“A estratégica de certos ministros, para introduzir suas próprias idéias e justiça, é usar versículos isolados para intimidar os seus seguidores.
I. NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS
“Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus
profetas” (Sl 105.15).
[...]
A frase bíblica “Não toqueis nos meus ungidos” (Sl 105.15) tem sido empregada
para os mais variados fins. Maus obreiros e falsos profetas se valem dela para
ameaçar seus críticos; crentes mal orientados usam-na para defender certos
“ungidos”; e outros ainda a empregam para reforçar a ideia de que não cabe aos
servos de Deus julgar ou criticar heresias e práticas anti-bíblicas.
As palavras “toqueis” e
“maltrateis” pelo contexto refere-se única e exclusivamente a um dano físico a
alguém. Portanto, o Salmo 105.15, como texto isolado, não impede em absoluto
ninguém de questionar os ensinos dos auto proclamados homens ou mulher de Deus.
A expressão neste Salmo,
não foi dada para proteger desvios doutrinários e muito menos heresias e
barbaridades.
A palavra hebraica gsn nasag – pode ser traduzida em diferentes
formas, tais como: “alcançar”, “ferir”, “tocar”.
O verbo tem o sentido de
estender a autoridade sobre alguém, reivindicando tal pessoa como sua ou infringindo-lhe
um golpe (Jr 4.10, 18; Jo 1.19; 5.19). Deus proíbe que as pessoas atinjam Seus
profetas (1ª Cr 16.22), Seu povo (Zc 2.8) ou Sua herança (Jr 12.14). Estes
santos lhe pertencem. Aqueles que Deus escolhe para o ministério (Ef 4.11), são
escolhidos para trazer o crescimento espiritual para igreja, mas não para
manipular a Palavra de Deus como esta fosse um livro qualquer.
Quando Paulo andou na terra, havia muitos “ungidos” ou que
aparentavam ter a unção de Deus (2ª Co 11.1-15; Tt 1.1-16). O imitador de
Cristo nunca se impressionou com a aparência deles (Cl 2.18, 23). Por isso,
afirmou: “E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido
noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a
aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me
comunicaram” (Gl 2.6).
Aparência, popularidade, eloquência, títulos, status,
anos de ministério... Nada disso denota que alguém esteja sob a unção de Deus e
imune à contestação à luz da Palavra de Deus. Muitos enganadores, ao serem questionados
quanto às suas pregações e práticas anti-bíblicas,
têm citado a frase em análise, além do episódio em que Davi não quis tocar
no desviado rei Saul, que fora ungido pelo Senhor (1ª Sm
24.1-6). Mas a atitude de Davi não denota que ele tenha aprovado as más obras
daquele monarca.
Se alguém, à semelhança de Saul, foi um dia ungido por
Deus, não cabe a nós matá-lo espiritualmente, condená-lo ao inferno.
Entretanto, isso não significa que devamos silenciar ou concordar com todos os
seus desvios do evangelho (Fp 1.16; Tt 1.10-11). O próprio Jônatas reconheceu
que seu pai turbara a terra; e, por essa razão, descumpriu, acertadamente, as
suas ordens (1º Sm 14.24-29).
O texto deste Salmo, em nenhum sentido proíbe o juízo de
valor, o questionamento, o exame, a crítica, a análise bíblica de ensinamentos
e práticas de líderes, pregadores, milagreiros, cantores, etc. Até porque o
sentido de “toqueis” e “maltrateis” é exclusivamente quanto à inflição de dano físico.
É claro que a Bíblia apóia e esposa o pensamento de que o
Senhor cuida dos seus servos e os protege (1ª Pe 5.7; Sl 34.7). Mas isso se
aplica aos que verdadeiramente são ungidos, e não aos que parecem, pensam ou
dizem sê-lo (Mt 23.25-28; Ap
3.1; 2.20-22). Afinal, “O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que
profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade” (2ª Tm 2.19).
Quem são os verdadeiros ungidos, os quais, mesmo não se
valendo da frase citada, têm de fato a proteção divina, até que cumpram a sua
vontade? São os representantes de Deus que, tendo recebido a unção do Santo (1ª
Jo 2.20-27), preservam a pureza de caráter e a sã doutrina (Tt 1.7-9; 2.7,8; 2ª
Co 4.2; 1ª Tm 6.3,4). Quem não passa no teste bíblico do caráter e da doutrina
está, sim, sujeito a críticas e questionamentos (1ª Tm 4.12,16).
Infelizmente, muitos líderes, pregadores, cantores e
crentes em geral, considerando-se ungidos ou profetas, escondem-se atrás do
bordão em análise e cometem todo tipo de pecado, além de torcerem a Palavra de
Deus. Caso não se arrependam, serão réus naquele
grande Dia! Os seus fabulosos currículos — “profetizamos”, “expulsamos”,
“fizemos” — não os livrarão do juízo (Mt 7.21-23).
Portanto, que jamais aceitemos passivamente as heresias de
perdição propagadas por pseudo-ungidos, que insistem em permanecer no erro (At 20.29; 2ª Pe 2.1; 1ª Tm 1.3,4; 4.16; 2ª Tm 1.13,14; Tt
1.9; 2.1). Mas respeitemos os verdadeiros ungidos (Hb 13.17), que amam o Senhor
e sua Santa Palavra, os quais são dádivas à sua Igreja (Ef 4.11-16).
Quanto aos que, diante do exposto, preferirem
continuar dizendo — presunçosamente e sem nenhuma reflexão — “Não toqueis nos
meus ungidos”, dedico-lhes outro enunciado bíblico: “Não ultrapasseis o que
está escrito” (1ª Co 4.6, ARA). Caso queiram aplicar a si mesmos a primeira
frase, que cumpram antes a segunda [ZIBORDI Ciro. Diponível:
http://cirozibordi.blogspot.com/2008/07/no-toqueis-nos-meus-ungidos.html
- acesso dia 07/09/2009].
II.
OBEDECEI
VOSSOS GUIAS
“Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a
palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que
tiveram” (Hb 13.7). “Obedecei aos vossos guias, e sede submissos para com eles”
(Hb 13.17).
Os cristãos hebreus são exortados a tomar como exemplos os
originais pregadores que primeiramente lhe pregaram o evangelho. Eles
desapareceram (“cf. o fim”), mas Cristo, Deus e homem, não fica sujeito às
mudanças causadas pela passagem do tempo (1.12; 7.12). Portanto, o escritor aos
hebreus, adverte a seguirem os ensinos deixados pelos apóstolos em contraste
com os ensinos heréticos.
Vossos guias são líderes pastores atuais (cf. 7, 8), que
irão prestar conta das vossas almas no tribunal futuro. A responsabilidade do ministro
deve ser severa em relação a ortodoxia bíblica, pois pesa essa responsabilidade
em seus ombros. Porém, ele não tem este direito de usar versículos para
difundir suas regras como meio de salvação, pois assim ele estaria fazendo o
papel de um fariseu.
Entretanto em muitas igrejas não procede assim. Sei de
muitas jovens que hoje vivem longe de suas igrejas e totalmente indiferentes á
mensagem do evangelho porque sofreram exclusões e disciplina pública por
esquisitice de seus líderes. Em determinadas igrejas, raramente o sermão expõe
a Bíblia, pois quase sempre começa com um versículo e acaba tratando do que
pode e do que não pode. Deviam estar preocupados com o número de pessoa que sai
pela porta dos fundos de suas igrejas, rejeitado e odiando o cristianismo,
devido a esse rigor acético, sofista e legalista sobre usos e costumes.
Usar
um versículo isolado para colocar um fardo pesado (Mt 23.4), quando não aliena,
gera a hipocrisia. Existem muitos que se acomodam ao sistema religioso e
mostram-se coerentes com as exigências do pastor somente quando estão na
igreja. Longe da fiscalização religiosa, porém vivem noutra realidade. Este
largo contingente de evangélicos conseguiu desenvolver uma duplicidade
comportamental. Na esfera privada agem e convivem com mais liberdade, brincam e
riem, vestem-se de acordo com o ambiente. Mas, quando vão à igreja, passam por
uma metamorfose impressionante. Assumem um rigor acético. Agem dentro do
ambiente religioso de acordo com os códigos impostos pela liderança, mas com
revolta. A cada palavra dita no púlpito, haverá sempre um árduo exercício de
decodificação. Como defesa desprezam os sermões legalistas que ouvem. O jugo
apregoado não lhes diz respeito. Vivem umas espécies de hipocrisia
involuntária, que os agride. Neste caso tanto os legalistas como os hipócritas
serão rejeitados por Deus.
Quase que invariavelmente a conversa durante qualquer
refeição entre amigos pertencentes a estas igrejas gira ao redor de uso e
costumes. As criticas ao sermão do pastor são sempre ácidas. O rigoroso
discurso de alguns líderes hoje mal sabe eles, faz parte do cardápio dos
encontros entre os membros de suas igrejas e de seu ministério e até colegas de
ministério. Estes líderes morreriam de vergonha se soubessem o que comentam
sobre eles, e em que situação eles são visto nessas conversas: como ridículos
fariseus.
Algumas igrejas evangélicas atribuem o crescimento de suas
igrejas ao rigor acético de usos e costumes. Eles acreditam que sua denominação
cresceu porque era rigorosa neste item, e não como resultado exuberante atuação
do Espírito Santo que capacitava e ungia os crentes para o mandato
evangelístico. Esse grupo só não atrasa o processo cultural da denominação,
como é responsável pela estagnação do seu crescimento. Para cada 10 convertidos,
quantos saem sem suportar o pesado jugo legalista e farisaico?
A igreja primitiva cresceu porque havia temor, oração e
estudo da Palavra (At 2.42-46). Mas hoje quase não se ora, e existe pouco
estudo da Palavra. Dentro das igrejas existem mais apresentações do que
adoração. Os líderes perderam o temor e muitos servem mais de escândalos do que
benção. O crescimento da igreja só virá se o líder tiver uma vida de oração,
estudo da Palavra e temor de Deus. Se ele não possui esses requisitos, a igreja
ficará estagnada, ou reduzirá ao pó.
III.
“EIS QUE O
OBEDECER É MELHOR QUE SACRIFICAR” (1ª Sm 15.22).
As palavras de Samuel, no
capítulo 13, são um aviso do julgamento e uma oportunidade para Saul se
arrepender. No capítulo 15, vemos que Saul sem dúvida não se arrepende, mas
persiste em sua desobediência. Assim, as palavras de Samuel neste capítulo
dizem respeito à remoção de Saul de seu cargo, mesmo que isto ocorra alguns
anos mais tarde. É exatamente isto que Samuel deixa claro para Saul no
versículo 29: “Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto
não é homem, para que se arrependa”.
Saul procura desculpar sua desobediência afirmando que
pretende usar os animais poupados para oferecer sacrifícios a Deus. Samuel não
aceita suas desculpas. Nos versos 22 e 23, ele estabelece um princípio que será
adotado diversas vezes pelos profetas posteriores, por nosso Senhor e por Seus
apóstolos. O princípio é afirmado tanto no sentido positivo quanto no sentido
negativo. No verso 22 Samuel faz uma afirmação positiva. Ele nos informa que,
ainda que em Seus planos Deus tenha prescrito rituais religiosos como uma coisa
boa (principalmente se forem feitos com mãos limpas e coração puro), a
obediência aos Seus mandamentos é muito melhor.
Sabemos que o pecado de desobediência é gravíssimo. De que adianta renunciarmos o
mundo para seguir os passos de Jesus, servir à Deus e sacrificar se fizermos da
nossa maneira?
Saul não deixou de sacrificar, de ofertar, de ouvir a voz de
Deus, mas ele fazia tudo da sua maneira e isso desagradou a Deus. E o pior,
nessas duas ocasiões que relatei, Saul agiu com a maior naturalidade, como se
nada de errado tivesse acontecido! Um alerta pra todos nós: a hipocrisia é
fatal.
Jamais deixe de sacrificar, mas faça da maneira de Deus, a
obediência precede o sacrifício.
Sabemos que o Senhor exige obediência e lealdade a Ele e a
Sua Palavra. Porém não podemos usar versículos isolados para disseminar nossas
tradições e costumes ao povo.
1. O que faz a diferença.
“Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o
perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18).
O livro do profeta Malaquias descreve a situação do povo
judeu no período pós exílico, contemporâneo de Neemias. Era um profeta
sacerdotal, que ministrava no templo. Suas firmes convicções a favor da
fidelidade ao concerto do povo escolhido por Deus e contra a adoração hipócrita
e mecânica.
O cristão salvo sabe que deve haver uma diferença no que
serve a Deus e o que não serve. Mas esta diferença está no caráter, na
santidade, honestidade, na fé genuína do verdadeiro Deus, na obediência a Santa
Palavra, nos frutos do Espírito. Este é o padrão de um cristão salvo. Mas não
incutir regras, idéias pessoais radicais e fundamentalista como doutrina. Isto
é levar o cristão ao legalismo, ao secularismo, a doutrina de homens e de
demônio comprometendo a salvação pela graça.
A diferença no que serve a Deus é demonstrada pelo fruto de
Espírito principalmente o amor ao próximo que é mais do que uma obrigação da
igreja é a prova de que realmente se pertence a Deus. Não se diz nada em toda a
Bíblia que se conheceria os discípulos pela roupa, mas pelo amor ao próximo. O
verdadeiro discípulo é aquele que ama sem distinção. “Nisto conheceram todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).
Pr. Elias Ribas
Igreja Assembléia de Deus
Blumenau - SC.
1.
BÍBLIA PENTECOSTAL. Traduzida por João Ferreira de
Almeida. Revista e Corrigida - Edição 1995, CPAD, Rio de Janeiro RJ.
2.
BÍBLIA SHEDD. Traduzida por João Ferreira de Almeida.
Revista e Atualizada no Brasil – 2ª Edição, Sociedade Bíblica do Brasil,
Barueri - SP.
3.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Traduzida por João Ferreira
de Almeida. Revista e Corrigida 1995. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri -
SP.
4.
BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
5.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B.
do Brasil.
6.
CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed.
CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
7.
DAVID ROPERHTTP. Não julgueis: //www.biblecourses.com/po_lessons/PO_200703_04.pdf
– acesso dia 29/08/2009.
8.
Dennis Allan. Não Julgueis para não ser julgado. http://www.estudosdabiblia.net/e2_4.htm
- acesso dia 29/08/2009.
9.
ISAEL DE ARAUJO. Dicionário
do movimento pentecostal, http://dicionariomovimentopentecostal.blogspot.com/
- acesso dia 11/05/2009.
10. S.E. McNAIR. A Bíblia Explicada. 4ª Edição. Editora
CPAD. Rio de Janeiro RJ.
11. STRONG,
J. & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de
Strong. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2005.
12. ZIBORDI Ciro.
Não toqueis nos meus ungidos. Diponível: http://cirozibordi.blogspot.com/2008/07/no-toqueis-nos-meus-ungidos.html
Obrigado por estas palavras, pastor. Você conseguiu resumir em poucas palavras tudo que está acontecendo na maioria das igrejas, ações humanas equivocadas que, infelizmente, afetam muitas pessoas.
ResponderExcluirPena que nem todos tenham a mesma visão, e é uma pena também que muitos que compreendem o que está acontecendo, tenham pouca ou nenhuma força para lutar contra esses absurdos.
É necessária uma reforma urgente no protestantismo; mas como fazê-lo, se há tantas facções?
Um abraço.