TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 15 de abril de 2020

A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE



LEITURA BÍBLICA
Efésios 1.15-23 “Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos, 16 - não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17 - para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18 - tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos 19 - e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20 - que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, 21 - acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. 22 - E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, 23 - que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.

INTRODUÇÃO
Ainda no primeiro capítulo, o apóstolo Paulo inicia uma longa sentença assim dividida: ação de graças (1.15,16), oração intercessora (1.17-19) e confissão de louvor e exaltação (1.20-23). Nessa sentença somos exortados a louvar ao Senhor pela nossa eleição, buscar a iluminação do Espírito para compreender a dimensão de nossa chamada e herança divina, bem como entender a grandeza do poder de nosso Deus.

O grande desafio do crente é a manutenção e preservação das bênçãos da salvação em sua vida.
Paulo atento a isso foi impelido a orar pelos efésios. Sua oração é, acima de tudo, uma lição de fé; através dela Paulo nos ensina a orar.

I. A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLÓRIA

O apóstolo ensina que os salvos precisam ser iluminados para compreenderem quais são a esperança da vocação e as riquezas da glória da sua herança.

1. Ação de graças e intercessão.
O apóstolo se alegra em dar graças a Deus pela vida dos eleitos (1.16) e por todas as bênçãos espirituais recebidas, tais como: a eleição, a predestinação, a filiação e o dom do Espírito Santo (1.3-14). Ele intercede para que seja concedido aos seus leitores “o espírito de sabedoria e de revelação” (1.17). Paulo estava ciente de quão maravilhoso é o Evangelho, mas ao mesmo, de quão impossível é alguém perceber a glória dessas boas novas sem ser ensinado por Deus (1ª Co 2.14,15). Por isso, ele rogava para que os crentes recebessem a capacidade de compreenderem, por meio do Espírito Santo, a esperança da chamada, as riquezas da herança e a grandeza do poder de Deus (1.18,19).

2. A esperança da vocação.
Em sua petição a Deus, Paulo intercede para que o Espírito Santo ilumine os crentes a fim de saberem “qual seja a esperança da sua vocação” (1.18). Assim, eles seriam capazes de experimentar e conhecer profunda e espiritualmente os privilégios de serem vocacionados. Podemos dizer que tal esperança divide-se em pelo menos três aspectos: a) Deus chamou pessoas no passado (2ª Tm 1.9), ou seja, uma chamada em que Ele teve a iniciativa por meio da eleição em Cristo, da qual fazemos parte (1.3-14); b) a chamada abrange serviço e santificação no presente (Fp 3.14), isto é, achar-se irrepreensível, viver em comunhão e andar de modo digno (1.4; 2.11-18; 4.1); c) a participação gloriosa no futuro (5.27), que compreende a vida eterna e a esperança de conhecer Deus face a face (1ª Co 13.12).

3. As riquezas da glória da sua herança.
Na oração, o apóstolo pede para que os crentes entendessem “as riquezas da glória da sua herança” (1.18). A expressão “sua herança” enfatiza o que Deus deu aos seus eleitos (Cl 1.12). Já o termo “riquezas” refere-se às maravilhosas bênçãos que acompanham o plano da salvação, tais como: o perdão dos pecados, a adoção de filhos e as bênçãos que serão desfrutadas no porvir (Cl 1.27; 1ª Pe 1.4,5), como por exemplo: vermos a Deus, a Cristo e O adorarmos (Ap 22.3,4). Sim, no dia aprazado, os fiéis estarão reunidos nas bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Então, os salvos tomarão posse da herança preparada desde a fundação do mundo (Mt 25.34).

II. A SOBRE-EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO

O poder divino é imensurável e nada pode detê-lo. Em sua Carta, Paulo se esmera no esforço de traduzir a grandiosidade e a eficácia desse poder que opera em favor dos crentes.

1. A sobre-excelente grandeza do seu poder.
O apóstolo orou para que os salvos pudessem entender a “sobre-excelente grandeza do poder de Deus” (1.19). Perceba que a palavra “sobre-excelente” é traduzida do grego uperballõ, que na forma adjetivada significa “extraordinário” (2ª Co 4.7). Já a expressão seguinte, megethos (grandeza), objetiva enaltecer a magnitude do poder de Deus que a tudo sobrepuja (Mt 26.64).

O termo dunamis, aqui traduzido por “poder”, indica feitos miraculosos que requerem força “fora de medida” (At 8.13). Logo, a repetição desses termos indica que apenas o maior de todos os poderes é capaz de realizar a transformação e a salvação do homem (2ª Pe 1.4); e que somente um poder tão grande assim pode operar e concretizar as bênçãos inclusas na “esperança da vocação” e nas “riquezas da herança” (1.18).

2. A força do poder divino.
Na sentença “segundo a operação da força do seu poder” (Ef 1.19), o apóstolo faz uso de três vocábulos gregos concordes entre si. Primeiro, a palavra “operação”, que é a tradução de energeia, e também significa “eficácia”, sinalizando a ideia de “poder em atividade” (Cl 1.29).

Segundo, a expressão “força” vem do termo kratos, que traz a ideia de “intensidade”. E, finalmente, ischus, que indica o “poder inerente” de Deus (Jo 1.12; 2ª Pe 2.11). A associação desses conceitos revela o poder potencial de Deus que, inerente à sua natureza divina, opera em favor dos que creem. Para aprofundar essa impressionante descrição, Paulo apresenta três exemplos irrefutáveis da força desse poder:
(1) A ressurreição de Cristo;
(2) sua ascensão à direita de Deus nos céus (1.20);
(3) sua elevação acima de todo o domínio (1.21,22).

III. CRISTO: NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO
Nesse ponto veremos três aspectos da exaltação de Cristo que atestam a grandiosidade do Poder de Deus disponível também aos crentes.

1. Cristo: As primícias dos que dormem.
Paulo enfatiza que o poder de Deus se “manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos” (1.20). De fato, o Novo Testamento descreve a ressurreição de Cristo como obra do poder de Deus Pai (At 2.24; 3.26; 17.31). Ao ressurgir dentre os mortos, Cristo foi feito as primícias dos que dormem (1ª Co 15.20-22).  Assim sendo, a ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados (1ª Ts 4.14). O mesmo poder que ressuscitou a Cristo está disponível também aos salvos (2.6). Desse modo, os crentes vencerão a morte e se erguerão gloriosamente de seus sepulcros para reinarem com Cristo eternamente (Jo 5.28,29; Fp 3.20,21).

2. Cristo elevado à direita de Deus.
Paulo reforça o poder de Deus quando da elevação de Cristo ao trono: “Pondo-o à sua direita nos céus” (1.20). Aqui está em foco à ascensão de Cristo em referência a promessa messiânica (Sl 110; At 1.6). O grau de exaltação para uma posição de honra e autoridade indica o completo triunfo de Cristo sobre o pecado e as forças do mal (Fp 2.9-11; Cl 2.15). Esse triunfo também está assegurado aos salvos (1ª Co 15.56,57) e endossa nossa participação na vida celestial, conforme indica a expressão “nos fez assentar nos lugares celestiais” (2.6). Assim, tanto a ressurreição como à ascensão de Cristo são obras do poder do Pai.

3. Cristo exaltado sobremaneira.
Nesse ponto, Paulo ensina que o poder de Deus exaltou Cristo “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia” (1.21). Significa que Ele foi exaltado acima de toda eminência do bem e do mal e de todo título que se possa conferir nessa era e também no porvir. O resultado desse triunfo traz duplo benefício para a Igreja: primeiro, que Deus fez Cristo o cabeça da Igreja (1.22); e, segundo, que Deus designou a Igreja para ser a expressão plena de Cristo (1.23). Isso significa que nenhum poder pode prevalecer contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18).

Assim sendo, a ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados (1ª Ts 4.14).

CONCLUSÃO
Embevecido com as bênçãos espirituais, Paulo mantém adoração contínua ao Eterno Deus, atitude que deve ser seguida por todos os salvos. A compreensão das dádivas da salvação demonstra o excelso valor daquilo que Deus fez por nós. Seus atos poderosos viabilizam a transformação e a glorificação dos que creem. Aleluia!

Pr. Douglas Baptista, Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020 – CPAD.


segunda-feira, 13 de abril de 2020

PAULO ENSINA A ORAR


Leitura Bíblica

Efésios 1.15-23 “Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos, 16 - não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, 17 - para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18 - tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos 19 - e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20 - que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, 21 - acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. 22 - E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, 23 - que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos."

 INTRODUÇÃO

O grande desafio do crente é a manutenção e preservação das bênçãos da salvação em sua vida.

Paulo atento a isso foi impelido a orar pelos efésios.

 Sua oração é, acima de tudo, uma lição de fé; através dela Paulo nos ensina a orar.

 

I. FATORES QUE ESTIMULAM A ORAÇÃO

 Dois fatos especiais levaram Paulo a orar, não apenas como devoção, mas com palavras do seu coração, as quais contêm ensino doutrinário com profundas verdades espirituais.

 1. A fé dos crentes (v. 15).

 Paulo estava radiante ao escrever esta epístola, era-lhe um consolo na prisão em Roma ouvir notícias boas da Igreja em Éfeso, por isso, escreveu: “ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus”. O contexto histórico da epístola indica que, a despeito das pressões da vida idólatra daquela cidade, mantinham a sua fidelidade ao evangelho que de Paulo haviam recebido. A fé assim demonstrada tinha o peso da sua convicção na pessoa do Senhor Jesus Cristo.

 2. O amor para com todos os santos (v. 15).

 O v. 15, aqui, trata-se do amor de Deus demonstrado pelos efésios (no original, ágape).

É o termo que aparece através do Novo Testamento referente ao sublime e incomparável amor de Deus é o amor que não mede sacrifícios por aquele a quem amamos. À igreja de Corinto, Paulo desenvolve essa doutrina do amor dinâmico de Deus, aliado a fé e à esperança, e assim manifesto na vida do crente (1ª Co 13.1-13). O exercício da fé em Cristo é demonstrado em amor: praticado, experimentado compartilhado e vivido plenamente. Por isso a fé sem as obras é morta (Tg 2.14-18).

 

II. ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS À ORAÇÃO

 1. Constância na oração.

As palavras no v. 16 demonstram que Paulo leva muito a sério a prática da oração. Ele orava com liberdade no Espírito, e sem cessar Rm 12.12; Ef 5. 18; Cl 4. 2; 1ª Ts 5. 17). Devemos orar a tempo e fora de tempo. Oremos sempre porque esse é o canal de comunicação que temos com Deus.

 2. Gratidão com ação de graças (v. 16).

A oração, na sua essência e pratica, requer, antes de tudo, “ação de graça”. A relação entre Deus e o crente através da oração já é razão suficiente para ação de graças, uma vês que essa relação só é possível mediante a reconciliação que Jesus efetua, (Rm 5.10-11; 2ª Co 5. 18). No texto inicial da epístola o apostolo afirma que fomos abençoados com todas as bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3). Isto deve nos mover-nos sermos gratos a Deus para todo sempre com ações de graças. Porém, as ações de graças de Paulo relacionam-se com a igreja de Éfeso (“por vós”). Devemos ser sempre gratos a Deus, não apenas pelas bênçãos pessoais dEle recebidas, mas também pelo nossos, batalhadores pela fé tanto quanto nós. Essa gratidão deve ser contínua (“Não ceco”).

 3. Intercessão, uma atitude edificante da oração (vvs. 16,17).

Vários homens e mulheres da Bíblia foram intercessores exemplares, mas ninguém foi mais espontâneo e livre nessa forma de oração que Jesus (Lc 19.41; Jo 17.6. 26; Lc 22.32). A intercessão diante do Senhor é uma forma de oração que precisa ser despertada e exercitada em nossos dias de vida cotidiana da Igreja.

 Todos os crentes precisam mutuamente uns dos outros em intercessão, pois ela extingue o egoísmo e o individualismo.

 

III. OBJETIVO DA ORAÇÃO

 Nos vvs.. 17 e 18, Paulo apresenta os objetivos de sua intercessão pelos crentes de Éfeso. Ele começa incisivo isto é; (eficaz e enérgico), e direto a sua intercessão, “ao Deus ao Deus de nosso Senhor Jesus cristo, o Pai da glória” (v. 17).

 1. Ter espírito de sabedoria (v. 17).

 O sentido da palavra espírito, é qualitativo, impessoal. Ela não se refere à pessoa do Espírito Santo ou a qualquer outro espírito, e sim qualidade do que o Espírito é capaz de realizar. Paulo pediu que Deus, pelo seu Espírito ampliasse a capacidade dos efésios de ver e entender as coisas espirituais. Não se tratava de sabedoria meramente intelectual, terrena, mas a sabedoria espiritual que habilitaria o crente a penetrar no conhecimento de Deus. É o conhecimento espiritual que amplia a percepção das coisas que nos rodeiam. Um dos dons do Espírito, é a “palavra de sabedoria” (1ª Co 12.8). O espírito de sabedoria capacita o crente A saber distinguir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. O objetivo principal de Paulo era que os efésios conhecessem em profundidade, Jesus Cristo, Salvador e Senhor de suas vidas.

 2. Ter o “espírito de revelação” (v. 17).

A palavra revelação tem o sentido de “tirar o véu” que encobre algo. Existem inúmeras coisas no mundo espiritual que não são percebidas pela mente natural (1ª Co 2.14 e 15). A revelação tira o véu, ou seja, vislumbra a realidade. Ter o espírito de revelação não significa extrapolar o que já está revelado nas Escrituras. É ser iluminado pelo Espírito Santo acerca de verdades espirituais que precisam ser conhecidas pelos crentes.

 3. Ter “iluminados os olhos do entendimento” (v. 18).

É ver com o coração, por isso, um cristão espiritual no sentido bíblico (1ª Co 2.10–16) ver coisas com a mente natural não pode. O entendimento espiritual diz respeito ao ser interior de cada criatura, inclusive o intelecto as emoções e a volição do homem. É viver com uma luz que as pessoas comuns não conseguem ter. O mundo é de trevas, e só quem conhece Jesus tem olhos iluminados para ver o que está acontecendo ao seu redor (Ef 5.8; Mt 13.15; Rm 1.21).


 IV. GARANTIAS DA ORAÇÃO

 Depois do triunfo pleno, perfeito e eterno de Cristo ao Calvário, que garantia e certeza temos da resposta de nossas orações?

 O texto dos vvs. 20-23; é objetivo e afirmativo ao relatar a esmagadora vitória sobre todos os poderes, demonstrada na sua ressurreição. É no Cristo ressurreto e vencedor sobre todos os poderes, do mal, que está a nossa certeza e vitória inclusive na oração.

 1. Jesus ressuscitou dos mortos (v. 20).

O mesmo poder divino que tirou Jesus do sepulcro, ressuscitando-o dos mortos, é o mesmo é o mesmo que levanta um pecador da morte espiritual, e o coloca em uma nova posição em relação a Deus. E a grandeza desse glorioso e infinito poder é vista no caminho que Deus abriu no mar vermelho para Israel passar a seco (Êx 14.1-26); é o mesmo poder que fechou a boca dos leões na cova em que Daniel foi jogado, lançaram (Dn 6.16); é o mesmo poder que provisionou Israel no deserto com maná, (Êx 16.35). Nesse poder em Cristo, está a garantia de tudo que Ele tem prometido ao seu povo (Mt 28.18).

 2. Jesus está acima de todos os tipos de poderes (vvs. 20,21).

Esse fato é o cumprimento de uma profecia do Sl 110. 1; “Disse o Senhor ao meu Senhor; assenta-te a minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés”. Jesus Cristo está entronizado acima de todos os poderosos espirituais e físicos. As designações “principado, poder, potestade, domínio” v. 21; falam de ordens angelicais, tanto aquelas que servem a Deus, como aquelas que servem o diabo, as quais nos céus, na terra e debaixo da terra estão sob o poder de Cristo.

 3. Jesus tem um nome acima de todo o nome (v. 21).

No mundo dos homens e dos anjos, seus nomes representam o que eles são, mas Deus concedeu a Jesus, “um nome” que é sobre todo o nome,(Fl 2. 9), sem limite, sem tempo, em toda a eternidade.

 4. Jesus Cristo foi constituído como cabeça da Igreja (v. 22-23).

Sua autoridade é absoluta em relação a Igreja não está separado da cabeça que comanda todo o corpo e Cristo se tornou Senhor desse corpo. Cada crente está ligado a Cristo em termos de vida e atividade. O v. 23; declara que a Igreja é a plenitude do seu corpo, isto é, não pode haver um corpo inteligente sem uma cabeça que o comande. Por isso a Igreja como tal corpo, só tem importância no mundo em que vivemos porque Cristo a compõe e plenifica com o seu poder e a sua glória.

CONCLUSÃO

Procuramos mostrar através desta lição, uma pequena parcela do que a Bíblia ensina sobre a oração na vida de Paulo.

 A oração aqui esboçada serve de modelo para a vida de oração que cada crente precisa cultivar sabendo que o Senhor responde nossas petições e intercessões em favor de nossas necessidades e de todos aqueles para os quais sempre oramos.


A ORAÇÃO DO PAI NOSSO


Lucas 11.1-4 “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. 2 - E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. 3 - Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; 4 - E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal.”

INTRODUÇÃO
- Esta oração pode ser encontrada na Bíblia na passagem de Mateus 6.9-13 e em Lucas 11.1-4. O registro dos autores apresenta uma leve diferença, sendo o de Mateus mais extenso.

- A oração nasceu de uma necessidade específica dos apóstolos: Eles queriam “saber orar” (Lucas 11.1-2). Essa necessidade provavelmente surgiu, da percepção de que Cristo orava continuamente. A vida de Jesus e seu ministério são marcados pela oração.

1. “Pai Nosso Que Estais no Céu…” (V. 2).

- O Senhor Jesus Cristo começa a oração do Pai nosso promovendo uma revolução no relacionamento com Deus, principalmente em seus dias.

- Em seu contexto, as pessoas estavam acostumadas a chamar Deus de Senhor, Rei, Santo, Justo, Eterno, Soberano. Mas Pai? Com certeza não! É a primeira vez que a Bíblia relata esta expressão de alguém chamando Deus de Pai. Portanto o Filho de Deus pode chamar e nos ensina como filhos de chamar o Eterno de PAI.

- Deus é o nosso Pai. Em Cristo somos feitos filhos de Deus, por meio da fé e da redenção em seu sangue.

- Com isso, Jesus nos mostra que a oração é uma conversa íntima com Deus, que é nosso Pai. A partir deste ponto, devemos seguir nossas palavras com confiança.

- Não estamos conversando com um estranho, alguém que não se interesse por nós. Estamos conversando com o nosso Pai, que é amor, consolação e graça.

- É importante perceber, que o pai nosso possui seis pedidos. Os três primeiros estão relacionados a Deus e à Sua majestade. Os três últimos, estão ligados as nossas necessidades humanas, tanto terrenas quanto espirituais.

- Assim como nos Dez Mandamentos, onde os quatro primeiros apresentam o nosso dever para com Deus e os seis últimos, nossas obrigações com o próximo.

- Esta oração nos ensina a priorizar o Reino e sua justiça, na esperança de que todas as outras coisas, sejam acrescentadas.

2. “Santificado Seja o Teu Nome!” (V. 2).
2.1. O termo “santificado”.
A Palavras como “santificação”, “santificar” e “santidade”, derivam do termo em hebraico kadosh , “separado”, “consagrado”; e o termo grego hagiasmos, “consagração” e “purificação”; e do vocábulo latino sanctus, “santo”.

- Esta palavra é utilizada com o significado de santo ou santificado para designar algo sagrado ou para se referir a um indivíduo que foi consagrado perante outras pessoas.

- O termo hebraico é utilizado no Antigo Testamento, aparecendo também como substantivo e adjetivo. Acredita-se que esse termo seja derivado de uma raiz hebraica que significa “separar” ou “cortar”.

Já o substantivo grego hagiasmos, e o verbo hagiazo, são os mais utilizados no Novo Testamento para se referir à santificação e santidade. Eles derivam do termo hagios, que também transmite a ideia de separação e consagração, assim como o termo hebraico empregado no Antigo Testamento.

- Isto quer dizer, que enquanto oramos devemos adorar a Deus e reconhecer Sua grandeza, Santidade e Glória.

- Na oração do Pai nosso, Jesus nos ensina que embora seja nosso Pai, Deus deve ser adorado, respeitado e reverenciado.

2.2. Enquanto oramos, temos a oportunidade de dizer ao nosso Pai, tudo quanto Ele é.
A. Ele gera em nós fé.
B. Confiança
C. E além disso temos o privilégio de nos unir ao grande número de seres celestiais que o adoram na beleza da Sua santidade.

2.3. A primeira petição refere-se ao nosso desejo de que Deus seja exaltado em nossas vidas e através dela. Deve haver em nós o anelo sincero de que outras pessoas o conheçam; conheçam a Sua bondade e sejam transformados por Sua santidade.

3. “Venha o Teu Reino” (V. 2).
Reino no original grego é: βασιλεία (basileia), reino (Lc 1.33); área dominada por um rei (Mc 6:23); tornar-se um rei (Lc 19.12, 15; Ap 17.12); dar o direito de reinar (Lc 22.29); βασιλείας (huioi tēs basileias), povo de Deus, como filhos do Reino (Mt 8.12; 13.38).

-Na oração do Pai nosso, o Senhor nos leva para um nível mais intenso de desejar a vida, algo maior e mais profundo. Ele ora: “Venha o Teu Reino…” (Mateus 6.10).

- Há algo muito maior no Reino de Deus preparado para nós . É certo que há paz infinita, alegria eterna, não haverá mais a morte, nem dor, nem tristeza…, mas não é só isso. Na manifestação do Reino de Deus, há muito mais de Deus.

- Quando abrimos nosso coração em oração, O Senhor gostaria de ver ali, um desejo sincero pela revelação de todo o Seu projeto para a humanidade. Como Pai, o Senhor tem preparado para nós coisas grandiosas e profundas, como está escrito (1ª Co 2.9).

- Por mais que sejamos inteligentes, estratégicos e comprometidos, a manifestação do Reino de Deus e Sua vontade, são completamente superiores, abundantes e extraordinários.

- Além disso, ao orar: “Venha o Teu Reino”, estamos pedindo que o Senhor Deus se manifeste à humanidade. Que todos conheçam Sua Palavra e amor. É um pedido evangelístico. Somos embaixadores de Jesus Cristo. Isso nos torna responsáveis pela expansão e conhecimento do Reino dos Céus.

- Precisamos orar pelas nações. Por seus problemas. Pela pobreza. Pelos governantes. Devemos pedir a Deus que tão logo, Seu Reino se manifeste entre nós.

4. “Seja Feita a Tua Vontade” (V. 10).

Ao orar pedindo: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, estamos dizendo a Deus que sobretudo, Sua vontade é o mais importante para nós.

O desejo de Jesus. Nesta oração Jesus deseja que a vontade do Senhor seja manifesta e respeitada, na Terra, tanto quanto ela é no céu.

- O Senhor se aflige ao ver a humanidade caminhando cada vez mais para longe dele. O ser humano está cada vez mais distante de seu Criador. Não respeita a Bíblia Sagrada, o casamento entre homem e mulher, a justiça e nem o amor ao próximo.

- A vontade de Deus é preciosa. O apóstolo Paulo a descreve como “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Rm 12.2)

- Quando o Senhor nos incentiva a orar sobre a vontade de Deus, ele está nos orientando a viver o melhor desta vida. Uma vida abundante!

5. “O Pão Nosso” (V. 11).
- Começamos a oração do Pai nosso glorificando a Deus e pedindo a manifestação do Seu Reino e da Sua vontade. Ou seja, o lado espiritual da nossa vida.

5.1. Agora o Senhor Jesus coloca diante de Deus as questões do ser humano.
- Ele ora pedindo o pão de cada dia.
- Não é algo sem importância, não é qualquer comida. É pão! Significa alimento bom, saudável e suficiente para a nossa vida diária. Refere-se as nossas demandas naturais.

5.2. Não é uma oração de ostentação. Jesus não pede os reinos da Terra ou todos os tesouros dela. Ele pede o suficiente, dentro daquilo que Deus projetou para sua vida.

5.3. Cada um de nós temos demandas e necessidades diferentes. O Senhor conhece cada uma delas. Portanto, se você tem muitas ou poucas necessidades diárias, Deus cuida de todas elas, desde que sejam necessárias.

6. Perdão Para as Dívidas (V. 12).
Como seres humanos, somos falhos, pecadores. Herdamos o erro de Adão e com isso, a fragilidade do pecado. Jesus concerta isso através da sua morte na cruz. Ele dá a todos os que creem em seu nome o perdão e a redenção.

6.1. Jesus nos mostra o caminho para o arrependimento para alcançarmos o perdão divino.
Nesta oração, Jesus nos incentiva a demonstrar arrependimento de forma constante, diante de Deus. Assim, nossas palavras devem seguir este caminho: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12).

6.2. É uma via de mão dupla. Devemos pedir perdão a Deus todos os dias, e também devemos liberar perdão todos os dias para quem nos magoar. Não haverá perdão para nós, se não perdoarmos.

Com essa prática, desenvolvemos parte do caráter de Deus: perdoador. Este deve ser um dos nossos objetivos. A vida é muito curta. Não há tempo para nutrir rancor, ódio, mágoa ou ressentimentos. Através da oração, devemos pedir que o Senhor Deus gere em nós um coração perdoador.

7. E não nos conduzas à tentação (V. 13).

7.1. Somos frágeis e descuidados. Enfrentamos o pecado na natureza caída e o diabo nosso adversário que nos rodeia rugindo como um leão. Este deseja nos destruir e nos usar para a destruição.

- Na oração do Pai nosso, Jesus então nos incentiva a orar: “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13). De toda forma do mal.

Neste pedido, suplicamos a Deus que nos fortaleça, para que a nossa humanidade não nos vença e sejamos levados a fazer aquilo que o desagrada.

7.2. Além disso, pedimos ao Senhor que nos livre de Satanás, nosso adversário. Ele nos odeia e fará o que for necessário para nos destruir (1ª Pd 5.8).

Pois bem, devemos reconhecer em oração, a nossa fragilidade e suplicar a força de Deus. A força que Ele nos concede através do Espírito Santo.

8. “Teu é o Reino!” (V. 13).

O Senhor Deus é exaltado sobre todas as coisas.
O Senhor Jesus encerra a oração do Pai nosso, com as seguintes palavras: “porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém’” (Mt 6.13).
- É como se ele estivesse reforçando o reconhecimento da majestade e da glória de Deus. Mostrando o quanto depende de sua bondade e amor.

Em resumo seria: “Pai nosso, que estás nos céus…venha o teu Reino…porque teu é o Reino. Seja feita a tua vontade…porque teu é o poder. Santificado seja o teu nome… e a glória”.

O Reino é espiritual e o Pai está no comando de todas as coisas. Não podemos pressioná-lo. Antes, devemos com atitude submissa e humilde orar incessantemente, com fé e perseverança, suplicando que Ele nos atenda.

CONCLUSÃO
Como vimos neste estudo, a oração do pai nosso é um modelo ensinado pelo Senhor Jesus Cristo, para que apliquemos os princípios dela a nossa oração diária e assim sejamos agradáveis a Deus.

Repetir esta oração, todas as vezes que for orar não garante que seremos ouvidos, pois o Senhor Deus reprova as vãs repetições.

A oração agradável a Deus é aquela que segue os princípios desta oração e é feita com fé, humildade e perseverança.


Lucas 11.1-4 “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. 2 - E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. 3 - Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; 4 - E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal.”

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO

1. Relacionamento: Pai nosso.
2. Reconhecimento: Que estais nos Céus.
3. Adoração: Santificado seja o Teu nome.
4. Antecipação: Venha o teu o Reino.
5. Consagração: Seja feito a Tua vontade.
6. Universalidade: Assim na terra.
7. Conformidade: Como no Céus.
8. Necessidade: O pão nosso de cada dia.
9. Súplica: Nos dá.
10. Definição: Hoje.
11. Penitência: E perdoe-nos.
12. Favor: As nossas dívidas;
13. Perdão: Assim como nós perdoamos.
14. Amor e misericórdia: Nossos devedores.
15. Liderança: E não nos induza.
16. Proteção: A tentação.
17. Salvação: Mas livra-nos.
18. Justiça: Do mal.
19. Fé: Porque Teu é o Reino.
20 - Humildade: E o poder.
21. Reverência: E a Glória.
22. Eternidade: Para sempre.
23. Afirmação: Amém.


terça-feira, 7 de abril de 2020

AS BÊNÇÃOS DA SALVAÇÃO



Leitura Bíblica
Efésios 1.3,4, 9-14 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4 - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor, 5 - e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 - para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no amado. 7 - Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua garça, 8 - que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência, 9 - descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10 - de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11 - nele, digo, em que também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho de sua vontade, 12 - com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; 13 - em quem também vós estais, depois que ouviste a palavra da verdade o evangelho da vossa salvação; e, tendo também nele crido, foste selados com o Espírito Santo da promessa; 14 - o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição temos três pontos à ser destacado, os quais referem-se à obra magistral e sublime da Trindade divina na consecução do propósito da salvação da humanidade.

Para compreendemos esse propósito é fundamental entendermos o texto de Ef 1.3; onde Paulo declara que fomos abençoados com “todas as bênçãos espirituais”.

São as bênçãos da salvação que Deus preparou para a humanidade antes de todos os séculos.

I. OS SALVOS – ELEITOS E PREDESTINADOS PELO PAI

Na verdade recebemos as bênçãos espirituais segundo o eterno propósito de Deus.
Nos vvs. 4 e 5; temos duas expressões de grande peso espiritual; “nos elegeu” e “nos predestinou”.
Essas expressões as vezes, mal interpretadas, são a chave do propósito divino da salvação.

A palavra “elegeu” indica que Deus na Sua presciência, elegeu ou escolheu um povo especial para pôr em pratica o seu propósito no mundo.

É interessante notar que a eleição ou a escolha de um povo que Deus faz para si é no passado, conforme declara nosso texto, “antes da fundação do mundo” (v. 4).

A Igreja é constituída de eleitos que foram um povo especial que leve a efeito a causa de Deus neste no mundo, (Rm 8. 29-32).

Israel foi o povo eleito segundo a carne, a descendência de Abraão, mas Israel rejeitou o evangelho da graça, (Rm 9. 30-33), Deus formou,então, um povo, não segundo a lei, mas segundo a graça (Rm 11.5-7).

1. Uma eleição segundo a graça divina (Rm 10.10-10-13).
Sua escolha, ou eleição nada tem a ver com descriminação. Não significa que Deus não queira que todos se salvem. O propósito da salvação é universal, mas Deus sabia que nem todos se salvariam, uma vez que o ser humano é dotado de livre escolha, quanto ao seu destino.

2. A predestinação segundo a presciência divina.
A expressão “nos predestinou, no v. 5; indica que Deus, ao eleger-nos em Cristo para sermos o seu povo, também, “nos predestinou” para sermos o que somos em Cristo hoje justificados (Rm 3. 24). Santos e irrepreensíveis, (Ef 1.4), participantes da herança de filhos, Ef1. 14; e glorificados Rm 8. 30).

O prefixo “pré” significa antes, por isso o termo predestinação refere a indicação de que no glorioso propósito da salvação, Deus já avia estabelecido que os eleitos seriam, também, adotados como filhos de Deus.

A expressão “para filhos de adoção por Jesus Cristo” é semelhante as palavras do apóstolo João no seu evangelho (Jo 1.12), que diz:
“Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; ao que creem no seu nome”.

A predestinação não faz seleção entre os pecadores, porque todos pecaram, ( Rm 3. 9 ).

II. OS SALVOS - REMIDOS PELO FILHO

1. Os sentidos das palavras redenção e remissão.
Essas duas palavras se destacam especialmente no v. 7:
Redenção e remissão são duas gloriosas bênçãos da salvação consumada por Jesus na cruz.

Redenção no eu termo original, relaciona-se ao ser do pecador, ao passo que remissão, no seu termo original, relaciona-se aos pecados do pecador, (At 13.38; 26.18; Cl 1.14; Hb 9.22).

2. A obra redentora de Deus é perfeita.
Ele redime o pecador do poder de Satanás e também anula os seus pecados.

O v. 7, também retrata algo do contexto da época em que um escravo podia ser liberto de sua escravidão mediante o pagamento do resgate, (1ª Co 6. 20; Cl 1.14).

2.1. Sangue, o preço da redenção (v. 7).
O preço da liberdade foi o de sangue, o sangue inocente e imaculado de Cristo.

O sangue requerido nos sacrifícios de animais inocentes, típico da velha aliança, literalmente derramado por Jesus no Calvário.
Ali Ele se tornou o cordeiro de Deus, como sacrifício expiador dos pecados da humanidade.

2.2. O efeito imediato da redenção (vvs. 8 e 9).
O v. 8 indica que Deus tornou ampla a possibilidade de redenção e perdão, ao mesmo tempo em que capacita a todo o salvo em Cristo conhecer as riquezas da sua salvação. Nos VV. 9 e 10. Deus fala do “mistério da sua vontade”, (v. 10).

2.3. O efeito futuro da redenção v. (10).
A expressão, “plenitude dos tempos” significa um tempo futuro em que os propósitos divinos alcançarão o seu fim, em plenitude.

A redenção no futuro chegará ao se auge segundo o glorioso propósito de Deus no estabelecimento do seu reino eterno onde não haverá mais tentações e tribulações, porque os salvos numa só dimensão espiritual.

2.4. A soberania do conselho divino na obra da redenção (v. 11).
A palavra, “predestinados” neste versículo tem sido muitas vezes mal compreendida e assim interpretada no que se refere à soberania de Deus.

Sabemos que Deus é soberano em sua perfeita vontade, mas quanto a salvação, não há qualquer afirmação bíblica de que os predestinados sejam uma elite única e todas as demais pessoas estejam fora da eleição divina.

Deus é justo e imparcial e ele dá a todas as criaturas humanas a mesma oportunidade de salvação.

Os que atendem o seu chamado geral desfrutam do privilégio do seu glorioso propósito de salvação.
A continuação do v. 11; revela “que Deus fez tudo segundo o conselho da sua vontade”.

Esse conselho decisório se constitui especialmente da santíssima Trindade: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.

Esse conselho rege o Universo, inclusive o destino da humanidade.

III. OS SALVOS SELADOS – COM O ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo desempenha importante papel no plano de salvação idealizado por Deus Pai.

1. O Espírito Santo na obra da redenção, (vv. 13 e 14).
Na verdade esses dois versículos apresentam o ministério do Espírito Santo no sentido de promover a fé em Cristo como salvador ( Jo 16. 8 – 10) e, também, a sua presença viva e dinâmica na vida dos Crentes.

O próprio nome dado ao Espírito indica a sua missão que é o de fazer-nos santos para Deus.

2. O Espírito Santo é o selo da redenção (v. 13). Aquele que ouve a Palavra de Deus - o Evangelho da Salvação - e que por meio da fé, se rende a Cristo, recebe o selo do Espírito Santo no momento da conversão (Tt 3.5-7). Nos tempos bíblicos, o selo era usado como sinal de propriedade e posse pessoal. Ao conceder o Espírito Santo ao crente, Deus identifica os que pertencem a Cristo, pois o Espírito testifica daqueles que são filhos de Deus (Rm 8.9,15,16) e o Maligno não lhes toca (1ª Jo 5.18). Assim, a terceira pessoa da Santíssima Trindade tem o papel fundamental de regenerar, purificar e santificar o pecador (1ª Co 6.11). Ele é quem convence o ser humano do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7,8); e que também produz no crente o verdadeiro relacionamento com Deus por meio do fruto do Espírito (Gl 5.22,23).

“Fostes selados” é a declaração bíblica de que todo salvo em Cristo tem uma marca um sinal que o identifica como propriedade do senhor.

Um selo é uma marca de propriedade, e os crentes em Jesus possuem essa marca indisfarçável que é a presença pode - rosa do Espírito em seu ser.

A comprovação da nossa redenção é o selo do Espírito Santo em nossa vida.
O que distingui um crente de um ímpio é o selo do Senhor que lhe dá autenticidade. Não há nada parecido ou igual.

Ele é singular com o direito de posse do Senhor.

3. O Espírito Santo e sua identificação definida (v. 13).
Nos tempos atuais há muita imitação barata das ações do Espírito Santo, mas A palavra de Deus contém a sua identificação singular como “o Espírito santo da promessa”.

Essa promessa foi a que Deus fez desde os tempos do Antigo Testamento, (Jl 2. 23 – 24, 28 e 29), e a cumpriu no dia de Pentecostes, (At 2. 1 – 13, 38, 39) Ele é o Espírito Santo da promessa que habita em nós, na Igreja de Cristo, confirmando a promessa do Senhor.

Precisamos entender e separar os fatos acerca da promessa do Espírito Santo,  faz parte da promessa o falar noutras línguas pelo espírito mas essa gloriosa experiência não é o selo do espírito aqui referido e em (2ª Co 1.22).

O falar em línguas estranhas espirituais é uma experiência subsequente.

4. O Espírito Santo é o penhor da redenção (v. 14).
O termo grego arrabon pode ser traduzido como “depósito”, “penhor”, “garantia” ou ainda “primeira parcela” (1.14). No tempo de Paulo, a palavra “penhor” era empregada para uso legal e comercial quando alguém comprava alguma coisa e desejava garantir a sua compra.
As pessoas adiantavam uma quantia inicial como Penhor (1ª Co 1.22; 5.5).
A palavra tem origem semítica e era usada nas transações comerciais para assegurar o preço ou garantir o pagamento de algo. Paulo ensina que o Espírito Santo é o depósito que garante a nossa herança em Cristo (2ª Co 1.21,22). Tudo isso significa que aquele que tem o selo do Espírito Santo tem a salvação garantida (1.14). Isso não quer dizer que o crente está salvo para sempre, independente de sua conduta, mas que a redenção está validada aos eleitos em Cristo que permanecem fiéis (Mt 24.13).
O texto declara “o qual é o penhor da nossa herança”.
Jesus nos deu o Espírito Santo como penhor pelo resgate (1ª Pe 2.9).
Na verdade somos do Senhor e o que garante essa possessão é a presença do Espírito Santo em nossa vida.

CONCLUINDO
Nessa porção da Epístola aos Efésios o plano divino revelado resulta na reconciliação do ser humano com Deus por meio de Cristo e na restauração de todas as coisas visíveis e invisíveis. Ambos os propósitos devem redundar em louvor e glória ao Deus Eterno. Na plenitude dos tempos todo o desígnio divino estará plenamente executado.
Toda a obra da redenção da humanidade teve o seu desenrolar progressivo na história, na qual vemos o gracioso empenho da Trindade divina para a salvação da humanidade inteira, e isso até o último ato dessa obra, “para louvor da sua glória’, (v. 14). Paulo teve de Deus a visão da sua magnificência divina na sua obra, quando se consumar plenamente a redenção do seu povo, na ressurreição dos mortos e no arrebatamento da Igreja!

A SUBLIMIDADE DAS BENÇÃOS ESPIRITUAIS EM CRISTO




LEITURA BÍBLICA
Efésios 1.3,4, 9-14 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4 - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor, 5 - e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 - para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no amado. 7 - Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua garça, 8 - que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência, 9 - descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10 - de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11 - nele, digo, em que também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho de sua vontade, 12 - com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; 13 - em quem também vós estais, depois que ouviste a palavra da verdade o evangelho da vossa salvação; e, tendo também nele crido, foste selados com o Espírito Santo da promessa; 14 - o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição vamos abordar a grandeza, a excelência e a perfeição do projeto divino para conceder bênçãos espirituais aos seus escolhidos. Desde a eternidade, aprouve a Deus executar um plano de restauração e reconciliação com a humanidade caída. Por isso que, na Carta, o apóstolo Paulo se mostra profundamente agradecido pela revelação do mistério que estivera oculto desde todos os tempos. Ele nos convida a louvar e a glorificar a Deus pela sua bondade e misericórdia para com todos os pecadores.

I. A NOVA POSIÇÃO EM CRISTO

No passado estávamos perdidos e condenados à morte eterna, mas por sua infinita graça, Deus nos outorgou em Cristo o privilégio da salvação.

1. A Doxologia. “[Do gr. doxa, glória + logia, palavra] Manifestação de louvor e enaltecimento a Deus através de expressões de exaltamentos (Deus seja louvado! Aleluia!) e hinos. A doxologia não pode vir desassociada da verdadeira adoração. Ela exige adoração” (Dicionário de Teologia, CPAD, p.152).

Após expor os versículos de abertura da Epístola (1.1,2), o apóstolo Paulo apresenta uma sequência de texto que se caracteriza pela verdadeira adoração e bondade ativa de Deus (1.3-14). Ele começa pela frase “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 3), onde “bendito” significa “digno de louvor”. O apóstolo dá sequência até o versículo 14 por meio de um maravilhoso tributo ao Eterno e suas muitas bênçãos concedidas aos homens. Nesse trecho bíblico trata-se de um hino teológico de gratidão, caracterizado pela repetição do seguinte refrão: “Para louvor e glória da sua graça" (v. 6) ou “para louvor da sua glória” (vv. 12,14). Aquele ao qual devemos adorar está identificado na expressão “Deus e Pai de Jesus Cristo”, uma clara referência à Santíssima Trindade com ênfase na natureza divina de Jesus, seu Filho.

2. As bênçãos espirituais. Obviamente que as bênçãos espirituais não são materiais, mas provenientes dos “lugares celestiais”, isto é, do reino espiritual. Essas bênçãos são mencionadas na longa passagem de Efésios (1.3-14), tais como:
2.1. Deus nos elegeu para sermos santos (1.4);
2.1. Predestinou-nos para sermos filhos (1.5);
2.3. Nos fez agradáveis para si (1.6);
2.4. Remiu-nos por meio do sangue de Cristo (1.7);
2.5. Acolheu-nos por sua vontade redentora (1.8-12);
2.6. Revelou-nos a Palavra da verdade (1.13a);
2.7. Selou-nos com o Espírito Santo da promessa (1.13b);
2.8. Ainda garantiu a validade da promessa (1.14).

Tais bênçãos provêm de Deus, que planejou a redenção; do Filho, que a realizou; e do Espirito Santo, que a garante. Essas bênçãos nos conduzem a exclamar como Paulo: “Bendito Seja Deus!”

Paulo ressalta, no introito da carta aos efésios, que a salvação nos traz bênçãos espirituais. A salvação garante-nos todas as bênçãos espirituais em Cristo. No entanto vemos hoje dentro de muitas igrejas, o mercantilismo está sendo disseminado em larga escalas o qual foi condenado por Jesus (Mt 21.13). Porém, certos líderes numa corrida desenfreada pelas bênçãos materiais, aproveitam os incautos na fé e fazer da casa de Deus. O mercantilismo religioso dentro de algumas igrejas chamadas evangélicas sobrepõem-se às indulgências da idade média. A forma pela qual se utilizam da Palavra de Deus para conseguirem benefícios financeiros é vergonhosa. São pessoas sem temor a Deus que transformam a igreja numa empresa de negócios, colocando-a numa dinastia. Esses escândalos se multiplicam no mundo inteiro, principalmente no Brasil. Eles acumulam fortunas e formam verdadeiros impérios econômicos pela exploração da fé. Esses fundadores se apegam ao dinheiro e ao poder, pregam falsas doutrinas, falsas promessas (culta da benção, da vitória, da fé, da casa própria, do carro novo etc), e enganam os seguidores com um falso evangelho. Eles se infiltram no meio das igrejas para satisfazerem suas vaidades, e usurpam escandalosamente as doutrinas de Deus. São pessoas desprovidas de entendimento espiritual, analfabetas das escrituras. Oferecem migalhas aos famintos de seus sonhos, visões e revelações.

Eles estão atrás de vaidade e riqueza, em vez de buscarem a glória de Deus e a salvação dos perdidos.
Lamentavelmente, a igreja está sendo mais conhecida na mídia pelos seus escândalos do que pela sua conversão espiritual.

3. A nova condição. A expressão “em Cristo” significa que somos abençoados com toda bênção espiritual, a partir de Sua pessoa e obra realizada no calvário (Jo 1.3; Hb 5.9; 9.12); relaciona-se ainda com a nossa experiência de conversão a Ele (2 Co 5.17). Essa nova vida é conferida somente para quem está “em Cristo”, isto é, o oposto da antiga vida “em Adão” escravizada pelo pecado (Rm 5.11-15). Desse modo, não andamos mais em trevas, mas como filhos da luz (Rm 5.8). Portanto, nossa nova posição é caracterizada pela salvação “em Cristo” e, por isso, desfrutamos de todos os benefícios advindos dessa redenção.

II. AS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS DE DEUS, O PAI

- Dando continuidade ao estudo da carta de Paulo aos efésios, estudaremos a passagem de Ef 1.3-14, em que temos um verdadeiro hino que o apóstolo compõe para a Santíssima Trindade, em gratidão pelas bênçãos espirituais decorrentes da salvação na pessoa de Jesus Cristo.

1. - A objetivo do louvor. Ao iniciar sua carta com um hino, que é uma composição literária em que se louva alguém ou algo, o apóstolo mostra claramente que o resultado da salvação é nos dar condições de adorar e louvar ao Senhor, que, afinal de contas, é o que iremos fazer quando alcançarmos a glorificação, o último ato do processo da salvação, como nos dá conta o texto de Ap 5.8-14.

- O hino se inicia com uma palavra de enaltecimento de Deus, o Pai, o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, a nos revelar, uma vez mais, como deixamos claro no término da primeira lição, que a crença na Triunidade Divina é essencial para a salvação. Se a graça e a paz vêm do Pai e do Filho, também aqui há um louvor dirigido ao Pai, que é bendito porque nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef 1.3).

- A obra salvífica de Jesus fez-nos voltar a ter amizade com Deus, pôs-nos, novamente, em comunhão com o Criador, e, por isso mesmo, agora somos alvos das bênçãos divinas. O pecado trouxe maldição (Gn 3.14-19), maldição que não pôde ser eliminada pela lei (Gl 3.10), mas, agora, em virtude da obra consumada por Cristo Jesus, somos agora abençoados. Aleluia!

- Estamos em comunhão com o Senhor e, por isso mesmo, somos atingidos pelas bênçãos, pois quem está com o Abençoador tem pleno acesso às bênçãos. Eis uma realidade que, infelizmente, muitos não têm ainda entendido.

- Muitos hoje estão atrás das bênçãos, querendo apenas os benefícios do Evangelho, esquecendo-se de que as bênçãos vêm do Abençoador e que, portanto, não há sentido algum em querer bênçãos e não ter acesso ao Abençoador.

- Paulo deixa claro que Deus, o Pai nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, ou seja, a bênção exige que tenhamos uma posição certa, que é estar em Cristo, por meio do qual nós conseguimos a unidade com o Pai (Jo 17.20,21).

2. Quando estamos em comunhão com o Abençoador, o acesso às bênçãos é pleno. Somos abençoados com todas as bênçãos. Assim, embora seja claro que Deus abençoa a todos os homens, por força daquilo que se denomina de “graça comum”, já que Deus faz que o sol se levante sobre maus e bons e dá a chuva tanto para justos como para injustos (Mt.5:44). Entretanto, quem está em Cristo, tem comunhão com Ele e, portanto, acesso a todas as bênçãos espirituais.

- Bem se vê, pois, que o caminho traçado pelo apóstolo é bem diferente do que muitos andam fazendo em nossos dias, enganando e sendo enganados por homens maus (2ª Tm 3.13), achando que estão em boa situação quando são alvo da graça e misericórdia divinas, recebendo algumas bênçãos e, quase sempre, bênçãos materiais, agindo como aqueles nove leprosos que, embora tenham sido curados, não obtiveram a salvação (Lc 17.11-19).

- E, por falar em qualidade das bênçãos, o apóstolo também faz questão de nos informar que o Pai nos abençoa com todas as bênçãos espirituais, ou seja, a prioridade da bênção divina diz respeito à vida espiritual das pessoas, ao que diz respeito ao nosso relacionamento com o Senhor e à vida eterna, não as coisas passageiras e corriqueiras desta vida, desta nossa peregrinação terrena (1ª Pe 1.17).

3. A salvação garante-nos todas as bênçãos espirituais. É verdade que a salvação nos traz, também, bênçãos materiais, mas elas são secundárias e, o que é muito importante, não há qualquer passagem bíblica que indique que elas estão garantidas em virtude da salvação. A garantia dá-se única e exclusivamente com relação às bênçãos espirituais e, mesmo assim, se houver, por parte dos salvos, desejo, insistência e persistência no pedido por elas (Mt.7:7-11; Lc.11:9-13), bem como fé para obtê-las (Tg.1:6).

- Estas bênçãos espirituais, como diz o pastor Elienai Cabral, “…são as bênçãos da salvação que Deus preparou para a humanidade antes de todos os séculos…” (Lições Bíblicas – jovens e adultos – 4º trim. 1999. Efésios: a igreja nos lugares celestiais – aluno – p. 8).

4. A primeira destas bênçãos é a eleição. O apóstolo Paulo diz que Deus, o Pai nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo (Ef 1.3). Esta já é uma demonstração de que a salvação tem origem divina e que, portanto, é eterna, pois não está sujeita ao tempo, tempo que é uma característica deste universo físico, da criação e, como a salvação é anterior ao próprio universo, temos que é ela eterna, como, aliás, explicitamente dizem as Escrituras (Is 45.17; Hb 5.9).

- Na “eternidade passada”, o Senhor, sabendo que o homem iria pecar, resolveu, dentro de Sua soberania, de Sua condição de Ser supremo, salvar o homem, elaborando um plano para que isto se fizesse, salvação que se daria por intermédio de Jesus Cristo, a Pessoa do Filho, o Verbo por meio do qual tudo seria criado (Jo 1.1-3).

- Como ensina o pastor Elienai Cabral, consultor teológico da Casa Publicadora das Assembleias de Deus: “…A palavra ‘elegeu’ indica que Deus, por Sua presciência, elegeu ou escolheu um povo especial para pôr em prática o Seu propósito no mundo. (…). Sua escolha ou eleição não tem nada a ver com discriminação. Não significa que Deus não queira que todos se salvem. O propósito da salvação é universal mas Deus sabia que nem todos se salvariam, uma vez que o ser humano é dotado de livre escolha quanto ao seu destino…” (op.cit., p. 8).

- Usando de Sua soberania, Deus, antes mesmo de criar o mundo, resolveu que salvaria o homem que haveria de criar à Sua imagem e semelhança. Assim, escolheu Ele quem iria salvar (o ser humano) e como iria salvar, ou seja, por meio de Jesus Cristo, o Verbo Divino, que Se faria humano e assumiria o lugar do homem, pagando a justiça de Deus e, assim, demonstrando a todos, em especial ao homem, que Deus é amor.

- É este o real significado da eleição e não, como ensinam equivocadamente os calvinistas, de que a eleição é a escolha por Deus de indivíduos que serão salvos, enquanto outros já estarão previamente destinados à condenação.

- Este pensamento trazido pelos calvinistas não tem respaldo bíblico. A prévia escolha de Deus para salvar uns e não outros contraria o fato de que Deus não faz acepção de pessoas, algo que é repetido em diversas passagens bíblicas: Dt 10.17; 2º Cr 19.7; Jó 34.19; Is 47.3; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25; 1ª Pe 1.17.

- Como se isto fosse pouco, a Bíblia Sagrada considera que a acepção de pessoas é pecado (Ml 2.9; Tg 2.1,9), de modo que quem considera que a eleição é a prévia escolha de indivíduos para a salvação ou para a perdição está imputado a Deus um pecado, o que é um rotundo absurdo!

- Também há de se verificar que, se a eleição fosse a prévia escolha de alguns para salvação e outros para perdição se teria a constatação de que Deus não quis salvar todos os homens, mas é exatamente o oposto que ensina a Palavra de Deus. É claríssimo que Deus ama a todos os homens (Jo 3.16) e que quer que todos eles se salvem (Ez 18.23; 33.11; 1ª Tm 2:4).

- Deus escolheu todos os homens para serem salvos, mas, como lhes deu o livre-arbítrio, cabe a cada ser humano escolher entre se salvar ou não (Dt 30.19; Js 24.15; Mt 16.24; Mc 8.34; Tg 4.4; Ap 22.17), de modo que nem todos se salvam (Rm 10.16), sendo verdadeiro que são poucos os que salvam (Lc 13.23,24), mas não porque Deus assim tenha querido, mas por opção do próprio ser humano.

- Deus escolheu salvar o homem, mas isto não significa, como equivocadamente ensinam os chamados “universalistas”, que todos serão salvos. Acabamos de ver a Bíblia dizendo que haverá os que se perderão, e que, inclusive, serão a maioria. Isto porque, a eleição é condicional, ou seja, é necessário que a pessoa creia em Cristo para alcançar a salvação querida por Deus, pois Deus não escolheu apenas salvar o homem, mas que a salvação dependeria da fé em Jesus. Como afirma o teólogo Henry Clarence Thiessen (1883-1947): “Por eleição, entendemos aquele ato soberano de Deus em graça, pelo qual Ele escolheu em Jesus Cristo para salvação todos aqueles que de antemão sabia que O aceitariam…” (Palestras introdutórias à Teologia Sistemática, p.261 apud TITILLO, Thiago. Eleição condicional, p.18).

- Como ensina o saudoso pastor Antonio Gilberto: “…Eleição divina é, pois, a nossa escolha para a salvação, feita por Deus. Nós, pecadores por natureza, não sabemos escolher, mas o Senhor nos escolhe (Jo 15.16). (…). E claro que a eleição, em si, não implica salvação (1ª Ts 2.13; 1ª Pe 1.2). (…). A escolha divina ocorre da maneira como é descrita em 1ª Tessalonicenses 1.4-10. Ela se dá pelo recebimento do evangelho, pela fé, e permanência em Cristo, mediante a santificação daqueles que se convertem dos ídolos ao Deus vivo e verdadeiro, a fim de servi-lo “e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura’ (v. 10). Deus não elege uns para a salvação, e outros, para a perdição. O homem é capaz de fazer a livre-escolha. E a graça de Deus não é irresistível, como muitos ensinam, valendo-se do falacioso chavão ‘Uma vez salvo, salvo para sempre’. (Teologia sistemática pentecostal, pp. 366-7).

- A Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma que “…Deus elegeu a Igreja desde a eternidade, antes da fundação do mundo [Ef 1.4], segundo a Sua presciência [1ª Pe 1.2; 2ª Ts 2.13]. O Senhor estabeleceu um plano de salvação para toda a humanidade: ‘em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos’ (Tt 1.2); pois essa é a Sua vontade [1ª Tm 2.3,4]. Assim como Deus não elegeu uma nação já existente, mas preferiu criar uma nova a partir do patriarca Abraão[Gn 12.2], o Senhor Jesus Cristo, da mesma forma, criou um novo povo formado por judeus e gentios: ‘o qual de ambos os povos fez um’ (Ef 2.14)…” (cap.XI.3, p.121).

- Esta eleição, ademais, tem um propósito, qual seja, a de sermos santos e irrepreensíveis diante d’Ele em amor. Deus quer nos salvar porque quer que sejamos santos, ou seja, vivamos separados do pecado e em comunhão com Ele, tendo uma vida irrepreensível, ou seja, que não seja censurada nem reprovada nem pelo Senhor nem pelos homens, exercendo o amor a Deus e o amor ao próximo.

- Veja, pois, que o objetivo da eleição é a santidade e o amor, não se podendo, pois, desprender eleição de santidade ou eleição da prática do amor. Se alguém não vive em santidade ou não pratica o amor não pode se considerar um salvo, porque o propósito da escolha é que se alcance santidade e amor. Bem aí se vê que não faz sentido algum dizer que alguém pode pecar à vontade pois, se “é eleito”, no final alcançará a salvação. Ora, como poderia Deus escolher salvar para que alguém seja santo e irrepreensível diante d’Ele em amor e permitir que alguém seja um devasso durante toda a sua peregrinação terrena e, mesmo assim, tenha a vida eterna? Seria, então, Deus contraditório? Evidentemente que não!

- A segunda bênção da salvação dada pelo Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo é a predestinação. O apóstolo diz que Deus, o Pai nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo para Si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para louvor e glória da Sua graça, pela qual nos fez agradáveis a Si no Amado (Ef 1.5,6).

- Temos aqui mais um motivo de controvérsia entre os estudiosos das Escrituras. Predestinação “…é o nosso predestino. (…). A salvação não é um decreto divino, pois isso seria um fatalismo cego e impróprio atribuído a Deus. (…) um exame atento e livre de preconceito da Palavra de Deus mostra que, através da obra redentora de Jesus, Deus destinou de antemão (predestinou) todos os homens à salvação: “quem quiser, tome de graça da água da vida” (Ap 22.17; Is 45.22; 55.1; Mt 11.28,29; 2ª Co 6.2; 1ª Tm 2.4). De acordo com João 12.32, todos podem ser atraídos a Cristo. Mas nem todos querem seguir a Cristo. (…). O Senhor predestinou à salvação todo aquele que aceitar a Jesus. A própria aceitação já é um dom de Deus, para que ninguém se glorie julgando que assim contribuiu para a sua salvação.…” (op.cit., pp. 368-71).

- A predestinação, portanto, é condicional à nossa escolha e esta escolha é possível ao homem, não porque tenha ele vontade livre, pois está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1), mas porque Deus dá a Sua graça para nos permitir fazer esta escolha, a chamada “graça preventiva” ou, ainda, “graça suficiente”.

A graça suficiente é como um carro que saiu da concessionária com combustível suficiente apenas para chegar ao posto de gasolina, mas não até o destino final, portanto, apenas para iniciar o caminho de conversão, mas não para chegar à santidade. A graça suficiente age no homem para realizar a conversão do filho pródigo narrada no Evangelho de São Lucas, capítulo 15. Ele pensa: “pequei contra Deus e contra o meu pai, vou voltar para casa.” A partir dessa tomada de consciência, da graça suficiente que toca o coração humano, ele deve pedir, suplicar, implorar pela graça eficaz, aquela que é capaz de agir em seu coração, capacitando-o a vencer o pecado no dia a dia.…” (AZEVEDO JÚNIOR, Paulo Ricardo de. O que é o pelagianismo? Disponível em: https://padrepauloricardo.org/episodios/o-que-e-o-pelagianismo Acesso em 30 jan. 2020).

- A predestinação, assim como a eleição, tem um propósito, qual seja, fazer-nos filhos de Deus por adoção, tornando-nos, assim, irmãos de Jesus Cristo. Isto implica que, para chegarmos aos céus, que é o destino daqueles que creem em Jesus, temos de nos conformar à imagem de Cristo (Rm 8.29,30), pois passamos a ser Seus irmãos e, como tal, participantes de Sua natureza, semelhantes a Ele. A predestinação, pois, também exige a santificação. Lembre-se, este navio está nos levando aos céus e, a cada dia, mais próximos do destino temos de estar…

- Assim, não há como se entender que alguém que seja predestinado à salvação possa ter uma vida toda de pecado e, no último instante da vida, obtenha a salvação por causa de um “decreto divino”, decreto este que permita que alguém jamais se pareça com Cristo durante a sua peregrinação terrena, possa morar nas mansões celestiais...

- Esta predestinação também tem como propósito o louvor e a glória da graça de Deus, pois é a Sua graça que nos faz agradáveis a Si em Cristo, ou seja, fica aqui evidente que esta eleição e predestinação é um favor imerecido que o Pai dá aos seres humanos, não tem relação alguma com méritos ou obras humanas. É a graça de Deus que nos faz agradáveis a Ele e em Cristo, no Amado.

- Sobre a eleição e predestinação, haveremos de nos deter um pouco mais na próxima lição, já que muito se tem discutido a respeito, notadamente em virtude de uma verdadeira “invasão calvinista” que se tem verificado em meio a nossas igrejas locais ultimamente.

III. AS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS DE DEUS, O FILHO

- Como afirma o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes: “…O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, fala da procedência trinitariana das bênçãos que a igreja recebe. Curtis Vaughan diz que, no texto grego, os versículos 3-14 constituem um sublime período, cujos elementos são entrelaçados e habilmente reunidos. A fim de auxiliar o leitor a não perder a conexão do pensamento, a versão King James põe um ponto final depois dos versículos 6, 12 e 14. De acordo com essa pontuação, lê-se em três estrofes o inspirado hino de Paulo. A primeira (v. 3-6) relaciona-se com o passado, tendo o misericordioso plano do Pai como centro. A segunda (v. 7-12) relaciona-se com o presente e gira em torno da obra redentora de Cristo. A terceira (13-14) aponta para a futura consumação da redenção e exalta o ministério do Espírito Santo…” (Efésios: Igreja, a noiva gloriosa de Cristo, pp. 16-7).

- Assim, ao falar da salvação, o apóstolo faz questão de atribuir a cada uma das Pessoas Divinas algumas das bênçãos espirituais, mostrando, mais uma vez, que a Triunidade Divina é uma realidade expressa nas Escrituras e que a salvação, obra da Santíssima Trindade, exige o reconhecimento deste mistério divino.

- Tendo atribuído ao Pai as bênçãos da eleição e da predestinação, Paulo diz que a primeira bênção trazida pelo Filho, o Amado, é a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça (Ef 1.7).

- A redenção é a compra da nossa salvação, o pagamento do preço dos nossos pecados por meio do derramamento do sangue de Jesus Cristo na cruz do Calvário. A figura da redenção é a figura do pagamento de um preço para aquisição de um escravo, a fim de que possa libertá-lo.

OBS: Como ensina o pastor Antonio Gilberto (1927-2018): “…Nos dias bíblicos, redenção é a libertação de um escravo, mediante um resgate - gr. lytron (este termo aparece em Mateus 20.28) —, além de retirar esse escravo do mercado de escravos, para não mais ficar exposto à venda. Redenção sempre requer o preço a ser pago para garantir a liberdade do escravo.…” (Teologia sistemática pentecostal, p. 354).

- Diante do pecado, os homens estavam perdidos, pois nem todos os bens existentes no universo físico podem pagar o preço de uma só pessoa (Sl 49.6-8). Mas, o Senhor Jesus, ao morrer por nós, pagou este preço, tanto que exclamou na cruz: “Está consumado” (Jo.19:30), cujo significado outro não é que “Está quitado”, “Está pago”.

- Ao morrer por nós na cruz, Jesus nos comprou. Paulo diz que fomos comprados por bom preço (1ª Co.6.20; 7.23), preço altíssimo, que foi o preço do sangue de Cristo (1ª Pe 1.18-20). Por isso, o salvo é propriedade de Jesus (1ª Co 130)., não podendo, pois, fazer o quer, mas apenas o que manda o seu Senhor. Não pode se fazer servo dos homens, muito menos de suas próprias vontades. Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, “…o propósito da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo foi a redenção de todos os pecadores [1ª Tm 1.15]…” (IV.4, p. 52), “…Sem a Sua morte, não haveria redenção: ‘E, sendo Ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que Lhe obedecem’ (Hb 5.9)…” (V, p. 59).

- É importante observar que, em Cristo, obtemos a remissão das ofensas, isto é, o perdão dos pecados, não por méritos que tenhamos, mas pela Sua graça. Assim sendo, a obra redentora de Jesus é suficiente para o perdão dos nossos pecados. Seu sacrifício é perfeito (Hb.10:10-14), de modo que não há porque crermos que algo precise ser feito, fora de Cristo, para termos a salvação, como, por exemplo, indulgências para que seja retirada a “pena temporal” dos pecados, ou seja necessária a remoção de “maldições hereditárias”. A remissão das ofensas é uma bênçãos espiritual que alcança aquele que está em Cristo, que se torna nova criatura (2ª Co 5.17).

- A redenção permite que passemos a desfrutar da graça de Deus, de forma abundante, em toda a sabedoria e prudência. A graça de Deus não é mesquinha, não é dada de conta-gotas, mas, sim, é abundantemente concedida a todos que passam a estar espiritualmente nos lugares celestiais em Cristo.

- O apóstolo, mesmo, em outro texto, afirma que, onde abundou o pecado, a graça superabundou (Rm 5.20). Temos, portanto, com a graça de Deus a vida abundante prometida pelo Senhor Jesus aos Seus discípulos (Jo 10.10). Esta superabundância da graça é acompanhada pela fé e pelo amor que há em Jesus Cristo (1ª Tm 1.14).

- Bem se vê, portanto, que a vida abundante decorrente da graça que, por sua vez, proporcionou a nossa redenção, muito pouco tem a ver com aspectos materiais e, menos ainda, econômico-financeiros, como tem sido propalado, em nossos dias, pelos pregadores das famigeradas teologias da prosperidade e da confissão positiva.

- É realidade que, como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, “…A Bíblia mostra que a obra redentora de Cristo incluiu também o corpo: ”Gememos em nós mesmos, esperando a adoração, a saber, a redenção do nosso corpo’ (Rm 8.23)…” (XXI, p. 179), mas isto não significa em absoluto que haja preponderância deste aspecto no conceito de “vida abundante” que é, de forma muito feliz, descrita pelo poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão, no hino 374 da Harpa Cristã como sendo “vida de pureza e santidade para amarmos a Deus em verdade pela graça que Ele nos deu”, “vida de amor que o Pai nos tem dado em Jesus, o Seu Filho amado, cuja vida por nós derramou”, “vida de Jesus, a veraz fortaleza, que nos dá do perdão a certeza e nos enche de consolação”.

- A graça que nos é dada abundantemente faz-nos agir com sabedoria e prudência. Jesus foi feito sabedoria para nós por Deus (1ª Co 1.30) e não é por outro motivo que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Sl 111.10; Pv 9.10). Tendo atendido ao convite do Senhor e iniciado o caminho da salvação, somos envolvidos pela sabedoria e pela prudência, que outra coisa não é senão a ciência do Santo (Pv 9.10). Não é por outro motivo, aliás, que, no livro de Provérbios, o sábio não é nada mais, nada menos que o próprio servo de Deus, o salvo.

- A redenção permite-nos conhecer e saber das coisas espirituais e, assim, descobrimos que a vontade de Deus é tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, ou seja, restaurar a unidade que havia entre as dimensões espiritual e física antes que houvesse a entrada do pecado na humanidade.

- A segunda bênção espiritual relacionada ao Filho é a herança. Em Cristo, somos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito d’Aquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade, com o fim de sermos para louvor da Sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo, em quem também nós estamos, depois que ouvimos a palavra da verdade, o evangelho da nossa salvação (Ef 1.11,12).

- Nós agora somos “herança”. Esta unidade que Cristo proporcionará, reunindo em Si todas as coisas, já é sentida pelo salvo, pois ele, a um só tempo, é feito herança de Deus e, também, é herdeiro de Deus e coerdeiro de Cristo (Rm 8.17). Assim, como nos diz Pedro, cada salvo tem uma herança incorruptível, incontaminável e que não se pode murchar, guardada nos céus para nós (1ª Pe 1.4), o que fez, por exemplo, o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714), afirmar, ao comentar Ef 1.11: “…O céu é visto como uma herança, como um presente do Pai para os Seus filhos…” (Comentário bíblico completo – Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Trad. de Luiz Aron, Valdemar Kroker e Haroldo Janzen, pp.579-80).

- No entanto, Paulo aqui ressalta que nós mesmo somos feitos herança e é bem por isso que o próprio Cristo nos apresentará ao Pai, dizendo sermos nós os filhos que Lhe foram dados (Hb.2:13), o que nos permite concluir que teremos acesso, pelo triunfo de Cristo, à Sua posição nos céus (Ap 3.21), pois seremos semelhantes a Ele e como Ele é o veremos (1ª Jo 3.1,2).

- Jesus, embora tenha nos comprado e Se tornado Nosso Senhor, levar-nos-á a uma condição de Seu consorte, de Seu cônjuge, pois a Igreja será a Sua mulher we, por isso, será ela revestida de glória para estar para sempre com o Senhor, num grande mistério (Ef 5.25-27,32).

- Ser herança é o predestino daquele que crê em Jesus Cristo. Novamente, aqui, o apóstolo fala em predestinação, predestinação esta que é antecedida pelo fato de termos ouvido o Evangelho da salvação, a Palavra da verdade (Ef 1.13).

- Notamos, pois, que não há como se alcançar a salvação sem que se creia no Evangelho. Foi o que disse o Senhor Jesus ao iniciar a Sua pregação durante o Seu ministério terreno: Arrependei-vos e crede no Evangelho (Mc 1.15).

- Se é verdade que tudo se faz pela graça de Deus, não é menos verdadeiro que esta salvação somente chegará aos homens se houver a pregação do Evangelho: “…E como crerão n’Aquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.14).

- Somos fomos feitos herança porque ouvimos e cremos no Evangelho. Não se pode admitir, portanto, que um salvo genuíno seja alguém que não dê importância à evangelização. A vontade de Deus é que todos se salvem e a salvação depende da pregação do Evangelho. Como alguém pode se dizer participante da natureza divina se não se preocupa com a evangelização? Se não participa da evangelização?

- Muitos estão a se enganar por aí dizendo que a “evangelização” é um “dom”. Não há coisa alguma nas Escrituras que afirme algo como isto. Pelo contrário, quando o Senhor Jesus determinou que fôssemos Suas testemunhas desde Jerusalém até os confins da Terra, fê-lo quando estava reunida toda a Igreja (At 1.8; 1ª Co 15.6).

- Tanto assim é que, após a dispersão dos discípulos com a perseguição que se seguiu à morte de Estêvão, os discípulos em geral, e não os apóstolos, é que propagaram a mensagem do Evangelho na Judeia, Galileia e Samaria, e, posteriormente, em outros lugares (At 8.4; 11.19-21).

- Muitos, na atualidade, estão muito preocupados em envolver as igrejas locais em movimentos sociais, políticos e culturais, a fim de que, com a perspectiva de melhoria das condições de vida, se tenha um ambiente favorável à evangelização. Entretanto, cumpre-nos observar que tal comportamento é completamente equivocado. O que devemos fazer é levar o Evangelho da salvação, a Palavra da verdade ao conhecimento daqueles que esperam a salvação.

- Muitos querem ter multidões em seus templos, em seus ministérios, em suas organizações, e, para isso, buscam, a todo instante, criar motivos para que haja a aglomeração de pessoas mas não é este o propósito de Cristo para nossas vidas. Ele quer nos fazer herança e somente seremos herança se ouvirmos o Evangelho da salvação, a Palavra da verdade.

- Os missionários pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil tinham plenamente esta consciência, tanto que a primeira mensagem que pregavam era a de que “Jesus salva”. Por isso, deram nascimento àquela que, mais de 100 anos depois, ainda é a maior denominação evangélica de nosso país.

- No entanto, é nítido vermos que esse impulso evangelístico está hoje perdendo o seu vigor de forma preocupante. É tempo de acordarmos, porque estamos na última hora e é dos trabalhadores deste período final que o Senhor aguarda maior comprometimento.

- O apóstolo também mostra que a Palavra da verdade é o Evangelho da salvação. Este evangelho tem sido também deixado de lado em muitas igrejas locais, para vergonha nossa. Hoje, estão muitos a pregar outros evangelhos, que não são o Evangelho, como bem explica o apóstolo Paulo em Gl 1.6,7.
- Em vez do Evangelho da salvação, estão a pregar, como bem ensina o pastor Ciro Sanches Zibordi em sua obra “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, o “evangelho empirista”, evangelho focado em sinais; o “evangelho antropocêntrico”, aquele focado no ser humano; o “evangelho da prosperidade”, o evangelho focado nos bens materiais; o “evangelho ecumênico”, o evangelho focado em buscar a simpatia do mundo e que adota uma “linguagem politicamente correta”; o “evangelho teologicoêntrico”, focado nos pensamentos teológicos em detrimento das Escrituras; o “evangelho filosófico”, o evangelho racionalista, materialista e naturalista; o “evangelho farisaico”, focado em dogmas humanos e o “evangelho do entretenimento”, focado em diversões e momentos de catarse emocional.

- Somos feitos herança quando é pregado o Evangelho da salvação, a Palavra da verdade. Todos os demais evangelhos, pregados por gente que o apóstolo Paulo diz serem anátemas, ou seja, pessoas amaldiçoadas, jamais poderão trazer bênçãos espirituais a quem os ouve e neles creem. Pensemos nisto!

IV. AS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS DE DEUS, O ESPÍRITO SANTO

- O Pai deu-nos a eleição e a predestinação; o Filho, a redenção e a herança. Quais as bênçãos espirituais proporcionadas pelo Espírito Santo?

- A primeira bênção espiritual mencionada por Paulo e atribuída à Pessoa do Espírito Santo é o selo. Diz o apóstolo que, por termos crido em Jesus, somos selados com o Espírito Santo da promessa (Ef 1.13).

- Notemos, de pronto, que o selo do Espírito Santo da promessa é consequência direta de nossa fé em Jesus, ou seja, está relacionada com a salvação e nada tem que ver com o batismo com o Espírito Santo, com o revestimento de poder.

- Quando somos salvos, recebemos o Espírito Santo. João deixa-nos claro isto ao dizer que, quando Jesus afirmou, no último daquela Festa dos Tabernáculos, que quem tivesse sede viesse a Ele e bebesse, porque quem cresse n’Ele rios de água viva correriam de seu ventre, disse a respeito do Espírito Santo que haviam de receber os que n’Ele cressem, o que só podia ocorrer quando Ele fosse glorificado (Jo 7.37-39), o que, efetivamente, ocorreu na tarde do domingo da ressurreição, quando o Senhor Jesus soprou sobre os discípulos e disse que eles estavam a receber o Santo Espírito (Jo 20.19-22).

- Portanto, quem crê em Jesus Cristo, quem é salvo recebe, “ipso facto”, o Espírito Santo, passa a ser estar em nós, habitar conosco (Jo 14.17). Nós nos tornamos “templo do Espírito Santo” (1ª Co 6.19) e, em virtude disso, não somos mais de nós mesmos, mas passamos a pertencer ao Senhor.

- Este selo, aliás, nada mais é que a “marca da propriedade” de Deus em nós. Quem tem o Espírito Santo, por ter crido em Cristo, passa a ser propriedade do Senhor e, por isso mesmo, não mais vive, mas é Cristo que vive nele (Gl 2.20), tanto é assim que passa a produzir um outro fruto, não mais as obras da carne (Gl 5.19-21), que eram realizadas antes da salvação, resultado da natureza pecaminosa e maligna que existia, mas, agora, produz o fruto do Espírito (Gl 5.22), pois nasceu de novo (Jo 3.3,5), é uma nova criatura (2ª Co 5.17).

- A habitação do Espírito Santo é o grande diferencial entre o que é salvo e o que não no é. Jesus disse que quem é do mundo não pode receber o Espírito Santo (Jo 14.17). Para que o Espírito Santo venha ao ser humano, necessário se faz que os pecados sejam retirados e isto somente ocorre na vida daquele que Jesus é Senhor e Salvador. Por isso, é bem possível que, no meio da igreja local, do grupo social, haja pessoas que se introduziram no meio dos salvos, mas não têm o Espírito (Jd 17-19) ou pessoas que, já tendo recebido o Espírito Santo, por apostatarem da fé, deixam de ser habitação do Espírito, que deles se retira (2ª Pe 2.1-3). Este será o grande diferencial no dia do arrebatamento da Igreja: subirão com o Senhor somente aqueles que têm o Espírito Santo, que, por serem habitação do Consolador, serão como que atraídos por um ímã por este mesmo Espírito, enquanto que os que não têm o Espírito, ficarão aqui para as agruras da Grande Tribulação.

- Alguns confundem que o selo seja o revestimento de poder, o batismo com o Espírito Santo, porque o apóstolo Paulo fala do “Espírito Santo da promessa” e, por causa disso, vinculam esta passagem bíblica com Lc 24.49, quando o Senhor Jesus fala da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes como “a promessa do Pai”.

- No entanto, não podemos nos esquecer de que Jesus prometeu que os n’Ele cressem teriam o Espírito Santo, como dissemos, naquele último dia da Festa dos Tabernáculos, como também, nas Suas últimas instruções, prometeu enviar o Espírito Santo aos discípulos para ser o “outro Consolador” (Jo 14.16), promessa que foi cumprida na tarde do domingo da ressurreição.

- É de se ver que “selo” é, como vimos, “marca de propriedade” e tal marca se dá no instante da redenção, não num momento posterior e, mais, o Senhor Jesus disse que, não muito depois de Sua ascensão, haveria o “revestimento de poder”, ou seja, somente se pode “revestir” o que já tem vestido e o homem é espiritualmente vestido quando é salvo (Is 61.10).

- Assim afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…Quando o Consolador desceu sobre os discípulos no dia de Pentecostes, eles já tinham o Espírito Santo, Jesus disse-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo’ (Jo 20.22). Na experiência da salvação, o Espírito Santo passa a habitar no novo crente [1ª Co 3.16; Gl.4:6]. Todos os crentes em Jesus já têm o Espírito Santo [Gl 3.2,3], pois Ele mesmo é quem conduz o pecador a Cristo [Jo.16:7,8].…” (XIX.1, p.166).

- A segunda bênção é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus para louvor da Sua glória (Ef 1.14). “…A palavra ‘penhor’ significa garantia, segurança, prova de aquisição e posse de algo. No tempo de Paulo, a palavra ‘penhor’ era empregada para uso legal e comercial quando alguém comprava alguma coisa e desejava garantir a sua compra. As pessoas adiantavam uma quantia inicial como penhor (2ª Co 1.22; 5.5). Jesus nos deu o Espírito Santo como penhor pelo resgate de nossas almas (1ª Pe 2.9). Na verdade, somos do Senhor e o que garante essa possessão é a presença do Espírito Santo em nossa vida…” (CABRAL, Elienai. op.cit., pp. 10-1).

- O penhor é um bem móvel que é dado em garantia de um negócio jurídico, um contrato ou qualquer outra espécie de ato jurídico. Um exemplo muito corriqueiro que temos é o penhor de joias pela Caixa Econômica Federal, em que pessoas assumem empréstimos naquela instituição (originariamente criada para dar crédito aos mais carentes), dando em garanti as joias que têm, que ficam em poder do credor até que a dívida seja paga ou, em caso de inadimplência, o bem é vendido para quitação da obrigação não cumprida.

- O penhor, portanto, é um objeto que fica em poder do credor até que haja o pagamento da dívida. Aqui, o apóstolo está a nos dizer que o Espírito Santo fica conosco até que tenha o “pagamento”, ou seja, até que se terminem os dias em que temos de passar por esta Terra. Ele é a garantia de que o Senhor Jesus há de cumprir a Sua promessa de nos glorificar e nos levar para que estejamos para sempre com Ele (Jo 14.1-3).

- A presença do Espírito Santo é a confirmação desta garantia que nos dá o Senhor Jesus. Por isso, quando estamos com Ele e Ele está em nós, Ele nos ensina todas as coisas, faz-nos lembrar dos ditos de Jesus (Jo 14.25), guia-nos em toda a verdade, diz tudo que tem ouvido, anuncia-nos o que há de vir (Jo 16.13), glorifica a Cristo, anuncia o que recebe de Cristo (Jo.16:14), enche-nos d’Ele (At 2.4), reparte particularmente os dons espirituais a cada um como quer (1ª Co 12.11).

- Na lei de Moisés, era proibido ao credor que ficasse com o penhor de objetos essenciais à subsistência do devedor, como também de suas vestes (Dt 24.12,13,17), ou seja, somente se devolvia o penhor de quem era pobre e necessitado. Ora, quando o apóstolo nos lembra que o Espírito Santo é o nosso penhor, faz-Se nosso penhor, está a dizer que “devolvê-l’O” é considerá-l’O um pobre, um necessitado, é desconsiderar toda a majestade divina, todas as riquezas da graça de Deus (Ef.1:7), o que é altamente reprovável. Tomemos, pois, cuidado com o que fazemos com este penhor. Pensemos nisto!

- Tal procedimento, aliás, faz-nos lembrar do conceito de “graça barata”, criado pelo grande teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), que morreu por ordem de Adolf Hitler por causa de sua fé em Cristo, que assim afirma: “…A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.…” (A graça. Disponível em: http://vivoporti.com/bonhoeffer-a-graca-4239 Acesso em 30 jan. 2020). Quem assim está agindo, está a “devolver o penhor”, a desprezar esta rica bênção espiritual e, deste modo, a selar a sua condenação eterna.

- Este selo e penhor têm por objetivo nos levar à “redenção da possessão de Deus”, ao “louvor da Sua glória”, que nada mais é que a glorificação, o mesmo objetivo que está presente nas bênçãos espirituais do Pai (eleição e predestinação – Ef 1.6) e do Filho (redenção e herança – Ef 1.12), a nos revelar como estamos diante de um só Deus, embora em três Pessoas distintas, numa perfeita comunhão e unidade. Quando o Senhor Jesus vem ao nosso coração, o Seu Espírito concede-nos o selo e penhor, já que recebemos de Cristo a certeza do céu, como bem afirmou o poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão na terceira estrofe do hino 111 da Harpa Cristã.

- Todas estas bênçãos espirituais são-nos dadas quando alcançamos a salvação e, então, passamos a habitar os “lugares celestiais em Cristo”, expressão que, como bem afirma o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes, “…não se refere a uma localização física, mas a uma esfera de realidade espiritual à qual o crente foi elevado em Cristo, o que quer dizer se tratar não do céu futuro, mas do céu que existe no cristão e em tomo dele no presente. Os crentes, na realidade, pertencem a dois mundos (Fp 3.20). Da perspectiva temporal, pertencem à terra, mas espiritualmente vivem em comunhão com Cristo e, por conseguinte, pertencem à esfera celestial…” (op.cit., p. 16).

- Eis a privilegiada posição que desfruta aquele que foi salvo por Jesus Cristo, aquele que pertence à Igreja. Eis a posição da Igreja e, em virtude desta posição, que Paulo continuará sua epístola, dizendo o que pede a Deus em favor deste povo, como veremos na lição 4, pois, na próxima lição, deter-nos-emos mais aprofundadamente na questão da eleição e predestinação.