TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 22 de janeiro de 2022

DONS DE SERVIÇO

 


TEXTO BÁSICO

“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função. 5 Assim também nós, conquanto muitos, somos um corpo em Cristo e membros uns dos outros. Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia seja segundo a porção da fé. Se ministério dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no faze-lo. Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria” (Romanos 12.3-8). 

Pela graça que me foi dada. Isto é, a “graça” ou o dom do apostolado (ver 1.5, 15.15). A medida da fé. “Fé” aqui tem sentido bem diferente do que tem na primeira parte da epístola. Aqui indica o poder espiritual dado a cada cristão para o desempenho da sua responsabilidade especial. No verso 6 Paulo diz: “segundo a proporção da fé” = “em proporção à fé Que um homem tem”.

Paulo alista os dons da graça (gr. charismata), como são chamados. Um dom espiritual pode constituir-se de uma disposição interior, bem como de uma capacitação ou aptidão; “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fl 2.13), concedida pelo Espírito Santo ao indivíduo, na congregação, para edificação do povo de Deus e para expressar o seu amor a outras pessoas. 

A lista que Paulo escreve sobre os dons da graça devem ser um exemplário e não a totalidade deles, pois são inúmeros e não estão aqui sua totalidade. Neste capítulo de Romanos Paulo cita alguns dons de realizações e também alguns ministeriais. 

1. Profecia. Como dom do ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros profetas. O mesmo pode ser definido como a capacidade de receber e transmitir uma mensagem imediata de Deus por meio de uma palavra divinamente ungida para uma situação específica. Essa mensagem pode ser baseada na Bíblia ou numa revelação especial coerente com a Bíblia. É importante dizer que a mesma não significa necessariamente revelar a vida de outra como alguns pensam, basta ver os profetas do Antigo Testamento: eles trazem uma mensagem que condena a injustiça e pregoa a justiça e a obediência.

Sobre este dom abordaremos nos dons ministeriais. 

2. Servir. Do grego diaconia. Significa: “ministério, serviço”. É a capacidade dada por Deus para vermos as necessidades dos outros e supri-las.

1. Trabalhar para alguém: servir um patrão;

2. Dar a comer e a beber a alguém. É o dom de suprir as necessidades pela realização de projetos sociais que ajudam a outros (aliviando-os e animando-os).

A palavra de Deus diz em 1ª Pedro 4.10-11 “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” 

3. Ensino. A palavra ensino do grego didaquê. Daqui vem a palavra didático. É a capacidade dada por Deus para expormos com clareza e convicção as verdades do ensino de Cristo.

O ensinador que a Bíblia chama de mestre é um dom ministerial (cf. Ef 4.11) e também podemos classificar como um dom natural. Natural porque tem que desenvolver as técnicas de didáticas, para que os que escutam possam assimilar o e aprender o seu ensino. Por isso podemos também enquadrar como dom natural.

Um professor de matemática, história, geografia, ciências etc., precisou estudar e se formar para ser um ensinador. Notamos que este ensinador possui um dom natural, mas precisou se capacitar através do estudo para ser um ensinador. Porém o dom ministerial de mestre ou doutor difere do mestre secular no aspecto de ele estar ensinando a Palavra de Deus. E este Deus revela seus mistérios através da Sua Palavra.

Qualquer crente que tem o desejo de ensinar deve primeiro buscar o aprimoramento para não trazer um ensino distorcido. O ensinador tem grande responsabilidade com que ensina, pois não se trata de ensino secular, mas das coisas de Deus.

Com referência a este dom abordaremos melhor nos dons ministeriais. 

4. Exortar. A palavra exortar no grego parakaleo, no lat. Exhortationem significa: aconselhar; animar; encorajar. O verbo “exortar”, não significa repreender alguém ou reprimir. Antes de tudo, é o fortalecimento espiritual dos santos através da ministração de palavras de ânimo e encorajamento.

Exortar é a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o crente proclamar a Palavra de Deus de maneira que ela atinja o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes, estimule a fé e produza nas pessoas uma dedicação mais profunda a Cristo e uma separação completa do pecado.

O exortador vê o problema específico e dá passos necessários para resolver; evita sistema de informações que não dá solução prática; tem capacidade de ver como Deus usa tribulações nas outras pessoas; preocupa-se com o crescimento dos indivíduos; relação pessoal; depende muito da aceitação visível dos outros; tem capacidade de seguir passos e sente tristeza quando não vê isso; gosta de conversação pessoal para aprender. 

5. Contribuir. Do grego metadídomi, significa: “doar, compartilhar, investir”. É a capacidade dada por Deus para sabermos administrar bem nossas finanças e contribuir na obra de Deus.

Todos nós devemos contribuir: “Cada um contribua…” (2ª Co 9.7), mas muitos têm este dom de contribuir (Romanos 12) com liberalidade (com simplicidade) e de todo o seu coração.

Capacidade para compras e investimentos; gosta de dar; não gosta de pressão; tenta motivar outros a contribuir; muito alerta para coisas e logo se esquece; tem alegria em saber que a contribuição foi resposta de oração; gosta de contribuição de qualidade; gosta de se sentir parte do grupo. Sente se alegre de ver o que deu, cumprir um alvo espiritual. 

6. Presidir. Do grego próistemi, significa “ficar de pé na frente”. É a capacidade dada por Deus para liderarmos e ajudarmos nas atividades dos outros.

Aqui Paulo se refere ao dom ministerial na Igreja, também mencionado em Ef 4.11. Presidir ou liderar é a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o obreiro pastorear, conduzir e administrar as várias atividades da Igreja, visando o bem espiritual de todos.

Jesus, quando viu com compaixão a multidão exausta e aflita como ovelhas sem pastor, proveu líderes para ela dos seus discípulos (Mt 9.35-38 e 10.1,5a).

Tem amor pela obra e demonstra carisma pelos liderados; Sente alegria quando vê tudo no lugar. Vê o quadro todo; gosta de estabelecer alvos; organiza para completar objetivos rapidamente; identifica recursos disponíveis; gosta de usar os recursos ao máximo; sabe delegar autoridade; se não há liderança ele entra e lidera; aguenta reações negativas; completa uma coisa e vai à outra; coordena muitas facetas para alcançar os objetivos. 

7. Misericórdia. Do grego éleos. É a capacidade dada por Deus para termos compaixão dos fracos, antipáticos, mal vistos, mal cheirosos. É a motivação de identificar-se com, e de responder às carências de pessoas aflitas ou necessitadas.

Sente alegria e tristeza com outros; sente atração pelas pessoas tristes; quer resolver os problemas dos outros; tem interesse nos conflitos dos outros; evita firmeza para não ser duro; gosta de unidade e paz; é alerta para perceber as necessidades emocionais; gosta de conforta. Sente alegria em saber que as necessidades dos outros são supridas.

Sua particularidade é que este dom revela o caráter de Deus. Deus é misericordioso. E nós, como seus filhos, também devemos ser.

Mas muitos têm este dom em sua vida (Rm 12). A parábola do bom samaritano demonstra com clareza o dom de misericórdia (Lc 10.29-37).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

OS DONS NA BÍBLIA

 


I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA DOM 

A palavra dom no grego dõron significa uma dádiva, um presente que nos é dado por Deus. Dõrea, presente grátis, charisma. Os dons de Deus, ou doações aos crentes mediante o Espírito Santo para edificação das Igrejas (Rm 12.6; 1ª Co 1.7; 12.4, 9, 28, 30, 31; 1ª Tm 4.14; 1ª Pe 4.10), para que ela proclame o Evangelho de Jesus a toda criatura. Além de auxiliar o Corpo de Cristo no exercício da Grande Comissão, os dons divinos subsidiam os santos para que cheguem à unidade da fé (Ef 4.12,13).

A palavra usada para dons, pela primeira vez, contrasta compneumaúkon de 1ª Coríntios 12.1. Charismata se refere a dons da graça de Deus em cada cristão, por meio dos quais Deus pode fortalecer Seu povo. Diversidade aparece nos versículos 4 ,5 e 6 sob a forma da mesma palavra grega. Os dons, são as capacidades miraculosas que o Espírito dá aos filhos de Deus (Rm 12.3-8; 1ª Pe 4.10). A diversidades de dons para diversos serviços, mas o Espírito é o mesmo (v.4), o Senhor é o mesmo (v. 5), mas Deus é o mesmo que opera todas as coisas; diversidade de membros (1ª Co 12.20), mas o corpo é o mesmo. 

II. NO ANTIGO TESTAMENTO 

O Dicionário Bíblico Wycliffe mostra que há várias palavras hebraicas que significam “dádiva”. A origem dessas palavras está na raiz hebraica nathan, que significa “dar”. Por isso, podemos afirmar que no Antigo Testamento há vislumbres dos dons divinos concedidos a pessoas peculiares como reis, sacerdotes, profetas e outros. Todavia, os dons divinos não estavam acessíveis ao povo de Deus da Antiga Aliança como observamos no regime da Nova Aliança. 

III. NO NOVO TESTAMENTO 

1. O significado da palavra dom. No Novo Testamento a palavra “dom” aparece com diferentes significados, que se relacionam ao verbo grego didomi. Este verbo representa o sentido ativo da palavra “dar” em Filipenses 4.15. Na Nova Aliança, os dons de Deus estão disponíveis para que a Igreja, em nome de Jesus, promova a libertação dos cativos, ministre a cura aos doentes e proclame a salvação do homem para a glória de Deus. O Novo Testamento também deixa claro que todos os crentes têm acesso direto a Deus através de Cristo Jesus e, por isso, podem receber os dons do Espírito.

Os dons espirituais são atuais e estão disponíveis para quaisquer crentes — crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos — serem instrumentos de Deus dispostos a expandir o Seu Reino e edificar a Igreja de Cristo no mundo.

Não há fórmulas mágicas para se receber um dom espiritual. Pela sua infinita e amorosa graça, Deus concede a cada crente lavado e remido pelo sangue de Jesus a oportunidade de ser instrumento disponível para o mundo e a Igreja de Cristo.

Para ser um portador dos dons, de acordo com a Bíblia, precisamos rogar ao Pai dons da sua parte. Aguardar essas promessas em oração, leitura da Palavra, entoando louvores a Deus. O nosso relacionamento com o Pai precisa ser aperfeiçoado, pois quando nos aproximamos d’Ele, Ele se aproxima de nós. 

IV. TERMOS BÍBLICOS DESIGNADORES DOS DONS 

“Ora, os dons são diversos...” (1º Co 12-4). Os dons espirituais podem ser classificados como: 

1. Dons de serviço ou da graça (charismata). Falam da graça subsequente de Deus em todos os tempos e aspectos da salvação (1ª Co 12.4; Rm 12.6). São os dons dados a Igreja, ao corpo de Cristo, não a denominação, não exclusivamente à pessoa, mas ao corpo e para edificação da mesma (Ef 4.11-15). São vocações, inclinação, dons natos. São meios de cada personalidade e de cada temperamento. 

2. Dons ministeriais (diakoniai). Correspondem aos dons de serviços ou ministérios práticos. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (1ª Co 12.5,12-27). 

3. Dons espirituais (pneumatikos) ou Manifestações (phanerōsis). O termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (1ª Co 12.7; 14.1).

Talentos e dons espirituais fazem parte da capacitação de Deus para que você realize todas as tarefas que lhe forem atribuídas com excelência.

Os dons são recebidos para serem usados na vida da igreja. “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” (1ª Pedro 4.10).

Pr. Elias ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

MISTROS DE CRISTO

 


1ª Coríntios 4.1-5,14-16 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. 2- Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel. 3- Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. 4- Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. 5- Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor. 14- Não escrevo essas coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos como meus filhos amados. 15- Porque, ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu, pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo. 16- Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.” 

INTRODUÇÃO

Quem são os verdadeiros ministros de Cristo segundo a Bíblia? Como identificá-los? Quais são suas qualidades? Qual é a sua missão? No versículo 1 do texto básico, Paulo ao destacar o papel do obreiro cristão, emprega dois vocábulos traduzidos por “ministro” (hypēretēs) e “despenseiro” (oikonomos). O primeiro refere-se ao remador de um navio da época, que remava abaixo da linha da superfície. Seu trabalho era volumoso, pesado e sempre sob as ordens de um chefe. A lição aqui comunicada é de subordinação aos superiores, trabalho e humildade. O segundo diz respeito a um servo administrador de uma casa ou propriedade. É a lição da fidelidade, capacidade e responsabilidade. 

“A missão de Paulo para pregar o evangelho foi constituída sobre quatro elementos: serviço, mordomia, fidelidade e sensibilidade aos juízos de Deus”. 

Fidelidade: Qualidade de fiel; lealdade; constância, firmeza, perseverança. Deus não precisa da ajuda humana, mas permite que seus ministros participem da realização de seus eternos propósitos. 

A doutrina que Paulo transmitiu aos Coríntios é válida para os nossos dias, para que tanto as igrejas, como os próprios pastores, tenham consciência do sentido de suas atuações, entendendo que são DESPENSEIROS DE DEUS. 

1. O significado da palavra ministro. O termo “ministros” é a tradução do grego hupêretas. Conforme o Dicionário VINE (2003, p. 791, CPAD), significa literalmente “remador” (da fileira de baixo) (formado de hupo, “debaixo de”, e eretes, “remador”). A palavra hupêretas, significa, literalmente, “remador inferior” ou “remador subordinado”. 

Nos tempos de Paulo o remador era um “escravo” que remava na parte de baixo de grandes navios romanas, obedecendo exclusivamente ordens de um superior. Em outras palavras, Paulo está dizendo: “Não somos os capitães do navio, mas apenas escravos de uma galé, obedecendo a ordens. Por acaso um escravo é maior do que outro?” Em seguida, o apóstolo explica a imagem do despenseiro. Um despenseiro é um servo que administra todos os bens de seu senhor, mas ele próprio não possui coisa alguma. (W.W.Wiersbe). 

I. OS VERDADEIROS MINISTROS DE CRISTO 

1. São chamados pela vontade de Deus. Só os autenticamente chamados por Deus devem, de fato, exercer o ministério evangélico (Hb 5.4). Paulo tinha plena convicção de que fora separado por Deus para pregar sua Palavra: At 13.2; Rm 1.1; Gl 1.15. “Fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado” (1ª Ts 2.4). Quem exerce o santo ministério sem a direta convocação do Senhor – o dono da obra – é um intruso, e quanto mais cedo desistir, melhor, pois está profanando as coisas santas. 

2. Têm senso de responsabilidade ministerial. Um genuíno obreiro de Cristo tem acurado discernimento espiritual. Ele sempre age com o objetivo de obter um bom testemunho (1 Tm 3.7). A vida do ministro de Deus precisa ser observada, respeitada e aprovada não só pelos descrentes, mas, especialmente, pelos irmãos em Cristo (3ª Jo v. 12). 

3. São piedosos e íntegros. O verdadeiro ministro de Cristo vive uma vida digna, não só diante de Deus, mas também dos homens (2ª Co 8.21; 1ª Tm 6.11,12). Comporta-se de modo honroso no trabalho, na vizinhança e na família, sem escândalos. Assim como o profeta Elizeu, pode ouvir dos que o cercam: “Este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus” (2ª Rs 4.9). A santidade é um imperativo na vida do obreiro. 

Um bom ministro de Cristo não apenas ordena, mas, em tudo é o exemplo para o rebanho, no seu comportamento, nas orações, nos dízimos e ofertas etc. (Hb 7.8,9; Ml 3.10). 

4. São comprometidos com a Palavra de Deus (2ª Tm 2.15; 4.2). Isto é, pregam a Palavra de Cristo e não “palavras persuasivas de sabedoria humana” (1 Co 2.4). O servo do Senhor não deve enxertar seus sermões com retórica política, comentários da mídia e psicologia popular. 

A vida do ministro de Deus precisa ser observada, respeitada e aprovada não só pelos descrentes, mas, especialmente, pelos irmãos em Cristo. 

II. A MISSÃO DOS MINISTROS DE CRISTO 

A missão de todos os chamados por Deus para realizar sua obra, especialmente por meio da pregação do evangelho, apoia-se em três pilares: 

Entendendo que o fundamento da Igreja é JESUS CRISTO, e que Ele é o centro da direção da Igreja, nenhum líder é superior em si mesmo, mas é Deus quem o capacita. 

1. Serviço. Na vida secular entendemos a palavra ministro como um título de alguém que ocupa um alto cargo no governo com elevada autoridade: Primeiro Ministro, Ministro da Economia, Ministro de Educação e, assim por diante. Todavia, o termo ministro no âmbito bíblico-eclesiástico, conforme descrito no Novo Testamento, refere-se a um servo, serviçal, prestador de serviço, ministrador, assistente, atendente, como em 1 Co 3.5; 2 Co 6.4 (diakonos); Rm 15.16; Hb 8.2 (leitourgos); At 26.16; 1ª Co 4.1 (hypēretēs). 

Todo servo no trabalho do Senhor é pequeno, humilde, seja qual for a sua posição. Só o Eterno é infinitamente grande. Se alguém pensa que é grande, não é nada diante dEle! 

O verdadeiro servo de Deus não tem vontade própria; seu prazer e realização estão em fazer a vontade do Senhor, por amor, gratidão e privilégio.

2. Mordomia. O apóstolo Paulo e seus companheiros de ministério não se consideravam donos da obra de Deus, mas mordomos do Senhor, isto é, “despenseiros dos mistérios de Deus” (v. 1), ou seja, aqueles que administram os negócios de seu Senhor. 

O obreiro cristão, portanto, não é dono da obra, serviço ou trabalho que ele faz para Deus na Igreja. O Altíssimo dá obreiros à Igreja (Ef 4.11), mas não dá Igreja aos obreiros como propriedade sua para fazer o que deseja e como quiser. 

A Igreja (At 20.28), o rebanho (1ª Pe 5.2) e a obra pertencem ao Senhor (1ª Co 15.58). 

3. Fidelidade. Fidelidade é um atributo de Deus. Ele é fiel (1ª Co 1.9; 10.13; Ap 19.11). Não há dúvida de que esta é a qualidade primordial de um ministro de Cristo: “requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1ª Co 4.2; Mt 24.45). De nada adianta o obreiro pregar o evangelho e ensinar a Palavra, se ele é desobediente, displicente, e nem sequer pratica o que prega e ensina. É necessário que o servo seja fiel ao seu Senhor e à sua obra, diariamente. A verdadeira fidelidade revela-se em nossos atos cotidianos. Devemos cumprir a nossa palavra e promessas que fazemos às pessoas (Mt 5.37; Tg 5.12). Os olhos do Senhor estão à procura dos que são fiéis (Sl 101.6). Em Jeremias 48.10 encontramos um veemente alerta de Deus nesse sentido. 

A missão dos ministros de Cristo consiste no serviço, na mordomia, isto é, na administração dos negócios de Deus e, sobretudo, em sua fidelidade. 

III. MINISTROS DOS MISTÉRIOS DE DEUS 

1ª Coríntios 2.7 “Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória.” 

1. Que mistérios sãos estes? São as verdades e doutrinas bíblicas da redenção e do glorioso futuro da Igreja do Senhor, desconhecidas no Antigo Testamento, mas reveladas por Jesus nos Evangelhos, e pelo Espírito Santo através dos escritores das epístolas do Novo Testamento: “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória”. 

Os coríntios exaltavam a sabedoria humana (capítulo 1). Em contraste, Paulo demonstrava que tanto o meio de salvação que Deus escolheu (a crucificação de Cristo 1.18-25) quanto o povo que Deus salvou (1.26-31) contradizem a sabedoria humana. No capítulo 2, Paulo mostra que Deus se revela somente através do Espírito; portanto, a sabedoria dos homens não pode chegar a conhecer Deus nem a aprender sua vontade. 

2. Métodos de ensino dos ministros de Cristo (2.1-5). Deus escolheu uma mensagem simples que Paulo proclamou de modo direto. Ele não mostrou eloquência retórica nem filosofia humana, mas simplesmente declarou Cristo e sua crucificação. Muitos líderes religiosos até hoje procuram projetar uma imagem de ostentosa autoconfiança; Paulo mostrou humildade, sentindo sua inadequação diante da tremenda tarefa de proclamar a vontade do Senhor. Sua recusa a fascinar sua audiência com seu próprio encanto e cultura deixaram a fé do povo repousando no Senhor e não nele mesmo.

IV. QUEM SÃO OS MINISTROS 

1. Os ministros da Palavra são cooperadores de Deus. 1ª Co 3.9 “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” 

2. Os ministros da Palavra são embaixadores de Deus. 2ª Co 8.23 “Quanto a Tito, é meu companheiro, e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo.” 

3. Os ministros da Palavra devem ser exemplos em tudo. Fp 3.17 “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.”

Um ministro do evangelho, um pai ou um cristão de qualquer idade ou condição, deve viver de modo que possa se referir ao seu próprio exemplo e exortar outros a imitar o curso da vida que ele levou. Paulo poderia fazer isso sem ostentação ou impropriedade. Eles sabiam que ele vivia para ser um exemplo adequado para os outros; e ele sabia que eles sentiriam que sua vida havia sido tal que não haveria impropriedade em se referir a ela dessa maneira. Mas, infelizmente, quão poucos existem que podem imitar Paulo com segurança nisso! 

4. Os ministros da Palavra devem buscar a perfeição. 2ª Tm 3.17 “Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” 

O estudo das Escrituras torna o cristão perfeito, no sentido de capaz ou eficiente. Perfeitamente instruído significa plenamente preparado. A pessoa que domina a Palavra de Deus nunca perde seu caminho. 

Toda a boa obra. Paulo enfatiza a ligação essencial entre conhecer a Palavra de Deus e aplicá-la à vida pessoal do dia-a-dia. A doutrina correta deve produzir a prática correta. 

5. Os ministros da Palavra devem ser aprovados. 2ª Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado.” (2ª Tm 2.15a).

O obreiro que se envolve na seara do mestre deve ter qualificação Divina e também uma característica ser um trabalhador aprovado.

At 2.22Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis”.

Aprovado por Deus. “Certos homens buscam o aplauso e recompensa deste mundo vulgo; quanto a ti mesmo e ao teu ministério; aprovados diante de Deus”. Aliás, não há nada mais eficaz para testar o insensato amor à ostentação do que recordar que é a Deus que teremos de prestar contas.” 

O texto bíblico de 1ª Timóteo 3.2,3, afirma que o bispo não deve ser dado ao vinho, espancador, cobiçoso de torpe ganância, contencioso ou avarento; a recomendação é que o obreiro seja moderado. A Igreja, o Corpo de Cristo, precisa contemplar em seu líder sinais claros do fruto do Espírito, tais como autocontrole, mansidão, bondade e amor. Estas características denotam idoneidade moral e maturidade espiritual. A mesma postura moral que o pastor atesta aos fiéis deve ser demonstrada, igualmente, aos infiéis (1ª Tm 3.7). 

Conforme exemplo que temos no livro de Atos 6.1-3, os sete diáconos que foram escolhidos para ajudar os apóstolos eram homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria. Assim deve ser nosso serviço a Deus. Primeiro devemos ser homens de oração cheios do Espírito e de Sabedoria. Esta é a base para o nosso serviço e não nossas habilidades. 

6. Os ministros da Palavra e seus frutos. Mateus 7.16-18 “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? 17- Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. 18- Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.”

O Salvador dá o teste apropriado de seu caráter. As pessoas não julgam uma árvore por suas folhas, cascas ou flores, mas pelos frutos que ela produz. As flores podem ser lindas e perfumadas, a folhagem grossa e verde; mas estes são meramente ornamentais. É o “fruto” que é o principal serviço ao homem; e ele forma sua opinião sobre a natureza e o valor da árvore por esse fruto. Então, de pretensões à religião. A profissão pode ser justa; mas a “conduta” – o fruto – é determinar a natureza dos princípios. 

IV. A AVALIAÇÃO DOS MINISTROS DE CRISTO (1 Co 4.3-5) 

1. O juízo dos outros (v. 3). Paulo declarou que pouco se importava com a avaliação dos coríntios a respeito dele e do seu ministério. Ele não permitia que tais juízos influenciassem sua fé e conduta. Os Coríntios não estavam em condições de julgar os outros. Como um despenseiro de Deus, ele era diretamente responsável diante de Cristo. Nenhum obreiro deve julgar temerariamente seus pares. O Senhor, na sua vinda trará à luz as ações e os desígnios secretos de cada um. Então, cada um receberá a sua recompensa (v. 5). 

2. O juízo próprio. Paulo também não dependia de juízo próprio: “nem eu tampouco a mim mesmo me julgo” (v. 3). O juízo próprio é perigoso porque a pessoa facilmente sanciona as suas próprias opiniões, aprova a sua própria conduta e acalenta seus próprios erros. 

3. O juízo de Deus (v. 5). Como servos do Senhor, Paulo e seus companheiros de ministério deveriam ser avaliados e julgados pelo seu Senhor e Mestre, e não pelos coríntios (vv.3-7). Não existe obreiro perfeito, mas também não existe congregação perfeita, como era o caso de Corinto. Arão, o ministro, fez a congregação de Israel pecar diante do Senhor (Êx 32). Todavia, a mesma congregação também fez Moisés pecar (Dt 1.37,38; 3.26; Sl 106.32,33). 

4. O juízo do Tribunal de Cristo (v. 5). “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor” (cf. 1ª Co 3.13-15; 2ª Co 5.10; Rm 14.10,12). 

5. O que é, e como se dará esse juízo?

5.1. A Bíblia afirma que “todos”, sem exceção, seremos julgados (2ª Co 5.10; Rm 14.10,12). 

5.2. Trata-se de julgamento e recompensa (ou perda de recompensa) das obras, trabalho, serviço, desempenho e testemunho cristão. Este fato acontecerá nos lugares celestiais, a saber, no Tribunal de Cristo. 

5.3. O julgamento não diz respeito ao destino eterno do crente, mas às suas obras. O cristão jamais será julgado como filho de Deus (Jo 1.12,13; 5.24; Rm 8.1), mas o será como servo. Filho de Deus, no sentido de salvo pelo sangue de Cristo, só há um tipo, mas de servo, há vários. Isto será notório naquele grande dia! 

São altamente solenes para todos os santos as palavras de Apocalipse 14.13, vindas do Espírito Santo: “E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam”. 

5.4. O Tribunal de Cristo é o dia da pesagem das nossas obras na justa balança de Deus (1º Sm 2.3). O Senhor julgará não somente os atos, mas também os motivos e meios que levaram a eles (1ª Jo 3.15). Nossas ações, mesmo boas, mas com motivações erradas, egoístas, indignas, injustas e até antibíblicas serão severamente julgadas. Sete vezes nas cartas às igrejas, no Apocalipse, Jesus declarou: “Eu sei as tuas obras”. 

CONCLUSÃO

Assim como Paulo e seus companheiros, todos os obreiros da Igreja de Deus devem ser humildes. Não há lugar no trabalho do Senhor para o orgulho, ou presunção, pois a obra é de Deus, e Ele requer de seus obreiros submissão e fidelidade. Conforme indagou o Senhor Jesus: “Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos?” (Lc 12.42). 

FONTE DE PESQUISA 

1. HORTON, S. M. I e II Coríntios: os problemas da igreja e suas soluções. RJ: CPAD, 2003.

HOOVER, T. R. Comentário Bíblico 1e 2 Coríntios. RJ: CPAD, 1999.

GILBERTO Antônio. Despenseiros dos mistérios de Deus. Lições Bíblicas CPAD

2º Trimestre de 2009. Rio de Janeiro - RJ.

Pr. Elias ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - Sc

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A CHAMADA DIVINA PARA O MINISTÉRIO

 


Mt 11.28 “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobre carregados, (oprimidos) e eu vos aliviarei”. 

Mt 4.18-22 “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; 19- E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20- Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21- E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; 22- E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no”. 

INTRODUÇÃO. Erwin Lutzer define chamado como “uma convicção interior, dada pelo Espírito Santo e confirmada pela Palavra de Deus e pelo Corpo de Cristo”. 

I. O QUE É CHAMADO DIVINO 

Chamada do lat. Clamare, significa chamar em alta voz; ou gritar. Conclamação feita por Deus para os homens (sem quaisquer exceções), aceitável.

A palavra vocação tem origens gregas no verbo καλεω - kaleo e suas variações (o substantivo klêsis e o adjetivo kletós).

Ambas provêm do verbo grego kaleo que significa “chamar ou convocar”.

O Sentido de o verbo chamar no grego kaleo, e significa chamar em voz alta, mas usado em uma variedade de aplicações, diretamente ou não.

Kaleo significa: convidar, chamar (para fora), (quem, qual) nome (foi [chamado]).

A Bíblia apresenta algumas variações:

O verbo kaleo significa eu chamo, nomeio, convoco: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados (eklêthete)” (Ef 4.1).

O substantivo klêsis significa vocação, chamado, convite: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação (klêsin)” (1ª Co 1.26). O adjetivo kletós significa chamado, convocado: “de cujo número sois também vós, chamados (kletòi) para serdes de Jesus Cristo” (Rm 1.6). 

Segundo Lothar Coenen, em artigo no Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento:

- Cento e quarenta e oito (148) vezes o termo kaleo surge no Novo Testamento Grego 148 vezes.

- 11 A palavra klêsis.

- Paulo usa kaleo 29 vezes;

Oito vezes Klêsis;

Sete kletós;

Esses termos quase sempre são empregados com o sentido de vocação procedente da parte de Deus. É o Senhor dirigindo-se ao homem, convocando-o para a salvação e para o serviço do seu reino. É o Pai dizendo em tom soberano (e não apelativo): Venha, filho! Assim, o sentido original da vocação divina não soa nas Escrituras como um gentil convite da parte do Deus misericordioso e amável, ao qual o homem pode ou não atender, mas como um chamado, uma convocação, uma intimação irrecusável. 

1. Vocação é o chamado divino dirigido ao homem. Todo ser humano é, de alguma forma, vocacionado. Os eleitos são especialmente chamados para receber a salvação que lhes é oferecida em Cristo Jesus, para agregar-se à igreja de Deus e para colocar-se inteiramente à sua disposição, servindo-o em algum tipo de missão que Ele mesmo determinará. 

II. TIPOS DE CHAMADA 

Existem vários tipos de chamada: 1) Chamada Universal; 2) Chamada Ministerial; 3) Chamada Especifica. Vejamos: 

1. Chamada universal.

1.1. Primeiro lugar Ele nos chama para o evangelho.

O convide de Jesus não é seletivo, mas para todos os homens. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

Deus chama o homem para desfrutar de uma porção especial no Seu evangelho.

Is 55.1-3 “Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. 2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. 3 Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi”. 

A chamada universal é extensiva a todas as pessoas indistintamente. Todas as pessoas são convidadas para a salvação e chamadas para o arrependimento (1ª Tm 2.3-5).

Jo 3.16-18 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.

1ª Jo 2.2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”

2ª Pe 3.9O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.

At 17.30Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam.”

Ap 22.17 “E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida.” 

1.2. As pessoas que atendem ao chamado para o arrependimento e a salvação, também atendem aos seguintes chamados:

A. Chamados para o seu reino (1ª Ts 2.12).

B. Chamados a liberdade (Gl 5.13).

C. Chamados para ser filhos de Deus (Rm 9.26).

D. Chamados para ser irmãos de Cristo (Hb.2.11).

E. Chamados para a sua maravilhosa Luz (1ª Pd 2.9).

F. Chamados para as Bodas do Cordeiro (Ap 19.9).

G. Chamados pelo Senhor nosso Deus (At 2.3). 

III. AS TRÊS FASES DE UMA CHAMADA MINISTERIAL 

A chamada ministerial pode ser dividida em três fases: 1. Vinde. 2. Ficai. 3. Ide. 

1. Vinde. Em Mt 4.18-19, Jesus observando a Pedro e André, disse-lhes: “VINDE após mim, e eu vos farei pescadores de homens”.

Primeiro, Jesus nos chama para aprendermos com Ele. “Vinde a mim...e aprendei de mim...” (Mt 11.28-29), esse foi o convite de Jesus extensivo a todos. Ninguém pode ser chamado para o ministério, se primeiro, não nascer de novo. Nicodemos era um mestre da Lei, porém, não havia ainda nascido de novo (Jo 3.1-10). 

2. Ficai. Em Lc 24.49, Jesus disse aos seus discípulos: “Ficai na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”.

Esse “ficai”, fala da preparação que o obreiro precisa ter. Antes de ir, o obreiro deve ficar em Jerusalém. Jerusalém simboliza o nosso lugar de preparação, até que sejamos revestidos de poder e capacitados para exercermos o nosso ministério. 

2.1. O obreiro chamado por Deus precisa investir na sua educação e desenvolver a sua aptidão para o ensino da Palavra de Deus (1ª Tm 3.2).

A. Paulo aconselhou a Timóteo se aplicar a leitura (1ª Tm.4.13).

B. O obreiro chamado por Deus deve se aplicar a leitura da Palavra de Deus e de outros bons livros (2ª Tm.4.13).

C. Em Ef 6.15, Paulo afirma que devemos calçar os pés com os sapatos da preparação do Evangelho da Paz. Para pisarmos em serpentes e escorpiões é preciso estarmos calçados (Lc 10.19).

D. O obreiro não pode sair por aí descalço, é preciso estar bem calçado, e revestido de toda a armadura de Deus. 

3. Ide. A terceira fase da chamada ministerial é IDE. “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15). Para ir é preciso já estar preparado.

3.1. Entre o VINDE e o IDE deve haver um bom período de preparação. Os discípulos permaneceram três anos e meio aprendendo aos pés do Mestre dos mestres. Paulo permaneceu um bom tempo se preparando (Gl 1.15-18).

3.2. Na fase do IDE, o obreiro chamado por Deus já deve ter o selo da aprovação divina (1ª Tm 2.15). Tendo já a aprovação divina de seu ministério, o homem chamado por Deus deve então obedecer o seguinte IDE: “IDE, portanto, fazei discípulos de todas as nações...” (Mt 28.19). 

IV. CHAMADA MINISTERIAL 

1. Chamada ministerial. A chamada ministerial é uma espécie de “segunda chamada”.

1.1. A primeira chamada é para o arrependimento e a salvação.

1.2. A segunda chamada é a convocação do Senhor da seara ás pessoas escolhidas para o exercício da obra de Deus.

1.3. A primeira chamada é para todos, porém, a segunda chamada é para um grupo seleto. Quando Deus escolheu a nação de Israel para ser o seu povo peculiar, Ele chamou todas as 12 Tribos (Gn 49.28; Êx 19.4-6). Porém, dentre as 12 Tribos, Ele escolheu e chamou para o Santo Ministério, apenas a Tribo de Levi (Nm 1.47-54; 17.1-8).

1.4. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, todos os homens chamados por Deus precisavam ser qualificados. Existe um ditado que diz: “Deus não chama os capacitados, porém, capacita os que Ele chama”. 

Vejamos:

A. Moisés se achava incapaz, mais era capacitado, e Deus o capacitou ainda mais (Êx 4.1-12). Um homem formado em todas as ciências do Egito não poderia ser incapaz (At 7.22).

B. Os homens escolhidos para ajudar Moisés precisavam ser qualificados e capazes (Êx 18.21).

C. Os 70 Anciãos auxiliares de Moisés precisavam ter as qualidades de líderes (Nm 11.16-17).

D. Em 1º Crônicas 9.13, havia 1.700 homens capazes para a obra do Ministério da Casa de Deus.

E. Os Engenheiros e Arquitetos, do Tabernáculo precisavam ser qualificados (Êx 31.1-11; 36.1).

F. Os Arquitetos e Engenheiros do Templo de Salomão precisava ser qualificado (2º Cr 2.13-14).

G. Os primeiros obreiros consagrados na Igreja Primitiva precisavam ser qualificados (At 6.3-5).

H. Em 1ª Timóteo 3.1-13, estão todas as qualificações exigidas nas pessoas chamadas para o Ministério. 

2. Chamada especifica. A chamada especifica é uma escolha nominal do Senhor, com o objetivo de enviar e escolher pessoas para uma missão ou obra especial.

- Em Mc 3.13, está escrito que Jesus “Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele”. 

2.1. Você é vocacionado. Você não nasceu por acaso, não existe apenas por existir. Há um propósito divino na sua passagem pela terra. Como já dizia Salomão: “O Senhor fez todas as coisas para determinados fins” (Pv 16.4).

- Jesus chama os que Ele quer, e não os que nós queremos. A chamada ministerial precisa ser valorizada, porque, ela veio do alto. Jesus subiu ao monte para chamar os seus discípulos, para revelar a eles que, a sua chamada partiu do alto, partiu do Monte. Em Êx.19.20, está escrito que “Descendo o Senhor para o cimo do monte Sinai, chamou o Senhor a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu”.

2.2. Chamados para sermos embaixadores. A nossa chamada deve ser valorizada, porque, ela veio do alto, ela veio do Senhor. A chamada ministerial precisa ser valorizada, porque, nós fomos constituídos como “embaixadores em nome de Cristo”.

2ª Co 5.20 “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.”

O significa a palavra embaixador? No grego πρεσβεύω presbeuo. Significa ser um embaixador; emissário, mensageiro; agir como representante (no sentido figurado, pregador do evangelho (Ef 4.11; 6.20).

Embaixador, sugere a ideia de alguém enviado no lugar de seu Senhor ou Rei e autorizado com a sua autoridade. O Ministro do Evangelho é um Embaixador que está autorizado a agir em Nome de Cristo.

O Embaixador de Cristo é um cidadão do céu (Fp 3.20-21) enviado a homens rebeldes, no lugar do seu Rei, Cristo, com o objetivo de oferecer as condições de paz que o Evangelho oferece. A honra e a glória do seu Rei e Senhor dependerão de suas palavras e comportamento. Por isso, a chamada ministerial precisa ser muito valorizada. 

2.3. Chamados para proclamar as virtudes do evangelho. 1ª Pe 2.9-10 “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus...”. 

2.4. Chamados para ser colunas. Os 12 Apóstolos foram chamados nominalmente e escolhidos para uma missão especial e especifica de serem as colunas principais da Igreja (Gl 2.9; Ef 2.20 e Ap 21.14).

- Paulo foi chamado de forma especifica para levar o Nome do Senhor perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (At 9.1-15). Paulo foi designado por excelência como o “Apóstolo dos Gentios” (1ª Tm.2.7).

- Barnabé e Saulo foram chamados nominalmente pelo Espírito Santo para uma obra especifica (At 13.2-4).

- Bezaleel e Aisamaque foram chamados nominalmente por Deus para a obra especifica do Tabernáculo (Êx 31.1-11).

- Em Gn 6.13, Noé foi chamado de forma especial e para uma obra especifica de construir a Arca.

- Em Gn 12.1-3, Abraão foi chamado de forma especial e para uma missão especifica de todas as famílias da terra serem abençoadas por sua causa.

- Em Gn 28.12, Jacó foi chamado de forma especial e com a missão especifica de ser o progenitor das 12 Tribos que formariam a nação de Israel.

- Em Gn 41.38-43, José foi chamado de uma forma especial e para uma missão de governar o Egito e administrar uma crise mundial.

- Em Êx 3.7-10, Moisés foi chamado com uma missão especial de libertar o povo de Israel do Egito.

- Em Nm 27.18-23, Josué foi chamado com a missão especial de introduzir o povo de Israel na Terra Prometida.

- Em 1º Sm 3.1-10, Samuel foi chamado de forma especial para realizar uma grande obra em Israel.

- Em 1º Sm.16 13, Davi foi chamado de uma forma especial e escolhido pelo próprio Deus para ser o maior rei da História de Israel.

- Em 1º Rs 19.19, Eliseu foi chamado de forma especial para suceder o profeta Elias.

- Em Is 6.8-9, Isaías foi chamado de forma especial para ser o maior profeta evangélico do Antigo Testamento.

- Em Jr 1.5, Jeremias foi chamado por Deus desde o ventre de sua mãe para ser o profeta das nações.

- Em Ez 2.1-8, Ezequiel foi chamado por Deus para uma missão especial de ser um atalaia de Deus.

- Em Am 7.15, Amós foi chamado de forma especial para profetizar ao povo de Israel.

- Em Jn 1.2, Jonas foi chamado para uma missão especial de pregar para os ninivitas.

- Em Gl 1.15-16, Paulo foi chamado desde o ventre materno para uma missão especial de tornar o mistério de Deus conhecido entre os gentios. 

V. A CHAMADA PARA O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SUAS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS 

1. Chamada é um ato soberano do Senhor (Sl 105.26; Is 43.13; Sl 78.70-72). 

2. Ele é quem escolhe, nomeia, capacita e põe obreiros na Igreja (Jo 15.16; Ef 4.8- 12; 1 Co 3.3-9; 12.8; Jr 3.15). 

3. Ele é quem envia trabalhadores para a sua seara (Mt 9.37,38; Lc 10.2; Mt 20.1-14). 

4. Ele chama a quem quer (Mc 3.13,14; 1ª Sm 16.11-13).

O nosso chamado, portanto, não é uma escolha pessoal, uma profissão religiosa, mas uma chamada irresistível para servir ao Senhor em Seu nome e para a Sua glória. Gosto muito do pensamento: “Deus não chamou homens extraordinários para um trabalho comum, mas homens comuns para um trabalho extraordinário”. 

VI. A CONVICÇÃO DA CHAMADA 

1. O obreiro deve ter a convicção da sua chamada. 

2. O obreiro verdadeiramente chamado pelo Senhor sente o peso da responsabilidade e, se pudesse, escaparia dela.

1ª Co 9.16 “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (outras ref. Jn 1.12; Jr 1.1-9). 

3. O obreiro verdadeiramente chamado por Deus, tem o seu ministério confirmado a cada dia. “O Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (1ª Pedro 5.10; Sl 37.23). 

3.1. E o importante, nesse caso, é o que o Senhor diz acerca desse obreiro, e não o que as pessoas pensam ou falam dele (At 14.6-20; Jó 1.8; Mt 11.19; 17.5). 

3.2. Deus faz questão de demonstrar que está com quem verdadeiramente chamou (Nm 17), dando testemunho dele (Is 41.8; Nm 12.3; Jr 6.12; At 13.22; Dn 10.11; Lc 7.28; At 9.15). 

VII. VALORIZANDO A CHAMADA MINISTERIAL 

1. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 3.7-8, Paulo afirma que, se o ministério da Antiga Aliança se revestiu de glória, “como não será de maior glória o ministério do Espírito!” 

2. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 4.1, Paulo afirma que “tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos”. 

3. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 5.18, Paulo afirma que Deus nos deu o “ministério da reconciliação”. 

4. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 6.3, Paulo afirma que não devemos dar nenhum motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja censurado. 

5. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em Cl 4.17, Paulo aconselhou a Arquipo, dizendo: “Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires”. 

6. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 1ª Tm 1.12, Paulo afirma que devemos ser gratos a Jesus Cristo, por nos ter designado para o ministério. 

7. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Tm 4.5, Paulo aconselhou a Timóteo cumprir integralmente o seu ministério. 

8. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Tm 4.11, Paulo valorizou a chamada ministerial de João Marcos. 

9. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em Hb.8.6, está escrito que Jesus teve um Ministério Excelente! Devemos também procurar desenvolver um ministério excelente.