LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico
16.12,13; Apocalipse 5.6-10
Lv 16.12: “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do
altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído
e o meterá dentro do véu. 13 E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e
a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para
que não morra.”
Ap 5.6: “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro
animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e
tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a
toda a terra. 7 E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no
trono. 8 E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro
anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de
ouro cheias de incenso, que são as oraões dos santos. 9 E cantavam um novo
cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque
foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e
língua, e povo, e nação; 10 e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e
eles reinarão sobre a terra.”
INTRODUÇÃO. Nesta lição falaremos de um dos móveis que estava no lugar
santo do tabernáculo: o altar de incenso. Destacaremos detalhes a respeito
deste utensílio e sua finalidade; trataremos ainda sobre o incenso e o seu
devido uso; por fim, finalizaremos mostrando que há um altar de incenso no céu,
para onde vão as orações dos santos.
- No
Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se
podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote
entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado
exclusivamente àquela ocasião.
- Hoje,
o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações,
súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a
entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos,
oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13).
I. O ALTAR DE OURO: UM IMPORTANTE
UTENSÍLIO DO TABERNÁCULO
Deus
revelou como deveria ser o tabernáculo com os seus móveis a Moisés no monte (Êx
25.9,40; 26.30). No entanto, para fabricação destes móveis, Deus capacitou,
pelo Espírito Santo, a Bezalel e a Aoliabe (Êx 31.1-6). Um destes móveis
construídos foi o altar de incenso (Êx 30.1). Abaixo destacaremos
especificamente algumas coisas a respeito do altar de ouro. Vejamos:
1. O Lugar Santo.
No
Lugar Santo, ficavam três mobílias: o candelabro, à esquerda de quem entrava; a
mesa dos pães da proposição, à direita; e, no limiar, entre o Lugar Santo e o
Santíssimo, bem em frente ao véu que os separava, estava o altar do incenso (Êx
26.35).
Há
algo muito importante que devemos considerar. Embora o altar de incenso
estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Santo dos
Santos juntamente com a arca da aliança (Hb 9.1-10).
2. O altar do incenso.
Deus
mostrou a Moisés que este altar deveria ser:
1.1.
De madeira de acácia (Êx 30.1).
1.2.
Com um formato “quadrado” ou “quadrangular” e precisas medidas que equivalem a
“45 cm de largura e 90 cm de altura” (Êx 30.2).
1.3.
Forrado de “ouro puro” completamente (Êx 30.3).
1.4.
Deveria ter “quatro pontas”, uma em cada canto (Êx 30.2).
1.5.
Duas argolas nos cantos, para receber os varais e ser transportado junto com o
tabernáculo, quando necessário (Êx 30.4; 37.25-27).
1.6.
Uma moldura (coroa) desenhada a volta do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b).
3. Localização (Êx 30.6). Diferente do altar do holocausto que ficava no pátio do
tabernáculo, o altar de incenso ficava no interior deste, precisamente no
“lugar santo”, em frente ao véu que dava acesso ao santíssimo lugar: “E o porás
diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório
[…]” (Êx 30.6). O altar do incenso relacionava-se mais estreitamente com o
lugar santíssimo do que com os demais móveis do lugar santo. É descrito como o
altar “que está perante a face do Senhor” (Lv 4.18). A localização deste
utensílio era tão próxima do Lugar Santíssimo, que fez o escritor aos hebreus
considerá-lo como pertencente a este (Hb 9.3,4).
4. A cerimônia.
O
incenso só podia ser queimado com as brasas do altar de bronze (Lv 16.12). E,
já de posse destas, o sacerdote aproximava-se do altar de ouro para queimar o
incenso no altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso cobria o
propiciatório, mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13).
Observemos
que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de passar,
necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue de
Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12).
5. Finalidade (Êx 30.7-10). O altar de ouro foi construído para que unicamente nele se
queimasse incenso ao Senhor (Êx 30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido
incenso estranho nem ofertas de sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez
no ano, o altar do incenso era purificado com sangue de um sacrifício oferecido
no altar do holocausto (Êx 30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro
para oferecer incenso no tempo aprazado (Êx 30.7,8). Era neste altar que Deus
se encontrava particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso
(Êx 30.6-b).
II. O INCENSO SAGRADO PARA SER
QUEIMADO NO ALTAR DE OURO
O
incenso era feito de uma substância aromática que, quando era queimada, exalava
um odor agradável. Abaixo destacaremos alguns detalhes sobre o incenso.
Notemos:
1. Quem podia oferecer o incenso
(Lv 2.2). Somente os sacerdotes
estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8).
Com a multiplicação do número de sacerdotes, havia uma escala para a queima do
incenso (Lc 1.9-a). Quando o rei Uzias intentou queimar incenso, assumindo a
função sacerdotal, foi ferido com lepra pelo Senhor (2 Cr 26.19). Aqueles que
tentaram usurpar a função sacerdotal da oferenda de incenso foram punidos com a
morte, como o caso de Corá, Datã e Abirão (Nm 16.31-33), ou com doenças, como
Uzias (2Cr 26.19), e até mesmo os sacerdotes que ofereceram incenso
indevidamente foram mortos (Lv 10.1,2). Enquanto o sacerdote entrava no Lugar
Santo para queimar o incenso, o povo ficava do lado de fora do tabernáculo ou
do templo em oração (Lc 1.9-b).
2. O tempo da queima do incenso (Êx
30.7,8). Haviam tarefas diárias
no tabernáculo para o sacerdote, e uma delas era a queima do incenso, que
deveria ocorrer pela manhã (Êx 30.7), e novamente à tarde (Êx 30.8). No Dia da
Expiação, o sumo sacerdote oferecia o incenso composto em um incensário sobre a
Arca (Lv 16.12,13).
3. A composição do incenso (Êx
30.34-36). O incenso
destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era de uso
exclusivo do Senhor (Êx 30.38). O incenso que era oferecido ao Senhor era
composto de ingredientes especiais, a saber: “estoraque, e onicha, e gálbano”
(Êx 30.34). Estas especiarias aromáticas deviam ser moídas junto com incenso
para ser queimado no altar de ouro, coisa santíssima era (Êx 30.36). A receita
do perfume não constituía nenhum segredo. Todavia, se alguém o reproduzisse
para uso profano seria punido severamente.
4. Advertências acerca do incenso
(Êx 30.37,38). O povo de
Israel, foi orientado a não reproduzir o incenso do culto levítico, pois este
era santo, ou seja, separado exclusivamente para o Senhor (Êx 30.37), e aquele
que tentasse fabricar essa especiaria para cheirar, deveria receber como
punição a morte: “o homem que fizer tal como este para cheirar, será extirpado
do seu povo” (Êx 30.38). Outra forma condenável de queimar incenso também era
quando o povo o fazia a outros deuses e não ao Senhor (Jr 44.5,8,15,17; Os
2.13).
IV. O ALTAR DE OURO E O INCENSO E
SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Quando
Deus ordenou a Moisés que construísse o tabernáculo conforme o modelo que lhe
foi mostrado no monte (Êx 25.9,40; 26.30), o escritor aos hebreus disse que o
tabernáculo terrestre é uma figura do tabernáculo celeste (Hb 8.5). O apóstolo
João confirmou essa interpretação, no livro do Apocalipse, quando foi
arrebatado ao céu viu um altar de incenso perante o Senhor: “E veio outro anjo,
e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito
incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro,
que está diante do trono” (Ap 8.3). Tradicionalmente, o incenso é o símbolo da
oração, do louvor (Lv 16.12,13; Sl 141.2; Lc 1.9,10). Como o incenso é colocado
no altar pelo homem, e ao queimar, sobe até Deus. Da mesma forma, nossas
orações começam em nosso coração e ascendem aos céus até Deus. Abaixo destacaremos
algumas aplicações sobre o incenso na vida cristã:
1. Quem pode oferecer o incenso. Na Antiga Aliança apenas os descendentes de Arão estavam
habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8; Lv 1.9).
Na Nova Aliança a igreja é chamada de “o sacerdócio real […]” (1ª Pd 2.9). E,
cada crente foi feito sacerdote (Ap 1.6; 5.10). Portanto, podemos entrar na
presença de Deus para lhe oferecer incenso que é o louvor e a oração que sobem
a Sua presença como cheiro suave (Sl 141.2).
2. O tempo da queima do incenso. O incenso deveria ser queimado pela manhã pela tarde (Êx
30.8). Isso nos ensina que a oração deve ser uma prática diária, sem cessar (Lc
18.1; Rm 12.12; Ef 6.18; Cl 4.2; 1 Ts 5.17).
3. A composição do incenso. Cada uma das especiarias que compunha o incenso sagrado (Êx
30.34-35) nos transmite verdades espirituais acerca da adoração e da oração.
Vejamos:
3.1. O estoraque. O estoraque era uma resina extraída sem precisar fazer
incisão, ou seja, um corte. Ela brotava do arbusto espontaneamente.
Aplicação:
A adoração, a oração e o louvor que prestamos a Deus deve ser voluntário e não
forçado (Sl 54.6; 119.108).
3.2. A onica ou onicha. Uma substância extraída de certos tipos de moluscos, e que
emite um aroma forte e penetrante, quando queimado. O mar Vermelho exibe várias
espécies desse molusco.
Aplicação:
A adoração, a oração e o louvor não podem ser superficiais (Is 29.13; Jl 2.13),
mas devem partir do mais profundo da nossa alma (Sl 42.1; 103.1,2; 130.1).
3.3. O gálbano. O gálbano é um arbusto do deserto. Para ser extraído suas
folhas deviam ser moídas e quebradas.
Aplicação:
A adoração, a oração e o louvor deve brotar de um coração quebrantado e
contrito (Sl 34.18; 51.17).
4. Advertências acerca do incenso. As restrições quanto ao uso do incenso sagrado nos transmite
as seguintes lições:
4.1. Não podemos adorar a nós
mesmos. A palavra “autolatria”
é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”.
Logo, “autolatria” significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria
também é conhecida como “egolatria”. Encontramos alguns exemplos na Bíblia,
tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14), o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30;
5.5.18-21) e Herodes (At 12.21-23).
4.2. Não podemos adorar a ídolos. No Decálogo, os dois primeiros mandamentos são contrários
diretamente à idolatria (Êx 20.3,4; Dt 5.6-8). Esta ordem foi repetida em
outras ocasiões (Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2º
Rs 17.35,37,38). O Senhor Deus ordenou também a destruição dos ídolos das
nações que habitavam na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3). A
Palavra de Deus nos revela que quem oferece sacrifícios aos ídolos, oferece aos
demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2º Cr 11.15; Sl 106.37; 1ª Co 10.20,21).
4.3. O louvor e a adoração
pertencem unicamente ao Senhor.
O louvor como forma de adoração deve ser prestado unicamente a Deus (Lv 22.29;
Dt 10.21; Sl 150.6; Is 42.8). A Bíblia aponta diversos motivos devemos louvar
ao Senhor. Vejamos alguns:
(a)
Sua majestade (Sl 96.1,6).
(b)
Sua glória (Sl 138.5).
(c)
Sua excelência (Sl 148.13).
(d)
Sua grandeza (Sl 145.3).
(e)
Sua bondade e Suas maravilhas (Sl 107.8).
(f)
Sua fidelidade (Sl 89.1).
(g)
Sua longanimidade e veracidade (Sl 138.2).
(h)
Sua salvação (Sl 18.46).
(i)
Suas maravilhosas obras (Sl 89,5).
(j)
Suas consolações (Sl 42.5).
(l)
Seus juízos (Sl 101.1).
(m)
Seus conselhos eternos (Sl 16.7).
(n)
Sua proteção (Sl 71.6).
(o)
Seu livramento (Sl 40.1-3).
(p)
Porque Ele é digno (Sl 145.3).
(q)
por sua resposta às orações (Sl 28.6).
(r)
porque Ele perdoa pecados (Sl 103.1-3).
(s)
Porque Ele é bom (Sl 106.1).
(t)
porque é bom louvar ao Senhor (Sl 92.1).
V. AS ORAÇÕES DOS SANTOS
As
orações dos santos, qual incenso precioso, são inimitáveis em seus efeitos. Eis
por que não podemos relaxar quanto à nossa comunhão com Deus.
1. A receita para uma oração
perfeita: nosso incenso.
O
Senhor Jesus, no Sermão da Montanha, entregou a seus discípulos o modelo de uma
oração perfeita (Mt 6.9-13). Ele exorta-nos também a não imitarmos os gentios e
hipócritas, pois estes imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos (Mt
6.7).
Portanto,
fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com o Pai
Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no trono
da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos
santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio
do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26).
Nossas
orações sobem a presença de Deus e são depositadas na presença de Deus como
incenso. Tal verdade deve nos motivar a buscarmos intensamente ao Senhor, pois
Ele está atento às orações dos santos.
2. A oração como sacrifício ao
Senhor.
O
salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim orou
ao Senhor: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o
levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos
dedicamos integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a
Deus (Ef 5.2; Fp 2.17; 2ª Tm 4.6).
3. A oração dos santos na Grande
Tribulação.
No
período da Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um
grande número de mártires (Ap 9.9-17). Todos estes, apesar da perseguição do
Anticristo, atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses
santos serão recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap 5.8; 8.3).
Ninguém
pode deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção
do Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17).
CONCLUSÃO. Zacarias, pai de João Batista, ao ser escolhido para queimar
o incenso sagrado na Casa de Deus, teve uma experiência que retrata ricamente
por que o incenso, na Bíblia, simboliza a oração dos santos. Foi ali, no lugar
Santíssimo, se levarmos em consideração Hebreus 9.2, que teve a sua oração
respondida (Lc 1.5-23). Sua experiência com o Senhor foi completa. Ele viu o
anjo, ouviu deste o anúncio profético sobre a vinda do Messias, e, finalmente,
sua velhice foi consolada com a promessa de um filho, que seria o precursor do
Filho de Deus.
FONTE DE PESQUISA.
1. ALMEIDA,
Abraão de. O tabernáculo e a igreja. CPAD.
2. ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico.
3. ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Lições Bíblicas 3° trimestre de 2018, Adultos – CPAD.
CPAD. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia,
Teologia e Filosofia.
4. HAGNOS. CONNER, Kevin J. Os segredos do Taberrnáculo
de Moisés.
5. ATOS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
6. OBJETIVA. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
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