TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A HISTÓRIA DA BÍBLIA


BIBLIOLOGIA
 
INTRODUÇÃO
Por milênios Deus se revelou ao homem através de suas obras, isto é, a Criação (Rm 1.20; Sl 19.1-6). Porém, segundo Seu propósito, chegou o tempo em que Ele desejou alcançar o homem com uma revelação maior, o que fez em forma dupla:

1. Através da Bíblia - A Palavra Escrita.

2. através de Jesus Cristo - A Palavra Viva (Jo 1.1). Esta dupla revelação é mui especial e tornou-se necessária devido à queda do homem.
 
Desse modo o estudo das Escrituras se impõe como o principal meio do homem natural vir a conhecer a Deus e a Sua vontade para com a sua vida, bem como do crente conhecer o propósito santificador de Deus para si e para com todos os salvos.
 
I. ALCANCE DO ESTUDO DA BÍBLIA
 
O estudo da Bíblia é uma necessidade que se impõe ao crente por causa do grande alcance que o livro divino tem. O seu estudo:
 
1. Prepara o crente para responder àqueles que lhe pedem a razão da fé que nele há (lª Pé 3.15). Isto implica no fato de que o testemunho cristão só é válido quando fundamentado no conhecimento e prática da Palavra de Deus.
 
2. Faz o obreiro aprovado quanto ao correto manejo da palavra da verdade (2ª Tm 2.15). Homens e mulheres que manejam bem a Palavra de Deus! Eis uma das grandes necessidades da Igreja do Senhor neste século.
 
3. Acresce a fé do crente quanto ao fato de que as Escrituras são a infalível Palavra de Deus (Is 34.16). O valor espiritual das Escrituras tende a arraigar-se em nossa convicção á medida da nossa aplicação à sua leitura.
 
4. Da luz e entendimento aos simples (Sl 119.130). A ignorância espiritual do crente não se dá pela ausência de formação acadêmica, mas pela falta de apego à revelação divina manifesta nas Escrituras.
Ninguém é tão sábio como pensa quando ignora o valor da Palavra de Deus, nem tão indouto como possa imaginar quando ama o livro da lei do Senhor.
 
II. POR QUE ESTUDAR A BÍBLIA
 
Dentre outras razões por que o crente deve ler e estudar a Bíblia, poderíamos destacar as seguintes:
 
1. A Bíblia é o manual do crente. Sendo a Bíblia o livro-texto do cristão, é imperioso que este maneje-a bem para o eficiente desempenho de sua missão (2ª Tm 2.15). Um bom profissional sabe empregar bem as ferramentas de seu ofício. Essa eficiência não é automática; vem pelo estudo e pela prática. Assim deve ser o crente em relação à Bíblia Sagrada. Entre as promessas de Deus àqueles que conhecem devidamente a sua Palavra, temos a de Isaías 55.11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”.

2. A Bíblia alimenta nossas almas (Mt 4.4; Jr 15.16; 1ª Pé 2.2). Não há dúvida que o estudo da Palavra de Deus traz nutrição e cresci mento espiritual. Ela é tão indispensável à alma, como o pão é ao corpo. Nas passagens citadas, ela é comparada ao alimento, porém, este só nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de lª Pedro 2.2, fala do intenso apetite do recém-nascido; assim deve ser o nosso apetite pela Palavra divina. Bom apetite pela Bíblia é sinal de saúde espiritual.
 
3. A Bíblia é o instrumento do Espírito (Ef 6.17). Se em nós houver abundância da Palavra de Deus, o Espírito Santo terá o instrumento com que operar. É preciso, pois, meditar nela (Sl 1.2; Js 1.8). É preciso deixar que ela domine todas as esferas da nossa vida, nossos pensamentos, nosso coração, e assim molde todo o nosso viver diário. Em suma: precisamos ficar saturados da Palavra de Deus.
 
4. A Bíblia enriquece a vida do cristão (Sl 119.72). Essas riquezas vêm pela revelação do Espírito Santo, primeiramente (Ef 1.17). A pessoa que procurar entendimento bíblico somente através da capacidade intelectual, muito cedo desistirá. Só o Espírito de Deus conhece as coisas de Deus (lª Co 2.10).
 
III. COMO ESTUDAR A BÍBLIA
 
Como a divina e inspirada Palavra de Deus, a Bíblia é um livro singular, do qual maior proveito tirará aquele que melhor souber estudá-lo. E é exatamente com o propósito de ajudá-lo a tirar o máximo de proveito do estudo da Bíblia que lhe damos os cinco passos seguintes a serem seguidos:
 
1. Leia a Bíblia conhecendo o seu Autor. Isto é de suprema importância. É a melhor maneira de estudar a Bíblia. Ela é o único livro cujo Autor está presente quando o lemos. O autor de um livro pode explicá-lo como ninguém. A Bíblia é um livro fácil e ao mesmo tempo difícil; simples e ao mesmo tempo complexo. Não basta ler suas palavras e analisar detidamente suas declarações. É preciso conhecer e amar a Deus, o seu Autor.
 
2. Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). Esta regra é excelente. É estimado que 90% dos crentes não leem a Bíblia diariamente; portanto não é de admirar haver tantos deles frios e infrutíferos no testemunho e no serviço cristão. Mais do que isto: são anãos, raquíticos, mundanos, carnais e indiferentes, nervosos e iracundos.

Não basta assistir aos cultos, ouvir sermões e testemunhos, assistir estudos bíblicos, e ler boas obras de literatura cristã. É preciso ler a Bíblia individualmente. Há crentes que só comem espiritualmente quando lhe dão comida na boca. É a colher do pastor, do professor da Escola Dominical, etc. Se ninguém lhe der comida, ele morrerá de inanição espiritual.
 
3. Leia a Bíblia com a melhor atitude. Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual é de capital importância para o êxito no es- tudo bíblico. A atitude correia é a seguinte:
3.1. Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como uma obra literária qualquer. b. Estudar a Bíblia com o coração e em atitude devocional, e não apenas com o intelecto.
 
4. Leia a Bíblia meditando. Assim têm feito os servos de Deus no passado, a exemplo de Davi (Sl 119.15,16), Daniel (Dn 9.2-4). O caminho ainda é o mesmo. Na presença do Senhor, em oração, as coisas incompreensíveis são esclarecidas (Sl 73.16,17). A meditação aprofunda o sentido. Muitos leem a Bíblia para estabelecer recorde de leitura somente. Ao leres a Bíblia, aplica-a primeiro a ti próprio, senão não ha- verá virtude nenhuma.
 
5. Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável nisso! É a única maneira de conhecermos a verdade completa dos assuntos tratados na Bíblia, visto que a revelação de Deus mediante ela é progressiva. Como o irmão pensa compreender um livro que nem sequer leu ainda? Podemos ler a Bíblia toda, porém jamais a compreenderemos toda. Sendo a Palavra de Deus ela é infinita. Mesmo as mentes mais férteis do mundo são incapazes de abarca-la completamente. Não há no mundo ninguém capaz de esgotar ou dissecar a Bíblia.
 
IV. A APLICAÇÃO DA BÍBLIA
 
A diferença básica entre a Bíblia e os outros livros que lemos ao longo da vida, é que não temos nenhuma obrigação moral de obedecer ao que estes ensinam, enquanto que a Bíblia é um livro escrito não apenas para ser lido, mas também, e principalmente, para ser obedecido e aplicado.
 
1. Aplique a Bíblia à sua vida. Você sabia que é de nenhum valor conhecer a letra das Escrituras, contudo não se dispor a obedecê-la? Satanás conhece a Bíblia e é capaz de citá-la decoradamente como fez diante de Jesus enquanto o tentava no deserto (Mt 4.6). Acontece que esse conhecimento do tentador não é capaz de diminuir, ainda que por um pouco, a impiedade e maldade do seu vil coração.

Aplicando a Bíblia à nossa vida, sem dúvida poderemos dizer como disse o salmista Davi: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).
 
2. Aplique a Bíblia às necessidades do mundo. O conhecimento acadêmico tem ajudado os estudiosos do comportamento humano a detectar os problemas que afligem a nossa sociedade. No entanto, tem fracassado na análise das causas e na aplicação de soluções a estes problemas. Por exemplo: é impressionante ver como homens que ignoram a Bíblia atribuem a violência e outras anomalias que afligem a sociedade contemporânea, a causas, como a pobreza e o analfabetismo. Eles não conseguem olhar o mundo e ver as pessoas como Deus as vê: caídas, espiritualmente pobres e carentes de Deus.

No contexto de toda esta confusão, o crente e estudioso da Bíblia tem grande vantagem sobre as de- mais pessoas. Com o jornal da cidade numa das mãos e a Bíblia na outra, ele é capaz de detectar tanto os problemas quanto de aplicar eventuais soluções a eles. Ele vê o mundo moribundo, espiritualmente enfermo. “Toda a cabeça está enferma e todo o corpo fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, nem ligadas, nem nenhuma delas amolecida com óleo” (Is 1.5,6). Tudo isto porque, como disse João: “...todo o mundo está no maligno” (lª Jo 5.19).
 
3. Conclusão. Se a Bíblia é o que dizemos ser para a nossa vida, guardemo-nos da atitude farisaica de lê-la e, inclusive, proferi-la sem que ela seja parte inseparável do nosso caráter.

No princípio da Obra Pentecostal no Brasil, era mui comum ouvir-se pessoas não-crentes se referirem aos pentecostais como os Bíblias, decorrente do apego ao livro e à prática da Bíblia. Deveríamos nos penitenciar diante de Deus pelo nosso gradual afastamento das verdades e virtudes do Evangelho propugnadas na Bíblia.
 

INTRODUÇÃO
O uso teológico da palavra inspiração tem a finalidade de designar a influência controladora que Deus exerceu sobre os escritores da Bíblia. Tem a ver com a habilidade comunicada pelo Espírito Santo, de receber a mensagem divina e de registrá-la com absoluta exatidão.

O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina. É devido à sua inspiração que a Bíblia é chamada A Palavra de Deus.
 
I. O FATO DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
 
Existe a necessidade de que compreendamos a contribuição exata do fato de que a inspiração divina das Escrituras resume a totalidade do propósito divino na revelação. Este é um assunto que precisa ser exposto com a mais absoluta clareza face às objeções contra ele levantadas.
Contra a crença de que as Escrituras resumem em si a totalidade do propósito da revelação divina, levantam-se os seguintes argumentos:
 
1. Cristo versus apóstolos. Um conceito que tem sido formulado consiste em distinguir entre a suposta crença de Cristo e a dos após tolos. Tem o propósito de apresentar Cristo em oposição aos apóstolos, procurando salvá-los das errôneas tradições dos judeus, incluindo evidentemente a crença na inerência das Escrituras. Procurando dar base escriturística a esta errônea interpretação vale-se de passagens bíblicas (Mt 22.29; Mr 12.24; Jo 5.39).
 
Acerca destas passagens, pode-se demonstrar com relativa facilidade que a primeira delas foi dirigida não aos apóstolos, mas aos saduceus e não há evidência de que essa crítica tivesse sido dirigida àqueles apóstolos que escreveram o Novo Testamento, nem tampouco aos que não o escreveram. Qualquer que seja a interpretação da frase da segunda referência (“porque julgais ter nelas a vida eterna”) é o oposto da nossa crença de que as Escrituras do Antigo Testamento “são as que testificam” de Cristo (cf. Lc 24.27).
 
2. Acomodação. Segundo este argumento, os apóstolos criam que a inerência das Escrituras judaicas se constituía numa teoria insustentável. Deste modo, em vez de adotarem uma linha de interpretação revolucionária, os escritores do Novo Testamento decidiram por acomodar a sua linguagem à realidade espiritual de seus dias. Um dos principais defensores deste argumento, disse que “as Escrituras do Novo Testamento estão completamente dominadas pelo espírito de sua época, assim o seu testemunho concernente à inspiração das Escrituras carece de valor independente”.
 
3. Ignorância. De igual maneira se diz que os apóstolos eram “homens sem letras e indoutos” (At 4.13) e, portanto, estavam sujeitos a errar, e que Cristo, devido à sua encarnação, sabia apenas um pouco acima dos seus contemporâneos. Ainda, segundo este argumento, uma vez que Cristo não teve acesso às descobertas científicas do nosso tempo, não podia ter estado muito acima do nível cultural da sua própria época.
 
4. Contradição. Sempre tem havido quem discuta no tocante a supostas “contradições”, “inexatidões” e “inconsistências” das Escrituras. Segundo esses críticos, um livro não pode ter tão grande valor como o atribuído à Bíblia, quando contém todos estes elementos.
 
Os assuntos tratados nesta divisão não são algo novo. A negação da origem divina das Escrituras tem aparecido em todas as gerações neste mundo onde medra a incredulidade. A raiz do problema está no que se há de aceitar como última palavra no assunto: Devemos aceitar o ensinamento da Bíblia ou ensinamento dos homens?
 
II. TEORIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
 
Quanto à inspiração da Bíblia, existem várias teorias falsas, contra as quais o cristão deve precaver-se. Dentre elas destacam-se as seguintes:
 
1. A teoria da inspiração natural humana. Essa teoria ensina que a Bíblia foi escrita por homens de inigualável inteligência. Os defensores desta teoria são da opinião de que assim como têm havido artistas excepcionais, músicos e poetas que têm produzido obras de vulto, também existiram homens dotados duma percepção espiritual tão excepcional que, devido os seus dons inatos, puderam escrever a Bíblia. Esta é a forma que acham para negar a sobrenaturalidade do texto sagrado.
 
2. A teoria da inspiração divina comum. Essa teoria ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, etc. Assim entendido, qualquer pessoa com maior ou menor nível de inspiração, seria capaz de escrever outra Bíblia.
 
Tal teoria é errônea, uma vez que a inspiração comum, que o Espírito Santo hoje nos comunica, admite gradação, isto é, pode manifestar-se em maior ou menor intensidade, ao passo que a inspiração dos escritores da Bíblia não admite graus. O escritor era ou não inspira- do.
 
3. A teoria da inspiração parcial. Ensina que partes da Bíblia são inspiradas, outras não. Ensina que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas que ela apenas contém a Palavra de Deus. Evidentemente essa teoria vem de encontro à declaração paulina segundo a qual “toda Escritura é inspirada por Deus...” (2ª Tm 3.16).
 
4. A teoria do ditado verbal. Ensina que a inspiração da Bíblia é somente quanto às palavras, não deixando lugar para a atividade e estilo do escritor, patente em cada livro. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos para escrever o seu Evangelho (Lc 1.3).
 
5. A teoria da inspiração das ideias. Essa teoria ensina que Deus inspirou as ideias da Bíblia, mas não as suas palavras; estas ficam a cargo dos escritores.
 
III. O CONCEITO CORRETO DE INSPIRAÇÃO

Não basta mencionar as teorias falsas quanto à inspiração das Escrituras; necessário se faz tratar do que bíblica e teologicamente se entende por inspiração divina das Escrituras.
 
1. Inspiração Plenária ou Verbal. A teoria correta da inspiração da Bíblia é chamada “Teoria da Inspiração Plenária ou Verbal”. Ela ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os escritores não funcionaram como simples robôs, mas que houve cooperação vital entre eles e o Espírito de Deus que neles agia.

A teoria da inspiração plenária ou verbal afirma que homens santos de Deus escreveram a Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém, sob a influência poderosa do Espírito Santo, de sorte que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus. Ensina que a inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento, e que depois disso, nem os mesmos escritores, nem qualquer outro servo de Deus pode ser chamado inspirado no mesmo sentido.
 
2. Revelação e Inspiração Divinas. A inspiração das Escrituras só pode ser compreendida à luz da revelação de Deus. Revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas e que o homem por si só jamais poderia saber (Dn 12.8; lª Pe 1.10,11). Certamente que a inspiração nem sempre implica em revelação. Toda a Bíblia foi inspirada por Deus, mas nem toda ela foi dada por revelação. São Lucas, por exemplo, foi inspirado a examinar trabalhos já conhecidos e averiguar fatos notórios, a fim de escrever o terceiro Evangelho (Lc 1.1-4). O mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o que presenciara no seu dia-a-dia, como relata o Pentateuco.
 
IV. PROVAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
 
Dentre outras provas da inspiração das Escrituras, mencionaríamos as seguintes:
 
1. A aprovação da Bíblia por Jesus. Jesus aprovou a Bíblia ao lê-la (Lc 4.16-20), ao ensiná-la (Lc 24.27), ao chamá-la “a palavra de Deus” (Mc 7.13), e ao cumpri-la (Lc 24.44).
 
Quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o Senhor antecipada- mente pôs nele o selo de sua aprovação divina, ao declarar: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas a do Espírito Santo. Jesus disse ainda que o Espírito Santo nos guiaria em “toda a verdade” (Jo 16.13,14). Portanto, no Novo Testa- mento temos a essência da revelação divina.
 
2. O testemunho do ESPÍRITO SANTO no crente. Em cada pessoa que aceita a Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe na sua alma a certeza quanto à autoria e inspiração divina das Escrituras. É algo instantâneo. Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de fato aceita a Jesus como Salvador pessoal, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar.
 
3. O fiel cumprimento da profecia. Inúmeras profecias se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total; inúmeras outras cumprem-se em nossos dias, e muitas outras cumprir-se-ão no futuro.
O cumprimento contínuo das profecias bíblicas é uma prova da sua origem divina. O que Deus disse, sucederá (Jr 1.12). Glória a Deus por tão sublime livro!
 
4. A Bíblia é sempre nova e inesgotável. O tempo não exerce nenhuma influência sobre a Bíblia.
É o livro mais antigo do mundo, e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais de vinte séculos o homem jamais pôde melhorá-la. Um livro humano já teria caducado em bem menos tempo. Para o salvo, isto constitui insofismável prova da Bíblia como a Bíblia a Inerente Palavra de Deus.


A BÍBLIA COMO LIVRO
 
INTRODUÇÃO
Além da necessidade de aceitar a Bíblia como a divina revelação dos propósitos de Deus para com a humanidade, impõe-se o dever de compreendê-la como um livro, escrito com palavras ao nível da assimilação humana. O fato de Deus usar a linguagem humana como meio de dar forma escrita aos Seus santos decretos, toma o livro, conhecido como Bíblia, um patrimônio do céu e uma riqueza e bênção para a vida do homem. Compreender isto ajuda a fazer da Bíblia o livro mais amado dos seus leitores e estudiosos.
 
I. OS LIVROS ANTIGOS

A Bíblia é um livro antigo. Os livros antigos tinham a forma de rolo (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho. O papiro era uma planta aquática que crescia junto aos rios, lagos e banhados do Oriente, cuja entrecasca servia para escrita. Pergaminho é a pele de animais curtida. Seu uso é mais recente que o papiro; vem desde os primórdios da era cristã, apesar de já ser conhecido antes. É também mencionado na Bíblia, como em 2 Timóteo 4.13.
 
1. O formato primitivo da Bíblia. A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vemos que a princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros como os temos agora em nossa Bíblia. O que tomou isso possível foi a invenção do papel no Século II pelos chineses, bem como a do prelo de tipos móveis em 1450 d. C. por Gutenberg, tipógrafo alemão. Até então era tudo manuscrito pelos escribas, de modo laborioso, lento e oneroso. Quanto a este aspecto da difusão da Sua Palavra, Deus tem abençoa- do maravilhosamente, de modo que hoje em dia milhões de exemplares das Escrituras são impressos com rapidez e facilidade em muitos pontos do globo. Também, graças ao progresso alcançado no campo das invenções e da tecnologia, hoje podemos transportar com toda comodidade um exemplar da Bíblia, coisa impossível nos tempos primitivos.
 
Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas.
 
2. O vocábulo “Bíblia”. Este vocábulo não se encontra dentro do texto das Sagradas Escrituras. É derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita - biblos. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes era uma "bíblia". Portanto, literal- mente, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros pequenos". É consenso geral entre os doutores no assunto que o nome Bíblia, foi primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no IV Século da nossa era.

Devido as Escrituras formarem uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural como acabamos de ver, passou a ser singular, significando O LIVRO, isto é: O Livro dos livros; O Livro por Excelência. Como O Livro Divino, a definição canônica da Bíblia é “A revelação de Deus à humanidade”.
 
3. Nomes da Bíblia. Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si mesma, isto é, nomes canônicos, são:
3.1. Escrituras (Mt 21.42).
3.2. Sagradas Escrituras (Rm 1.2.).
3.3. Livro do Senhor (Is 34.16).
3.4. A Palavra de Deus (Mc 7.13). e. Oráculos de Deus (Rm 3.2).
 
II. A ESTRUTURA DA BÍBLIA
 
A estrutura da Bíblia compreende a sua composição, isto é, a sua divisão em partes principais e seus livros quanto à classificação por assuntos, divisões em capítulos e versículos, e certas particularidades indispensáveis.
 
1. Os dois Testamentos. A Bíblia divide-se em duas partes principais: Antigo e Novo Testa- mento, tendo ao todo 66 livros; sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo. Estes 66 livros foram escritos num período de mais ou menos 16 séculos por cerca de 40 autores distintos. Aqui está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores pertenciam às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em países, regiões e continentes diferentes, distantes uns dos outros, em épocas e condições diferentes. Entretanto seus escritores formam uma harmonia perfeita. Isto prova que UM Só os dirigiu no registro da revelação divina.
 
2. O Antigo Testamento. Como já dissemos, o Antigo Testamento contém 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos trechos que estão em aramaico. Seus 39 livros estão classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que pertencem. São eles:
 
2.1. Lei. São 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. São comumente chamados de O Pentateuco. Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e o estabelecimento da nação de Israel.
 
2.2. História. São 12 livros: de Josué a Ester. Registram fatos ocorri- dos no período compreendido pela teocracia, monarquia, reino dividi- do, e pós-cativeiro de Judá.
 
2.3. Poesia. São 5 livros, de Jó a Cantares de Salomão. São chama- dos poéticos, não porque sejam cheios de imaginação e fantasias, mas devido ao gênero de seu conteúdo. São também chamados devocionais.
 
2.4. Profecia. São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estes estão divididos em profetas maiores (Isaías a Daniel - 5 livros), e profetas menores (Oseias a Malaquias - 12 livros).
 
3. Novo Testamento O Novo Testamento se compõe de 27 livros. Foi escrito em grego. Seus livros estão classificados em 4 grupos. São eles:

3.1. Biografia. São os 4 Evangelhos. Descrevem a vida terrena de Jesus Cristo e seu glorioso ministério. Todos os livros que os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que se lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo.
 
3.2. História. É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história dos primeiros anos da Igreja, seu viver, a pregação do Evangelho; tudo feito na força do Espírito Santo, conforme Jesus prometera (At 1.8).
 
3.3. Epístolas. São 21 as epístolas ou cartas, e vão desde Romanos até a epístola de Judas. Elas contêm a doutrina da Igreja.
 
3.4. Profecia. É o Livro de Apocalipse ou Revelação. Trata dos eventos que terão lugar na terra imediatamente após o arrebatamento da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
 
III. COMO MANUSEAR A BÍBLIA
 
Melhor proveito terá do estudo da Bíblia aquele que melhor souber manuseá-la. Os pontos abordados a seguir, ajudar-lhe-ão a ter o aproveitamento que tanto deseja na leitura e estudo das Escrituras.
 
1. Apontamentos individuais. Habitue-se a tomar notas de suas meditações na Palavra de Deus. A memória é falível, de sorte que muita coisa importante pode ser esquecida ao longo do tempo. Seus apontamentos se constituirão numa fonte de consultas contínua. Portanto, racionalize e organize os apontamentos feitos em torno do seu estudo da Palavra de Deus.
 
2. Como ler e escrever referências bíblicas. O sistema mais simples e rápido para escrever referências bíblicas é o seguinte: duas letras, sem ponto, para cada livro da Bíblia. Por exemplo:
• lª Jo 2.4 (lª João capítulo 2, versículo 4).
• Jó 2.4 (Jó capítulo 2, versículo 4).
• Jn 2.4 (Jonas capítulo 2, versículo 4).
• lª Pe 5.5 (lª Pedro capítulo 5, versículo 5).
• Fp 1.29 (Filipenses capítulo l, versículo 29).
• Fl v. 14 (Filemom, versículo 14).
 
3. Diferença entre as partes da Bíblia. Para efeito de estudo e com- preensão da Bíblia, é interessante que atentemos para a diferença entre suas partes, assim definidas:
 
3.1. Texto. São as palavras contidas numa passagem.
 
3.2. Contexto. É a parte que fica antes e depois do texto que estamos lendo. O contexto pode ser imediato ou remoto. Pode ser um versículo, um capítulo ou um livro inteiro.
 
3.2. Referência. É a conexão direta sobre determinado assunto. As referências podem ser verbais e reais. A primeira é um paralelismo de palavras; a segunda, de assuntos ou ideias.
 
3.4. Inferência. É uma conexão indireta entre assuntos. É uma ilação ou dedução. De acordo com o texto bíblico básico desta lição (Dt 17.14,15,18- 20), os reis de Israel tinham o dever de possuir um traslado da lei do Senhor, “e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para fazê-los; para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel”.

Face à possibilidade de adquirir e ler a Bíblia Sagrada, mais que um privilégio, constitui-se num sagrado dever da nossa parte lê-la e dela jamais nos desviarmos.
 
HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
A harmonia e unidade da Bíblia se constituem num milagre inigualável. Nunca, em qualquer outro lugar e em tão diversas circunstâncias, se juntaram tantos tratados diferentes contendo história, biografia, ética e poesia, para perfazer um livro. É algo semelhante a ossos, músculos e ligamentos que se combinam na forma do corpo humano, quanto à sua harmonia e unidade a Bíblia não tem nenhum paralelo com a literatura humana, visto que todas as condições, humanamente falando, não apenas são desfavoráveis, mas fatais a tal combinação.
 
I. PORMENORES DA HARMONIA DA BÍBLIA
 
A existência da Bíblia até aos nossos dias só pode ser explicada como um milagre. Seus 66 livros escritos por cerca de 40 homens, num período de mais ou menos dezesseis séculos, somam-se num só com uma mensagem una e harmônica. Seu aspecto miraculoso realça quando estudados os seguintes elementos, partes do seu processo de preparação como livro.
 
1. Os escritores. Os escritores da Bíblia foram homens de, praticamente, todas as atividades da vida humana então conhecidas, razão por que encontramos os mais varia- dos estilos na sua escritura. Moisés foi príncipe e legislador. Josué foi um grande soldado. Davi e Salomão foram reis e poetas. Isaías, estadista e profeta. Daniel, ministro de Esta- do. Pedro, Tiago e João, pescadores. Zacarias e Jeremias, sacerdotes e profetas. Amos, agricultor e vaqueiro. Paulo, teólogo e erudito, e assim por diante.

Apesar de toda essa variedade de formação e ocupação profissional dos escritores da Bíblia, examinados os seus escritos, é possível notar como os mesmos se completam, tratando de um só assunto. O que eles escreveram não se constitui em muitos livros, pelo contrário, são partículas que somadas formam um só livro, poderoso e coerente.
 
2. As condições. O estudante da Bíblia cedo descobrirá que não houve uniformidade de condições na composição do texto sagrado. Note por exemplo: Moisés escreveu os seus livros nas solitárias paragens do deserto. Jeremias, nas trevas e imundícies duma masmorra. Davi, nas campinas, elevações dos campos. Paulo escreveu suas epístolas ora em prisões, ora em viagens. João escreveu o Apocalipse exilado na ilha de Palmos.

Não obstante tantas e diferentes condições em que os livros da Bíblia foram escritos, juntos eles são duma uniformidade incrível. O pensa- mento de Deus, e não propriamente dos seus escritores, corre uniforme e progressivamente através dela, como um rio que, brotando da sua nascente, assemelha-se a um tênue fio d’água que vai se avolumando até tornar-se num caudaloso “Amazonas” de Deus. Esta harmonia e per- feição é uma característica exclusiva do Livro de Deus.
 
3. As circunstâncias. Foram as mais variadas as circunstâncias às quais estavam sujeitos os escritores da Bíblia quando escreveram os seus respectivos livros. Davi, por exemplo, escreveu parte dos seus escritos no calor das batalhas; enquanto que Salomão escreveu na paz e conforto dos seus palácios. Alguns dos profetas escreveram seus livros em meio à mais profunda tristeza, ao passo que Josué escreveu o seu livro em meio à alegria das conquistas de Canaã. Apesar dessa pluralidade de condições, a Bíblia apresenta um sistema de doutrina uniforme, uma só mensagem de amor, um só meio de salvação. Do Gênesis ao Apocalipse é assim á Bíblia!
 
II. O PORQUÊ DA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA
 
Se a Bíblia fosse um livro resultante de esforços puramente humanos, certamente que sua composição seria algo extremamente confuso e indecifrável. Seria uma verdadeira Babel.
 
1. Confusão do homem e harmonia de Deus. Imaginemos quarenta dos melhores escritores da atualidade, providos de todos os recursos necessários, isolados uns dos outros, em situações diferentes, cada um com a missão de escrever partes duma obra que somadas deveriam formar um todo. Se no final fossem reunidas todas as partes dessa obra, jamais teríamos um conjunto uniforme. Na verdade, teríamos algo semelhante a uma colcha de retalhos. Seria a pior miscelânea.

Pois bem, imagine isto acontecendo nos antigos tempos em que a Bíblia foi escrita. A confusão seria muito maior. Numa época em que os meios de comunicação em nada se assemelhavam aos de nossos dias, nada a não ser a mente de Deus assegurou o sucesso e a harmonia da Bíblia.
 
2. A perfeição da harmonia da Bíblia. Qualquer falta encontrada na Bíblia, será de pura responsabilidade humana, como tradução malfeita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa aplicação dos sentidos do texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia um trecho aparentemente contraditório com o todo dela, não nos apressemos por concluir ser isso um erro da Bíblia. Tenhamos a capacidade de refletir e a humildade de confessar como Agostinho que disse: Num caso desse, deve haver erro do copista, tradução malfeita do original, ou então, sou eu mesmo que não consigo entender...

A perfeita harmonia da Bíblia, é para a mente humilde e sincera, uma prova incontestável da origem divina da mesma. É uma prova in- sofismável de que uma única Mente via tudo e guiava os seus escritores.
 
3. A catedral da revelação divina. Grandes catedrais, como as de Milão, na Itália, e Colônia, na Alemanha, precisaram de séculos para serem edificadas. Centenas e milhares de trabalhadores foram empregados na sua construção. Certamente ninguém necessita ser in- formado que por trás do trabalho desses edificadores, houve um arquiteto que construiu mentalmente nesses templos, antes de serem lançados os seus fundamentos. Alguém que antes de qualquer coisa, traçou os planos e forneceu até mesmo especificações minuciosas, de modo que a estrutura deve sua simetria inigualável, não aos trabalhadores braçais que fizeram o trabalho bruto, mas àquele único arquiteto, o cérebro da construção, que planejou a catedral em sua totalidade.

A Bíblia é uma majestosa catedral. Muitos edificadores humanos, cada um por sua vez, contribuíram para a sua estrutura. Mas, quem foi o seu arquiteto? Que mente una foi aquela que planejou e enxergou o edifício pronto e acabado? Sem dúvida, a mente do Deus que é desde o princípio (Gn 1.1).
 
JESUS, O TEMA DA BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
A Bíblia está repleta de Jesus. Toda a profecia o tem como tema. As Escrituras nos fornecem a linha da ascendência do Messias. Ele ha- via de ser a semente da mulher, da raça de Sem, da linhagem de Abraão, por meio de Isaque e Jacó, da tribo de Judá e da família de Davi.

As Escrituras registram eventos futuros relacionados à Sua pessoa e ministério terreno. Desde o lugar do seu nascimento até a sua segunda vinda e seu reino - tudo foi predito em termos inequívocos, do Gênesis ao Apocalipse.
 
I. CRISTO, DO GÊNESIS AO APOCALIPSE
 
Estudiosos da Bíblia têm calculado que mais de trezentos detalhes proféticos foram cumpridos em Cristo. Aqueles que ainda não foram cumpridos referem-se à sua segunda vinda e ao seu reino, ainda futuros.
 
1. Cristo no Pentateuco. O Pentateuco compreende os primeiros cinco livros da Bíblia, escrito por Moisés. Eles falam Cristo como o descendente da mulher, o nosso Cordeiro Pascal, o nosso Sacrifício pelo pecado, aquele que foi levantado para nossa cura e redenção, e o Verdadeiro Profeta.
 
2. Cristo nos livros históricos. Os livros históricos agrupam os livros da Bíblia que vão desde Josué até o livro de Ester. Da dramaticidade dos seus relatos, sobressai a figura singular do Salvador como o Capitão da nossa salvação, o nosso Juiz e Libertador, o nosso Parente Resgatador, o nosso Rei Soberano, o Restaurador de nossas vidas, e a divina corte de apelação das causas perdidas.
 
3. Cristo nos livros poéticos. O conjunto de livros que forma a seção dos livros poéticos compreende os livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Na Bíblia eles se irmanam na exaltação do Senhor Jesus Cristo como o nosso Redentor que vive, o nosso socorro e Alegria, a Sabedoria de Deus só achada pelos diligentes madrugadores, o Alvo Verdadeiro, e o Amado da nossa alma.
 
4. Cristo nos livros proféticos. Os livros proféticos do Antigo Testamento são os livros compreendi- dos desde Isaías até Malaquias. Neles o espírito profético vaticina a humanização, humilhação e glorificação do Messias de Deus. Eles o apresentam como o Messias que há de vir, o Renovo da Justiça, o Filho do homem, o Soberano de toda a terra cujo trono jamais será removido, o Marido fiel, o restaurador benevolente, o Divino Lavrador, o nosso Salvador imutável, a nossa Ressurreição e Vida, a Testemunha fiel contra as nações rebeldes, a nossa Fortaleza no dia da angústia, o Deus da nossa salvação, o Senhor Zeloso, o Desejado de todas as nações, o Pastor ferido, o Sol da Justiça.
 
5. Cristo no Novo Testamento. O Cristo vaticinado no Antigo Testamento encontra nos escritos do Novo Testamento a Sua maior expressão. Este o apresenta como o Messias manifesto, o Servo de Deus, o Filho do homem, o Filho de Deus, o Senhor redivivo, a divina causa da nossa justificação, o Senhor nosso, a nossa Suficiência, o nosso Libertador do jugo da lei, o nosso Tudo em todas as coisas, a nossa Alegria e Gozo, a nossa Vida, Aquele que há de vir, o Senhor que vai voltar, o nosso Mestre, o nosso Exemplo, o nosso Modelo, o nosso Senhor e Mestre, o nosso Intercessor junto ao trono do Pai, a Preciosa Pedra Angular da nossa fé, a nossa Força, a nossa Vida, o nosso Caminho, Aquele que há de vir com milhares dos seus santos e anjos, e o Triunfante Rei dos reis e Senhor dos senhores.
 
II. JESUS APROVOU A BÍBLIA
 
Muitas pessoas sabem quem é Jesus; creem que Ele fez milagres; creem em Sua ressurreição e ascensão, mas não creem na Bíblia. Essas pessoas deveriam saber que:
 
1. Jesus leu a Bíblia. “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tomando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos” (Lc 4.16-21).
 
2. Jesus ensinou a Bíblia. “E ele lhes disse: ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lc 24.25-27).
 
3. Jesus chamou a Bíblia de “A Palavra de Deus”. Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor; nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, in- validando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” (Mc 7.11-13).
 
4. Jesus cumpriu a Bíblia. “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44).

A referência de Lucas 24.44 é muito importante, porque aí Jesus põe sua aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento, A Bíblia de seus dias, pois Lei, Profetas e Salmos eram as três divisões da Bíblia nos dias em que o Novo Testamento ainda estava sendo formado.

Jesus também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17). Ele viveu e procedeu de acordo com elas (Lc 18.31). Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo (Mc 12.35,36). No deserto, ao derrotar o inimigo, fê-lo citando a Palavra de Deus (Dt 8.3; 6.13,16; Mt 4.1-11).
 
 
A AUTORIDADE DA BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
A investigação do caráter da Bíblia se constitui num esforço no sentido de se descobrir a verdadeira base da sua autoridade. As Escrituras do Antigo e Novo Testamentos formam um cânon devido ao fato de que estas são palavras ou oráculos autorizados. No contexto desta lição e expressão autorizada sugere que a Bíblia em todas as suas partes é a voz de Deus falando ao homem. Sua autoridade é inerente, sendo como é, nada menos do que um edito imperial: “Assim diz o Senhor”.
 
I. BASES DA AUTORIDADE BÍBLICA
 
O mundo moderno, que se encontra vacilante entre a influência desmoralizadora dos ideais satânicos e das filosofias do homem sem Deus, não aprecia nem respeita a Bíblia. Podemos dizer, porém, que até mesmo esse manifesto desrespeito que o mundo tem para com a Bíblia, se constitui dalgum modo numa prova do caráter sobrenatural desta. Positivamente analisado é uma prova da autoridade da Bíblia.
 
1. Ela foi inspirada por Deus (2ª Tm 3.16). Declarar das Escrituras, como elas fazem de si mesmas, que são inspiradas por Deus, é reconhecer a autoridade suprema que só pertence a Deus e que elas procedem diretamente d’Ele. Isto significa que em seu caráter plenário, as Escrituras são, em sua totalidade, a Palavra de Deus. Elas possuem a peculiaridade indiscutível de ser nada menos que o decreto real divino – “Assim diz o Senhor”.
 
2. Ela foi escrita por homens escolhidos (2ª Pé 1.20-21). Este aspecto da autoridade bíblica está entranhavelmente relacionado com o fato de que a mensagem que esses homens escolhidos receberam e pregaram, era inspirada por Deus. A contribuição específica que isto dá ao estudo da autoridade bíblica é que garante, como temos demonstrado, que a participação humana na autoria da Bíblia, não produz nenhuma imperfeição no valor infinito nem na excelência da mensagem divina. As Escrituras são inerrantes, acima de tudo, porque procedem de Deus. Prova evidente de que a autoridade da Bíblia independe dos homens inspirados que a escreveram, consiste do fato de que mesmo aqueles livros cujos nomes dos autores são ignorados, são tão inspirados por Deus quanto os demais que compõem o cânon divino.
 
3. Ela foi crida pelos que a receberam (Jo 2.22). No caso do Antigo Testamento, a congregação de Israel, sob a liderança de seus anciãos, reis, profetas e sacerdotes, deu sua aprovação àqueles escritos como sendo divinamente inspirados. No caso do Novo Testamento, a Igreja primitiva, deu sua sanção aos escritos aí contidos completando, assim, o cânon das Escrituras. Sem terem consciência, tanto num caso como no outro, de que estavam sendo usados por Deus para realizar um objetivo tão importante, aprovaram o cânon da Bíblia como algo de singular valor para todos os homens, em todos os lugares e em todos os tempos.
 
4. Ela foi autenticada por Jesus Cristo (Lc 24.44). Os quatro Evangelhos contêm nada menos do que trinta e cinco referências diretas do Antigo Testamento citadas por parte do Filho de Deus. Estas, como se pode notar, não apenas registram seu testemunho no tocante ao caráter divino da inspiração plenária das Escrituras, mas também, tomadas como um todo, contemplam o Antigo Testamento e certificam os aspectos plenários de sua perfeição.

Quando Cristo declarou: “Eu sou... a verdade” (Jo 14.6), Ele estava declarando algo mais que ser verdadeiro. Ele se declarou como a verdade no sentido em que Ele é o tema central da Palavra da Verdade, Ele é o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira (Ap 1.5; 3.14; Is 55.4). Ele disse acerca de si mesmo: “Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18.37).
 
II. OS ANTIGOS ATESTARAM AS ESCRITURAS
 
Os profetas do Antigo Testamento foram divinamente incumbidos de transmitir ao povo os oráculos de Deus, do mesmo modo também os escritores do Novo Testamento. Quando falava com o apóstolo João, o anjo disse-lhe: “...eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas...” (Ap 22.9). A lei mosaica designou responsabilidades específicas a vários grupos e oficiais do Antigo Testamento com respeito às Escrituras.
 
1. As Escrituras em relação ao povo israelita. A congregação de Israel foi dito: “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4.2). Está entendido que o povo não possuía a autoridade para questionar o valor da Palavra, nada podendo aumentar ou omitir dela. Cabia-lhe apenas obedecê-la.
 
2. As Escrituras em relação ao rei. A obrigação do rei em Israel para com as Escrituras era como se segue: “Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu rei- no, então escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos sacerdotes levitas. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para fazê-los” (Dt 17.18,19). O rei possuía autoridade governamental para matar ou manter vivo a quem ele quisesse, porém, em relação à Palavra de Deus ele tinha o dever de obedecê-la. Neste particular, o rei em nada era superior ao mais humilde de seus súditos.
 
3. As Escrituras em relação aos juízes. Os juízes eram mediadores em assuntos comuns, domésticos; porém se era trazido perante eles algum assunto mui difícil de resolver, se apelava para o sacerdote, que servia como corte suprema sobre os juízos. O juiz era instruído da seguinte maneira: “Quando alguma coisa te for dificultosa em juízo... então te levantarás, e subirás ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; e virás aos sacerdotes levitas, e ao juiz que houver naqueles dias, e inquirirás, e te anunciarão a palavra que for do juízo. E farás conforme ao mandado da palavra que te anunciarão do lugar que escolher o Senhor; e terás cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinaram” (Dt 16.18-20; 17.8-12). Eles eram constituídos sobre o povo para exercer o juízo conforme à Lei, conforme à Palavra do Senhor.
 
4. As Escrituras em relação aos levitas. Aos levitas foi conferida a custódia das Escrituras. Deste modo eles foram instruídos a proceder do seguinte modo: “Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca do concerto do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti” (Dt 31.26).
 
5. As Escrituras em relação aos profetas. Ao profeta foi dada a alta responsabilidade de receber e comunicar a Palavra de Deus. A prova entre o verdadeiro e o falso profeta era tanto razoável como natural. As instruções eram: “E, se disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder as- sim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta, não tenhas temor dele” (Dt 18.21-22).
 
III. A BÍBLIA É TUDO QUANTO DIZ SER
 
1. A Bíblia é poder eterno. Quanto a isto, diz o salmista: “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu” (Sl 119.89). Outros escritores da Bíblia corroboram esta declaração (Is 40.8; lª Pé 1.25). Sendo a Palavra de Deus, esta verdade tem sido confirmada através da preservação sobrenatural deste livro singular.
 
2. A Bíblia é poder salvador. Por incorporar o Evangelho, a Bíblia é o “poder de Deus para salvação” (Rm 1.16), porém, muitos ignoram que o evangelho é dirigido ao homem na forma dum edito. É pregado a todos para ser crido e obedecido (At 5.32; Rm 2.8; 10.16; 2ª Tm 1.8; Hb 5.9; lª Pe 4.17).
 
3. A Bíblia é poder santificador. A autoridade da Bíblia é afirmada e demonstrada pelo seu poder santificador. O Senhor orou pelos seus discípulos: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a “verdade (Jo 17.17). A nação de Israel ainda há de ser santificada pela ação da Palavra da verdade. O próprio Deus declara: "Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (Jr 31.33).
 
4. A Bíblia é poder restaurador. Os capítulos 36 e 37 do livro do profeta Ezequiel resumem a destruição e restauração de Israel. Na sua assolação, Israel é assemelhado a um vale de ossos secos. Do que de- pende então a sua completa restauração? Depende da ação poderosa da Palavra de Deus. Quanto a isto, registra o profeta: “Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Jeová a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis” (Ez 37.4,5).
 
5. A Bíblia é poder revelador. Ela testifica e prova a sua autoridade de ser uma revelação dada aos homens. Como diz o salmista, a exposição da Palavra de Deus dá luz; dá entendimento aos simples (SI 119.130). Todas as revelações de coisas celestiais e terrenas, do tempo e da eternidade, do bem e do mal, são derivadas da Palavra de Deus. Como diz o escritor da Epístola aos Hebreus, na verdade a Palavra de Deus, viva, eficaz e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, é apta para revelar o escondido e até mesmo as intenções do coração do homem.



A ATUALIDADE DA BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
Uma vez que o nosso Deus é imutável, eterno, não há como se ter outra concepção quanto à sua Palavra. Mais do que eterna, a Palavra de Deus é atual. Ela é atual à medi- da que o Deus que a falou não muda e as necessidades do homem contemporâneo são absolutamente iguais às do homem aqui existente quando ela foi proferida ou registra" da pela primeira vez.
 
I. A BÍBLIA É ATUAL NA SUA MENSAGEM
 
Já dissemos que, uma vez que Deus é imutável (Ml 3.6) e as necessidades do homem moderno são as mesmas do homem dos mais primitivos tempos, é de se esperar que a Bíblia, ao ser pregada, se imponha como:
 
1. Uma mensagem de salvação (Rm 1.16). Os estudiosos chegaram à conclusão de que o conhecimento humano, nestes últimos vinte anos, tem dobrado a cada cinco anos. A sofisticação do mundo hodierno é algo com que jamais sonharam os nossos pais. Cumpre-se fielmente o vaticínio de Daniel 12.4, segundo o qual “o saber se multiplicará.” Mas, o que de concreto isto trouxe para a humanidade? Muito pouco, uma vez que a necessidade do homem é algo afeto à sua alma. Deste modo, onde quer que as boas-novas de salvação sejam pregadas, homens e mulheres, dos mais diferentes níveis sociais, aceitam a Jesus e se convertem dos seus pecados a Deus.
 
2. Uma mensagem de restauração (Lc 4.18,19). Para muitos a Bíblia é um livro cuja mensagem nada tem de singular ou especial. Evidentemente existem aqueles que pregam a Bíblia e o fazem com pouco ou nenhum poder de convencimento. Deste modo os seus ouvintes não auferem toda a riqueza e favor divinos oferecidos pelo Evangelho. Mas, quanto à sua natureza, não é assim a Bíblia. Como Palavra de Deus ela é capaz de tirar o miserável em meio às cinzas, soerguê-lo e levá-lo a se assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Ef 1.3).
 
3. Uma mensagem de esperança (2ª Pe 3.9). O vazio da alma humana, gerado pelo pecado, que afasta o homem de Deus, tem sido ocupado pelo pavor e pelo desespero (Gn 3.6-10; Is 48.22; 59.2). Apesar dos esforços dos estadistas bem in- tencionados, o futuro da humanidade é pouco animador. Os conflitos políticos e raciais destroem os povos. Moléstias sem conta desafiam as pesquisas no campo da medicina. Há um vazio no coração do homem que não atenta para o Seu Criador (Jó 8.13; Sl 106.19-21). A Bíblia, porém, tem uma mensagem de esperança para aqueles que estão aprisionados nas garras destruidoras do desespero e do medo. O homem pode confiar no socorro e livramento de Deus desde que O busque de todo o coração (Is 55.6,7; SI 121). Tinha razão Agostinho quando disse que o homem foi feito por Deus e para Deus, e não encontrará a felicidade enquanto não repousar em Deus.
 
II. A BÍBLIA É ATUAL NO SEU PODER
 
A Bíblia Sagrada, lida ou pregada, é “a dinamite de Deus”, que explode os redutos de Satanás. É o Poder demolidor do Espírito Santo, usado pelos servos de Deus nas batalhas espirituais contra o mal. Deste modo a Bíblia é:
 
1. Poder destruidor. Paulo de- clara categoricamente que a Bíblia, a Palavra de Deus, é a espada do Espírito Santo que o crente usa nas suas batalhas contra as potestades das trevas (Ef 6.17). Ela é usada tanto na defesa dos humildes, quanto para abater a arrogância dos jactanciosos. Assim como o sol, que tanto derrete a cera como endurece o barro, de igual modo age a Palavra de Deus, enternecendo ou endurecendo o coração do homem. Assim como a pedra (tipo de manifestação de Cristo), esmiuçou a estátua do sonho de Nabucodonosor (símbolo da arrogância humana) (Dn 2.34), de igual modo a Bíblia será a base do juízo e da destruição “dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2ª Ts 1.8).
 
2. Poder santificador (Sl 119.9). Nenhum livro do mundo tem igual poder de conduzir o homem à comunhão com Deus e à santificação, como a Bíblia. Na verdade, é impossível ler o Livro Santo de Deus, de todo o coração, e não se desejar que as bem-aventuranças do evangelho faça parte da nossa vida. Um certo homem de Deus percebeu tão bem isto, que foi levado a dizer: “Ou a Bíblia lhe afasta do pecado, ou o pecado lhe afasta da Bíblia”.
 
3. Poder capacitador (At 1.8). Certo irmão indagou se o trabalho espiritual cansa o obreiro de Deus. Ele esperou que a resposta fosse dada negativamente. Porém, a que ouviu é que sim, o ministério cristão cansa. Os evangelhos nos mostram vários exemplos. João 4.6, diz que Jesus, cansado do caminho, assentou-se junto ao poço de Jacó. De fato, aqueles que dão tempo integral para o Evangelho, sabem que quando estão desanimados e as forças lhes faltam, o apego à Palavra de Deus, seja pela leitura ou pela simples meditação, torna suas forças inteiramente renovadas, impulsionando-os a andar e a cumprir mais uma etapa da longa caminhada. O capítulo 10 de Daniel nos informa que esse servo de Deus passou por experiências semelhantes em meio ao intenso trabalho, secular e espiritual, e por causa das contínuas visões e revelações divinas. Só a Palavra do Senhor lhe recobrava o ânimo e lhe restaurava as forças.
 
III. A BÍBLIA É ATUAL NA SUA PERFEIÇÃO
 
Apesar de ter sido escrita há mais ou menos dois mil anos, a Bíblia desafia o tempo, levantada altaneiramente como um monumento à perfeição do caráter do Deus que fala e se revela ao homem (Hb 1.1). Deste modo, devemos compreender que:
 
l. A Bíblia está completa. A Bíblia encerra tudo quanto o homem precisa saber de Deus. Ela não é nem mais nem menos daquilo que eu e você precisamos para conhecer qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). Nada se lhe deve subtrair nem acrescentar. No Apocalipse, ao serem encerradas as Escrituras, o apóstolo João registrou as últimas palavras do Senhor Jesus Cristo, as quais nos advertem a todos: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro” (Ap 22.18.19).
 
2. A Bíblia contém a mente de Deus. A declaração de Pedro, segundo a qual “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2ª Pé 1.21), credencia a Bíblia como o registro das intenções e propósitos de Deus. Ela é o Testamento divino onde estão registrados todos os desejos de Deus para com o seu povo em todo o tempo.
 
3. A Bíblia revela o futuro (2ª Pé 1.19). Só Deus conhece o futuro e só a sua Palavra, a Bíblia Sagrada, registra esse conhecimento de Deus quanto ao porvir. Só a Bíblia registra com detalhes vivos qual o destino das nações, o triunfo futuro da Igreja, a bem-aventurança dos santos e a maldição eterna a ser derramada sobre os ímpios. (Dn 2.19-44; Mt 25.31-41; Ap 20.10,15).
 
A FIDELIDADE DA BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
O piedoso estudo da Bíblia conduz o estudante, invariavelmente, à inevitável conclusão de que a Escritura Sagrada é duma precisão profética inigualável. Deste modo, a Bíblia é um livro inspirador, não apenas por aquilo que ela diz quanto ao passado e ao presente. Mais do que isto, a Bíblia fascina pela exatidão do cumprimento de suas promessas e profecias.
 
I. A HISTÓRIA DE ISRAEL
A história judaica é a história da fidelidade de Deus, da Sua Palavra. A continuação da existência dos judeus como povo separado prova que as profecias a eles concernentes foram, verdadeiramente, dadas por Deus. Se lermos as Escrituras em confronto com a história secular dos judeus, descobriremos que a profecia e a história se adaptam uma à outra como uma luva se adapta à mão. Note a fidelidade do cumprimento da Palavra de Deus decorrente de promessas feitas ao longo da história judaica narrada no Antigo Testamento.
 
1. Chamada e promessas a Abraão (Gn 12.1-4). Tendo atendido o chamado divino, Abraão recebeu a promessa de que teria engrandecido o seu nome, e que seria constituído por pai duma grande nação (Gn 12.2). Deus prometeu-lhe mais que os seus descendentes seriam levados para o Egito, onde seriam escravos e afligidos por cerca de quatrocentos anos, mas que, no devido tempo, os seus opressores seriam julgados e que Israel dali sairia com grande riqueza (Gn 15.13,14). Todas estas palavras do Senhor se cumpriram de forma completa, e disto dão prova as seguintes referências bíblicas (Gn 21.1-2; 46.1-27; Êx 12.29-36,51).
 
2. Cativeiro babilônico (Is 39.6-7). Havendo pecado contra Deus, os filhos de Judá foram leva- dos cativos para a Babilônia. Esse fato havia sido vaticinado pelo profeta Isaías, séculos antes (Is 6.11-12; 11.12), muito antes que a Babilônia se tornasse na potência que era quando do cativeiro. Coube ao profeta Jeremias determinar setenta anos como o tempo de duração desse cativeiro (Jr 25.11,12). Setenta anos depois, ou seja, no ano 538 a.C., Ciro, rei dos persas, publicou um decreto autorizando os judeus a regressarem à terra de seus pais e reconstruir o Templo (Ed 1.1-4).
 
3. Cerco e destruição de Jerusalém (Mt 23.37-39). A obstinação e pecaminosidade dos habitantes de Jerusalém, e principalmente a sua rejeição a Cristo como o Messias, o enviado de Deus, selaram a sorte dessa opulenta cidade. Particularmente, a seus discípulos disse Jesus que quando o juízo divino fosse derramado sobre Jerusalém, nem mesmo o Templo, maior símbolo de glória da cidade, seria poupado. Como disse Jesus textualmente, que no Templo não ficaria pedra sobre pedra que não fosse derribada (Mt 24.1,2). Esta profecia se cumpriu com incrível precisão no ano 70 da nossa era.
 
4. A restauração nacional de Israel (Ez 36.16-38; 37). Quando a visão dando conta da restauração de Israel foi comunicada a Ezequiel, este povo jazia no cativeiro. Da perspectiva humana seria simples- mente impossível que o povo judeu pudesse ressuscitar do caos e vir a ser o que hoje é.
 
II. PROFECIAS MESSIÂNICAS
 
Tem sido calculado por estudiosos que mais de trezentos detalhes proféticos foram cumpridos em Cristo. Aqueles que ainda não foram cumpridos se referem à Sua segunda vinda e ao Seu reino, ainda futuros. Poderia essa profusão de profecias messiânicas ter cumprimento numa única pessoa, se não viesse de Deus? Deste modo são verdadeiras as palavras de Pedro, segundo as quais “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2ª Pe 1.21).

Dentre as profecias fielmente cumpridas na pessoa de Jesus Cristo, o Messias de Deus, destacam-se as seguintes:
 
1. Relacionadas com o seu nascimento (Gn 3.15). Esta promessa divina identifica o Messias vindouro como sendo a semente da mulher. Deste modo a Bíblia diz, claramente, que Ele nasceria duma virgem (Is 7.14), nasceria em Belém de Judá (Mq 5.2), e seria da linhagem de Davi (l Cr 17.11-15). Estas profecias se cumpriram de acordo com as seguintes referências bíblicas: Lc 1.30-35; Mt 2.4-6; 22.41,42.
 
2. Relacionadas com o seu ministério. Moisés fez menção do ministério profético do Messias ao registrar a seguinte promessa de Jeová: “Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu; e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele” (Dt 18.18,19). Já Isaías vaticinou que o Espírito Santo encheria plenamente o Messias (Is 42.1), e fala ainda do seu miraculoso ministério de cura (Is 35.4-6). Todas estas profecias se cumpriram integralmente, conforme as seguintes referências (Jo 5.45-47; Lc 3.21,22;4.17-21; Mt 11.2-6).
 
3. Relacionadas com o seu sofrimento, morte e ressurreição. A Bíblia vaticina que Jesus seria traído por um de seus amidos (Sl 41.9) e vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12); passaria por atrozes sofrimentos (Is 52.13-15; 53); seria desamparado por seu próprio Pai no seu maior momento de dor (SI 22.1,6-8,14-18); seria oferecido como um cordeiro para o sacrifício (SI 40.6-8; Is 53.7,8); seria sepultado com os ímpios e com o rico (Is 53.9); seria ressuscitado dos mortos (Sl 16.9,10). Todas estas profecias se cumpriram com uma precisão impressionante. Para ver isto, leia as seguintes passagens (Jo 13.18,21,26; Mt 26.14,15; 27.12- 14,46,57-60; Jo 19.1-3,23,24,29; Mt 28.1-7; At 2.25-32).

Nos dias hodiernos, onde o peca- do se multiplica e o amor se torna escasso entre os homens, a maneira mais segura de termos esperança é a compreensão das promessas divinas feitas no passado. Como já mostramos, muitas delas já foram cumpri- das durante a vida do Messias e no decorrer da história do povo judeu. Essa incrível marca de cem por cento de precisão no passado é uma inquestionável garantia de que as demais promessas se cumprirão no futuro.
 
 
AS GRANDES DOUTRINAS DA BÍBLIA
 
I. DOUTRINA DE DEUS, DE CRISTO E DO ESPÍRITO
 
Em teologia pura são estudadas conjuntamente as doutrinas de Deus, de Cristo e do ESPÍRITO SANTO. Conhecê-las é um privilégio exclusivo do estudante e estudioso da Bíblia.
 
1. A doutrina de Deus. O estudo relacionado à pessoa de Deus, chama-se teologia", e versa sobre a existência, a personalidade e a natureza de Deus.

1.1. A existência de Deus. Na primeira página da Bíblia encontramos a inequívoca declaração: “No princípio... Deus...” (Gn 1.1). O cristão temente a Deus aceita por fé a verdade da Sua existência segundo a revelação contida na Bíblia. Não se trata de fé cega, mas da fé que se baseia nas Escrituras (Hb 11.5,6).
 
1.2. A personalidade de Deus. A personalidade de Deus pode ser provada pelos pronomes pessoais que o identificam (Jo 17.3; Sl 116.1-2);pelas características e propriedades de personalidade que lhe são atribuídas, tais como: tristeza (Gn 6.6), ira (Nm 11.1; 12.9; Rm 1.18), zelo (Dt 6.15), amor (Rm 5.8) e ódio (Pv 6.16); pelas relações que Ele mantém com o homem, como Criador de tudo (Gn 1.1), como Preservador de tudo (Is 40.22-29; 41.13-20), como Benfeitor de todas as vidas (Mt 5.45; 10.29,30), como Governador e Dominador das atividades humanas (Is 40.10-15; 41.1-12), como Pai de seus filhos espirituais (Gl 3.26).
 
1.3. A natureza de Deus. A natureza de Deus compreende os Seus atributos naturais e morais, quais sejam: vida (Jo 5.26), espiritualidade (Jo 4.24), imutabilidade (Tg 1.17), eternidade (Dt 33.27; Sl 90.2), onisciência (lª Sm 16.7; At 15.8), onipotência (Gn 17.1; Jó 42.2), onipresença (Sl 139.7-12), veracidade (Nm 23.19), fidelidade (Jr 1.12), conselho (Ef 1.11; Is 40.13,14), e santidade (Is 6.3).
 
2. A doutrina de Cristo. Em teologia o estudo sobre a Pessoa de Cristo, chama-se Cristologia, abordando os seguintes temas:
 
2.1. A humanidade de Cristo. A humanidade de Cristo é demonstra- da pela sua ascendência humana (Gl 4.4; Rm 1.3); por seu crescimento e desenvolvimento naturais (Lc 2.40,46,52); por sua aparência pessoal (Jo 4.9); por sua natureza completa (Mt 26.12,38; Lc 23.36); pelas suas limitações humanas sem peca- do (Jo 4.6; Mt 8.24; 21,18); pelos nomes humanos que lhe foram dados, por Ele mesmo ou por outros (Mt 1:21; Lc 19.10; At 2.22; Mt 21.11;6.3; lª Tm 2.5); pelo relacionamento que Ele mantinha com Deus (Mc 15.34; Jo 20.17).
 
2.2. A divindade de Cristo. A Bíblia corrobora a crença na divindade de Cristo, quando diz que Ele é Deus (Jo 1.1), Todo-poderoso (Ap 1.8), eterno (Jo 8.58), Criador (Jo 1.3). Atributos inerentes a Deus Pai relaciona-se harmoniosamente com Cristo, provando assim a sua divindade.
 
2.3. O caráter de Cristo. O caráter de Cristo tem recebido aprovação e a recomendação não apenas de Deus Pai, mas também dos anjos, e até mesmo da parte dos demônios há o testemunho de que Ele é o Santo de Deus. De fato, a Bíblia o apresenta como: santo (lª Jo 3.3,5), amoroso (Jo 13.1), manso e humilde (Mt 2.29).
 
2.4. A obra de Cristo. A obra terrena de Cristo, consumada na sua morte, tornou-se necessária por causa da santidade e do amor de Deus (He 1.13; Jo 3.16); por causa do pecado do homem (l Pé 2.24); por causa do cumprimento das Escrituras (Lc 24.25-27). O propósito de Deus tomou-a necessária (At 2.23).
 
2.5. A ressurreição de Cristo. A ressurreição corporal do Senhor Jesus é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé (lª Co 15.17).
 
3. A doutrina do Espírito Santo. Teologicamente analisada, a doutrina do Espírito Santo chama- se pneumologia, e estuda entre outros, os seguintes temas:

3.1. A natureza do Espírito Santo. No estudo da natureza do Espírito Santo, destaca-se a sua personalidade. Como uma pessoa que é, o Espírito Santo é chamado na Bíblia de: Espírito de Deus (lª Co 3.16; Gn 1.2); Espírito de Cristo (Rm 8.9); Espírito Santo (At 1.5); Espírito de Vida (Rm 8.2); e Espírito de Adoção (Rm 8.15,16; Gl 4.5,6).
 
3.2. A obra do Espírito Santo. Particularmente quanto à pessoa do crente, o Espírito Santo nele opera regenerando-o (Jo 3.3-6), batizando-o no corpo de Cristo (lª Co 12.13; Ef 4.1-16,30), habitando nele (lª Co 6.15-19), fortalecendo-o (Ef 3.16), enchendo-o da sua virtude (Ef 5.18-20).
 
II. DOUTRINA DOS ANJOS, DO HOMEM E DO PECADO
 
1. Doutrina dos anjos. De acordo com a Bíblia, os anjos foram criados por Deus (Ne 9.6; Cl 1.16). Deus os criou mais elevados que o homem (Sl 8.4,5). Foram criados em inumerável quantidade (Jó 25.3; Dt 33.2; Ap 5.11; Dn 7.10). Eles não devem ser adorados (Ap 22.9; 19.10; Cl 2.18), pois estão sob o senhorio de Cristo (Ef 1.20,21; Fp 2.9-11). Na consumação do século, anjos bons e maus terão papel decisivo nos eventos finais. Os bons se manifestarão na glória com Cristo (Mt 24.30,31) cooperando na ressurreição dos mortos (lª Ts 4), no ajuntamento dos escolhidos, na ceifa final, no julgamento das nações e na extinção total da iniquidade (Mt 13.39-42). Os maus, sob o comando de Satanás, afligirão os homens com sofrimentos terríveis, e por fim serão lançados no inferno de chamas eternas (Mt 25.41; Ap 20.10).
 
2. A doutrina do homem. Mediante o que diz a Bíblia, o homem é criatura de Deus, formado à imagem e semelhança do Criador (Gn 1.26). O homem é um ser tricotômico, isto é, dotado de espírito, alma e corpo (lª Ts 5.23). O homem foi criado reto (Ec 7.29) condição da qual caiu por causa da queda no Éden. Criado por Deus, o homem foi destinado: à vida no mundo (Gn 2.7), para amar o próximo (Gn 2.18), para o domínio da Criação (Gn 1.27-30), para o louvor de Deus (Sl 8.5-9; 96; 98). De toda a história do homem, o mais triste e trágico episódio foi, sem dúvida, a sua desobediência e consequente queda (Gn 3).
 
3. A doutrina do pecado. A Bíblia ensina que a origem do peca- do na história da raça Humana foi a transgressão voluntária de Adão no Éden. O homem deu ouvido à insinuação do tentador, de que, caso ele se colocasse em oposição a Deus, tomar-se-ia um igual a Deus. Tomando e comendo do fruto da árvore que Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso do pecado a toda a humanidade (Gn 3.1-6; Rm 5.12,18,19). A luz da Bíblia, o pecado é a inclinação da carne e inimizade contra Deus (Rm 8.7); tem caráter uni- versal (Rm 3.23; 5.12); é antes de tudo, praticado contra Deus (Tg 2.8-11); tem lugar primeiramente no coração (Mt 5.27,28; 15.19; 7.21- 23).
 
III. DOUTRINA DA SALVAÇÃO, DA IGREJA E DAS ÚLTIMAS COISAS
 
1. A doutrina da salvação. A redenção do homem é o sublime tema de toda a Bíblia. Como forma de tornar compreensível a questão da salvação, a Bíblia a coloca da seguinte maneira:
1.1. A salvação procede de Deus e não do homem (Rm 6.23).
1.2. Somente Jesus pode salvar o pecador (Lc 19.10).
1.3. A salvação é obtida pela graça de Deus e não por obras humanas (Ef 2.8-10).
1.4. A salvação abrange espírito, alma e corpo do homem.
1.5. A salvação tem alcance eterno (Rm 5.1; lª Ts 5.23; Cl 3.4).
1.6. O descuido da salvação trará males terríveis.
1.7. A salvação nos vem pela fé em Cristo (Rm 1.16,17;10.9,10,17; Gl 3.1-11,22,26).
1.8. A Trindade Divina coopera com o pecador na sua salvação (Jo 1.12-13; 3.3-7).
 
2. A doutrina da Igreja. A Igreja é formada exclusivamente de pessoas nascidas de novo pela ação do Espírito Santo e da Palavra de Deus (Jo 3.5), para que por meio dela o Senhor Jesus realize a sua obra neste mundo (Ef 4.11-16). A doutrina da Igreja no contexto das Escrituras, de princípio, pode ser resumida nos seguintes itens:
2.1. A palavra “igreja”, empregada em sentido universal, designa o corpo de Cristo (Rm 12.5).
2.2. A Assembleia Universal é descrita sob a forma dum templo (Ef 2.22; lª Pe 2.5).
2.3. A Assembleia Universal dos salvos é a esposa de Cristo (Ap 21.2).
2.4. A assembleia local deve compor-se somente de membros regenerados. E necessário o aperfeiçoamento da igreja local na pessoa de cada um de seus membros. Para isso Cristo concedeu dons aos homens para o aperfeiçoamento da Igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.11-16). Deste modo através da multiforme ação de seus ministros, Deus aperfeiçoa a sua Igreja em todos os seus aspectos.
 
3. A doutrina das últimas coisas. Para o crente em Jesus, o futuro reserva uma maravilhosa expectativa - a volta de Cristo, sob dois aspectos: primeiro, o arrebatamento dos salvos, abrangendo todos aqueles que morreram em Cristo, bem como os vivos que fielmente o aguardam (lª Ts 4.16,17); e segundo, a sua manifestação em glória acompanhado de seus amos e santos antes arrebatados, a fim de exercer o juízo sobre as nações e implantar o Milênio na Terra (Mt 24.37-39; 25.31-46; 2ª Pé 3.10-13; Ap 20.4-7).

Ninguém aqui na terra (nem mesmo os anjos do céu) sabe a data e hora em que esse evento ocorrerá. A certeza que temos é a de que ele não demorará. Todos os sinais indicam que a plena redenção dos filhos de Deus rapidamente se aproxima (Lc 21.28). Amém!
 
 
MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
Não nos é possível descobrir com exatidão que método o profeta Daniel utilizou no estudo das Escrituras Sagradas de então. Sabemos, sim, que ele estudou e não o fez desordenadamente, mas metodicamente. Pelo estudo dos livros, diz Daniel, "entendi...". Entendeu o quê? Entendeu o tempo de duração do cativeiro dos filhos de Israel na Babilônia. Decorrente dessa busca ordenada de conhecimento, foi que Deus lhe revelou de maneira singular, fatos por vir.
 
I. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO POR MÉTODO
 
Pode o Espírito Santo usar os elementos constitutivos do estudo metódico da Escritura? Certamente que pode e o faz. Dentre tantas vantagens do estudo metódico das Escrituras, poderíamos destacar os seguintes:
 
1. Uniformiza os elementos da Escritura. Ao iniciar o estudo bíblico por métodos, você irá aprendei termos e ideias que lhe parecerão novos; irá aprender passos a serem seguidos no estudo da Bíblia. À medida em que seguir esses passos, você notará como o Espírito Santo ilumina a verdade, numa ação comparada à ação do sol e da chuva gerando fartura para o agricultor, a partir da semente viva. E assim como o trabalho metódico do agricultor (plantio, cultivo e colheita), ajuda a ação do sol e da chuva a produzir abundantes colheitas, assim também o estudo metódico da Escritura nos ajudará a receber a revelação da verdade através do Espírito Santo, de maneira progressiva e organiza- da. Mais do que isto: o estudo bíblico seguido de método tem a vantagem de uniformizar numa inquestionável ordem de valores todos os elementos da Escritura.
 
2. Evita o mau uso das Escrituras. Existe grande perigo de mau uso da Bíblia quando se despreza o seu estudo sistemático e metódico. Por exemplo:

2.1. A Escritura pode ser mal aplicada quando você ignora o que ela diz sobre determinado assunto.

2.2. A Escritura pode ser mal aplicada quando você toma um versículo fora do contexto.

2.3. A Escritura pode ser mal aplicada quando você lê uma passagem e a obriga a dizer o que ela não diz.

2.4. A Escritura pode ser mal aplicada quando você dá ênfase indevida a coisas menos importantes.

2.5. A Escritura pode ser mal aplicada sempre que você a usa para tentar levar Deus a fazer o que você quer, em vez daquilo que Ele quer que seja feito.
 
3. Oferece opções no estudo das Escrituras. O sistema tradicional de leitura da Bíblia tende a fazê-lo algo moroso e monótono. Já o estudo bíblico dirigido ou por método, pelo seu sistema de diversificação, pode se transformar num novo desafio a cada oportunidade que nos propomos a estudar as Escrituras.
 
II. ESTUDO PELO MÉTODO ANALÍTICO 
 
O estudo bíblico pelo método analítico se compõe dos seguintes elementos:

l. Observação. Escolhido o texto bíblico para estudo, lª Pedro 2, por exemplo, proceda da seguinte maneira: leia a passagem cuidadosamente; tome um caderno de anotações e escreva na cabeça duma página a palavra Observação, e em seguida:

1.1. Anote toda e qualquer minúcia do texto; anote substantivos, verbos e outras palavras-chaves. Aqui entra a importância das perguntas: QUEM? QUÊ? QUANDO? POR QUÊ? E COMO?

1.2. Escreva o que lhe parecer obscuro, especificamente o que você não entende da passagem, o versículo 5, por exemplo.

1.3. Anote referências bíblicas doutros textos (elas poderão lançar luz sobre o texto que está sendo estudado).

1.4. Anote as possíveis aplicações encontradas ao longo do estudo do texto em uso.
 
2. Interpretação. Tome o seu caderno de anotações e anote noutra folha um resumo dos pensamentos- chaves que lhe acorram à mente enquanto você estuda a passagem bíblica. Escreva um pensamento- chave, uma espécie de interpretação sua, para cada versículo do capítulo. Depois resuma num só pensamento os pensamentos-chaves de todos os versículos do capítulo estudado. Este pensamento deverá conter a essência da interpretação do texto estudado.
 
3. Correlação. Numa outra folha do seu caderno de anotações, escreva a palavra CORRELAÇÃO, anotando em seguida os versículos do mesmo capítulo que se correlacionam, isto é, que se combinam entre si.
 
4. Aplicação. Das aplicações possíveis, escolha aquela que você sente, definidamente, que Deus quer que você ponha em prática, e as coisas específicas que Deus quer que você faça para aplicar à sua vi- da. A Bíblia e os seus preceitos não nos foram dados para serem apenas teorizados, mas para serem vividos e fazerem parte inseparável da nossa vida.
 
III. ESTUDO PELO MÉTODO SINTÉTICO
 
1. Passos a seguir. Os passos a serem seguidos no estudo bíblico pelo método sintético, constituem uma repetição do padrão: ler, observar, tomar notas; ler, observar, tomar notas. Isto continua até que você tenha encontrado todas as informações que deseja descobrir, independentemente de quantas leituras tenha de fazer.
 
2. Recomendações importantes. Para seu maior proveito no estudo bíblico pelo método sintético, siga a seguinte orientação:

2.1. Descubra o tema principal do livro. Em atitude de oração leia todo o livro que você escolheu para estudo, a fim de encontrar o tema principal. O tema pode ser encontrado como se fosse um fio que corre por todos os capítulos. Se necessário, leia-o mais de uma vez. Assim o tema começará a surgir na sua mente.

2.2. Desenvolva o tema principal do livro. Os anúncios referentes ao conteúdo do livro ajudam a encontrar o tema principal. Tais anúncios são afirmações que o autor faz, antecipadamente, dizendo o que vem a seguir. Por exemplo, o Evangelho de Mateus começa com o seguinte anúncio: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). Este é o anúncio referente ao conteúdo e logo a seguir vem a genealogia de Jesus.
 
IV. OUTROS MÉTODOS DE ESTUDO
 
1. Estudo pelo método temático. Este método lida com um assunto específico. Por exemplo: o tema principal da Bíblia é a redenção através do sangue de Cristo.
 
2. Estudo pelo método biográfico. Hebreus 11 traz um resumo da vida de muitos dos fiéis que viveram e morreram na fé. De fato, a Bíblia afirma que “todos estes morreram na fé” (Hb 11.13), o que indica que essas pessoas continuam vivas no céu. Então, por que não estudar as suas vidas hoje, uma vez que conservaram até o fim uma confiança plena nas promessas de Deus?

A experiência tem mostrado que não basta ler a Bíblia. Maior proveito auferirá aquele que a estuda metódica e ordenadamente.



COMO INTERPRETAR A BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
 
Pela sua singularidade, a Bíblia não pode e nem deve ser interpretada ao bel-prazer do leitor. Tenha ele a cultura que tiver, para captar a mente de Deus e o que o Espírito Santo ensina na Bíblia, necessita estudá-la seguindo alguns princípios. Dentre esses princípios destacam-se os estudados nesta lição.
 
I. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
 
l. Princípio um. Estude a Bíblia partindo do pressuposto de que ela é a autoridade suprema em questão de religião, fé e doutrina. Em assunto de religião, fé e dou trina, consciente ou inconscientemente, o crente se submete à tradição, à razão, ou às Escrituras. A autoridade a que ele se submeter, há de determinar o tipo de crença que possa esposar. Independentemente do testemunho da tradição e da razão, o crente verdadeiro tem na Bíblia o seu guia e juiz infalível. Para ele as declarações da Bíblia são finais. Ele crê que a Bíblia registra as intenções e a vontade de Deus, por isto pode crer nela. Ele aceita o testemunho da tradição e da razão, mas enquanto estas não entram em conflito com a Escritura. Para ele o que importa é: “O que diz a Escritura sobre isto?”
 
2. Princípio dois. Não se esqueça de que a Bíblia é o melhor intérprete de si mesma; isto é: a Bíblia interpreta a Bíblia. O manifesto desprezo a esta regra de interpretação da Escritura por parte de alguns cristãos ajudam-nos a entender que os maiores inimigos da Bíblia não são os seus opositores, que em épocas de cruentas perseguições rasgaram e queimaram-na, mas grande número dos seus expositores sempre prontos a achar na Bíblia apoio para as suas ideias absurdas. Quem não conhece pelo menos um bom irmão de Bíblia sempre aberta, procurando achar o sexo dos anjos, revelar quantos anjos cabem numa cabeça de alfinete, e tantas coisas outras?
 
3. Princípio três. Interprete a experiência pessoal à luz da Escritura e não a Escritura á luz da experiência pessoal. A experiência pessoal se constitui na evidência daquilo que Deus faz em nós, por isso não pode e nem deve ser desprezada; porém, no momento de determinar o que é mais importante, se a experiência pessoal ou a Escritura, para efeito de interpretação bem-sucedida da Bíblia, a Escritura é superior. Por isso ela não está sujeita a julgamento por parte da experiência pessoal, antes, a experiência pessoal é que deve se submeter ao juízo da Escritura.
 
4. Princípio quatro. Os exemplos bíblicos só têm autoridade prática quando amparados por uma ordem que os faça mandamento universal. Ao ler a Bíblia, fica evidente que você não está obrigado a seguir o exemplo de cada pessoa que protagoniza os acontecimentos nela encontrados. Por exemplo: o fato de Noé haver plantado uma vinha e ter se embriagado com o vinho do seu fruto, não indica que você deva fazer o mesmo. O fato de Jesus ter mandado dizer a Herodes: "Ide dizer a essa raposa que hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia terminarei", não nos autoriza a mandar portadores com recados de afronta às autoridades.
 
II. PRINCÍPIOS GRAMATICAIS DE INTERPRETAÇÃO
 
1. Princípio um. A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente. Por mais que repudiemos os casuísmos na interpretação da Escritura, a realidade nos obriga a ver que grande parte da igreja ecumênica faz precisamente isto. Chamam-lhe emprego de “palavras conotativas”, uma forma de “contextualizar” as Escrituras à realidade moderna. Exemplo: já não empregam a palavra "reconciliação" no sentido bíblico do homem reconciliar-se com Deus. “Redenção” já não é empregada no sentido bíblico do homem ser salvo do pecado e do castigo. Em vez disto, dão-lhe diferente “conotação”, e opinam que ela tem a ver com a melhoria social e cultural da sociedade. "Missão" foi substituída por “diálogo”; enquanto que “conversão” é um conceito inaceitável.
 
2. Princípio dois. As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas no sentido que tinham no tempo do autor. Definir o correto sentido das palavras da Bíblia não chega a ser tão difícil quanto possa parecer a princípio. No entanto, se algum esforço deve ser feito neste sentido, vale a pena pagar o preço. Assim agindo, evitaremos nos envolver com aqueles casos curiosos e jocosos como o do pregador que afirmou com segurança que Jesus era músico. Indagado sobre que tipo de instrumento Jesus tocava, disse ele: “esquife”, e citou a ressurreição do filho da viúva de Naim, particularmente Lucas 7.14: “E, chegando-se, Tocou o esquife, e disse: Mancebo, a ti te digo: Levanta-te”.
 
3. Princípio três. As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas em relação à sua sentença e no seu contexto. O contexto é formado de todos os elementos de informação que circundam o texto. Citemos um exemplo apenas. Imaginemos que você esteja lendo João 3.16, e queira compreender melhor “Porque Deus amou o mundo de tal maneira...”. O que fazer? Parta do texto escolhido (Jo 3.16), e estude-o à luz do seu contexto, no caso todo o capítulo 3 do Evangelho de João.
 
4. Princípio quatro. Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada. As grandes passagens “Eu sou”, no Evangelho de João, ilustram a regra onde objetos inanimados são usados para descrever um ser vivo. Ali encontramos Jesus dizendo: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6.35); “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12); “Eu sou a porta” (Jo 10.9); “Eu sou o caminho” (Jo 14.6); “Eu sou a videira...” (Jo 15.1). É evidente que nenhum cristão e cuidadoso estudante da Bíblia chegaria às raias do absurdo, a ponto de acreditar que os substantivos “pão”, “luz”, “porta”, “caminho” e “videira” tenham relação literal e não figurada com a pessoa de Jesus Cristo.
 
III. PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DE INTERPRETAÇÃO
 
l. Princípio um. Uma palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entendê-la como palavra viva, isto é, originada na alma do autor. A melhor maneira de se conhecer uma pessoa é associando-se com ela. Assim também, a melhor maneira de conhecer o autor dum livro é estudando diligentemente os seus escritos, prestando especial atenção aos mínimos detalhes da sua vida. Por exemplo: quem quiser conhecer a pessoa de Moisés, deve estudar o Pentateuco, especialmente passagens como Êx 2.4; 16.15-19; 33.11;34.5-7; Nm 12.7,8; Dt 34.7-11. Quem quiser conhecer o apóstolo Paulo deverá dar especial atenção a passagens como At 7.58; 8.1-4;9.1,2,22,26; 26.9; 13.46-48; Rm 9.1- 3; lª Co 15.9; 2ª Co 11; 12.1-11; G1 1.13-15; 2.11-16; Fp 1.7,8,12-18; 3.5- 14; l Tm 1.13-16.

2. Princípio dois. É impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz de suas circunstâncias históricas. Por circunstâncias, entende-se tudo aquilo que não faz parte da vida normal duma pessoa, mas que esta é levada a participar com o povo da sua época. Particularmente, quanto aos escritores da Bíblia, eles estiveram sujeitos a circunstâncias geográficas, políticas e religiosas; fatos que influíram sensivelmente nos seus escritos. Por exemplo: a menos que compreendamos as circunstâncias políticas sob as quais se achava o apóstolo Paulo, jamais poderemos compreender passagens como a de lª Coríntios 12.3.
 
3. Princípio três. Uma vez que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas à luz da história. A compreensão desta regra não indica que tudo quanto a Bíblia contém só deva ser explicado historicamente. Como revelação sobre- natural de Deus, é concebível que a Bíblia contenha elementos que transcendem os limites do histórico. A compreensão desta regra de interpretação determina, sim, que o conteúdo da Bíblia seja, em grande parte, determinado historicamente, sendo, portanto, na história que se encontra a sua explicação.
 
IV. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃO
 
1. Princípio um. Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la teologicamente. Melhor explicando esta regra de interpretação teológica do texto das Escrituras, queremos dizer que você precisa entender o que diz a passagem linguisticamente, antes de poder esperar entender o que ela quer dizer teologicamente, isto é, o seu sentido, sua mensagem.
 
2. Princípio dois. Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o que a Escritura diz sobre ela. O propósito básico desta regra de interpretação é determinar a verdade doutrinária do texto bíblico. É evidente que a Bíblia inteira é a Palavra de Deus; toda ela é a verdade, e tudo nela é útil para a nossa vida. Mas é igualmente importante lembrar que nem tudo na Bíblia tem o mesmo valor, nem é útil da mesma maneira. Evidentemente a determinação da legitimidade da doutrina não implica que algumas partes da Bíblia não sejam verdadeiras e que outras o sejam. Entretanto, a verdadeira doutrina (as passagens que declaram a vontade de Deus para o homem agora), é útil a nós de uma maneira mais particular pelo fato de exigir alguma coisa de nós de forma particular. Assim como Filipe foi usado como instrumento do Espírito Santo para interpretar o texto de Isaías 53 ao alto oficial de Candace, resultando daí a sua conversão a Cristo, de igual modo, Deus espera que sejamos fiéis intérpretes da Sua Palavra no mundo hoje. Não impeçamos, pois que os homens sejam abençoados por intermédio da fiel interpretação das Sagradas Escrituras.
 
A PREGAÇÃO E A BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
Qualquer pessoa que pensa de modo sério acerca da situação da pregação em nosso século, forçosa- mente há de notar uma contradição estranha. De um lado, reconhece-se que há necessidade de pregação grandiosa, que é usualmente definida como sendo pregação expositiva. Do outro lado, porém, a boa pregação expositiva, é praticamente inexistente. Os seminários evangélicos (e até mesmos liberais) exortam os seus jovens, dizendo: “Sejam fiéis na pregação... Passem muitas horas no seu gabinete, meditando sobre a Bíblia... Tenham a certeza de que aquilo que dão ao povo é a Palavra de Deus e não as suas próprias opiniões”. Apesar destas recomendações, é mui grande o número de púlpitos de nossas igrejas, ocupa- dos, noites após noites, por pregadores biblicamente iletrados.
 
I. POR QUE PREGAR A BÍBLIA SAGRADA
 
Dentre as muitas razões por que devemos pregar a mensagem unicamente baseada na Bíblia Sagrada, relacionamos as seguintes:
 
1. Fomos chamados para isto (2ª Tm 4.2). O ferreiro deve ser alguém habilitado para trabalhar com o ferro; o pedreiro, com construções; o marceneiro, com madeira; o médico, com o bisturi; e o pregador com a Palavra de Deus. O ferrador poderá ser capaz até de cingir um anjo com um cinto de ouro, mas se não souber ferrar uma cavalgadura, ele não será digno do nome que tem. De igual modo, o pregador que por qualquer pretexto elimina a Bíblia da sua pregação, deveria mudar de ocupação. Tão grande foi o crescimento alcançado pela Igreja primitiva, que os apóstolos foram levados a dividir o seu tempo entre a pregação e a distribuição de bens entre os irmãos mais pobres. Para resolver esse problema, os doze falaram à congregação, dizendo: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da Palavra” (At 6.2- 4). Do mesmo modo, Deus nos chamou para sermos homens da Palavra.
 
2. A Bíblia é a Palavra de Deus (Jr 1.12). Quanto mais cedo e melhor conhecermos a Bíblia, mais cedo e melhor haveremos de compreender que Deus está moral e espiritualmente empenhado em cumprir a Sua, e não as nossas palavras. Se queremos que a honra divina repouse sobre o nosso ministério, de- vemos honrar a Palavra de Deus, fazendo dela o tema das nossas mensagens. Como explicar a existência de pregadores cujo ministério é de tão pouco ou de nenhum fruto? A resposta poderá estar numa das seguintes razões:

a) Ele prega a Palavra de Deus, no entanto é incapaz de crer que Deus vá cumpri-la.

b) Ele prega as suas próprias palavras e espera que Deus as cumpra, como se Deus fosse, de fato, o seu inspirador.
 
II. COMO PREGAR A BÍBLIA SAGRADA
 
Não basta ler, estudar, compreender e interpretar a Bíblia. O pregador tem a responsabilidade de pregá-la de forma racional e compreensível. Deste modo, uma mensagem bibliocêntrica, é uma mensagem pregada.
 
1. Expositivamente. A pregação expositiva é o “feijão com arroz” da mensagem evangélica. Por este método de pregação, temas bíblicos dos mais difíceis se tornam claros e compreensíveis até mesmo à mente das crianças. Este foi o método de pregação preferido por Esdras e os oficiais da congregação de Israel. Neemias 8.8 diz que diante da congregação eles “leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”.
 
2. Simplesmente. A pregação bíblica dispensa a pompa da eloquência e as flores da retórica humana, para se fazer compreendida. Paulo tinha sobeja razão quando disse aos coríntios que quando esteve com eles, a sua palavra e pregação “não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder.” (1ª Co 2.4).
 
3. Convincentemente. O poder convencedor do Evangelho é uma característica inerente às Escrituras. No que tange ao pregador, a autoridade da sua pregação é proporcional à sua submissão à Palavra de Deus. Explicando melhor: o simples conhecimento intelectual das Escrituras pode comunicar eloquência ao pregador; porém, se ele quiser exercer o poder de convencer os seus ouvintes, precisa submeter-se inteiramente à ação do Espírito Santo ao entregar a mensagem da Palavra de Deus. Lucas nos diz que Apoio, “com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo” (At 18.28).
 
III. ALCANCE DA PREGAÇÃO BIBLIOCÊNTRICA
 
Já citamos a referência de lª Coríntios 2.4, onde Paulo diz: “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder”. No versículo 5, acrescenta o apóstolo do Senhor: “...para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. Se podemos concordar com Paulo de que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17), devemos, então, pregá-la se quisermos que o povo de Deus tenha fé e seja abençoado.
 
1. A Palavra regenera. “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (lª Pe 1.23).
 
2. A Palavra santifica. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade... e por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (Jo 17.17,19).
 
3. A Palavra sara. “E estava assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou” (At 14.8-10). Se quisermos que os crentes, membros de nossas igrejas, sejam balizados com o Espírito Santo, e sejam alcançados pelo favor do Senhor, a tempo e fora de tempo, preguemos a Palavra de Deus (2ª Tm 4.2).
 
A FAMÍLIA CRISTÃ E A BÍBLIA
 
INTRODUÇÃO
A família é a mais antiga instituição da Terra. Antes mesmo de estabelecer nações, civilizações e a própria Igreja, Deus instituiu a família. Ela é a célula mater. da sociedade, o elemento essencial da Igreja. A promessa da bênção divina sobre a vida de Abraão abrangia também a sua família (Gn 12.2). Jacó se fez acompanhar da sua família quando, em atenção ao mandado divino, voltou a Betel a fim de edificar um altar e prestar culto a Deus (Gn 35.1-7). Josué disse que ele e a sua família serviriam ao Senhor (Js 24.15). Ao carcereiro, que indagou o que devia fazer para ser salvo, respondeu o apóstolo Paulo: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa" (At 16.31).
 
I. CONCEITO BÍBLICO DA FAMÍLIA

No início do comentário desta lição, afirmamos que a família é a mais antiga instituição da Terra. Ao instituí-la, parece que Deus a organizou inspirado no relacionamento íntimo existente entre Ele e os outros membros da Trindade, e demais seres que habitam o céu. O apóstolo Paulo, particularmente, recomenda que marido e mulher tenham um relacionamento inspirado na comunhão mística entre Cristo e a sua Igreja (Ef 5.22-33). Portanto, o conceito bíblico quanto à família é de que ela tem uma missão e vocação espiritual no mundo.
 
1. O esposo. Como cabeça da família (Ef 5.23), o esposo crente tem ainda a responsabilidade de provedor e promotor do bem-estar de sua esposa e filhos. A Bíblia mesma diz que “se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel” (lª Tm 5.8).
 
2. A esposa. A Bíblia realça o papel da mulher, na família, na sociedade e na Igreja. À luz das Escrituras, a mulher casada deve viver em sujeição a seu marido, amar a seus filhos e em obediência ao Senhor. Tal submissão não a minimiza diante do marido e demais criaturas, pelo contrário, honra-a e enobrece-a, pois que tudo quanto ela faz, o faz por amor. (Ef 5.22-24).
 
3. Os filhos. Os filhos do casal são bênçãos de Deus e devem ser desejados e aceitos com ações de graça. Aos pais cabe a responsabilidade de protegê-los, sustentá-los, e ensiná-los a caminhar nos santos e retos caminhos do Senhor (Dt 6.5-7; Ef 6.4). Dos filhos é exigido amor, respeito e obediência para com seus pais e as demais pessoas. A Bíblia atribui a longevidade dos filhos à obediência e honra devidas a seus pais (Êx 20.12; Ef 6.1-3).
 
II. A BÍBLIA NA VIDA DA FAMÍLIA CRISTÃ
 
Uma vez que a família é uma instituição divina, é de se esperar que ela dê lugar à operação da Palavra de Deus nas vidas dos seus membros. Desde os mais remotos tempos da história do povo de Israel, a bênção e a prosperidade estão condicionadas à observância da Palavra de Deus (Dt 6.1-90).
 
1. A Bíblia é a constituição divina (Dt 6.1-2). A Bíblia inteira, do Gênesis ao Apocalipse, registra os mandamentos, os estatutos e os juízos promulgados por Deus. Deste» modo a Bíblia se constitui na carta magna da família temente a Deus, que deseja atravessar incólume as borrascas morais e espirituais que se abatem sobre a ímpia sociedade.
 
2. A Bíblia é para ser obedecida (Dt 6.2-3). Todos os membros da família (pais, filhos e netos) são desafiados a guardar os estatutos e mandamentos do Senhor. Multiplicadas bênçãos são prometidas à família que lê e observa a Bíblia, o compêndio das leis divinas.
 
3. A Bíblia inspira amor a Deus (Dt 6.4-5). As pessoas tendem a se amar menos à medida em que desconhecem a Bíblia e o Deus que as criou. A família cristã, porém, é chamada a se constituir num modelo de amor e de obediência a Deus. Ao Israel dos seus dias, e a nós hoje, escreve o profeta Moisés:

“Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5).

4. A Bíblia deve afetar todo o nosso ser (Dt 6.6). “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração”.

A palavra “coração”, aqui empregada, não se refere àquele músculo propulsor do sangue que pulsa em nosso peito. No sentido bíblico, o vocábulo coração refere-se à totalidade do nosso ser. Paulo compreendia assim, quando disse: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16). Para ser fiel à vocação que Deus lhe deu a viver no mundo, a família cristã deve permitir que a Palavra de Deus exerça influência sobre cada um de seus membros, em seu viver diário.
 
5. A Bíblia deve ser o tema da família (Dt 6.7-8). A ordem divina quanto à observância da Palavra de Deus dada aos pais, era: "E as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras entre os teus olhos”. Dentre as boas lembranças da minha infância, destacam-se, evidentemente, os momentos que o meu pai passava com a Bíblia aberta diante de mim e de meus irmãos, expondo a Palavra de Deus.
 
6. A Bíblia deve adornar a nossa casa (Dt 6.9). “E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas”.

Esta era a ordem do Senhor às famílias que compunham a nação de Israel. Do mesmo modo, Deus quer que na ornamentação de nossa casa testemunhemos da sua Palavra. Conta-se dum pastor que visitando a casa dum seu filho que estava prestes a se casar, ouviu do filho a seguinte pergunta: "Que tal, pai, gostou da decoração da minha casa?" Ao que o pai respondeu: “Tenho uma observação a fazer: Não há nada na sua casa que demonstre que ela será ocupada por um casal crente”.
 
III. A BÍBLIA NO CULTO DOMÉSTICO
 
O culto doméstico tem a vantagem, dentre outras, de dar à Bíblia a primazia que ela merece dentro da família. Deste modo ela vem a tornar-se num canal de bênçãos para todos os membros da família.
 
l. Guia para o pai. O pai de família, de acordo com a Bíblia, é também sacerdote e profeta em benefício da sua casa. Como sacerdote e profeta, ele tem o dever de conduzir os seus filhos a uma perfeita e maior comunhão com Deus. Deve dar aos filhos a visão adequada da pessoa do Deus da Bíblia. Deve interceder sempre em benefício de todos eles, a fim de que sejam conservados irrepreensíveis, e o Senhor lhes perdoe pecados por acaso cometidos. Jó foi um especial exemplo neste particular, e a forma como agia nestas circunstâncias, se constitui num modelo para o pai de família hoje (Jó 1.4-5). Para encontrar na Bíblia a orientação necessária à sua família, o pai deve cultivar o hábito da leitura e meditação diárias na Palavra de Deus. Só assim ele terá como conduzir a sua família em segurança.
 
2. Instrução para os filhos (Pv 22.6). Paulo atribui a fé não fingida de Timóteo à ação piedosa da sua avó Lóide e de sua mãe Eunice, que lhe ensinaram, desde a infância, “as sagradas letras” capazes de fazê-lo “sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2ª Tm 1.5; 3.15). Quando o meu filho caçula completou seis anos, ele teve a iniciativa de me pedir de presente uma bola de futebol. Perguntei-lhe: “Meu filho, do que mais o Brasil está precisando: de jogadores de futebol ou de pregadores do Evangelho?” Ele respondeu: “De pregadores”. “Então eu vou lhe dar um Novo Testamento.” Adquiri um Novo Testamento e lhe dei de presente.
 
3. Conforto para a mãe. Nenhum trabalho de rotina é levado a efeito ao longo de tanto tempo, quanto aquele que envolve as responsabilidades domésticas duma mãe de família. Na verdade, se não fosse o obstinado amor que ela demonstra ao executá-las, se tornaria uma carga demasiadamente enfadonha para conduzir. A esposa e mãe cristã, leva grande vantagem sobre as demais mulheres, pela compreensão que tem acerca da vontade de Deus para com a sua vi- da. Esta compreensão decorre, evidentemente, da sua comunhão com a Palavra de Deus. É na leitura e meditação diárias da Bíblia que ela encontra força para vencer as lutas, e conforto para superar as frustrações dos sonhos não realizados na sua vida como mulher, esposa e mãe. Se permitirmos que a Palavra de Deus molde a nossa família, sem dúvida poderemos partilhar da felicidade de Josué, e assim como ele dizer: “...eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).
 

sábado, 13 de junho de 2020

A ETERNIDADE DE CRISTO



I. O SIGNIFICADO DA ETERNIDADE DE CRISTO

1. Jesus sempre existiu, eternamente. A eternidade e a preexistência andam sempre unidas, apesar de Ário ter afirmado a preexistência de Cristo e negado sua eternidade, ponto de vista defendido atualmente pelas Testemunhas de Jeová.

A palavra Pai da Eternidade referindo-se a Jesus (Is 9.6), mostra-nos que Ele é Eterno. A palavra Eterno no hebraico ["עלמּ" `olam], está relacionado a duas dimensões: “mundo físico e também ao tempo eterno.

Esta única palavra aparece na Bíblia, com variações, não menos que 437 vezes. Na língua hebraica, `olam (עלמּ) representa tanto a dimensão física quanto a dimensão do tempo - relacionando-se, especificamente, com sua propriedade “ilimitada”. Assim, `olam (עלמּ) significa, simplesmente, “mundo físico” (tudo o que existe), mas também fala de “tempo”, “eternidade” (relacionado ao tempo sem limites), ou o tempo decorrido desde o início dos tempos até a eternidade.

A palavra `olam (עלמּ) é derivada da raiz "עלמּ" `alam, que significa ocultar, esconder, ser escondido, ser ocultado, ser secreto. Na língua hebraica, essa raiz é origem de muitas palavras, todas com um senso comum: ser escondido, ocultado. Exemplos incluem "העלם" healem (esquecimento, desaparecimento), "תעלמה" ta`alummah (mistério, segredo), "להעלים" le-halim (esconder) e "להתעלם" le-hitalem (ignorar, agir como se algo é inexistente).

Olhando o sentido da palavra no seu significado mais concreto como era utilizado nos primórdios pelo povo hebreu, `olam (עלמּ) significa “além do horizonte”, apontando para algo distante e escondido, tanto físico quanto temporal, por isso a relação de `olam (עלמּ) com sua raiz `alam (עלמּ).
Você pode então justificadamente perguntar: Qual é a conexão entre “mundo” e “ocultação”? A resposta está escondida no clamor do profeta Isaías a Deus: “Verdadeiramente, Tu és Deus que Se oculta (se esconde, misterioso), ó Deus de Israel, ó Salvador.” (Is 45.15).

O tema do Deus oculto é repetido inúmeras vezes na Bíblia. Por exemplo, quando Moisés pede a Deus “Mostre-me a Tua glória” (Êx 33.18), a resposta que ele recebe é:

“Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.” (Êx 33.21-23).

A tradição judaica interpreta isso implicando que a presença de Deus pode ser evidenciada pelas coisas que já ocorreram no passado (“Tu Me verás pelas costas”), entretanto, a própria existência de Deus está escondida dos olhos. Isso é muitas vezes comparado com o fato de que se pode ver o corpo humano, em suas várias manifestações, mas não a alma e o espírito que reside dentro de cada um. Da mesma forma como no Tabernáculo de Moisés no deserto, onde o Pátio (que simboliza o corpo) poderia ser visto abertamente, mas o Lugar Santo (que representa a alma) e o Lugar Santíssimo (que representa o espírito), ficavam escondidos pelas várias coberturas e os véus do Santuário. Por isso o autor de Hebreus escreve que o caminho ao SENHOR foi por meio da destruição do véu (a cobertura que simboliza a carne ... nesse caso a carne de Jesus que escondia a Sua natureza divina) que esconde o Santuário: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne.” (Hb 10.20).

O sentido e o uso da palavra `olam (עלמּ) agora se torna claro: o mundo inteiro é uma manifestação do oculto de Deus. Deus está no mundo, mas o mundo inteiro é também um testemunho do Deus que se esconde (Is 45.15) e isso para que o homem sempre tenha que fazer uso da fé, porque ... “... sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que O buscam.” (Hb 11.16).

O significado na palavra hebraica para “mundo” e “eternidade” agora torna-se óbvio: em uma única palavra, `olam (עלמּ), está descrito toda a criação que envolve o mundo físico e o tempo, percebidos na física moderna pela relação espaço-tempo que rege o universo, mas que também fala do Criador de todas as coisas e que Se esconde, que se oculta para que o homem possa fazer uso de seu poder de escolha e busque ou não ter um relacionamento com aqu’Ele que o criou (Elohim Bara).

Este nome é traduzido em nossas Bíblias como “Deus Eterno”, embora pudesse ser traduzido como “Deus dos séculos ou gerações.” EL-OLAM é encontrado pela primeira vez em gênesis 21.33. EL-OLAM nos mostra que Deus é o Deus do tempo, tudo o que acontece está sob o controle de Deus. Ao longo da história da humanidade EL-OLAM tem se manifestado e revelado o seu propósito ao homem, sua máxima revelação e manifestação se encontra na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo: “Deus falou muitas vezes e de muitos modos anteriormente aos nossos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos tem falado pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb 1.1-2). Jesus Cristo tem atributos eternos. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8). Ele obteve para nós a redenção eterna (Hb 9.12).

1. A importância da doutrina da eternidade de Cristo. Se a eternidade do Verbo é negada, então:
·         A Bíblia não é a verdade.
·         Cristo não possui divindade absoluta.
·         Ele mentiu.

2. As evidências da eternidade de Cristo.
2.1. A essência de Cristo. Cristo é da mesma essência de Deus. “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.” (Hb 1.3).

2.2. Os profetas. Os profetas anunciaram a eternidade de Cristo. “ “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9.6).

O cristianismo sempre entendeu que Deus é eterno (Rm 16.26). A eternidade, como característica do ser divino, trata da relação de Deus com o tempo.

Para melhor compreendermos a doutrina da criação faz-se necessário analisarmos os três conceitos que os gregos antigos tinham para tempo: kronos, kairós e Aion.

A. O tempo kronos: refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, tempo do calendário, do relógio, tempo que costuma nortear a vida terrena, é o tempo dos homens.

B. O tempo kairós: É uma antiga palavra grega que significa a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o “tempo de Deus”, enquanto chronos é de natureza quantitativa, o “tempo dos homens”.

C. O tempo Aeon: já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

Quando Yahweh criou a terra não foi no tempo literal, mas o tempo kronos. No Salmo 90 está escrito: “Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem que passou, e como uma vigília da noite”. O apóstolo Pedro em sua carta diz: “Amados, não ignoreis uma coisa: “um dia para o senhor é como mil anos e mil anos como um dia” (2ª Pedro 3.8).

Todavia, não havia sol e nem lua, e o universo estava sob tempo de Jeová (Aeon) e não do homem. Em “seis dias” em tempo remotos e sem haver ninguém presente para relatar o processo da operação.

Como resultado, toma-se a eternidade divina como significando que Deus é totalmente e completamente desvinculado e alheio a qualquer realidade temporal ou histórica. As consequências de uma ideia como essa permeiam e condicionam toda a concepção clássica da natureza e dos atos divinos.

“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” (Is 57.15). “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Mq 5.2).

2.3. Jesus declara que existia antes de Abraão. “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.” (Jo 8.58-59).

Cristo afirmou Sua existência eterna. Porém, os judeus perguntam: “Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?” Indicando claramente que o homem Jesus não tinha idade suficiente para fazer esta declaração, mas o Filho de Deus existia eternamente, o que equivalia a declarar-se Deus e, por isso, quiseram apedrejá-lo (Jo 8.56-59).

Eu sou. Jesus não estava dizendo que viveu antes de Abraão; Ele estava dizendo que era eterno, que era o próprio Deus (Êx 3.14). Nessa hora, os líderes judeus entenderam que Jesus estava dizendo que era Deus, e por isso pegaram em pedras para apedrejá-lo por blasfêmia (Lv 24.16).

2.4. A declaração de João. O evangelista João claramente afirmou a eternidade do verbo Jo 1.1 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”

2.5. A declaração do apóstolo Paulo. 1ª Timóteo 1.15-17: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 - Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna. 17 - Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”

Rei eterno (v. 17). O rei da eternidade (Is 9.6). Uma frase frequente com os hebreus. Quão indescritivelmente doce é o pensamento da eternidade para os crentes!

Esta atribuição de louvor é oferecida a Deus em vista da misericórdia que Ele havia demonstrado a tão grande pecador. Além do mais, Deus se revelou como Salvador de uma maneira específica e pessoal, isto é, em Jesus Cristo o Filho de Deus. Em Sua sabedoria e decreto soberano, Deus fez de Cristo o único caminho pelo qual podemos conhecê-lo como Salvador. Ele não salva à parte de Jesus Cristo. Dessa forma, Jesus é a única esperança para a humanidade. Os não cristãos não têm nenhuma base para pensar que eles serão declarados justos diante do trono de Deus, ou para pensar que algo bom acontecerá a eles após a morte. Eles enganam a si mesmos quando se apegam aos seus falsos deuses e superstições, incluindo sua ciência e filosofia, e aqueles que confiam em suas boas obras não conseguirão nada melhor

Para o duplo testemunho que acabou de ser apresentado, a doxologia de louvor vem como o clímax e a fonte da profunda adoração e gratidão de Paulo. Deus Pai não foi mencionado no contexto, portanto esta doxologia dirigida a Deus possivelmente pode ser aceita como dirigida a Cristo ou ao Deus Triúno.

Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus Blumenau SC

sexta-feira, 12 de junho de 2020

A UNIDADE DA FÉ


Leitura Bíblica
Ef 4.1-13 “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que foste chamado, 2 - com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, em amor, 3 - Procurando guardar a unidade do espírito pelo vinculo da Paz: 4 - há um só corpo, e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5 - um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 - um só Deus  e Pai de todos, o qual é sobre todos e por todos, e em todos.”

INTRODUÇÃO
No cap. 4, Paulo faz uma transição, passando do aspecto doutrinário teológico tratado nos três primeiros caps., e parte para a doutrina dos deveres cristãos. Ele une doutrina e serviço para fortalecer a plasticidade do cristianismo instituído por Cristo. Portanto, o cristianismo não é constituído de um punhado de teorias, mas de deveres, isto é, a prática da doutrina ensinada. Nos primeiros dez versículos deste capítulo, Paulo sai do “todo” e parte para a individualidade.

UM ANDAR DIGNO DA ALTA POSIÇÃO

1. O enfático convite para participar da unidade (v. 1).
Paulo começa com “rogo-vos”, que no original é parakaleo, que significa “chamar para estar ao lado de alguém para auxiliar”. O apóstolo faz, de fato, um apelo veemente com o sentido de encorajar e exortar os crentes que tomem uma atitude no sentido de participarem da vida cristã em unidade. Ele se identifica, mais uma vez, como “o preso do senhor” para fazer entender um duplo sentido. Ele era “o preso do Senhor” por amor a Cristo, mas também preso fisicamente por causa de sua lealdade a Ele, e ao evangelho que pregava. Mesmo estando distante, Paulo sentia-se unido aos irmãos em todas as igrejas.

2. A vocação cristã (v. 1).
A palavra “vocação” neste versículo, tem um sentido de chamamento, aquele que nos trouxe para a salvação. A Bíblia destaca três sentidos especiais sobre a “vocação com que foste chamado”; é soberana (Fl 3.14), é santa, (2ª Tm 1.9; é celestial (Hb 3.14).

2. A dignidade da vocação cristã (v. 1).
A palavra digno, aqui refere-se ao comportamento do crente de modo a corresponder ao que Cristo tem feito por ele. Andar dignamente na vida cristã significa que, quando fomos chamados do mundo para formar um povo santo e especial, Deus quer que manifestemos nossa unidade espiritual, como é o caso de judeus e gentios, e vivamos uma vida digna da vocação divina de que fomos alvo. Agora Paulo passa do ensino doutrinário para a vivencia nesse ensino na vida diária do crente, Cl 1. 9 e 10; que diz: “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus;

QUALIDADES DA UNIDADE EM CRISTO

1. O andar e o serviço do crente (vs. 1-5 e 17).
Neste ponto encontramos as qualidades espirituais que caracterizam o crente que anda de “modo digno da vocação” (vs. 1 e 2 ), são quatro as qualidades da unidade em Cristo que devem ser cultivadas pelo cristão. Elas evitam que o poder da carne tome espaço na vida do crente. Elas sustentam a unidade espiritual do crente em Cristo, tais como humildade, mansidão, longanimidade e tolerância mútua (“suportando-vos uns aos outros”).

1.1. Humildade (v. 2). É impossível que o nosso andar seja digno dessa vocação sem humildade. Essa qualidade tem a ver com a adequada e justa maneira de nos ver diante de Deus. Ninguém é digno dessa chamada com presunção e orgulho. É preciso reconhecer-se dependente de Deus. Na língua original do Novo Testamento a palavra humildade significa “modéstia”. É uma qualidade que repudia o orgulho e o egoísmo. A Igreja sempre tem unidade quando os seus membros agem com humildade (Sl 138.6; Pv 11.2; Mt 11.29; Tg 4.6).

1.2. Mansidão (v.2). Esse termo significa literalmente, “gentileza”, “cortesia”, “consideração”. É uma qualidade importantíssima para a preservação da unidade do corpo de Cristo, pois o inverso da mansidão é exasperação. A mansidão não discute, nem resiste, nem teima contra a vontade de Deus. A mansidão não deve ser confundida com a atitude covarde, nem como falta de energia para tomar decisões. A mansidão é uma virtude cristã, que pode ser produzida pelo Espírito Santo em nosso caráter para agirmos com brandura nas horas de conflito (2ª Sm 16.11; Gl 6.1; 2ª Tm 2.25; e Tt 3.2).

1.3. Longanimidade (v. 2). Esta palavra tem sua raiz no latim longanimitate, que se traduz por duas outras palavras, “longo” e “animo”. A humildade e a mansidão transmitem a ideia de “suportar-nos uns aos outros em amor” para se viver em humildade. A longanimidade requer o equilíbrio nas ações em momentos adversos (Tg 5.10). Num mundo de tanto ódios, rancores, exasperações, a longanimidade se constitui numa qualidade vital para sobrevivência, especialmente para a unidade do corpo de Cristo. O longânime não se precipita em vingar o mal nem revidá-lo (Mt 5.3,5,7; 1ª Co 13.4; Gl 5.22; Cl 3.12).

1.4. Paciência (v. 2). O ato de suportar as fraquezas dos outros exige do crente uma disposição altruísta, isto é, requer dele uma atitude que deseja para os outros aquilo que deseja para si mesmo. É a capacidade de tolerar os mais fracos. Ela é adquirida através do Espírito Santo que vive no crente; quando temos o verdadeiro amor tornamo-nos tolerantes, pacientes e amáveis. Paulo escreveu, e nós já estudamos e já comentamos; no item III. Da lição de número 11, na 3ª parte de 1ª e 2ª aos Coríntios; o amor em ação, que o amor é paciente (1ª Co 13. 4-6).

1.5. A preservação da unidade do Espírito (v. 3). “A unidade do espírito” não pode ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na verdade e receberam a Cristo, conforme o apostolo proclamou nos capítulos (1-3). Os crentes devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os esforços ou organizações, humanos, mas pelo andar como é digno da vocação com que foste chamados (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade e o andar segundo o Espírito (vs.1-3,14,15; Gl 5.22-26). Não pode ser conseguida pela carne (Gl 3.3). São todas as qualidades apresentadas no v. 2, quando produzidas pelo Espírito Santo. A prática delas fortalece a unidade da Igreja pelo Espírito mediante o vínculo da paz. A paz é o elo que une cada crente com os outros pelo Espírito. E o vínculo entre Deus e o crente é a unidade do Espírito, a qual não é produzida pelo homem, por qualquer esforço humano.

III. SETE UNIDADES A SEREM MANTIDAS

A unidade do Espírito é firmada na unidade da Trindade divina. Nos vs. 4-6; encontramos algumas expressões que confirma a umidade da Trindade, tais como: Um só Espírito (v. 4); um só Senhor (v. 5); e um só Deus e Pai (v. 6); Para que haja um só corpo, a Igreja. O exemplo maior é o da trindade. Porém, a lição que Paulo queria ensinar nos vs. 4- 6; é sobre o tipo de unidade que mantém a Igreja, que é a unidade da fé e doutrina.

1. Há um só corpo (v. 4).
O texto de Ef 2. 15 e 16, representa o retrato da criação da igreja, sob a linguagem figurada do “novo homem” que forma um corpo, o corpo místico de jesus.

A igreja é a constituição de milhões de membros no mundo inteiro a formar, “um só corpo” (Rm 12.5; 1ª Co 10.7; 12.12-30).

Somos um só corpo, independente das diferentes denominações evangélicas, com exceção das falsas igrejas cristãs. Temos uma só cabeça espiritual, Cristo.

2. Há um só Espírito (v. 4).
A Igreja tem a vida do Espírito Santo, assim como o corpo dinamizado pelo espírito humano, o corpo de Cristo é dinamizado pelo Espírito Santo. É Ele a terceira pessoa da Trindade, que dá vida ao corpo de Cristo. Só faz parte desse corpo os regenerados pelo Espírito (2ª Co 5.17; Rm 8.9, 11; 1ª Co 12.12).

3. Há uma só esperança (v. 4).
A “esperança da nossa vocação”. Quando Deus nos chamou para a salvação, tornou possível o nosso futuro em Cristo. De que valeria o cristianismo se existisse somente o hoje, e nunca o amanhã. A obra que Cristo realizou no Calvário nos propiciou a esperança da glória. Esta esperança vem da Bíblia a qual nos assegura que um dia teremos a libertação do corpo de pecado e a obtenção de um corpo espiritual e glorioso, o qual jamais terá dores e morte (1ª Ts 4.16-18; 1ª Co 15.44, 52-54; Cl 3.4).

4. Há um só Senhor ( v. 5).
Uma parte essencial da fé e unidade cristã é a confissão de que há “um só Senhor”:

(1)“Um só Senhor” significa que a obra da redenção que Jesus efetuou é perfeita e suficiente e que não é necessário nenhum outro redentor ou mediador para dar ao crente salvação completa (1ª Tm 2.5 e 6; Hb 9.15; O crente deve aproximar-se de Deus, somente através de Cristo (Hb 7.25).

(2) Um só Senhor significa também, que devotar lealdade igual ou maior a qualquer autoridade secular ou religiosa) que não seja Deus, revelado em Cristo, e na sua Palavra inspirada, é a mesma coisa que recusar o senhorio de Cristo, e, portanto, da vida que somente n’Ele existe. Não pode haver nenhum senhorio de Cristo e nem unidade do Espírito (v. 3) a parte da afirmação de que o Senhor Jesus é a suprema autoridade para o crente, e de que esta autoridade lhe é comunicada na Palavra de Deus.

5. Há uma só fé (v. 5)
Trata aqui do nosso credo, aquela fé racional e espiritual que produz a vida, diz respeito ao corpo de doutrina da Bíblia que rege a vida cristã (Gl 1.23; 1ª Tm 3.9; 4.1; 2ª Tm 6.7; Jd 3). A Igreja rege e obedece a uma só fé, isto é, tem uma só doutrina.

7. Há um só batismo (v. 5).
Trata-se é evidente, do batismo como sinal físico e simbólico da nossa entrada no corpo de Cristo, e esse batismo e o realizado por emersão em águas; É o símbolo do sepultamento de um ser humano morto para o mundo: “ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte”? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo; na morte, Para que, como cristo ressuscitados mortos, pela Glória do Pai, assim andemos nós também, em novidade de vida (Rm 6.3-4).

8. Há um só Deus e Pai de todos (v. 6).
Em sentido geral e correto a afirmação segundo a qual “Deus é Pai de todos nós”. Evidentemente Deus é Pai de todos, mas não o é em um mesmo nível de relacionamento.

CONCLUINDO

Podemos dizer que, cada crente, em particular tem responsabilidade na preservação da unidade do corpo, colocando em pratica as qualidades que sustentam essa unidade; humildade, mansidão, longanimidade e paciência.