O sonho do profeta Daniel no capitulo sete, é a mesma
profecia do capitulo dois que interpretou ao rei Nabucodonosor; esta se deu 40
anos depois, já no reinado de Belsazar filho de Nabonido (Dn 7.1). No capítulo
dois, ele descreve aparência exterior deste império; ao passo que, no capitulo
sete, revela sua índole e caráter.
No capítulo 2 os impérios são representados por uma imagem de
metais em quatro partes, no presente capítulo, estes mesmos impérios são representados
por quatro animais.
A imagem de metais é descendente, começando com metal mais
valioso (ouro) para o mais forte (ferro). De forma similar, a hierarquia dos
animais move-se do mais honroso (leão, rei dos animais) ao poder mais esmagador
(animal indescritível, mais feroz que qualquer um conhecido na natureza).
I.
O CURSO DOS TEMPOS DOS
GENTIOS
1. O paralelo entre
os capítulos 2 e 7 de Daniel. Duas revelações
paralelas no livro de Daniel nos dão a descrição completa deste período. No
capítulo 2, por meio de Nabucodonosor, Deus revelou o lado político destes
últimos impérios mundiais. No capítulo 7, por meio do profeta Daniel, Deus
revelou o lado moral e espiritual através de quatro animais. A história política havia sido mostrada a
Nabucodonosor, mas a história espiritual foi mostrada a Daniel. Notemos ainda o
seguinte: No capitulo 2, as figuras representadas são tomadas da esfera
inanimada, materiais como ouro, prata, bronze, ferro e barro. No capítulo 7, as
figuras são representadas por seres animados, aqueles animais estranhos. Nos
dois, aparecem quatro elementos, que obviamente seguem um ao outro
cronologicamente, alcançando o clímax escatológico – o estabelecimento final do
reino de Deus sobre a terra.
2. O Mar agitado. Dn 7.2-3 “Falou Daniel, e
disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do
céu agitavam o mar grande. “E quatro animais grandes, diferentes uns dos
outros, subiam do mar”.
A palavra “mar” na linguagem escatológica sempre representa
as nações gentílicas (Is 17.12,13). O
mar agitado representa as nações inquietas (ref. Ap 17.15). A inquietação e perplexidade das nações é uma
característica do fim dos tempos, isto pelas crises mundiais cada vez maiores.
“Os ventos” podem ser os poderes do mal que incitam e afligem as nações. São poderes usados por Deus para agitar a humanidade e
são específicos. Obedecem e cumprem fielmente sua missão, agitando
geologicamente mares, rios e a terra com seus vulcões. Açoitam a terra varrendo
os continentes, e também sopram brandamente sobre a terra, avisando-a de
possíveis catástrofes.
Em seguida é revelado a Daniel quatro animais grandes,
diferentes uns dos outros, subiam do mar (Dn 7.3), isto é, saem do meio dos povos.
II. O PODER DOS GENTIOS
As nações usam imagens de animais como seus representantes,
comunicando uma mensagem sobre como eles vêm a si mesmas. Algumas escolheram
uma águia, outras um leão e ainda outras um urso ou um antílope.
Em Daniel 7 também encontramos vários animais. Entretanto,
estes animais são indefiníveis ou misturas estranhas de bestas e todos eles são
ferozes. Este capítulo nos leva para a parte escatológica do livro.
1. O Leão com asas de
águia. “O primeiro era como
leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas,
e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um
coração de homem” (Dn 7.4).
Era como o leão e tinha asas de águia (Império Babilônico).
O leão corresponde a cabeça de ouro da estátua do capítulo 2 (2.32, 37, 38), a
Nabucodonosor, rei do Império Babilônico.
O leão é a cabeça de ouro, refere-se ao orgulho, a vaidade e
a fineza da Babilônia; leão com duas asas como de águia, nos diz a respeito da
força e rapidez nas suas conquistas, como revela a história do nosso mundo.
1.1. Breve história do Império Babilônico. O império Babilônico
teve início no ano 612 a
C.539 a.C.
A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se
possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de
Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19). Jeremias diz que a
Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).
Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da
cidade), 90 m
de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de
cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os
diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos,
que para qualquer tipo de guerra da Antiguidade, Babilônia era uma cidade
simplesmente inconquistável.
1.2. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande
Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para
glória da minha majestade” (Dn 4.30).
O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus
feitos; o Senhor Deus diz ao profeta Isaías: “E a minha glória não a darei a
outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a
glória que pertence só a Deus.
1.3. As profecias referentes à Babilônia. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas
vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia.
Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento
dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra,
quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração
em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali
farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas
se encherão de horríveis animais” (Is
13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).
Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada,
mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história
em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia
secou-se e os Medos e Persas a conquistaram.
“Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas:
seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is
44.27).
Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império
Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas,
preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da
Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após
Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande
Babilônia.
No ano 538
a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido e neto de
Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava num grande banquete juntamente com mil
convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia
diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor
trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. Na noite da festa, Belsazar teve uma
visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real,
que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Como Daniel já era conhecido pelos
seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha, e então
trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante
que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste
achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas”
(Dn 5.26-28). E mais uma vez o
profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino.
Os Persas formaram uma colisão para derrotar a Babilônia. A
Média sob o comando de Dário e a Pérsia sob Ciro. Na mesma noite em que
Belsazar teve a visão, os Medos e os Persas invadiram a Babilônia, mataram
Belsazar e tomaram o Palácio. Assim terminou o magnífico império babilônico, (a
cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32,
o leão com duas asas de Dn 7.4).
2. O Urso destruidor. “Continuei olhando, e eis aqui
o segundo animal, semelhante a um urso, o qual levantou-se de um lado, tendo na
boca três costelas entre seus dentes; e foi-lhe dito: levanta e come muita
carne.”
(Dn 7.5).
Depois do império babilônico viria um império que seria um
pouco inferior, representado pela prata (Daniel 2.39).
O urso representa o segundo império mundial dos gentios,
Medo-Persa. E corresponde ao peito e os braços da estátua (Dn 2.32-39). Este império teve início
no ano de 539 a.C.
331 a.C.
As três costelas na boca do urso aludem à conquista da
Babilônia, Lídia e Egito pelo império.
3. O Leopardo altivo. “Depois disto, eu continuei
olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave
nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado
domínio.” (Dn 7.6).
O leopardo representa o terceiro império mundial o império
Grego, que surgiu no período de 331a168 a.C., tendo como Governante Alexandre o
Grande e os quatro generais; Este animal leopardo tinha asas em suas costas,
que significa que era rápido como foi Alexandre em suas conquistas.
O leopardo corresponde ao ventre e as duas pernas de bronze
da estátua do capítulo 2.
O leopardo tinha “quatro asas e quatro cabeças”.
As quatro asas do leopardo, indicam mais rapidez nas conquistas do que
Babilônia, pois era um exército relâmpago em suas conquistas na guerra. As
quatro cabeças falam da divisão do Império Grego em 4 partes (quatro reinos). Após
a morte de Alexandre, o império Grego foi dividido entre os quatro generais:
Cassandro (Macedônia), Lisímaco (Trácia), Ptolomeu(Egito) e Seleuco(Síria) isto
representa a divisão do império em quatro reis.
4. O animal terrível e espantoso. “O quarto monstro
que vi naquela visão era terrível, espantoso e muito forte. Tinha enormes
dentes de ferro e com eles despedaçavam e devoravam as suas vítimas; o que
sobrava ele esmagava com as patas. Esse monstro era diferente dos outros três e
tinha dez chifres” Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu
outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas;
e eis que nessa ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava
grandiosamente.” (Dn 7.7-8).
O quarto animal seria um rei ou um reino, como os demais
animais. Ele representa o quarto
império mundial o império romano. Esta besta causou espanto em Daniel, por isso
o chamou: espantoso, terrível e muito violento. Este animal tinha dentes
de ferro, assim como as pernas de ferro
e os pés, correspondem à visão de Nabucodonosor de que o quarto reino é forte
como ferro, quebrando em pedaços e esmagando todos os outros (Dn 2.40,41),
portanto o ferro representa dureza e maldade deste reino. Este reino seria
forte, ou seja, um reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como
foi o império romano, diferente de todos os reinos.
O reino de ferro dominou o mundo numa amplitude que nenhum
império dantes o fizera. Com seus
dentes de ferro despedaçava e devorava suas vítimas.
4.1. Os dez chifres
da besta. Este animal possui dez
chifres (Dn 7.7, 20) e a estátua possui os dez dedos dos pés da estátua (Dn 2.33,
41) que representam as dez nações na grande do Império Romano que irá ressurgir
no governo do Anticristo na tribulação (Ap 17.12).
4.2. Ele abaterá três
reis. “E, quanto às dez pontas,
daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro,
o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis.” (Dn 7.24).
A identificação do
império pretendido por esta besta tem sido o ponto crucial dos intérpretes.
Os dez chifres são dez
reis ou reinos anteriores ao “pequeno chifre” (v. 8), o qual arranca três
deles. Aqui está uma nova fase do quarto império. O o pequeno chifre simboliza
o aparecimento do anticristo (2ª Ts 2.3-4,8). Também a simbologia usada sugere
que esse chifre se refere a um indivíduo e não a um reino. Nesse chifre havia
olhos como os de homem e uma boca que proferia palavras insolentes.
4.3. Pequeno chifre. Desejo ser sucinto neste quesito, pois no estudo
do último Império mundial, desejo elucidar com mais clareza.
Segundo a visão de
Daniel a ponta pequeno se eleva após sua ascensão, a princípio “pequeno” (Dn 7.8);
mas depois de destruir três dos dez, ele se torna maior que todos (Dn 7.20; Dn
7.21). Para entendermos este mistério precisamos nos reportar para o livro
apocalíptico onde o anjo explica para o apóstolo João dizendo: “o mistério da
mulher e da besta e tem sete cabeças e dez chifres.” (Ap 17.7); “E a besta, que
era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. (Ap 17.11).
Esta visão nos traz
ao fim dos tempos dos gentios. Quando a quarta besta com dez chifres e o chifre
pequeno, a última coisa falada sobre este império mundial, está em pleno
andamento, então chega o fim.
Os três
desaparecidos, ele é o oitavo (cf. Ap 17.11); uma cabeça distinta, e ainda “dos
sete”. Como os reinos mundiais anteriores tinham suas cabeças representativas,
vejamos:
1º O primeiro
império mundial na história, conforme a Bíblia foi o Egito, na época de José no
Egito, e da fome generalizada sobre a terra; quando também os israelitas
permaneceriam escravos no Egito por aproximados 400 anos. (Livro de Êxodos –
Bíblia). E o Egito, nessa época chegava a ter sob seu comando mais de um milhão
de escravos hebreus a servir-lhe.
2º Segundo império
mundial na história conforme a história é a Assíria. No tempo dos reis de
Israel e Judá. São exatamente os reis da Assíria que deportam os judeus (do
norte em Israel) transportando-os a outras nações, destruindo Israel (reino do
norte) em cumprimento ao castigo da lei de Moisés; e, ao mesmo tempo, os reis
da Assíria levariam povos estrangeiros p/ habitarem Israel, em lugar dos
hebreus (por toda a Galileia e Samaria). (Isaías e 2º Reis e 2º Crônicas).
3º Terceiro império
mundial na história – Babilônia – Daniel 1 e 2.
4º Quarto império
mundial – Medos e Persas – Daniel 6 – Esdras e Neemias.
5º Quinto império
mundial – Grécia – Daniel 2.32c – Daniel
7.6 – Daniel 11 – Livro de Macabeus.
6º Sexto império
mundial na história – Roma – Daniel 2.33a – Daniel 7.7 – os Evangelhos.
7º E o Sétimo e
último império mundial. O sétimo reino (ONU), surgira com dez reis e entregarão
o poder ao Anticristo no final dos tempos.
8º O oitavo império
mundial. O governo único através do Anticristo.
Desde Antíoco
Epífanes, o anticristo do terceiro reino em Daniel 8.1 e Daniel 8.27 era o
inimigo pessoal de Deus; assim será o anticristo final do quarto reino, seu
antítipo.
“O anticristo que já
se manifestou na pessoa de Atíoco Epifânio (Dn 8.9,22), reaparecerá em forma
ainda mais forte e global”. [Comentário Russel Shedd].
A Igreja sempre
sofreu perseguições por vários anticristos no decorrer da história, porém, após
seu arrebatamento da terra, levantar-se-á um que receberá poder de satanás no
final dos tempos (Ap 13.2); será diferente dos outros reis (Dn 7.24); falará
coisas espantosas (Dn 7.7); vai blasfemar contra Deus, caluniar Seu nome, (Dn 7.25;
11.36; Ap 13.5); irá perseguir o povo de Deus (Israel – Ap 12.3), fará guerra
contra os santos (Dn 7.21,25; Ap 13.6-7), irá oprimir os santos e será́ bem
sucedido por 3 anos e meio (Dn 7.25; Ap 13.7). Ele Mudará os tempos e as leis.
Ele vai tentar mudar o calendário, talvez para definir uma “nova era” Nova
ordem mundial, relacionada a si mesmo (Dn 7.25).
Pr. Elias Ribas
Dr. em teologia
Assembleia de Deus
Blumenau - SC