TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 3 de março de 2021

A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

  


Em Gênesis, no capítulo 1 e 2, temos a descrição da criação, que também incluí a criação do homem e da mulher, e uma breve descrição da vida deles sem o pecado no jardim do Éden. A Bíblia não nos diz quanto tempo Adão e Eva viveram sem saber o que era pecar. O fato é que, num determinado momento de suas vidas, pela desobediência a Deus, o pecado entrou na vida de Adão e Eva.

Antes de o homem ser induzido ao pecado, já encontramos outro pecador – “a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás (Ap 12.9 e 20.2), tentando a mulher a duvidar da justiça e da bondade do Criador”.

Algum tempo após o estabelecimento da aliança entre Deus e o homem, Satanás entrou no paraíso, com o objetivo de introduzir confusão naquele ambiente de paz. O ardil usado por Satanás foi dúvida, a qual conseguiu introduzir na mente da mulher através da insinuação maliciosa, “...certamente não morrereis” (Gn 3.1-6).

A queda do homem foi o grande pecado de todos os séculos. Essa condição espiritual e pecaminosa o casal transmitiu à sua posterioridade.

I.       A DEFINIÇÃO DA PALAVRA QUEDA

Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram(Rm 5.12).

Sabemos que o homem não foi criado pecador, mas é verdade que o poder do pecado entrou no mundo dos homens através da escolha consciente e voluntária de Adão. O termo “queda” é uma tradução da palavra grega paraptoma, que quer dize: transgressão, violação, passo falso, pecado, um lapso moral pelo qual a pessoa é responsável; decair ao lado de onde a gente devia ter ficado em pé; perder o caminho, fracassar; e é aplicada à transgressão de Adão.

Disso podemos dizer então que a queda do homem é o cair da posição primitiva de favor e de santidade e vida espiritual, por causa do pecado de Adão, para a posição sob o domínio do pecado e da morte.

II.       PARAÍSO NO ÉDEN

1. Antes da desobediência. Tudo era harmonia; tudo girava em torno da presença amorosa de Deus; havia paz, havia a facilidade no relacionamento do casal. Eles viviam cada dia para Glória de Deus e um para o outro cumprindo assim o mistério de uma só carne. Depois da queda experimentaram sentimentos jamais vividos anteriormente, tais como: Sentimentos de medo, de angustia, de insegurança, de vergonha, de dor, de culpa, de remorso, de falta de paz e de ódio.

Após haver plantado um jardim, no Éden, nele o Senhor colocou o homem que criara (Gn 2.8). Dali, caberia a Adão governar o mundo como o representante de Deus na Terra. Ele tinha como tarefas cultivar a Terra e guardar o jardim.

1.1. Cultivar a Terra. Adão deveria fazer a cultura da Terra (Gn 2.15). Ele não somente a cultivaria, como dela haveria de criar invenções, utilidades, ciências e artes. Observemos que o Éden localizava-se numa região abundante em ouro (Gn 2.11,12). Ao criar Adão, Deus o dotou de muitas habilidades.

1.2. Guardar o Éden. Não podemos confundir a inocência de Adão com incapacidade intelectual. Santo no corpo e na alma, nosso pai era sábio e perfeitamente capaz de discernir entre o bem e o mal. Aliás, era mais inteligente que nós. Por isso mesmo, Deus o incumbiu de guardar o Éden, pois teria de enfrentar um inimigo mui astuto e sagaz.

III.   A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

1. A desobediência levou a queda. Como criatura de Deus, foi exigido do homem prestar obediência ao seu Criador, o que reflete basicamente a soberania moral de Deus e a livre agência do homem.

Ao contrariarem provavelmente a primeira ordem de Deus que disse:

“E o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2.16-17).

Mas o inimigo ciente desta ordem imperativa, antagônico à vontade de Deus disse ao casal que no dia em comessem do fruto se tornaria como Deus, conhecedor do bem e do mal só bastou essas palavras funestas para nascer em Eva um sentimento impaciente e ávido de ser como Deus até que desobedeceu dando início as trágicas consequências para a humanidade.

O pecado originou na raça humana, devido à transgressão voluntária de Adão no paraíso. O tentador veio com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, tornar-se-ia igual a Ele. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, desobedecendo às ordens de Deus. Com o primeiro pecado, Adão passou a ser escravo do pecado (Jo 8.34). Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. A tentação de Satanás pode ser resumida como tendo apelado ao homem desta maneira: ele fez o homem desejar TER o que Deus havia proibido; SABER o que Deus não havia revelado; e SER o que Deus não tivera a intenção que fosse (Gn 3.1-24).

1.      A essência do pecado de nossos primeiros pais é algo como o que segue:

2.1. Eva não confiou na bondade de Deus; ela acreditou na mentira de Satanás.

2.2. A mulher cedeu ao seu apetite físico.

2.3. Se submeteu a um desejo excessivo pelo belo.

2.4. Cobiçou uma sabedoria que não era da intenção de Deus que tivesse.

Desejar o que Deus proibiu é preferir a si mesmo no lugar de Deus, isto é pecar. O primeiro pecado foi o desejo do coração, a escolha de interesses próprios ao contrário dos interesses de Deus. Adão pecou como pai da raça humana e também como chefe representante de todos os seus descendentes e, portanto, a culpa do pecado é imputada a todos os homens, pelo que todos são merecedores de punição e morte. É nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de todos. É o que o apóstolo Paulo escreve: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” (Rm 5.12 -ARA). Deus imputa a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como atribui a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma:

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos” (Rm 5.18-19).

O pecado é tanto um ato como um estado. Pecado é uma transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus; é um estado pecaminoso. O pecado traz o mal sobre si, mesmo por suas ações e incorre em culpa aos olhos de Deus.

2.      Satanás o agente da tentação.

Quando se fala em Gênesis que a serpente falou a Eva, devemos tomar as palavras no sentido literal. A serpente não designa a figura de Satanás. Nem Satanás tomou a forma de uma serpente. Também a serpente não era um mero nome (Ap 12.9), nem um símbolo para cobiça, para desejo sexual, nem para razão errante. Uma serpente real era o agente da tentação, como é claro daquilo que é dito das características naturais da serpente (Gn 3.1).

Satanás, usando a serpente, lança primeiramente dúvida e a incerteza no coração de Eva. Ele conhece o valor da Palavra de Deus e que se o homem a transgredir, torna-se indesculpável.

Em seguida, dentro da confusão que se estabeleceu em seu coração Eva acrescenta algo à Palavra de Deus, mencionando a proibição de tocar na árvore da ciência do bem e do mal, coisa que não consta da ordem de Deus dada a Adão (veja Gn 2.16-17).

Por último, a serpente desafia a Palavra do Criador e tenta desacreditá-la, afirmando: “Certamente não morrereis”, quando Deus havia dito que morreriam (Gn 3.4; 2.17). Eva deixou entrar uma dúvida quanto à Palavra de Deus e caiu na tentação de comer o fruto proibido.

Se Adão e Eva tivessem dado ouvido à Palavra de Deus e levado a sério a consideração que Ele merece, não teria provocado o caos espiritual. O uso da Palavra de Deus pela serpente poderia ter sido também empregado, em contrapartida, como arma espiritual por Eva, mas ela não o fez. Foi bem diferente o exemplo do último Adão (Jesus Cristo), quando o diabo o tentou no deserto (Mt 4.1-8).

3.      As três dimensões do pecado na raça humana.

Deus tinha dito que, no dia em que comessem do fruto proibido, morreriam. Alguns se confundem com esta promessa de julgamento. Embora o processo de morte física começasse naquele dia fatídico, eles não morreram fisicamente.

O maior obstáculo para a nossa vida espiritual é o desejo carnal que existe em nós.

Em 1ª João 2.16, temos a lição que toda tentação do mundo consiste em três pontos: “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede de Deus, mas do mundo.

A. Os desejos da carne. O que satisfaz os apetites ou desejos carnais.

B. Os desejos dos olhos. O que satisfaz à vista. No materialismo avarento e transitório.

D. A soberba da vida. O que satisfaz o orgulho próprio.

Na tentação da mulher, o tentador empregou todas as formas de tentação.

“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3.6).

4.1. No Corpo. “... a concupiscência da carne...”. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer...”.

Corrompida pela serpente a mulher começou a ver a árvore de outra forma. A primeira coisa que saltou aos seus olhos foi que ela era boa para se comer. Expressando o desejo da carne que estava amortecida em sua vida. Até então, Adão e Eva viviam em plena liberdade física e espiritual.

Vendo a Mulher: Sobre o olhar da mulher, Calvino diz: Este olhar impuro de Eva, contaminados com o veneno da concupiscência, tanto era o mensageiro e o testemunho de um coração impuro. Ela podia anteriormente olhar a árvore com tal sinceridade, e nenhum desejo de comer afetou sua mente, pois a fé que tinha na Palavra de Deus foi o melhor guardião do seu coração, e de todos os seus sentidos. Mas agora, depois que o coração tinha diminuído a fé e a obediência à Palavra, ela corrompeu a si mesmo e todos os seus sentidos.

4.2. Na alma. “... a concupiscência dos olhos...”. “... agradável aos olhos...”.

Dos órgãos dos sentidos no corpo humano - visão, audição, paladar, tato e olfato, os olhos são os mais importantes, porque potencializam todos os outros. Com a visão de um prato bem ornamentado e bonito, o órgão da degustação é ativado e aguçado, enchemos a boca de saliva, nos preparando para saborear uma comida de bom paladar.

“Deleite para os olhos.” Este é paralelo com “a concupiscência dos olhos”: o desejo de ter algo além da vontade de Deus (isto é, possuir o belo fruto). “Parece bom.” O poder da visão tem uma incrível capacidade de estimular o desejo de pecado. Os olhos são importantes para as nossas vidas, mas, tornam-se um grande perigo para nossa vida espiritual. Eles podem liberar o dragão carnal. Eles influenciam e liberam a nossa imaginação.

O que levou Davi ao pecado foi a concupiscência dos olhos, a ociosidade e a concupiscência da carne. Davi era o rei de Israel, já era casado, mas quando olhou para a beleza da mulher, não se preocupou em saber como era sua vida se era casada ou não e sim em satisfazer o desejo de seus olhos e de sua carne; e fez com que ela viesse á sua presença e deitou com ela, e cometeu adultério (2º Sm 11.1-5).

4.3. No espírito. “... e a soberba da vida...”. “... e árvore desejável para dar entendimento...”.

A busca pelo entendimento, pelo conhecimento do bem e do mal, era o objetivo da mulher estimulada pela serpente. Influenciada pelo inimigo, desabrochou a sua soberba desmesurada, “como Deus sereis”. Achava que poderia ser como Deus, conhecendo todos os Seus segredos. Todos os Seus mistérios. Alcançando a plenitude da sabedoria imensurável do Senhor.

Este terceiro é o intelectual. “Desejável para dar entendimento”. Este é paralelo com “a soberba da vida”: o desejo de ser algo além da vontade de Deus (isto é, tão sábio quanto Deus). “Isso vai me fazer melhor.” “Eu preciso de algo que eu não tenho que ser feliz”.

IV.    O LIVRE ARBÍTRIO

Desde aquele dia, muitas pessoas têm citado a história do pecado do primeiro casal como prova de alguma injustiça por parte de Deus. Acham injusto Deus criar o homem e permitir uma tentação, sabendo que as consequências seriam tão graves. Ironicamente, as mesmas pessoas que assim julgam Deus desejam exercer exatamente o mesmo privilégio que levou à queda no Éden: a capacidade de escolher e tomar suas próprias decisões. Deus poderia ter criado os homens como uma raça de robôs, mas não o fez. Ele nos criou à sua imagem e semelhança, como seres inteligentes e capazes de amar. Se tivesse feito pessoas incapazes de escolher, não teriam condições de amar. Mas uma vez que Deus deu aos seres humanos o direito de escolher, ele admitiu a possibilidade de decidirem não amar. Por isso, por querer criaturas que amariam a ele voluntariamente ou não; Deus deixou que decidissem. Poderiam amar, fazendo a vontade dele, ou odiar, sendo rebeldes e desobedientes.

O livre-arbítrio após a Queda. Mesmo após Adão ter pecado e se tornado espiritualmente “morto” 23 (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e pecador “por natureza” (Ef 2.3), ele não era depravado completamente, a ponto de não poder ouvir a voz de Deus ou de dar uma resposta livre. Porque “o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: ‘Onde está você?’ E ele respondeu: ‘Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi’” (Gn 3.9-10). A imagem de Deus em Adão foi manchada pela queda, mas não apagada. Foi desfigurada, mas não destruída. Em outras palavras, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda está nos seres humanos após a queda. Essa e a razão de o assassínio (Gn 9.6) e mesmo a maldição (Tg 3.9) de outras pessoas serem considerados pecados: “Porque a imagem de Deus foi o homem criado” (Gn 9.6).

V.       ADÃO E EVA E AS ROUPAS DA SALVAÇÃO

 “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus” (Gn 3.7).

Adão e Eva foram criados inocentes e santos. Agora, tiveram um senso de vergonha, degradação e poluição. Perda da inocência “abriram-se então, os olhos de ambos” (Gn 3.7). A inocência não pressupõe a ausência do conhecimento intelectual do mal. Tal conhecimento inclusive é benéfico e necessário para nós entendermos a natureza do mal. Inocência, porém, quer dizer a ausência do “conhecimento experimental” do mal. Havia algo para esconder. Estavam nus e não podiam aparecer diante de Deus na sua condição caída. Foi este sendo de impropriedade que os levou a fazerem para si vestimentas de folhas de figueira.

“O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (Gn 3.21).

A tentativa feita pelo homem de cobrir-se com folhas, era tão inadequada como o desejo de desculpar-se pelo pecado. As folhas de figueiras de nada serviram para cobrir a nudez do casal. Elas simbolizam o esforço das religiões e das boas obras em favor da salvação do homem, sem levar em conta a justiça de Cristo. Batismo, educação, filosofia, dízimos, crisma, etc.... nada disto repara a terrível queda do gênero humano. Somente a graça de Deus, mediante a morte expiatória de Seu Filho Jesus Cristo, pode salvar o homem que, pela fé, volta-se para Ele (Ef 2.8-9), pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).

A provisão de Deus, fazendo-lhes vestimentas de peles, é o primeiro vestígio da exigência divina de uma vítima sacrificial que oferece uma cobertura (propiciação: heb. caphar) capaz de promover a reconciliação.

VI.    O JUÍZO DE DEUS

Satanás enganou, mentiu e prometeu o que nem ele mesmo possuía. O juízo de Deus, portanto, não tardaria a vir sobre a serpente, sobre a mulher e sobre o homem.

1. Sobre a serpente. Devido à sua natureza, a serpente é um tipo perfeito de Satanás: esperta, sagaz e oportunista (Ef 6.11). Agora, ela seria obrigada a comer pó (Gn 3.14). Mesmo no Milênio, quando a natureza dos animais for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is 65.25).

A promessa da redenção. Em seguida, Deus decreta a inimizade entre a serpente e a mulher, como também a promessa da redenção: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Apesar da Queda, Eva seria auxiliar de Deus. Veja suas declarações ao dar à luz Caim e Sete (Gn 4.1,25). Séculos mais tarde, Maria haveria de enaltecer o Eterno de Israel por ter sido escolhida como a mãe do Salvador do mundo (Lc 1.46-56).

2. Sobre a mulher. A fim de punir a desobediência de Eva, o Senhor torna-lhe a maternidade estressante e mui dolorosa. Não bastasse, sujeita a mulher ao governo do homem: “Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gn 3.16; Ef 5.22,23).

Apesar da Queda, não são poucas as filhas de Eva elogiadas por sua incomum virtude e cooperação no Reino de Deus (Pv 31.10-30; 2ª Jo 1-13). Sara, Débora, Ester, Maria e Priscila são apenas alguns desses belos exemplos.

3. Sobre o homem. Deus denuncia Adão como o responsável pela queda da humanidade. Conforme escreve o apóstolo Paulo, o pecado entrou no mundo não por uma mulher, nem pelo Diabo, mas por intermédio de um homem (Rm 5.12). Por isso, o juízo divino recai com mais dureza sobre o nosso primeiro genitor. E, por causa dele, a Terra faz-se maldita. Por causa de sua desobediência a Deus, os dias de Adão e de seus descendentes seriam mais trabalhosos. Seu sustento seria obtido com um trabalho mais árduo, e teria de conviver com adversidades, e com o fim de sua própria existência: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19). Adão viu, a duras penas, o preço de se desobedecer a Deus e à sua Palavra

4. A expulsão do Éden (Gn 3.23). Na verdade foi por misericórdia que Deus expulsou Adão e Eva do Éden e proibiu sua aproximação da árvore da vida, pois se tivessem comido dessa árvore amargariam uma existência eterna no triste estado em que se encontravam.

Embora o ato de expulsar o casal pecador do Jardim tenha significado um forte e doloroso juízo divino sobre Adão e Eva, na verdade ele também ressalva um ato de misericórdia e graça do Criador.

VII. O PECADO E SUA CONSEQUENTE MALDIÇÃO CAUSARAM

1. Conhecimento do mal. Antes da queda o homem tinha capacidade para pecar, porém desconhecia os efeitos do pecado. E ao pecar ele adquiriu esse conhecimento, por isso foi lhe proibido comer do fruto da árvore da vida (Gn 3.22).

2. Quebra da comunhão com Deus e expulsão da sua presença (Gn 3.23-24; Is 59.1,2). Quebrantando a lei de Deus o homem sentiu-se envergonhado em sua presença. Essa vergonha era o resultado da transgressão cometida.

3. Morreu espiritualmente. O espírito humano é vivificado pela vida que Cristo lhe comunica (Rm 8.9-16).

4. A perversão da natureza moral. No lugar da pureza de coração e da perfeição moral que caracterizavam o homem no Éden, veio o pecado e a perversão moral.

5. Doenças e enfermidades. O corpo ficou sujeito as enfermidades que no fim resultaria na morte física e consequente corrupção (Gn 3.16-19).

6. A morte, geralmente precedida das mais variadas enfermidades sobre o homem (Gn 3.19 e 19; Rm 5.12).

1.7. Escravo do pecado e de Satanás. Rejeitando a Palavra de Deus e aceitando a palavra do inimigo, o homem tornou-se seu escravo. A regência do mundo passou das mãos do homem para as mãos de Satanás (2ª Pd 2.19).

1.8. O pecado é hereditário. O pecado foi disseminado nas formas mais diversas, infames e vis (Rm 1.18-32).

1.9. O pecado leva o homem ao inferno (Rm 3.23; Gl 5.19-21; Mt 7.23; Ap 21.8).

O homem ao pecar fica separado de Deus e debaixo da maldição (e juízo receberá o castigo). A Bíblia descreve dois efeitos do pecado sobre o culpado; primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o decreto da condenação eterna.

Antes da queda, Deus e Adão estiveram em comunhão um com o outro; depois da queda, essa comunhão foi quebrada ou interrompida (Gn 3.8-9). Eles haviam desobedecido ao comando explícito de Deus para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, e foram culpados de um crime. Eles sabiam que haviam perdido sua posição diante de Deus e que se achavam sob condenação. Então, em vez de buscar a comunhão com Deus, tentaram fugir dele, com vergonha (Gn 3.7-10), remorso e medo (Gn 3.10) e culpa, sentimento que nunca experimentaram antes.

Sua consciência não lhes permitiu descanso, então tentaram transferir a responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que tu me deste, o levou a pecar (Gn 3.12). Eva acusou a serpente (Gn 3.13). Eram culpados, mas tentaram passar a responsabilidade para outros.

VIII.       CONSEQUENCIA DA QUEDA DO HOMEM

A Bíblia nos ensina que Adão introduziu no mundo o pecado e transmitiu a natureza pecaminosa ao gênero humano, de sorte que todos que chagam a idade de fazer a sua escolha, inevitavelmente escolhem o pecado que conduz à morte.

A sentença bíblica é sem apelação. No Antigo Testamento diz que a alma que pecar morrerá (Ez 18.4). O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Por isso, a morte foi uma consequência direta do pecado de nossos primeiro pais (Gn 2.17).

A palavra morte do grego é (thonotos) que se refere à morte física (separação do corpo da alma (Hb 9.27; Hb 7.13), ou a morte espiritual (separação do homem de Deus; Jo 5.24; Ef 2.1; 1ª Tm 5.6), ou as duas juntas (conforme romanos 5.12). A segunda morte ou morte eterna, que é a separação e condenação eterna sem Deus (Ap 21.8; Jo 5.28-29).

1.      A morte espiritual.

1.1. A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rm 5.21). Por ela, o homem perdeu a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32; 105.24; 8.51).

1.2. Foram arruinados moralmente. Deus havia dito a Adão sobre o fruto proibido: “no dia que dele comerdes, certamente morrerás” (Gn 2.17; Rm 6.23). Esta morte, em primeiro lugar, é morte espiritual ou uma separação da pessoa de Deus; ela aconteceu no momento em que pecaram. Isto implica também que se tornaram depravados. A palavra depravados do latim “pravus”, significa torto e literalmente “depravatus” que quer dizer muito torto. Pelo pecado de Adão toda a humanidade ficou sob o domínio de Satanás.

Se o corpo se torna depravado, a mente, então, provavelmente vai ser afetada. O intelecto pode ficar desorientado involuntariamente, por causa da deterioração do corpo físico. Porém, os membros corpóreos se tornam servos da injustiça. O que não pode ser literalmente não santo, pode ser usado de uma forma não santa.

Quanto as emoções, os desejos, apetites e paixões, podem cair em desordem e anomalia involuntária. A humanidade, certamente, está depravada fisicamente. Não existe saúde perfeita do corpo entre todos os seres humanos que vivem neste mundo. Podemos dizer também que os apetites, as paixões e as tendências do homem estão num estado de desenvolvimento doentio.

Só existe uma maneira do homem se tornar puro e buscar a comunhão e a vida eterna com Deus que é através de Seu Filho Jesus Cristo.

2        A morte física.

De acordo com as Sagradas Escrituras, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e espírito. Isto não significa aniquilação. A morte física não é uma cessação da existência, mas, um rompimento das relações naturais da vida. É impossível dizer exatamente o que é a morte em sua essência. A Bíblia a descreve como “dormir” (Dt 31.16; Jo 11.11); deixar este tabernáculo (2ª Pe 1.14); descer ao silêncio (Sl 115.17); expirar (At 5.10); tornar ao pó (Gn 3.19) e partir (Fp 1.23). Convém notar que a morte física, para o crente, deixa de ser uma pena ou castigo, como acontece com o descrente. Para o incrédulo não só indica separação entre o corpo e alma, entre o indivíduo e tudo quanto lhe é querido na terra; mas, sobretudo, significa a separação eterna dele e Deus. Pois, sobrevindo-lhe a morte física, esta sela o seu destino eterno. Do ponto de vista bíblico tanto a morte física, como a morte eterna, é o resultado do pecado (Rm 5.12; 6.23).

Quando Deus disse: “certamente morrerás” para a desobediência do homem, ele também incluiu o corpo. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Este é o ensino de Gn 3.19; Nm 16.29; 27.3. Este ensino é também encontrado no Novo Testamento (Rm 5.12-21; 6.9-10; 8.3, 10,11; 1ª Co 15.12-23).

Não somente o pecado entrou no mundo, mas “pelo pecado a morte”. O pecado paga aos seus servos; “o salário é a morte”. Também que “o aguilhão da morte é o pecado” (1ª Co 15.5-6), ou “é o pecado que dá a morte o seu aguilhão”. O pecado em geral produz a morte (Tg 1.15; Rm 6.16; Tg 5.10).

Deus falou com Adão em Gn 2.17 “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” e em Gênesis 3.19 disse Deus: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás”.

A morte é o efeito ou consequência do pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. Pela ofensa de Adão veio o julgamento para todos os homens.

Imediatamente depois da transgressão Deus disse a Adão: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O primeiro casal perdeu o privilégio da imunidade à morte física. Embora eles não morressem no momento em que comeram o fruto proibido, seus corpos ficaram sujeitos a mortalidade (Gn 3.16-19).

Em Gênesis 3.22-24, diz que o casal foi expulso do jardim para não comerem da árvore da vida, porque Deus não quis que os corpos caídos e depravados tivessem imortalidade, que teriam sido uma penalidade mais rubra e mais profunda. A morte física foi uma penalidade do pecado.

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17). Se pela desobediência de um homem veio a morte, mas pela a obediência de um só, muitos se tornaram justo (gr. dikaiosune). Como resultado do ato de desobediência de Adão, muitos se tornaram pecadores; da mesma forma como resultado do ato de obediência de Cristo, muitos se tornarão justos. Entretanto, para o cristão a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14). Uma outra tradução diz: “Pois assim, como por causa da sua relação com Adão todos os homens morrem, assim também por causa da sua relação com Cristo eles serão trazidos a vida novamente”. Falaremos da morte vicária de Cristo e da vida eterna com Cristo mais tarde.

3.      A morte eterna.

Quando a Bíblia diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20). A consequência do pecado leva a morte física e espiritual. Neste caso a Bíblia refere-se a separação eterna de Deus, ou seja, a condenação eterna pelos atos praticados contra Deus. “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (25.46).

A palavra grega para “eterna” é “aionios” que quer dizer: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será, nunca termina, eterno. Por outro lado quando a Bíblia fala da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os pecadores existem no inferno.

“Vida” significa viver em comunhão com Deus e no seu favor - comunhão que a morte não pode interromper ou destruir (Jo 11.25-26). É uma vida que proporciona união consciente com Deus, a fonte da vida.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e desgraçada.

A morte eterna é simplesmente o auge, o cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.8; 25.1; 2ª Ts 1.9; Ap 14.10-11). O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, isto significa morte no sentido mais terrível da palavra. O homem tem sempre diante de si dois caminhos a escolher: o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades: a própria e a de Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez de escolher a de Deus. Ele fez uma escolha egoísta, em vez de uma escolha altruísta. Escolheu a morte, em vez da vida. Tudo quanto aconteceu a ele próprio e à raça humana são consequências justíssimas da decisão que Adão tomou no Éden. Nenhuma pessoa pode escolher o caminho do egoísmo, e queixar-se depois com os resultados. Ninguém pode escolher a morte e queixar-se quando ela chegar. Não pode escolher o caminho da perdição eterna e queixar-se por não chegar ao céu (Dt 30.11-20; Jr 21.8; Mt 7.13-29).

 IX.    A UNIVERSALIDADE DO PECADO

 1.         Pecado Original.

O Efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu aos seus descendentes a tendência ou a inclinação para pecar (Sl 51.5).

Esse impedimento espiritual e moral o qual os homens nascem é conhecido como pecado original.

Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade da plena responsabilidade do homem são conhecidos como pecado atual. Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda (Rm 5.12-21).

Ainda que Adão tivesse se reconciliado mais tarde com Deus, a morte física continuaria de acordo com o decreto estabelecido pelo Criador.

“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).

“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5).

Somente um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez o direito a árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada a alma, a qual a ressurreição, é reunida a um corpo glorificado:

“Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1ª Co 15.22).

Este versículo diz noutras palavras, o seguinte: “Assim como Adão trouxe a possibilidade de morte para todos, assim Jesus trouxe também a possibilidade da vida para todos”. É evidente que cada indivíduo tem que tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a Cristo e a vida eterna; e igualmente tem que tomar a decisão de seguir o pecado e a consequência morte espiritual. Por isso Paulo escreve na epístola aos romanos dizendo:

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

Assim, o pecador já estava morto em ofensa e pecados e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve “indignação e ira, tribulação e angustia” (Rm 2.7-12).

2.      A culpa Universal.

Salomão o homem mais sábio que já existiu, observou que não havia homem algum que não necessitasse de salvação: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Ec 7.20). Paulo na carta aos romanos compartilha dizendo: “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

Muitos chamam a si mesmo justos, simplesmente porque vivem uma vida melhor, mais aceitável do que outros. Porém trata-se de uma comparação baseada no padrão humano de julgamento. Devemos compreender que Deus não nos avalia comparando com o nosso próximo, mas pelo seu padrão de justiça:

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (Is 64.6).

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem estar em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7.18).

“Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Este texto porém, carece de uma boa interpretação para não criarmos uma “heresia”. Uma ala cristã usa este texto para afirmar que as crianças já nascem em pecados e precisam ser batizadas para purificação. Porém, não se pode criar uma doutrina com base em apenas um texto isolado. Primeiro porque o livro dos Salmos é um livro de cânticos e não de doutrinas. Devemos notar que o salmista escreveu em uma linguagem poética. Segundo Davi, ele emprega a primeira pessoa “eu nasci”, isto é a ele e não aos outros.

Se tomarmos este texto literalmente, estaremos falando de bebês desencaminhados, pecaminosos, que não sabem falar. Nenhum bebezinho fala ao nascer, pois são inocentes.

Davi está dizendo que depois que nascem, as pessoas se inclinam para a direção errada. Nós sabemos que isto é verdade. O homem nasce em um corpo sujeito ao pecado, e esta natureza pecaminosa é uma herança que todo o homem recebe através de Adão. O pecado de Adão introduziu a morte no mundo e implantou no homem uma natureza pecaminosa, colocando assim toda a criação sob o julgamento de Deus.

Não nascemos já pecaminosos, nem culpados. A existência de culpa implica em escolha moral. A culpa significa que agimos erradamente com base em nosso direito de escolha, com base em nossa responsabilidade. Uma criancinha não nasce em pecado, só haverá na criança a qualidade moral, depois que ela aprender a distinguir entre o certo e o errado. Lembramos que o texto de Dt 1.39 ensina que as criancinhas não possuem conhecimento de bem e do mal. Como elas não sabem a diferença entre um e outro não podem ser responsabilizadas.

Se uma criancinha fosse um pecador e se o batismo purifica alguém, certamente Jesus teria deixado esta doutrina. Portanto nos Seus ensinos Ele diz:

“Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor” (Mt 21.16). “Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.13-14).

Na Bíblia Deus tem revelado seu padrão, na Lei, para vivermos uma vida justa; porém, homem algum foi capaz de alcançá-lo perfeitamente. O padrão de vida, exposto por Deus, nunca foi destinado a ser o caminho da salvação para ninguém; nem nos tempos do Antigo Testamento, nem nos dias de hoje.

Teoricamente, uma pessoa poderia obter salvação através da sua perfeita obediência à Lei durante a sua vida, porém ninguém exceto Cristo foi capaz de guardar toda a lei. Podemos compreender com mais clareza o propósito de Deus em dar a lei, se pensarmos nela como se fosse um espelho. Um espelho pode refletir um rosto sujo, mas não pode limpa-lo. Igualmente, a lei pode mostrar ao homem quão pecaminoso ele é, mas não pode salva-lo do seu pecado:

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.11). A lei simplesmente mostra a incapacidade do homem salvar a si mesmo, uma vez que ele é incapaz de guardá-la.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

A ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO

 


INTRODUÇÃO

Deus não criou o pecado. A Bíblia diz que “tudo o que Deus criou era bom” (Gn 1.31) Então Deus não é o Autor do pecado. Os seres morais não tinham pecado ao serem criados. Satanás foi criado de modo perfeito e sem pecado (E 28.15); “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29).

I. A ORIGEM DO PECADO

1. definição do termo. pecado no heb: hhatá; no gr. Hamartáno; e no latim, o termo é vertido por peccátu que significam “errar”, no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal ou padrão.

O seu equivalente grego na Septuaginta e no Novo Testamento é hamartia. Essa palavra na Septuaginta traduz 24 termos hebraicos no Antigo Testamento referentes ao pecado.

Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o pecado: erro, iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição, injustiça etc., além dos verbos e adjetivos cognatos. Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Gl 5.19-21). Mas há um termo genérico para designar o pecado com todos os seus detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com “h” aspirado), que literalmente significa “errar o alvo” (Jz 20.16).

O substantivo derivado desse termo aparece pela primeira vez no relato do assassinato de Abel por seu irmão Caim: “E, senão fizeres bem, o pecado jaz à porta” (Gn 4.7).

Em sentido etimológico — a palavra ‘pecado’ conforme se encontra em nossas versões, vem da palavra hebraica ‘hatta’th’, do qual origina-se a raiz hebraica ‘hata’ traduzido na Septuaginta da palavra ‘hamartia’. Existem algumas palavras que relatam significados semelhantes à palavra hebraica hatta’th’, como também a palavra grega ‘hamartia’. Estes termos são aplicados no tempo e no espaço para descrever e dar sentido a tudo aquilo que o pecado é e suas formas de expressão. Os eruditos teológicos usam várias palavras deste gênero para descrever a natureza sombria do pecado, mostrando seus aspectos e suas disposições torcidas, maléficas em sua natureza daninha e perniciosa” [PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp. 13,14].

2. Deus criou a Terra. (Gn 1.1-2).

Deus é o Criador de todas as coisas, visível e invisível, Ele criou os anjos arcanjos, querubins e serafim. Tudo é obra de Suas mãos.

Deus é o criador de todas as coisas, visível e invisível, Ele criou os anjos arcanjos, querubins e serafim. Tudo é obra de Suas mãos.

A maioria dos teólogos concorda que Lúcifer (anjo de luz), habitava na terra antes da criação do homem. A terra era diferente da qual vivemos hoje. Após o pecado de Lúcifer, Deus transformou esta terra e ela ficou sem forma e vazia uma terra caótica.

3. Deus não fez a terra vazia, mas criou para ser habitada. “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, Ele é Deus; foi Ele que formou a terra, e a fez, Ele a estabeleceu; Ele não a criou para ser vazia, mas a formou para que fosse habitada. Diz Ele! Eu sou o Senhor e não há outro.” (Is 45.18).

4. O pecado originou-se no mundo angélico. Para se conhecer a origem do pecado, devemos retomar à queda do homem descrita em Gn 3; e olhar atentamente algo que aconteceu no mundo dos anjos. O Senhor Deus criou um número enorme de anjos e todos estes eram bons (Gn 1.31). Porém, Lúcifer e legiões deles rebelaram contra Deus, pelo que caíram em condenação. A época exata dessa queda não é indicada na Bíblia, mas em Jo 8.44. O Senhor Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio. O apóstolo João, na sua primeira epístola, capítulo 3 e versículo 8, diz que “o diabo peca desde o princípio”. Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Mas, quando da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, “para que não se ensoberbeça e caia na condenação do diabo” (1ª Tm 3.6- AEC). Podemos concluir com toda convicção, que foi o pecado do orgulho (soberba), de desejar ser como Deus em poder e autoridade (Is 14.12-15).

II. A origem dE SATANÁS

Existem pessoas que tem em si, uma pergunta, e buscam a resposta. Essa pergunta é: Como surgiu Satanás e os demônios? Neste tópico veremos como surgiu Satanás, que faz, quem é, o que pode, e os nomes e títulos de Satanás, como satanás atua, sete armas contra satanás e as sete debilidades de satanás.

A Bíblia ensina que Deus é o criador de todas as coisas (Jo 1.3), nos céus e na terra, tanto visíveis, quanto invisíveis (Cl 1.16), mas também ensina que tudo o que Deus criou foi bom (Gn 1.31). Por essa razão, algo certamente aconteceu para que este ser criado por Deus se tornasse o diabo, se tornasse o acusador e inimigo de Deus.

Para entender o que aconteceu, podemos tomar Isaías 14 (Is 14.11-15) e Ezequiel 28 (Ez 28.11-19) como base. Apesar de serem profecias inicialmente dirigidas aos reis da Babilônia e de Tiro, tais passagens tomam proporções que vão muito além do que poderia ser declarado a respeito de qualquer ser humano. Tanto o texto em si, quanto o contexto bíblico (1ª Tm 3.6, Lc 10.18), mostram claramente que se trata de uma referência à origem de Satanás, ou seja, são alusões que o Eterno usou para referir a determinada pessoa.

Ezequiel fala de um anjo criado de forma especial (Ez 28.13), em Isaías ele é chamado de “estrela da manhã” (Is 14.12), na tradução para o latim, Lúcifer.

III. quem era satanas

Deus não criou Satanás, mas criou um ser especial, perfeito, ungido e cheio de sabedoria, porém a soberba levou a sua queda e tornou-se:

Diabo. Nome que se dá ao chefe dos demônios. Em grego diabolos quer dizer “caluniador” (Mt 4.1).

Satanás. Em hebreu é Satã, que quer dizer “adversário” (Jó 1.6 a 9).

1. Satanás era um querubim ungido. “Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci”. (Ez 28.14).

Querubim quer dizer protetor. Lúcifer era o protetor da terra. Habitava nela antes da criação do homem.

2. Estava no Éden e era coberto de pedras preciosas. “Estavas no Éden, jardim de Deus, e usava pedras preciosas de todo o tipo: o sardônio, o topázio, o berilo, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda. Você tinha joias de ouro que foram feitas para você no dia em que foste criado”. ... ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras”. (Ez 28.13, 16b).

Estava no Éden aqui se refere ao paraíso. A terra onde Lúcifer habitava era adornada de pedras preciosas e ouro. A Bíblia mostra a glória que o querubim Lúcifer possuía, antes de sua queda; guardava a presença de Deus, vivendo no brilho das pedras, ou seja, no meio do fulgor de relâmpagos que para Deus serve como pavimento.

 3. Orgulhou-se por causa da sua formosura. “No orgulho do teu coração, tu dizes: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento”. (Ez 28.2 b). “Elevou-se o teu coração por causa da tua beleza. (Ez 28.17).

Por causa da sua grandeza orgulhou seu coração e quis ser igual a Deus. O poder, a riqueza e a sabedoria perdem seu valor quando se misturam com a soberba; é como tomada elétrica desligada da força. Até mesmo um arcanjo que se desliga do contado amoroso de Deus nada mais faz com seus poderes sobrenaturais senão arruinar os homens e decretar sua própria e eterna destruição.

 4. Sua cobiça. “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei. Subirei acima das mais altas nuvens; serei semelhante ao Altíssimo”. (Is 14.13-14).

O orgulho e a cobiça entraram no coração de Lúcifer, a ponto de igualar a um deus. Qualquer criatura quer seja visível ou invisível que se coloca no lugar de Deus, perde a comunhão com Ele e por fim recebe a condenação eterna.

5. Sua queda. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Mas você será jogado no mundo dos mortos, ao mais profundo abismo.” (Is 14.12, 15).

A soberba de Lúcifer fez com que Deus expulsasse do Jardim do Éden. Lúcifer querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição.

Não se deixará de perceber aqui uma aplicação a Satanás que, ao se exaltar contra Deus, foi rebaixado até o inferno. Estrela da manhã, no heb. hêlel, “glorioso”, “luzente”, que alguns interpretam como nome próprio. “Lúcifer”, o assim considerado nome original do diabo.

Não só Lúcifer, mas muitos homens têm caído pelo orgulho e a cobiça. Deus abomina o pretensioso, mas exalta o humilde.

6. Na sua queda levou junto a terça parte dos anjos. Ap 12.4, 7-9 “Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e a jogou sobre a terra. 7 E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão e os seus anjos. 8 - Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar achou nos céus. 9- E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, que engana a todo mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

As cenas de uma acirrada perseguição compõem o conteúdo deste capítulo; batalhas no Céu e na Terra que simbolizam o grande conflito cósmico desde o início até o tempo em que as forças do mal arrojarão os seus maiores esforços contra o povo de Deus. Ao contrário dos capítulos anteriores, os capítulos centrais de Apocalipse (do 12 ao 14), não apresentam cenas sequenciais da história, mas símbolos e mensagens que relembram relatos passados, que se aplicam ao presente e que apontam para o futuro. Estamos diante das mais relevantes verdades apocalípticas.

7. Houve peleja no Céu” (v. 7). A Bíblia descreve a rebelião de Satanás e seus anjos contra “Miguel e os Seus anjos” (v. 7). O nome Miguel, na verdade é uma pergunta que só tem uma resposta: “Quem é semelhante a Deus?”. Ninguém, a não ser Jesus! E todas as vezes que Satanás é citado na Bíblia em alguma cena de batalha, é Miguel, ou o Anjo do Senhor, que aparece para pelejar contra ele (Dn 10.13 e 21; Zc 3.1-5; Jd 1.9). O mesmo anjo de luz que um dia presidiu a corte celeste e fazia parte da ordem dos querubins cobridores do trono de Deus (Ez 28:14), foi aquele que se insurgiu contra o Altíssimo, desejou estar acima dEle e assumir o lugar de Cristo (Is 14.14).

Após a sua expulsão do Céu, juntamente com “terça parte das estrelas do céu” (v.4 ), isto é, dos “seus anjos” (v. 9), “o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás” (v. 9), transferiu toda a sua fúria contra a humanidade, especialmente contra a igreja de Deus.

8. Deus transformou a Terra em caos, para que satanás não mais habitasse nela. “E a terra que era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo” (Gn 1.2).

Não temos palavra para explicar a beleza que era a primeira terra. Mas após o pecado de Lúcifer Deus transformou esta terra em um caos, ou seja, sem forma e vazia. Tudo que havia de vida animal morreu e a terra ficou coberta de água, até a criação do homem.

Hoje quando o homem encontra fossas de animais pré-histórico, os cientistas dizem: Este animal tem cinquenta milhões de anos; e muitos têm me perguntado como pode. Sim estes animais habitavam aqui quando Lúcifer habitava na terra perfeita. A terra que Lúcifer habitava era diferente da qual nos habitamos hoje. Para o ser humano Deus o recriou.

9. Lúcifer (Satanás) ficou sem moradia e passou a viver no ar. “Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2).

Príncipe das potestades do ar. Principados e potestades são termos utilizados na Bíblia para se referir tanto a reis e governantes que estão em posição de autoridade como a anjos e demônios, isto dependendo do contexto de cada passagem.

No entanto, o apóstolo Paulo utilizou a expressão “principados e potestades” para se referir aos demônios neste texto (ver Ef 6.12; Cl 2.15).

10. Hierarquia demoníaca. “Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. (Ef 6.12).

Assim como existe uma hierarquia entre os anjos bons (Efésios 1.21), assim também existe uma hierarquia entre os anjos maus. Efésios 6.12 faz referência a essa hierarquia do mal.

1. “Principados” são as ordens angelicais malignas superiores.

2. “Potestades” são os governantes angelicais malignos subordinados.

3.“Dominadores deste mundo tenebroso” são os anjos a serviço do diabo.

4. O “mundo tenebroso”, que também se lê em Efésios 5.8, é este mundo com o seu pecado, os seus pecadores e as esferas da existência onde o mal domina, enfim, o reino das trevas.

5. As “forças espirituais do mal” são mais uma referência aos anjos que estão a serviço do diabo, que é maligno. O lugar onde ficam “as regiões celestes” não é definido pela Bíblia. São reinos ocupados por seres malignos.

11. O inferno não foi feito para os seres humanos. O inferno foi preparado para o diabo e suas hostes:

Mt 25.41 “Então, dirá também aos que estiverem a sua esquerda; apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.

2ª Pe 2.4 “Porque, se Deus não perdoou os anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo.”

Porém, quem rejeita ao Senhor Jesus, irá também para lá: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl 9.17).

O Senhor Jesus separará os justos dos injustos: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46). “Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder” (2ª Ts 1.8,9). “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos e reservar os injustos para o Dia de Juízo, para serem castigados” (2ª Pe 2.9). As almas dos que estiverem no inferno serão julgadas e condenadas: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). Reflita, como você vive!

12. Satanás já está julgado. “... porque o príncipe deste mundo já está julgado”. (Jo 16.11).

O justo juiz já que venceu todas as coisas já tem julgado o inimigo do homem e de Deus. Não há nenhuma oportunidade de salvação para o diabo, pois ele pecou sem ser tentado, mas o homem pecou porque foi tentado e por isso Deus tem dado oportunidade de salvação, mas o diabo não tem este privilegio é por isso que ele engana a humanidade com sua astúcia e luta contra todos.

CONCLUSÃO

Desde sua expulsão dos céus, o caminho de Satanás tem sido o da “descida”: para os ares (Is 14.12; Ef 2.2), para terra e o mar (Ap 12.12); para o abismo (Ap 20.1-7); para o lago do fogo (Ap 20.10); seu destino final!

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau SC

DEUS CONTROLA O UNIVERSO



 Já que Deus criou o universo, Ele tem o direito e poder para controlar e fazer o que ele achar melhor com ele.

 I. O UNIVERSO PERTENCE A DEUS PORQUE ELE O FEZ

 1. A criação prova o direito de Deus de controlar o universo. Salmo 24.1-2 “A Terra e todos que vivem nela pertencem a Deus porque ele a fundou e estabeleceu.”

 Do Senhor é a terra. O salmista adora Deus como o Soberano sobre tudo aquilo que criou. Estas palavras também preparam a questão — se Deus é Senhor de tudo, quem pode abordá-lo? — levantada nos versículos 3-5. Aqueles que nele habitam. O reinado de Deus estende-se a todos, até mesmo àqueles que não reconhecem Seu poder. Afundou sobre os mares. Tomando emprestado os termos de Gênesis 1, em que Deus ordena à terra seca emergir das profundezas das águas (Gn 1.2,9), Davi descreve o controle contínuo de Deus sobre as águas.

Salmo 89.11-12 “Os céus, a Terra e toda a sua plenitude são seus porque o Senhor os fundou e os criou.”

Já que Deus fez o universo e o universo pertence a Ele, conclui-se que seu poder deve controlá-lo.

 II. JÁ QUE CRIOU O UNIVERSO, DEUS REINA SOBRE ELE COMO SENHOR

 Isaías 29.16 “O barro não tem direito de criticar a maneira que o oleiro o fez. Então nós não temos o direito de negar nem criticar nosso Criador. Ele nos fez, então tem o direito de fazer de nós o que ele quer que sejamos. Tem que nos submeter à vontade do criador.” (45.9,10; 64.8; Rm 9.20-24.

Atos 17.24 “Deus, que fez o mundo e tudo que nele há, é o Senhor (Soberano) do céu e da Terra. Ele domina porque ele o criou.

Colossenses 1.15-18 “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. 16- O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 17- Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. 18- E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.”

Assim como Jesus fez a igreja e tem primazia sobre ela (versículo 18), Ele tem primazia sobre sua criação. Foi feita por Ele (pelo seu poder) e para ele (para servir seus propósitos).” (Outra ref. Hb 2.10).

1ª Pedro 4.19 “Nós encomendamos as nossas almas na prática do bem, porque ele é o Criador.”

Romanos 1.25 “É um erro fundamental “servir” a criatura no lugar do Criador. Servir aqui significa obedecê-lo como Deus (veja versículos 20-35 e o contexto).

 Por que devemos temer a Deus e guardar seus mandamentos. “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.” (Eclesiastes 12.13)? Porque ele nos criou para esse propósito. Como nosso Criador, Ele tem todo direito de exigir nosso serviço. Como Suas criaturas, somos obrigados a darmos qualquer serviço que Ele requerer. Até entendemos a criação, nós não temos entendimento nem mesmo do propósito ou razão da nossa existência! (ref. Dt 32.5-6; Rm 11.36; 1ª Cr 16.26,36; Sl 96.2-10; 100.2-3; Jr 27.5; 5.22; Êx 4.11; 20.9-11; 31.16-17; Nm 16.22; Is 51.12-13]).

 III. ELE TEM O PODER DE NOS PUNIR OU RECOMPENSAR, CONFORME O NOSSO PROCEDIMENTO

 Gênesis 6.6-7; 7.4 “Deus decidiu destruir os homens, pois eles tinham se corrompidos tanto que Deus se arrependeu de ter os criados. Já que Deus fez o homem, quando o homem falhou em servir o propósito pelo qual foi criado, Deus teve o direito de destruir o que ele criou.”

Isaías 27.11 “Alguns se tornaram tão corruptos que Deus que os fez não se compadecerá deles, e aquele que os formou não lhes perdoará. Deus é o criador. Ele pode castigar aqueles que não o aceitam.”

 Muitas pessoas negam que Deus tem o direito de punir ou destruir a humanidade por causa do pecado. “Não acredito num Deus que faria aquilo.” Sinceramente se você acredita nisso ou não, isso irá mudar a realidade de tudo? Se Deus realmente nos criou, ele tem o poder de fazer conosco o que ele quiser, independente do que queremos ou do que acreditamos.

 A criação é um fato simples da história. Logo, se Deus nos criou, ele tem o direito e o poder de nos recompensar ou nos destruir. Se ele fosse um tirano, não teria nada no mundo que poderíamos fazer para mudar isso. Devemos glorificá-lo todos os dias pois ele não é apenas nosso Criador, mas ele é um Deus de misericórdia e paciência!

 Se o Deus da Bíblia não nos criou, então porque ele teria o direito de nos controlar? Por que em vez disso não descobrimos quem nos fez o que ele diz?

 Qualquer teoria que deprecia ou debilita a doutrina bíblica da criação nisso debilita nossa fé no poder de Deus para mandar nas nossas vidas. Isso enfraquece ou destrói nosso entendimento de nossa obrigação para servi-lo.

 Entender a doutrina da criação é fundamental até para entender o propósito da nossa existência. Quem pode dizer que isso não é de importância essencial para os cristãos?

A CRIAÇÃO DOS CÉUS, E DA TERRA

 


Gênesis 1.1-2 “No princípio criou Deus o céu e a terra. 2- E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.”

 INTRODUÇÃO

O livro de Gênesis não é uma alegoria, por isso, é imprescindível que consideremos a narrativa da criação um fato histórico; algo que aconteceu exatamente como está escrito.

Tendo em vista este parâmetro, estudemos, agora, a Doutrina da Criação. Comecemos por definir o Criacionismo Bíblico.

 I. O CRIACIONISMO BÍBLICO

 1. Definição. O Criacionismo Bíblico é a doutrina segundo a qual Deus criou, a partir de Sua Palavra, tudo quanto existe: os Céus, a Terra, os reinos vegetal e animal, e finalmente o ser humano: “Pela fé conhecemos que os mundos foram dispostos pela Palavra de Deus, de modo que, do invisível teve origem o visível” (Hb 11,3).

 2. Fundamentos. O Criacionismo fundamenta-se na Bíblia Sagrada, na manifestação silenciosa da natureza e nas observações e estudos que dela fazemos: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” (Rm 1.20; outra ref. Sl 119.1-6).

 3. Objetivos. Três são os objetivos do Criacionismo:

1) Mostrar que Deus é o Criador de todas as coisas.

2) Demonstrar que, por criar tudo quanto existe, tudo lhe pertence.

3) Levar-nos a adorá-lo como nosso Criador e Senhor.

O criacionismo bíblico é a teoria que nos ajuda a entender que Deus criou os céus e a Terra.

 4. Os dias da criação em Gênesis 1 São literais? Em Gênesis 1, a palavra hebraica para dia é yom. A maior parte do uso dela no Antigo Testamento é com o sentido de dia, dia literal; e, nas passagens em que o sentido não é esse, o contexto deixa isso claro. Primeiro, yom é definido na primeira vez em que é usado na Bíblia (Gn 1.4,5) em seus dois sentidos literais: a porção clara do ciclo luz/trevas e todo o ciclo luz/trevas. Segundo, yom é usado com ‘noite’ e ‘manhã’. Em todas as passagens em que essas duas palavras são usadas no Antigo Testamento, juntas ou separadas, e no contexto de yom ou não, elas sempre têm o sentido literal de noite ou manhã de um dia literal. Terceiro, yom é modificado por um número: primeiro dia, segundo dia, terceiro dia, etc., o que em todas as passagens do Antigo Testamento indicam dias literais. Quarto, Gênesis 1.14 define literalmente yom em relação aos corpos celestiais” [HAM, Ken. Criacionismo: verdade ou mito? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, p. 30].

 II. A CRIAÇÃO DO TEMPO, DO ESPAÇO E DA LUZ

 Entre os versículos um e três do primeiro capítulo de Gênesis há um intervalo indefinido, no qual Deus criou o tempo, o espaço, os Céus e os anjos e, finalmente, a Terra ainda informe.

1. O tempo. Embora a Bíblia não o diga, podemos afirmar que a primeira coisa que Deus criou foi o tempo. Isto porque a obra divina, embora concebida na eternidade, somente poderia ser consumada no âmbito temporal. Só o Criador é eterno. A criação acha-se sujeita ao tempo, requerendo as intervenções e cuidados divinos (Sl 104.5).

 2. O espaço. O que é o espaço? Podemos defini-lo como o tecido cósmico que Deus criou para colocar os corpos celestes. Portanto, o espaço também é criação divina.

 3. Os Céus e os anjos. Os Céus, a morada de Deus, também foram criados num contexto espaço-temporal, por uma razão bastante simples: embora não pertençam à nossa dimensão, são um lugar bem real. É para lá que as almas dos justos são encaminhadas.

 Após a criação dos Céus, Deus chamou à existência os seus anjos através do sopro de sua boca (Sl 33.6). E assim, o Senhor neles infundiu, também, a sua imagem e semelhança.

 4. A Terra ainda informe. Deus formou a Terra antes dos seis dias da criação. A princípio, informe e vazia, seria modelada pelo Espírito de Deus até que viesse a adquirir a forma atual (Gn 1.2).

 5. O significado da palavra or. “A palavra hebraica para ‘luz’ é ‘or’, e refere-se às ondas iniciais de energia luminosa atuando sobre a terra. Posteriormente, Deus colocou ‘luminares’ (hb. ma'or, literalmente ‘luzeiros’, v. 14 nos céus como geradores e refletores permanentes das ondas de luz. O propósito principal desses luzeiros é servir de sinais demarcadores das estações, dias e anos (vs. 5-14)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1991, p. 30].

 III. A ORDENAÇÃO DA TERRA

 1. O Espírito Santo na criação. O Espírito Santo pairou sobre as águas (Gn 1.2). Ele esteve presente e desempenhou um papel ativo na obra da criação. O que vemos pelo relato bíblico é que a cada dia, Deus fez uma tarefa diferente, mas ordenada, para que a vida fosse possível em nosso planeta.

 2. Tarefas ordenadas. Em Sua obra a cada dia, Deus agiu de forma bem específica, organizando o cenário em que seria colocada a vida em nosso planeta. Primeiro Ele preparou o mundo para receber os seres vivos, depois os criou. O “El barra” (criador), Ele primeiro criou o ambiente em que viveríamos, para depois nos criar.

 3. Deus Criador de todas as coisas. Infelizmente, muitos cristãos têm receio de declarar que creem que Deus é o criador de todas as coisas. Deus é real e o Criacionismo não é um mito, mas uma verdade. Quando se fala que Deus tudo criou, algumas pessoas perguntam: “E quem criou Deus?”. O Todo-Poderoso não teve um início, Ele é atemporal. A Bíblia também não tenta provar sua existência, ela simplesmente inicia afirmando: “No princípio, [...] Deus...”. As teorias que explicam a criação do homem e do universo, são apenas teorias, ou seja, conhecimento especulativo.

 “Hoje, muitos cristãos afirmam que os milhões de anos de história da Terra se ajustam à Bíblia e que Deus usou o processo evolucionário para criar. Essa ideia não é uma invenção recente. Há mais de duzentos anos, muitos teólogos tentam essas harmonizações em resposta a trabalhos como o de Charles Darwin e de Charles Lyell, escocês que ajudou a popularizar a ideia de milhões de anos da história da Terra e de um moroso processo geológico.

 Quando consideramos a possibilidade de que Deus usou o processo evolucionário para criar ao longo de milhões de anos, confrontamo-nos com sérias consequências: a Palavra de Deus não é mais competente e o caráter de nosso Deus amoroso é questionado.

 Já na época de Darwin, um dos principais evolucionistas entendia o problema de fazer concessão ao afirmar que Deus usou a evolução. Uma vez que você aceite a evolução e suas implicações para a história, então o homem está livre para escolher as partes da Bíblia que quer aceitar” [HAM, Ken. Criacionismo: verdade ou mito? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, pp. 35-6].

 IV. A CRIAÇÃO DA LUZ

 1. E houve luz. A criação da luz, no primeiro dia do Universo, é carregada de significados (Gn 1.3). Embora o Criador dela não precisasse, a criação a reclamava: “Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Sl 139.12). Sem luz, a vida seria impossível.

 2. A luz inicial. A luz de Gênesis 1.3 não era proveniente do Sol, pois este só viria a ser criado no quarto dia. Ela provinha do próprio Deus. Luz semelhante, porém, mais gloriosa, haverá na Jerusalém Celeste (Ap 22.5).

 

3. Deus tinha razões específicas para criar o mundo. “Deus criou os céus e a terra como manifestação da sua glória, majestade e poder. Ao olharmos a totalidade do cosmo criado - desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza - ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso Criador. Deus criou os céus e a Terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza rendem louvores ao Deus que nos criou. Quanto mais Deus deseja e espera receber glória e louvor dos seres humanos. Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1991, p. 31].

 V. A SEPARAÇÃO DAS ÁGUAS

 1. Separando as águas. Deus não criou a Terra para ser um caos, mas para servir-nos de habitação (Is 45.18). Por isso, no terceiro dia da Criação, separou as águas que se achavam abaixo e acima do firmamento (Gn 1.6-10).

 2. A criação da atmosfera. Foi ainda no terceiro dia que Deus criou o firmamento; e, com este, a atmosfera terrestre, para que a vida se tornasse possível.

 Deus criou e fez separação das águas que se achavam abaixo e acima do firmamento.

 VI. A CRIAÇÃO DO REINO VEGETAL

 1. O reino vegetal. Para que os animais, que só seriam criados no quinto e no sexto dias, pudessem se alimentar, o Senhor, já no terceiro dia da criação, fez brotar as relvas, as ervas e as árvores (Gn 1.11-13). Em sua obra, Deus mostrou-se em tudo perfeito e metódico. Seu cronograma foi rigorosamente cumprido (Sl 86.8).

 2. As possibilidades do reino vegetal. Deus ordenou que o reino vegetal produzisse ervas, plantas e árvores frutíferas, para que pudessem se multiplicar segundo a sua espécie (Gn 1.11,12).

 VII. A CRIAÇÃO DO SISTEMA SOLAR

 1. A criação do Sol, da Lua e das estrelas. No quarto dia, Deus criou o Sol, a Lua e as estrelas (Gn 1.14-19). Dessa forma, o tempo será dividido não apenas em dia e noite, como acontecia até ao terceiro dia, mas também em semanas, meses, estações e anos (Gn 1.14).

 2. A perfeição do sistema solar. Deus criou o sistema solar para funcionar perfeitamente, conforme declarou o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre” (Jr 31.35,36 - ARA). Não há máquina tão perfeita quanto o sistema solar (Is 40.26).

 VIII. A CRIAÇÃO DO REINO ANIMAL

 Somente depois de o ambiente natural estar devidamente aparelhado é que Deus criou, no quinto e sexto dias, os animais aquáticos, alados e terrestres. O Criador agiu de forma sábia em seus intentos.

 1. Quinto dia. No quinto dia, Deus criou os grandes animais marinhos e os peixes; em seguida, as aves (Gn 1.20,21). Ato contínuo, ordenou-lhes: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra” (Gn 1.22).

 2. Sexto dia. No sexto dia, Deus criou os animais selvagens e os domésticos (Gn 1.24,25). No que tange aos animais, há uma espantosa variedade de espécies entre eles e, ao mesmo tempo, uma cadeia maravilhosa que os identifica (Sl 104.24). Observemos, por exemplo, a família dos felinos. Vai desde o gatinho até ao leão, rei dos animais. No sexto dia, Deus criou também o homem, e assim deu início à humanidade.

 CONCLUSÃO.

Deus não se limitou a criar os Céus, a Terra, os animais e o ser humano. Fazendo-se presente em sua obra, mas sem confundir-se com esta, Ele se mostra presente e soberano em todas as coisas. Não estamos sozinhos neste mundo. O Pai Celeste zela por nós.