TEOLOGIA EM FOCO

domingo, 16 de setembro de 2018

A HISTÓRIA DE ISAQUE E ISMAEL



O plano de Sara

“Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, tendo, porém, uma serva Egípcia por nome Hagar.” (Gn 16.1).

A partir dessa frase inicial, pode-se supor que, uma vez que Hagar aparece pela primeira vez dentro do contexto da esterilidade de Sara, a moça terá algo a ver com gravidez. Não sabemos nada sobre a vida de Hagar antes da famosa sugestão de Sara ao marido —mas sabemos que essa moça—, serva Egípcia de Sara, não apenas deu à luz o filho primogênito de Abraão, mas foi tão especial aos olhos do Senhor que ela se tornou a única mulher na Torá a quem Ele se dirigiu duas vezes.

Todos nós conhecemos a história. Disse Sarai a Abrão: “Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz filhos, toma, pois, a minha serva e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai”. (Gn 16.2).

Assim, Hagar tornou-se a primeira mulher desta família a conceber um filho. Ela se tornou um recipiente precioso que carregou o tesouro pelo qual Abraão esteve esperando por tantos anos. Não é de admirar que as posições tenham sido redefinidas nesse ponto; não admira que Sara, sua senhora, embora livre, poderosa e rica, já não parecesse tão elevada, porque nenhum poder, liberdade ou riqueza a tinham ajudado a fazer o que Hagar fez: conceber o filho de Abraão. Não é de admirar que sua patroa tenha ficado “mais leve” a seus olhos (a expressão literal em Hebraico). E à medida que a distância entre os status das mulheres começou a diminuir, a relação entre elas ficou cada vez mais tensa. Hagar decidiu fugir…

O anjo no deserto
Ela fugiu e achou-se no deserto - completamente sozinha no início e de repente alguém estava andando e conversando com ela. Encontrar alguém no deserto era bastante incomum, mas as primeiras palavras do estranho provaram a ela que esta não era um encontro ocasional e que ele não era um peregrino qualquer.

“E Ele disse: Hagar, serva de Sarai, donde vens? E para onde vais?” (Gn 16.8).

Quando lemos a Bíblia em Inglês, as letras maiúsculas facilitam muito; elas mostram claramente quando e onde o Senhor fala. Mas não há letras maiúsculas em Hebraico, por isso precisamos reconhecer e distinguir a voz de Deus pelo que Ele está dizendo, não por letras maiúsculas. Nossas vidas reais estão muito mais próximas do texto Hebraico: não há letras maiúsculas aqui; precisamos reconhecer a voz de Deus ou as ações de Deus sem sugestões e dicas adicionais. Hagar reconheceu o orador e, portanto, disse a Ele a plena verdade: “Fujo da presença de Sarai, minha senhora”. (Gn 16.8).

Então o anjo do Senhor disse a ela: “volta para a tua senhora, e humilha-te sob suas mãos”. Por favor, tirem um momento para pensar nesta resposta. Imaginem-se em meio a circunstâncias muito difíceis e, de repente, vocês recebem uma manifestação: Vocês encontram Aquele que realmente pode fazer qualquer coisa, pode mudar tudo. Vocês não esperariam que Ele os ajudasse a mudar suas circunstâncias? Hagar não pediu este encontro e não o procurou, mas desde que aconteceu, não poderia pelo menos tê-la ajudado um pouco? Por que Ele a manda de volta para a mesma aflição da qual ela está fugindo? Ele não prometeu boas mudanças; Ele não disse que Sara mudaria sua atitude e seria mais misericordiosa e compassiva, ou que a vida de Hagar se tornaria muito mais fácil agora. Ele não disse nada disso. Ele apenas disse: “Volta para tua senhora e humilha-te sob suas mãos”.

Além disso, há aqui um incrível jogo de palavras que está completamente perdido na tradução. Em Hebraico, o verbo que é traduzido como “humilhar” vem da mesma raiz que a palavra “aflito” no versículo 6: “Sarai a afligiu”. Em Inglês, é impossível formar essas duas palavras a partir de uma raiz, mas em Hebraico, é a mesma raiz, embora em diferentes formas: ativa e passiva. Isso torna o significado original ainda mais forte, como se o Senhor estivesse dizendo a Hagar: “Retorne a sua senhora e seja afligida”.

Quando estudamos o uso dessa raiz (‘anah – ענה ) nas Escrituras, a primeira impressão é que a palavra é sempre usada em um sentido negativo, designando apenas ações ruins:

“E quando Siquém, filho de Hamor a viu, e tomando-a, a possuiu, e assim a humilhou”. (Gn 34.2).

“Portanto, eles colocaram sobre eles os feitores de obras, para os afligirem”. (Êx 1.11).

“A nenhuma viúva nem órfão afligireis”. (Êx 22.22).

E, no entanto, não é preciso dizer que, se o Anjo do Senhor usou essa mesma palavra em Sua ordem para Hagar, isso não pode ser completamente negativo. De fato, encontramos ocorrências muito diferentes da mesma palavra referindo-se aos feitos de Deus:

“Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes 40 anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou… para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor, disso viverá o homem”. (Dt 8.2-3).

A partir dessa Escritura, vemos que, se e quando Deus é Aquele que está causando a aflição, o propósito de Sua ação é “humilhar e testar”.  Assim, não era sobre Hagar e Sara, ou o que Sara estava fazendo com Hagar - era sobre Deus e Hagar e o que Deus estava fazendo com Hagar através de Sara. Deus ordenou que Hagar retornasse para sua ama e se submetesse sob sua mão porque Ele queria humilhá-la e testá-la. Juntamente com Hagar, agora estamos começando a entender: não é sob a mão de Sara que ela deve se submeter; é sob a mão do Senhor.

A moça dá um nome ao Señor.
No entanto, antes de Hagar voltar, ela faz algo absolutamente único, algo que ninguém mais na Bíblia faz: ela dá um nome ao Senhor. Nós temos vários exemplos nas Escrituras onde um lugar foi designado de acordo com o que Deus fez lá:

“Tomou Abraão o cordeiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. E pôs Abrão por nome àquele lugar–O Senhor Proverá”. (Gn 22.14).

“E Moisés edificou um altar e lhe chamou:  O Senhor é Minha Bandeira”. (Êx 17.15).

Hagar, no entanto, não menciona apenas um lugar. Ela faz algo completamente diferente do que Abraão ou Moisés fizeram: ela dá o nome, não apenas ao lugar (o lugar também recebe o nome: Portanto, o poço foi chamado Beer Lahai Roi), mas ao próprio Senhor, e isto é algo muito incomum. De fato, é absolutamente único em toda a Escritura.

“Então ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus Que Vê, pois disse-lhe: Não olhei eu neste lugar para aqu’Ele que me vê?” (Gn 16.13).

Naturalmente, ninguém pode descrever adequadamente o que está acontecendo em um coração durante um encontro com Deus. É diferente para cada pessoa, porque só Deus sabe o que está no coração - só Deus conhece os mais profundos segredos e feridas daquele coração, e Ele é o único que pode tocá-lo e curá-lo. Embora nós, os leitores, também possamos ouvir a mensagem que o anjo entregou a Hagar, a presença absolutamente irresistível de Deus que a abraçou no deserto —o calor da proximidade de Deus que derreteu completamente seu coração, Seu amor, Sua compaixão, Sua ternura—. Tudo isso permanece escondido para nós entre as linhas. No entanto, era tão real para ela que a única coisa que podia dizer era: El Roi. O Deus Que Me Vê um dos mais profundos nomes de Deus em toda a Bíblia.

Muito, muito mais pode ser dito sobre Hagar, bem como sobre Abraão e Sara nesta complexa história, mas devido às limitações do formato atual (post no blog), tenho que omitir aqui muitos detalhes fascinantes e abordagens em Hebraico. Se vocês estiverem interessados em aprender mais, eu os convido a ler o meu livro “Abraham had two sons”.


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

OS PÃES DA PROPOSIÇÃO



Lv 24.5-9:Também tomarás da flor de farinha, e dela cozerás doze pães; cada pão será de duas dízimas de um efa. 6 E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o SENHOR. 7 E sobre cada fileira porás incenso puro, para que seja, para o pão, por oferta memorial; oferta queimada é ao SENHOR. 8 Em cada dia de sábado, isto se porá em ordem perante o SENHOR continuamente, pelos filhos de Israel, por aliança perpétua. 9 E será de Arão e de seus filhos, os quais o comerão no lugar santo, porque uma coisa santíssima é para eles, das ofertas queimadas ao SENHOR, por estatuto perpétuo.

INTRODUÇÃO.
Nesta lição estudaremos sobre mais um elemento presente no Tabernáculo, os pães da proposição; destacaremos a relação desse elemento com a mesa presente no Lugar Santo e suas características; e por fim, pontuaremos significados simbólicos dos pães da proposição à luz das Escrituras.

I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS PÃES DA PROPOSIÇÃO

1. Definição. No hebraico há duas expressões diferentes que se traduz por “pão da proposição”; a primeira significando: “pães do arranjo, pães da fileira”, aludindo à forma em que eram expostos sobre a mesa (1ª Cr 9.32; 23.29; Ne 10.33), e uma outra é: “pães da presença ou pães do rosto”. A palavra proposição nesse contexto tem o sentido de “presença”, visto que os pães estavam sempre “diante do Senhor” (Êx 25.30; 35.13; 39.36; Nm 4.7; 1º Sm. 21:6; 1º Rs 7.48; 2º Cr 4.19; 13.11; Mt 12.4; Mc 2.26; Lc 6.4; Hb 9.2).
As Escrituras utilizam-se de várias expressões para se referir a esse elemento do santuário: 1.1. “Pães da proposição” (Êx 25.30).
1.2. “Doze pães” (Lv 24.5-7).
1.3. “Pão contínuo” (Nm 4.7; 2Cr 2.4).
1.4. Pão sagrado” (1º Sm 21.4), e, (e) “pão de Deus” (Lv 21.21).
1.5. “Pão de Deus” (Lv 21.21).

2. Composição. Os coatitas estavam encarregados da confecção dos pães da proposição e dos cuidados com os mesmos (1º Cr 9.32; 23.28,29). Cada pão era feito de farinha finíssima, ou seja, a farinha de trigo da melhor qualidade. Sobre a estrutura dos pães da proposição, se é dito que cada um dos doze pães tinham o peso de dois décimos de um efa de farinha de trigo (isso equivalia a dois quilos), o que significa que os pães eram grandes”.
A Bíblia na Nova Versão na Linguagem de Hoje (NTLH) traz muito bem esta informação: “Doze pães, cada um pesando dois quilos, deverão ser feitos da melhor farinha”. “Cada pão tinha cerca de 75 cm de comprimento, metade disso quanto à largura, e cerca de 12,5 cm de altura” (CHAMPLIN, 2001, p. 573).

3. Localização. Ao entrar no Lugar Santo, os pães da proposição encontravam-se à direita de quem entra, para o lado norte, sobre uma mesa (Êx 26.35). Os pães eram postos um sobre o outro, formando duas pilhas (colunas) de seis pães cada uma (Êx 25.30; 40.23; Lv 24.6). Os pães ficavam expostos durante uma semana e, então, aos sábados, eram removidos e substituídos, e por fim, consumidos pelos sacerdotes, dentro do santuário (Lv 24.8,9) (CHAMPLIN, 2001, p. 9).
4. Propósito. Da mesma maneira que o azeite era importante para que o candeeiro produzisse luz, e assim como o incenso era elemento imprescindível para o altar do incenso, assim também, os pães da proposição eram tidos como memorial da provisão divina (Lv 24.7,8), da necessidade diária de pão e a contínua dependência do povo da provisão de Deus para as necessidades espirituais e físicas. Não só a presença contínua de Deus estava assim simbolizada, mas também o fato dessa gloriosa presença ser considerada mais vital do que o próprio pão (Êx 33.15; Dt 8.3).

3. A simbologia dos pães.

II. A MESA DA PROPOSIÇÃO
As Escrituras chamam esta mesa por diferentes nomes: (a) mesa dos pães da proposição (Êx 25.30); (b) mesa de madeira de acácia (Êx 25.23; 37.10); (c) mesa pura (Lv 24.6); (d) mesa de ouro (1Rs 7.48). Vejamos ainda algumas informações adicionais a respeito desse móvel do santuário:

1. Modelo e estrutura. O AT declara que o modelo para a construção desta mesa foi concedido por revelação divina (Êx 25.23-30). Nada foi construído pela mente ou imaginação dos construtores. Para a fabricação deste móvel também são destacados os materiais específicos a serem usados e o tamanho exato que a mesa deveria ter. Era feita de madeira de acácia ou cetim revestida de ouro, e tinha dois côvados de comprimento (90 cm), um côvado de largura (45 cm) e, um côvado e meio de altura (70 cm), revestida ao redor com ouro puro e uma moldura de ouro em volta (Êx 37.10-12). Depois de pronta, foi consagrada pela unção com óleo (Êx 30.23-27), e colocada no lado norte do Lugar Santo, de frente ao candelabro de ouro, de modo que a luz do candeeiro iluminava o pão e a mesa (Êx 26.35).

2. Seus utensílios. Para a ministração na mesa da proposição, Deus estabeleceu a fabricação de alguns utensílios, que deveriam ficar sobre ela: “Também farás os seus pratos, e os recipientes para incenso, e as suas galhetas, e as suas taças em que se hão de oferecer libações; de ouro puro farás” (Êx 25.29 – ARA).
Os pratos serviam para colocar os pães; as colheres eram cálices para colocar o incenso sobre os pães, identificando-o como sacrifício (Lv 24.7). As galhetas (tigelas) e as taças (copos), eram para armazenar e despejar o vinho (não alcoólico) em oferta de libação. Todos estes utensílios eram feitos de ouro puro (BEACON, 2010, p. 208 – acréscimo nosso).

3. Seu transporte. Quando o tabernáculo era transportado durante as jornadas dos israelitas pelo deserto, a mesa dos pães da proposição era levada, com seus pratos, recipientes de incenso, as taças e as galhetas (Nm 4.5-8). A parte superior da mesa descansava sobre uma armação, e em volta dela havia uma coroa ou moldura de ouro, projetando-se sobre a parte de cima para impedir que os objetos caíssem dela. Na mesa havia ainda, uma argola em cada esquina para permitir que ali fossem introduzidas os varais, a fim de transportar a mesa (Êx 25.23-28).

III. OS PÃES DA PROPOSIÇÃO E SUA SIMBOLOGIA

Todos os utensílios do Tabernáculo, como o sistema levítico por inteiro, além de possuir uma realidade presente (aspecto didático), também existiam realidades futuras (aspecto profético) que apontavam para Cristo (Rm 15.4; Cl 2.17; Hb 10.1). Vejamos alguns desses simbolismos do pães da proposição:

1. A provisão divina. Esses pães apontam para algumas lições que Deus intentava deixar claro para seu povo sobre depender inteiramente d’Ele:
1.1. Uma lembrança ou um memorial de que Deus habita no meio de seu povo e provê seu pão diário (Sl 136,25; Mt 6.25-33), da mesma forma como proveu o maná para alimentar as doze tribos no deserto (Êx 25.8; 16.11-21; Lv 24.7; Is 63.9).
1.2. Sua reposição regular simboliza o compromisso do povo de ser leal a Deus e sua gratidão pela provisão divina constante (Lv 24.8,9).
1.3. Uma vez que os sacerdotes se alimentavam dos pães substituídos (Lv 24.8,9), fica evidente mais uma vez, o princípio bíblico do sustento do ministro de Deus, que vive para o serviço integral do santuário (Lv 6.26; 7.6; 1ª Co 9.9-11; 1ª Tm 5.18; Dt 25.4; Lc 10.7).

2. Consagração a Deus. Outro simbolismo da mesa com os pães é a consagração total do cristão a Deus, visto que o pão da proposição estava “continuamente na presença do Senhor” (Lv 24.6). O dever do crente é viver continuamente na presença de Deus, para consagrar toda a sua vida ao serviço do Senhor (Lv 24.7; Rm 12.1). Esta consagração resulta de um melhor entendimento do que Jesus Cristo fez pelos pecadores e uma compreensão melhor da grandeza do amor de Deus.
Quem se alimenta de Sua Palavra (Jo 6.32-35), melhora sua comunhão com Deus e progride na consagração (1ª Co 5.8; 1ª Pd 2.2).

3. A Palavra de Deus. Os pães da proposição simbolizavam a presença sempre providencial de Deus no meio de Seu povo (Jr 32.38). Desta forma, os israelitas deveriam saber que o homem não vive só de pão, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4). Quanto ao pão estar acompanhado de incenso, significa isso que a presença do Senhor sempre vem acompanhada pelas orações dos santos (Ap 5.8; 8.3,4).

Os pães da proposição, ou da presença, representam ainda a Palavra de Deus, que, através do Evangelho, alimenta o mundo faminto (Jo 1.1).

A Palavra de Deus é comparada ao pão diário, ao alimento espiritual (1ª Pd 2.2) sendo ela a provisão para as necessidades espirituais do homem (Mt 4.4; Dt 8.3), dando-nos nutrientes necessários para nosso crescimento espiritual (2Tm 2.16,17).

4. Uma tipologia de Cristo. Assim como os demais utensílios do tabernáculo, os pães da proposição também apontam tipologicamente para o Senhor Jesus Cristo. Vejamos:

4.1. Sua perfeição moral. Como o pão da proposição não tinha em sua composição o fermento (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 419), símbolo da corrupção moral (Mt 16.11; Mc 8.15; 1ª Co 5.6-8; Gl 5.9), serve como figura da pureza de Jesus. Semelhantemente Cristo o pão da vida é perfeito e santo tanto em seu caráter como em seu ser (Lc 1.35), e embora em tudo tenha sido tentado, Ele não conheceu e nem tinha pecado (2Co 5.21; Hb 4.15. um cordeiro imaculado e incontaminado (1ª Pd 1.19).

4.2. Seu sofrimento. Para a preparação do pão da proposição, foi usada da melhor farinha obtida de grãos inteiros do trigo. Para que esse trigo se tornasse adequado, ele tinha que ser triturado até se tornar pó finíssimo. Por essa razão, o processo pelo qual o trigo foi submetido representa as tribulações, tentações e sofrimentos do Senhor Jesus Cristo, que
como trigo, foi moído (Is 53.7,10), sendo Ele o nosso pão da vida (Jo 12.24). Não menos importante, para o pão servir de alimento precisava ser assado (Lv 24.5). Sendo também esse processo uma alusão ao intenso sofrimento do Filho de Deus no Calvário (Mt 3.11; Lc 3.16; Hb 9.14; 12.29).

4.3. Sua mediação. O fato de serem doze pães sobre a mesa, todo Israel estava sendo diante de Deus representado. Não importava em que parte do acampamento os israelitas estivessem, deviam lembrar-se de que sua tribo estava representada sobre a mesa de ouro no Lugar Santo. Cristo, como o pão da vida nos representou diante do Pai, como sacrifício expiatório (Is 53.4-6), e diante de Deus o Pai é o nosso Advogado (1ª Jo 2.1,2), e intercessor (Rm 8.34; Hb 9.24).
4.4. A provisão da salvação. Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.48), que se fez carne para morrer por nossos pecados (Jo 6.38,51), que sustenta os homens também no âmbito espiritual (1ª Pd 2.9; Ap 1.6). O pão da proposição prefigura o grão de “trigo” (Jo 12.24), que foi sujeitado ao fogo do julgamento divino em lugar dos homens (Jo 12.32,33). Cristo é o nosso pão espiritual, descido do céu (Jo 6.33,38,50,58), que provisionou a toda humanidade (Jo 3.16) através da fé em sua morte e ressurreição (Ef 2.8; 1Pd 1.21), a vida eterna: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47; ver 6.54-58).

CONCLUSÃO.
O simbolismo dos pães da proposição se cumpre em Cristo e sua Igreja, tanto no aspecto pessoal como coletivo.
Ele é o nosso alimento espiritual, nossa porção que nos satisfaz plenamente em todas as áreas da vida da humana.

FONTE DE PESQUISA
1.      Andrade de Claudionor. Lições bíblicas. 3º trimestre 2018. CPAD.
2.      CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
3.      HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

4.      STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A LÂMPADA ARDERÁ CONTINUAMENTE


TEXTO ÁUREO
“Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue năo andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8.12)

VERDADE PRÁTICA
Tal como as lâmpadas do Tabernáculo brilhavam continuamente, assim devemos nós resplandecer neste mundo de apostasias, iniquidades e trevas.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 24.1-4: “E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2 Ordena aos filhos de Israel que te tragam azeite de oliveira, puro, batido, para a luminária, para acender as lâmpadas continuamente. 3 Arão as porá em ordem perante o SENHOR continuamente, desde a tarde até é manhã, fora do véu do Testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações. 4 Sobre o castiçal puro porá em ordem as lâmpadas perante o SENHOR continuamente.”

OBJETIVO GERAL
Conscientizar de que assim como as lâmpadas do Tabernáculo brilhavam continuamente, devemos nós resplandecer neste mundo de trevas.

INTRODUÇÃO. O candelabro era o objeto de maior destaque no interior do Tabernáculo, por ser todo de ouro e pela luz que emitia. Se levarmos em conta a sua simbologia, concluiremos que ele representava o testemunho e o serviço do ministério levítico. O seu brilho singular e constante indicava que todas as obrigações sacerdotais e congregacionais estavam sendo rigorosamente cumpridas de acordo com a orientação divina.

A Igreja de Cristo, como a luz do mundo, tem a obrigação de luzir sempre nas trevas. Mas, se ela vier a perder o seu fulgor, que diferença haverá entre nós e o mundo? É chegada a hora, pois, de mantermos nossos candelabros acesos, pois o Cordeiro de Deus anda por entre eles, exigindo, de cada um de nós, perfeito brilho.

PONTO CENTRAL
A lâmpada no Tabernáculo não poderia se apagar.

O nosso assunto de hoje é sobre a peça mais linda dentre todas que encontramos no Tabernáculo, o “candelabro”. Ele era feito de ouro fino e é mencionado vinte e uma vezes na Bíblia. O candelabro de ouro era confeccionado em uma única peça de ouro. O candelabro fornecia luz para o Lugar Santo e é também (não somente) uma figura de Jesus.

I. O CANDELABRO COMO FIGURA
No lado esquerdo de quem entra no Santuário está o Candelabro de Ouro, feito com ouro batido e pesando 34 (trinta e quatro) quilos[1]. Era uma bela obra de arte com seis hastes decoradas com cálices em forma de amêndoas e ornado com flores. As seis hastes e o pedestal central totalizavam sete lâmpadas a óleo, mantidas acesas continuamente (Êx 27.20, 21; Lv 24.1-4). Essa peça de rara beleza nos ensina valiosas lições espirituais.
Nomes do candelabro
Este utensílio recebeu vários nomes:
·         Candelabro (Êxodo 35.14; 40.4,24).
·         Candelabro de ouro (Êxodo 25.31).
·         Candelabro de ouro puro (Êxodo 31.8; 39.37; Levítico 24.4).
·         Castiçal (Êx 37.17 – Almeida Revista Corrigida).
·         Menorah - castiçal de ouro.

1. A figura da Luz.
O candelabro fornecia luz para o Lugar Santo. Na Bíblia somente um pode ser descrito como a luz perfeita, a luz que é capaz de iluminar a Jerusalém celestial de Deus - Jesus! Lemos isso em Apocalipse 21.23, que diz. “A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia”.
O Senhor Jesus deu uma exata interpretação do significado simbólico do candelabro. Em Hebreus 9, observamos que o candelabro foi o primeiro objeto relacionado ao Santuário mencionado por Paulo. Este “mistério” foi revelado por João no livro de Apocalipse (capítulo 1).

O candelabro é um tipo ou uma profecia:

·         Do Senhor Jesus Cristo como a luz do mundo (João 8.12; 9.5 e outros)
·         Da Igreja do Novo Testamento, tanto local quanto universal (Mateus 5.14-16 e Apocalipse 1.12-20).

2. Uma peça de ouro batido – figura de sofrimento.
O candelabro era a peça mais linda dentre todas que encontramos no Tabernáculo. Ele era feito de ouro fino e é mencionado vinte e uma vezes na Bíblia. Outra característica do candelabro, que faz com que ele aponte para Jesus, é o fato de que ele era feito de ouro batido, o que nos faz lembrar os sofrimentos de Cristo. Lembremo-nos que, nos Seus sofrimentos, bateram em Jesus de diversas formas, além de o furarem com lança quando já estava na cruz.

3. A figura da beleza.
O candelabro era composto de diversas peças que o adornavam: o pedestal, as hastes, os cálices e as flores que faziam dele uma peça delicada de rara beleza. Esse conjunto quer nos comunicar uma verdade singular: a beleza de Cristo é incomparável.

4. As sete lâmpadas, a figura do Espírito Santo.
Sete lâmpadas: O número 7 simboliza plenitude, totalidade e perfeição. Sobre os sete braços havia sete lâmpadas acesas com fogo. Estas sete lâmpadas simbolizam os sete Espíritos que estão sobre o Messias, o Senhor Jesus Cristo. Isto também se aplica à Igreja, que é o seu Corpo (ver Apocalipse 1.4; 3.1; 4.5; 5.6 e Is 11.1-4).

As sete lâmpadas estando ligadas à cana de ouro batido indicam-nos a obra cumprida por Cristo como a única base de manifestação do Espírito na Igreja. O Espírito Santo não foi dado antes de Jesus ter sido glorificado. (Compare-se João 7.39 com Atos 19.2-6.). Em Apocalipse, capítulo 3, Cristo é apresentado à igreja de Sardo conto aquele que tem os sete espíritos. Quando o Senhor Jesus foi exaltado à destra de Deus, então derramou o Espírito S anto sobre a sua Igreja, a fim de que ela pudesse brilhar segundo o poder e a perfeição da sua posição no lugar santo, a sua própria esfera de ser, de ação e de culto. (C. H. Mackintosh)

Assim como o povo trazia a flor[2] da farinha para que fossem assados os pães, também trazia azeite puro para manter acesas as luzes do candelabro (Êx 25.27, 28; 35.10, 14). De acordo com Zacarias 4.1-4, esse óleo simboliza o Espírito de Deus, e sem o poder do Espírito não podemos glorificar a Cristo (Jo 16.14) nem dar testemunho eficaz de Jesus (At 1.8). “Sem mim”, disse Jesus, “nada podeis fazer” (Jo 15.5).

II. CANDELABRO SEMPRE ACESO
O sacerdote tinha a tarefa de manter acesa a luz desse candelabro. Entre outras coisas, era nisso que consistia a sua tarefa: Manter a luz acesa através da limpeza contínua do candelabro. O propósito do candelabro era iluminar. Ele fornecia luz ao Santuário (Lv 24.2; Nm 8.2,3; 1ª João 1.5; Jo 1.4,9; Jó 33.30 e Ef 5.8). As luzes das sete lâmpadas do candelabro eram mantidas acesas com azeite preparado especialmente para esse fim (Êx 27.20, 21).

1. O candelabro deveria iluminar o Lugar Santo.
O candelabro era a única luz no Lugar Santo. Do mesmo modo, Cristo e sua Igreja representam a única luz. (Mt 5.14. Lc 1.78; Jo 8.12; 2ª Co 4.16, Fp 2.15,16 e 1ª Jo 1.5-7). Não havia luz natural dentro do Santuário (Jo 9.5 e 12.35,36).

Uma vez que não era possível deixar entrar a luz natural externa, o candelabro de ouro era a única fonte de luz no Lugar Santo. Sem ele, os sacerdotes não poderiam realizar seus vários ministérios. Deus quer que ofereçamos a ele adoração inteligente e não ignorante (Jo 4.19-24; At 1 7.22-31; Rm 1.18- 25), e, para isso, precisamos da luz da Palavra de Deus para nos guiar (Sl 1 1 9.105, 130; Pv 6.23).

2. O candelabro deveria permanecer aceso diante do Senhor (Lv 24.1-4; Êx 40.25; 27.21; Ap 4.5).
Nossa luz deve brilhar diante do Senhor e diante do mundo (Mt 5.15,16).

4. O candelabro de ouro deveria iluminar a área ao seu redor (Êx 25.37 e Nm 8.2,3).
Em outras palavras, ele deveria iluminar a si mesmo e aos seus ornamentos. Da mesma forma, o Espírito ilumina os 66 livros da Bíblia, trazendo luz para a Palavra (Sl 36.9; 119.130; Jo 14.26; 16.13,14 e 2ª Co 3.18). Todo o serviço prestado ao Senhor pelo sacerdote era realizado à luz do candelabro (Ap 1.6; 5.9,10 e 1ª Pe 2.5,9).

III. JESUS, A LUZ ETERNA E PERFEITA
O candelabro simbolizava Jesus Cristo, a sua Igreja e cada um de nós.

1. Jesus, a luz do mundo.
No Apocalipse, o Senhor Jesus anda livremente entre os candelabros (Ap 1.12,13). Na descrição do Evangelista, observamos que somente a luz do Cordeiro é capaz de levar os castiçais a refulgirem. Ele é a luz do mundo (Jo 8.12). Portanto, só podemos brilhar se estivermos em perfeita comunhão com o Filho de Deus. Ele veio a este mundo exatamente para iluminar as regiões da sombra e morte (Is 9.2).

2. A Igreja é a luz do mundo.
Aos seus discípulos, o Senhor Jesus foi claro e decisivo: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14). Enquanto Ele estava no mundo, Ele era de fato a luz do mundo (Jo 9.5). Mas após a sua ascensão ao Céu, a missão de iluminar este século passou a ser nossa. E, agora, somos exortados a brilhar não somente como um candelabro, mas como verdadeiros astros (Fp 2.15). Portanto, quanto mais anunciarmos o Evangelho e ensinarmos a justiça divina, mais glorificaremos a Deus com a luz de nosso testemunho e confissão (Dn 12.3).

3. O crente como luz do mundo.
Individualmente, o Senhor Jesus exorta cada crente a agir como luz do mundo (Lc 11.35). A luz da confissão de Estêvão brilhou de tal forma, que os seus algozes viram-lhe o rosto como se fosse a face de um anjo (At 6.15). Apesar de apedrejado, o seu testemunho ainda hoje reluz, legando-nos um exemplo de pureza, fé e coragem. Ele foi de fato, em todas as coisas, como um candelabro reluzente e glorioso nas mãos do Senhor.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
O crente como o sal da terra e a luz (Mt 5.13-16).
“O ‘sal’ é valorizado por dois atributos principais: gosto e conservação. Não perde sua salinidade se é cloreto de sódio puro. Isto nos leva à sugestão do que Jesus quis dizer quando disse [que] os discípulos deixariam de ser discípulos se eles perdessem o caráter de sal. O sal não refinado extraído do mar Morto continha mistura de outros minerais. Deste sal em estado natural o cloreto de sódio poderia sofrer livixiação em consequência da umidade, tornando-o imprestável (Jeremias, 1972, p.169). O ensino rabínico associava a metáfora do sal com sabedoria. Esta era a intenção de Jesus, visto que a palavra grega traduzida por ‘nada mais presta’ tem ‘tolo’ ou ‘louco’ como seu significado radicular. É tolice ou loucura os discípulos perderem o caráter, já que assim eles são imprestáveis para o Reino e a Igreja, e colhem o desprezo de ambos.

No Antigo Testamento ‘luz’ está associada com Deus (Sl 18.28; 27.1), e o Servo do Senhor e Jerusalém estão revestidos com a luz de Deus. O Servo será luz para os gentios, e todas as nações virão à luz de Jerusalém (Is 42.6; 49.6; 60.1-3). É neste sentido de ser luz para as nações que Jesus identifica os discípulos como luz. Esta ideia antecipa a conclusão do Evangelho de Mateus: ‘Portanto, ide, ensinai todas as nações [ou fazei discípulos]’ (Mt 28.19). No capítulo anterior, Mateus identificou Jesus como a ‘grande luz’ de Isaías na Galileia gentia (Mt 4.15,16). Agora os discípulos são chamados para serem portadores da luz (Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.43,44).

IV. MANTENDO A LUZ BRILHANDO CONTINUAMENTE
A fim de que a nossa luz brilhe continuamente, mantenhamos estas três coisas básicas: nossa união com Cristo, nossa comunhão fraternal e nosso testemunho diário.

1. Nossa união com Cristo.
Para reluzirmos como luz do mundo, nossa união com Cristo é imprescindível. O candelabro visto por Zacarias ardia de forma ininterrupta, pois estava ligado a um vaso de azeite, e este, por sua vez, achava-se conectado a duas oliveiras (Zc 4.1-3). Dessa forma, havia um fluxo contínuo de azeite àquele candelabro, que, naquela hora tão difícil para o povo de Deus, brilhava para sempre.

Jesus é a “oliveira”, na qual fomos enxertados (Rm 11.17-24). Unidos a Ele, jamais nos faltará o precioso azeite, para vivermos uma vida plena e vitoriosa (1 Jo 2.20).

2. Nossa comunhão fraternal.
O candelabro, embora se destacasse por seus ricos e variados detalhes, formava uma única peça (Êx 25.31). O mesmo podemos dizer da Igreja de Cristo. Embora formada por membros de várias procedências e origens, constitui um único corpo (1 Co 12.13). Agora, todos somos um em Cristo (Rm 12.5). E, por esse motivo, temos de preservar o vínculo do amor fraternal (Ef 4.3; Cl 3.14). Se nos amarmos como Cristo nos recomenda, seremos conhecidos como seus discípulos (Jo 13.34).

A Igreja, como o candelabro de Cristo, deve ser reconhecida por sua unidade, por seu amor e por sua comunhão no Espírito Santo (2 Co 13.13). Não há luz tão intensa como a comunhão cristã.

3. Nosso testemunho diário.
Nosso testemunho cotidiano não deixa de ser uma expressão profética, pois, de forma veemente, protesta contra o pecado. Lembremo-nos de que o candelabro era adornado por figuras de amendoeiras, nas quais brotavam a luz gloriosa (Êx 25.33). Esta foi a árvore que marcou o chamamento do profeta Jeremias (Jr 1.11,12). Na tipologia profética, ela é árvore despertador, por ser a primeira a florescer na primavera.

Quando o mundo vê o bom testemunho de um cristão, o nome do Pai Celeste é glorificado (Mt 5.16). Nosso testemunho diário está intimamente relacionado à luz. Se for realmente bom, nosso candelabro cumpre fielmente a sua missão. Eis por que cada um de nós deve ser um padrão de boas obras (Tt 2.7).

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Por que a igreja deve se caracterizar pelos pontos distintivos de santidade, de união e de amor?
Para explicar de forma simples, o caráter da igreja deve refletir o caráter de Deus. Devemos ser santos, unidos e amorosos, porque Deus é Santo, é um e é Amoroso. Paulo diz aos coríntios: ‘Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo’ (1ª Co 11.1). Deus pretende expor seu próprio reflexo na igreja. Em geral, observamos isso no capítulo 1 e 2. O evangelho da igreja é a sabedoria de Deus, não a sabedoria do mundo (1ª Co 1.17—2.16). Paulo escreve: ‘Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus’ (2.12). E escreve alguns versículos adiante: ‘Nós temos a mente de Cristo’ (2.16b). Em suma, a obra transformadora do evangelho na vida da Igreja concede-lhe a mente de Cristo e a torna mais semelhante a Deus que ao mundo. E o reflexo d’Ele na Igreja — por meio da proclamação e da vida santa, unida e amorosa — é a exata matéria do testemunho da Igreja. Conforme examinamos cada uma dessas características, observamos que seu fim último não é melhorar a saúde moral da sociedade, embora isso possa ser um subproduto, mas refletir a Deus (DEVER, Mark. A Mensagem do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 187).

CONCLUSÃO. Jesus anda por entre os castiçais. Ele vê nossas obras, sonda nossas intenções e mede a intensidade de nossa luz. Supervisionando-nos, o Senhor remove e tira castiçais (Ap 2.5). Como está a nossa lâmpada? Ela tem de estar rigorosamente limpa, a fim de brilhar intensamente neste mundo tenebroso. Que Deus nos ajude.

Fonte: Lições Bíblicas 3° trimestre de 2018, Adultos – CPAD.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

OFERTAS PACÍFICAS PARA UM DEUS DE PAZ




Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2018 - CPAD | Classe: Adultos

TEXTO ÁUREO
“Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hb 13.15).

VERDADE PRÁTICA
O crente oferece sacrifícios pacíficos a Deus quando pratica e semeia a paz do Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 7.11-21: E esta é a lei do “sacrifício pacífico que se oferecerá ao SENHOR. 12 - Se o oferecer por oferta de louvores, com o sacrifício de louvores, oferecerá bolos asmos amassados com azeite e coscorões asmos amassados com azeite; e os bolos amassados com azeite serão fritos, de flor de farinha. 13 - Com os bolos oferecerá pão levedado como sua oferta, com o sacrifício de louvores da sua oferta pacífica. 14 - E de toda oferta oferecerá um deles por oferta alçada ao SENHOR, que será do sacerdote que espargir o sangue da oferta pacífica. 15 - Mas a carne do sacrifício de louvores da sua oferta pacífica se comerá no dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até ŕ manhã. 16 - E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte. 17 - E o que ainda ficar da carne do sacrifício ao terceiro dia será queimado no fogo. 18 - Porque, se da carne do seu sacrifício pacífico se comer ao terceiro dia, aquele que a ofereceu não será aceito, nem lhe será imputado; coisa abominável será, e a pessoa que comer dela levará a sua iniquidade. 19 - E a carne que tocar alguma coisa imunda não se comerá; com fogo será queimada; mas da outra carne qualquer que estiver limpo comerá dela. 20 - Porém, se alguma pessoa comer a carne do sacrifício pacífico, que é do SENHOR, tendo ela sobre si a sua imundícia, aquela pessoa será extirpada dos seus povos. 21 - E, se uma pessoa tocar alguma coisa imunda, como imundícia de homem, ou gado imundo, ou qualquer abominação imunda, e comer da carne do sacrifício pacífico, que é do SENHOR, aquela pessoa será extirpada dos seus povos.”

OBJETIVO GERAL
Compreender que o crente oferece sacrifícios pacíficos a Deus quando pratica e semeia a paz do Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I.      Mostrar a excelência da oferta pacífica;
II.     Discutir a respeito da oferta pacífica na história sagrada;
III.    Compreender a oferta pacífica na vida diária.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor (a), na lição de hoje estudaremos as ofertas pacíficas. Veremos a beleza desse sacrifício no culto levítico, os tipos e o objetivo de tais ofertas. Em geral tais sacrifícios eram realizados como forma de gratidão por algum favor recebido, como por exemplo, a cura de alguma enfermidade. Mediante a gratidão a comunhão com Deus era fortalecida e renovada. Sejamos gratos a Deus pelo que Ele é e por tudo que tem feito por nós, oferecendo nossas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável.

INTRODUÇÃO
Adoramos a Deus com ofertas pacíficas quando nos apresentamos diante dEle com o propósito de render-lhe graças por todas as bênçãos recebidas. Com tal atitude, honramos o Senhor com um culto racional, agradável e vivo.
Nesta lição, veremos que, das cinco ofertas prescritas no livro de Levítico, a mais excelente em voluntariedade era a pacífica, pois tinha como objetivo aprofundar a comunhão entre Israel e Deus. Ao aproximar-se do Senhor, com tal oferta, o crente do Antigo Testamento manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu único almejo era agradecê-lo por todos os benefícios recebidos (Sl 103.1,2).

Em Levítico 7.11-21, estão as instruções para sacerdotes a respeito dos sacrifícios pacíficos, citados em Levítico 3). As ofertas pacíficas eram acompanhadas de expressões de gratidão. Esta oferta enfatizava a comunhão da aliança. A oferta de paz é a única oferta na qual o adorador tem permissão de participar. Depois que o sacerdote havia completado o sacrifício, uma parte considerável da carne ficava para ele, mas o resto era entregue ao ofertante, que podia, desse modo, desfrutar um banquete com sua família e amigos. Uma vez que os israelitas não abatiam seus valiosos animais com frequência para usar a carne, uma refeição de carne bovina ou de cordeiro era uma ocasião especial. Na consagração do templo de Salomão, 142 mil animais foram sacrificados como ofertas pacíficas, e o povo banqueteou por duas semanas (1º Rs 8.62-66).

I. AS OFERTAS PACÍFICAS (Lv 3.1-17; 7. 11-21)
1. O conceito de oferta pacífica.
A oferta pacífica simboliza a paz e a comunhão entre o verdadeiro adorador e Deus. Simbolizava o fruto de reconciliação redentora entre o pecador e Deus (2º Co 5.10).
·        Essas ofertas eram chamadas “ofertas de comunhão” porque eram oferecidas por aqueles que estavam em paz com Deus e queriam expressar sua gratidão, obrigações e/ou comunhão com ele. Não havia regulamento que especificasse um momento para essa oferta, exceto no Pentecoste (Lv 23.20), por isso eram apresentadas espontaneamente, de acordo com a motivação do adorador (Lv 19.5).

O ritual era o mesmo que o das ofertas pelo pecado (Lv Lv 4.1-5.13; 6.24-30; 8.14-17; 16.3-22), exceto pelo fato de que todo o sangue tinha de ser derramado sobre o altar, como na oferta pela culpa e na oferta queimada.

A gordura era queimada; o peito e as coxas eram guardados pelos sacerdotes, para consumo próprio; o restante da carne era comido no santuário pelo sacrificador, seus amigos e família (7.15,16,30-34; Dt 12.1,17-18). Sempre acompanhava esse sacrifício uma oferta de carne e líquido. A refeição denotava a comunhão existente entre o adorador e Deus e era símbolo e garantia de amizade e paz com ele.

2. Havia três tipos de ofertas pacíficas (de comunhão)
As ofertas de louvor, as ofertas oferecidas em cumprimento de um voto e as ofertas voluntárias. Para todos os três tipos, bois, ovelhas e cabritos de qualquer espécie poderiam ser oferecidos (Lv 3.1,6,12).

a) Oferta pacífica como um ato de gratidão (ação de graças) (Lv 7.12-15; 22.29; 2º Cr 29.31; Jr 17.26).
·         Gratidão por livramentos.
·         Resposta de oração.
·           Curas.
Era oferecido por benefícios recebidos de Deus. O Salmo 107.22 fala de tal sacrifício feito depois da libertação de situações de perigo.

b) Oferta pacífica associada a um voto (Lv 11.16,17).
·         Referente a um favor passado ou futuro, ou seja, “em cumprimento a uma promessa feita a Deus em troca de algum favor especial solicitado em oração; por exemplo, proteção durante uma viagem perigosa”.

c) Oferta voluntária (Lv 7.16) - Esse tipo de oferta exprimia devoção, agradecimento e dedicação. E também podia ter a forma de uma oferta queimada (Lv 22.17-20). Ver Lv 7.16 e 22.18-23 quanto às ofertas voluntárias, com esse propósito.

·        Os animais não podiam ter defeito, exceto no caso da oferta voluntária, em que animais com um membro mais curto ou mais comprido eram permitidos (Lv 22.23). As ofertas de comunhão também eram oferecidas em ocasiões de grande solenidade e alegria pública.

A refeição da sacrifício pacífico, era mais do que só desfrutar boa comida e comunhão com pessoas queridas. Também expressava com alegria as ações de graça do adorador pelo fato de estar em paz com Deus e em comunhão com o Senhor.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO (Levítico 7) 1
A oferta pacífica era feita por meio do sacrifício de animais (Lv 3). Porém, aqui o texto esclarece que essa oferta vinha acompanhada de certos tipos de bolos (ou pães) apresentados nos versículos 12 e 13. 0 ofertante deveria trazer um bolo por oferta a ser entregue ao sacerdote oficiante (v. 14).

A carne do sacrifício de ação de graças tinha de ser consumida no mesmo dia (v. 15), ao passo que a carne da oferta por voto e da oferta voluntária poderiam ser consumidas naquele dia e no dia seguinte (v. 16). O que sobrasse após o segundo dia deveria ser queimado (v. 17). Comer as sobras no terceiro dia era coisa abominável, e o indivíduo que fizesse isso não seria “aceito”, isto é, seria excomungado da comunidade, ou seus privilégios como participante do povo de Deus seriam revogados. “Isso nos mostra”, “que a comunhão com Deus deve ser sempre renovada.

II. CRISTO, O NOSSO SACRIFÍCIO PARA UM DEUS DE PAZ
Apesar de os sacrifícios dos animais não terem poder para remover o pecado nem para mudar o coração humano, apontavam para o sacrifício perfeito, Jesus Cristo (Hb 10.1-15). Ele é o sacrifício por nossos pecados (Is 53.4-6, 12; Mt 26.28; 2ª Co 5.21; 1ª Pe 2.24).
   
1. Cristo fez a pai entre o homem e o seu criador
“E que, havendo feito a paz quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós outros também que outrora éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas” (Cl 1.20,21). Ele também proclamou a paz, conforme Efésios 2.17: “E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe, e paz também aos que estavam perto". “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade” (Ef 2.14).

2. O preço da paz (Levítico 3.2.3).
“Imporá a mão sobre a cabeça da vítima e imolará à entrada da tenda da reunião”. Depois os sacerdotes derramarão o sangue em torno do altar. O sangue e a gordura eram ofertados ao Senhor e jamais deviam ser usados como alimento comum. A nossa paz custou o sangue de Jesus.

Na cruz, Jesus Cristo pagou o preço pela reconciliação com Deus (2ª Co 5.16-21) e pela paz com Deus (Cl 1.20) por todos aqueles que crerem nele, e podemos ter comunhão com Deus e com os outros cristãos por causa do sangue que ele derramou (1ª Jo 1.5-2.2).

3. Os resultados da paz com Deus.
Como resultado do sacrifício pacífico de Cristo, temos acesso às ricas provisões divinas: “O sacerdote queimará a gordura no altar, e o peito ficará para Arão e seus filhos. Dareis também ao sacerdote a coxa direita, como tributo de vossos sacrifícios pacíficos” (Lv 7.31,32).

·         O peito indica provisão de amor. Uma das mais belas descrições do amor de Jesus por seus discípulos temos em João 13.1: “Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.
·         A coxa indica provisão de poder para o crente: “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. O apóstolo Paulo afirma: "Tudo posso naquele que me fortalece” (Mt 28.18: Fl 4.13). Em nossa comunhão com o Pai nos alimentamos dos afetos e do poder de Jesus Cristo.

4. O crente e o seu sacrifício pacífico diário.
Em vez de trazer animais, nos apresentamos diante de Deus por meio de Jesus (Hb 4.14-16) para lhe oferecer “sacrifícios de ações de graças” (SI 116.17) e o "sacrifício de louvor'' (Hb 13.15) com um coração puro e grato por suas misericórdias.

Ø  Salmos 116.17: “Oferecerei a ti um sacrifício de ação de graças e louvarei o nome do Senhor”( NVT).

Ø  Hebreus 13.15: “[...] por intermédio dele (ou seja Cristo), oferecemos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu Nome (BKJ)”.

Ø  Romanos 12.1: “Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adorá-lo (NVT)”.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO 2
Em todas as ofertas de animais, o sangue era derramado e tirava-se a vida, o que significava que, sem derramamento de sangue, não há remissão de pecado (17.11; Mt 26.28; Cl 1.20; Hb 2.9-18; 9.11-28; 1ª Pe 1.18-23; 2.24).

AS OFERTAS DE ALIMENTOS
Nas ofertas de alimento não se podia oferecer nem fermento nem mel junto com o alimento, pois ambos provocam fermentação, o primeiro estágio da deterioração (2.11; 1ª Co 5.8).
O sal era permitido porque, sendo o oposto do fermento, era símbolo de pureza, permanência e conservação da vida. Também se usava o sal para selar uma aliança, significando que ela deveria promover união e ser permanente.

Jesus supre todas as nossas necessidades. Ele é nosso holocausto, e devemos nos entregar inteiramente a ele. Ele é nossa oferta de manjares, o grão moído e queimado para que possamos ter o pão da vida, sendo que devemos nos alimentar dele. Ele é nossa libação derramada em sacrifício e serviço, por isso devemos derramar nossa vida por ele e por outros. Ele é nosso sacrifício pacífico, tornando a vida um banquete de alegria em vez de dolorosa fome. Ele é nosso sacrifício pelos pecados e nossa oferta de culpa, pois carregou nossos pecados em seu corpo (1ª Pe 2.24) e pagou todo o preço por nossas transgressões (1ª Pe 1.18, 19).

Voto - Uma promessa feita a Deus para ser cumprida em um momento posterior, em geral no contexto de adoração ou prática religiosa. Não havia exigências para que os israelitas fizessem votos, todavia, uma vez feitos, eles eram uma obrigação e deviam ser mantidos.
Gênesis 28.20-22; Deuteronômio 23.21-23; Salmos 22.25; 50.14; Provérbios 20.25; Naum 1.15.