TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 15 de março de 2021

AS CHAMADAS DE DEUS PARA O HOMEM



Introdução O pecado afastou o homem do Seu criador por isso Deus enviou o Seu Filho Jesus Cristo para salvação de toda a humanidade. Para que o homem se salve é necessário que ele se aproxime do Senhor, pois O Senhor Deus em todos os tempos tem chamado o homem e continua chamando para a salvação. Neste estudo veremos as chamadas de Deus para a humanidade.

I. VINDE OS CANSADOS

Mt 11.28-30 “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 2- Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas. 30- Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.

Jesus vendo que Seu povo levava um fardo pesado, imposto pelos fariseus, as exigências da Lei Mosaica que era composta de 613 mandamentos, o qual era impossível ao homem cumprir e além do mais as tradições para serem salvos. Então Jesus ofereceu o Seu fardo, que é leve e agradável de carregar.

1. Que é o jugo de Jesus. Em contraste com as minuciosas obrigações do legalismo dos fariseus, o jugo de Cristo é suave.

1ª João 5.3 “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são pesados”.

2. Quais são os mandamentos deste jugo Cristo. Amar a Deus acima de tudo, é o grande mandamento, e o segundo semelhante a este é: Amar o teu próximo como a ti mesmo. Crer na pessoa de Jesus como Messias, Filho de Deus, Salvador e nosso Redentor; não jurar pelos céus e a terra (Mt 5.34-35); Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 19.17-18). O jugo do Senhor (mandamentos) não é pesado, mas é suave e leve de carregar.

3. Jesus ainda continua chamando os cansados: “Vinde a Mim” todos que estais cansados:

A. O convite de Jesus é para todos.

B. O convite é para vir a Deus através de pessoa Jo 14.6.

C. O convite é para os aflitos.

D. O convite oferece alívio à alma.

E. O convite é para rejeitar o jugo cruel do mundo, e do pecado.

F. O convite é para você deixar suas tradições e dogmas de sua religiosidade, deixar suas penitências (que são os sacrifícios que você coloca para herdar a salvação), para receber o fardo suave de Cristo. O cristão tem que fazer sacrifício para ganhar almas e não para ser salvo, Jesus já carregou por nós toda sentença da Lei e todas as penitências, Ele cumpriu e cravou na cruz do Calvário.

O convite oferece descanso espiritual num Mestre verdadeiramente misericordioso.

IV. VINDE PARA SER LIMPO

Is 1.18 diz: “Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: Ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”.

Isaías diz que Deus está disposto a purificar e perdoar os pecados aqueles que ouvem e seguem sua voz. Deus é gracioso e perdoador, porém o povo pecador deve escolher entre obediência e o juízo.

No sermão da montanha Jesus diz: “Bem aventura os limpos de coração, porque eles verão a Deus”.

Limpos no gr. Katharos, sem mancha, limpo, imaculado, puro. O pecado macula e corrompe, mas o sangue de Jesus tira as manchas.

III. VINDE Á FESTA DO EVENGELHO

Lc 14.17-24 “Na hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, pois tudo já está preparado. 18- Não obstante, todos, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado”. 19- Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenha por acusado. 20- O outro disse: casei-me e, por isso não posso ir. 21- E, voltando aquele servo, anunciou essas coisas ao seu senhor. Então, o pai de família, indignado disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, e os mancos e os cegos. 22 E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. 23- Respondeu-lhe o Senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. 24- Porque nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia”.

Israel tinha aceitado o convite de Deus para o reino feito pelos profetas. A chegada de Jesus sinaliza a chegada do Reino, mas em sua rejeição dele, a nação está rejeitando a oferta da graça de Deus. Entretanto, o objetivo de Deus não será impedido, e então ele enviará seu gracioso convite aos gentios, (v. 21b – Disse o Senhor: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, e os mancos e os cegos).

A grande ceia do Senhor ensina que:

1. Deus honra os homens com Seu convite; é uma afronta desprezá-lo.

2. O Evangelho é de graça, tudo já está preparado.

3. Os homens procuram eximir-se da responsabilidade de comparecer à ceia, porque:

A. Preferem ver as coisas terrenas, e recusam as espirituais.

B. Preferem trabalhar, a receberem de graça (Ef 2.8,9).

C. Preferem buscar um casamento no mundo, e rejeitam as bodas do céu.

4. Rejeitar o convite é uma decisão que perdura toda a eternidade.

5. O desejo de Deus é que se encha esta casa.

As desculpas dos escusados são falsas, rejeitar a festa do Rei para ver um campo ou experimentar uma junta de bois, notamos que uma vez que ninguém compra sem ver e o recém-casado devia levar sua esposa a esta festa.

V. VINDE PARA GANHAR ALMAS

Mt 4.19 está escrito: E disse-lhes: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”.

A chamada dos quatros discípulos: André, Tiago, Pedro e João, aqui são convidados a seguir a Cristo dedicando-se ao discipulado (gr. Mathetes. Aquele que está sendo ensinado);

Eles já haviam encontrado Jesus (ver Jo 1.40-42), mas agora deixaram suas ocupações seculares para segui-lo.

1. Primeiro Jesus chama para a salvação.

2. Jesus para ser discípulo.

3. Para ser ministro do evangelho.

Jamais Jesus envia alguém sem primeiro passar pela sua escola.

IV. VINDE PARA UMA BOA PORÇÃO

Is 55.1-3 “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei! Vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. 2- Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleita com a gordura. 3- Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá. Convosco farei uma aliança perpetua, dando-vos as firmes beneficências prometidas a Davi”.

O convite dirige-se a todos os necessitados, de todos os tipos, sem limitação de raça ou de povo; Deus distribui a Sua misericórdia à medida que aceita pela fé. É dom gratuito a todos os que reconhecem suas necessidade, e se arrependem.

Deus sabe que o povo de Israel iria correndo todos os dias para comprar seu alimento, mas Deus quer mostrar que a comida espiritual quem vem de Deus, gratuitamente, é em tudo superior, só entra no gozo dos finos manjares quem come! Só recebe os bens da graça de Deus aquele que os aceita com fé verdadeira e sincera.

1. Vinde às águas - Jesus é a água da vida, em Jo 7.37-38 diz: “No último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se de pé, e clamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38- Quem crê em Mim, como diz as Escrituras, do seu interior fluirão rios de água viva”.

No último dia da festa dos Tabernáculos, dia sagrado como sábado, e todos os dias da festa um jarro de ouro com água do tanque de Siloé era derramado como libação sobre o altar do sacrifício matinal. E Jesus já declarava que Ele cumpria o significado do milagre na Rocha de Meribá. Quando o povo de Israel murmurava com Moisés e Arão no deserto porque não tinham água, Moisés se apresentou ao Senhor na porta da congregação e a glória do Senhor lhes apareceu. E o Senhor disse a Moisés: Toma o bordão, junta o povo, tu e Arão, e diante dele falai à rocha, e dará a sua água; assim lhes tirareis água da rocha e dareis a beber a todos (Nm 20.1-13).

Porém, Moisés procedeu de maneira errada diante do povo.

1) Teve mau humor diante do povo em chamar de rebelde.

2) Devia falar a rocha, porém ele feriu duas vezes a rocha.

Quero te convidar a vir a esta Rocha e falar com ela, pois a Rocha é Jesus e dela sairá água pura para matar a tua sede.

2. Jesus é a única fonte de águas. Jo 4.14 Jesus diz: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte que jorra para a vida eterna”.

Cristo é a fonte de vida a jorrar naqueles que vêm a Ele e creem nele.

3. A chamada é Universal. Ap 22.17 “O Espírito e a noiva dizem: vem. Quem ouve diga: vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”.

Este é o apelo a Salvação: O Espírito e a Noiva dizem vem.

Uma palavra de salvação está sendo anunciada a toda a humanidade, aqueles que ouvem e aceitam esta palavra vivem a experiência em saber de que Jesus está vivo e tem uma eternidade preparada.

Quem tem sede de salvação venha.

Os que têm sede de justiça dizem: venham.

Os humildes que conhecem que não têm nenhum mérito para receber a salvação venham!

4. Este rio sai do trono de Deus. (Ez 47.1-12).

O convite do Senhor para entrar nesse rio é para todos os que querem ser abençoados. Não fique com as águas pelos artelhos, nem pelos joelhos, mas entre nesse rio, nade nesse rio. As águas deste rio são purificadoras, águas da vida eterna. Esse rio há de ser uma bênção sem par para todos que entrarem nele. Serão sarados todos os males espirituais, sociais, familiares e corporais. É justamente isto que o rio está fazendo, curando, fertilizando, embelezando.

Este rio é Jesus e pode ser comparado ao sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário para remissão de nossos pecados. O sangue de Jesus nos purifica e limpa de todo o pecado. Amem!

V. VINDE PARA ORAÇÃO

1ª Tessalonicenses 5.17 “Orai sem cessar.”

Efésios 6.18 “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.”

Marcos 13.33 “Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.”

Precisamos estar alertas, “vigiando em todo tempo”, porque estamos numa luta sem trégua! Mas conforta-nos saber que não estamos sozinhos.

Deus, além de estar conosco “todos os dias”, Ele também nos dá a defesa necessária: uma armadura completa, composta por: cinturão da verdade, couraça da Justiça, sapatos da disposição para pregar o evangelho, escudo da fé, capacete da salvação e espada do Espírito.

VI. CHAMADOS PARA SERVIR

Êxodo 8.1 “Depois disse o SENHOR a Moisés: Vai a Faraó e dize-lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.”

João 13.14-17 “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. 15- Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. 16- Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. 17- Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.”

Se o seu superior, que era Senhor e Mestre (professor), estava pronto a realizar esta tarefa para eles, é claro que deviam fazê-lo uns pelos outros. Humildade não é abnegação essencialmente, mas desinteresse próprio em serviço dos outros.

Jesus deixou-nos o exemplo. Isto exclui qualquer pensamento de que o lava-pés seja uma ordenança. As Escrituras silenciam sobre a prática, salvo na qualidade de um serviço ministrado por causa do amor na questão da hospitalidade (1ª Tm 5.10).

A atitude de Jesus em lavar os pés de seus discípulos, por exemplo, é algo que todo cristão deve ter nítido em sua mente. Sendo Senhor e Deus, Ele se curva diante de seus discípulos como servo deles e lava seus pés marcados pelo tempo, pela poeira e pelo esforço.

Em breve, aqueles pés o representariam todo o mundo, e o Mestre faz questão de dizer o quanto nos ama através dessa atitude.

VII. CHAMADOS PARA ADORAR

1. O Que Significa a Palavra Adoração? O dicionário Aurélio define adoração como culto a uma divindade; culto, reverência e veneração. O mesmo dicionário define o verbo adorar como render culto a (divindade); reverenciar, venerar (Dicionário Aurélio). As palavras que definem adoração, no Velho Testamento, significam ajoelhar-se, prostrar-se (#7812, Strongs), como em Êx 20.5. As palavras que definem adoração, no Novo Testamento, significam beijar a mão de alguém, para mostrar reverência; ajoelhar ou prostrar-se para mostrar culto ou submissão, respeito ou súplica (#4352, Strongs), como em Mt 4.10 e Jo 4.24. Adoração então é uma atitude de extremo respeito, inclusive ao divino, que se expressa com ações singulares de reverência e culto.

2. O salmista Davi convida a todos a adorar. Salmos 95.6,7 “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou. 7- Porque ele é o nosso Deus, e nós povo do seu pasto e ovelhas da sua mão. Se hoje ouvirdes a sua voz.”

Davi sentiu imenso prazer em adorar ao Senhor, e se dedicou ao trabalho de incentivar, organizar e conduzir o culto a Deus em Israel. Salmo 95 é uma chamada à adoração com um contraste interessante. Ou abrimos os corações para dar ao Criador sua devida honra, ou endurecemos os corações e viramos as costas para ele.

3. Adorar em espírito e em verdade. João 4.22-24 “Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. 23- Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 24- Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”

3.1. Adorar em espírito e em verdade é adorar a Deus de todo coração, com a ajuda do Espírito Santo. A verdadeira adoração vem do coração, ou seja, envolve o Espírito Santo e o espírito do homem, não de fatores externos como o lugar, a cerimônia ou palavras repetidas. Adorar em espírito e em verdade é adorar com sinceridade e fé.

3.2. Adorar é mostrar amor, respeito e dedicação a Deus. Rituais como ir à igreja e cantar louvores ajudam a expressar essa adoração mas só têm valor quando são fruto do desejo do coração de adorar a Deus. Deus não se agrada de rituais sem sinceridade (Salmos 51.16-17). Adorar em verdade é adorar por querer adorar a Deus, por tudo que Ele é e tudo que Ele faz.

3.3. Adorar em espírito é adoração viva. O espírito é aquilo que nos liga a Deus e nos dá vida. A verdadeira adoração vem da comunhão com Deus. Podemos ter essa comunhão através do Espírito Santo, que mora dentro de cada pessoa salva (Atos 2.38).

VIII. CHAMADOS PARA EVANGELIZAR

Marcos 16.15,16 “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 16- Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.”

“Ide por todo o mundo...” A todos os países debaixo do céu; e pregar o evangelho a toda criatura – isto é, a toda a humanidade, a todo ser humano, seja judeu ou gentio, pois nosso Senhor fala sem qualquer limitação ou restrição. Isso era o que Jesus queria ver realizado, se queremos realizar a Sua obra, teremos de entender o evangelho e ser capazes de explicá-lo aos perdidos. Este é o momento de introduzir as lições sobre o caminho da salvação.

IX. CHAMADOS PARA TESTEMUNHAR

Atos 1.8 “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”

No dia de Pentecostes a promessa de Atos 1.8 se cumpriu. A igreja foi batizada e revestida do poder do Espírito Santo. Entretanto, o poder do Espírito para a igreja não tem, como nunca teve, um fim em si mesmo.

O poder do Espírito tinha como finalidade primordial capacitar os crentes para dar testemunho de Cristo. No Novo Testamento os dons ou manifestações do Espírito (línguas, curas, profecias, etc.) foram dados com o único objetivo de que a igreja testemunhasse de Jesus ao redor do mundo. (2). Nada do que a igreja recebe do Espírito tem nela um fim em si mesmo. “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas…”, disse Jesus (At 1.8).

X. CHAMADOS PARA FAZER A VONTADE DO PAI

João 4.34 “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.”

1. A vontade do Pai é amar a Deus acima de tudo. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37-39).

2. A vontade do Pai é que o crente guarde Sua Palavra. “Se alguém Me amar, guardará a Minha palavra; e Meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada. Quem não Me ama, não guarda as Minhas palavras” (João 14.23-24).

3. A vontade do Pai é ele permaneça na Sua palavra. “Se vós permanecerdes na Minha palavra, verdadeiramente sois Meus discípulos” (João 8.31).

4. Somente quem faz a vontade do Pai entrará no Seu Reino. “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus. Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsamos demônios? e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7.21-23).

Conclusão. Deus tem desejo que todos venham a Ele para serem abençoados. Deixe tuas tristezas tuas magoas tuas queixas e entre nesse rio nade nesse rio. A chama para todos os seres humanos é para fazer parte do Seu reino.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau Sc


terça-feira, 9 de março de 2021

A CHAMADA PARA A SALVAÇÃO

 


Deus nunca força o homem aceitá-lo, mas certamente convida a receberem a salvação. Este convite inclui o dom da graça de Deus e o poder do Espírito Santo para convencer o homem do pecado e ajudá-lo na decisão para sua salvação. Os atos da graça divina mediante a salvação são conhecidos como “a chamada para a salvação”.

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

I.          A NECESSIDADE DA CHAMADA

Certo líder espiritual observou que o homem não descobre a Deus mas, sim, Deus se revela ao homem através das Escrituras Sagradas. Além disto, o homem não pode iniciar ou realizar sua salvação à parte de Deus (Os 4.6; 6.3). Por causa da sua natureza pecaminosa, o homem é espiritualmente um “inválido”, incapaz em si mesmo de dar um só passo em direção a Deus (Rm 3.11). Porque a natureza depravada do homem e seu pecado tornam-se incapaz de vir a Deus, por isso Deus teve que vir até ele. Portanto, Deus precisou prover não somente um meio de salvação (a redenção em Cristo); mas também Ele restaura ao homem a capacidade de buscá-lo. Ele mesmo atrai todos os homens a Si, no recebimento da salvação, mediante o Espírito Santo. Sem esta ajuda divina nenhum homem poderia jamais ser salvo. “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44, 37, 39,44).

Conforme a resposta positiva que Deus vê no coração do homem em aceitá-lo, ele restaura, liberta, perdoa e transforma o homem numa nova criatura.

II.       SALVAÇÃO OFERECIDA A TODOS

A preservação da vida de Raabe e sua família (Hb 11.31); a benção sobre a vida de Rute (Rt 4.13-22); e a cura de Naamã (2º Rs 5.1-14), são apenas alguns exemplos de que Deus é Senhor e abençoador de todos. Ele quer salvar a todos (Tt 2.11; Mt 11.28; Jo 6.37; Ef 4.6). O profeta Jonas testificou que Deus é misericordioso para aceitar a qualquer um que se arrependa de seus pecados (Jn 4.2). O evangelho de João 1.12, confirma este propósito de Deus: salvar a todos (Jo1.12). Jesus também o declarou (Jo 3.17; 5.24). Infelizmente, muitos são os que rejeitam o convite da graça de Deus e acabam por desprezar a Cristo, acarretando sobre si a ira divina.

III.   A NATUREZA DO CHAMAMENTO

1. É importante compreender que o chamamento de Deus para a salvação.

Deus deseja que todos recebam a salvação em Cristo, e a vida eterna que Ele oferece. Deus deseja que todos os homens sejam salvos. Ele não força a decisão do homem, mas Seu próprio desejo é que o mundo receba. “...não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento’ (2ª Pe 3.9b). Portanto Deus deseja que todos cheguem ao arrependimento e recebam o perdão de seus pecados.

2. O convide de Jesus não é seletivo, mas para todos os homens. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Embora o chamamento de Deus seja dirigido a todos os homens, estes não são obrigados a aceitá-lo. O fato do chamamento ser universal, a salvação não é universal, mas individual. Assim como a redenção de Cristo é suficiente para todos, mas eficaz somente para o que crê, assim também a chamada de Deus é válida para o mundo inteiro. Mas aplicável somente aqueles que a atendem.

3. Jesus convida a todos para que recebam a vida eterna. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

4. Deus chama o homem para desfrutar de uma porção especial no Seu evangelho. “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1).

No capítulo 55 o profeta messiânico prenuncia o evangelho da graça. As primeiras palavras deste capítulo fazem nos lembrar aos de nosso Senhor Jesus Cristo no grande dia da Festa dos Tabernáculo: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7.37). O evangelho faz o seu apelo ao um mundo sedento. Notemos os seguintes pontos:

4.1. Um evangelho de graça: tudo é oferecido “sem dinheiro e sem preço”.

4.2. É um evangelho de fé e não de obras: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá” (v.3).

4.3. É o evangelho de Cristo (v.4). Deus o tem dado como príncipe e Comandante do povo, para ser o Capitão da sua salvação. Os que o procuram, acham; e todos os que o invocam (v. 6) recebem misericórdia e perdão (v.7).

4.4. É um evangelho de gozo (v.12). Quem o recebe sai cantando, como o eunuco da Etiópia (At 8.39).

4.5. É um evangelho frutífero (v.13). “Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta”. As obras da carne cedem lugar ao fruto do Espírito.

IV.    O CHAMADO ESPECIAL

O chamamento básico e geral de Deus é para o arrependimento (Mt 3.2; 2ª Pe 3.9) e para a fé (Rm 10.9; 1ª Jo 3.23). Este é o chamamento para a salvação, o qual envolve outros chamamentos mais específicos. Primeiramente, os que recebem o chamamento para a salvação recebem uma vocação especial para serem num sentido específico os “chamados”, em contraste com o restante do mundo (1ª Co 1.26; Ef 1.18), pois são chamados para serem santos (1ª Co 1.7).

Em segundo lugar, os que “chamados para serem santos” também recebem chamamento para ministérios específicos, assim como Paulo foi “chamado” para ser apóstolo (Rm 1.1).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

sexta-feira, 5 de março de 2021

A SALVAÇÃO OFERTADA POR JESUS CRISTO



Texto Básico

João 3.1-7. “E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2- Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3- Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. 4- Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? 5- Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. 6- O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7- Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.”

INTRODUÇÃO

A promessa do descendente que seria capaz de desfazer as obras do Diabo cumpriu-se em Jesus de Nazaré. Mais relevante do que humilhar publicamente principados e potestades da maldade, foi o fato de Cristo ter restaurado o fluxo originário do plano de Deus para a humanidade, reaproximando-nos novamente de nossa vocação edênica e concedendo-nos a oportunidade de, outra vez, ter esperança na promessa do céu.

I. ELEIÇÃO 

1. A eleição como uma doutrina biblicamente fundamentada. A Bíblia Sagrada está repleta de textos que anunciam e discutem aquilo que denominamos de Doutrina da Eleição. Por eleição entenda-se a capacidade divina de ser o promotor da condição de salvação daqueles que serão salvos. Em outras palavras, através da eleição, como ato livre e incondicionado, o Altíssimo proporcionou à humanidade a possibilidade da salvação. A Escritura registra casos de eleições/escolhas individuais, coletivas e nacionais, os quais tanto estão ligados à salvação como a outras questões: a escolha/eleição de determinados indivíduos para missões específicas (1ª Sm 16.8-13).

1.1. Eleição dos filhos de Deus para salvação. Rm 8.31-34 “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32- Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? 33- Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.34- Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.”

1.2. A eleição/escolha da Igreja para a salvação. Rm 11.7 “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos.

Ap 17.14 “Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma ideia, e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.”

1.3. Existem anjos que são chamados de escolhidos/eleitos. 1ª Tm 5.21 “Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.”

1.4. A eleição nacional dos israelitas como povo em quem Deus cumpriria suas promessas para abençoar todas as nações. Sl 105.6 “Vós, semente de Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos.

Is 41.8 “Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo.”

A partir destas três dimensões do conceito de eleição, pode-se demonstrar que este conceito não está restrito à temática da salvação, e sim, da soberania divina. Pensemos então na questão da eleição a partir de duas perspectivas básicas, a divina e a humana, e por fim esclareçamos aquilo que não é eleição para que se evite uma apropriação errônea dessa importante doutrina bíblica.

2. A capacidade de Deus eleger, escolher, convocar determinados indivíduos para eventos específicos revela-nos alguns atributos divinos:

2.1. Presciência. Sendo diretamente associada a onisciência (a capacidade de saber de todas as coisas), a presciência é a faculdade de saber antecipadamente como tudo irá acontecer, ou seja, Deus tanto entende tudo sobre todas as coisas que estão acontecendo agora, como sabe todas as possibilidades e consequências antes que estes aconteçam.

1ª Pedro 1.2 “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (Outra ref. 1º Sm 23.1-13).

2.2. Onibenevolência. O Senhor, por saber tudo, é capaz de fazer sempre a melhor escolha e por sempre ser bom, sua escolha nunca se inclinará para o maligno ou para a produção de malignidade. Por isso, tudo o que Deus deseja é bom, perfeito e agradável.

Rm 12.2 “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”

Assim, a eleição não é um instrumento para estabelecimento das arbitrariedades de um deus que age sem levar em consideração nada ou ninguém, ao contrário, a doutrina da eleição é uma garantia que temos de que — naquilo que depender exclusivamente de Deus — sempre receberemos o melhor possível.

2. A urgência da correspondência à dignidade da eleição. 1ª Pedro 1.9,10 “Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.10- Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada.”

Pedro, exorta-nos a não desperdiçar a graça que nos foi concedida por meio da eleição em Cristo; antes, devemos viver de tal forma que aquilo que Jesus construiu em nós não seja destruído por nossas próprias ações tresloucadas (Hb 12.25-29). Há, desta forma, uma urgente necessidade de valorizarmos tudo o que vem de Deus para nossas vidas, cônscios de que o maligno deseja a todo custo afastar-nos da vocação de Cristo e que nós tanto podemos colaborar para que aqueles que ainda não compreenderam a riqueza da salvação de Deus possam percebê-la:

“Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” (2ª Tm 2.10).

Como devemos viver na expectativa da segunda vinda gloriosa do Mestre (Hb 9.28).

3. O que não é eleição. A Doutrina da Eleição não pode ser entendida como um instrumento perverso de Deus para selecionar alguns para a salvação eterna, enquanto outros serão aleatoriamente escolhidos para a condenação eterna. Como já dissemos anteriormente, Deus é um todo de bondade, jamais agiria de modo despótico. Por outro lado, a Eleição também não é um instrumento para justificar uma vida de pecados e descompromissada com Deus, pois fomos eleitos para a obediência e as boas obras: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10).

Assim, quem opta por uma existência de pecados e devassidão deve ser consciente das consequências eternas de suas escolhas:

Hb 6.4-6 “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo. 5- E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro. 6- E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.”

II. ARREPENDIMENTO E FÉ

1. O arrependimento como uma obra divina. Arrependimento, do grego metanoia — mudança de mentalidade — e do latim repoenitere — ter pesar de…, sentir muita mágoa por uma má ação —, é um dos conceitos centrais da fé cristã. Pode-se dizer que não existe relação com Cristo sem um prévio estabelecimento de um coração arrependido. A humanidade está terrivelmente afetada pelo pecado e pela desobediência (Tt 1.16). Desta forma, por si só, os filhos de Adão não conseguem compreender a graça de Deus que se manifestou em Cristo Jesus (Hb 2.10). A Bíblia Sagrada declara de maneira explícita que a fonte do arrependimento que implica a salvação é Deus (At 5.31; Rm 2.4; 2ª Tm 2.25). Desta maneira, como a salvação é um projeto divino oferecido para a humanidade (Tt 2.11), o arrependimento que é um pré-requisito para a salvação, também é uma possibilidade acessível a todos (At 17.30). Infelizmente, algumas pessoas, mesmo depois de experimentarem a vida transformada pela salvação garantida por Cristo no calvário e manifesta por meio do arrependimento, desprezam a graça e voltam a viver de modo cheio de vergonha e pecado (Hb 6.4-6).

2. A missão de Cristo: chamar pecadores ao arrependimento. Em inúmeras oportunidades Jesus de Nazaré declara que o objetivo central de seu ministério era levar pecadores ao arrependimento (Mt 9.13; Mc 2.17; Lc 15.7,10). É evidente que houve casos em que, apesar do chamado de Cristo, pecadores não se renderam (Jo 6.66). Não existe arrependimento automático, irreflexivo. A obra da salvação é divina, mas o pecado humano pode conduzir pessoas a estágios de desobediência tão grande que os levarão ao inferno (1ª Pe 4.17,18; 2ª Tm 3.2-5).

3. O conteúdo da mensagem evangélica. O grande problema da igreja contemporânea é o investimento de tempo, recursos e energia em atenção a situações e problemas que não são próprios de sua vocação. Nossa vocação é proclamativa (Mc 16.15)! Diante desta centralidade da pregação, uma outra pergunta surge naturalmente: qual deve ser o conteúdo de nossa evangelização? A resposta o próprio Senhor Jesus, já ressuscitado dá-nos em Lucas 24.47. O arrependimento não precisa ser apenas uma consequência de nossa pregação, mas também o próprio objeto de prática. Precisamos de menos pirotecnia gospel em nossos púlpitos, menos autoajuda ou pseudocoaching e mais Bíblia. Mais sermões sobre a necessidade de arrependimento e confissão de pecados, e menos discursos pré-fabricados que apenas procuram domesticar pecados.

O arrependimento é o único caminho para a manutenção de relacionamentos saudáveis; já que somos pecadores cheios de falhas, nossos relacionamentos estariam fadados ao fracasso, não fosse nossa capacidade de arrependermo-nos. Logo, para o desenvolvimento de uma vida comunitária feliz, o arrependimento precisa ser uma postura praticada e que tenha credibilidade. Da parte daquele que age de modo precipitado e fere a outros, exige-se a capacidade de mudança de atitude, isto é, a prática do arrependimento (At 2.38; 3.19). Já com relação àqueles que foram vítimas de ações desacertadas dos outros, o Senhor Jesus exorta-nos a perdoá-los, diante de seu genuíno arrependimento, ainda que seja necessário fazer isso inúmeras vezes num mesmo dia (Lc 17.3-5). Ser cristão é algo muito sério, não é algo para pessoas infantilizadas que só pensam em sua própria satisfação carnal.

III. REGENERAÇÃO

1. O que é regeneração. A palavra regeneração significa literalmente gerar algo que seja novo. Não é apenas um recomeço para aquilo/aqueles que já existem, e sim, uma nova oportunidade que o Criador concede a todos os seus filhos, através de Jesus Cristo. Refletir sobre essa poderosa obra de Deus em nosso favor leva-nos a um nível maior de compreensão do amor do Pai.

2. Características da regeneração na vida de uma pessoa. A compreensão daquilo que é a regeneração torna-se mais fácil de captar a partir do diálogo de Jesus com o erudito fariseu, Nicodemos, em João 3.1-12. Nesse texto, testemunhamos a dúvida do interlocutor de Jesus, que seria a de qualquer um de nós. Quando Jesus fala sobre a necessidade da regeneração (vv. 3,7) Ele utiliza-se da expressão “nascer de novo” que poderia ser traduzida como “nascer de cima”, numa tradução livre, “nascer noutro nível, num nível mais elevado”. Mas o que significaria exatamente isso? Nas palavras de Jesus, é muito mais que assumir uma série de comportamentos ou atitudes sociais, tem a ver com uma transformação radical que atinge a espiritualidade de uma pessoa (v. 6).

A regeneração não é aquilo que uma instituição faz na vida de uma pessoa, ou que a influência de outros indivíduos constrói em nossas opiniões e hábitos, a regeneração é a manifestação da salvação no interior de cada um de nós, operando em nosso ser — e tendo como exclusivas testemunhas nós mesmos (1ª Jo 5.18). Logo, a causa da regeneração é única: a ação do Eterno no interior daquele que teve o privilégio de conhecer a Cristo (1ª Pe 1.23). Somos novamente gerados, nascidos para outro nível de espiritualidade por meio da graça (Gl 4.24,28,31).

Apesar de a regeneração ser uma obra que ocorre no interior do nascido de novo, é possível apontar alguns elementos fundamentais que caracterizam essa operação de Deus em nossas vidas:

2.1. Quem passou pela experiência da regeneração vive na perspectiva do Espírito, por isso, consegue perceber e entender acontecimentos sob uma ótica que os não-regenerados, isto é, aqueles que vivem uma “vida natural” não conseguem atingir (Jo 3.8; 1ª Co 2.11-16).

2.2. O regenerado em Cristo reconhece a paternidade de Deus, por isso, identifica-se com as coisas que são do Criador e com tudo o que é do céu, isto é, de cima; assim ele vive como um morto entre os que vivem em pecado e como um vivo entre os que estão mortos em suas transgressões e delitos (Mt 10.39; Rm 14.8);

2.3. O regenerado consegue, porque vive a experiência da salvação; viver de modo absolutamente diferente (2ª Co 5.17). Neste texto, a prova da nova criação não é algo físico, e sim, um conjunto de consequências espirituais que, naturalmente, tem repercussões materiais.

CONCLUSÃO.

Estudar sobre a obra da salvação realizada por Jesus em nossas vidas é de extrema importância, pois ao pensarmos sobre como as ações de Deus foram previamente projetadas, podemos notar o quão maravilhoso é o amor de Salvador. Tendo recebido do Senhor o presente da salvação, cabe-nos a tarefa de afastar-nos todos os dias do caminho da maldade e desta forma, arrependimento não é apenas uma atitude, mas um estilo de vida para cada um de nós. Viva uma nova vida, viva a salvação!

Comentarista: Thiago Brazil. A salvação ofertada por Jesus Cristo. 1º Trimestre de 2020. CPAD, Rio De Janeiro RJ.


quarta-feira, 3 de março de 2021

A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

  


Em Gênesis, no capítulo 1 e 2, temos a descrição da criação, que também incluí a criação do homem e da mulher, e uma breve descrição da vida deles sem o pecado no jardim do Éden. A Bíblia não nos diz quanto tempo Adão e Eva viveram sem saber o que era pecar. O fato é que, num determinado momento de suas vidas, pela desobediência a Deus, o pecado entrou na vida de Adão e Eva.

Antes de o homem ser induzido ao pecado, já encontramos outro pecador – “a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás (Ap 12.9 e 20.2), tentando a mulher a duvidar da justiça e da bondade do Criador”.

Algum tempo após o estabelecimento da aliança entre Deus e o homem, Satanás entrou no paraíso, com o objetivo de introduzir confusão naquele ambiente de paz. O ardil usado por Satanás foi dúvida, a qual conseguiu introduzir na mente da mulher através da insinuação maliciosa, “...certamente não morrereis” (Gn 3.1-6).

A queda do homem foi o grande pecado de todos os séculos. Essa condição espiritual e pecaminosa o casal transmitiu à sua posterioridade.

I.       A DEFINIÇÃO DA PALAVRA QUEDA

Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram(Rm 5.12).

Sabemos que o homem não foi criado pecador, mas é verdade que o poder do pecado entrou no mundo dos homens através da escolha consciente e voluntária de Adão. O termo “queda” é uma tradução da palavra grega paraptoma, que quer dize: transgressão, violação, passo falso, pecado, um lapso moral pelo qual a pessoa é responsável; decair ao lado de onde a gente devia ter ficado em pé; perder o caminho, fracassar; e é aplicada à transgressão de Adão.

Disso podemos dizer então que a queda do homem é o cair da posição primitiva de favor e de santidade e vida espiritual, por causa do pecado de Adão, para a posição sob o domínio do pecado e da morte.

II.       PARAÍSO NO ÉDEN

1. Antes da desobediência. Tudo era harmonia; tudo girava em torno da presença amorosa de Deus; havia paz, havia a facilidade no relacionamento do casal. Eles viviam cada dia para Glória de Deus e um para o outro cumprindo assim o mistério de uma só carne. Depois da queda experimentaram sentimentos jamais vividos anteriormente, tais como: Sentimentos de medo, de angustia, de insegurança, de vergonha, de dor, de culpa, de remorso, de falta de paz e de ódio.

Após haver plantado um jardim, no Éden, nele o Senhor colocou o homem que criara (Gn 2.8). Dali, caberia a Adão governar o mundo como o representante de Deus na Terra. Ele tinha como tarefas cultivar a Terra e guardar o jardim.

1.1. Cultivar a Terra. Adão deveria fazer a cultura da Terra (Gn 2.15). Ele não somente a cultivaria, como dela haveria de criar invenções, utilidades, ciências e artes. Observemos que o Éden localizava-se numa região abundante em ouro (Gn 2.11,12). Ao criar Adão, Deus o dotou de muitas habilidades.

1.2. Guardar o Éden. Não podemos confundir a inocência de Adão com incapacidade intelectual. Santo no corpo e na alma, nosso pai era sábio e perfeitamente capaz de discernir entre o bem e o mal. Aliás, era mais inteligente que nós. Por isso mesmo, Deus o incumbiu de guardar o Éden, pois teria de enfrentar um inimigo mui astuto e sagaz.

III.   A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

1. A desobediência levou a queda. Como criatura de Deus, foi exigido do homem prestar obediência ao seu Criador, o que reflete basicamente a soberania moral de Deus e a livre agência do homem.

Ao contrariarem provavelmente a primeira ordem de Deus que disse:

“E o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2.16-17).

Mas o inimigo ciente desta ordem imperativa, antagônico à vontade de Deus disse ao casal que no dia em comessem do fruto se tornaria como Deus, conhecedor do bem e do mal só bastou essas palavras funestas para nascer em Eva um sentimento impaciente e ávido de ser como Deus até que desobedeceu dando início as trágicas consequências para a humanidade.

O pecado originou na raça humana, devido à transgressão voluntária de Adão no paraíso. O tentador veio com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, tornar-se-ia igual a Ele. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, desobedecendo às ordens de Deus. Com o primeiro pecado, Adão passou a ser escravo do pecado (Jo 8.34). Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. A tentação de Satanás pode ser resumida como tendo apelado ao homem desta maneira: ele fez o homem desejar TER o que Deus havia proibido; SABER o que Deus não havia revelado; e SER o que Deus não tivera a intenção que fosse (Gn 3.1-24).

1.      A essência do pecado de nossos primeiros pais é algo como o que segue:

2.1. Eva não confiou na bondade de Deus; ela acreditou na mentira de Satanás.

2.2. A mulher cedeu ao seu apetite físico.

2.3. Se submeteu a um desejo excessivo pelo belo.

2.4. Cobiçou uma sabedoria que não era da intenção de Deus que tivesse.

Desejar o que Deus proibiu é preferir a si mesmo no lugar de Deus, isto é pecar. O primeiro pecado foi o desejo do coração, a escolha de interesses próprios ao contrário dos interesses de Deus. Adão pecou como pai da raça humana e também como chefe representante de todos os seus descendentes e, portanto, a culpa do pecado é imputada a todos os homens, pelo que todos são merecedores de punição e morte. É nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de todos. É o que o apóstolo Paulo escreve: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” (Rm 5.12 -ARA). Deus imputa a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como atribui a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma:

“Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos” (Rm 5.18-19).

O pecado é tanto um ato como um estado. Pecado é uma transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus; é um estado pecaminoso. O pecado traz o mal sobre si, mesmo por suas ações e incorre em culpa aos olhos de Deus.

2.      Satanás o agente da tentação.

Quando se fala em Gênesis que a serpente falou a Eva, devemos tomar as palavras no sentido literal. A serpente não designa a figura de Satanás. Nem Satanás tomou a forma de uma serpente. Também a serpente não era um mero nome (Ap 12.9), nem um símbolo para cobiça, para desejo sexual, nem para razão errante. Uma serpente real era o agente da tentação, como é claro daquilo que é dito das características naturais da serpente (Gn 3.1).

Satanás, usando a serpente, lança primeiramente dúvida e a incerteza no coração de Eva. Ele conhece o valor da Palavra de Deus e que se o homem a transgredir, torna-se indesculpável.

Em seguida, dentro da confusão que se estabeleceu em seu coração Eva acrescenta algo à Palavra de Deus, mencionando a proibição de tocar na árvore da ciência do bem e do mal, coisa que não consta da ordem de Deus dada a Adão (veja Gn 2.16-17).

Por último, a serpente desafia a Palavra do Criador e tenta desacreditá-la, afirmando: “Certamente não morrereis”, quando Deus havia dito que morreriam (Gn 3.4; 2.17). Eva deixou entrar uma dúvida quanto à Palavra de Deus e caiu na tentação de comer o fruto proibido.

Se Adão e Eva tivessem dado ouvido à Palavra de Deus e levado a sério a consideração que Ele merece, não teria provocado o caos espiritual. O uso da Palavra de Deus pela serpente poderia ter sido também empregado, em contrapartida, como arma espiritual por Eva, mas ela não o fez. Foi bem diferente o exemplo do último Adão (Jesus Cristo), quando o diabo o tentou no deserto (Mt 4.1-8).

3.      As três dimensões do pecado na raça humana.

Deus tinha dito que, no dia em que comessem do fruto proibido, morreriam. Alguns se confundem com esta promessa de julgamento. Embora o processo de morte física começasse naquele dia fatídico, eles não morreram fisicamente.

O maior obstáculo para a nossa vida espiritual é o desejo carnal que existe em nós.

Em 1ª João 2.16, temos a lição que toda tentação do mundo consiste em três pontos: “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede de Deus, mas do mundo.

A. Os desejos da carne. O que satisfaz os apetites ou desejos carnais.

B. Os desejos dos olhos. O que satisfaz à vista. No materialismo avarento e transitório.

D. A soberba da vida. O que satisfaz o orgulho próprio.

Na tentação da mulher, o tentador empregou todas as formas de tentação.

“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3.6).

4.1. No Corpo. “... a concupiscência da carne...”. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer...”.

Corrompida pela serpente a mulher começou a ver a árvore de outra forma. A primeira coisa que saltou aos seus olhos foi que ela era boa para se comer. Expressando o desejo da carne que estava amortecida em sua vida. Até então, Adão e Eva viviam em plena liberdade física e espiritual.

Vendo a Mulher: Sobre o olhar da mulher, Calvino diz: Este olhar impuro de Eva, contaminados com o veneno da concupiscência, tanto era o mensageiro e o testemunho de um coração impuro. Ela podia anteriormente olhar a árvore com tal sinceridade, e nenhum desejo de comer afetou sua mente, pois a fé que tinha na Palavra de Deus foi o melhor guardião do seu coração, e de todos os seus sentidos. Mas agora, depois que o coração tinha diminuído a fé e a obediência à Palavra, ela corrompeu a si mesmo e todos os seus sentidos.

4.2. Na alma. “... a concupiscência dos olhos...”. “... agradável aos olhos...”.

Dos órgãos dos sentidos no corpo humano - visão, audição, paladar, tato e olfato, os olhos são os mais importantes, porque potencializam todos os outros. Com a visão de um prato bem ornamentado e bonito, o órgão da degustação é ativado e aguçado, enchemos a boca de saliva, nos preparando para saborear uma comida de bom paladar.

“Deleite para os olhos.” Este é paralelo com “a concupiscência dos olhos”: o desejo de ter algo além da vontade de Deus (isto é, possuir o belo fruto). “Parece bom.” O poder da visão tem uma incrível capacidade de estimular o desejo de pecado. Os olhos são importantes para as nossas vidas, mas, tornam-se um grande perigo para nossa vida espiritual. Eles podem liberar o dragão carnal. Eles influenciam e liberam a nossa imaginação.

O que levou Davi ao pecado foi a concupiscência dos olhos, a ociosidade e a concupiscência da carne. Davi era o rei de Israel, já era casado, mas quando olhou para a beleza da mulher, não se preocupou em saber como era sua vida se era casada ou não e sim em satisfazer o desejo de seus olhos e de sua carne; e fez com que ela viesse á sua presença e deitou com ela, e cometeu adultério (2º Sm 11.1-5).

4.3. No espírito. “... e a soberba da vida...”. “... e árvore desejável para dar entendimento...”.

A busca pelo entendimento, pelo conhecimento do bem e do mal, era o objetivo da mulher estimulada pela serpente. Influenciada pelo inimigo, desabrochou a sua soberba desmesurada, “como Deus sereis”. Achava que poderia ser como Deus, conhecendo todos os Seus segredos. Todos os Seus mistérios. Alcançando a plenitude da sabedoria imensurável do Senhor.

Este terceiro é o intelectual. “Desejável para dar entendimento”. Este é paralelo com “a soberba da vida”: o desejo de ser algo além da vontade de Deus (isto é, tão sábio quanto Deus). “Isso vai me fazer melhor.” “Eu preciso de algo que eu não tenho que ser feliz”.

IV.    O LIVRE ARBÍTRIO

Desde aquele dia, muitas pessoas têm citado a história do pecado do primeiro casal como prova de alguma injustiça por parte de Deus. Acham injusto Deus criar o homem e permitir uma tentação, sabendo que as consequências seriam tão graves. Ironicamente, as mesmas pessoas que assim julgam Deus desejam exercer exatamente o mesmo privilégio que levou à queda no Éden: a capacidade de escolher e tomar suas próprias decisões. Deus poderia ter criado os homens como uma raça de robôs, mas não o fez. Ele nos criou à sua imagem e semelhança, como seres inteligentes e capazes de amar. Se tivesse feito pessoas incapazes de escolher, não teriam condições de amar. Mas uma vez que Deus deu aos seres humanos o direito de escolher, ele admitiu a possibilidade de decidirem não amar. Por isso, por querer criaturas que amariam a ele voluntariamente ou não; Deus deixou que decidissem. Poderiam amar, fazendo a vontade dele, ou odiar, sendo rebeldes e desobedientes.

O livre-arbítrio após a Queda. Mesmo após Adão ter pecado e se tornado espiritualmente “morto” 23 (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e pecador “por natureza” (Ef 2.3), ele não era depravado completamente, a ponto de não poder ouvir a voz de Deus ou de dar uma resposta livre. Porque “o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: ‘Onde está você?’ E ele respondeu: ‘Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi’” (Gn 3.9-10). A imagem de Deus em Adão foi manchada pela queda, mas não apagada. Foi desfigurada, mas não destruída. Em outras palavras, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda está nos seres humanos após a queda. Essa e a razão de o assassínio (Gn 9.6) e mesmo a maldição (Tg 3.9) de outras pessoas serem considerados pecados: “Porque a imagem de Deus foi o homem criado” (Gn 9.6).

V.       ADÃO E EVA E AS ROUPAS DA SALVAÇÃO

 “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus” (Gn 3.7).

Adão e Eva foram criados inocentes e santos. Agora, tiveram um senso de vergonha, degradação e poluição. Perda da inocência “abriram-se então, os olhos de ambos” (Gn 3.7). A inocência não pressupõe a ausência do conhecimento intelectual do mal. Tal conhecimento inclusive é benéfico e necessário para nós entendermos a natureza do mal. Inocência, porém, quer dizer a ausência do “conhecimento experimental” do mal. Havia algo para esconder. Estavam nus e não podiam aparecer diante de Deus na sua condição caída. Foi este sendo de impropriedade que os levou a fazerem para si vestimentas de folhas de figueira.

“O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (Gn 3.21).

A tentativa feita pelo homem de cobrir-se com folhas, era tão inadequada como o desejo de desculpar-se pelo pecado. As folhas de figueiras de nada serviram para cobrir a nudez do casal. Elas simbolizam o esforço das religiões e das boas obras em favor da salvação do homem, sem levar em conta a justiça de Cristo. Batismo, educação, filosofia, dízimos, crisma, etc.... nada disto repara a terrível queda do gênero humano. Somente a graça de Deus, mediante a morte expiatória de Seu Filho Jesus Cristo, pode salvar o homem que, pela fé, volta-se para Ele (Ef 2.8-9), pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).

A provisão de Deus, fazendo-lhes vestimentas de peles, é o primeiro vestígio da exigência divina de uma vítima sacrificial que oferece uma cobertura (propiciação: heb. caphar) capaz de promover a reconciliação.

VI.    O JUÍZO DE DEUS

Satanás enganou, mentiu e prometeu o que nem ele mesmo possuía. O juízo de Deus, portanto, não tardaria a vir sobre a serpente, sobre a mulher e sobre o homem.

1. Sobre a serpente. Devido à sua natureza, a serpente é um tipo perfeito de Satanás: esperta, sagaz e oportunista (Ef 6.11). Agora, ela seria obrigada a comer pó (Gn 3.14). Mesmo no Milênio, quando a natureza dos animais for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is 65.25).

A promessa da redenção. Em seguida, Deus decreta a inimizade entre a serpente e a mulher, como também a promessa da redenção: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Apesar da Queda, Eva seria auxiliar de Deus. Veja suas declarações ao dar à luz Caim e Sete (Gn 4.1,25). Séculos mais tarde, Maria haveria de enaltecer o Eterno de Israel por ter sido escolhida como a mãe do Salvador do mundo (Lc 1.46-56).

2. Sobre a mulher. A fim de punir a desobediência de Eva, o Senhor torna-lhe a maternidade estressante e mui dolorosa. Não bastasse, sujeita a mulher ao governo do homem: “Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gn 3.16; Ef 5.22,23).

Apesar da Queda, não são poucas as filhas de Eva elogiadas por sua incomum virtude e cooperação no Reino de Deus (Pv 31.10-30; 2ª Jo 1-13). Sara, Débora, Ester, Maria e Priscila são apenas alguns desses belos exemplos.

3. Sobre o homem. Deus denuncia Adão como o responsável pela queda da humanidade. Conforme escreve o apóstolo Paulo, o pecado entrou no mundo não por uma mulher, nem pelo Diabo, mas por intermédio de um homem (Rm 5.12). Por isso, o juízo divino recai com mais dureza sobre o nosso primeiro genitor. E, por causa dele, a Terra faz-se maldita. Por causa de sua desobediência a Deus, os dias de Adão e de seus descendentes seriam mais trabalhosos. Seu sustento seria obtido com um trabalho mais árduo, e teria de conviver com adversidades, e com o fim de sua própria existência: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19). Adão viu, a duras penas, o preço de se desobedecer a Deus e à sua Palavra

4. A expulsão do Éden (Gn 3.23). Na verdade foi por misericórdia que Deus expulsou Adão e Eva do Éden e proibiu sua aproximação da árvore da vida, pois se tivessem comido dessa árvore amargariam uma existência eterna no triste estado em que se encontravam.

Embora o ato de expulsar o casal pecador do Jardim tenha significado um forte e doloroso juízo divino sobre Adão e Eva, na verdade ele também ressalva um ato de misericórdia e graça do Criador.

VII. O PECADO E SUA CONSEQUENTE MALDIÇÃO CAUSARAM

1. Conhecimento do mal. Antes da queda o homem tinha capacidade para pecar, porém desconhecia os efeitos do pecado. E ao pecar ele adquiriu esse conhecimento, por isso foi lhe proibido comer do fruto da árvore da vida (Gn 3.22).

2. Quebra da comunhão com Deus e expulsão da sua presença (Gn 3.23-24; Is 59.1,2). Quebrantando a lei de Deus o homem sentiu-se envergonhado em sua presença. Essa vergonha era o resultado da transgressão cometida.

3. Morreu espiritualmente. O espírito humano é vivificado pela vida que Cristo lhe comunica (Rm 8.9-16).

4. A perversão da natureza moral. No lugar da pureza de coração e da perfeição moral que caracterizavam o homem no Éden, veio o pecado e a perversão moral.

5. Doenças e enfermidades. O corpo ficou sujeito as enfermidades que no fim resultaria na morte física e consequente corrupção (Gn 3.16-19).

6. A morte, geralmente precedida das mais variadas enfermidades sobre o homem (Gn 3.19 e 19; Rm 5.12).

1.7. Escravo do pecado e de Satanás. Rejeitando a Palavra de Deus e aceitando a palavra do inimigo, o homem tornou-se seu escravo. A regência do mundo passou das mãos do homem para as mãos de Satanás (2ª Pd 2.19).

1.8. O pecado é hereditário. O pecado foi disseminado nas formas mais diversas, infames e vis (Rm 1.18-32).

1.9. O pecado leva o homem ao inferno (Rm 3.23; Gl 5.19-21; Mt 7.23; Ap 21.8).

O homem ao pecar fica separado de Deus e debaixo da maldição (e juízo receberá o castigo). A Bíblia descreve dois efeitos do pecado sobre o culpado; primeiro, é seguido por consequências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o decreto da condenação eterna.

Antes da queda, Deus e Adão estiveram em comunhão um com o outro; depois da queda, essa comunhão foi quebrada ou interrompida (Gn 3.8-9). Eles haviam desobedecido ao comando explícito de Deus para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, e foram culpados de um crime. Eles sabiam que haviam perdido sua posição diante de Deus e que se achavam sob condenação. Então, em vez de buscar a comunhão com Deus, tentaram fugir dele, com vergonha (Gn 3.7-10), remorso e medo (Gn 3.10) e culpa, sentimento que nunca experimentaram antes.

Sua consciência não lhes permitiu descanso, então tentaram transferir a responsabilidade. Adão disse que Eva, a mulher que tu me deste, o levou a pecar (Gn 3.12). Eva acusou a serpente (Gn 3.13). Eram culpados, mas tentaram passar a responsabilidade para outros.

VIII.       CONSEQUENCIA DA QUEDA DO HOMEM

A Bíblia nos ensina que Adão introduziu no mundo o pecado e transmitiu a natureza pecaminosa ao gênero humano, de sorte que todos que chagam a idade de fazer a sua escolha, inevitavelmente escolhem o pecado que conduz à morte.

A sentença bíblica é sem apelação. No Antigo Testamento diz que a alma que pecar morrerá (Ez 18.4). O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Por isso, a morte foi uma consequência direta do pecado de nossos primeiro pais (Gn 2.17).

A palavra morte do grego é (thonotos) que se refere à morte física (separação do corpo da alma (Hb 9.27; Hb 7.13), ou a morte espiritual (separação do homem de Deus; Jo 5.24; Ef 2.1; 1ª Tm 5.6), ou as duas juntas (conforme romanos 5.12). A segunda morte ou morte eterna, que é a separação e condenação eterna sem Deus (Ap 21.8; Jo 5.28-29).

1.      A morte espiritual.

1.1. A morte espiritual é a separação entre a alma e Deus. O pecado separa o homem de Deus; como consequência do pecado, o homem morreu espiritualmente (Ef 2.1-5). A morte espiritual significa culpa e também corrupção. O castigo anunciado no Éden, que recaiu sobre a raça, é primariamente esta morte espiritual (Gn 2.17; Rm 5.21). Por ela, o homem perdeu a presença, a comunhão intima e o desejo por Deus. Por estar morto espiritualmente falando, o homem precisa ser revivido dos mortos (Lc 15.32; 105.24; 8.51).

1.2. Foram arruinados moralmente. Deus havia dito a Adão sobre o fruto proibido: “no dia que dele comerdes, certamente morrerás” (Gn 2.17; Rm 6.23). Esta morte, em primeiro lugar, é morte espiritual ou uma separação da pessoa de Deus; ela aconteceu no momento em que pecaram. Isto implica também que se tornaram depravados. A palavra depravados do latim “pravus”, significa torto e literalmente “depravatus” que quer dizer muito torto. Pelo pecado de Adão toda a humanidade ficou sob o domínio de Satanás.

Se o corpo se torna depravado, a mente, então, provavelmente vai ser afetada. O intelecto pode ficar desorientado involuntariamente, por causa da deterioração do corpo físico. Porém, os membros corpóreos se tornam servos da injustiça. O que não pode ser literalmente não santo, pode ser usado de uma forma não santa.

Quanto as emoções, os desejos, apetites e paixões, podem cair em desordem e anomalia involuntária. A humanidade, certamente, está depravada fisicamente. Não existe saúde perfeita do corpo entre todos os seres humanos que vivem neste mundo. Podemos dizer também que os apetites, as paixões e as tendências do homem estão num estado de desenvolvimento doentio.

Só existe uma maneira do homem se tornar puro e buscar a comunhão e a vida eterna com Deus que é através de Seu Filho Jesus Cristo.

2        A morte física.

De acordo com as Sagradas Escrituras, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e espírito. Isto não significa aniquilação. A morte física não é uma cessação da existência, mas, um rompimento das relações naturais da vida. É impossível dizer exatamente o que é a morte em sua essência. A Bíblia a descreve como “dormir” (Dt 31.16; Jo 11.11); deixar este tabernáculo (2ª Pe 1.14); descer ao silêncio (Sl 115.17); expirar (At 5.10); tornar ao pó (Gn 3.19) e partir (Fp 1.23). Convém notar que a morte física, para o crente, deixa de ser uma pena ou castigo, como acontece com o descrente. Para o incrédulo não só indica separação entre o corpo e alma, entre o indivíduo e tudo quanto lhe é querido na terra; mas, sobretudo, significa a separação eterna dele e Deus. Pois, sobrevindo-lhe a morte física, esta sela o seu destino eterno. Do ponto de vista bíblico tanto a morte física, como a morte eterna, é o resultado do pecado (Rm 5.12; 6.23).

Quando Deus disse: “certamente morrerás” para a desobediência do homem, ele também incluiu o corpo. A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Devido ao pecado, veio a morte física. As Sagradas Escrituras nos mostram a morte física como parte do castigo do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Este é o ensino de Gn 3.19; Nm 16.29; 27.3. Este ensino é também encontrado no Novo Testamento (Rm 5.12-21; 6.9-10; 8.3, 10,11; 1ª Co 15.12-23).

Não somente o pecado entrou no mundo, mas “pelo pecado a morte”. O pecado paga aos seus servos; “o salário é a morte”. Também que “o aguilhão da morte é o pecado” (1ª Co 15.5-6), ou “é o pecado que dá a morte o seu aguilhão”. O pecado em geral produz a morte (Tg 1.15; Rm 6.16; Tg 5.10).

Deus falou com Adão em Gn 2.17 “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” e em Gênesis 3.19 disse Deus: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás”.

A morte é o efeito ou consequência do pecado: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. Pela ofensa de Adão veio o julgamento para todos os homens.

Imediatamente depois da transgressão Deus disse a Adão: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19). O primeiro casal perdeu o privilégio da imunidade à morte física. Embora eles não morressem no momento em que comeram o fruto proibido, seus corpos ficaram sujeitos a mortalidade (Gn 3.16-19).

Em Gênesis 3.22-24, diz que o casal foi expulso do jardim para não comerem da árvore da vida, porque Deus não quis que os corpos caídos e depravados tivessem imortalidade, que teriam sido uma penalidade mais rubra e mais profunda. A morte física foi uma penalidade do pecado.

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17). Se pela desobediência de um homem veio a morte, mas pela a obediência de um só, muitos se tornaram justo (gr. dikaiosune). Como resultado do ato de desobediência de Adão, muitos se tornaram pecadores; da mesma forma como resultado do ato de obediência de Cristo, muitos se tornarão justos. Entretanto, para o cristão a morte física não é mais um castigo, pois, Cristo sofreu a morte como castigo do pecado. Para o crente, ela se torna como um sono para o corpo, e como um portal para a alma, através do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor (2ª Co 5.8; Fp 1.21-23; 1ª Ts 4.13-14). Uma outra tradução diz: “Pois assim, como por causa da sua relação com Adão todos os homens morrem, assim também por causa da sua relação com Cristo eles serão trazidos a vida novamente”. Falaremos da morte vicária de Cristo e da vida eterna com Cristo mais tarde.

3.      A morte eterna.

Quando a Bíblia diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20). A consequência do pecado leva a morte física e espiritual. Neste caso a Bíblia refere-se a separação eterna de Deus, ou seja, a condenação eterna pelos atos praticados contra Deus. “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (25.46).

A palavra grega para “eterna” é “aionios” que quer dizer: sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será, nunca termina, eterno. Por outro lado quando a Bíblia fala da vida como recompensa pela justiça, isso significa mais do que existência, pois os pecadores existem no inferno.

“Vida” significa viver em comunhão com Deus e no seu favor - comunhão que a morte não pode interromper ou destruir (Jo 11.25-26). É uma vida que proporciona união consciente com Deus, a fonte da vida.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). A vida eterna é uma existência perfeita; a morte eterna é uma existência má, miserável e desgraçada.

A morte eterna é simplesmente o auge, o cume e a consumação da morte espiritual. É a separação eterna entre a alma e Deus, juntamente com o remorso, isto é, a inquietação da consciência por culpa ou crime que se cometeu e castigo eterno (Mt 10.8; 25.1; 2ª Ts 1.9; Ap 14.10-11). O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, isto significa morte no sentido mais terrível da palavra. O homem tem sempre diante de si dois caminhos a escolher: o do bem e o do mal. Tem sempre duas vontades: a própria e a de Deus. Adão escolheu a vontade própria, em vez de escolher a de Deus. Ele fez uma escolha egoísta, em vez de uma escolha altruísta. Escolheu a morte, em vez da vida. Tudo quanto aconteceu a ele próprio e à raça humana são consequências justíssimas da decisão que Adão tomou no Éden. Nenhuma pessoa pode escolher o caminho do egoísmo, e queixar-se depois com os resultados. Ninguém pode escolher a morte e queixar-se quando ela chegar. Não pode escolher o caminho da perdição eterna e queixar-se por não chegar ao céu (Dt 30.11-20; Jr 21.8; Mt 7.13-29).

 IX.    A UNIVERSALIDADE DO PECADO

 1.         Pecado Original.

O Efeito da queda arraigou-se tão profundamente na natureza humana que Adão, como pai da raça, transmitiu aos seus descendentes a tendência ou a inclinação para pecar (Sl 51.5).

Esse impedimento espiritual e moral o qual os homens nascem é conhecido como pecado original.

Os atos pecaminosos que se seguem durante a idade da plena responsabilidade do homem são conhecidos como pecado atual. Cristo, o segundo Adão, veio ao mundo resgatar-nos de todos os efeitos da queda (Rm 5.12-21).

Ainda que Adão tivesse se reconciliado mais tarde com Deus, a morte física continuaria de acordo com o decreto estabelecido pelo Criador.

“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).

“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5).

Somente um ato de redenção e de recriação o homem teria outra vez o direito a árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. Por meio de Cristo a justiça é restaurada a alma, a qual a ressurreição, é reunida a um corpo glorificado:

“Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1ª Co 15.22).

Este versículo diz noutras palavras, o seguinte: “Assim como Adão trouxe a possibilidade de morte para todos, assim Jesus trouxe também a possibilidade da vida para todos”. É evidente que cada indivíduo tem que tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a Cristo e a vida eterna; e igualmente tem que tomar a decisão de seguir o pecado e a consequência morte espiritual. Por isso Paulo escreve na epístola aos romanos dizendo:

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

Assim, o pecador já estava morto em ofensa e pecados e no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição. Então no grande julgamento o Juiz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve “indignação e ira, tribulação e angustia” (Rm 2.7-12).

2.      A culpa Universal.

Salomão o homem mais sábio que já existiu, observou que não havia homem algum que não necessitasse de salvação: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (Ec 7.20). Paulo na carta aos romanos compartilha dizendo: “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

Muitos chamam a si mesmo justos, simplesmente porque vivem uma vida melhor, mais aceitável do que outros. Porém trata-se de uma comparação baseada no padrão humano de julgamento. Devemos compreender que Deus não nos avalia comparando com o nosso próximo, mas pelo seu padrão de justiça:

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (Is 64.6).

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). A razão porque a morte passou a todos os homens é porque todos pecaram. A morte passou a todos os homens, por um homem, no qual todos pecaram. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem estar em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7.18).

“Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Este texto porém, carece de uma boa interpretação para não criarmos uma “heresia”. Uma ala cristã usa este texto para afirmar que as crianças já nascem em pecados e precisam ser batizadas para purificação. Porém, não se pode criar uma doutrina com base em apenas um texto isolado. Primeiro porque o livro dos Salmos é um livro de cânticos e não de doutrinas. Devemos notar que o salmista escreveu em uma linguagem poética. Segundo Davi, ele emprega a primeira pessoa “eu nasci”, isto é a ele e não aos outros.

Se tomarmos este texto literalmente, estaremos falando de bebês desencaminhados, pecaminosos, que não sabem falar. Nenhum bebezinho fala ao nascer, pois são inocentes.

Davi está dizendo que depois que nascem, as pessoas se inclinam para a direção errada. Nós sabemos que isto é verdade. O homem nasce em um corpo sujeito ao pecado, e esta natureza pecaminosa é uma herança que todo o homem recebe através de Adão. O pecado de Adão introduziu a morte no mundo e implantou no homem uma natureza pecaminosa, colocando assim toda a criação sob o julgamento de Deus.

Não nascemos já pecaminosos, nem culpados. A existência de culpa implica em escolha moral. A culpa significa que agimos erradamente com base em nosso direito de escolha, com base em nossa responsabilidade. Uma criancinha não nasce em pecado, só haverá na criança a qualidade moral, depois que ela aprender a distinguir entre o certo e o errado. Lembramos que o texto de Dt 1.39 ensina que as criancinhas não possuem conhecimento de bem e do mal. Como elas não sabem a diferença entre um e outro não podem ser responsabilizadas.

Se uma criancinha fosse um pecador e se o batismo purifica alguém, certamente Jesus teria deixado esta doutrina. Portanto nos Seus ensinos Ele diz:

“Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor” (Mt 21.16). “Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.13-14).

Na Bíblia Deus tem revelado seu padrão, na Lei, para vivermos uma vida justa; porém, homem algum foi capaz de alcançá-lo perfeitamente. O padrão de vida, exposto por Deus, nunca foi destinado a ser o caminho da salvação para ninguém; nem nos tempos do Antigo Testamento, nem nos dias de hoje.

Teoricamente, uma pessoa poderia obter salvação através da sua perfeita obediência à Lei durante a sua vida, porém ninguém exceto Cristo foi capaz de guardar toda a lei. Podemos compreender com mais clareza o propósito de Deus em dar a lei, se pensarmos nela como se fosse um espelho. Um espelho pode refletir um rosto sujo, mas não pode limpa-lo. Igualmente, a lei pode mostrar ao homem quão pecaminoso ele é, mas não pode salva-lo do seu pecado:

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.11). A lei simplesmente mostra a incapacidade do homem salvar a si mesmo, uma vez que ele é incapaz de guardá-la.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC