TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 9 de julho de 2018

OS MINISTROS DO CULTO LEVÍTICO



Texto Base: Levítico 8.1-13:
E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2 Fala a Arão, e dize-lhe: Quando acenderes as lâmpadas, as sete lâmpadas iluminarão o espaço em frente do candelabro. 3 E Arão fez assim: Acendeu as lâmpadas do candelabro para iluminar o espaço em frente, como o SENHOR ordenara a Moisés. 4 E era esta a obra do candelabro, obra de ouro batido; desde o seu pé até às suas flores era ele de ouro batido; conforme ao modelo que o SENHOR mostrara a Moisés, assim ele fez o candelabro. 5 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 6 Toma os levitas do meio dos filhos de Israel e purifica-os; 7 E assim lhes farás, para os purificar: Esparge sobre eles a água da expiação; e sobre toda a sua carne farão passar a navalha, e lavarão as suas vestes, e se purificarão. 8 Então tomarão um novilho, com a sua oferta de alimentos de flor de farinha amassada com azeite; e tomarás tu outro novilho, para expiação do pecado. 9 E farás chegar os levitas perante a tenda da congregação e ajuntarás toda a congregação dos filhos de Israel. 10 Farás, pois, chegar os levitas perante o SENHOR; e os filhos de Israel porão as suas mãos sobre os levitas. 11 E Arão oferecerá os levitas por oferta movida, perante o SENHOR, pelos filhos de Israel; e serão para servirem no ministério do SENHOR. 12 E os levitas colocarão as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos; então sacrifica tu, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto ao SENHOR, para fazer expiação pelos levitas. 13 E porás os levitas perante Arão, e perante os seus filhos, e os oferecerá por oferta movida ao SENHOR.”

“Toma os levitas em lugar de todo primogênito entre os filhos de Israel e os animais dos levitas em lugar dos seus animais; porquanto os levitas serão meus. Eu sou o Senhor” (Nm 3.45).

INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos a respeito dos Ministros que conduziam a adoração e representavam o povo diante de Deus na Antiga Aliança. No Sinai, Deus escolheu e separou a tribo de Levi para que dela fossem vocacionados os sacerdotes e os levitas que ministrariam a adoração e o serviço no Tabernáculo. Ser escolhido para tal função era um privilégio, uma honra, mas também uma grande responsabilidade e abnegação, já que os descendentes de Levi não teriam herança como às demais tribos. O Senhor seria a herança deles e o sustento viria das outras tribos. Era preciso ter fé e viver dela. Por determinação de Deus, os sacerdotes deveriam ser descendentes de Arão, irmão de Moisés, e as suas esposas deveriam ser israelitas de sangue puro. Na Nova Aliança, graças ao sacrifico de Jesus Cristo, cada crente é um sacerdote santo, chamado para oferecer sacrifícios espirituais (1ª Pd 2.5). Atuamos como proclamadores do Evangelho e intercessores tanto pelos crentes quanto pelos que ainda não creem. À semelhança dos sacerdotes levitas, o chamamento divino exige separação, excelência e dedicação integral.

I. LEVI, A TRIBO SACERDOTAL
No momento da promulgação da lei, todo o povo israelita era formado de sacerdotes, uma vez que Moisés não só levantou doze monumentos, representando as doze tribos de Israel, como também convocou jovens de todas as tribos para oferecer sacrifícios (Êx cap.24). Tinha sido esta a proposta de Deus para Israel, ou seja, a de que eles se tornassem “reino sacerdotal e povo santo do Senhor” (Êx19.5,6). Mas, enquanto Moisés esteve ausente por quarenta dias e quarenta noites (Êx 24.18), o povo de Israel quebrou a lei, fazendo para si um bezerro de ouro, quebrando os dois primeiros mandamentos da lei. Ao retornar ao arraial, Moisés, indignado, quebrou as tábuas da lei. Depois, Moisés perguntou ao povo quem estava do lado do Senhor, e somente a tribo de Levi se manifestou (Êx 32.26); por esta razão, foi a tribo de Levi escolhida para exercer o sacerdócio entre os israelitas, porque, com a quebra da lei, Israel perdera a condição de ser “reino sacerdotal” (Dt 10.8).

1. Os levitas. Eram descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia (Gn 29.34). Levi foi pai de três filhos: Gérson, Coate e Merari (Gn 46.8-11). No Egito, durante a sua estada, a família de Levi aumentou e passou a ser uma tribo, e as famílias dos três filhos se tornaram divisões tribais. Arão, Miriã e Moisés nasceram na divisão coatita da tribo (Êx 2.4; 6.16-20; 15.20). Quando o Tabernáculo foi removido, os coatitas levaram a mobília, os gersonitas, as cortinas e seus pertences, e os meratitas transportaram e instalaram o Tabernáculo propriamente dito (Nm 3.35-37; 4.29-33).
Por haverem sido resgatados da morte, por ocasião da primeira Páscoa (Êx 11.5; 12.12,13), os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus, mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos por Deus como substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Nm 3.12,45; 8.17-19). Conforme Números 3.41-45, os levitas agiram como substitutos dos primogênitos de toda casa de Israel.
Por serem separados para o serviço de Deus, não se esperava que fossem à guerra (Nm 1.3,49) ou plantassem seus próprios alimentos numa área tribal. Eles deviam espalhar-se por toda a Terra Prometida e viver entre o povo (Nm 35.1-8), e deviam ser sustentados com os dízimos do povo (Nm 18.21).
Os levitas, dados a Arão e a seus filhos, eram os ajudantes dos sacerdotes. Eles assistiam os sacerdotes em seus deveres e transportavam o tabernáculo e cuidavam dele (Nm 1.50,51; 8.19-22).

2. O zelo dos levitas. Uma das características dos descendentes de Levi, os levitas, era a sua devoção a Deus e a sua postura zelosa em relação aos padrões morais de Deus estabelecidos para o seu povo. Quando os hebreus adoraram o bezerro de ouro no sopé do Monte Sinai, foram os levitas que se uniram a Moisés contra a idolatria. Sua devoção a Deus se evidenciou publicamente nesse ato. Por causa de sua obediência e consagração a Deus, eles receberiam uma bênção (Êx 30.29). A bênção que receberam foi o fato de terem sido escolhidos como a tribo dedicada ao serviço de Deus (Nm 3.6-13). Nesta ocasião, Deus usou esses escolhidos para cumprir a tarefa sacerdotal de executar os julgamentos divinos (Êx 32.27,28). Os serviços do tabernáculo eram executados somente por eles (Nm 1.50-51). Eram bastante zelosos no exercício sacerdotal, chegando até mesmo resistir com firmeza ao rei Uzias quando este queria usurpar os serviços que apenas a eles eram permitidos executar (cf.2º Cr 26.16-18); Deus castigou este rei com lepra pela infringência cometida (2º Cr 26.19-21).

3. A vocação sacerdotal dos levitas. Tendo em vista o caráter santo e distintivo da tribo de Levi, aprouve a Deus separá-la para o sacerdócio (Nm 3.45). Deus instituiu Arão e seus filhos como os primeiros sacerdotes de Israel (Êx. cap.28). Depois disso, a única forma de se tornar sacerdote era nascendo na tribo e na família sacerdotal. Na Sua presciência, Ele já havia, no Monte Sinai, dito a Moisés que escolhera a Arão e a seus filhos para exercerem o ofício sacerdotal (Êx 28.1). Essa escolha divina foi confirmada mediante a unção, que seguiu um rito todo especial, determinado pelo próprio Deus (cf. Levítico cap. 8).
O sacerdote era um mediador que ensinava a lei, mas principalmente oficiava os cultos religiosos dos israelitas (Êx 28.43). Eles só podiam vir da tribo de Levi.  No entanto, o simples fato de alguém ser levita não fazia dele um sacerdote. Para atuar como sacerdote, era necessário o chamado de Deus - “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão” (Hb 5.4).  Então, ser sacerdote era uma honra especial, e os que desempenhavam essa função eram diretamente chamados por Deus.
Os sacerdotes da ordem levítica eram consagrados ou separados por Deus para esse trabalho especial (Êx 28.1-4). Isso significa que eram santos, não devendo ser consideradas pessoas comuns. Os demais levitas, embora desempenhassem trabalhos importantes na vida religiosa de Israel, não eram sacerdotes.
Além disso, para que alguém fosse sacerdote, essa pessoa precisava não só ser da tribo de Levi, ser chamada por Deus para o trabalho e ser consagrada, mas tinha de estar isenta de deformidades físicas e de outras contaminações (Lv 21.16-21). Ainda que uma pessoa preenchesse alguns dos outros requisitos, se fosse cega, coxa ou de algum modo deformada, não podia atuar como sacerdote. Devia se casar com uma mulher de caráter exemplar. Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar em coisas imundas.
A santidade divina exige daqueles que se aproximam de Deus um estado habitual de pureza, incompatível com a vida comum dos homens. Então, vemos que os que eram sacerdotes no sistema do Antigo Testamento eram especiais, santos e sem deficiências. Isso apontava para o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, Jesus Cristo (Hb 6.20), que é perfeito e seu sacrifício por nós foi único, completo e aceito pelo Pai.
A instituição do sacerdócio levítico era mais um “remédio”, uma medida paliativa que se criava até a vinda do Messias, que redimiria a humanidade e que se tornaria o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10; Hb 6.20), instituindo, então, um verdadeiro “reino sacerdotal” (1ª Pd 2.9; Ap 1.5,6), que é a Sua Igreja.
Com a vinda de Cristo, porém, não há que se falar mais em necessidade de que parte do povo de Deus, a Igreja, seja constituída por “sacerdotes”, pois todo o povo de Deus é agora formado de sacerdotes, vez que o pecado foi tirado e há livre acesso à presença de Deus.
O sacerdócio levítico encerrou-se pouco antes da morte de Cristo na cruz do Calvário, quando o sumo sacerdote Anás, quebrando norma da lei (Lv 21.10), rasgou suas vestes durante o julgamento de Jesus pelo Sinédrio (Mt 26.65; Mc 14.63).
Logo em seguida, com Sua morte na cruz, Jesus instituiu o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110.4; Hb 7.17,21), oferecendo-se pelo pecado da humanidade, sacrifício único e que efetuou eterna redenção (Hb 7.27; 9.12).
Na Igreja, portanto, a única forma de se tornar sacerdote é por meio do Novo Nascimento (Ap 1.5,6). É muita presunção querer ordenar sacerdotes por meios humanos. Na Nova Aliança, só há um mediador entre Deus e homem: Jesus Cristo, homem (1ªTm 2.05). Jesus é o nosso sublime e perfeito Sumo Sacerdote (Hb 7.26-27). Portanto, não mais necessitamos de intermediários humanos para nos achegarmos a Deus; não há mais a figura humana do sacerdote; é errado, portanto, chamar os pastores de sacerdotes, pois não existe mais a atividade de intermediação, como existia no Antigo Testamento; cada crente é um sacerdote - “vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1ª Pd 2.5). Agora, qualquer um de nós pode adentrar ao trono da graça de Deus para suplicar, interceder, e oferecer culto e sacrifício de louvor ao Senhor.

II. O SUMO SACERDOTE
O sumo sacerdote era o principal representante do culto divino no Antigo Testamento (Êx 28.1). O povo de Deus somente poderia chegar à presença do Senhor através de pessoas especialmente designadas para isto. O sacerdócio veio como uma continuação da mediação que, iniciada por Moisés, deveria prosseguir até que viesse outro profeta como Moisés (Dt 18.15; At 7.37), que, então, estabelecesse uma nova ordem, um novo regime de sacerdócio.

1. Arão, da tribo de Levi, foi o primeiro sumo sacerdote. Arão foi o primeiro sumo sacerdote da história de Israel (Êx 28.1-3), cuja função era, primordialmente, a de interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da expiação (Lv 16; 23.26-32).
Somente ele usava roupas especiais (Lv.16:2), interpretava o lançamento das sortes sagradas (Urim e Tumim – Êx 28.30; Lv 8.8) que eram mantidas em seu peitoral.
Somente ele entrava uma vez por ano no lugar santíssimo para expiar os pecados da nação israelita (Lv 16.29); no lugar santíssimo, depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um sacrifício em nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a sua ira e diferia, por mais um ano, a punição pelos pecados cometidos.
Somente ele aspergia sangue sobre o propiciatório - como era chamada a tampa de ouro da arca do concerto -, que ficava dentro do lugar santíssimo, e este sangue trazia favor ao povo de Israel, pois, por causa deste sangue, o pecado do povo era coberto e Deus se mostrava favorável, não castigando o povo pelo pecado cometido.
Somente ele usava o peitoral com os nomes das doze tribos de Israel e atuava como mediador entre toda a nação e Deus.
Somente ele tinha o direito de consultar ao Senhor mediante Urim e Tumim, que ficava dentro do peitoral, os quais significavam “luzes e perfeições”. Segundo se crê, era duas pedrinhas, uma indicando resposta negativa e a outra, resposta positiva. Não se sabe como eram usadas, mas é provável que, em situações difíceis, fossem retiradas de algum lugar ou lançadas ao acaso, ao fazer-se uma consulta propondo uma alternativa: “farei isto ou aquilo?” E, segundo saísse Urim ou Tumim, interpretava-se a resposta, segundo a vontade de Deus (Nm 27.21; Ed 2.63; 1º Sm 14.36-42; 2º Sm 5.19).
Embora o sacerdote em alguns aspectos prefigure o cristão, o sumo sacerdote simbolizava Jesus Cristo (ver 1ª Pd 2.5,9; Hb 2.17; 4.14).
Restrições: Por ser tão honrosa e de muita responsabilidade, a função do sumo sacerdote era cercado de uma série de restrições, muito superiores a de qualquer outro israelita. Assim, por exemplo: não podia descobrir a sua cabeça; não podia rasgar os seus vestidos (Lv 21.10); não podia se chegar a qualquer cadáver, nem mesmo de seus pais (Lv 21.11); tinha que casar com mulher virgem, sendo-lhe vedado casar com mulher repudiada ou, mesmo, viúva (Lv 21.13,14).

2. Ungido para o ofício (Lv 8.10-12). Moisés tomou o azeite da unção, conforme estipulado em Êx 30.22-33, e derramou-o sobre a cabeça de Arão e ungiu-o, para santificá-lo (Lv 8.12). A unção de Arão simboliza a separação do sacerdote para Deus e a investidura com poder divino (charisma) necessário para o exercício do ministério santo. No Antigo Testamento, o profeta (1ª Rs 19.16), o rei (1º Sm 9.16; 10:1) e o sacerdote eram ungidos dessa maneira. Em hebraico, o verbo “ungir” (mashach) é o radical do qual se deriva a palavra Messias (“o ungido”). O Messias tinha de ser ungido não apenas com óleo, mas com o Espírito Santo (Is 11.2; 42.1; Lc 3.22).
O Senhor determinou que o sumo sacerdote Arão fosse ungido a fim de dignificá-lo como ministro extraordinário do culto divino (Êx 28.41; 29.1-7). A primeira etapa na consagração de Arão como sumo sacerdote foi lavá-lo com água diante da porta da tenda da congregação (Ex.29:4); em seguida, Arão vestiu as roupas descritas em Êxodo 28.5,6; em seguida, recebeu a unção com óleo (Êx 29.7) – “e tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre a sua cabeça; assim, o ungirás”.
O azeite sobre a cabeça de Arão simbolizava a unção do Espírito Santo. Os dons e a influência divina são indispensáveis ao exercício do ministério. No Salmo 133.2 indica-se a abundância do óleo com o qual foi ungido Arão; é um belíssimo simbolismo do Espirito Santo derramado sem medida sobre o Senhor Jesus Cristo (Sl 45.6,7; Jo 3.34), nosso magnifico Sumo Sacerdote.
Moisés espargiu a santa unção sobre Arão e seus filhos. Assim é a presença e o poder do Espírito Santo para o "sacerdócio real" dos crentes a fim de que ministrem com poder e eficácia.
Assim como os sacerdotes do Antigo Testamento, os ministros de Cristo precisam ser ungidos com o Espirito Santo, afim de que o culto tenha a qualidade desejada pelo Senhor, sendo, assim, aceitável diante d’Ele. Além disso, a vida do ministro deve ser coerente com o culto ou serviço que prestam a Deus.

3. Cargo vitalício - Êx 28:43: “E estarão sobre Arão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da congregação, ou quando chegarem ao altar para ministrar no santuário, para que não levem iniquidade e morram; isto será estatuto perpétuo para ele e para a sua semente depois dele”.
O sumo sacerdócio era um cargo vitalício, dado ao primogênito do vigente sumo sacerdote, com exceção dos casos de enfermidade ou mutilação previstos pela Lei (Nm 3.1-13; Lv 21.16-23), de modo que eles podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus. Como os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, foram mortos por levarem fogo estranho diante de Deus, Eleazar sucedeu o sumo sacerdócio, e foi mantido em sua família (Nm 20.25,26).
Segundo Ralph Gower, em alguma época da história de Israel, o sumo sacerdócio foi assumido pela família de Itamar, o quarto filho de Arão, mas Salomão fez novamente retornar à família de Eleazar, colocando Zadoque na posição de sumo sacerdote. Essa posição foi mantida na família dele até que seu descendente veio a ser deposto por Antíoco Epifânio (rei da Síria) nos dias dos macabeus. Nesse período posterior, os sumos sacerdotes eram indicados pelo poder reinante (exemplo: Anás foi deposto pelos romanos e substituído por Caifás - cf. Lc 3.2; Jo 11.49-51; 18.13-24), mas quando eles se tornaram forte o bastante para resistir às autoridades, adotaram seu próprio estilo de soberania. Ao que tudo indica, havia um rodízio entre os principais membros da família de Arão (Lc 3.2).
Na Nova Aliança, não há mais linhagens de sumo sacerdotes, porque o nosso único e definitivo Sumo Sacerdote é Cristo, que através do seu sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e sacrifícios (Hb 7.1-8). Todos os cristãos são sacerdotes diante de Deus (1ª Pd 2.5-9; Ap 1.5,6; 5.9-10). Portanto, todo o povo de Deus da Nova Aliança pode se apresentar diretamente a Deus para oferecer-lhe sua adoração (Hb 10.19-23; 13.15). Por isso, devemos ter uma vida exemplar, quer em atitudes quer em palavras.

III. DIREITOS E DEVERES
Eram direitos e deveres dos descendentes de Levi, principalmente os da casa de Arão: viver do altar, santificar-se ao Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.

1. Viver do altar (Lv 7.35). Nem os levitas nem os sacerdotes receberam terra quando Josué repartiu Canaã porque o Senhor havia de ser sua parte e herança (Nm 18.20). Os levitas que cuidavam do tabernáculo e o transpor­tavam recebiam o dízimo das outras tribos. Por sua vez, davam seus dízimos aos sacerdotes (Nm 18.28). Além disso, os sacerdotes recebiam a carne de determinados sacrifícios, as primícias, parte consagrada dos votos e os primogênitos dos animais – “Esta é a porção de Arão e a porção de seus filhos, das ofertas queimadas do SENHOR, no dia em que os apresentou para administrar o sacerdócio ao SENHOR” (Lv 7.35).
Assim expressa o apóstolo Paulo ilustrando este princípio: “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? .... Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1ª Co 9.13-14). E o ministro deve ter a atitude do Salmista: “O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice; tu sustentas a minha sorte” (Sl 16.5).

2. Santificar-se ao Senhor. Em virtude de seu ofício, os sacerdotes deveriam erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. Eles eram a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória de seu povo a santidade de Deus. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa de ouro, em seu turbante (mitra), no qual estava colocada uma lâmina de ouro puro com as palavras "Santidade ao Senhor", gravadas sobre ela (Êx 28.36). Os sacerdotes proclamavam que a santidade é a essência da natureza de Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado a Ele.
No culto divino, tudo o que eles empregavam tinham de ser consagrados ao serviço divino. Portanto, Arão e seus filhos tinham de estar devidamente limpos e ataviados e deviam ter expiado seus pecados antes de assumirem os deveres sacerdotais.

3. Tornar-se uma referência espiritual e moral. Por ser o mediador entre Deus e o povo de Israel, os sacerdotes tinham o dever de se apresentarem como uma referência espiritual e moral. Caso contrário, seriam punidos exemplarmente, como aconteceu com os filhos de Eli, Hofni e Finéias. Estes, em consequência de seu proceder, tornaram-se um péssimo exemplo para o povo de Israel. A Bíblia diz que o Senhor queria matá-los por se comportarem de forma imoral perante o povo de Israel (1º Sm 2.22-25). Eles endureceram o coração e pecaram abertamente e sem constrangimento. Eli os advertiu, mas a advertência de Eli não teve efeito moral sobre eles. Deus os entregou à sua própria sorte. Para eles, já se passara o dia da salvação, estando, pois, destinados por Deus à condenação e à morte, à semelhança daqueles referidos em Rm 1.21-32. Iam morrer como resultado da sua própria e insolente desobediência e da sua recusa de arrepender-se.
À época de Malaquias, também, os sacerdotes se comportavam muito mal diante de Deus e do povo de Israel; estavam totalmente corrompidos. Por isso, o Senhor os havia tornado desprezíveis e indignos diante de todo o povo. A irreverencia deles era tão pútrida que Deus pediu que eles não fizessem mais culto a Ele no templo de Deus, que fechassem as portas do Templo – “Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação” (Ml 1.10). Por causa disso, Deus os advertiu de que sofreriam uma condenação terrível caso não se arrependessem e mudassem de atitude.
Na Nova Aliança, também, Deus exige que o seu povo ande em santidade e pureza diante d’Ele, como exorta o apóstolo Pedro: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1ª Pd 1.15).

CONCLUSÃO
O sacerdócio levítico era glorioso; seus membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o sacerdote não era perfeito, e por causa disto devia estar sempre disposto a reconhecer seus pecados, abandoná-los e oferecer o sacrifício correspondente. Os sacerdotes eram apenas sombras do perfeito Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo. Ele, como Sumo Sacerdote, foi designado e escolhido por Deus (Hb 5.5); Ele não tem pecado (Hb 7.26); o Seu sacerdócio é inalterável (Hb 7.23-24); o Seu oferecimento é perfeito e definitivo (Hb 9.25-28); Ele intercede continuamente (Hb 7.24-25); Ele é o único Mediador (1ª Tm 2.5); Ele já ofereceu o sacrifico definitivo. O que precisamos, então, é de uma apropriação pela fé dos méritos do Calvário, que nos limpam e nos colocam em condições de entrarmos no santuário de Deus.

Fonte. ANDRADE, Claudionor Correia de, Lições Bíblicas 3° Trimestre de 2018, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

A BELEZA E A GLÓRIA DO CULTO LEVÍTICO



†Subsídios EBD Lição 2, 3º Trimestre de 2018.

TEXTO ÁUREO
“Então, entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois, saíram e abençoaram o povo; e a glória do SENHOR apareceu a todo o povo.” (Lv. 9.23)

VERDADE PRÁTICA
O verdadeiro culto divino não se impõe pelo ritualismo nem por sua pompa, mas pelo quebrantamento de coração e pela integridade de espírito. A glória de Deus não pode faltar.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 9.15-24: “Depois fez chegar a oferta do povo, e tomou o bode da expiação do pecado, que era pelo povo, e o degolou, e o preparou por expiação do pecado, como o primeiro. 16 Fez também chegar o holocausto, e ofereceu-o segundo o rito. 17 E fez chegar a oferta de alimentos, e a sua mão encheu dela, e queimou-a sobre o altar, além do holocausto da manhã. 18 Depois degolou o boi e o carneiro em sacrifício pacífico, que era pelo povo; e os filhos de Arão entregaram-lhe o sangue, que espargiu sobre o altar em redor. 19 Como também a gordura do boi e do carneiro, a cauda, e o que cobre a fressura, e os rins, e o redenho do fígado. 20 E puseram a gordura sobre os peitos, e queimou a gordura sobre o altar; 21 Mas os peitos e a espádua direita Arão ofereceu por oferta movida perante o SENHOR, como Moisés tinha ordenado. 22 Depois Arão levantou as suas mãos ao povo e o abençoou; e desceu, havendo feito a expiação do pecado, e o holocausto, e a oferta pacífica. 23 Então entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois saíram, e abençoaram ao povo; e a glória do SENHOR apareceu a todo o povo. 24 Porque o fogo saiu de diante do SENHOR, e consumiu o holocausto e a gordura, sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre as suas faces.

OBJETIVO GERAL
Conscientizar de que o verdadeiro culto divino não se impõe pelo ritualismo, mas pelo quebrantamento de coração e pela integridade de espírito.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo i refere-se ao tópico l com os seus respectivos subtópicos.

I. Mostrar como era o culto no Antigo Testamento;
II. Elencar os elementos do culto levítico;
III. Explicar as finalidades do culto levítico.

No decorrer da aula, ressalte o cuidado que devemos ter para não cairmos no formalismo, pois Deus não está preocupado com a forma, mas com o coração daqueles que se achegam a Ele, é necessário que aqueles que desejam cultuar ao Senhor o faça em espírito e em verdade (Jo 4.24).

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição etimológica e exegética da palavra “culto”; pontuaremos a tipologia do culto levítico com a pessoa de Jesus; analisaremos os princípios de adoração no AT, e por fim, estudaremos as verdades espirituais das cinco ofertas do livro de Levítico na vida da Igreja.

I. O CULTO NO ANTIGO TESTAMENTO

1. Definição etimológica. Segundo Houaiss (2001, p. 887), a palavra “culto” deriva do Latim, “cultu”, e significa: “adoração ou homenagem a Deus”. Etimologicamente, o termo latino envolve em sua raiz a expressão “colo, colere”, que indica: “honrar, cultivar, reverenciar respeitosamente […], é o conjunto de atitudes e ritos pelos quais se adora uma divindade […] veneração, reverência, admiração, paixão externa para com alguém”. Os reformadores ortodoxos definiram culto como: “a maneira correta de honrar a Deus”. Ou seja, é: “uma tributação voluntária de louvores e honra ao Criador” (CLAUDIONOR, 2006, p. 127).

2. Definição exegética. Os principais termos que descrevem o ato de “culto” na Bíblia são “shachah” no hebraico significando: “inclinar-se, prostrar-se” (Is 66.22), e no grego existem duas expressões que são respectivamente “latréia” e “proskyneo” significando “baixar-se para beijar, prostrar-se para adorar; reverenciar, prestar obediência, render homenagem” (Jo 4.24; Ap. 4.3-11). O culto é o momento da adoração que tributamos a Deus o melhor que temos e marca o encontro do Senhor com os seus adoradores (Êx 25.8). Na prática cristã, o culto é o encontro do homem com Deus, que pode ser praticado individualmente ou de forma coletiva (Mt 6.6; 16.25; At 2.46; 5.42).

3. As três dimensões do Culto.
Um adjetivo-chave, usado com frequência no Novo Testamento para descrever os atos apropriados de culto é a palavra aceitável. Todo adorador procura ofertar o que seja aceitável. As Escrituras especificam pelo menos três categorias de culto aceitável.

3.1. A dimensão externa.
Primeiro, a maneira de nos comportarmos com os outros pode refletir o culto. Romanos 14.18 afirma: 'Porque quem nisto serve [latreuo] a Cristo agradável [aceitável] é a Deus'. Qual é a oferta aceitável a Deus? O contexto revela que é ser sensível ao irmão mais fraco (v.13). Tratar companheiros cristãos com a devida sensibilidade é um culto aceitável.

3.2. A dimensão interior.
Uma segunda categoria de culto envolve comportamento pessoal. Efésios 5.8-10 afirma: 'Andai como filhos da luz (pois o fruto do Espírito está em toda bondade, justiça e verdade), aprovando o que é agradável ao Senhor'. A palavra agradável vem de uma palavra grega que significa 'aceitável'. Nesse contexto, Paulo refere-se à bondade, à justiça e à verdade, dizendo claramente que fazer o bem é um ato aceitável de culto a Deus (1ª Tm 2.2,3).

3.3. A dimensão superior.
O culto afeta todo o relacionamento com Deus. Hebreus 13.15,16 resume maravilhosamente esta dimensão superior.

4. Vejamos o que é o culto divino e o seu desenvolvimento na era patriarcal, no período de Moisés, no tempo de Davi e de Salomão, e após o Cativeiro babilónico.

4.1. Na era patriarcal.
O primeiro grande patriarca a prestar culto a Deus foi Noé (Gn 8.20). Abraão, Isaque e Jacó também construíram altares para adorar ao Senhor, que os chamara a constituir a nação profética, sacerdotal e real por excelência (Gn 12.7; 26.25; 35-1-7).

4.2. No período de Moisés.
Deus, através de Moisés, entregou ao seu povo leis e instruções para que o seu culto passasse da informalidade a uma etapa mais teológica, litúrgica e congregacional (Êx 12.21-26). A partir daí, estabeleceram-se as festividades sagradas como a Páscoa e o Dia da Expiação (Êx 12.14,20; Lv 23.27,28). Agora, não somente as famílias, mas todo o povo é intimado a cultuar ao Senhor.

4.3. No tempo de Davi e Salomão.
Até a ascensão de Davi, como rei de Israel, a música não era utilizada no culto divino. O cântico de Miriã e o de Débora constituíam manifestações espontâneas que precederam a inserção da música na liturgia do Santo Templo (Êx 15.20,21; Jz cap. 5). Mas, com o rei Davi, que também era profeta, salmista e músico, a celebração oficial ao Senhor foi enriquecida com a formação de coros e instrumentos musicais (lº Cr 15.16). Buscando sempre a excelência do culto divino, o rei Davi inventou e fabricou diversos instrumentos musicais (lº Cr 23.5; 2º Cr 7.6).

Salomão dedicou-se igualmente ao enriquecimento litúrgico e musical na adoração divina (2º Cr 5.1-14). No auge do Santo Templo, a Liturgia hebreia impressionava por sua beleza e arte (2º Cr 5.13). Ezequias também destaca-se pelo zelo ao culto do Senhor (2º Cr 29.26-28).

4.4. Após o cativeiro babilônico.
Em 586 a.C., os judeus foram levados em cativeiro à Babilónia, onde permaneceram 70 anos (Jr 25.11,12). Nesse período, pelo que inferimos do Salmo 137, a adoração divina foi praticamente esquecida. Mas, com o retorno a Jerusalém, os repatriados, incentivados por Esdras e Neemias, reavivaram o culto levítico (Ne 12.22-30).

II. OS ELEMENTOS DO CULTO LEVÍTICO

A fim de mostrarmos a beleza e a glória do culto divino no Antigo Testamento, tomemos como exemplo a consagração do Santo Templo, pelo rei Salomão, em Jerusalém.

1. Sacrifícios.
O culto inaugural do Santo Templo, que teve início com a chegada da Arca Sagrada, foi marcado por uma grande quantidade de sacrifícios de animais (1º Rs 8.5) - Cf. Levítico cap. 1. De forma sem igual, o rei Salomão e todo o Israel demonstraram sua ação de graças ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

* Qual a diferença entre Sacrifícios e Ofertas.
Havia alguma diferença entre um sacrifício e uma oferta? Em Levítico, as palavras são trocadas. Um sacrifício especifico é chamado de oferta (oferta queimada [holocausto], oferta de manjares, oferta de paz), enquanto as ofertas geralmente são chamadas de sacrifícios. O fato é que cada pessoa oferecia um presente a Deus sacrificando-o no altar. No Antigo Testamento, o sacrifício era a única maneira de aproximar-se de Deus e restaurar o relacionamento com Ele. Havia mais de um tipo de oferta ou sacrifício, e esta variedade tornava-os mais significativos porque cada um estava relacionado a uma situação especifica da vida.
Os sacrifícios eram oferecidos em louvor, adoração e agradecimento, e também para perdão e comunhão. Os primeiros sete capítulos de Levítico descrevem uma variedade de ofertas e como deveriam ser praticadas.

A Lei mosaica prescrevia cinco categorias de sacrifícios e de outras ofertas:

1.1. A oferta queimada (Lv 1.1-17). Esta representa a consagração total, pois o adorador voluntariamente oferecia esta oferta e todo o animal que ele sacrificasse era consumido no altar. Tudo pertence a Deus, e devemos estar dispostos a dar tudo a ele. Paulo se refere a isso como um “sacrifício vivo” (Rm 12.1).

Tinham a finalidade de fazer a expiação e enfatizavam a total devoção ao Senhor.

* A marca distintiva do holocausto, ou oferta queimada (oferta preparada no fogo”) era o fato de ela ser inteiramente consumida no altar, enquanto nos outros sacrifícios animais apenas algumas partes eram queimadas.

* O propósito da oferta queimada era a propiciação ou a expiação, embora houvesse outra ideia ligada a ela — a total consagração do adorador ao Senhor. Nenhuma parte do animal era deixada para consumo humano, por isso o termo usado é “ofertas queimadas” (em inglês, “ofertas totalmente queimadas”; ver Sl 51.19).

* A oferta queimada era o sacrifício normal do israelita em seu adequado relacionamento com Deus - era o único sacrifício designado como prática regular do serviço do santuário.

* Era oferecida todos os dias, no período da manhã e novamente à tarde. Nos dias comuns, um cordeiro de um ano de idade era sacrificado, enquanto no sábado eram oferecidos dois cordeiros, de manhã e à tarde (Nm 28.9,10).

* Outros dias de festas especiais pediam um número maior de animais. Também havia ofertas queimadas quando um nazireu cumpria seus votos ou quando se tornava impuro (Nm 6), na consagração dos sacerdotes (Êx 29.15), na cura da lepra (Lv 14.9), na purificação da mulher (12.6) e em resposta a outras impurezas rituais (15.15,30). Era o único tipo de oferta em que se permitia a participação de um não israelita (17.8; 22.18,25).

1.2. A oferta de alimentos (Lv 2.1-16). Esta oferta era oferecida a Deus em gratidão por suas bênçãos. Esta deveria ser das primícias. Esta oferta ilustra a importância de retribuir a Deus com um coração de gratidão pela vida que Ele nos deu.

a. As ofertas de grãos. Expressavam uma petição individual para que Deus concedesse as bênçãos da aliança e também representavam a dedicação a Deus dos frutos do trabalho do homem ou da mulher.

b. A oferta de cereal (Lv 2.1-16; 6.14-18). Era constituída de farinha fina, pão sem fermento, bolos; ou então eram espigas de grãos tostados, sempre com sal e, exceto na oferta pelo pecado (Lv 4.1-35), com óleo de oliva (2.1,4,13,14; 5.11).

* Às vezes, eram acompanhadas de incenso. Apenas uma parte era consumida pelo fogo do altar; o restante era guardado pelos sacerdotes, que o comiam num lugar sagrado (6.16; 10.12,13).

* Com exceção da oferta pelo pecado, a oferta de cereais acompanhava todas as outras ofertas em ocasiões importantes (7.1; Nm 15). Sempre seguia as ofertas queimadas da manhã e da tarde. A ideia por trás da oferta de cereais parece estar relacionada com a alimentação: uma vez que a refeição normal do povo não consistia apenas de carne, seria errado oferecer a Deus somente carne.

1.3. A oferta de sacrifício pacífico (Lv 3.1-17). Esta deveria ser colocada sobre as cinzas do holocausto. Ela repousava sobre o trabalho do sacrifício feito anteriormente. Podemos ter paz com Deus somente porque Jesus voluntariamente se entregou a Deus na cruz (Rm 5.1 comparar Is 53.7).

1.4. A oferta pelo pecado (Lv 4.1 - 5.13). Este era para o pecado que foi cometido na ignorância. Era para cobrir o pecado não intencional. Quando nos aproximamos de Deus, precisamos ser lembrados de que na melhor das hipóteses nós ainda somos pecadores diante de Deus e que a nossa única base para a aproximação com ele é através do sacrifício de Jesus Cristo (Hb 10.19,20).
As ofertas pelo pecado ou ofertas de purificação faziam a expiação dos pecados involuntários, como os cometidos por negligência e também pela impureza ritual.
As ofertas pelo pecado eram feitas por toda a congregação em todos os dias de festa, especialmente no Dia da Expiação (ver Lv 16). Com exceção dessas importantes ocasiões nacionais, as ofertas pelo pecado eram apresentadas apenas em circunstâncias especiais, que demandassem expiação de pecados.

1.5. A oferta pela culpa (Lv 5.14 - 6.7). Esta oferta era para pecados específicos que foram cometidos intencionalmente. A diferença entre esta e a oferta pelo pecado é que essa exigia a restituição. Não se pode, com razão, adorar se abrigamos pecado em nossa vida, ou mesmo pecado confessado que não foi feito corretamente.

* A oferta pela culpa ou ofertas de reparação faziam a expiação pelos pecados não intencionais cometidos contra as “coisas santas” e os mandamentos de Deus. Nessas ofertas obrigatórias, estava implícito o aspecto da restituição.

* A oferta pela culpa era um tipo especial de sacrifício pelas transgressões. Por meio dela, era possível fazer restituição e satisfazer a outras exigências legais. Quando os direitos de Deus ou de outras pessoas eram violados, era preciso reparar o erro, honrar a lei quebrada e expiar o pecado por meio da oferta pela culpa.

* A oferta, que era sempre de um cordeiro (Lv 14.12), era apresentada depois que as partes prejudicadas estavam satisfeitas. O ritual era o mesmo da oferta pelo pecado, exceto pelo fato de que o sangue não era aspergido, mas derramado sobre a superfície do altar.

* O propósito principal desse sacrifício era fazer a expiação pelas dívidas contraídas com Deus, como a negligência em pagar ao santuário o que era devido no tempo próprio e as dívidas contraídas com outras pessoas, como roubo, falta de devolução do bem em depósito, falso juramento sobre algo que foi perdido ou sedução de uma noiva escrava.
Em adição as ofertas que foram relacionadas acima, era ainda pedido aos israelitas dízimos e outras ofertas (Dt 14.22). Diferentes tipos de ofertas eram apresentadas sob diversas combinações em ocasiões diferentes, como a ordenação do sacerdote e a consagração de objetos sagrados (Lv 8 e 9; Nm 7), os sacrifícios diários (Lv 6.8-13), as festas anuais2 e os momentos marcantes da vida da família (Lv cap. 12).

* A eficácia dos Sacrifícios.
A eficácia do sistema sacrifical dependia não da oferta do animal em si (embora seguir os regulamentos fosse essencial, porque ensinavam os israelitas a se aproximar de Deus apenas nos termos dele), mas de Deus mesmo, que ordenara esses sacrifícios. Sem a imprescindível atitude de arrependimento, a observância mecânica dos rituais não tinha nenhum significado, fato repetidamente denunciado pelos profetas de Deus (1º Sm 15.22; Am 5.21-24; Mq 6.6-8; Sl 51.14-19). Levítico 17.11 indica com bastante clareza que o precioso sangue do animal sacrificado era a provisão de Deus para expiar o ofensor.

2. Cânticos (2º Cr 5.12,13).
Em seguida, os cantores e músicos puseram-se a louvar ao Senhor, entoando provavelmente os cânticos que Davi e outros salmistas haviam composto (2º Cr 5.12,13).

3. Exposição da Palavra (2º Cr 6.1-13).
Logo após. Salomão dirigiu-se ao povo, fazendo uma síntese da História Sagrada até aquele instante. Ele mostra a clara intervenção de Deus em cada etapa da existência de Israel (2º Cr 6.1-13).
·         Leitura da Palavra Ne 8.1-8)).
Após o cativeiro babilónico, já no tempo de Esdras e Neemias, a Palavra de Deus começou a ser lida publicamente como parte da liturgia do culto (Ne S.1-8). Nesse período, os sacerdotes puseram-se também a explicar a Lei ao povo de Deus. Antes disso, a leitura das Escrituras limitava-se aos montes Gerizim e Ebal (Dt 29).

4. Oração (2º Cr 14.31).
O rei dirige-se, agora, a Deus em oração, agradecendo-o por aquele momento, e intercede não só por Israel, mas pelos gentios que, ouvindo acerca da intervenção divina na vida de seu povo, para ali acorreriam (2º Cr 6.32,33).

6. Bênção Sacerdotal (Nm 22.6).
O culto levítico era encerrado com a bênção araônica (Nm 6.22-26). Ao serem assim abençoados, os filhos de Israel conscientizavam-se de que eram propriedade particular do Senhor (Êx 19-5).

Esses elementos (Incluindo os sacrifícios) existiram no auge do culto divino do Antigo Testamento, porém isso não significa que todos esses elementos estivessem presentes em todas as celebrações.

III. FINALIDADES DO CULTO LEVÍTICO

O culto levítico, no Antigo Testamento, tinha quatro finalidades básicas: adorar a Deus, reafirmar as alianças divinas, professar o credo mosaico e aguardar o Messias. Era uma celebração teológica e messiânica.

1. Adorar ao Único e Verdadeiro Deus.
Ao reunir-se para adorar a Deus, a comunidade de Israel demonstrava duas coisas: a aceitação do Único e Verdadeiro Deus e a rejeição dos deuses pagãos (Lv 19-4; Sl 86.10; 97.9). Enfim, o culto afastava os israelitas da idolatria e aprofundava sua comunhão com o Senhor. Esse era o teor dos cânticos congregacionais do Santo Templo.

2. Reafirmar as alianças antigas.
No culto Levítico, os filhos de Israel professavam as alianças que o Senhor firmara com Abraão, Isaque, Jacó e Davi (Lv 26.9,45). Já em seus cânticos, reafirmavam a fé na presença de Deus em sua vida familiar e comunal (Sl 47.9), como mostra o Salmo 105.

3. Professar o credo divino.
Em seus cultos, os israelitas, guiados pelo ministério levítico, professavam o seu credo: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). Nesta sentença resume-se toda a teologia do Antigo Testamento. Que a Igreja de Cristo recite a doutrina divina.

4. Aguardar o Messias.
No livro de Salmos, há uma elevada cristologia, que descreve a paixão, a morte, a ressurreição e a glorificação do Senhor Jesus Cristo como Rei dos reis (Sl 22.1-19; 16.10; 110.1-4; 2.1-8). Um israelita crente, e predisposto a servir a Deus, jamais seria surpreendido com a chegada do Messias, pois o culto Levítico era essencial e tipo-logicamente cristológico (Lc 2.25-35).

IV. PRINCÍPIOS DE ADORAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

É claro que a adoração do AT estava carregada de coisas que foram postas “até ao tempo oportuno da reforma” (Hb 9.10). “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados” (Hb 9.11), o que estava envelhecido e prestes a desaparecer, passou (Hb 8. 13), mas a tudo subjaz alguns princípios atemporais que queremos observar. Notemos:

1. A adoração deve ser verdadeira. No AT Deus devia ser adorado do mais profundo do coração (Abel e sua fé), e não religiosamente apenas (Caim e seus frutos). Os profetas condenavam veementemente o formalismo religioso (1º Sm 15.22). A aparência vazia é recusada (Dt 6.5; Is 1.10-17; 58; Ml 1.7,8), e a retidão do povo é exigida (Am 5. 24-27). O culto no AT era centralizado em Deus, que reivindica e espera isso de seu povo (Gn 8.20; 35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2º Cr 7.3; Ne 8.6).

2. A Adoração deve ser só a Deus. O texto áureo do povo de Israel, os Dez Mandamentos, começa com a ordem expressa: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). A idolatria, o ato de colocar qualquer coisa no lugar, ou ao lado de Deus é expressamente condenada (Êx 20.4-6; 1º Rs 13.1; 14.7;18; Am 4.15; Os 8.1; Mq 5.13).

3. A adoração deve ser sacrificial. O princípio do sacrifício: substituição pelo pecado, ou oferta pacifica está estabelecido no culto do AT. Ninguém se aproximava de Deus a seu bel prazer, o sacerdote era o intermediário para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, bem como ofertas de adoração (Lv 1-6). O grande cume da adoração nacional era o Dia da Expiação nacional (Lv 16), onde o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, oferecendo um sacrifício por ele, e depois no Propiciatório (a tampa da Arca da Aliança), oferecia um sacrifício pelo pecado nacional. O caminho entre o altar do holocausto e o altar do incenso (adoração) era salpicado com o sangue do sacrifício. Sem o sangue do holocausto ninguém chegaria ao altar do incenso. Este belo símbolo mostra que a adoração tem que ser sacrificial. Deus só aceita adoração de quem já foi lavado (Hb 10.22).

4. A adoração deve ser reverente. Moisés quando teve uma visão de Deus na sarça foi advertido que até as sandálias tirasse (Êx 3.1-5). No Sinai, o povo na presença de Deus não podia se aproximar do monte, e o temor tomou conta de todos (Êx 19. 16-25; 20.18-19). No Tabernáculo e no Templo só os sacerdotes oficiavam e o manuseio dos objetos era para ser feito com o máximo de cuidado. A presença de Deus sempre resulta em temor e prostração (1º Rs 18. 38-39; 2º Cr 7.1-3; Sl 95. 6; Is 6. 1-5). O adorador ao aproximar-se da Majestade divina deve fazer sabendo onde está pisando, ali é lugar sagrado (Ec 5. 1-20).

5. A adoração deve ser alegre. A reverência não exclui alegria. Não se pode confundir reverência com morte, formalismo, frieza. O culto no Antigo Testamento tinha muita movimentação, festa. O povo tocava, cantava, e se alegrava na presença de Deus (2Sm 6; Sl 95. 1-7; 100; 150). Os Levitas eram encarregados da execução do canto e de tocar os instrumentos (1º Cr 15.16; 16.4-6; 2º Cr 5.12-14). O culto deve ser celebrativo, e exultante.

6. A adoração deve ser respeitada. Todo povo tinha o dever de atender as “santas convocações” de Deus para coletivamente se unirem em adoração (Lv 23). Do mesmo jeito que a adoração particular tinha importância na vida deles, a adoração coletiva, no Tabernáculo ou Templo, não poderia ser descuidada. Uma não eliminava a outra. Quanto mais contrito com sua família o homem fosse, mais deveria se unir aos outros na adoração.

V. A TIPOLOGIA DO CULTO LEVÍTICO COM A PESSOA DE JESUS

A tipologia de Jesus no livro de Levítico está nas cinco ofertas que aparecem neste livro: a) holocausto (Lv 1.1-17; 6.8-13); b) oferta de manjares (Lv 2.1-16 e 6.14-23); c) oferta pacífica (Lv 3.1-17; 7.11-34); d) oferta pelo pecado (Lv 4.1-35); e e) oferta pela culpa (Lv 5.14-19).
Ali, Deus, deu as instruções sobre o cerimonial de Levítico que representa todos os detalhes da obra de Jesus Cristo na cruz. As cinco ofertas são descritas nos capítulos 1 a 7 de Levítico e explicam tudo que foi realizado no Calvário. Há quem diga que não existe nenhum livro do AT que nos faça melhor compreender o NT que o de Levítico. Não há em toda a Bíblia nenhum livro que nos conduza mais diretamente à cruz que o de Levítico. Ele é chamado por alguns de o “Evangelho do Antigo Testamento”. Vejamos a tipologia com o sacrifício de Cristo:

1. A oferta de holocausto tipificava o sacrifício de Cristo. A primeira oferta descrita em Levítico é o holocausto (Lv 1.3-5). O termo hebraico é “Olah”, que significa “fazer subir”. O sentido geral da oferta é que ela subia para Deus como cheiro suave e era totalmente queimada. Em Levítico 1.3-5 observa-se: “sacrifício queimado e voluntário” para que fosse aceito. As exigências de Deus quanto aos animais que eram aceitos para os sacrifícios estão reiteradas em Levítico 22.18-20-25 e indicam que estes sacrifícios deveriam ser “fisicamente perfeitos” apontando para perfeição de Cristo. Em Levítico 1.8-9, fala das ofertas queimadas de aroma agradável. São assim chamadas porque tipificam Cristo em Suas próprias perfeições e em Sua devoção afetuosa para com a vontade do Pai.

2. A oferta de animais tipificava a obediência perfeita de Cristo. O novilho que é um “tipo” de Cristo como servo paciente e sofredor (Hb 12.2,3), obediente até a morte (Is 53.1-7; At 8.32-35), as aves são naturalmente símbolos da inocência (Is 38.14, 59.11, Mt 23.37, Hb 7.26), e estão associados com a pobreza (Lv 5.7; 12.8), pois Ele por amor a nós se tornou pobre (Lc 9.58). Esse caminho voluntário para a pobreza começou quando se esvaziou de Sua glória e terminou no sacrifício através do qual nos tornamos ricos (2Co 8.9; Fp 2.6-8, Jo 17.5).

3. A oferta de manjares tipificava o sofrimento perfeito de Cristo. Muitas são as características dessas ofertas (Lv 2.1-16; 6.14,23). Para se obter uma farinha de qualidade, era necessário um esmagamento do trigo. Isto faz lembrar o sofrimento de Jesus na cruz. O fogo usado nesta oferta descreve a prova de seu sofrimento até a morte (Mt 27.45,46, Hb 2.18) e o incenso aponta para a fragrância de sua vida diante de Deus. A ausência de fermento neste sacrifício tem a ver com sua atitude para com a verdade (Jo 14.6). O azeite que era colocado por cima aponta para unção do Espírito Santo (Jo 1.1-32, 6.27), e o sal explicita a pungência da verdade de Deus àquilo que impede a ação do fermento e simboliza a eterna e incorrupta aliança com Deus.

4. A oferta pacíficas tipificava a paz de Cristo. O termo “pacífico” traduzido é “shelami” do verbo “shalom” e significa “ser completo, estar em paz, fazer paz”. Por outro lado, podia reafirmar a comunhão com Deus. Era a festa de comunhão daqueles que andavam em harmonia com o Senhor, e com o próximo. Em Cristo, Deus e o pecador se encontram em paz. Toda a obra de Cristo em relação a paz do crente está aqui tipificada (Lv 3.1-17, 7.11-33). A oferta pacífica representa a comunhão com Deus, pois Cristo trouxe a paz (Cl 1.20), proclamou a paz (Ef 2.17), e Ele é a própria paz do cristão (Ef 2.14).

5. A oferta pelo pecado tipificava a substituição de Cristo. A oferta pelo pecado simboliza Cristo levando o pecado do homem (Lv 4.1-35), isto é, Cristo ocupando absolutamente o lugar do pecador (Is 53; Sl 22, Mt 26.28, 1ª Pe 2.24), Ele foi “feito pecado pelo pecador”. As ofertas pelo pecado são expiatórias, substitutivas e eficazes (Lv 4.12,29,35). A oferta pelo pecado é queimada fora do arraial e tipifica o aspecto da morte de Cristo fora da cidade.

CONCLUSÃO
O Antigo Testamento mostra o povo de Deus adorando a Deus por um reconhecimento de seu pecado, uma confiança em Sua graça, e uma apreciação por Sua bondade, e isso retrata como a nossa adoração deve ser hoje.
Os filhos de Israel não souberam cultuar a Deus como Ele o requer de cada um de nós. Por isso, deixaram-se contaminar pelo formalismo. Apesar de sua rica e significativa liturgia, adoravam a Deus apenas com os lábios, pois o seu coração achava-se distante do Deus de Abraão (Is 29.13). Então, adoremos a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.24). Apresentemos ao Senhor o nosso culto racional (Rm 12.1-3).
Quando cultuamos verdadeiramente a Deus, sua glória jamais nos faltará (Lv 9.23,24).

FONTE DE PESQUISA

1.      ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
2.      ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Lições Bíblicas, 3º Trimestre de 2018, CPAD.
3.      CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
4.      HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5.      STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
6.      KESSLER, N. O culto e suas formas. CPAD.


sexta-feira, 29 de junho de 2018

LEVÍTICO, ADORAÇÃO E SERVIÇO AO SENHOR



TEXTO ÁUREO
“E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará.” (Lv 26.11).

VERDADE PRÁTICA
A verdadeira adoração a Deus compreende, necessariamente, o nosso serviço voluntário, santo e amoroso ao seu Reino.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 27.28-34: “Todavia, nenhuma coisa consagrada, que alguém consagrar ao SENHOR de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda a coisa consagrada será santíssima ao SENHOR. 29 Toda a coisa consagrada que for consagrada do homem, não será resgatada; certamente morrerá. 30 Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados. 34 Estes são os mandamentos que o SENHOR ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.

OBJETIVO GERAL
Mostrar que a verdadeira adoração a Deus compreende o nosso serviço voluntário, santo e amoroso ao seu Reino.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo l refere-se ao tópico l com os seus respectivos subtópicos.

I. Apontar a canonicidade, o género Literário, autoria e data do livro de Levítico;
II. Explicar a razão do Livro de Levítico;
III. Compreender que o livro de Levítico era o manual do sacerdote.

DIVISÃO DO LIVRO DE LEVÍTICO

1ª PARTE: Como nos aproximamos do Altíssimo (1-10), através de sacrifícios (1-7) e por meio do sacerdócio (8-10).

2ª PARTE: Como alcançamos a santidade (11-27), por intermédio da higiene (1-16) e da santificação (1-27).

O comentarista é o pastor Claudionor de Andrade — escritor, conferencista e Consultor Doutrinário e Teológico da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
Que a cada lição possamos adorar a Jesus Cristo, por seu sacrifício perfeito que fez de nós reis e sacerdotes para Deus (Ap 1.6).

INTRODUÇÃO. Estudaremos, a partir de agora, o livro de Levítico, cujo tema pode ser resumido nesta simples, mas atual ordenança divina:"... portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo" (Lv 11.44). À primeira vista, esse livro da Bíblia Sagrada parece enfadonho e até desnecessário. Todavia, ele é imprescindível para compreendermos a essência do culto divino no Antigo Testamento. Nas Lições por virem, constataremos que ainda temos muito a aprender com a congregação israelita no deserto do Sinai.
Estudemos, pois, com diligência e cuidado. Oremos e empenhemo-nos por aplicar cada lição ao nosso viver. Finalmente, não nos esqueçamos de que o Senhor continua a exigir de seus filhos uma vida santa, pura e consagrada ao seu Reino.

PONTO CENTRAL
A verdadeira adoração a Deus é evidenciada mediante o serviço voluntário, santo e amoroso ao Reino.

I. SOBRE O LIVRO DE LEVÍTICO
Para compreendermos o Livro de Levítico, temos de considerar, inicialmente, quatro coisas muito importantes: sua canonicidade, gênero literário, autoria e data.

1. Canonicidade.
O Levítico, bem como os demais livros do Pentateuco, foi reconhecido, desde o princípio, como a Palavra de Deus, e posto "perante o Senhor", junto à Arca da Aliança, no Tabernáculo (Dt 31.26). Em várias passagens, ele é chamado, juntamente com outros livros do Pentateuco, de "Livro do Senhor", ou "Livro da Lei" (Is 34.16; 2 Rs 22.8). Portanto, o Levítico tem de ser considerado, à semelhança dos demais Livros da Bíblia Sagrada, como a Palavra inspirada, inerrante e completa de Deus.

2. Gênero literário.
Em virtude de seu género literário, o livro de Levítico pode ser considerado o manual do culto divino do Antigo Testamento (Lv 23). Ele pode ser visto também como o estatuto da purificação nacional, social e pessoal do povo hebreu (Lv 17.1-7).

3. Autoria.
Moisés é o autor humano de Levítico e dos demais livros que compõem o Pentateuco - os cinco primeiros livros da Bíblia. Por toda a obra, observamos a interação entre os autores divino e humano: Deus e Moisés (Lv 1.1; 5.14; 8.1; 15.1; 21.1; 27.1).

4. Data.
De acordo com a cronologia bíblica, a saída de Israel do Egito ocorreu no ano 1445 a.C. Um ano mais tarde, Moisés levantou o Tabernáculo no deserto (ÊX 40.17). Foi exatamente nesse ponto que o profeta e legislador, inspirado pelo Espírito Santo, passou a registrarás normas do culto hebreu (Lv 1.1).

II. A RAZÃO DO LIVRO
O livro de Levítico foi escrito tendo em vista estes objetivos: purificar Israel das abominações do Egito, preservá-lo das iniquidades de Canaã e transformá-lo num povo santo, obreiro e adorador.

1. Purificar Israel das abominações do Egito.
Além de arrancar Israel do Egito, a Moisés coube também uma missão ainda mais difícil: arrancar o Egito de Israel. Embora já livres da servidão de Faraó, os israelitas não se livraram de imediato das abominações egípcias, haja vista o Lamentável episódio do bezerro de ouro (Êx 32.1-10).
Para arrancar Israel do Egito bastou um dia; para arrancar o Egito de Israel, quarenta anos não foram suficientes (Nm 14.33,34). Por esse motivo, o livro de Levítico fez-se necessário e urgente. O Senhor, detalhada e didaticamente, ensinou aos israelitas a diferençar o puro do impuro (Lv 10.10; 15.31; 20.25). Sem esse recurso didático, os hebreus jamais seriam reconhecidos como nação sacerdotal, profética e real (Êx 19.6).

2. Preservar Israel das iniquidades de Canaã.
Ao deixarem o Egito, um país notoriamente idólatra, os filhos de Israel peregrinaram durante quarenta anos pelo deserto, para receber, por herança, uma terra habitada por nações ainda mais idólatras e abomináveis (Lv 18.3). Por esse motivo, as recomendações divinas eram tão enérgicas (Dt 18.9).
Sem os estatutos, leis e regras do livro de Levítico, os israelitas corriam o risco de perder as suas características como povo exclusivo de Deus.

3. Transformar Israel num povo santo, adorador e obreiro.
A Moisés cabia também educar os filhos de Israel, a fim de transformá-los num povo santo, adorador e obreiro (Lv 11.45). Sem a educação minuciosa e eficiente proporcionada pelo Livro de Levítico, os israelitas jamais teriam cumprido a missão que o Senhor lhes designara por intermédio de Abraão: ser uma bênção a todas as famílias da Terra (Gn 12.1-3; Dt 14.2). Afinal, Israel teria de portar-se como nação messiânica, pois tinha como missão principal, embora inconsciente, revelar Jesus Cristo ao mundo (Jo 4.22).

SÍNTESE DO TÓPICO II
As razões principais pelas quais o livro de Levítico foi escrito são: purificar Israel das abominações do Egito, preservá-lo das iniquidades de Canaã e transformá-lo num povo santo.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Levítico é o âmago do Pentateuco! Uma das principais funções dos cinco primeiros livros da Bíblia é dar uma identidade ao povo de Deus. Na essência dessa identidade está Levítico; no centro do livro está a santidade. Não é um mero Livro de regras, frio e tedioso. Em vez disso, a fonte de santidade é o Deus vivo, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó; o Deus que derrotou os egípcios e dividiu as águas; o Deus cuja presença habita no Tabernáculo. Levítico ensina o povo de Deus como viver em segurança na presença de um Deus santo” (Panorama da Bíblia, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 26).

III. O MANUAL DO SACERDOTE
O livro de Levítico foi entregue mui particularmente aos filhos de Levi, objetivando orientá-los quanto às atividades cultuais, santificadoras e intercessoras.

1. Atividades cultuais.
Os levitas tinham como atribuição exclusiva zelar pela santidade, perfeição e beleza do culto do Deus de Israel (Nm 3.12). E, para que todas as coisas saíssem de acordo com as recomendações divinas, obrigavam-se eles a observar rigorosamente as ordenações do Levítico. Seu ofício deveria refletir a glória de Deus (Lv 9.1-6). Por esse motivo, tudo neles tinha de estar de acordo com as prescrições do Senhor: ordenação, pureza moral, espiritual e física (Lv 8.1-36; 10.8-11).
2. Atividades santificadoras.
A reivindicação mais urgente e importante do Livro de Levi é a santificação de Israel como herança particular do Senhor: "Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus" (Lv 20.7). Os sacerdotes, por conseguinte, deveriam, em primeiro lugar, cuidar de sua própria santificação para terem condições de zelar pela santidade de todo o povo (Lv 16.1-11). Recomendação semelhante faz o apóstolo Paulo aos obreiros de Cristo (1ª Tm 4.16).

3. Atividades intercessoras.
A principal atividade do sacerdote era, sem dúvida, fazer a intermediação entre o pecador arrependido e o Deus Santo, Único e Verdadeiro (Lv 9.7), haja vista o gesto de Arão quando da apostasia de Core e seu bando. Naquele momento, o povo de Israel esteve prestes a ser destruído, mas o gesto do sumo sacerdote tornou a nação propícia a Deus (Nm 16.46).

Hoje, em virtude do sacrifício de Cristo, não mais necessitamos de intermediários humanos para nos achegarmos a Deus (1ª Jo 4.10). Jesus é o nosso sublime e perfeito Sumo Sacerdote (Hb 7.26,27). Todavia, a santidade continua a ser exigida daqueles que oram e intercedem; que o façam “levantando mãos santas” (1ª Tm 2.1,8).

SÍNTESE DO TÓPICO III
O livro de Levítico era um manual para os sacerdotes.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Ordenação: O ato histórico separa para sempre o sacerdócio dos outros israelitas. Mesmo após o tempo de Jesus, somente quem podia provar sua descendência de Arão por completos registros genealógicos era permitido atuar no sacerdócio. E à mulher do sacerdote era exigido ser uma israelita de sangue puro, de urna família sem qualquer tipo de imperfeição. Hoje, cada crente é um sacerdote, um membro adotado da família de Deus (1ª Pe 2.5).

Orelha e polegar, dedo do pé: Alguns têm sugerido que tocar essas partes do corpo com sangue simboliza a necessidade dos sacerdotes de estarem sempre prontos para ouvir a voz de Deus, sempre prontos a segui-lo.

Parte da cerimônia de ordenação envolvia restringir Arão e seus filhos à câmara do Tabernáculo por sete dias. O ato simbolizava separar os sacerdotes do restante do povo, e separá-los para Deus. Porém, isso sugere ainda mais: Somente aqueles que vivem diariamente na verdadeira presença de Deus podem servir ao Senhor efetivamente. Precisamos permanecer junto a Ele, se desejamos ter um ministério junto aos outros (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9.ed, Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 80).

CONCLUSÃO.
A principal lição que extraímos do livro de Levítico é que o Deus santo requer duas coisas básicas de cada um de seus filhos: que nos separemos do mundo e que nos dediquemos, em pureza e santidade, ao seu serviço. Este é o nosso culto racional (Rm 12.1-3).

PARA REFLETIR
A respeito de “Levítico, Adoração e Serviço ao Senhor”, responda:
• Como podemos resumir o tema do livro de Levítico?
O tema pode ser resumido nesta simples, mas enérgica ordenança divina: “... portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44).
• Quem é o seu autor e quando foi escrito?
Moisés. Moisés teria escrito Levítico, aproximadamente, entre 1446 a.C. (uma possível data do êxodo) e 1406 a.C. (ano da morte de Moisés).
• Por que o Levítico foi escrito?
O livro de Levítico foi escrito, tendo em vista estes objetivos: purificar Israel das abominações do Egito, preservá-lo das iniquidades de Canaã e transformá-lo num povo santo, obreiro e adorador.
• Quais as atividades do sacerdote?
Atividades culturais, santificadoras e intercessoras. Mas, a principal atividade do sacerdote era, sem dúvida, fazer a intermediação entre o pecador arrependido e o Deus Santo, Único e Verdadeiro (Lv 9.7).
• Hoje, quem é o nosso Sumo Sacerdote?
Jesus é o nosso sublime e perfeito sumo sacerdote (Hb 7.26,27).

Fonte: Marcadores: Adultos – CPAD, Lições Bíblicas 3° Trimestre de 2018, Louvor e Adoração