores bíblicos receberam a revelação, ao comporem seus escritos.

O Apocalipse traz a “revelação de Jesus Cristos” para os últimos dias. Portanto Seu verdadeiro autor é o Filho de Deus. Ele é o testemunho apocalíptico. As palavras proféticas (1.3) deste livro (22.7, 18, 19) contêm o testemunho de Jesus, que o “pneuma” (espírito) da profecia (19.10).

Deus é o Senhor de todo espírito de profecia (22.6); sendo assim, Cristo é o possuidor dos sete espíritos de Deus (3.1). Diante deste testemunho do Apocalipse, podemos observar que o instrumento escolhido por Deus para receber a revelação foi o seu servo João, que obteve o testemunho através de anjos (1.1), quando estava na prisão na Ilha de Patmos (1.9).

O Apocalipse, por sua natureza histórico-profética, é dos mais fascinantes livros até hoje divulgados. O fato de tratar-se de uma “revelação de Jesus Cristo” indica que com todos os fatos e acontecimentos ali expostos estão na pessoa de Cristo, como motivo central do livro. Portanto, faz-se necessário o estudo sistemático a fim de conhecerem a linguagem simbólica e as predições de uma catástrofe que alcançará os pecadores, nestes últimos dias, ao mesmo tempo em que descobrirão no plano sobrenatural para os fiéis seguidores de Cristo.

Observemos ainda que cada grupo de sete é precedido por uma introdução. As perícopes do autor (ex. 8.3) devem ser consideradas pelo leitor com trechos intermediários. Notemos ainda que os grupos de sete são homogêneos; somente dois são interrompidos em seu desenvolvimento: precisamente a visão dos selos, num só caso (Ap 7.1-17) e a visão das trombetas duas vezes (8.13; 10.1-11).

O algarismo sete representa o número da perfeição, deparamos ainda com outros registros de sete, como: sete espíritos de Deus, isto é, sete lâmpadas que ardiam diante do trono, representando o Espírito Santo em Sua operação sétuplo (4.5), sete cabeças da besta que o autor viu subir do mar e que representam os sete montes, os sete personagens e os sete reis (13.1; 17.9-10); e ainda as sete bem-aventuranças, a primeira das quais está no primeiro capítulo (1.3) e a última no capítulo (22.14). O simples registro do uso do número sete demonstra que Deus tem um plano para cada figura e para cada símbolo que aparece nas páginas do livro de Apocalipse.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



terça-feira, 24 de maio de 2022

INTRODUÇÃO DO LIVRO DO PROFETA DANIEL

 

1. Significado do Nome Daniel. Daniel no hebraico דָּנִיֵּאל Daniyyel e significa “o Senhor é meu juiz”, “Deus é meu juiz”. O nome Daniel é formado pela junção dos elementos dan, que significa literalmente “aquele que julga, juiz”, e El, que quer dizer “Senhor, Deus”.

2. A autoria do livro de Daniel. Historicamente, tanto o judaísmo como o cristianismo, reconhecem o livro de Daniel no cânon bíblico Indiscutivelmente, foi o próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C. Ele iniciou sua obra  escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no palácio de Susã (Dn 8.2). O livro contém doze capítulos, majoritariamente escrito em hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto aramaico.

O livro de Daniel é uma riqueza para a igreja cristã, e tem como objetivo revelar o futuro do mundo gentílico e da nação israelita. Além de histórico, o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e outras que ainda vão se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo de Israel e aos gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da linguagem alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como gênero apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o povo de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros.

3. A vida de Daniel. Daniel ainda muito jovem foi levado para Babilônia como cativo. Em terra estranha ele serviu fielmente a Deus. Levou uma vida imaculada em meio ao paganismo, idolatria e ocultismo da corte oriental babilônica. Ele foi levado para Babilônia na primeira leva de exilados de Judá, em 606 a.C., quando tinha 14 a 16 anos de idade. Aí viveu no palácio de Nabucodonosor, como estudante, estadista e profeta de Deus, atravessando o reino de todos os reis babilônicos, exceto o primeiro deles – Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, fundador do neo-Império Babilônico. Chegou até o Império Persa sob Ciro em 536 a.C. (Dn 6.28; 10.1). Prestou cerca de setenta e dois anos de abnegados serviços a Deus e ao próximo.

4. As profecias de Daniel. Em duas ocasiões distintas, o Senhor revela ao profeta Daniel, tipologicamente as figuras dos quatro últimos impérios mundiais; no capítulo 2 e capítulo 7.

Sob as ordens de Nabucodosor, jovens judeus, da linhagem real e dos nobres, deveriam ser escolhidos para estar na presença deste rei. Eles deveriam servi-lo com aconselhamentos e interpretações, possuir boa aparência, ser instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciência e entendidos no conhecimento. Deveriam também possuir habilidades para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus (Dn 1.4). Entre estes jovens sobressaem-se quatro jovens judeus. Destes quatro jovens destacamos Daniel, que posteriormente teve seu nome mudado para Beltessazar, que quer dizer “príncipe de Bel”, onde Bel era o nome de um deus babilônico equivalente a Baal e a Marduque, deuses da época.

Daniel por duas vezes teve visões e revelações proféticas na Babilônia. São estas visões que nos trazem luz aos acontecimentos que dar-se-ão no tempo do fim. Através da interpretação destas visões, nos situamos profeticamente e historicamente, podemos assim sentir o peso da responsabilidade de estarmos preparados para quando o fim chegar.

Nestas visões está predito o futuro do mundo gentílico na era dos “últimos dias” (Dn 2.28). Isto alcança os tempos da vinda de Jesus e o estabelecimento do Milênio. A matéria profética deste assunto é tão importante que vem repetida no capítulo 7. Uma das diferenças é que no capítulo 2, a revelação divina veio por meio de um sonho profético ao rei Nabucodonosor, rei da Babilônia; e no capítulo 7, por meio de uma visão profética concedida a Daniel.

Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembleia de Deus Blumenau - SC