TEOLOGIA EM FOCO: AS ORAÇÕES DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO

terça-feira, 18 de setembro de 2018

AS ORAÇÕES DOS SANTOS NO ALTAR DE OURO



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 16.12,13; Apocalipse 5.6-10

Lv 16.12: “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. 13 E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra.”
Ap 5.6: “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7 E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. 8 E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as oraões dos santos. 9 E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; 10 e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.”

INTRODUÇÃO. Nesta lição falaremos de um dos móveis que estava no lugar santo do tabernáculo: o altar de incenso. Destacaremos detalhes a respeito deste utensílio e sua finalidade; trataremos ainda sobre o incenso e o seu devido uso; por fim, finalizaremos mostrando que há um altar de incenso no céu, para onde vão as orações dos santos.

- No Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado exclusivamente àquela ocasião.

- Hoje, o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações, súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos, oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13).

I. O ALTAR DE OURO: UM IMPORTANTE UTENSÍLIO DO TABERNÁCULO

Deus revelou como deveria ser o tabernáculo com os seus móveis a Moisés no monte (Êx 25.9,40; 26.30). No entanto, para fabricação destes móveis, Deus capacitou, pelo Espírito Santo, a Bezalel e a Aoliabe (Êx 31.1-6). Um destes móveis construídos foi o altar de incenso (Êx 30.1). Abaixo destacaremos especificamente algumas coisas a respeito do altar de ouro. Vejamos:


1. O Lugar Santo.
No Lugar Santo, ficavam três mobílias: o candelabro, à esquerda de quem entrava; a mesa dos pães da proposição, à direita; e, no limiar, entre o Lugar Santo e o Santíssimo, bem em frente ao véu que os separava, estava o altar do incenso (Êx 26.35).

Há algo muito importante que devemos considerar. Embora o altar de incenso estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Santo dos Santos juntamente com a arca da aliança (Hb 9.1-10).

2. O altar do incenso.
Deus mostrou a Moisés que este altar deveria ser:
1.1. De madeira de acácia (Êx 30.1).
1.2. Com um formato “quadrado” ou “quadrangular” e precisas medidas que equivalem a “45 cm de largura e 90 cm de altura” (Êx 30.2).
1.3. Forrado de “ouro puro” completamente (Êx 30.3).
1.4. Deveria ter “quatro pontas”, uma em cada canto (Êx 30.2).
1.5. Duas argolas nos cantos, para receber os varais e ser transportado junto com o tabernáculo, quando necessário (Êx 30.4; 37.25-27).
1.6. Uma moldura (coroa) desenhada a volta do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b).

3. Localização (Êx 30.6). Diferente do altar do holocausto que ficava no pátio do tabernáculo, o altar de incenso ficava no interior deste, precisamente no “lugar santo”, em frente ao véu que dava acesso ao santíssimo lugar: “E o porás diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante do propiciatório […]” (Êx 30.6). O altar do incenso relacionava-se mais estreitamente com o lugar santíssimo do que com os demais móveis do lugar santo. É descrito como o altar “que está perante a face do Senhor” (Lv 4.18). A localização deste utensílio era tão próxima do Lugar Santíssimo, que fez o escritor aos hebreus considerá-lo como pertencente a este (Hb 9.3,4).

4. A cerimônia.
O incenso só podia ser queimado com as brasas do altar de bronze (Lv 16.12). E, já de posse destas, o sacerdote aproximava-se do altar de ouro para queimar o incenso no altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso cobria o propiciatório, mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13).

Observemos que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de passar, necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue de Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12).

5. Finalidade (Êx 30.7-10). O altar de ouro foi construído para que unicamente nele se queimasse incenso ao Senhor (Êx 30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido incenso estranho nem ofertas de sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez no ano, o altar do incenso era purificado com sangue de um sacrifício oferecido no altar do holocausto (Êx 30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro para oferecer incenso no tempo aprazado (Êx 30.7,8). Era neste altar que Deus se encontrava particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso (Êx 30.6-b).

II. O INCENSO SAGRADO PARA SER QUEIMADO NO ALTAR DE OURO
O incenso era feito de uma substância aromática que, quando era queimada, exalava um odor agradável. Abaixo destacaremos alguns detalhes sobre o incenso. Notemos:

1. Quem podia oferecer o incenso (Lv 2.2). Somente os sacerdotes estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8). Com a multiplicação do número de sacerdotes, havia uma escala para a queima do incenso (Lc 1.9-a). Quando o rei Uzias intentou queimar incenso, assumindo a função sacerdotal, foi ferido com lepra pelo Senhor (2 Cr 26.19). Aqueles que tentaram usurpar a função sacerdotal da oferenda de incenso foram punidos com a morte, como o caso de Corá, Datã e Abirão (Nm 16.31-33), ou com doenças, como Uzias (2Cr 26.19), e até mesmo os sacerdotes que ofereceram incenso indevidamente foram mortos (Lv 10.1,2). Enquanto o sacerdote entrava no Lugar Santo para queimar o incenso, o povo ficava do lado de fora do tabernáculo ou do templo em oração (Lc 1.9-b).

2. O tempo da queima do incenso (Êx 30.7,8). Haviam tarefas diárias no tabernáculo para o sacerdote, e uma delas era a queima do incenso, que deveria ocorrer pela manhã (Êx 30.7), e novamente à tarde (Êx 30.8). No Dia da Expiação, o sumo sacerdote oferecia o incenso composto em um incensário sobre a Arca (Lv 16.12,13).

3. A composição do incenso (Êx 30.34-36). O incenso destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era de uso exclusivo do Senhor (Êx 30.38). O incenso que era oferecido ao Senhor era composto de ingredientes especiais, a saber: “estoraque, e onicha, e gálbano” (Êx 30.34). Estas especiarias aromáticas deviam ser moídas junto com incenso para ser queimado no altar de ouro, coisa santíssima era (Êx 30.36). A receita do perfume não constituía nenhum segredo. Todavia, se alguém o reproduzisse para uso profano seria punido severamente.

4. Advertências acerca do incenso (Êx 30.37,38). O povo de Israel, foi orientado a não reproduzir o incenso do culto levítico, pois este era santo, ou seja, separado exclusivamente para o Senhor (Êx 30.37), e aquele que tentasse fabricar essa especiaria para cheirar, deveria receber como punição a morte: “o homem que fizer tal como este para cheirar, será extirpado do seu povo” (Êx 30.38). Outra forma condenável de queimar incenso também era quando o povo o fazia a outros deuses e não ao Senhor (Jr 44.5,8,15,17; Os 2.13).

IV. O ALTAR DE OURO E O INCENSO E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Quando Deus ordenou a Moisés que construísse o tabernáculo conforme o modelo que lhe foi mostrado no monte (Êx 25.9,40; 26.30), o escritor aos hebreus disse que o tabernáculo terrestre é uma figura do tabernáculo celeste (Hb 8.5). O apóstolo João confirmou essa interpretação, no livro do Apocalipse, quando foi arrebatado ao céu viu um altar de incenso perante o Senhor: “E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono” (Ap 8.3). Tradicionalmente, o incenso é o símbolo da oração, do louvor (Lv 16.12,13; Sl 141.2; Lc 1.9,10). Como o incenso é colocado no altar pelo homem, e ao queimar, sobe até Deus. Da mesma forma, nossas orações começam em nosso coração e ascendem aos céus até Deus. Abaixo destacaremos algumas aplicações sobre o incenso na vida cristã:

1. Quem pode oferecer o incenso. Na Antiga Aliança apenas os descendentes de Arão estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8; Lv 1.9). Na Nova Aliança a igreja é chamada de “o sacerdócio real […]” (1ª Pd 2.9). E, cada crente foi feito sacerdote (Ap 1.6; 5.10). Portanto, podemos entrar na presença de Deus para lhe oferecer incenso que é o louvor e a oração que sobem a Sua presença como cheiro suave (Sl 141.2).

2. O tempo da queima do incenso. O incenso deveria ser queimado pela manhã pela tarde (Êx 30.8). Isso nos ensina que a oração deve ser uma prática diária, sem cessar (Lc 18.1; Rm 12.12; Ef 6.18; Cl 4.2; 1 Ts 5.17).

3. A composição do incenso. Cada uma das especiarias que compunha o incenso sagrado (Êx 30.34-35) nos transmite verdades espirituais acerca da adoração e da oração. Vejamos:

3.1. O estoraque. O estoraque era uma resina extraída sem precisar fazer incisão, ou seja, um corte. Ela brotava do arbusto espontaneamente.
Aplicação: A adoração, a oração e o louvor que prestamos a Deus deve ser voluntário e não forçado (Sl 54.6; 119.108).

3.2. A onica ou onicha. Uma substância extraída de certos tipos de moluscos, e que emite um aroma forte e penetrante, quando queimado. O mar Vermelho exibe várias espécies desse molusco.
Aplicação: A adoração, a oração e o louvor não podem ser superficiais (Is 29.13; Jl 2.13), mas devem partir do mais profundo da nossa alma (Sl 42.1; 103.1,2; 130.1).

3.3. O gálbano. O gálbano é um arbusto do deserto. Para ser extraído suas folhas deviam ser moídas e quebradas.
Aplicação: A adoração, a oração e o louvor deve brotar de um coração quebrantado e contrito (Sl 34.18; 51.17).

4. Advertências acerca do incenso. As restrições quanto ao uso do incenso sagrado nos transmite as seguintes lições:

4.1. Não podemos adorar a nós mesmos. A palavra “autolatria” é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo, “autolatria” significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecida como “egolatria”. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14), o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21) e Herodes (At 12.21-23).

4.2. Não podemos adorar a ídolos. No Decálogo, os dois primeiros mandamentos são contrários diretamente à idolatria (Êx 20.3,4; Dt 5.6-8). Esta ordem foi repetida em outras ocasiões (Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2º Rs 17.35,37,38). O Senhor Deus ordenou também a destruição dos ídolos das nações que habitavam na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3). A Palavra de Deus nos revela que quem oferece sacrifícios aos ídolos, oferece aos demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2º Cr 11.15; Sl 106.37; 1ª Co 10.20,21).

4.3. O louvor e a adoração pertencem unicamente ao Senhor. O louvor como forma de adoração deve ser prestado unicamente a Deus (Lv 22.29; Dt 10.21; Sl 150.6; Is 42.8). A Bíblia aponta diversos motivos devemos louvar ao Senhor. Vejamos alguns:

(a) Sua majestade (Sl 96.1,6).
(b) Sua glória (Sl 138.5).
(c) Sua excelência (Sl 148.13).
(d) Sua grandeza (Sl 145.3).
(e) Sua bondade e Suas maravilhas (Sl 107.8).
(f) Sua fidelidade (Sl 89.1).
(g) Sua longanimidade e veracidade (Sl 138.2).
(h) Sua salvação (Sl 18.46).
(i) Suas maravilhosas obras (Sl 89,5).
(j) Suas consolações (Sl 42.5).
(l) Seus juízos (Sl 101.1).
(m) Seus conselhos eternos (Sl 16.7).
(n) Sua proteção (Sl 71.6).
(o) Seu livramento (Sl 40.1-3).
(p) Porque Ele é digno (Sl 145.3).
(q) por sua resposta às orações (Sl 28.6).
(r) porque Ele perdoa pecados (Sl 103.1-3).
(s) Porque Ele é bom (Sl 106.1).
(t) porque é bom louvar ao Senhor (Sl 92.1).

V. AS ORAÇÕES DOS SANTOS
As orações dos santos, qual incenso precioso, são inimitáveis em seus efeitos. Eis por que não podemos relaxar quanto à nossa comunhão com Deus.

1. A receita para uma oração perfeita: nosso incenso.
O Senhor Jesus, no Sermão da Montanha, entregou a seus discípulos o modelo de uma oração perfeita (Mt 6.9-13). Ele exorta-nos também a não imitarmos os gentios e hipócritas, pois estes imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos (Mt 6.7).

Portanto, fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com o Pai Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no trono da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26).
Nossas orações sobem a presença de Deus e são depositadas na presença de Deus como incenso. Tal verdade deve nos motivar a buscarmos intensamente ao Senhor, pois Ele está atento às orações dos santos.

2. A oração como sacrifício ao Senhor.
O salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim orou ao Senhor: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos dedicamos integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a Deus (Ef 5.2; Fp 2.17; 2ª Tm 4.6).

3. A oração dos santos na Grande Tribulação.
No período da Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número de mártires (Ap 9.9-17). Todos estes, apesar da perseguição do Anticristo, atuarão como fiéis testemunhas de Jesus Cristo. As orações desses santos serão recebidas nos céus como incenso de grande valor (Ap 5.8; 8.3).
Ninguém pode deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção do Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17).

CONCLUSÃO. Zacarias, pai de João Batista, ao ser escolhido para queimar o incenso sagrado na Casa de Deus, teve uma experiência que retrata ricamente por que o incenso, na Bíblia, simboliza a oração dos santos. Foi ali, no lugar Santíssimo, se levarmos em consideração Hebreus 9.2, que teve a sua oração respondida (Lc 1.5-23). Sua experiência com o Senhor foi completa. Ele viu o anjo, ouviu deste o anúncio profético sobre a vinda do Messias, e, finalmente, sua velhice foi consolada com a promessa de um filho, que seria o precursor do Filho de Deus.

FONTE DE PESQUISA.
1. ALMEIDA, Abraão de. O tabernáculo e a igreja. CPAD.
2. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico.
3. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Lições Bíblicas 3° trimestre de 2018, Adultos – CPAD.
CPAD.  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.
4. HAGNOS.  CONNER, Kevin J. Os segredos do Taberrnáculo de Moisés.
5. ATOS HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
6. OBJETIVA.  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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