Lv
24.5-9:
“Também tomarás da flor de farinha, e dela cozerás
doze pães; cada pão será de duas dízimas de um efa. 6 E os porás em duas
fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o SENHOR. 7 E sobre
cada fileira porás incenso puro, para que seja, para o pão, por oferta
memorial; oferta queimada é ao SENHOR. 8 Em cada dia de sábado, isto se porá em
ordem perante o SENHOR continuamente, pelos filhos de Israel, por aliança
perpétua. 9 E será de Arão e de seus filhos, os quais o comerão no lugar santo,
porque uma coisa santíssima é para eles, das ofertas queimadas ao SENHOR, por estatuto
perpétuo.
INTRODUÇÃO.
Nesta lição estudaremos sobre mais um
elemento presente no Tabernáculo, os pães da proposição; destacaremos a relação
desse elemento com a mesa presente no Lugar Santo e suas características; e por
fim, pontuaremos significados simbólicos dos pães da proposição à luz das
Escrituras.
I.
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS PÃES DA PROPOSIÇÃO
1.
Definição.
No hebraico há duas expressões diferentes que se traduz por “pão da
proposição”; a primeira significando: “pães do arranjo, pães da fileira”,
aludindo à forma em que eram expostos sobre a mesa (1ª Cr 9.32; 23.29; Ne
10.33), e uma outra é: “pães da presença ou pães do rosto”. A palavra
proposição nesse contexto tem o sentido de “presença”, visto que os pães
estavam sempre “diante do Senhor” (Êx 25.30; 35.13; 39.36; Nm 4.7; 1º Sm. 21:6;
1º Rs 7.48; 2º Cr 4.19; 13.11; Mt 12.4; Mc 2.26; Lc 6.4; Hb 9.2).
As Escrituras utilizam-se de várias
expressões para se referir a esse elemento do santuário: 1.1. “Pães da
proposição” (Êx 25.30).
1.2. “Doze pães” (Lv 24.5-7).
1.3. “Pão contínuo” (Nm 4.7; 2Cr 2.4).
1.4. Pão sagrado” (1º Sm 21.4), e, (e)
“pão de Deus” (Lv 21.21).
1.5. “Pão de Deus” (Lv 21.21).
2.
Composição.
Os coatitas estavam encarregados da confecção dos pães da proposição e dos cuidados
com os mesmos (1º Cr 9.32; 23.28,29). Cada pão era feito de farinha finíssima,
ou seja, a farinha de trigo da melhor qualidade. Sobre a estrutura dos pães da
proposição, se é dito que cada um dos doze pães tinham o peso de dois décimos
de um efa de farinha de trigo (isso equivalia a dois quilos), o que significa
que os pães eram grandes”.
A Bíblia na Nova Versão na Linguagem de
Hoje (NTLH) traz muito bem esta informação: “Doze pães, cada um pesando dois
quilos, deverão ser feitos da melhor farinha”. “Cada pão tinha cerca de 75 cm
de comprimento, metade disso quanto à largura, e cerca de 12,5 cm de altura” (CHAMPLIN,
2001, p. 573).
3.
Localização.
Ao entrar no Lugar Santo, os pães da proposição encontravam-se à direita de
quem entra, para o lado norte, sobre uma mesa (Êx 26.35). Os pães eram postos
um sobre o outro, formando duas pilhas (colunas) de seis pães cada uma (Êx
25.30; 40.23; Lv 24.6). Os pães ficavam expostos durante uma semana e, então,
aos sábados, eram removidos e substituídos, e por fim, consumidos pelos
sacerdotes, dentro do santuário (Lv 24.8,9) (CHAMPLIN, 2001, p. 9).
4.
Propósito.
Da mesma maneira que o azeite era importante para que o candeeiro produzisse
luz, e assim como o incenso era elemento imprescindível para o altar do
incenso, assim também, os pães da proposição eram tidos como memorial da
provisão divina (Lv 24.7,8), da necessidade diária de pão e a contínua
dependência do povo da provisão de Deus para as necessidades espirituais e
físicas. Não só a presença contínua de Deus estava assim simbolizada, mas
também o fato dessa gloriosa presença ser considerada mais vital do que o
próprio pão (Êx 33.15; Dt 8.3).
3.
A simbologia dos pães.
II.
A MESA DA PROPOSIÇÃO
As Escrituras chamam esta mesa por
diferentes nomes: (a) mesa dos pães da proposição (Êx 25.30); (b) mesa de madeira
de acácia (Êx 25.23; 37.10); (c) mesa pura (Lv 24.6); (d) mesa de ouro (1Rs
7.48). Vejamos ainda algumas informações adicionais a respeito desse móvel do
santuário:
1.
Modelo e estrutura.
O AT declara que o modelo para a construção desta mesa foi concedido por
revelação divina (Êx 25.23-30). Nada foi construído pela mente ou imaginação
dos construtores. Para a fabricação deste móvel também são destacados os
materiais específicos a serem usados e o tamanho exato que a mesa deveria ter. Era
feita de madeira de acácia ou cetim revestida de ouro, e tinha dois côvados de
comprimento (90 cm), um côvado de largura (45 cm) e, um côvado e meio de altura
(70 cm), revestida ao redor com ouro puro e uma moldura de ouro em volta (Êx
37.10-12). Depois de pronta, foi consagrada pela unção com óleo (Êx 30.23-27),
e colocada no lado norte do Lugar Santo, de frente ao candelabro de ouro, de
modo que a luz do candeeiro iluminava o pão e a mesa (Êx 26.35).
2.
Seus utensílios.
Para a ministração na mesa da proposição, Deus estabeleceu a fabricação de
alguns utensílios, que deveriam ficar sobre ela: “Também farás os seus pratos,
e os recipientes para incenso, e as suas galhetas, e as suas taças em que se
hão de oferecer libações; de ouro puro farás” (Êx 25.29 – ARA).
Os pratos serviam para colocar os pães;
as colheres eram cálices para colocar o incenso sobre os pães, identificando-o
como sacrifício (Lv 24.7). As galhetas (tigelas) e as taças (copos), eram para
armazenar e despejar o vinho (não alcoólico) em oferta de libação. Todos estes
utensílios eram feitos de ouro puro (BEACON, 2010, p. 208 – acréscimo nosso).
3.
Seu transporte. Quando
o tabernáculo era transportado durante as jornadas dos israelitas pelo deserto,
a mesa dos pães da proposição era levada, com seus pratos, recipientes de
incenso, as taças e as galhetas (Nm 4.5-8). A parte superior da mesa descansava
sobre uma armação, e em volta dela havia uma coroa ou moldura de ouro,
projetando-se sobre a parte de cima para impedir que os objetos caíssem dela.
Na mesa havia ainda, uma argola em cada esquina para permitir que ali fossem
introduzidas os varais, a fim de transportar a mesa (Êx 25.23-28).
III.
OS PÃES DA PROPOSIÇÃO E SUA SIMBOLOGIA
Todos os utensílios do Tabernáculo, como
o sistema levítico por inteiro, além de possuir uma realidade presente (aspecto
didático), também existiam realidades futuras (aspecto profético) que apontavam
para Cristo (Rm 15.4; Cl 2.17; Hb 10.1). Vejamos alguns desses simbolismos do
pães da proposição:
1.
A provisão divina.
Esses pães apontam para algumas lições que Deus intentava deixar claro para seu
povo sobre depender inteiramente d’Ele:
1.1. Uma lembrança ou um memorial de que
Deus habita no meio de seu povo e provê seu pão diário (Sl 136,25; Mt 6.25-33),
da mesma forma como proveu o maná para alimentar as doze tribos no deserto (Êx
25.8; 16.11-21; Lv 24.7; Is 63.9).
1.2. Sua reposição regular simboliza o
compromisso do povo de ser leal a Deus e sua gratidão pela provisão divina
constante (Lv 24.8,9).
1.3. Uma vez que os sacerdotes se
alimentavam dos pães substituídos (Lv 24.8,9), fica evidente mais uma vez, o
princípio bíblico do sustento do ministro de Deus, que vive para o serviço
integral do santuário (Lv 6.26; 7.6; 1ª Co 9.9-11; 1ª Tm 5.18; Dt 25.4; Lc
10.7).
2.
Consagração a Deus.
Outro simbolismo da mesa com os pães é a consagração total do cristão a Deus,
visto que o pão da proposição estava “continuamente na presença do Senhor” (Lv
24.6). O dever do crente é viver continuamente na presença de Deus, para consagrar
toda a sua vida ao serviço do Senhor (Lv 24.7; Rm 12.1). Esta consagração
resulta de um melhor entendimento do que Jesus Cristo fez pelos pecadores e uma
compreensão melhor da grandeza do amor de Deus.
Quem se alimenta de Sua Palavra (Jo
6.32-35), melhora sua comunhão com Deus e progride na consagração (1ª Co 5.8; 1ª
Pd 2.2).
3.
A Palavra de Deus.
Os pães da proposição simbolizavam a presença sempre providencial de Deus no
meio de Seu povo (Jr 32.38). Desta forma, os israelitas deveriam saber que o
homem não vive só de pão, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus (Mt
4.4). Quanto ao pão estar acompanhado de incenso, significa isso que a presença
do Senhor sempre vem acompanhada pelas orações dos santos (Ap 5.8; 8.3,4).
Os pães da proposição, ou da presença,
representam ainda a Palavra de Deus, que, através do Evangelho, alimenta o
mundo faminto (Jo 1.1).
A Palavra de Deus é comparada ao pão
diário, ao alimento espiritual (1ª Pd 2.2) sendo ela a provisão para as
necessidades espirituais do homem (Mt 4.4; Dt 8.3), dando-nos nutrientes
necessários para nosso crescimento espiritual (2Tm 2.16,17).
4.
Uma tipologia de Cristo. Assim como os demais utensílios do tabernáculo, os
pães da proposição também apontam tipologicamente para o Senhor Jesus Cristo.
Vejamos:
4.1.
Sua perfeição moral.
Como o pão da proposição não tinha em sua composição o fermento (JOSEFO apud CHAMPLIN,
2001, p. 419), símbolo da corrupção moral (Mt 16.11; Mc 8.15; 1ª Co 5.6-8; Gl
5.9), serve como figura da pureza de Jesus. Semelhantemente Cristo o pão da
vida é perfeito e santo tanto em seu caráter como em seu ser (Lc 1.35), e embora
em tudo tenha sido tentado, Ele não conheceu e nem tinha pecado (2Co 5.21; Hb
4.15. um cordeiro imaculado e incontaminado (1ª Pd 1.19).
4.2.
Seu sofrimento.
Para a preparação do pão da proposição, foi usada da melhor farinha obtida de
grãos inteiros do trigo. Para que esse trigo se tornasse adequado, ele tinha
que ser triturado até se tornar pó finíssimo. Por essa razão, o processo pelo
qual o trigo foi submetido representa as tribulações, tentações e sofrimentos
do Senhor Jesus Cristo, que
como trigo, foi moído (Is 53.7,10),
sendo Ele o nosso pão da vida (Jo 12.24). Não menos importante, para o pão
servir de alimento precisava ser assado (Lv 24.5). Sendo também esse processo
uma alusão ao intenso sofrimento do Filho de Deus no Calvário (Mt 3.11; Lc
3.16; Hb 9.14; 12.29).
4.3.
Sua mediação. O
fato de serem doze pães sobre a mesa, todo Israel estava sendo diante de Deus
representado. Não importava em que parte do acampamento os israelitas
estivessem, deviam lembrar-se de que sua tribo estava representada sobre a mesa
de ouro no Lugar Santo. Cristo, como o pão da vida nos representou diante do
Pai, como sacrifício expiatório (Is 53.4-6), e diante de Deus o Pai é o nosso Advogado
(1ª Jo 2.1,2), e intercessor (Rm 8.34; Hb 9.24).
4.4.
A provisão da salvação. Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.48), que se fez carne
para morrer por nossos pecados (Jo 6.38,51), que sustenta os homens também no
âmbito espiritual (1ª Pd 2.9; Ap 1.6). O pão da proposição prefigura o grão de “trigo”
(Jo 12.24), que foi sujeitado ao fogo do julgamento divino em lugar dos homens
(Jo 12.32,33). Cristo é o nosso pão espiritual, descido do céu (Jo
6.33,38,50,58), que provisionou a toda humanidade (Jo 3.16) através da fé em
sua morte e ressurreição (Ef 2.8; 1Pd 1.21), a vida eterna: “Na verdade, na
verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47; ver
6.54-58).
CONCLUSÃO.
O simbolismo dos pães da proposição se
cumpre em Cristo e sua Igreja, tanto no aspecto pessoal como coletivo.
Ele é o nosso alimento espiritual, nossa
porção que nos satisfaz plenamente em todas as áreas da vida da humana.
FONTE
DE PESQUISA
1.
Andrade
de Claudionor. Lições bíblicas. 3º trimestre 2018. CPAD.
2.
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
3.
HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
4.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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