TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

FOGO ESTRANHO DIANTE DE DEUS




TEXTO ÁUREO
“E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se.” (Lv 10.3).

VERDADE PRÁTICA
O Deus santo requer de seus obreiros uma postura igualmente santa, zelosa e de comprovada excelência; menos que isso é inaceitável.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 10.1-11: “E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. 2 Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. 3 E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se. 4 E Moisés chamou a Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai, tirai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial. 5 Então, chegaram e levaram-nos nas suas túnicas para fora do arraial, como Moisés tinha dito. 6 E Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis as vossas cabeças, nem rasgareis vossas vestes, para que não morrais, nem venha grande indignação sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o SENHOR acendeu. 7 Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o azeite da unção do SENHOR. E fizeram conforme a palavra de Moisés. 8 E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10 para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11 e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.”

OBJETIVO GERAL
Mostrar que o Deus santo requer de seus obreiros uma postura igualmente santa, zelosa e de comprovada excelência.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I.      Discutir os privilégios de Nadabe e Abiú;
II.     Mostrar os perigos de se colocar fogo estranho no altar do Senhor;
III.    Compreender o porquê do luto no santo ministério.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O livro de Levítico enfatiza a santidade de Deus. Ele é santo e exige santidade do seu povo e de todos aqueles que são chamados para o seu serviço. Sem santidade ninguém pode se aproximar dEle, atrair sua presença ou ver a sua face. Contudo, Nadabe e Abiú não atentaram para isso e ofertaram a Deus um incenso não puro. Eles também não observaram a recomendação divina de que o incenso no altar deveria ser oferecido pelo sumo sacerdote. A resposta do Senhor foi imediata. A recompensa pelo pecado foi a morte física. A atitude de Nadabe e Abiú demostrava rebelião contra Deus e tal pecado é comparado ao de feitiçaria. Como sacerdotes, Nadabe e Abiú, tinham a responsabilidade de ensinar o povo, de conduzi-los na verdade, por isso receberam tal condenação. Eles deveriam ser exemplo para os israelitas e a punição que receberam teria de estar à altura.

INTRODUÇÃO
A história de Nadabe e Abiú faz-nos uma séria advertência: Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7). Nesta lição, veremos que esses dois obreiros, apesar de todos os privilégios de que desfrutavam junto à congregação de Israel, não honraram o seu ministério. Antes, ignorando a recomendação de Moisés, ofereceram fogo estranho ao Senhor. E, no mesmo instante, foram exterminados pelo Deus que não se deixa zombar por homem algum.

Como temos nos apresentado diante do Senhor? Enquanto avançamos neste estudo, respondamos a esta pergunta com temor e tremor, pois Deus não mudou. Ele está a exigir santidade, pureza e reverência de cada um de seus filhos, principalmente dos que fazem parte do santo ministério da Palavra.

PONTO CENTRAL
Deus é santo e requer de seus obreiros uma postura igualmente santa.

I. OS PRIVILÉGIOS DE NADABE E ABIÚ
Não basta pertencer a uma família tradicional de obreiros para usufruir da graça divina. É necessário, antes de tudo, ter uma vida de íntima comunhão com Deus. Vejamos, pois, a ascendência de Nadabe e Abiú, e o seu conhecimento da glória divina.

1. Ascendência levítica.
Nadabe e Abiú pertenciam à tribo de Levi, que fora honrada com o sacerdócio divino (Nm 3.1-12). Os homens dessa tribo eram contados entre as primícias do Senhor. O próprio Deus havia dito: “Os levitas serão meus” (Nm 3.12). Por conseguinte, os descendentes de Levi eram vistos como os nobres entre os nobres de Israel.

2. Ascendência araônica.
Além de pertencerem à tribo de Levi, Nadabe e Abiú provinham da família de Arão, escolhida por Deus para exercer o sumo sacerdócio (Êx 6.23; 28.1). Era o ofício mais honroso de todo o Israel. Nem os reis podiam exercê-lo (2 Cr 26.18). De acordo com a genealogia de Arão, Nadabe e Abiú eram os sucessores imediatos do pai nesse glorioso ministério.

3. Participantes da glória de Deus.
Quando o Senhor outorgou a Lei a Israel, por intermédio de Moisés, lá estavam Nadabe e Abiú juntamente com os mais destacados anciãos de Israel (Êx 24.1). E, ali, no monte sagrado, presenciaram a manifestação da glória divina (Êx 24.9,10). Além disso, foram testemunhas oculares da aliança que o Senhor firmara com os filhos de Israel (Êx 24.8). Enfim, Nadabe e Abiú tiveram o privilégio de testemunhar o estabelecimento do pacto entre Deus e o seu povo.

SÍNTESE DO TÓPICO I
Como sacerdotes, Nadabe e Abiú tinham privilégios.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Nadabe/Abiú
Alguns irmãos, como Caim e Abel ou Jacó e Esaú, colocaram uns aos outros em apuros. Os irmãos Nadabe e Abiú tiveram problemas juntos. Embora pouco se saiba sobre seus primeiros anos, a Bíblia nos dá uma abundância de informações sobre o ambiente em que eles cresceram. Nascido no Egito, foram testemunhas oculares dos atos poderosos de Deus no Êxodo. Eles viram seu pai Arão, seu tio Moisés, e sua tia Miriã em ação muitas vezes. Eles tinham conhecimento em primeira mão sobre a santidade de Deus como poucos homens já tiveram, e pelo menos por um tempo, seguiram a Deus de todo o coração (Lv 8.36). Mas em um momento crucial, eles decidiram tratar as claras instruções de Deus com indiferença. A consequência de seu pecado foi ardente, imediata e chocante para todos”  Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 215).

Qualidades e realizações.
Os primeiros candidatos à sucessão de seu pai como sumo sacerdote.
Envolvidos na consagração original do Tabernáculo.
Elogiados por fazer ‘todas as coisas que o Senhor ordenara’ (Lv 8.36).
Fraquezas e enganos.
Tratar os mandamentos diretos de Deus de forma leviana.
Lições de sua vida.
O pecado tem consequências mortais.

Estatísticas vitais.
Local: Península do Sinai.
Ocupação: Sacerdotes em treinamento.
Parentes: Pai: Arão. Tio: Moisés. Tia: Miriã. Irmãos: Eleazar e Itamar.

Versículo-chave.
“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR” (Lv 10.1,2).

II. FOGO ESTRANHO NO ALTAR

O primeiro fogo que acendeu a lenha do sacrifício depois da consagração formal de Arão como sacerdote, foi ateado por Deus, 9.24. Esta origem sobrenatural do fogo no altar serve para nos ensinar que se um sacrifício pode ser feito pelo homem, é só a graça de Deus que a consome, que o torna aceitável, que faz dele um meio de expiação. Nenhum fogo feito pelo homem, poderia ser usado no altar do Senhor, e por isso mesmo é que era tão importante que os sacerdotes conservassem sempre acessa a chama que veio a existir de maneira tão notável. O pecado de oferecer sacrifícios com “fogo estranho”, fogo ateado pelos homens e não por Deus, foi justamente o que provocou a morte de Nadabe e Abiú, (10.1 -2).

Três atitudes marcaram o ato leviano e inconsequente de Nadabe e Abiú: ignoraram a Deus, impacientaram-se e, sem qualquer temor, apresentaram fogo estranho no altar sagrado.

1. Ignoraram a Deus.
Ao adentrarem o lugar santo, Nadabe e Abiú ignoraram a presença de Deus, pois o Senhor encontrava-se não somente no Tabernáculo como em todo o arraial de Israel (Êx 25.8; Nm 14.14). O Deus onipresente não se limita ao Santo dos santos, mas se deleita com a presença de seus queridos e amados santos.

2. Impaciência profana.
De acordo com as instruções que o Senhor, através de Moisés, transmitira aos filhos de Israel, somente o sumo sacerdote estava autorizado a oferecer o incenso no altar de ouro (Êx 30.7-9). Todavia, observa-se que ambos, ignorando tal preceito, entraram no lugar sagrado e trouxeram um fogo que Deus não ordenara. As coisas de Deus não podem ser tratadas profanamente.

Nadabe e Abiú precipitaram-se e não souberam esperar a hora de se colocarem no altar.

3. Apresentaram fogo estranho ao Senhor.
Não bastava ter o incenso prescrito pelo Senhor; era imperioso ter igualmente a brasa certa, para que Deus fosse dignamente adorado (Êx 30.9; Lv 16.12). Se o incenso era exclusivo, a brasa também o era (Êx 30.37). Mas, pelo contexto da narrativa sagrada, Nadabe e Abiú não estavam preocupados nem com o incenso, nem com o fogo. Por isso, o Senhor veio a fulminá-los diante do altar.

SÍNTESE DO TÓPICO II
Nadabe e Abiú ignoraram as recomendações divinas e ofereceram fogo estranho sobre o altar.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Fogo estranho.
1. “Qual foi o ‘fogo estranho’ que Nadabe e Abiú ofereceram diante do Senhor?
O fogo sobre o altar de holocausto nunca se extinguia (Lv 6.12,13), o que implica que este altar era santo. É possível que Nadabe e Abiú tenham levado ao altar brasas de fogo de uma outra fonte, fazendo com que o sacrifício se tornasse profano. Também tem sido sugerido que os dois sacerdotes fizeram uma oferta em um momento não prescrito. Seja qual for a explicação correta, o ponto é que Nadabe e Abiú abusaram da sua posição como sacerdotes em um ato de flagrante desrespeito a Deus, que tinha acabado de revisar precisamente com eles como deveriam conduzir a adoração. Como líderes, eles tinham uma responsabilidade especial de obedecer a Deus. Em sua posição, eles poderiam facilmente conduzir muitas pessoas ao erro. Se Deus comissionou você para liderar ou ensinar outras pessoas, nunca considere este papel como garantido nem abuse dele. Permaneça fiel a Deus e siga as instruções d’Ele” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 214).

2. “O texto não registra a natureza do pecado de Nadabe e Abiú.
Os comentaristas têm algumas sugestões: o incenso não foi feito de acordo com as instruções de Moisés (Êx 30.34-38); o fogo não era proveniente do fogo que estava queimando no altar (16.12); a oferta foi feita no momento errado (Êx 30.7,8); os infratores usaram incensários inadequados (os deles mesmos); Nadabe e Abiú assumiram uma função devida exclusivamente ao sumo sacerdote; ou eles estavam sob influência alcoólica (cf. 8-11). É possível falar com certeza sobre este aspecto. O ponto essencial é que os dois sacerdotes exerceram funções sacerdotais de maneira oposta às ordens do Senhor. Moisés deixou claro que o Senhor deve ser santificado naqueles que se aproximam dele, a fim de que Ele seja glorificado diante de todo o povo. Esta é uma ilustração de que, no Antigo Testamento, a obediência era muito mais importante do que o sacrifício (1 Sm 15.22)” (Comentário Bíblico Beacon. Vol 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 277).

III. LUTO NO SANTO MINISTÉRIO
A morte de Nadabe e Abiú abalou profundamente a casa de Arão. Apesar de haver perdido, num único dia, dois de seus filhos, ele foi proibido pelo Senhor de observar qualquer luto pelos mortos.
1. A morte de Nadabe e Abiú.
Ao se apresentarem com fogo estranho diante do Senhor, os filhos de Arão, que também eram ministros do altar, foram consumidos no lugar santo (Lv 10.2). Pelo que observamos do texto sagrado, Deus os matou pelo fato de eles não terem levado em conta a santidade divina (Lv 10.3). A obrigação deles era glorificar o nome do Senhor, mas preferiram buscar a própria glória. Diante do fato, o sumo sacerdote de Israel calou-se. Não poderia haver momento mais trágico para a sua família.

2. A remoção dos cadáveres.
Moisés, então, ordena a dois primos de Arão, Misael e Elzafã, a removerem os cadáveres da Casa de Deus (Lv 10.4). No episódio de Ananias e Safira, os corpos de ambos foram levados para fora por alguns jovens da igreja recém-inaugurada pelo Espírito Santo (At 5.1-11).

3. O luto é proibido.
Apesar da tragédia que se abateu sobre a sua família, Arão é proibido pelo Senhor de guardar luto ou demonstrar tristeza (Lv 10.6,7). Ele e seus filhos deveriam suportar, com santa discrição, aquela hora tão difícil. Afinal, era seu dever zelar pela santidade e glória do nome do Senhor dos Exércitos.
Certos tipos de “luto” servem apenas para enfraquecer o povo de Deus e levá-lo à dispersão (2º Sm 19.1-7). Às vezes, temos de suportar o insuportável, a fim de preservar a Igreja de Cristo. Ela está acima de nossa dor.

SÍNTESE DO TÓPICO III
Nadabe e Abiú ignoraram as recomendações divinas e ofereceram fogo estranho sobre o altar.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
O luto
1. O povo de Israel teve a permissão de lamentar esta grande tragédia, mas Arão e seus dois filhos restantes foram proibidos de mostrar as marcas normais de luto: descobrir a cabeça e soltar os cabelos ou rasgar as roupas. Não deviam dar a Israel a aparência de questionamento ou lamentação por causa do julgamento de Deus. Moisés os lembrou de que o azeite da unção do Senhor estava sobre eles. O serviço de Deus não pode ser detido por questões pessoais. O incêndio seria ‘o fogo que o Senhor Deus acendeu.

2. Privação pessoal, negação ou insultos a si próprio muitas vezes caracterizavam os ritos de luto. Os ornamentos eram tirados (Êx 33.4-6); os enlutados rasgavam suas vestes como símbolo de pesar (Gn 37.34). Frequentemente, o rasgar as roupas e vestir-se com sacos representavam pesar e humildade (1º Rs 21.27; Et 4.1; Jr 4.8). Pó ou cinzas eram colocados sobre a cabeça. A barba e os cabelos da cabeça eram arrancados (Ed 9.3) ou cortados (Is 15.2; Jr 7.29). Observava-se o jejum (2º Sm 1.12; Ne 1.4; Zc 7.5). Algumas práticas de luto eram expressamente proibidas a Israel, provavelmente por serem ritos pagãos. Os israelitas não se cortavam nem podiam fazer ‘marca alguma’ em suas testas em homenagem aos mortos (Lv 19.28; Dt 14.1). As regras para os sacerdotes eram particularmente mais severas (Lv 21.1-5, 10-12) (Dicionário Bíblico Beacon. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 277) e (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 1129).

CONCLUSÃO
Devemos ter cuidado com a forma como nos apresentamos diante de Deus. O culto ao Senhor deve ser santo, reverente e verdadeiro. Portanto, chega de liturgias bizarras, cultos mundanos, teologias permissivas e costumes que ferem a Palavra de Deus. Se não atentarmos à santidade e à glória divinas, não subsistiremos, pois o nosso Deus, embora seja conhecido pelo amor e bondade, é também um fogo devorador (Is 30.27). Portanto, sejamos puros e santos em toda a nossa maneira de ser, pois o Senhor não se deixa escarnecer.

Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2018 - CPAD | Classe: Adultos


segunda-feira, 30 de julho de 2018

AS CINCO OFERTAS LEVÍTICAS - RETRATOS DE CRISTO




INTRODUÇÃO.
A Bíblia apresenta todos nós como pecadores, vivendo num estado de morte espiritual e destinados à morte física e eterna. Vivemos na morte porque estamos separados da comunhão com Deus e incapazes de restaurar sozinhos essa comunhão que dá vida (Rm 5.12; 8). A sentença de morte pesa sobre nós por causa da nossa identificação com a queda de Adão (Romanos 5:14), nossa rebelião contra Deus (Cl 1.21,22), e nosso pecado constante (Gn 6.5; 8:21; Rm 3.10).

Mas ninguém precisa continuar nessa situação. Ao mesmo tempo em que contou a Adão e Eva as terríveis consequências que seu pecado traria sobre eles, Deus revelou Seu plano para salvá-los (Gn 3.15). Ele tomaria sobre Si o castigo do pecado de cada indivíduo e renovaria a comunhão rompida. O plano foi completado quando Jesus Cristo, Deus encarnado, se ofereceu por nós (Hb 9 e 10).

Desde os primeiros capítulos de Gênesis, o Antigo Testamento prevê esta oferta perfeita. Depois de Adão e Eva terem pecado, Deus fez o primeiro sacrifício. Ele usou peles de animais para cobrir a nudez de Adão e Eva. Seu ato mostrou também simbolicamente a cobertura dos pecados deles (Gn 3.21). A partir deste ponto, as pessoas parecem ter compreendido que Deus requereria um sacrifício de sangue para cobrir pecados e começaram a levar ofertas. Gênesis 4.3-5 registra o sacrifício de um cordeiro por Abel. Noé ofereceu animais para mostrar sua gratidão depois do dilúvio (Gn 8.20). Abraão, Isaque e Jacó construíram altares e sacrificaram a Deus onde quer que acampassem (Gn 12.8; 26.25; 35.1-7).

Séculos mais tarde, quando Deus deu a Moisés instruções detalhadas para a adoração de Israel, Ele instituiu um sistema de ofertas sacrificiais, que são apresentadas no Livro de Levítico. Deus deu ao povo esses sacrifícios para prepara-lo para o supremo sacrifício que o Messias faria, a fim de pagar de uma vez por todas pelo pecado. Cada sacrifício salienta a necessidade de todos e a provisão misericordiosa de Deus. Cada um é cheio de simbolismo.

I. O HOLOCAUSTO (Levítico 1.3-7).

Para o Holocausto, era exigido um animal doméstico, macho sem defeito (em lugar de um animal selvagem que custaria pouco ao ofertante). Geralmente seria usado um touro, carneiro ou bode, mas os adoradores pobres podiam ofertar pombos rolinhas (Compare Lc 2.22-24; 2ª Co 8.9). Cada ofertante se identificava com a sua oferta: ela deveria substituí-lo (Lv 1.4). O animal inteiro deveria ser consumido pelo fogo para representar a tremenda santidade de Deus ao lidar com o pecado. Essa oferta tipifica claramente a oferta voluntária de Cristo como o Cordeiro de Deus, em total obediência ao Pai. Ele sofreu o castigo pelo nosso pecado. A oferta também simbolizava a apresentação voluntária do adorador a Deus. Somente quando nos identificamos com Cristo, nossa oferta (Ef 5.2; Hb 10.10), podemos ser purificados do pecado e nos tornamos sacrifícios vivos para Deus (Rm 12.1,2).

II. A OFERTA DE MANJARES [OU CEREAIS] (Levítico 2.1-16).

A Oferta de Manjares era preparada e apresentada a Deus como uma refeição. Uma parte de cada oferta pertencia aos sacerdotes. A oferta mostrava a gratidão dos adoradores a Deus por supri-los de alimento para sustentar a sua vida física. Ao fazer a oferta, eles estavam oferecendo simbolicamente a Deus o dom de sua vida. Mas, a oferta tinha um significado ainda mais profundo. Ela falava da provisão divina por meio de Cristo para a nossa vida espiritual. Colossenses 3.4 nos diz que Cristo e a nossa vida. Certos ingredientes da oferta representavam uma faceta de sua provisão para nós. A Flor de Farinha representava sua perfeição; o incenso aromático, a fragrância da Sua vida. A ausência de fermento, citado na Escritura como símbolo de pecado (Mt16.6,12), mostrava que Ele estava totalmente livre da corrupção. O sal falava de Seu poder para preservar e purificar.

III. O SACRIFÍCIO PACÍFICO (Levítico 3.1-17).

A oferta pacífica era uma oferta de comunhão. Nesta oferta voluntária de um animal, o sangue era importante. O adorador oferecia um bode ou cordeiro macho ou fêmea. Era a única oferta da qual o ofertante podia comer. Enquanto compartilhava a refeição com o sacerdote e às vezes com outros adoradores, era como se Deus fosse o anfitrião da mesma, comungando com todos os presentes. A oferta pacífica representa a comunhão entre Deus e o homem tornada possível por meio do Senhor Jesus. Ela aponta para Aquele que “é a nossa paz” (Ef 2.14), e que “fez a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl 1.20).

IV. OS SACRIFÍCIOS PELOS PECADOS POR IGNORÂNCIA (Levítico 4.1-5.13).

A oferta pelo pecado, algumas vezes chamada de oferta pela culpa, era obrigatória. Tinha como objetivo a expiação de pecados quando a restituição fosse impossível. Só podia ser feita quando o ofertante não tivesse pecado deliberadamente, mas por ignorância ou negligência. A classe do ofensor determinava o tamanho (valor) da oferta. Sacrifícios maiores eram requeridos pelo pecado do sacerdote (v. 3) ou de toda a congregação (v. 13), visto que tais pecados afetavam um círculo mais amplo do que aquele do príncipe (v. 22) ou do povo comum (v. 27). Quando era feita uma oferta pelo pecado, o sangue era aspergido no tabernáculo na frente do véu, colocado nos chifres do altar e derramado na sua base para representar a ocultação do pecado. Esta oferta prefigurava nosso perdão por meio do sangue de Cristo (Hb 9.12-14; 1ª Jo 1.9). A parte maior da oferta era queimada fora do arraial, lembrando-se de que o Senhor Jesus sofreu por nós fora da porta (Hebreus 13:12) quando Se tornou a suprema oferta pelo pecado (2ª Co 5.21).

O SACRIFÍCIO PELOS PECADOS OCULTOS (Levítico 5.14-6.7).

Essa oferta de animais ou aves era apresentada pelos pecados, quer intencionais ou não, pelos quais o ofensor podia fazer restituição caso necessário. O pecador tinha primeiro que reconhecer o seu erro. Depois, quando levava a oferta, devia apresentar ao sacerdote o pagamento total do seu débito para com o ofendido, com acréscimo de um quinto. Uma vez feito o pagamento, a dívida ficava quitada e o ofertante recebia pleno perdão. Cristo e a nossa oferta pelo pecado (Is 53.10). Ele não só aceitou o castigo pelo pecado, como também nos deu a Sua justiça (2ª Co 5.21).

CONCLUSÃO.

Por que não são mais feitos sacrifícios?
Com a oferta do Cordeiro perfeito de Deus, o sistema sacrificial terminou; o próprio Deus abriu o Caminho para o perdão e a restauração da comunhão. Agora, por causa do sacrifício de Cristo, podemos desfrutar de acesso direto ao Pai (Jo 10.27-30; 14.6, 15; 17.3, 21-23). Não há mais necessidade de um sacerdote para representar-nos diante de Deus (1ª Tm 2.5). Em nome de Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote, podemos nos aproximar do trono de Deus para receber perdão de pecados, assim como ajuda e orientação para todos os problemas da vida (Hb 4.14-16; 1ª Jo 2.1,2).

A DOUTRINA DO CULTO LEVÍTICO




TEXTO ÁUREO
“Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl 24.1)

VERDADE PRÁTICA
Tudo quanto existe pertence ao Senhor e ao Senhor deve ser consagrado, principalmente o nosso ser.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 9.1-14: “E aconteceu, ao dia oitavo, que Moisés chamou a Arão, e a seus filhos, e aos anciãos de Israel 2 e disse a Arão: Toma um bezerro, para expiação do pecado, e um carneiro, para holocausto, sem mancha, e traze-os perante o SENHOR. 3 Depois, falarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomai um bode, para expiação do pecado, e um bezerro e um cordeiro de um ano, sem mancha, para holocausto; 4 também um boi e um carneiro, por sacrifício pacífico, para sacrificar perante o SENHOR, e oferta de manjares, amassada com azeite; porquanto hoje o SENHOR vos aparecerá. 5 Então, trouxeram o que ordenara Moisés, diante da tenda da congregação, e chegou-se toda a congregação e se pôs perante o SENHOR. 6 E disse Moisés: Esta coisa que o SENHOR ordenou fareis; e a glória do SENHOR vos aparecerá. 7 E disse Moisés a Arão: Chega-te ao altar e faze a tua expiação de pecado e o teu holocausto; e faze expiação por ti e pelo povo; depois, faze a oferta do povo e faze expiação por ele, como ordenou o SENHOR. 8 Então, Arão se chegou ao altar e degolou o bezerro da expiação que era por si mesmo. 9 E os filhos de Arão trouxeram-lhe o sangue; e molhou o dedo no sangue e o pôs sobre as pontas do altar; e o resto do sangue derramou ŕ base do altar. 10 Mas a gordura, e os rins, e o redenho do fígado de expiação do pecado queimou sobre o altar, como o SENHOR ordenara a Moisés. 11 Porém a carne e o couro queimou com fogo fora do arraial. 12 Depois, degolou o holocausto, e os filhos de Arão lhe entregaram o sangue, e ele espargiu-o sobre o altar em redor. 13 Também lhe entregaram o holocausto nos seus pedaços, com a cabeça; e queimou-o sobre o altar. 14 E lavou a fressura e as pernas e as queimou sobre o holocausto no altar.

OBJETIVO GERAL
Explicar que tudo quanto existe pertence ao Senhor e ao Senhor deve ser consagrado, principalmente o nosso ser.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
Saber que a Terra é do Senhor
Mostrar que os animais e vegetais são do Senhor;
III. Compreender que o ser humano é do Senhor.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor (a), na lição de hoje estudaremos três princípios bíblicos expostos no capítulo 9 do livro de Levítico que todo israelita deveria observar:
1) tudo quanto existe foi criado por Deus;
2) sendo Ele o Criador de todas as coisas, somente Ele deve ser adorado; e
3) tudo quanto há deve ser consagrado ao Deus Único e Verdadeiro. Embora o livro de Levítico tenha sido escrito na Antiga Aliança, num tempo e contexto social diferente do nosso, tais princípios também devem ser observados pela Igreja e crentes da atualidade. Que venhamos como filhos de Deus, alcançados pela graça, consagrar tudo a Ele e em especial todo o nosso ser.

INTRODUÇÃO
No livro de Levítico, há uma teologia sublime e altamente devocional, cujo objetivo é levar o crente israelita a reconhecer três verdades:
1) tudo quanto existe foi criado por Deus;
2) sendo Ele o Criador de todas as coisas, somente Ele deve ser adorado; e
3) tudo quanto há deve ser consagrado ao Deus Único e Verdadeiro.
Se observasse esse princípio, o povo de Israel ver-se-ia livre dos resquícios da idolatria do Egito, prevenindo-se didaticamente quanto às abominações de Canaã.
Nesta lição, veremos que a essência do culto levítico é conduzir o crente a adorar a Deus e a consagrar-lhe tudo quanto tem. Porque tudo pertence ao Senhor, pois Ele tudo criou e tudo preserva. Essa consagração, porém, só terá eficácia se começar pelo nosso próprio ser (Rm 12.1-3).

PONTO CENTRAL
Deus é o Criador e somente Ele merece ser adorado.

I. A TERRA É DO SENHOR
O livro de Levítico reafirma, através de suas ações litúrgicas, as mensagens do Gênesis e do Êxodo. Ele mostra que Deus, sendo o Criador dos Céus e da Terra, tem de ser adorado por tudo quanto existe e por tudo que temos.

1. Deus é o Criador dos Céus e da Terra.
Se o Gênesis mostra que Deus criou tudo quanto existe, o Levítico reivindica dos israelitas que consagrem tudo ao Senhor (Gn 1.1; Lv 1.17). Ao mesmo tempo, exorta-os didaticamente, por meios das ofertas e dos sacrifícios, que nenhum ídolo pode ser honrado como o nosso Deus (Lv 19.4; Is 42.8).

2. Deus é o libertador de Israel.
O livro de Levítico patenteia aos filhos de Israel que Deus é o libertador de seu povo. Por esse motivo, nenhum israelita poderia comparecer diante do Senhor de mãos vazias (Êx 23.15; 2ª Co 9.7).

3. Israel é o templo de Deus.
A teologia de Levítico tinha por objetivo também conscientizar Israel de sua vocação divina (Lv 20.26). Logo, toda a nação israelita era (e no futuro o será) um templo de adoração ao Senhor (Lv.10.3). Isso significa que o povo hebreu não se limitava a ser uma mera teocracia, mas a comunidade de adoração por excelência ao Senhor (Lv 9.23).

SÍNTESE DO TÓPICO I
A Terra foi criada pelo Senhor, por isso pertence a Ele.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Levítico 9.1-24
Para preparar o aparecimento de Deus, Arão ofereceu por si e seus filhos uma expiação de pecado e um holocausto (7,8). A oferta pelo pecado de Arão era um bezerro (2,8), e seu holocausto, um carneiro. Esta é a única ocasião na qual a legislação sacrificial exigia um bezerro. Rashi comenta a respeito do bezerro: ‘Este animal foi escolhido como oferta pelo pecado para anunciar ao sacerdote [Arão] que o santo, bendito seja Ele, lhe concedeu expiação por meio deste bezerro por causa do incidente do bezerro de ouro anteriormente feito’.

O pensamento judaico tradicional sempre vê significação em cada detalhe deste processo. Snaith ressalta que o carneiro era lembrança da obediência de Abraão em amar Isaque. Cita também a significação relacionada a estas ofertas que o Targum de Jerusalém menciona: o bode é visto como lembrança do bode que os irmãos de José mataram (Gn 37.31, ARA); o bezerro lembra o bezerro de ouro; e o cordeiro recorda o fato de Isaque ter sido amarrado como cordeiro para o sacrifício. A própria sofreguidão em ver significado em cada detalhe sugere a importância que estes eventos representavam para antigo Israel. Segundo o rito significa ‘de modo regular’ ou ‘de acordo com as prescrições’.

O fato de Arão apresentar a oferta pelo pecado e o holocausto a favor de si mesmo e de seus filhos mostra o autoentendimento que o Antigo Testamento tinha das limitações de seu próprio sistema sacrificatório. Ninguém, nem mesmo o sumo sacerdote Arão, estava preparado para servir a Deus ou adorar a Deus sem que primeiro fosse feita expiação por ele. O escritor aos Hebreus (Hb 7.27) aceita esta realidade como prova da superioridade do novo concerto e de Cristo, o verdadeiro Sumo Sacerdote.

As ofertas de Arão pelo povo formavam um padrão para o culto de Israel ao Senhor. Arão ofereceu a expiação do pecado, o holocausto, o sacrifício pacífico e a oferta de manjares. A omissão da oferta pela transgressão (culpa) confirma o fato de que esta oferta era primariamente para ocasiões em que ocorresse o dano e a reparação estivesse sendo feita.
A ordem dos sacrifícios revela o entendimento levítico acerca da aproximação apropriada a Deus na adoração (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp. 275, 276).

II. OS ANIMAIS E OS VEGETAIS SÃO DO SENHOR
A teologia do Levítico mostra a criação como serva do Criador. Por essa razão, os animais e os vegetais, em Israel, não eram adorados, mas serviam para adorar a Deus.

1. No Egito, os animais eram deuses.
Os egípcios não faziam distinção entre o Criador e a criação, nem estavam preocupados em distinguir os animais limpos dos impuros. Por isso, adoravam o boi, o crocodilo, o falcão, o gato, etc (Rm 1.25). Eis porque Deus, ao punir o Egito com as dez pragas, mostrou quão inúteis eram aqueles deuses.

2. Os animais e a adoração a Deus.
Ao contrário dos egípcios, os israelitas não se davam ao culto dos animais, mas entregava-os em sacrifício ao Senhor (Lv 1.2). Além disso, faziam distinção entre os animais limpos e impuros (Lv cap. 11). Nesse sentido, o povo de Israel sabia que os animais não são deuses, e, sim, criaturas do Deus, que, bondosamente, o sustenta (Sl 104.14).

3. Os vegetais e a adoração a Deus.
Se por um lado, a Lei de Deus preconiza a preservação da natureza, por outro, condena a idolatria da natureza como acontecia em algumas antigas culturas cananeias e no período de apostasia dos judeus (1º  Rs 14.23). Em Israel, os frutos da terra serviam para louvar e enaltecer a Deus (Lv 23.10).

SÍNTESE DO TÓPICO II
Os animais e vegetais foram criados pelo Senhor e pertencem a Ele.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor (a), inicie o segundo tópico fazendo a seguinte indagação: “Por que os animais e os vegetais são do Senhor? Incentive a participação de todos os alunos. Eles são do Senhor porque Ele os criou. Mas como saber a verdade a respeito do relato da criação? Explique que o relato da criação não é uma alegoria. A narrativa da criação é um fato histórico, ou seja, algo que aconteceu exatamente como a Palavra de Deus narra. Quando o assunto é a criação do universo, sabemos que existem várias teorias que tentam explicar a origem da vida, como por exemplo, a teoria do Big Bang e a teoria da Evolução. Porém, como crentes, sabemos que o universo e a vida não são produtos de uma evolução como alguns cientistas tentam afirmar ou o resultado da explosão de uma partícula. Deus é o grande Criador. Ele Criou os animais e vegetais, por isso pertencem a Ele. Os israelitas precisavam ter a consciência de que o Deus que eles adoravam no Tabernáculo era o único e que tudo foi criado por Ele. Enfatize também que os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício vicário de Jesus e que segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “quando um sacrifício era oferecido com fé e obediência a Deus, Deus se aprazia no ato do adorador e, deste modo, outorgava ao penitente a graça e o perdão almejados”.

III. O SER HUMANO É DO SENHOR
A teologia do Levítico preconiza a sacralidade da vida humana como imagem e semelhança de Deus. Em Israel, ao contrário das culturas cananeias, estava proibido o sacrifício humano, pois o verdadeiro sacrifício a Deus é um coração humilde e contrito (Is 57.15).

1. O ser humano é a imagem de Deus.
O livro de Levítico corrobora a teologia do Gênesis, ao mostrar que o ser humano foi criado por Deus (Gn 1.26). Portanto, há vários dispositivos, visando promover o ser humano como a obra prima das mãos divinas. Por esse motivo, o crente israelita era intimado a cuidar de seu corpo tanto exterior quanto interiormente (Lv 20.7). Nem marcas nem tatuagens eram admitidas (Lv 19.28). Ou seja, o ser humano só agradará a Deus se buscar a excelência divina em toda a sua maneira de ser, existir e pensar.

2. A vida humana é sagrada.
O crente israelita é exortado a ver a vida humana como sagrada. Por isso mesmo, não poderia, sob hipótese alguma, consagrar sua descendência aos ídolos (Lv 18.21). Portanto, toda a nação de Israel, como propriedade exclusiva do Senhor, ao Senhor tem de ser consagrada.

3. O ser humano é servo e adorador a Deus.
Sendo Israel o povo do Senhor, deve, por conseguinte, dedicar-se totalmente ao serviço divino, oferecendo-lhe sacrifícios, celebrando seus grandes feitos e adorando-o na beleza de sua santidade (Lv 1.2; 23.2).

4. O sacrifício pacífico.
A teologia do livro de Levítico tinha por objetivo, antes de tudo, levar o israelita a servir voluntária e amorosamente a Deus. Esse ideal é realçado pelo salmista (Sl 100.2). A síntese desse ensinamento está no sacrifício pacífico com que Israel mostrava a sua gratidão ao Senhor (Lv 7.11-17). Quanto a nós, somos exortados a oferecer a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, por mediação do Espírito Santo, sacrifícios de louvores (Hb 13.15).

SÍNTESE DO TÓPICO III
Os seres humanos foram criados por Deus e pertencem a Ele.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Sobre o homem.
Cremos, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus: ‘E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente’ (Gn 2.7). A palavra ‘homem’ no relato da criação em Gênesis 1 e 2 é Adam, que aparece depois como nome próprio do primeiro homem. O ser humano foi criado macho e fêmea: ‘E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou’ (Gn 1.27). Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais; feito à semelhança de Deus: ‘os homens, feitos à semelhança de Deus’ (Tg 3.9); um pouco menor do que os anjos; coroado de honra e de glória e dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal. Mediante a graça, essa escolha continua mesmo depois da Queda no Éden: ‘Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se falo de mim mesmo’ (Jo 7.17). Mais de uma vez, Israel teve a liberdade de escolha quando foi chamado por Deus. Podemos afirmar que nenhuma criatura foi feita como o homem, que é considerado a coroa da criação. Adão é o primeiro homem, e dele e Eva veio toda a geração dos seres humanos que vivem sobre o planeta terra (SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 77,78).

CONCLUSÃO.
Nós somos o templo do Espírito Santo (1ª Co 6.19). E, como tais, somos intimados a andar em novidade de vida, consagrando tudo ao Senhor, a começar por nós mesmos (1 Ts 5.23). Se não nos ofertarmos amorosa e incondicionalmente a Deus, e usarmos o nosso corpo para o pecado, como estaremos diante de Deus? Seremos réus diante d’Ele (1ª Co 6.18-20).
A essência da teologia do Levítico continua válida ainda hoje. O Deus que exortou Israel à santidade requer, de igual modo, a nossa santificação (Lv 19.2; 1ª Ts 4.3).

quinta-feira, 26 de julho de 2018

QUEM REALMENTE ERA MARIA MADALENA?




Quem foi Maria Madalena: prostituta, adúltera, irmã de Lázaro, ou mulher de Jesus?
(Lc 7.37-39; Jo 8.3-4; Mc 14.3; Jo 8.1-17).

Dos milhares de nomes apresentados na Bíblia pouco mais de 170 são atribuídos às mulheres. E entre esses, temos o nome de Maria, que tem sido objeto de estudo no campo religioso e filológico por conta de ser o nome da mãe do Salvador. Porém, deixando de lado a questão de ordem antroponímica, quero focar minha atenção, mais precisamente, no aspecto religioso em torno desse nome, a fim de, na medida do possível, solucionar algumas dúvidas que pairam na mente de muitos leitores da Bíblia com respeito, mais especificamente, a Maria Madalena.

ETIMOLOGIA
Maria: Forma grecizada do hebraico (מיריא  Miryan, Miriã). Que significa “elevada, exaltada”. Segundo alguns estudiosos significa, “rebelião” (A etimologia desse nome é bastante controvertida).

AS MARIAS DA BÍBLIA
Quantas Marias são Apresentadas na bíblia? Maria Madalena é mesma Maria irmã de Lázaro? nas suas diferentes formas a Bíblia registra 8 mulheres que receberam o nome de Maria:
1ª) Miriã, irmã de Moisés e Arão (Nm 26.59).
2ª) Miriã, descendente de Judá (1º Cr 4.17).
3ª) Maria, mãe de Jesus (Mt 1.18).
4ª) Maria, Madalena, uma mulher de magdala (Lc 8.2).
5ª) Maria, de Betânia, irmã de Lázaro e Marta (Jo 11.2).
6ª) Maria, de Clopas, a máe de Tiago, o menor e tia de Jesus (Jo 19.25).
7ª) Maria, mãe de João Marcos (At 12.12).
8ª) Maria, cristã romana que Paulo saudara em romanos (Rm 16.6).

MARIA MADALENA (ORIGEM)
O nome Madalena é um adjetivo gentílico, ou nome pátrio. Ele indica seu lugar de origem, para distingui-la das demais. Segundo a tradição local ele era uma habitante de Magdala, dizia-se que esta cidade localizava-se sobre a costa sul-ocidental do mar da Galiléia, daí o sobrenome magdala ou Madalena.

Nos escritos de Flávio Josefo, do século I, não existe nenhuma cidade chamada Magdala. Como sabemos ele estava a serviço de Roma e forneceu aos romanos informações detalhadas sobre a geografia e recursos disponíveis a Roma naquelas terras. A cidade que geralmente é apresentada por cidade natal de Madalena é “Migdal Nunnayah” Torre de peixes.

Alguns teóricos dizem que diz respeito a sua cidade de origem, porem outros, dizem que é muito provável que esta cidade não existia no tempo de Madalena, pelo menos com este nome e sim foi criada posteriormente, após a guerra dos judeus, ou recebeu o nome torre de peixes após este evento.

A cidade hoje chamada Magdala, era chamada anteriormente, na época de Madalena, de Tariqueia nos tempos bíblicos. Flávio Josefo, um historiador judeu, contemporâneo a Jesus, uma das maiores referências na história judaica da época de Jesus, no primeiro rascunho, do seu livro “guerra dos judeus” em aramaico, chama a cidade de Traqueia, e qualquer outro documento anterior a 70dc, também a chama de Traqueia não Magdala. Traqueia foi destruída em 67dc, e a cidade que foi reconstruída no antigo sítio no litoral do mar da galileia passou a chamar-se “Magdala Nunnayah” (expressão aramaica q significa torre de peixes). Nesta época, Maria Madalena já estava morta.

Magdala viria da palavra hebraica Migdal, que significa “Torre”. Sendo assim a expressão mais correta para Maria a Magdala, seria “Maria a Torre”.

O que implicaria chama-la de Torre?
 A esposa do rei Davi também foi chamada de Torre. Mical, princesa da tribo de Benjamim, filha do primeiro rei hebreu Saul, e também esposa de Davi, foi chamada de “torre de vigia”, ou “praça forte”, filha de Sion. Maria, princesa da tribo de Benjamim, da casa de Betânia, prometida ao herdeiro de Davi, também teria sido chamada de “Torre/Migdal”, a Magdala. “Magdal-eder” significa literalmente a “torre do rebanho”, no sentido de um lugar elevado usado por um Pastor como um ponto de vantagem. Chamar Maria de Torre, seria o equivalente hebreu de chamar “Maria de grande”.

MARIA MADALENA ERA UMA PROSTITUTA?

A primeira citação de Maria Madalena como uma prostituta aconteceu em um sermão do papa Gregório, o grande, no ano 591 d.C. Provavelmente essa ideia é o resultado da confusão entre Lucas 7 e 8. Pois em (Lc 7) temos a presença de uma pecadora na casa de Simão, o leproso, quando do jantar que ele ofereceu a Jesus. E logo a seguir, no capítulo 8, Lucas registra o nome de Maria Madalena, o que explica o motivo da confusão e o equívoco de alguns que chegam a pensar que aquela pecadora era Maria Madalena. Mas vale lembrar que não temos nenhuma base bíblica ou mesmo histórica para defender ou provar essa ideia. E por outro lado, aquela pecadora é simplesmente uma anônima e, portanto, nada tem a ver com Maria Madalena.

MARIA MADALENA ERA UMA MULHER ADÚLTERA?

Outro equívoco cometido por muitos cristãos, diz respeito a associação que ele fazem entre Maria Madalena e a mulher adúltera de João 8. Talvez, esse equívoco deve-se ao fato dela, no passado, haver sido possuída por sete demônios, os quais foram expelidos por Jesus (Lc 8.2). Ora, a mulher adúltera foi assim denominada porque desonrou os votos do matrimônio; o que comprova, naturalmente, que ela tinha marido. Mas quanto a Maria Madalena, não há nenhuma passagem bíblica que, explícita ou implicitamente, possa comprovar que ela fosse casada. Portanto, fica dessa forma descartada a hipótese dela ser a mulher adúltera descrita por João, o evangelista.

MARIA MADALENA ERA A IRMÃ DE LÁZARO?

Pelo fato da Bíblia estar cheia de homônimos, ou seja, de pessoas que, apesar de diferentes, possuem um mesmo nome, é muito natural que as vezes, por um pequeno descuido possamos fazer confusão entre os personagens bíblicos. Maria, como já vimos, há no Novo Testamento, seis mulheres com esse nome. Entre as quais, Maria de Betânia, a irmã de Lázaro e Maria Madalena, duas personagens totalmente distintas.

Vejamos algumas diferenças entre ambas:
A) Maria Madalena: era de Magdala, na região da Galiléia.
B) Maria, irmã de Lázaro, era de uma aldeia em Betânia, na região da Judéia.
C) Maria Madalena não é apresentada como tendo irmãos.
D) Maria de Betânia tinha dois irmãos: Marta e Lázaro. E para finalizar, diferente de Maria de Betânia, Maria Madalena ajudou a sustentar o ministério de Jesus, esteve ao pé da cruz no dia da crucificação do Mestre, esteve no sepulcro de Jesus no dia do sepultamento e no da ressurreição, e foi a primeira a ver Jesus ressuscitado e a tocar nele, e anunciar a sua ressurreição aos discípulos.

MARIA MADALENA ERA MULHER DE JESUS?
Dan Brown, em seu romance, “O Código da Vinci procura sustentar um suposto casamento entre Jesus e Maria Madalena. Segundo ele, a igreja católica, através da Opus Dei, uma sociedade secreta da igreja, procura encobrir essa “verdade”, que poderá comprometer a história do Cristianismo, levando, inevitavelmente, os Cristãos a reavaliar seus conceitos e fazer uma releitura dos princípios da fé Cristã. Diante dessa afirmação deve-se perguntar: Maria Madalena, realmente, foi a mulher de Jesus? Que provas efetivamente o romancista apresenta para fazer tal afirmação? O que a bíblia diz a esse respeito?

Em primeiro lugar quero afirmar, baseado na Bíblia, que Maria Madalena jamais foi mulher de Jesus, pela seguintes razões:

1) Não há nenhum documento, historicamente confiável, que possa provar isso.
2) Não há na Bíblia nenhuma só passagem que afirme que Jesus fosse casado com Maria Madalena.
3) Se Jesus fosse casado não haveria nenhum problema ou motivo para que os discípulos ou os evangelistas omitissem esse fato. Não obstante, nenhum deles faz alusão a esse suposto casamento.
4) As mulheres tinham seus nomes geralmente ligados ao de um homem, marido ou parente. Maria Madalena é exceção à regra. Se ela fosse casada com Jesus, seu nome deveria vir ligado ao dele pelo menos uma vez, o que de fato não acontece. Pois ela, conforme os relatos dos evangelistas, é conhecida, apenas, pelo seu lugar de origem, a saber, Magdala. Daí chamar-se Maria Madalena, ou seja, de Magdala.
5) Os estudiosos concordam que Jesus era solteiro. Logo, Maria Madalena não poderia ser casada com ele.
6) As provas documentais, apresentada por Dan Brown, baseiam-se apenas nos evangelhos apócrifos de Filipe e de Maria. Mas vale salientar que essas obras não são reconhecidas pela comunidade judaica e nem mesmo pela igreja como sendo de autoridade canônica, pois são apenas fruto do conceito filosófico-religioso dos gnósticos.
7) Paulo, em defesa dos seus direitos como apóstolo, na sua primeira carta aos coríntios, não faz alusão a esse pretenso casamento. Ele menciona Cefas, os irmãos do Senhor, mas não cita o nome de Jesus, nem por inferência. Isso não é estranho? Ora, se Jesus fosse realmente casado com Maria Madalena, Paulo jamais deixaria de citar o seu nome. Paulo, como sabemos quando queria convencer o seu auditório valia-se de todos os recursos possíveis (1ª Co-15.29). Portanto, com base nessas premissas, podemos concluir que Maria Madalena nunca foi casada com Jesus.

QUEM FOI MARIA MADALENA?
Maria Madalena, segundo o relato bíblico apresentado pelos evangelistas:
1) Era uma discípula devota de Jesus, o qual a libertou de sete demônios. E, provavelmente, por conta dessa libertação, passou a segui-lo (Mc 16.9; Lc 8.1-2).
2) Servia-o com os seus bens (Lc-8.1-3).
3) Esteve ao pé da cruz (Mt 27.56; Mc 15.40; Jo 19.25).
4) Esteve assentada junto ao sepulcro quando o corpo de Jesus foi sepultado (Mt 27.61).
5) Foi na manhã do primeiro dia ungir o corpo de Jesus (Jo 20.1).
6) Foi a primeira a ver Cristo ressurreto (Mc 16.9; Jo 20.11-17).
7) Seu nome aparece doze vezes como Maria Madalena (Mt 27.56, 61; 28.1; Mc 15.40,47; 16.1, 9; Lc 8.2; 24.10; Jo 19.25; 20.1,18) e uma vez como Maria (Jo 20.11).
Isso é tudo por enquanto, espero que gostem e que traga luz ao seu entendimento, deixe seu comentário. A paz de Cristo.