TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 15 de abril de 2020

CARACTERÍSTICAS DOS QUE SÃO DE CRISTO E DOS ANTICRISTOS


1ª João 2.18-29 “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. 19- Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. 20 - E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas. 21 - Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. 22 - Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. 23 - Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. 24 - Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. 25 - E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26 - Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. 27 - E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis. 28 - E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.”

INTRODUÇÃO
O apóstolo João escreveu esta epístola aos crentes por causa da heresia gnóstica que os falsos mestres estavam disseminando no meio da Igreja. Esta heresia negava a pessoa e a obra de Cristo.

João começou defendendo Jesus dizendo-se testemunha ocular do que Ele fez e de quem Ele era (1.1-4). Falou sobre o engano do pecado (1.5-10). Apontou Jesus como o único que pode nos livrar do pecado e da morte (2.1-2). Depois começou a distinguir os verdadeiros crentes dos falsos crentes (2.1-17), ou seja, os que são de Cristo e os quem não são.

Começa falando sobre os que não são. E ele diz que existe o Anticristo e os anticristos.
Façamos uma análise de cada um deles separadamente.

I. O ANTICRISTO
1. Nomes que a Bíblia lhe dá. Abominável da desolação (Mt 24.15), Homem da iniquidade (2ª Ts 2), Besta (Ap 13), Anticristo (1ª Jo 2). Estes textos mostram que será um homem, enviado por Satanás, para se opor a Deus e a seus servos, requerer louvor e adoração para si, produzindo grande tribulação aos crentes. Ele já tem muitos servos trabalhando para ele, preparando-lhe o caminho: são anticristos.

II. OS ANTICRISTOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

1. O prefixo “anti” aqui significa “oposto” a Cristo. Mas não necessariamente uma oposição aberta, pelo contrário, uma oposição velada. O Anticristo será um homem que se coloca em status messiânico, se colocará no lugar de Cristo, como um salvador, esta é uma forma de se opor a Cristo. Os anticristos que o precedem são todos aqueles que se opõem à verdade, pregando o contrário de Cristo, distorcendo suas palavras, mesmo estando no meio dos que se dizem cristãos. Todo aquele que pega heresias é um anticristo (2.19; 2ª Jo 7).

2. Os anticristos. V. 18 - São muitos e anunciam que é a última hora. Os anticristos são mencionados por João como os que precedem a chegada do Anticristo. A última hora mencionada por João é todo o período entre a primeira vinda de cristo e o seu retorno. É um alerta para a Igreja de Cristo, que o Abominável está chegando.

V. 19 - Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, por que não permaneceram. João escreve em face a um problema real que enfrenta em sua época, os gnósticos. A saída deles da comunidade dos santos é providência divina em revelar a verdadeira natureza dos mesmos. Em nossos dias os anticristos também estão presentes. Também se nomeiam cristãos. Enquanto o Senhor não fizer cair sua máscara, continuarão enganando.

3. Quem são os anticristos de nossos dias e quais suas características. Na verdade, não é difícil identificá-los. São todos aqueles que pregam uma doutrina contrária à pureza do evangelho.

3.1. São avarentos. Enquanto Jesus disse para não acumularmos tesouros nos céus, tais pessoas ensinam a prioridade do acúmulo material nesta vida. Colocam-se muitas vezes em uma postura diante do povo não como exemplo dos fiéis, mas como quase perfeitos, de maneira a haver uma idolatria por parte de suas comunidades para com eles. Ensinam muitas coisas contrárias à verdade das Escrituras. Embora sejam carismáticos, atraem as pessoas, mas não há neles sinceridade, não há amor para com a igreja do Senhor e para com Sua obra.

3.2. Eles não têm unção de Cristo, por isso, seu conhecimento espiritual é falso (v. 20) Apesar desse quadro tenebroso à qual a igreja do Senhor está sujeita, temos a unção que vem do Espírito Santo, isto é, temos a iluminação espiritual para compreender que eles de fato não são do Senhor. Eles em contrapartida, ainda que estejam falando de Jesus, estão em trevas. Pode até ser que acreditem que o que ensinam é a verdade, mas estão na mentira. No entanto, muitos deles realmente não estão se importando se o que dizem é doutrina bíblica ou não, a preocupação dos mesmos é consigo: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3.18,19).

3.3. São mentirosos, negam Pai e Filho (V. 21-25). No contexto de João essa é a grande mentira predominante naqueles anticristos, a negação do Pai e do Filho. Os gnósticos acreditavam que o Logos, a segunda pessoa da Trindade, veio habitar em Jesus no momento de seu batismo e saiu antes de sua morte. Assim eles negavam que Jesus era Deus-homem, desse modo, negavam o Filho. Mas negar o Filho é negar o Pai, pois Ele é a revelação máxima do Pai, sem Cristo o Pai não é conhecido (Mt 11.27).

Os anticristos da atualidade não estão sendo identificados notoriamente por essa heresia, mas a mentira está presente em suas vidas, seja em suas doutrinas, seja em sua forma de viver.

3.4. São enganadores (v. 26). É uma das fortes características desses líderes rotulados como anticristos. A Igreja do Senhor deve estar sempre alerta para identificar tais pessoas. E de fato levar a sério a santidade da igreja de Cristo recusando-as como mestres para suas vidas. Infelizmente vemos com pesar que muitas pessoas acabam se conformando e se colocando na posição revelada em 2ª Timóteo 4.3-4: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” Neste caso o povo torna-se cúmplice do pecado dos enganadores.

4. Para que possamos nos resguardar podemos mencionar alguns tipos de “líderes” que a igreja do Senhor deve evitar.

4.1. Promotores de eventos. É aquele tipo de pastor que sua preocupação é fazer eventos, congressos, shouws. Suas igrejas estão sempre em movimentos, mas não tem avivamento; não tem uma busca e um conhecimento do Criador. Tem apenas uma vida superficial e rasa, pois lhe falta a oração e o estudo da Palavra, ou seja, vivem como nos dias do sacerdote Eli: “E a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram frequentes." (1ª Sm 3.1).

Hoje virou moda o show gospel para atrair jovens. A postura é de atrair os jovens e depois tentar mantê-los por meio das novidades. Com isso fica a ideia de que a pregação da palavra não é algo suficiente.

Não respeitamos nem a história, nem o contexto, criamos “novas revelações” por demanda de crescimento numérico, e a igreja vai caminhando a passos largos para o estranhamento social e a diferença teológica de uma para outra igreja local. É por isso temos um “corpo de Cristo” todo fragmentado, esquartejado e dilacerado pelas diferenças pessoais e teológicas. É literalmente cada um por si...e Deus? Bem Ele é por todos, né!

Parafraseando Paulo pra Timóteo, eu diria que: Nos últimos dias, vemos transformada a Graça de Deus em libertinagem religiosa, crentes levados mais por emocionalismo do que por discernimento.
Nos últimos dias, vemos transformado o culto em Show, cultuando “celebridades” cheias de si mesmas, ao invés de Jesus, o único que podia ser, porém não é. Nos últimos dias, vemos transformado o dízimo em dívida divina, fazendo de Deus um “devedor de bênçãos” ao invés de credor de vida.

Em nossos dias, muitas pessoas confundem adoração com show, com cantar bonito, com espetáculo, com gravar CD e com ganhar cachê. Mas por trás de toda essa onda de falsa adoração sabemos o que se esconde: a síndrome de Lúcifer que sempre leva o homem a querer ser adorado e exaltado. Muitas pessoas ficariam espantadas se descobrissem que a música entoada por muitos cantores famosos nem sequer passa do teto da igreja. Se pararmos para analisar as coisas descobriremos que os cânticos entoados hoje em dia mais seguem a tendências criadas pelo mundo e adotadas pelas igrejas do que propriamente louvor de verdade.

Infelizmente muitas igrejas estão se tornando em palcos para apresentação de talentos humanos e nada mais que isso. Há igrejas aonde o palco é cuidadosamente decorado com refletores coloridos, máquinas de gelo seco, fumaça, globos de luzes, etc. nós bem sabemos que tudo isso é herança que as igrejas tomam emprestado do mundo. Esse tipo de acessório é peculiar dos antigos palcos de rock e de boates e discotecas. Mas o cristão que de fato quer adorar a Deus foge de tais coisas, pois toda essa parafernália serve apenas para chamar a atenção das pessoas para o ser humano que está ali na frente posicionado e não permite que Deus apareça, apenas o homem.

Então quem ministra louvor na igreja deve ter todo cuidado para não imitar os artistas famosos mesmo aqueles que dominam o mundo gospel. Jesus disse que o perfeito louvor é aquele que sai da boca das crianças, ou seja, é aquele simples, vazio de vaidades e vanglórias. Por todas essas razões quem louva deve se portar com decência no seu vestuário, no modo como e comporta e, sobretudo no tipo de música que traz para dentro da casa de Deus.

4.2. Pastores réprobos. Literalmente são aqueles que nem mesmo tem verdadeira experiência de conversão. Isso é identificável pelas doutrinas heréticas que pregam como a negação da Trindade, há até quem não crer na inspiração das Escrituras, no nascimento virginal de Jesus Cristo e outras doutrinas fundamentais da fé cristã. Também são aqueles que vivem vida escandalosa com frequentes escândalos sexuais e ou financeiros, etc.

4.3. Pastores que pregam a teologia da prosperidade. Basta passar em frente a uma igreja evangélica e logo vê-se a faixa: “grande culto da vitória”, “culto de cura e libertação”, “culto das causas impossíveis”, “culto dos empresários”, “culto da benção”, “grande campanha da prosperidade financeira”. Mas isso é bíblico?

Em primeiro lugar, vamos situar o que é culto, e para quem deve ser feito. A palavra culto vem do latim cultus, que significa cuidado, cultivo, adoração, reverência. Em tese, podemos adorar ou reverenciar pessoas e divindades. Porém, como cristãos, devemos prestar culto apenas a Deus.

Mas aí vamos à igreja prestar culto a Deus, em tese. Só que vamos na “na segunda feira da prosperidade financeira”, pois estamos passando por um momento difícil e, na quinta feira culto da vitória ou da benção e, nesse dia específico, será feita uma “oração forte” para ajudar os endividados a mudarem de vida e aqueles que desejam o carro novo e a casa própria.

Sinceramente: estamos indo a esse culto para adorar a Deus ou para tentar resolver nosso problema? Não que Deus não esteja interessado em nossos problemas, Ele está sim, pois o apóstolo Pedro diz: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1ª Pe 5.7). Porém, a visão está errada. Seguimos a Jesus por causa das bênçãos e não para adora-lo.

Cultuar, adorar, prevê se humilhar diante de Deus. Prevê demonstrar que nada podemos sem Ele. Prevê afirmar que, não importa o que Ele permita que aconteça em nossa vida, ainda assim O reconhecemos como Soberano Senhor e Salvador de nossas vidas. Então, por que misturamos isso com nossos desejos pessoais?

Veja bem, creio que é lícito orar a Deus e pedir por tudo aquilo que precisamos. Comunicai com os santos nas suas necessidades....” (Rm 12.13). Esse é um ponto. Porém, quando nomeamos um culto de “noite da libertação” tiramos a centralidade do culto na adoração a Deus, para colocá-la na busca por libertação dos fiéis. É uma coisa sutil, mas é.

E por que as igrejas passaram a fazer essas “campanhas” específicas nos dias de culto ao Senhor?
Uma passagem que me chama atenção no Evangelho segundo João, no capítulo 6, diz que Jesus havia multiplicado os pães e peixes a fim de alimentar uma multidão. No versículo dois, do mesmo capítulo, lemos: “E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos”.
A multidão se ajuntou e teve fome, então Jesus multiplicou os pães e os peixes e todos comeram e ficaram saciados.

No dia seguinte, a multidão já com fome, novamente, foi até Jesus para coroá-lo rei pelos seus milagres. Eles foram com a expectativa de que Jesus lhes daria alimento novamente! Porém, Jesus lhes disse: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (Jo 6.27).

A palavra de vida eterna não efetua o mesmo efeito em todos, mas apenas àqueles que o Pai a Cristo os der.

Jesus não lhes deu o que esperavam! Ele não multiplicou os pães e peixes novamente, mas lhes ofereceu o Pão do céu – o seu próprio corpo e seu próprio sangue! “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (Jo 6.35).

Depois que Jesus ofereceu sua própria vida, em vez do pão e do peixe muitos viraram as costas e foram embora!

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.” (Jo 6.66).
Então Jesus pergunta a seus discípulos: “Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para QUEM iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (Jo 6.67-68).

Jesus nos oferece o pão do céu! Mas, em que, em quem está o nosso coração? Será que nós damos crédito e ansiamos por palavras de vida eterna? Ou queremos sós as bênçãos matérias desta vida?

4.4. Estratégia para fidelizar a clientela. Se uma igreja tem apenas “culto”, (oração e Palavra) atrai poucos fiéis. Mas, se tem a “sexta-feira forte tem as bênçãos e vitórias”, aí serão muitos fiéis, ávidos por aquilo que é prometido (cura, casa própria, carro novo etc...). São fiéis que não buscam a Deus pelo que Ele é, mas pelo que Ele pode fazer em nosso favor.

4.5. Mas é esse o culto que Deus espera de nós? Veja o que Jesus nos ensinou: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6.25-34).

Não necessitamos nos prolongar quanto a estes. Poderiam ser citados outros tipos de líderes que tem uma postura antibíblica, portanto, anticristã. Mas, os exemplos expostos são suficientes para que entendamos o quanto é importante a igreja do senhor atentar para as exigências bíblicas na escolha de seus líderes (1ª Tm 3.1-7).

4.6. Cuidados necessários ao viver cristão: Exemplo para o Rebanho.

Atos 20.28-30 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 - Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 - E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

O pastoreio não é do homem, é do Espírito Santo. Quem é o homem para pastorear a Igreja de Deus?   A Igreja é espiritual, sobrenatural, e só pode ser dirigida espiritualmente. Portanto, só homens espiritualmente conduzidos por Deus podem pastorear.

A Igreja foi comprada pelo Sangue do Seu próprio Filho (Atos 20.28). O texto original também pode ser traduzido assim: “por meio do seu próprio sangue”. A Igreja não é dos membros, não é dos pastores, não pertence a homens. E nem é uma instituição jurídica de direito.  A Igreja é de Deus.

O Apóstolo Paulo, nas Escrituras Sagradas, só reconhece Bispos, pastores, presbíteros ou anciãos aos chamados pelo Espírito Santo, legitimamente consagrados ao Santo Ministério da Palavra mediante a Imposição de Mãos do Presbitério (Atos 14.23; Tt 1.5; 1ª Tim 1.18; 4.14; 5.22; 2ª Tm 1.6). Um pastor não consagra outro. E nem mesmo um banho de óleo. Apenas um Concílio de homens ungidos pelo Espírito Santo, sob a cobertura e autoridade de um Ministério e do Corpo de Cristo que é a Igreja.

O Espírito Santo já prevenira Paulo dos dias aflitivos que o aguardavam. Rebanho, pastores e lobos são figuras que já tinham sido usadas por Jesus (Mt 7.15; Jo 10.11-16); ver também 1ª Tm 1.3-7; 1ª Pe 5.2-3; Ap 2.2-7). O Senhor lhe falara sobre os falsos pastores, os lobos vorazes, os divisores de rebanhos e provocadores de contendas. E seguia constrangido para Jerusalém. Ele pressentia o que o esperava (At 20.22). Então, Paulo abriu o coração: “Agora, sei que todos vós, por quem passei tanto tempo pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto” (At 20.25). E exorta com amor:

“Cuidai de vos mesmos...” (v. 28). Cabe aos que tem o privilégio de servir à Igreja de Deus cuidar de si mesmos. Trabalhar o coração dia a dia; buscar o quebrantamento e a benção do Espírito Santo. Andar em permanente comunhão com Deus, com todos os irmãos e servir com humildade e mansidão ao povo de Deus. E, sejam pastores ou líderes, serem leais à Igreja e Ministério onde Deus os colocou. “Cuida de ti mesmo, os dias são maus. O Adversário vive rugindo como leão, buscando a quem possa tragar.” Por isso Jesus diz: “Vigiai e orai.”

Lobos [...] homens. Há sempre duas ameaças à Igreja, uma externa e outra interna. Os ímpios são uma perigosa ameaça externa; os soberbos e os que servem somente aos seus próprios interesses são a ameaça interna.

“...E por todo o rebanho...” (Atos 20.28). O Ministério abraça todas as ovelhas. Não existem ovelhas privilegiadas. Todas têm um mesmo dono, O Senhor.

Sejam ricas ou pobres, rajadas ou lisas, magras ou gordinhas, feias ou belas, todas, todas são ovelhas queridas. Não importa a cor, o aspecto físico e até mesmo a dedicação.

Já viram o quanto os filhos doentes, problemáticos e mais rebeldes, absorvem a atenção dos pais? É assim na Igreja, ou deveria ser. O Pastor foi buscar nos ombros a ovelha ferida, machucada, quebrada e maldizente... Algumas vêm nos ombros do pastor dando pinotes, e até “balindo” palavrões... mas vem! - Não é isso o que Jesus faria?

II. OS DE CRISTO – CARACTERÍSTICAS

1. Tem a unção de Cristo, e o conhecimento espiritual verdadeiro (v. 27). Agora o apóstolo passa a demonstrar que já temos o que é necessário para nos esquivarmos dos falsos mestres. Ele diz que já recebemos a unção. Faz-se necessário aqui esclarecer um pouco sobre esse termo tão controverso: “unção”. No NT, as palavras “χριω” (chrio) “ungir” e “χρισμα” (chrisma) “unção” representam a doação do Espírito, do poder espiritual e de um chamado divino.

Este sentido já está presente nos textos que falam da vocação messiânica de Jesus. Em Lc 4.18 há a citação da profecia encontrada em Is 61.1,2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”. E Hebreus 1.9 cita o Salmo 45.7: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros”. E isto aconteceu no momento do batismo de Jesus, é inclusive o principal motivo pelo qual o Senhor Jesus submeteu-se ao batismo de João, naquele momento o Espírito Santo o capacita para a obra messiânica.

2. Mas a palavra declara que também somos ungidos do Senhor. Não apenas algumas pessoas, não apenas aqueles que exercem ofício pastoral, diaconal ou missionário. Todos os cristãos são ungidos do Senhor. Todos os regenerados são escolhidos e capacitados para o exercício da obra de Deus. 2ª Coríntios 1.21 enfatiza o que aqui está exposto: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus”.

Como declara Atos 1.8, nós já temos o poder do Espírito Santo, já fomos ungidos para trabalharmos para o Senhor. Mas é evidente que para sermos mais usados pelo Senhor é necessário que estejamos vivendo o senhorio do Espírito Santo em nossas vidas. Isso se dá por meio da leitura da Palavra, da oração e da comunhão com os irmãos.

3. E esta unção, como nos declara o apóstolo, nos protege dos enganos, das heresias. É evidente que ele não está dizendo que não necessitamos de que tenhamos o ensino na igreja por meio de mestres, pois o próprio Senhor Jesus ordenou que ensinemos tudo o que ele ordenou (Mt 28.20). E alguns são escolhidos e capacitados especialmente para esse ministério (Rm 12.7; Ef 4.11). Ele está dizendo que uma vez que se cumpriu João 16.13: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”, estamos capacitados a resistir aos falsos mestres, pois o Espírito Santo nos guia na Verdade então não há necessidade que eles (os falsos mestres gnósticos nos ensinem). O Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus guia os crentes à verdade e na verdade. Como igreja então, nós somos coluna da verdade (1ª Tm 3.15).

Que nos voltemos a conhecer mais ao Senhor por meio de Sua Palavra para que jamais ocorra conosco o que acontecia com o povo na época de Oséias: “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento...” (Os. 4.6).

4. Tem confiança na presença do Senhor (v. 28). Aqui temos um termo interessante no grego (parrhsia - parresía) traduzido por “confiança”. O sentido original é de alguém diante de um amigo que tem liberdade de palavra, que pode ficar à vontade. Ele está dizendo que quando Cristo voltar estaremos diante dele com confiança, com intimidade, estaremos à vontade por termos vivido na verdade, não nos envergonharemos por termos nos deixado levar por falsas doutrinas.

5. Sabem que Cristo é justo e praticam a justiça de Cristo; nasceram de Cristo (v. 29). A prática da justiça nada mais é que a fidelidade, e essa deverá ser a prática cotidiana de todo aquele que nasceu de novo.

CONCLUSÃO
1. Qual deve ser sua postura com relação aos anticristos? Considerá-los como os hereges que são, não se permita seduzir por suas palavras eloquentes. Não recomende a ninguém que os ouça.

2. Lembre-se sempre que você já tem tudo o que é necessário para entender as verdades divinas, logo, identificar as heresias, e ser usado (a) pelo Senhor como pregoeiro da verdade.

3. O que nos falta para darmos testemunho da verdade de Deus com mais poder? Não seria o pecado em nossas vidas que muitas vezes nos impede de sermos mais operosos, mais ousados? 

A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE



LEITURA BÍBLICA
Efésios 1.15-23 “Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos, 16 - não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17 - para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18 - tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos 19 - e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20 - que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, 21 - acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. 22 - E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, 23 - que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.

INTRODUÇÃO
Ainda no primeiro capítulo, o apóstolo Paulo inicia uma longa sentença assim dividida: ação de graças (1.15,16), oração intercessora (1.17-19) e confissão de louvor e exaltação (1.20-23). Nessa sentença somos exortados a louvar ao Senhor pela nossa eleição, buscar a iluminação do Espírito para compreender a dimensão de nossa chamada e herança divina, bem como entender a grandeza do poder de nosso Deus.

O grande desafio do crente é a manutenção e preservação das bênçãos da salvação em sua vida.
Paulo atento a isso foi impelido a orar pelos efésios. Sua oração é, acima de tudo, uma lição de fé; através dela Paulo nos ensina a orar.

I. A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLÓRIA

O apóstolo ensina que os salvos precisam ser iluminados para compreenderem quais são a esperança da vocação e as riquezas da glória da sua herança.

1. Ação de graças e intercessão.
O apóstolo se alegra em dar graças a Deus pela vida dos eleitos (1.16) e por todas as bênçãos espirituais recebidas, tais como: a eleição, a predestinação, a filiação e o dom do Espírito Santo (1.3-14). Ele intercede para que seja concedido aos seus leitores “o espírito de sabedoria e de revelação” (1.17). Paulo estava ciente de quão maravilhoso é o Evangelho, mas ao mesmo, de quão impossível é alguém perceber a glória dessas boas novas sem ser ensinado por Deus (1ª Co 2.14,15). Por isso, ele rogava para que os crentes recebessem a capacidade de compreenderem, por meio do Espírito Santo, a esperança da chamada, as riquezas da herança e a grandeza do poder de Deus (1.18,19).

2. A esperança da vocação.
Em sua petição a Deus, Paulo intercede para que o Espírito Santo ilumine os crentes a fim de saberem “qual seja a esperança da sua vocação” (1.18). Assim, eles seriam capazes de experimentar e conhecer profunda e espiritualmente os privilégios de serem vocacionados. Podemos dizer que tal esperança divide-se em pelo menos três aspectos: a) Deus chamou pessoas no passado (2ª Tm 1.9), ou seja, uma chamada em que Ele teve a iniciativa por meio da eleição em Cristo, da qual fazemos parte (1.3-14); b) a chamada abrange serviço e santificação no presente (Fp 3.14), isto é, achar-se irrepreensível, viver em comunhão e andar de modo digno (1.4; 2.11-18; 4.1); c) a participação gloriosa no futuro (5.27), que compreende a vida eterna e a esperança de conhecer Deus face a face (1ª Co 13.12).

3. As riquezas da glória da sua herança.
Na oração, o apóstolo pede para que os crentes entendessem “as riquezas da glória da sua herança” (1.18). A expressão “sua herança” enfatiza o que Deus deu aos seus eleitos (Cl 1.12). Já o termo “riquezas” refere-se às maravilhosas bênçãos que acompanham o plano da salvação, tais como: o perdão dos pecados, a adoção de filhos e as bênçãos que serão desfrutadas no porvir (Cl 1.27; 1ª Pe 1.4,5), como por exemplo: vermos a Deus, a Cristo e O adorarmos (Ap 22.3,4). Sim, no dia aprazado, os fiéis estarão reunidos nas bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Então, os salvos tomarão posse da herança preparada desde a fundação do mundo (Mt 25.34).

II. A SOBRE-EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO

O poder divino é imensurável e nada pode detê-lo. Em sua Carta, Paulo se esmera no esforço de traduzir a grandiosidade e a eficácia desse poder que opera em favor dos crentes.

1. A sobre-excelente grandeza do seu poder.
O apóstolo orou para que os salvos pudessem entender a “sobre-excelente grandeza do poder de Deus” (1.19). Perceba que a palavra “sobre-excelente” é traduzida do grego uperballõ, que na forma adjetivada significa “extraordinário” (2ª Co 4.7). Já a expressão seguinte, megethos (grandeza), objetiva enaltecer a magnitude do poder de Deus que a tudo sobrepuja (Mt 26.64).

O termo dunamis, aqui traduzido por “poder”, indica feitos miraculosos que requerem força “fora de medida” (At 8.13). Logo, a repetição desses termos indica que apenas o maior de todos os poderes é capaz de realizar a transformação e a salvação do homem (2ª Pe 1.4); e que somente um poder tão grande assim pode operar e concretizar as bênçãos inclusas na “esperança da vocação” e nas “riquezas da herança” (1.18).

2. A força do poder divino.
Na sentença “segundo a operação da força do seu poder” (Ef 1.19), o apóstolo faz uso de três vocábulos gregos concordes entre si. Primeiro, a palavra “operação”, que é a tradução de energeia, e também significa “eficácia”, sinalizando a ideia de “poder em atividade” (Cl 1.29).

Segundo, a expressão “força” vem do termo kratos, que traz a ideia de “intensidade”. E, finalmente, ischus, que indica o “poder inerente” de Deus (Jo 1.12; 2ª Pe 2.11). A associação desses conceitos revela o poder potencial de Deus que, inerente à sua natureza divina, opera em favor dos que creem. Para aprofundar essa impressionante descrição, Paulo apresenta três exemplos irrefutáveis da força desse poder:
(1) A ressurreição de Cristo;
(2) sua ascensão à direita de Deus nos céus (1.20);
(3) sua elevação acima de todo o domínio (1.21,22).

III. CRISTO: NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO
Nesse ponto veremos três aspectos da exaltação de Cristo que atestam a grandiosidade do Poder de Deus disponível também aos crentes.

1. Cristo: As primícias dos que dormem.
Paulo enfatiza que o poder de Deus se “manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos” (1.20). De fato, o Novo Testamento descreve a ressurreição de Cristo como obra do poder de Deus Pai (At 2.24; 3.26; 17.31). Ao ressurgir dentre os mortos, Cristo foi feito as primícias dos que dormem (1ª Co 15.20-22).  Assim sendo, a ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados (1ª Ts 4.14). O mesmo poder que ressuscitou a Cristo está disponível também aos salvos (2.6). Desse modo, os crentes vencerão a morte e se erguerão gloriosamente de seus sepulcros para reinarem com Cristo eternamente (Jo 5.28,29; Fp 3.20,21).

2. Cristo elevado à direita de Deus.
Paulo reforça o poder de Deus quando da elevação de Cristo ao trono: “Pondo-o à sua direita nos céus” (1.20). Aqui está em foco à ascensão de Cristo em referência a promessa messiânica (Sl 110; At 1.6). O grau de exaltação para uma posição de honra e autoridade indica o completo triunfo de Cristo sobre o pecado e as forças do mal (Fp 2.9-11; Cl 2.15). Esse triunfo também está assegurado aos salvos (1ª Co 15.56,57) e endossa nossa participação na vida celestial, conforme indica a expressão “nos fez assentar nos lugares celestiais” (2.6). Assim, tanto a ressurreição como à ascensão de Cristo são obras do poder do Pai.

3. Cristo exaltado sobremaneira.
Nesse ponto, Paulo ensina que o poder de Deus exaltou Cristo “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia” (1.21). Significa que Ele foi exaltado acima de toda eminência do bem e do mal e de todo título que se possa conferir nessa era e também no porvir. O resultado desse triunfo traz duplo benefício para a Igreja: primeiro, que Deus fez Cristo o cabeça da Igreja (1.22); e, segundo, que Deus designou a Igreja para ser a expressão plena de Cristo (1.23). Isso significa que nenhum poder pode prevalecer contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18).

Assim sendo, a ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados (1ª Ts 4.14).

CONCLUSÃO
Embevecido com as bênçãos espirituais, Paulo mantém adoração contínua ao Eterno Deus, atitude que deve ser seguida por todos os salvos. A compreensão das dádivas da salvação demonstra o excelso valor daquilo que Deus fez por nós. Seus atos poderosos viabilizam a transformação e a glorificação dos que creem. Aleluia!

Pr. Douglas Baptista, Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020 – CPAD.


segunda-feira, 13 de abril de 2020

PAULO ENSINA A ORAR


Leitura Bíblica

Efésios 1.15-23 “Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos, 16 - não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17 - para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18 - tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos 19 - e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20 - que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, 21 - acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. 22 - E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, 23 - que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos."

 INTRODUÇÃO

O grande desafio do crente é a manutenção e preservação das bênçãos da salvação em sua vida.

Paulo atento a isso foi impelido a orar pelos efésios.

 Sua oração é, acima de tudo, uma lição de fé; através dela Paulo nos ensina a orar.

 

I. FATORES QUE ESTIMULAM A ORAÇÃO

 Dois fatos especiais levaram Paulo a orar, não apenas como devoção, mas com palavras do seu coração, as quais contêm ensino doutrinário com profundas verdades espirituais.

 1. A fé dos crentes (v. 15).

 Paulo estava radiante ao escrever esta epístola, era-lhe um consolo na prisão em Roma ouvir notícias boas da Igreja em Éfeso, por isso, escreveu: “ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus”. O contexto histórico da epístola indica que, a despeito das pressões da vida idólatra daquela cidade, mantinham a sua fidelidade ao evangelho que de Paulo haviam recebido. A fé assim demonstrada tinha o peso da sua convicção na pessoa do Senhor Jesus Cristo.

 2. O amor para com todos os santos (v. 15).

 O v. 15, aqui, trata-se do amor de Deus demonstrado pelos efésios (no original, ágape).

É o termo que aparece através do Novo Testamento referente ao sublime e incomparável amor de Deus é o amor que não mede sacrifícios por aquele a quem amamos. À igreja de Corinto, Paulo desenvolve essa doutrina do amor dinâmico de Deus, aliado a fé e à esperança, e assim manifesto na vida do crente (1ª Co 13.1-13). O exercício da fé em Cristo é demonstrado em amor: praticado, experimentado compartilhado e vivido plenamente. Por isso a fé sem as obras é morta (Tg 2.14-18).

 

II. ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS À ORAÇÃO

 1. Constância na oração.

As palavras no v. 16 demonstram que Paulo leva muito a sério a prática da oração. Ele orava com liberdade no Espírito, e sem cessar Rm 12.12; Ef 5. 18; Cl 4. 2; 1ª Ts 5. 17). Devemos orar a tempo e fora de tempo. Oremos sempre porque esse é o canal de comunicação que temos com Deus.

 2. Gratidão com ação de graças (v. 16).

A oração, na sua essência e pratica, requer, antes de tudo, “ação de graça”. A relação entre Deus e o crente através da oração já é razão suficiente para ação de graças, uma vês que essa relação só é possível mediante a reconciliação que Jesus efetua, (Rm 5.10-11; 2ª Co 5. 18). No texto inicial da epístola o apostolo afirma que fomos abençoados com todas as bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3). Isto deve nos mover-nos sermos gratos a Deus para todo sempre com ações de graças. Porém, as ações de graças de Paulo relacionam-se com a igreja de Éfeso (“por vós”). Devemos ser sempre gratos a Deus, não apenas pelas bênçãos pessoais dEle recebidas, mas também pelo nossos, batalhadores pela fé tanto quanto nós. Essa gratidão deve ser contínua (“Não ceco”).

 3. Intercessão, uma atitude edificante da oração (vvs. 16,17).

Vários homens e mulheres da Bíblia foram intercessores exemplares, mas ninguém foi mais espontâneo e livre nessa forma de oração que Jesus (Lc 19.41; Jo 17.6. 26; Lc 22.32). A intercessão diante do Senhor é uma forma de oração que precisa ser despertada e exercitada em nossos dias de vida cotidiana da Igreja.

 Todos os crentes precisam mutuamente uns dos outros em intercessão, pois ela extingue o egoísmo e o individualismo.

 

III. OBJETIVO DA ORAÇÃO

 Nos vvs.. 17 e 18, Paulo apresenta os objetivos de sua intercessão pelos crentes de Éfeso. Ele começa incisivo isto é; (eficaz e enérgico), e direto a sua intercessão, “ao Deus ao Deus de nosso Senhor Jesus cristo, o Pai da glória” (v. 17).

 1. Ter espírito de sabedoria (v. 17).

 O sentido da palavra espírito, é qualitativo, impessoal. Ela não se refere à pessoa do Espírito Santo ou a qualquer outro espírito, e sim qualidade do que o Espírito é capaz de realizar. Paulo pediu que Deus, pelo seu Espírito ampliasse a capacidade dos efésios de ver e entender as coisas espirituais. Não se tratava de sabedoria meramente intelectual, terrena, mas a sabedoria espiritual que habilitaria o crente a penetrar no conhecimento de Deus. É o conhecimento espiritual que amplia a percepção das coisas que nos rodeiam. Um dos dons do Espírito, é a “palavra de sabedoria” (1ª Co 12.8). O espírito de sabedoria capacita o crente A saber distinguir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. O objetivo principal de Paulo era que os efésios conhecessem em profundidade, Jesus Cristo, Salvador e Senhor de suas vidas.

 2. Ter o “espírito de revelação” (v. 17).

A palavra revelação tem o sentido de “tirar o véu” que encobre algo. Existem inúmeras coisas no mundo espiritual que não são percebidas pela mente natural (1ª Co 2.14 e 15). A revelação tira o véu, ou seja, vislumbra a realidade. Ter o espírito de revelação não significa extrapolar o que já está revelado nas Escrituras. É ser iluminado pelo Espírito Santo acerca de verdades espirituais que precisam ser conhecidas pelos crentes.

 3. Ter “iluminados os olhos do entendimento” (v. 18).

É ver com o coração, por isso, um cristão espiritual no sentido bíblico (1ª Co 2.10–16) ver coisas com a mente natural não pode. O entendimento espiritual diz respeito ao ser interior de cada criatura, inclusive o intelecto as emoções e a volição do homem. É viver com uma luz que as pessoas comuns não conseguem ter. O mundo é de trevas, e só quem conhece Jesus tem olhos iluminados para ver o que está acontecendo ao seu redor (Ef 5.8; Mt 13.15; Rm 1.21).


 IV. GARANTIAS DA ORAÇÃO

 Depois do triunfo pleno, perfeito e eterno de Cristo ao Calvário, que garantia e certeza temos da resposta de nossas orações?

 O texto dos vvs. 20-23; é objetivo e afirmativo ao relatar a esmagadora vitória sobre todos os poderes, demonstrada na sua ressurreição. É no Cristo ressurreto e vencedor sobre todos os poderes, do mal, que está a nossa certeza e vitória inclusive na oração.

 1. Jesus ressuscitou dos mortos (v. 20).

O mesmo poder divino que tirou Jesus do sepulcro, ressuscitando-o dos mortos, é o mesmo é o mesmo que levanta um pecador da morte espiritual, e o coloca em uma nova posição em relação a Deus. E a grandeza desse glorioso e infinito poder é vista no caminho que Deus abriu no mar vermelho para Israel passar a seco (Êx 14.1-26); é o mesmo poder que fechou a boca dos leões na cova em que Daniel foi jogado, lançaram (Dn 6.16); é o mesmo poder que provisionou Israel no deserto com maná, (Êx 16.35). Nesse poder em Cristo, está a garantia de tudo que Ele tem prometido ao seu povo (Mt 28.18).

 2. Jesus está acima de todos os tipos de poderes (vvs. 20,21).

Esse fato é o cumprimento de uma profecia do Sl 110. 1; “Disse o Senhor ao meu Senhor; assenta-te a minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés”. Jesus Cristo está entronizado acima de todos os poderosos espirituais e físicos. As designações “principado, poder, potestade, domínio” v. 21; falam de ordens angelicais, tanto aquelas que servem a Deus, como aquelas que servem o diabo, as quais nos céus, na terra e debaixo da terra estão sob o poder de Cristo.

 3. Jesus tem um nome acima de todo o nome (v. 21).

No mundo dos homens e dos anjos, seus nomes representam o que eles são, mas Deus concedeu a Jesus, “um nome” que é sobre todo o nome,(Fl 2. 9), sem limite, sem tempo, em toda a eternidade.

 4. Jesus Cristo foi constituído como cabeça da Igreja (v. 22-23).

Sua autoridade é absoluta em relação a Igreja não está separado da cabeça que comanda todo o corpo e Cristo se tornou Senhor desse corpo. Cada crente está ligado a Cristo em termos de vida e atividade. O v. 23; declara que a Igreja é a plenitude do seu corpo, isto é, não pode haver um corpo inteligente sem uma cabeça que o comande. Por isso a Igreja como tal corpo, só tem importância no mundo em que vivemos porque Cristo a compõe e plenifica com o seu poder e a sua glória.

CONCLUSÃO

Procuramos mostrar através desta lição, uma pequena parcela do que a Bíblia ensina sobre a oração na vida de Paulo.

 A oração aqui esboçada serve de modelo para a vida de oração que cada crente precisa cultivar sabendo que o Senhor responde nossas petições e intercessões em favor de nossas necessidades e de todos aqueles para os quais sempre oramos.


A ORAÇÃO DO PAI NOSSO


Lucas 11.1-4 “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. 2 - E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. 3 - Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; 4 - E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal.”

INTRODUÇÃO
- Esta oração pode ser encontrada na Bíblia na passagem de Mateus 6.9-13 e em Lucas 11.1-4. O registro dos autores apresenta uma leve diferença, sendo o de Mateus mais extenso.

- A oração nasceu de uma necessidade específica dos apóstolos: Eles queriam “saber orar” (Lucas 11.1-2). Essa necessidade provavelmente surgiu, da percepção de que Cristo orava continuamente. A vida de Jesus e seu ministério são marcados pela oração.

1. “Pai Nosso Que Estais no Céu…” (V. 2).

- O Senhor Jesus Cristo começa a oração do Pai nosso promovendo uma revolução no relacionamento com Deus, principalmente em seus dias.

- Em seu contexto, as pessoas estavam acostumadas a chamar Deus de Senhor, Rei, Santo, Justo, Eterno, Soberano. Mas Pai? Com certeza não! É a primeira vez que a Bíblia relata esta expressão de alguém chamando Deus de Pai. Portanto o Filho de Deus pode chamar e nos ensina como filhos de chamar o Eterno de PAI.

- Deus é o nosso Pai. Em Cristo somos feitos filhos de Deus, por meio da fé e da redenção em seu sangue.

- Com isso, Jesus nos mostra que a oração é uma conversa íntima com Deus, que é nosso Pai. A partir deste ponto, devemos seguir nossas palavras com confiança.

- Não estamos conversando com um estranho, alguém que não se interesse por nós. Estamos conversando com o nosso Pai, que é amor, consolação e graça.

- É importante perceber, que o pai nosso possui seis pedidos. Os três primeiros estão relacionados a Deus e à Sua majestade. Os três últimos, estão ligados as nossas necessidades humanas, tanto terrenas quanto espirituais.

- Assim como nos Dez Mandamentos, onde os quatro primeiros apresentam o nosso dever para com Deus e os seis últimos, nossas obrigações com o próximo.

- Esta oração nos ensina a priorizar o Reino e sua justiça, na esperança de que todas as outras coisas, sejam acrescentadas.

2. “Santificado Seja o Teu Nome!” (V. 2).
2.1. O termo “santificado”.
A Palavras como “santificação”, “santificar” e “santidade”, derivam do termo em hebraico kadosh , “separado”, “consagrado”; e o termo grego hagiasmos, “consagração” e “purificação”; e do vocábulo latino sanctus, “santo”.

- Esta palavra é utilizada com o significado de santo ou santificado para designar algo sagrado ou para se referir a um indivíduo que foi consagrado perante outras pessoas.

- O termo hebraico é utilizado no Antigo Testamento, aparecendo também como substantivo e adjetivo. Acredita-se que esse termo seja derivado de uma raiz hebraica que significa “separar” ou “cortar”.

Já o substantivo grego hagiasmos, e o verbo hagiazo, são os mais utilizados no Novo Testamento para se referir à santificação e santidade. Eles derivam do termo hagios, que também transmite a ideia de separação e consagração, assim como o termo hebraico empregado no Antigo Testamento.

- Isto quer dizer, que enquanto oramos devemos adorar a Deus e reconhecer Sua grandeza, Santidade e Glória.

- Na oração do Pai nosso, Jesus nos ensina que embora seja nosso Pai, Deus deve ser adorado, respeitado e reverenciado.

2.2. Enquanto oramos, temos a oportunidade de dizer ao nosso Pai, tudo quanto Ele é.
A. Ele gera em nós fé.
B. Confiança
C. E além disso temos o privilégio de nos unir ao grande número de seres celestiais que o adoram na beleza da Sua santidade.

2.3. A primeira petição refere-se ao nosso desejo de que Deus seja exaltado em nossas vidas e através dela. Deve haver em nós o anelo sincero de que outras pessoas o conheçam; conheçam a Sua bondade e sejam transformados por Sua santidade.

3. “Venha o Teu Reino” (V. 2).
Reino no original grego é: βασιλεία (basileia), reino (Lc 1.33); área dominada por um rei (Mc 6:23); tornar-se um rei (Lc 19.12, 15; Ap 17.12); dar o direito de reinar (Lc 22.29); βασιλείας (huioi tēs basileias), povo de Deus, como filhos do Reino (Mt 8.12; 13.38).

-Na oração do Pai nosso, o Senhor nos leva para um nível mais intenso de desejar a vida, algo maior e mais profundo. Ele ora: “Venha o Teu Reino…” (Mateus 6.10).

- Há algo muito maior no Reino de Deus preparado para nós . É certo que há paz infinita, alegria eterna, não haverá mais a morte, nem dor, nem tristeza…, mas não é só isso. Na manifestação do Reino de Deus, há muito mais de Deus.

- Quando abrimos nosso coração em oração, O Senhor gostaria de ver ali, um desejo sincero pela revelação de todo o Seu projeto para a humanidade. Como Pai, o Senhor tem preparado para nós coisas grandiosas e profundas, como está escrito (1ª Co 2.9).

- Por mais que sejamos inteligentes, estratégicos e comprometidos, a manifestação do Reino de Deus e Sua vontade, são completamente superiores, abundantes e extraordinários.

- Além disso, ao orar: “Venha o Teu Reino”, estamos pedindo que o Senhor Deus se manifeste à humanidade. Que todos conheçam Sua Palavra e amor. É um pedido evangelístico. Somos embaixadores de Jesus Cristo. Isso nos torna responsáveis pela expansão e conhecimento do Reino dos Céus.

- Precisamos orar pelas nações. Por seus problemas. Pela pobreza. Pelos governantes. Devemos pedir a Deus que tão logo, Seu Reino se manifeste entre nós.

4. “Seja Feita a Tua Vontade” (V. 10).

Ao orar pedindo: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, estamos dizendo a Deus que sobretudo, Sua vontade é o mais importante para nós.

O desejo de Jesus. Nesta oração Jesus deseja que a vontade do Senhor seja manifesta e respeitada, na Terra, tanto quanto ela é no céu.

- O Senhor se aflige ao ver a humanidade caminhando cada vez mais para longe dele. O ser humano está cada vez mais distante de seu Criador. Não respeita a Bíblia Sagrada, o casamento entre homem e mulher, a justiça e nem o amor ao próximo.

- A vontade de Deus é preciosa. O apóstolo Paulo a descreve como “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Rm 12.2)

- Quando o Senhor nos incentiva a orar sobre a vontade de Deus, ele está nos orientando a viver o melhor desta vida. Uma vida abundante!

5. “O Pão Nosso” (V. 11).
- Começamos a oração do Pai nosso glorificando a Deus e pedindo a manifestação do Seu Reino e da Sua vontade. Ou seja, o lado espiritual da nossa vida.

5.1. Agora o Senhor Jesus coloca diante de Deus as questões do ser humano.
- Ele ora pedindo o pão de cada dia.
- Não é algo sem importância, não é qualquer comida. É pão! Significa alimento bom, saudável e suficiente para a nossa vida diária. Refere-se as nossas demandas naturais.

5.2. Não é uma oração de ostentação. Jesus não pede os reinos da Terra ou todos os tesouros dela. Ele pede o suficiente, dentro daquilo que Deus projetou para sua vida.

5.3. Cada um de nós temos demandas e necessidades diferentes. O Senhor conhece cada uma delas. Portanto, se você tem muitas ou poucas necessidades diárias, Deus cuida de todas elas, desde que sejam necessárias.

6. Perdão Para as Dívidas (V. 12).
Como seres humanos, somos falhos, pecadores. Herdamos o erro de Adão e com isso, a fragilidade do pecado. Jesus concerta isso através da sua morte na cruz. Ele dá a todos os que creem em seu nome o perdão e a redenção.

6.1. Jesus nos mostra o caminho para o arrependimento para alcançarmos o perdão divino.
Nesta oração, Jesus nos incentiva a demonstrar arrependimento de forma constante, diante de Deus. Assim, nossas palavras devem seguir este caminho: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12).

6.2. É uma via de mão dupla. Devemos pedir perdão a Deus todos os dias, e também devemos liberar perdão todos os dias para quem nos magoar. Não haverá perdão para nós, se não perdoarmos.

Com essa prática, desenvolvemos parte do caráter de Deus: perdoador. Este deve ser um dos nossos objetivos. A vida é muito curta. Não há tempo para nutrir rancor, ódio, mágoa ou ressentimentos. Através da oração, devemos pedir que o Senhor Deus gere em nós um coração perdoador.

7. E não nos conduzas à tentação (V. 13).

7.1. Somos frágeis e descuidados. Enfrentamos o pecado na natureza caída e o diabo nosso adversário que nos rodeia rugindo como um leão. Este deseja nos destruir e nos usar para a destruição.

- Na oração do Pai nosso, Jesus então nos incentiva a orar: “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13). De toda forma do mal.

Neste pedido, suplicamos a Deus que nos fortaleça, para que a nossa humanidade não nos vença e sejamos levados a fazer aquilo que o desagrada.

7.2. Além disso, pedimos ao Senhor que nos livre de Satanás, nosso adversário. Ele nos odeia e fará o que for necessário para nos destruir (1ª Pd 5.8).

Pois bem, devemos reconhecer em oração, a nossa fragilidade e suplicar a força de Deus. A força que Ele nos concede através do Espírito Santo.

8. “Teu é o Reino!” (V. 13).

O Senhor Deus é exaltado sobre todas as coisas.
O Senhor Jesus encerra a oração do Pai nosso, com as seguintes palavras: “porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém’” (Mt 6.13).
- É como se ele estivesse reforçando o reconhecimento da majestade e da glória de Deus. Mostrando o quanto depende de sua bondade e amor.

Em resumo seria: “Pai nosso, que estás nos céus…venha o teu Reino…porque teu é o Reino. Seja feita a tua vontade…porque teu é o poder. Santificado seja o teu nome… e a glória”.

O Reino é espiritual e o Pai está no comando de todas as coisas. Não podemos pressioná-lo. Antes, devemos com atitude submissa e humilde orar incessantemente, com fé e perseverança, suplicando que Ele nos atenda.

CONCLUSÃO
Como vimos neste estudo, a oração do pai nosso é um modelo ensinado pelo Senhor Jesus Cristo, para que apliquemos os princípios dela a nossa oração diária e assim sejamos agradáveis a Deus.

Repetir esta oração, todas as vezes que for orar não garante que seremos ouvidos, pois o Senhor Deus reprova as vãs repetições.

A oração agradável a Deus é aquela que segue os princípios desta oração e é feita com fé, humildade e perseverança.


Lucas 11.1-4 “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. 2 - E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. 3 - Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; 4 - E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal.”

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO

1. Relacionamento: Pai nosso.
2. Reconhecimento: Que estais nos Céus.
3. Adoração: Santificado seja o Teu nome.
4. Antecipação: Venha o teu o Reino.
5. Consagração: Seja feito a Tua vontade.
6. Universalidade: Assim na terra.
7. Conformidade: Como no Céus.
8. Necessidade: O pão nosso de cada dia.
9. Súplica: Nos dá.
10. Definição: Hoje.
11. Penitência: E perdoe-nos.
12. Favor: As nossas dívidas;
13. Perdão: Assim como nós perdoamos.
14. Amor e misericórdia: Nossos devedores.
15. Liderança: E não nos induza.
16. Proteção: A tentação.
17. Salvação: Mas livra-nos.
18. Justiça: Do mal.
19. Fé: Porque Teu é o Reino.
20 - Humildade: E o poder.
21. Reverência: E a Glória.
22. Eternidade: Para sempre.
23. Afirmação: Amém.


terça-feira, 7 de abril de 2020

AS BÊNÇÃOS DA SALVAÇÃO



Leitura Bíblica
Efésios 1.3,4, 9-14 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4 - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor, 5 - e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 - para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no amado. 7 - Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua garça, 8 - que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência, 9 - descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10 - de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11 - nele, digo, em que também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho de sua vontade, 12 - com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; 13 - em quem também vós estais, depois que ouviste a palavra da verdade o evangelho da vossa salvação; e, tendo também nele crido, foste selados com o Espírito Santo da promessa; 14 - o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição temos três pontos à ser destacado, os quais referem-se à obra magistral e sublime da Trindade divina na consecução do propósito da salvação da humanidade.

Para compreendemos esse propósito é fundamental entendermos o texto de Ef 1.3; onde Paulo declara que fomos abençoados com “todas as bênçãos espirituais”.

São as bênçãos da salvação que Deus preparou para a humanidade antes de todos os séculos.

I. OS SALVOS – ELEITOS E PREDESTINADOS PELO PAI

Na verdade recebemos as bênçãos espirituais segundo o eterno propósito de Deus.
Nos vvs. 4 e 5; temos duas expressões de grande peso espiritual; “nos elegeu” e “nos predestinou”.
Essas expressões as vezes, mal interpretadas, são a chave do propósito divino da salvação.

A palavra “elegeu” indica que Deus na Sua presciência, elegeu ou escolheu um povo especial para pôr em pratica o seu propósito no mundo.

É interessante notar que a eleição ou a escolha de um povo que Deus faz para si é no passado, conforme declara nosso texto, “antes da fundação do mundo” (v. 4).

A Igreja é constituída de eleitos que foram um povo especial que leve a efeito a causa de Deus neste no mundo, (Rm 8. 29-32).

Israel foi o povo eleito segundo a carne, a descendência de Abraão, mas Israel rejeitou o evangelho da graça, (Rm 9. 30-33), Deus formou,então, um povo, não segundo a lei, mas segundo a graça (Rm 11.5-7).

1. Uma eleição segundo a graça divina (Rm 10.10-10-13).
Sua escolha, ou eleição nada tem a ver com descriminação. Não significa que Deus não queira que todos se salvem. O propósito da salvação é universal, mas Deus sabia que nem todos se salvariam, uma vez que o ser humano é dotado de livre escolha, quanto ao seu destino.

2. A predestinação segundo a presciência divina.
A expressão “nos predestinou, no v. 5; indica que Deus, ao eleger-nos em Cristo para sermos o seu povo, também, “nos predestinou” para sermos o que somos em Cristo hoje justificados (Rm 3. 24). Santos e irrepreensíveis, (Ef 1.4), participantes da herança de filhos, Ef1. 14; e glorificados Rm 8. 30).

O prefixo “pré” significa antes, por isso o termo predestinação refere a indicação de que no glorioso propósito da salvação, Deus já avia estabelecido que os eleitos seriam, também, adotados como filhos de Deus.

A expressão “para filhos de adoção por Jesus Cristo” é semelhante as palavras do apóstolo João no seu evangelho (Jo 1.12), que diz:
“Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; ao que creem no seu nome”.

A predestinação não faz seleção entre os pecadores, porque todos pecaram, ( Rm 3. 9 ).

II. OS SALVOS - REMIDOS PELO FILHO

1. Os sentidos das palavras redenção e remissão.
Essas duas palavras se destacam especialmente no v. 7:
Redenção e remissão são duas gloriosas bênçãos da salvação consumada por Jesus na cruz.

Redenção no eu termo original, relaciona-se ao ser do pecador, ao passo que remissão, no seu termo original, relaciona-se aos pecados do pecador, (At 13.38; 26.18; Cl 1.14; Hb 9.22).

2. A obra redentora de Deus é perfeita.
Ele redime o pecador do poder de Satanás e também anula os seus pecados.

O v. 7, também retrata algo do contexto da época em que um escravo podia ser liberto de sua escravidão mediante o pagamento do resgate, (1ª Co 6. 20; Cl 1.14).

2.1. Sangue, o preço da redenção (v. 7).
O preço da liberdade foi o de sangue, o sangue inocente e imaculado de Cristo.

O sangue requerido nos sacrifícios de animais inocentes, típico da velha aliança, literalmente derramado por Jesus no Calvário.
Ali Ele se tornou o cordeiro de Deus, como sacrifício expiador dos pecados da humanidade.

2.2. O efeito imediato da redenção (vvs. 8 e 9).
O v. 8 indica que Deus tornou ampla a possibilidade de redenção e perdão, ao mesmo tempo em que capacita a todo o salvo em Cristo conhecer as riquezas da sua salvação. Nos VV. 9 e 10. Deus fala do “mistério da sua vontade”, (v. 10).

2.3. O efeito futuro da redenção v. (10).
A expressão, “plenitude dos tempos” significa um tempo futuro em que os propósitos divinos alcançarão o seu fim, em plenitude.

A redenção no futuro chegará ao se auge segundo o glorioso propósito de Deus no estabelecimento do seu reino eterno onde não haverá mais tentações e tribulações, porque os salvos numa só dimensão espiritual.

2.4. A soberania do conselho divino na obra da redenção (v. 11).
A palavra, “predestinados” neste versículo tem sido muitas vezes mal compreendida e assim interpretada no que se refere à soberania de Deus.

Sabemos que Deus é soberano em sua perfeita vontade, mas quanto a salvação, não há qualquer afirmação bíblica de que os predestinados sejam uma elite única e todas as demais pessoas estejam fora da eleição divina.

Deus é justo e imparcial e ele dá a todas as criaturas humanas a mesma oportunidade de salvação.

Os que atendem o seu chamado geral desfrutam do privilégio do seu glorioso propósito de salvação.
A continuação do v. 11; revela “que Deus fez tudo segundo o conselho da sua vontade”.

Esse conselho decisório se constitui especialmente da santíssima Trindade: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.

Esse conselho rege o Universo, inclusive o destino da humanidade.

III. OS SALVOS SELADOS – COM O ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo desempenha importante papel no plano de salvação idealizado por Deus Pai.

1. O Espírito Santo na obra da redenção, (vv. 13 e 14).
Na verdade esses dois versículos apresentam o ministério do Espírito Santo no sentido de promover a fé em Cristo como salvador ( Jo 16. 8 – 10) e, também, a sua presença viva e dinâmica na vida dos Crentes.

O próprio nome dado ao Espírito indica a sua missão que é o de fazer-nos santos para Deus.

2. O Espírito Santo é o selo da redenção (v. 13). Aquele que ouve a Palavra de Deus - o Evangelho da Salvação - e que por meio da fé, se rende a Cristo, recebe o selo do Espírito Santo no momento da conversão (Tt 3.5-7). Nos tempos bíblicos, o selo era usado como sinal de propriedade e posse pessoal. Ao conceder o Espírito Santo ao crente, Deus identifica os que pertencem a Cristo, pois o Espírito testifica daqueles que são filhos de Deus (Rm 8.9,15,16) e o Maligno não lhes toca (1ª Jo 5.18). Assim, a terceira pessoa da Santíssima Trindade tem o papel fundamental de regenerar, purificar e santificar o pecador (1ª Co 6.11). Ele é quem convence o ser humano do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7,8); e que também produz no crente o verdadeiro relacionamento com Deus por meio do fruto do Espírito (Gl 5.22,23).

“Fostes selados” é a declaração bíblica de que todo salvo em Cristo tem uma marca um sinal que o identifica como propriedade do senhor.

Um selo é uma marca de propriedade, e os crentes em Jesus possuem essa marca indisfarçável que é a presença pode - rosa do Espírito em seu ser.

A comprovação da nossa redenção é o selo do Espírito Santo em nossa vida.
O que distingui um crente de um ímpio é o selo do Senhor que lhe dá autenticidade. Não há nada parecido ou igual.

Ele é singular com o direito de posse do Senhor.

3. O Espírito Santo e sua identificação definida (v. 13).
Nos tempos atuais há muita imitação barata das ações do Espírito Santo, mas A palavra de Deus contém a sua identificação singular como “o Espírito santo da promessa”.

Essa promessa foi a que Deus fez desde os tempos do Antigo Testamento, (Jl 2. 23 – 24, 28 e 29), e a cumpriu no dia de Pentecostes, (At 2. 1 – 13, 38, 39) Ele é o Espírito Santo da promessa que habita em nós, na Igreja de Cristo, confirmando a promessa do Senhor.

Precisamos entender e separar os fatos acerca da promessa do Espírito Santo,  faz parte da promessa o falar noutras línguas pelo espírito mas essa gloriosa experiência não é o selo do espírito aqui referido e em (2ª Co 1.22).

O falar em línguas estranhas espirituais é uma experiência subsequente.

4. O Espírito Santo é o penhor da redenção (v. 14).
O termo grego arrabon pode ser traduzido como “depósito”, “penhor”, “garantia” ou ainda “primeira parcela” (1.14). No tempo de Paulo, a palavra “penhor” era empregada para uso legal e comercial quando alguém comprava alguma coisa e desejava garantir a sua compra.
As pessoas adiantavam uma quantia inicial como Penhor (1ª Co 1.22; 5.5).
A palavra tem origem semítica e era usada nas transações comerciais para assegurar o preço ou garantir o pagamento de algo. Paulo ensina que o Espírito Santo é o depósito que garante a nossa herança em Cristo (2ª Co 1.21,22). Tudo isso significa que aquele que tem o selo do Espírito Santo tem a salvação garantida (1.14). Isso não quer dizer que o crente está salvo para sempre, independente de sua conduta, mas que a redenção está validada aos eleitos em Cristo que permanecem fiéis (Mt 24.13).
O texto declara “o qual é o penhor da nossa herança”.
Jesus nos deu o Espírito Santo como penhor pelo resgate (1ª Pe 2.9).
Na verdade somos do Senhor e o que garante essa possessão é a presença do Espírito Santo em nossa vida.

CONCLUINDO
Nessa porção da Epístola aos Efésios o plano divino revelado resulta na reconciliação do ser humano com Deus por meio de Cristo e na restauração de todas as coisas visíveis e invisíveis. Ambos os propósitos devem redundar em louvor e glória ao Deus Eterno. Na plenitude dos tempos todo o desígnio divino estará plenamente executado.
Toda a obra da redenção da humanidade teve o seu desenrolar progressivo na história, na qual vemos o gracioso empenho da Trindade divina para a salvação da humanidade inteira, e isso até o último ato dessa obra, “para louvor da sua glória’, (v. 14). Paulo teve de Deus a visão da sua magnificência divina na sua obra, quando se consumar plenamente a redenção do seu povo, na ressurreição dos mortos e no arrebatamento da Igreja!