TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

OS FALSOS MESTRES USAM VERSÍCULOS ISOLADOS


“A estratégica de certos ministros, para introduzir suas próprias idéias e justiça, é usar versículos isolados para intimidar os seus seguidores.

I.        NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS



“Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas” (Sl 105.15).

[...] A frase bíblica “Não toqueis nos meus ungidos” (Sl 105.15) tem sido empregada para os mais variados fins. Maus obreiros e falsos profetas se valem dela para ameaçar seus críticos; crentes mal orientados usam-na para defender certos “ungidos”; e outros ainda a empregam para reforçar a ideia de que não cabe aos servos de Deus julgar ou criticar heresias e práticas anti-bíblicas.

As palavras “toqueis” e “maltrateis” pelo contexto refere-se única e exclusivamente a um dano físico a alguém. Portanto, o Salmo 105.15, como texto isolado, não impede em absoluto ninguém de questionar os ensinos dos auto proclamados homens ou mulher de Deus.
A expressão neste Salmo, não foi dada para proteger desvios doutrinários e muito menos heresias e barbaridades.

A palavra hebraica gsn nasag – pode ser traduzida em diferentes formas, tais como: “alcançar”, “ferir”, “tocar”.

O verbo tem o sentido de estender a autoridade sobre alguém, reivindicando tal pessoa como sua ou infringindo-lhe um golpe (Jr 4.10, 18; Jo 1.19; 5.19). Deus proíbe que as pessoas atinjam Seus profetas (1ª Cr 16.22), Seu povo (Zc 2.8) ou Sua herança (Jr 12.14). Estes santos lhe pertencem. Aqueles que Deus escolhe para o ministério (Ef 4.11), são escolhidos para trazer o crescimento espiritual para igreja, mas não para manipular a Palavra de Deus como esta fosse um livro qualquer.

Quando Paulo andou na terra, havia muitos “ungidos” ou que aparentavam ter a unção de Deus (2ª Co 11.1-15; Tt 1.1-16). O imitador de Cristo nunca se impressionou com a aparência deles (Cl 2.18, 23). Por isso, afirmou: “E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram” (Gl 2.6).

Aparência, popularidade, eloquência, títulos, status, anos de ministério... Nada disso denota que alguém esteja sob a unção de Deus e imune à contestação à luz da Palavra de Deus. Muitos enganadores, ao serem questionados quanto às suas pregações e práticas anti-bíblicas, têm citado a frase em análise, além do episódio em que Davi não quis tocar no desviado rei Saul, que fora ungido pelo Senhor (1ª Sm 24.1-6). Mas a atitude de Davi não denota que ele tenha aprovado as más obras daquele monarca.

Se alguém, à semelhança de Saul, foi um dia ungido por Deus, não cabe a nós matá-lo espiritualmente, condená-lo ao inferno. Entretanto, isso não significa que devamos silenciar ou concordar com todos os seus desvios do evangelho (Fp 1.16; Tt 1.10-11). O próprio Jônatas reconheceu que seu pai turbara a terra; e, por essa razão, descumpriu, acertadamente, as suas ordens (1º Sm 14.24-29).

O texto deste Salmo, em nenhum sentido proíbe o juízo de valor, o questionamento, o exame, a crítica, a análise bíblica de ensinamentos e práticas de líderes, pregadores, milagreiros, cantores, etc. Até porque o sentido de “toqueis” e “maltrateis” é exclusivamente quanto à inflição de dano físico.

É claro que a Bíblia apóia e esposa o pensamento de que o Senhor cuida dos seus servos e os protege (1ª Pe 5.7; Sl 34.7). Mas isso se aplica aos que verdadeiramente são ungidos, e não aos que parecem, pensam ou dizem sê-lo (Mt 23.25-28; Ap 3.1; 2.20-22). Afinal, “O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade” (2ª Tm 2.19).

Quem são os verdadeiros ungidos, os quais, mesmo não se valendo da frase citada, têm de fato a proteção divina, até que cumpram a sua vontade? São os representantes de Deus que, tendo recebido a unção do Santo (1ª Jo 2.20-27), preservam a pureza de caráter e a sã doutrina (Tt 1.7-9; 2.7,8; 2ª Co 4.2; 1ª Tm 6.3,4). Quem não passa no teste bíblico do caráter e da doutrina está, sim, sujeito a críticas e questionamentos (1ª Tm 4.12,16).

Infelizmente, muitos líderes, pregadores, cantores e crentes em geral, considerando-se ungidos ou profetas, escondem-se atrás do bordão em análise e cometem todo tipo de pecado, além de torcerem a Palavra de Deus. Caso não se arrependam, serão réus naquele grande Dia! Os seus fabulosos currículos — “profetizamos”, “expulsamos”, “fizemos” — não os livrarão do juízo (Mt 7.21-23).

Portanto, que jamais aceitemos passivamente as heresias de perdição propagadas por pseudo-ungidos, que insistem em permanecer no erro (At 20.29; 2ª Pe 2.1; 1ª Tm 1.3,4; 4.16; 2ª Tm 1.13,14; Tt 1.9; 2.1). Mas respeitemos os verdadeiros ungidos (Hb 13.17), que amam o Senhor e sua Santa Palavra, os quais são dádivas à sua Igreja (Ef 4.11-16).

Quanto aos que, diante do exposto, preferirem continuar dizendo — presunçosamente e sem nenhuma reflexão — “Não toqueis nos meus ungidos”, dedico-lhes outro enunciado bíblico: “Não ultrapasseis o que está escrito” (1ª Co 4.6, ARA). Caso queiram aplicar a si mesmos a primeira frase, que cumpram antes a segunda [ZIBORDI Ciro. Diponível: http://cirozibordi.blogspot.com/2008/07/no-toqueis-nos-meus-ungidos.html - acesso dia 07/09/2009].

II.     OBEDECEI VOSSOS GUIAS

“Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hb 13.7). “Obedecei aos vossos guias, e sede submissos para com eles” (Hb 13.17).

Os cristãos hebreus são exortados a tomar como exemplos os originais pregadores que primeiramente lhe pregaram o evangelho. Eles desapareceram (“cf. o fim”), mas Cristo, Deus e homem, não fica sujeito às mudanças causadas pela passagem do tempo (1.12; 7.12). Portanto, o escritor aos hebreus, adverte a seguirem os ensinos deixados pelos apóstolos em contraste com os ensinos heréticos.

Vossos guias são líderes pastores atuais (cf. 7, 8), que irão prestar conta das vossas almas no tribunal futuro. A responsabilidade do ministro deve ser severa em relação a ortodoxia bíblica, pois pesa essa responsabilidade em seus ombros. Porém, ele não tem este direito de usar versículos para difundir suas regras como meio de salvação, pois assim ele estaria fazendo o papel de um fariseu.

Entretanto em muitas igrejas não procede assim. Sei de muitas jovens que hoje vivem longe de suas igrejas e totalmente indiferentes á mensagem do evangelho porque sofreram exclusões e disciplina pública por esquisitice de seus líderes. Em determinadas igrejas, raramente o sermão expõe a Bíblia, pois quase sempre começa com um versículo e acaba tratando do que pode e do que não pode. Deviam estar preocupados com o número de pessoa que sai pela porta dos fundos de suas igrejas, rejeitado e odiando o cristianismo, devido a esse rigor acético, sofista e legalista sobre usos e costumes.

Usar um versículo isolado para colocar um fardo pesado (Mt 23.4), quando não aliena, gera a hipocrisia. Existem muitos que se acomodam ao sistema religioso e mostram-se coerentes com as exigências do pastor somente quando estão na igreja. Longe da fiscalização religiosa, porém vivem noutra realidade. Este largo contingente de evangélicos conseguiu desenvolver uma duplicidade comportamental. Na esfera privada agem e convivem com mais liberdade, brincam e riem, vestem-se de acordo com o ambiente. Mas, quando vão à igreja, passam por uma metamorfose impressionante. Assumem um rigor acético. Agem dentro do ambiente religioso de acordo com os códigos impostos pela liderança, mas com revolta. A cada palavra dita no púlpito, haverá sempre um árduo exercício de decodificação. Como defesa desprezam os sermões legalistas que ouvem. O jugo apregoado não lhes diz respeito. Vivem umas espécies de hipocrisia involuntária, que os agride. Neste caso tanto os legalistas como os hipócritas serão rejeitados por Deus.

Quase que invariavelmente a conversa durante qualquer refeição entre amigos pertencentes a estas igrejas gira ao redor de uso e costumes. As criticas ao sermão do pastor são sempre ácidas. O rigoroso discurso de alguns líderes hoje mal sabe eles, faz parte do cardápio dos encontros entre os membros de suas igrejas e de seu ministério e até colegas de ministério. Estes líderes morreriam de vergonha se soubessem o que comentam sobre eles, e em que situação eles são visto nessas conversas: como ridículos fariseus.

Algumas igrejas evangélicas atribuem o crescimento de suas igrejas ao rigor acético de usos e costumes. Eles acreditam que sua denominação cresceu porque era rigorosa neste item, e não como resultado exuberante atuação do Espírito Santo que capacitava e ungia os crentes para o mandato evangelístico. Esse grupo só não atrasa o processo cultural da denominação, como é responsável pela estagnação do seu crescimento. Para cada 10 convertidos, quantos saem sem suportar o pesado jugo legalista e farisaico?

A igreja primitiva cresceu porque havia temor, oração e estudo da Palavra (At 2.42-46). Mas hoje quase não se ora, e existe pouco estudo da Palavra. Dentro das igrejas existem mais apresentações do que adoração. Os líderes perderam o temor e muitos servem mais de escândalos do que benção. O crescimento da igreja só virá se o líder tiver uma vida de oração, estudo da Palavra e temor de Deus. Se ele não possui esses requisitos, a igreja ficará estagnada, ou reduzirá ao pó.

III.  “EIS QUE O OBEDECER É MELHOR QUE SACRIFICAR” (1ª Sm 15.22).

As palavras de Samuel, no capítulo 13, são um aviso do julgamento e uma oportunidade para Saul se arrepender. No capítulo 15, vemos que Saul sem dúvida não se arrepende, mas persiste em sua desobediência. Assim, as palavras de Samuel neste capítulo dizem respeito à remoção de Saul de seu cargo, mesmo que isto ocorra alguns anos mais tarde. É exatamente isto que Samuel deixa claro para Saul no versículo 29: “Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa”.

Saul procura desculpar sua desobediência afirmando que pretende usar os animais poupados para oferecer sacrifícios a Deus. Samuel não aceita suas desculpas. Nos versos 22 e 23, ele estabelece um princípio que será adotado diversas vezes pelos profetas posteriores, por nosso Senhor e por Seus apóstolos. O princípio é afirmado tanto no sentido positivo quanto no sentido negativo. No verso 22 Samuel faz uma afirmação positiva. Ele nos informa que, ainda que em Seus planos Deus tenha prescrito rituais religiosos como uma coisa boa (principalmente se forem feitos com mãos limpas e coração puro), a obediência aos Seus mandamentos é muito melhor.

Sabemos que o pecado de desobediência é gravíssimo. De que adianta renunciarmos o mundo para seguir os passos de Jesus, servir à Deus e sacrificar se fizermos da nossa maneira?

Saul não deixou de sacrificar, de ofertar, de ouvir a voz de Deus, mas ele fazia tudo da sua maneira e isso desagradou a Deus. E o pior, nessas duas ocasiões que relatei, Saul agiu com a maior naturalidade, como se nada de errado tivesse acontecido! Um alerta pra todos nós: a hipocrisia é fatal.

Jamais deixe de sacrificar, mas faça da maneira de Deus, a obediência precede o sacrifício.
Sabemos que o Senhor exige obediência e lealdade a Ele e a Sua Palavra. Porém não podemos usar versículos isolados para disseminar nossas tradições e costumes ao povo.

1. O que faz a diferença.

“Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18).

O livro do profeta Malaquias descreve a situação do povo judeu no período pós exílico, contemporâneo de Neemias. Era um profeta sacerdotal, que ministrava no templo. Suas firmes convicções a favor da fidelidade ao concerto do povo escolhido por Deus e contra a adoração hipócrita e mecânica.

O cristão salvo sabe que deve haver uma diferença no que serve a Deus e o que não serve. Mas esta diferença está no caráter, na santidade, honestidade, na fé genuína do verdadeiro Deus, na obediência a Santa Palavra, nos frutos do Espírito. Este é o padrão de um cristão salvo. Mas não incutir regras, idéias pessoais radicais e fundamentalista como doutrina. Isto é levar o cristão ao legalismo, ao secularismo, a doutrina de homens e de demônio comprometendo a salvação pela graça.

A diferença no que serve a Deus é demonstrada pelo fruto de Espírito principalmente o amor ao próximo que é mais do que uma obrigação da igreja é a prova de que realmente se pertence a Deus. Não se diz nada em toda a Bíblia que se conheceria os discípulos pela roupa, mas pelo amor ao próximo. O verdadeiro discípulo é aquele que ama sem distinção. “Nisto conheceram todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).



Pr. Elias Ribas
Igreja Assembléia de Deus
Blumenau - SC.

 FONTE DE PESQUISA

1.      BÍBLIA PENTECOSTAL. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida - Edição 1995, CPAD, Rio de Janeiro RJ.
2.      BÍBLIA SHEDD. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil – 2ª Edição, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri - SP.
3.      BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Corrigida 1995. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri - SP.
4.      BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
5.      BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
6.      CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
7.      DAVID ROPERHTTP. Não julgueis: //www.biblecourses.com/po_lessons/PO_200703_04.pdf – acesso dia 29/08/2009.
8.      Dennis Allan. Não Julgueis para não ser julgado. http://www.estudosdabiblia.net/e2_4.htm - acesso dia 29/08/2009.
9.      ISAEL DE ARAUJO. Dicionário do movimento pentecostal, http://dicionariomovimentopentecostal.blogspot.com/ - acesso dia 11/05/2009.
10.  S.E. McNAIR. A Bíblia Explicada. 4ª Edição. Editora CPAD. Rio de Janeiro RJ.
11.  STRONG, J. & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2005.
12.  ZIBORDI Ciro. Não toqueis nos meus ungidos. Diponível: http://cirozibordi.blogspot.com/2008/07/no-toqueis-nos-meus-ungidos.html





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A TRADIÇÃO E AUTORIDADE DA ESCRITURA

 

I.       O SIGNIFICADO DO TERMO

“Tradição, literalmente transmissão (latim: traditio, tradere = entregar). Em grego, na acepção religiosa do termo, a expressão é paradosis (παραδοσις).

Tradição mais precisamente é uma transmissão de fatos antigos que passam, oralmente, de lendas ou narrativas ou de valores espirituais de geração em geração. Uma crença de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações. Uma recordação, memória ou costume.

A tradição quando não assume autoridade canônica e infalível, muito ajuda na sedimentação cultural, histórica e orgânica da comunidade cristã. No entanto, se colocada acima das Sagradas Escrituras, cria-se uma religião farisaica. Quando a cultura, hábitos e os usos e costumes são fixadas na igreja como doutrinas, regra de fé e meio de salvação, Jesus chama de tradições ou doutrina de homens (conforme Mt 15.1-3, 8-9).
 
É a transmissão de ensinos, práticas, crenças de uma cultura de uma geração a outra. A palavra grega para tradição é paradosis, usada no sentido negativo (Mt 15.2; Gl 1.14); e também no sentido positivo (2ª Ts 2.15).

Quando se coloca a tradição acima da Bíblia ou em pé de igualdade com ela a tradição assume uma conotação negativa. Muitas vezes é usada simplesmente para camuflar nossos pecados. O problema dos fariseus e de algumas igrejas é justamente por receber a tradição como Palavra de Deus. Disse alguém: “Tradição é a fé viva dos que agora estão mortos, e tradicionalismo é a fé morta dos que agora estão vivos”.

[...] A tradição e sua presença na sociedade baseiam-se em dois pressupostos antropológicos: a) as pessoas são mortais; b) a necessidade de haver um nexo de conhecimento entre as gerações.
Tem-se por tradição no sentido amplo tudo aquilo que uma geração herda de seus ancentrais e lega para sua geração futura.

Os aspectos específicos da tradição devem ser vistos em seus contextos próprios: tradição cultural, tradição religiosa, tradição familiar e outras formas de perenizar conceitos, experiências e práticas entre as gerações.

No campo religioso é onde mais se aplica este conceito. A tradição toma feições mais peculiares em cada crença. Pode-se destacar a presença da tradição nos grandes grupos religiosos: Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo” [Tradição - Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tradi%C3%A7%C3%A3o – acesso dia 09/07/2009].

As tradições são ensinos puramente humanos e glorifica o homem. As tradições podem ser divididas em: Filosóficas e humanas.

II.     AUTORIDADE DA ESCRITURA
 

Com a reforma Protestante no século XVI, a Bíblia foi exaltada como única regra de fé. O povo recebeu amplo esclarecimento religioso e passou a enxergar os erros do cristianismo em geral.

Tentando encobrir seus erros, o clero estabeleceu a pseudo-realidade da tradição em matéria de fé. Em suma, usurparam os direitos da Bíblia e criaram um novo evangelho (Gl 1.8), trazendo sobre si mesmos a condenação (Ap 22.18).

A igreja católica romana afirma que existe uma revelação objetiva e sobrenatural. Porém, eles mantêm que esta revelação é parcialmente escrita e parcialmente não escrita, isto é, a regra de fé inclui ambas, as escrituras e a tradição.

Um dos maiores erros da igreja de Roma é o de fazer a igreja e não a Bíblia como autoridade imediata e final em todas as questões de revelação divina. A igreja de Roma julga que as decisões e regras são mais infalíveis e mais autorizadas que a Palavra de Deus escrita e está comprovado por muitas decisões e julgamentos seus. Ela argumenta que havia muitas coisas que Cristo e os apóstolos ensinavam que não estão na Bíblia (Jo 20.30-31; 21.25) registradas, mas estas, é afirmado, têm sido preservado pela igreja e são tão obrigatórias como aqueles preceitos que estão escritos. Porém é a Bíblia quem julga a Igreja e não a Igreja a Bíblia.

Os líderes da igreja Católica vão além dos fariseus nos dias de Jesus e dos apóstolos. Inclusive, os romanistas ensinam que as Escrituras são tão obscuras que precisam de um intérprete visível, presente e infalível; e que o povo, sendo incompetente para entendê-las, é obrigado a crer em quaisquer doutrinas da igreja, mediante seus órgãos oficiais declararem que sejam verdadeiras e divinas.

Independente do testemunho da tradição e da razão, o crente verdadeiro tem na Bíblia o seu guia e juiz infalível. Para ele as declarações da Bíblia são finais. Ele crê que a Bíblia registra as intenções e a vontade de Deus, por isto pode crer nela. Ele aceita o testemunho da tradição e da razão, mas enquanto estas não entram em conflito com a Escritura. Para ele o que importa é: “O que diz a Escritura sobre isto?”

A diferença básica entre o crente que prioriza a sua crença na Bíblia como a autoridade maior em questão de religião, fé e doutrina, e aqueles que confiam primeiramente na tradição e na razão, é que o crente está sob a autoridade da Escritura, a qual ele aceita como a única e inspirada Palavra de Deus.

O capítulo 7 de Mateus a Bíblia registra que Jesus ensinava como quem tem autoridade. Mas, em que se baseava a autoridade de Jesus? Como saber que Ele é verdadeiramente o Cristo como Ele declara ser? Em resposta a estas questões desafiadoras, Jesus dizia: “Se alguém quiser fazer a vontade d’Ele (de Deus), conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7.17). A disposição de fazer a vontade de Deus é prioritária aqui. Neste caso o fazer vem antes do saber. A entrega pessoal à Cristo vem antes da aquisição do conhecimento. A propósito disto, há mais de mil e quinhentos anos, Agostinho disse: “Creio, logo sei”.

A autoridade tem a ver com a vontade, com a obediência e com o fazer. A inspiração relaciona-se com o intelecto, o entendimento com o conhecimento. A questão da inspiração deve seguir-se à autoridade. Somente depois de você fazer o que Cristo lhe manda que faça é que você ficará sabendo que Ele é o Cristo; assim também, só depois de submeter-se à autoridade da Bíblia e obedecer-lhe, é que você saberá que ela é a inspirada Palavra de Deus.

III.  A TRADIÇÃO SEM DÚVIDA É OUTRO EVANGELHO

 
“Mas, ainda nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1.8).
Neste texto o apóstolo Paulo deixa claro que a igreja primitiva já enfrentava os mesmos problemas com falsos obreiros, ou seja, com pregadores do outro evangelho. Há um conflito entre a luz (verdade) e as trevas (mentira) as trevas são representada por pessoas e grupos religiosos que têm nome de que vive, mas, entretanto estão mortas. São pseudo-servos de Cristo, que pregam uma doutrina estranha a aquela que o Senhor Jesus trouxe do céu.

[...] Cipriano, no terceiro século, disse: “A tradição sem a verdade é um erro envelhecido”. Tertuliano firmou: Cristo se intitulou a “Verdade”, mas não a tradição. Os hereges se vencem com a verdade e não com novidades” [OLIVEIRA Raimundo de. SEITAS E HERESIAS. EETAD. 2ª Edição. P.26].

Temos como mandamento amar aqueles irmãos em Cristo que estão sob uma tradição, mas não invalidarmos as verdades bíblicas, pois com certezas os que seguem uma tradição estão fora da verdade. Na carta do apóstolo João ele diz: “O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade. Por causa da verdade que permanece em nós e conosco estará para sempre. A graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor” (2ª João 1.1-3).

O reformador Marinho Lutero concorda com o apóstolo João ao declarar que “era maldita a união que sacrificasse a verdade”. Muitas igrejas cristãs têm as mesmas doutrinas, porém as tradições dos homens descaracterizam de uma igreja verdadeira e pura.

Não há tradição bíblica, pura e imutável. O que nos orienta é uma expressão tradicional modificada por força histórica e cultural, por líderes, pela expressão do povo, pelo caráter e gostos nacionais. Se identificarmos as doutrinas dos homens com nossa tradição, estaremos sujeitos ao perigo de navegar pelo oceano, ou voar sobre nuvens, sem bússola. Na proporção que a tradição engole a fé independentemente da palavra autorizada de Deus, ela sofrerá modificações. Estas modificações, por sua vez, impedem o crescimento da verdadeira santidade. Esta concepção legalista anula a Graça, anula o sacrifício de Cristo, anula a redenção proporcionada pela morte de Jesus na cruz. Neste ponto poderíamos traçar um paralelo (ainda que bastante impreciso) com a ação dos judaizantes na Igreja Primitiva, combatida enfaticamente pelo Apóstolo Paulo, na epístola aos Gálatas:

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gl 2.16-21).

Desta forma, anula-se a fé cristã. Este é o argumento que invalida as considerações de quem avalia a religiosidade como um caminho válido para Deus, legítimo e até melhor do que a fé cristã.
O perigo do tradicionalismo sempre será o de fomentar confiança na “lei” e não em Cristo, mesmo pessoas que afirmam que a salvação não vem pelas obras da lei, estão sujeitas as mesmas tentações em que os fariseus caíram.

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembleia de Deus
Blumenau - SC

FONTE DE PESQUISA

1. Tradição - Wikipédia, a enciclopédia livre.http://pt.wikipedia.org/wiki/Tradi%C3%A7%C3%A3o – acesso dia 09/07/2009.
2.EZEQUIAS SOARES. Manual do Obreiro, ano 22 – nº 11 - 2000. P. 53. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
 3. OLIVEIRA Raimundo de. SEITAS E HERESIAS. 23ª edição/2002. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4. OLIVEIRA Raimundo de. SEITAS E HERESIAS. EETAD. 2ª Edição. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
5. RAIMUNDO OLIVEIRA, Lições Bíblicas, 1º Trimestre de 1986, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6. CLAUDIONOR CORRÊA DE ANDRADE. Dicionário Teológico, p. 286, 8ª Edição, Ed. CPAD, Rio de janeiro, RJ.
7. FRANCISCO DA SILVEIRA BUENO, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11 ª Edição, FAE, Rio de Janeiro RJ.
8. SÉRIE APOLOGÉTICA, ICP, Volomes I ao VI, Instituto Cristã de Pesquisa, Site,www.icp.com.br

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SER CONTEMPORÂNEO SEM SE COMPROMETER



 Qualquer pessoa que leva a sério o envolvimento no ministério e não fica só na teoria deve estar disposto a enfrentar a tensão que o teólogo Bruce e Shelley chama de “mãos cheias”. Em uma mão temos a responsabilidade de permanecermos fiéis à Palavra de Deus. Na outra, temos a responsabilidade de ministrar para um mundo em constante transformação. Embora, muitos cristãos não se dispõem a viver com esse tipo de pressão e se isolam em um dos dois extremos.

Algumas igrejas, por temerem infecções mundanas, isolam-se da cultura do mundo atual. Ainda que a maioria das igrejas não se isole tanto quanto os menonitas conservadores dos Estados Unidos, que se recusam até a andar de carro, muitas igrejas acham que os anos 50 foram a era dourada e estão determinadas a manter suas congregações naquela época. O que eu admiro nos menonitas é que pelo menos eles são honestos. Eles admitem abertamente que escolheram preservar o estilo de vida do século 19. Por outro lado, as igrejas que tentaram perpetuar a cultura dos anos 50 negam que o fazem, ou tentam provar com alguns versículos que estão fazendo o que era feito na igreja neotestamentária.

Existem também aqueles que, com medo de estar fora de moda, infantilmente imitam as últimas novidades e tendências. Na sua tentativa de se aproximar da cultura atual, comprometem a mensagem e perdem o sentido de separados.

Há uma maneira de ministrar em nossa cultura sem comprometermos nossas convicções? Creio que sim, Jesus nunca rebaixou os Seus padrões, mas sempre começou de onde estava. Ele era contemporâneo sem comprometer a Verdade. O Senhor Jesus atraiu multidões e nunca comprometeu a Verdade. Ninguém o acusou de pregar uma mensagem “água com açúcar”, exceto os zelosos sacerdotes que o criticavam por inveja, (Mc 15.12). Francamente, suspeito que esta mesma inveja ministerial ainda motive alguns líderes.

Os costumes e hábitos humanos mudam conforme a época, e nós também mudamos e a nossa cultura também muda com o passar dos anos e esta mudança sendo sadia não vai comprometer a nossa salvação. Podemos ensinar a Palavra do Senhor com a nova tecnologia e nova cultura sem mudar a parte doutrinária da Sua Palavra. Mudança significa sinal de crescimento espiritual e não de mundanismo. Ser mundano é concordar com o pecado, ou seja, esconder o pecado como fez Acã. Mas mudar a cultura não compromete a sã doutrina bíblica.

Concluímos, então, que o verdadeiro ministro deve ensinar com brilho e sem comprometer o evangelho de Cristo. Deve ter uma postura doutrinaria, sem radicalizar para não perder a graça de Deus e sem abrir as portas para o mundo, para que os crentes fracos venham dar ocasião à carne.

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenau – SC



QUEM SÃO OS FARISEUS DE HOJE



São os exterminadores da liberdade alheia, que excluem sumariamente as pessoas e se afastam delas, achando que são muito melhores do que elas.
São os que usam luvas de assepsia e jogam no lixo os diferentes, os quais diferem deles quanto ao estilo, conceitos, doutrina, postura moral, ética e religiosa.

São os que têm “complexo de São Pedro” por se julgarem acima da lei, se achando no direito de abrir ou fechar as portas do céu de acordo com seu julgamento distorcido, separando antes do tempo determinado o joio do trigo, quem é salvo ou não, quando Jesus proíbe veementemente tal atitude.

São os que pensam que estão sozinhos no mundo, e acham que eles e sua igreja, serão os únicos que vão ser salvos, e sua doutrina, teologia, liturgia e preceitos morais são os únicos certos e todos ao redor estão errados.

São os que se prendem a teias de legalismos tentando comprar a graça de Deus com obras humanas e ofertas de desempenho pessoal. Estes, na prática, esperam ainda obter o favor de Deus, com boa moralidade e bom comportamento, anulando assim, completamente o sacrifício de Cristo na cruz.

São os que colam máscaras de religiosidade na cara para impressionar o mundo, assumindo ridículas atitudes de bajulação e arrotando vantagens, tecem grandes relatos de proezas espirituais exacerbadas.

São os que ficam à espreita da liberdade dos outros, criticando e disseminado suspeitas de todo tipo, visando salvar sua própria reputação e descobrir e expor à vergonha a reputação de quem não concorda com sua maneira hipócrita de ser.

Se nos tempos de Cristo os fariseus eram os líderes religiosos de sua época, os anciãos do povo, os que compunham o Sinédrio, os líderes que detinham o poder religioso e mantinham o status que econômico da nação, os fariseus de hoje também compõem grande parte da liderança das igrejas de hoje. Eles são os que se assentam nos concílios, nas juntas administrativas, nas comissões gestoras das organizações eclesiásticas, e se reúnem como donos e os chefes das grandes corporações da fé.

São, no entanto, aos olhos infalíveis de Jesus, hipócritas (atores que atuam com máscaras) que disseminaram ervas danosas no meio do trigo da igreja.

Sua atitude, apesar do alto teor moral, é tida diante de Deus, como palha que queima e que, ao passar pelo crivo do fogo purificador dos olhos do Rei, só sobrará cinza e poeira.

São os que ainda hoje Jesus chama de cobras. Venenosas, sepulcros caiados, bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e todo tipo de imundície, os que coem um mosquito e engolem um camelo, guia de cegos, e dignos do inferno.

São esses aos quais Jesus disse que o honram com os lábios mais seu coração está longe Dele, e que adoram a Deus em vão, e cujos ensinos não passam de regras ensinados por homens.

Fico pensando em quão inconsistente é, para Jesus, tanta pompa, tantas construções, tantos cursos infindáveis de educação religiosa, tantas regras proibitivas, tantos sistemas complexos, tantos preceitos inócuos, e que no final pouca coisa sobrará de útil para o Reino, e quase nada que perdurará para vida eterna.

Não seja nem consinta ser um fariseu de hoje. Sai das fileiras da hipocrisia, e venha se alistar no exército dos filhos da luz, que andam na verdade, na simplicidade do Reino e que não tem outra motivação que não seja agradar ao Rei oferecendo um coração sincero e transparente, e motivações que advém do coração, por saber que Ele se compraz (se alegra sobremaneira) da verdade no íntimo.

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deuus
Blumenau - SC


sábado, 29 de setembro de 2012

O PERIGO DO FARISAÍSMO

Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1ª Tm 4.1)

O termo apostatar-se do grego afisthmi aphistemi significa: fazer retroceder, remover, abandonar, desviar-se ou afastar-se da fé. Este sinal já está acontecendo nos dias de hoje. Muitas autoridades das igrejas têm distorcido o verdadeiro evangelho.

O apóstolo Paulo deixa um alerta a Timóteo contra os falsos mestres que estavam desviando a fé muitos crentes.

Ora, a primeira idéia que ocorre ao ler o texto é que as igrejas vão ficar vazias, ou seja, parece que todos vão desviar-se, afastar-se ou abandonar suas igrejas. Mas, observemos com mais atenção as palavras de Paulo, principalmente os versos 10 e 11 de 2ª Tessalonicenses 2: ele menciona sinais e prodígios de mentira sendo apresentados, assim como engano para os que perecem porque não receberam o amor da verdade.

Paulo estava preparando os novos crentes para não perderem-se num novo legalismo. Tanto os homens quanto as mulheres teriam que aprender a preocupar-se primariamente com o espírito da lei – a lei do amor a Deus e ao próximo. Ele empreendeu uma campanha tremenda contra o legalismo dos judaizantes e contra aqueles que pretendiam introduzir ou impor o ascetismo (a auto-negação) na nova fé cristã.

A igreja de Cristo não é uma igreja de proibições, mas sim atender às diretrizes de Deus: pureza (cobrir o corpo, especialmente as partes mais sensuais) e simplicidade (não atrair a atenção dos outros indevidamente).

A Bíblia instrui-nos claramente que questões sobre comidas e dias especiais, bem de outros usos e costumes não tratados especificamente na Bíblia, são de inteira responsabilidade, entendimento e crença pessoal de cada um. E, se, porém um lado não devemos julgar ou discutir com irmãos sobre estas questões, por outro, não devemos fazer nossos irmãos tropeçarem por causa de nossas crenças pessoais (Rm 14.1-23; 15.1-7; Cl 2.16-19; 1ª Co 8.1-13; 10.23-33). No entanto, precisamos ter cuidado para não comermos comidas, por exemplo, “sacrificadas aos ídolos”, ou então guardarmos dias dedicados aos “santos” e etc. (1ª Co 10.14, 22).

Se o pregador pensar que não pode trazer uma mensagem verdadeira pensando que vai escandalizar seu irmão, nunca irá pregar as verdades bíblicas por causa dos débeis na fé (Rm 14.1). A igreja está vivendo os últimos dias na face da terra e presto a sermos arrebatamento, mas muitos líderes espirituais não tiveram a coragem de falar as verdades bíblicas. Ficam enganando os outros com coisas fúteis. É irmãos, a nossa igreja é assim porque ela tem tradição!

 Satanás introduziu no meio cristão um tipo de evangelho corrupto, farisaico, gnósticos, ascético e mentiroso, enganando centenas de irmãos. Há uma grande necessidade dos obreiros de Deus ter a coragem de levantar-se como fez Martino Lutero conta às tradições da Igreja Católica e proclamar a verdade que Liberta. Se uma igreja alimentar-se a vida inteira de leite não irá crescer. Os ministros de Deus precisam tratar a igreja não só de leite, mas de alimento sólido, que contenha a Verdade.

Para muitos ser crente é não usar brinco, batom calça comprida, nem ir a praia. Para os tais serem crente é cuidar do figurino de acordo com as regras de usos e costumes ditadas pelo seu pastor. É exterioridade. Não importa se há pecados carnais ou não é o exterior e pronto. Precisamos saber diferenciar a aparência externa de um coração puro e submisso ao Senhor.

Nos assuntos não mencionados explicitamente na Bíblia, devemos nos valer dos ensinamentos gerais da mesma, dos princípios bíblicos que referem-se às situações genéricas. Pergunte-se antes de adotar, aceitar ou rejeitar qualquer coisa: Agrada a Deus? Jesus Cristo faria isto? Jesus combateu isto? Edifica, instrui ou consola minha vida ou de alguma outra pessoa? É digno de um cristão? Prejudica a pregação do Evangelho?

Naquilo em que a Bíblia fala, nós devemos nos calar e aceitar a sua autoridade. Naquilo que a Bíblia cala, nós somos livres para buscar a direção do Espírito Santo para nossas vidas individualmente.

Ao contar a parábola do Filho Pródigo, Jesus não receia afirmar que o pai ornou o seu filho com um anel. Embora aquele anel representasse uma forma de restituir a autoridade do filho, não se pode esquecer-se que o anel também era uma peça de ouro e de adorno: “O Pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés” (Lc 15.22).

 O grande desafio para os evangélicos é o de não condenar ou afastar-se da cultura por medo de ceder ao mundanismo. Agindo assim, rechaçamos e subestimamos a cultura passando a viver em guetos (viver isolado da sociedade ou com cultura própria).

Ser evangélico não significa pertencer a uma cultura própria, separada. Cristo nunca intencionou isto. Tanto que na oração sacerdotal de João 17, Ele pediu ao Pai que não retirasse as pessoas do mundo, mas as livrasse do mal. A intenção de Deus não é que formemos guetos culturais, mas que fôssemos sal e luz dentro de nossa realidade. A ética evangélica sobre a cultura deve discernir com precisão o que é produto do pecado e o que é fruto da graça de Deus.

Portanto, devemos ensinar o povo a aplicar os princípios básicos da Bíblia. Para que os valores eternos do Reino de Deus sejam implantados nos corações das pessoas. Não entendo que certos ministros sejam codificadores de trajes, ou que estejam capacitados por Deus a medir os centímetros das saias e bermudas dos irmãos e irmãs. Quando caem nessa armadilha, os ministros tornam-se alvos de chacotas e perdem o vigor de seu ministério.

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenau - SC

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

COMO CONFRONTAR O FARISAÍSMO



A própria Palavra de Deus nos ensina a tomar uma posição, em vez de ficar em cima do muro. Como soldados de Cristo, temos de batalhar pela fé. Não podemos permitir de maneira nenhuma que apatia encontre guarida em nossos corações, como aconteceu aos crentes da igreja de Corinto. O apóstolo Paulo, em 1ª Co 5.1-5, apresenta a indiferença daqueles crentes diante da transgressão e, em seguida, toma posição para o bem da igreja. Da mesma maneira, o erro doutrinário é uma transgressão e, igualmente, devemos tomar posições firmes para proteger a sã doutrina de qualquer adulteração. Um cristão não pode e não deve viver indeciso, em cima do muro. Ele deve sim expor a Verdade do Evangelho corretamente, com firmeza e sem distorções.

No livro de Juízes capítulo seis e sete aprendemos uma lição fundamental para um verdadeiro ministro. Quando os midianitas uma tribo nômade aliado aos amalequitas vindo da região de Nequebe, ao sul da Palestina junto com alguns dos povos do oriente, tornaram-se inimigos e saqueadores do povo de Israel. Mas, dentro desta história encontramos um homem chamado Gideão. Um servo de coragem valente que estava malhando trigo no lagar, para expor a salvo dos midianitas. Mas, ali lhe apareceu o Anjo do Senhor e lhes disse: “O Senhor é contigo homem valente” (Jz 6.12).

O Anjo do Senhor é uma teofania, ou seja, é aparição de Jesus no Velho Testamento. A aparição do Senhor veio para animar a Gideão exortando a formar um exército para livrar o povo da escravidão dos midianitas. Quando Gideão preparou um exército de trinta e dois mil homens para a batalha Deus mandou que os tímidos e os covardes saíssem, ficando apenas dez mil homens. Mas, Deus ainda achou muito e ordenou a Gideão a descer as águas. “Então, o Senhor lhe disse: Todo aquele que lamber a água com a língua como faz o cão, esse porás a parte, como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. Foi o número dos que lamberam levando a mão à boca trezentos homens, e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber a água. Então, disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água com a mão eu vos livrarei, e entregarei os midianitas nas tuas mãos” (Jz 7.1-7). E este foi o exército que Gideão usou para derrotar os midianitas.


Neste texto bíblico aprendemos uma grande lição para nosso dia a dia. Aqueles que lamberam a água como cão (nove mil e setecentos homens), estavam desatentos e desapercebidos aos ataques do inimigo, enquanto que apenas trezentos homens que tomaram água de joelhos levando a mão na boca, representam os soldados vigiando e atentos aos ataques do inimigo

Nesta última hora Deus precisa de homens Gideões, valentes e corajosos para livrar o Seu povo das mãos e dos ataques midianitas que vêm para solapar a fé e escravizar o povo de Deus através das heresias.

I.       LEGALISMO

 “Legalismo: preocupação em receber uma recompensa da parte de Deus, em troca de certas observâncias” Willian E. Hordern, Teologia Contemporânea.

O legalismo ensina que o homem tem que obedecer a certas observâncias e regulamentações para que possa alcançar o favor divino.

A palavra “legalismo” não é encontrada na Bíblia; esta palavra é um sinônimo de legalidade ou observância da Lei.

O legalismo tem causado muitos transtornos aos cristãos, principalmente nas doutrinas da Bíblia, exemplo: (Soteriologia).

O legalismo distorce os alicerces da doutrina da salvação: Paulo nos informa que “...pela graça sois salvo, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef. 2.8). Quando dizemos que determinado individuo, precisa observar regras e normas para ser salvo estamos anulando o sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário que é o único meio do pecador arrependido alcançar a salvação. È somente em Cristo que temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Cl 1.14).

Jesus ao confrontar-se com os lideres religiosos de Israel, usou as palavras de (Isaias 29.13), e assim definiu o legalismo religioso. Ele Disse: “seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” (Mt 15.9). O legalismo confunde doutrinas Bíblicas com Usos e costumes. Paulo nos informa no livro de Romanos 10.3 que: procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” [Pereira. Legalismo. http://www.advilasolange.com.br/Legalismo.html - acesso dia 15/09/2009].

O legalismo é uma forma de escravidão. A Bíblia diz em Gálatas 4.8-9 “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?”

O legalismo é atrativo mas destrutivo. A Bíblia diz em Colossenses 2.23 “As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.

II. A BASE DO LEGALISTA É O ORGULHO

O legalismo é uma atitude, uma mentalidade baseada no orgulho. É uma conformidade obsessiva a um padrão artificial com o propósito de exaltar a si mesmo. O legalista assume o lugar de autoridade e o leva a extremos injustificados. Daniel Taylor afirma muito bem que ele termina em controle ilegítimo, exigindo unanimidade e não unidade.

A grande arma do autoritarismo, secular ou religioso, é o legalismo: a fabricação e manipulação de regras com o propósito de obter controle ilegítimo. Talvez a mais prejudicial de todas as perversões da vontade de Deus e da obra de Cristo, o legalismo se agarra à lei as expensas da graça, a letra em lugar do Espírito.

O legalismo prima pelos preceitos da Velha Aliança. Pelas regras criadas pelo homem através das tradições herdadas pelos pais. Como já disse, se pudermos reforçar vigorosamente as regras criadas pelos homens como meio de santidade e salvação, perderíamos o rumo para o céu.

O autoritarismo farisaico se manifesta na confusão do princípio cristão com insistência em comportamento humano invés de fé e graça. Colocam-se como super espirituais e usam suas experiências e regras similares, e citam frases isoladas para descreverem essas experiências.

O legalista diz na verdade: As coisas que pratico faço para ganhar o favor de Deus. Esquecendo do significado da graça divina “Favor imerecido”.

Devemos compreender que estas coisas não estão expressas nas Escrituras. Elas foram transmitidas ou ditas ao legalista e se tornaram uma obsessão para ele ou ela. Torna-se um cristão papagaio, só diz o que os outros já disseram. O legalismo é austero, exigente e semelhante às leis por natureza. O orgulho que está no âmago do legalismo opera em sintonia com outros elementos motivadores. Como a culpa, medo, vergonha. Ele leva a uma ênfase sobre o que não deve ser, e o que não deve fazer.

Tenho certeza que todos concordam que vale a pena lutar pela liberdade. Essa é, sem dúvidas, a principal razão pela qual os soldados dão a suas vidas pela pátria. Porém há algo que é contraproducente: os cristãos nem sempre estão disposto a lutar! Somo capazes de lutar contra qualquer inimigo que ameace, não somente nossa família, mas também nossa soberania nacional; contudo, como crentes que vivemos debaixo da graça, não nos mostramos tão dispostos e apaixonados a defender nosso direito de ser livres “com a liberdade com que Cristo nos libertou”. Basta que um legalista se uma a nosso grupo, e de imediato lhe entregamos a direção. Temos medo!

Os matadores de cristãos não podem ser apenas indulgentemente ignorados ou bondosamente tolerados. Você não pode permitir que o legalismo continue, da mesma forma que não permitirá que uma cascavel entre sorrateiramente em sua casa. A igreja é a casa de Seu pai, por isso vamos combater o legalismo para que Deus volte a operar maravilhas como foi na igreja primitiva. Você deve saber que a Bíblia é nossa única regra de fé e, se usarmos corretamente, não iremos ferir ninguém a não ser aqueles que não aceitam que ela é a inspiração divina, ou que ela não é completa.

III. A VERDADE É QUE LIBERTA

O termo “cristão” significa conceitos diferentes para pessoas diferentes. Para uns representa estilo de vida rígido, nervoso, inflexível, áspero, descolorido e irredutível. Para outros, significa uma aventura arriscada, cheia de surpresas, vivida na ponta dos pés em expectativa ansiosa. Para outros, representa liberdade para viver em Cristo Jesus. Alegria, prazer, felicidade, amor fraterno, plenitude, lutas e vitórias e benção espiritual.

Um povo que tem no centro da sua experiência a libertação da culpa do pecado e entrada na liberdade do Espírito, um povo que não vive mais sob a tirania das emoções ou opiniões humanas ou de memórias desagradáveis, mas é livre em esperança, fé e amor – deve ficar criticamente atento a qualquer individuo ou qualquer coisa que suprimisse sua recém adquirida liberdade.

Mas, infelizmente, a comunidade de fé, é exatamente o lugar onde deveríamos experimentar a vida de liberdade, é também o lugar onde corremos mais risco de perdê-la. Por quê? Porque cada um ensina ao seu bel prazer, sem a menos conhecer as regras hermenêuticas.

São poucos os cristãos têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz. Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições e experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus.

Você já viu alguém ficar anos preso e, receber o alvará de soltura, mas rejeitar a liberdade? Na citação de Peterson ele diz: “O único lugar da terra onde mais esperamos ser libertados é, de fato, justamente o lugar onde seremos mais provavelmente colocados sob jugo: a igreja. Isto deve certamente entristecer o nosso Deus”.

O que aconteceu no primeiro século pode ter certeza que ainda está acontecendo no século XXI. Paulo escreve aos gálatas sobre a sua surpresa: “Corríeis bem; quem vos impediu para que não obedeça a verdade?” (Gl 5.7).

Quero ampliar o seu pensamento – “Quando eu estava com vocês, alguns estavam na faixa dos 100 metros rasos, outros faziam os 440 metros com facilidade. Outros ainda corriam distância bem mais longas... vocês eram maratonistas. A verdade os libertou, e me lembro distintamente quão bem corriam e como pareciam alegres. Quem interferiu nos seus passos? Quem tirou seus sapatos de corridas? Alguns de vós deixaram de correr” (Paráfrase do autor). A verdade é algo imutável e refere-se as doutrinas bíblicas ensinadas por Deus e não pelos homens.

No capitulo 3.1 de Gálatas Paulo diz: “Quando eu estava aí, ensinando a vocês a verdade, apresentei um salvador que todo o castigo pelos seus pecados. A sua morte e, subseqüente, ressurreição já foi o pagamento final de Deus pelos nossos pecados. Pagamento total! Tudo o que tem a fazer é crer que ele morreu e ressuscitou dos mortos por você. Ele foi publicamente exibido para que todos vissem, e agora a verdade pode ser declarada para que todos creiam. Vocês creram nisso certa vez e foram gloriosamente libertados. Mas, não agora. Quem levou a mudar da lealdade à glória de Deus para as opiniões humanas, da obra do Espírito para os efeitos da carne?”.

A Bíblia Viva contém a seguinte leitura deste versículo: “Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente?”. Paulo estava fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?

Em Gálatas 1.6, num trecho anterior, ele admite o seu espanto: “Maravilho-me de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho”.

Isso poderia comparar-se à idéia de você criar seus filhos num ambiente sadio. Eles cresceram na sua casa e, por ser um bom lar, desenvolveu segurança e estabilidade à medida que imitam a sua autenticidade e estilo de vida espontâneo. Eles se comunicam abertamente e livremente. Aprendem como confrontar e tratar os problemas. Em resumo, eles aprendem as coisas básicas da vida como deve ser vivida... o que inclui conhecer a Cristo, amar a Deus e andar como ele, relacionado-se bem com as outras pessoas – todas as coisas que representam integridade, vulnerabilidade e autenticidade.

Uma vez crescidos, eles vão para longe. O tempo passa e você começa a sentir falta deles, indo visitá-los depois de três ou quatro anos. Fica chocado! Descobre que suas vidas são rígidas, fechadas, sujas e emocionalmente mutiladas. Surpreende-se ao vê-los lutando com problemas, evidenciando atitudes negativas; a ponto do suicídio. Naturalmente surge a pergunta: “Quem os prendeu? Quem distorceu a sua mente? O que aconteceu nesses últimos anos?” É com esse mesmo tipo de zelo que Paulo escreve aos seus amigos gálatas sobre as suas preocupações.

Pense um pouco, pelo que ele está lutando? Liberdade! “Vocês eram livres. Mas agora, amigos gálatas, não passam de escravos. Quero saber o que aconteceu de errado”. A resposta não é complicada; os assassinos da graça haviam invadido e vencido.

Tanto nos tempos de Paulo e como agora, um dos problemas mais sérios que afeta a igreja é o legalismo, que arrebata o gozo do Senhor da vida do crente e com o gozo se vai o verdadeiro poder para adorar a Deus “em espírito e em verdade”.

O legalismo é uma atitude carnal que se conforma a um código, com o propósito de exaltar a pessoa. O Código é qualquer modelo objetivo aplicável ao tempo; o motivo é exaltar-se a si mesmo e ganhar méritos, ao invés de glorificar a Deus pelo que Ele tem feito; e o poder é a carne, não o espírito, que produz resultados externos somente similares à verdadeira santidade. Os resultados são, na melhor da hipóteses, falsificações e não podem jamais aproximar a santificação genuína, por motivo da atitude carnal e legalista.

II. AUSÊNCIA DA GRAÇA

Somos salvos pela fé não pelas obras. A Bíblia diz em Efésios 2:8-10 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”

Considero o legalismo, ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade, onde ela bate de frente com o Cristianismo. Em momento algum os praticantes da religiosidade concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e auto-doação divina. Para eles só a graça não basta, tudo tem que ser barganhado e negociado.

Esta concepção legalista anula a Graça, anula o sacrifício de Cristo, anula a redenção proporcionada pela morte de Jesus na cruz. Neste ponto poderíamos traçar um paralelo (ainda que bastante impreciso) com a ação dos judaizantes na Igreja Primitiva, combatida enfaticamente pelo Apóstolo Paulo, na epístola aos Gálatas:

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão”. (Gl 2.16-21).

Dessa forma, anula-se a fé cristã. Este é o argumento que invalida as considerações de quem avalia a religiosidade como um caminho válido para Deus, legítimo e até melhor do que a fé cristã.

O legalismo, como disse, é o maior e o mais grave dos problemas deparados pelo apóstolo Paulo na igreja primitiva e que igreja cristã ortodoxa ainda enfrenta.

“Um dos problemas mais sérios enfrentados hoje pela igreja cristã ortodoxa é o legalismo. Um dos mais sérios problemas deparados pela igreja nos dias de Paulo foi o do legalismo. Isso acontece todos os dias. O legalismo tira do coração do crente a alegria do Senhor e com essa ausência vai-se também o seu poder para um culto de adoração vital e serviço vibrante. Nada resta senão uma confissão rígida, sombria, tediosa e indiferente. A verdade é traída e o nome glorioso do Senhor torna-se sinônimo de “desmancha prazeres”. Os cristãos sob a lei não passam de uma triste paródia da realidade”.

Embora já estamos no século XXI, encontramos grupos de indivíduos “rígidos, sombrios, tediosos e indiferentes, basta visitar algumas das igrejas evangélicas de hoje. É com grande dor no coração e grande desapontamento dizer que as igrejas morrem quando o pastor é legalista, pois são assassinos de almas. Os legalistas, com sua lista inflexível de “faça” e “não faça”, matam o espírito de alegria e espontaneidade daqueles que desejam gozar a sua liberdade em Cristo Jesus. As pessoas estritamente legalistas na liderança tiram toda a vida da igreja, embora afirmem estar prestando um serviço a Deus.

Se você jamais esteve sob o peso do legalismo, é uma pessoa abençoada. Se já foi escravo e libertou-se (como aconteceu comigo), sabe melhor do que ninguém que tesouro privilegiado a liberdade realmente é. Vale a pena lutar por ela!

Na carta Magna da liberdade cristã, Gálatas 5.1, contém um único mandamento que, se crido e obedecido, faria muito para pôr um ponto final no legalismo.

“Estais, pois, firme na liberdade com que cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão”.

Nada perturba mais os fariseus radicais do que a verdade libertadora da graça. Paulo, em data remota no passado, está escrevendo a cristão que sabiam o aconteceria, mas se deixasse cair sob a magia paralisante dos assassinos da graça. J. B. Phillips, numa para frase de Gálatas 5.1, interpreta:

“Não desistam e percam a sua liberdade... Plantem então com firmeza os pés na liberdade que Cristo conquistou para nós e não deixem prender novamente nos grilhões da escravidão”.
Precisamos ter coragem e dizer: “Dêem-me a liberdade por causa de Cristo”. Escravidão é sempre escravidão, quer seja política ou espiritual. Dêem-me a liberdade que ele conquistou no Calvário, caso contrário, continuo escravo. A morte é preferível ao cativeiro... concedam-me então a liberdade obtida por Ele ou morrerei! Viver na escravidão é anular a graça de Deus.

Quando a graça de Cristo estiver plenamente desperta na sua vida, você descobrirá que não está fazendo algo devido ao medo ou à vergonha por causa da culpa, mas age por causa do amor. A terrível tirania do desempenho forçado, a fim de agradar alguém, já passou... para sempre.

III. A GRAÇA TRAZ LIBERDADE

Liberdade para gozar os direitos e privilégios por ter saído da escravidão e permitir a outros tal liberdade.

É liberdade para experimentar e gozar um novo tipo de poder que só Cristo pode dar. É liberdade para tornar-me tudo o que ele quer que eu seja, sem levar em conta como ele orienta a outros. Eu posso ser eu, plenamente livre. É liberdade para conhecê-lo de maneira independente e pessoal. E essa liberdade é então libertadora para outros, a fim de que eles possam ser o que devem ser, de um modo diferente do meu!

Vejam bem, Deus não está fabricando pequenos cristãos com um cortador de biscoito em todo mundo, de modo que todos pensemos do mesmo modo, sejamos parecidos uns com os outros, falemos do mesmo jeito e nossos atos sejam iguais. O corpo é variado. Não fomos criados com o mesmo temperamento, nem usamos o mesmo vocabulário, ou o mesmo sorriso, nem nos vestimos do mesmo modo, ou temos o mesmo ministério. Eu repito: Deus gosta da variedade. Na vida de Jesus Ele curou um cego apenas dizendo: Veja. Outro cuspiu na terra e fez um lodo e passou nos seus olhos e após mandou lavar-se no tanque de Siloé. Jesus quer nos mostrar que nem tudo deve ser da maneira que queremos que seja. A liberdade para sermos o que somos é praticamente magnífica. É liberdade para fazer escolha, para conhecer sua vontade, liberdade para andar nela, liberdade para obedecer à Sua orientação para a minha vida e a sua. Uma vez que você tenha experimentado essa liberdade, de nada mais satisfaz.

Eu, talvez, deva reafirmar que se trata de uma liberdade pela qual você terá de lutar. Por quê? Porque as fileiras do cristianismo estão cheias daqueles que fazem comparações e gostariam de controlar e manipular você de modo que venha a tornar-se tão miserável quanto eles. Afinal de contas, se estão decididos a ser “rígidos, sombrios, tediosos e indiferentes”, esperam então que você também seja assim. “A miséria gosta de companhia”, é lema legalista não mencionado, embora não admitam isso.

IV. AUSÊNCIA DA GRAÇA

Finalmente, apontamos aquele que consideramos ser o maior e o mais grave dos problemas da religiosidade popular, onde ela bate de frente com o Cristianismo: a ausência da Graça. Em momento algum os praticantes da religiosidade popular concebem a atuação divina pela categoria da Graça, como doação e auto-doação divina. Tudo tem que ser barganhado e negociado - em caso de se alcançar o que se pede, o preço combinado tem que ser rigorosamente pago, caso contrário o negócio corre sério risco de ser desfeito ou de, em caso de nova necessidade, não se ser mais atendido. A palavra "graça" tem conotação de "pedido atendido" (podendo ser qualquer coisa: um par de sapatos, a "aquisição" de um marido, a geração de um filho, a cura de uma doença, a "sorte grande" no jogo do bicho). A percepção disto foi muito bem explorada pelo dramaturgo Dias Gomes em sua famosa peça "O Pagador de Promessas". O pagamento de promessas, em função das "graças" recebidas, ocupa assim um lugar central nas práticas e concepções da religiosidade popular, sendo um dos fulcros do relacionamento com o divino. As promessas são, via de regra, feitas sempre aos intermediários - santos, orixás, nossas senhoras, espíritos desencarnados e que tais - para que estes, em sua função de despachantes junto à Deus, agilizem e priorizem a tramitação do "processo" do pedinte. Para cada petição, uma promessa. De modo que ninguém fique devendo nada a ninguém e todos fiquem quites entre si.

V. QUATRO ESTRATÉGIAS PARA VENCER OS LEGALISTAS

Primeiro, mantenha-se firme em sua liberdade. Lembremos do que Paulo escreveu em: “Estais, pois, firme na liberdade com que cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl 5.1). Não perca terreno. Peça ao Senhor para dar-lhe coragem e use a Palavra.

A liberdade tem sua motivação primordial no amor incondicional de Deus, que nos elimina com a graça salvadora de Cristo, que nos faze agir por amor e não por temor. Você precisa saber que liberdade é libertar-se da escravidão, entre outras coisas, nada mais é que independência para fazer algo. É livrar-se do poder do pecado e da morte. Cristo nos trouxe uma poderosa liberdade da maldição da lei, o que se traduz em liberdade do temor de ser castigado por Deus e de uma consciência acusadora. È estar livre frente às exigências dos demais.

Segundo deixe de buscar o favor de todos. Este hábito pode ser o mais difícil de quebrar, mas vale a pena o esforço que você fizer. Não procure agradar quem é fariseu, santarrão. Não permaneça em situações que sua consciência lhe diz serem erradas. Isso nada mais é do que servir a homens, e não a Deus. Não importa quão espirituais as coisas pareçam ser, pare de ficar querendo agradar a todos.

Os falsos ministros sempre irão usar versículos como: “Melhor obedecer do que sacrificar”. Mas, isto deve ser aplicado para eles, porque o versículo refere-se a obedecer a Palavra de Deus e não as doutrinas de homens. Ou “obedecei vossos guias que zelam pelas vossas almas” Aqui é uma preocupação dos apóstolos quanto ao ensino herético. Refere-se aos ensinos dos apóstolos que haviam aprendido com o Senhor Jesus. Usar estes versículos isolados para disseminar heresias é acrescentar ou adulterar as Escrituras.

Terceiro, comece a recusar-se a ser escravo. Escravidão é estar sob jugo de alguma coisa. Procure ser servo de Cristo e não do legalismo humano. Procure ser um cristão autêntico e não viva de máscara. Cresça na graça e no conhecimento e não se submeta a escravidão, seja um cristão livre.

Quarto continue sendo sincero quanto à verdade Seja honestamente contigo mesmo e também para com os outros. Seja franco e humilde. Se não concordar com alguém diga isso com bondade e firmeza. Se não souber algo, admita a verdade. Não faz mal se não souber. Não seja hipócrita, mas verdadeiro. Um dos maiores erros por parte das lideranças hoje é não reconhecer o seu erro diante do povo. Há isso, é humilhação. (é o pecado de Saul: Vamos junto Samuel para o povo ver que está tudo bem entre eu e você). Isto é hipocrisia, medo de perder a liderança. Sabe que está errado, mas continua errado. Todavia, os que confessam seus pecados alcançarão misericórdia.

Caso o conceito de lutar pela liberdade pareça demasiado agressivo para você, talvez egoísta demais, pense então nele como lutar a fim de que outros possam ser libertados – a fim de que outros possam ser despertados para as alegrias e os privilégios da liberdade pessoal. Os que fazem isso em campos de batalhas reais são chamados de patriotas ou heróis. De todo o coração, eu creio que aqueles que lutam conta o legalismo também deveriam ser assim considerados.


  
Pr. Elias Ribas

Igreja Ev. Assembléia de Deus
Blumenau - SC