TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 3 de dezembro de 2016

ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO A SALVAÇÃO


I.         SALVAÇÃO

A palavra salvação no grego soxo, significa salvação, libertação e cura. Jesus veio a este mundo para nos salvar, libertar e curar as almas necessitadas.

O que o apóstolo João viu testificou e escreveu na sua carta: “E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo” (1ª Jo 4.14). Jesus veio ao mundo com este propósito de salvar o homem, e livrá-lo de uma condenação eterna. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.16-17). Paulo declara: “Que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o principal” (1ª Tm 1.15) No evangelho segundo Lucas Jesus diz: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar que se havia perdido” (Lc 19.10).

“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3.14).

No versículo acima Jesus faz uma antítipo (figura representada por outra; personagem tipificada no Novo Testamento), onde Ele compara-se a serpente levantada por Moisés no deserto.

No livro de Números capítulo 21, a Bíblia descreve o motivo porque Moises levantou no a serpente de bronze em uma haste. O tempo em que Israel peregrinou no deserto o povo murmurou contra Deus e Moises dizendo: “Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? E a nossa alma tem fastio deste pão vil” (v.5).

A consequência desta atitude repreensível e descontentamento, Deus enviou serpentes que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel. Após a repreensão de Deus, eles reconheceram o seu pecado e pediram misericórdia a Moisés dizendo: “Havemos pecado, porque temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós as serpentes. Então, Moisés orou pelo povo” (v.7). Após a intercessão de Moisés, disse o Senhor: “Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá” (v.8). E procedeu Moisés como Deus lhe mandará: “Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava” (v.9).

Adão e Eva ao serem atingidos pelo veneno da serpente no jardim do Éden, ficaram infetados pelo vírus chamado pecado, e assim toda a raça humana ficou contaminada.

A passagem acima, então tipifica Jesus sendo levantado em uma cruz; e aqueles que fossem contaminados pelo veneno da serpente (o pecado), olhando para Cristo fossem salvos e curados e livres da maldição.

A serpente é símbolo de maldição. Cristo Jesus ao ser pendura na cruz tornou-se maldito por nós, para que fossemos ricos em glória com Ele. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).

Era necessário que o Filho de Deus fosse morto numa cruz para cumprir os desígnios do Pai e também para cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades...” (Is 53.5).

Cristo não tendo pecado se fez pecado por nós. A cruz que seria para o pecador ele mesmo levou. Por amor Jesus Cristo se doou por nós.

1.        O recebimento da salvação.
1.1. A salvação é um dom de Deus (Ef 2.8).
1.2. O Espírito Santo (Jo 16.8-9), e a Palavra de Deus (Rm 10.8; 14.17), operam no interior do homem.
1.3. Para receber a salvação o homem precisa crer em Jesus (Jo 1.12-13; At 2.21).
1.4. Com a boca se confessa para a salvação (Rm 10.9-10; Sl 51.12).

II.      RESSURREIÇÃO


1.      O que significa a palavra ressureição.
A palavra ressuscitar tem origem no termo grego anistemi, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da palavra resurgere, que literalmente significava “levantar-se dentre os mortos; erguer-se outra vez; retornar a vida.

A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Segundo a Bíblia, Jesus ressuscitou várias pessoas e foi o primeiro a ressuscitar entre os mortos.

Verdadeiramente, quando Cristo morreu e ressurgiu dentre os mortos, raiou um novo dia, teve início a uma nova era. Esse novo dia é o “dia da salvação” (2ª Co 6.12), e as bênçãos “de grande salvação” (Hb 2.3) as tão ricamente diversas que não podemos defini-las adequadamente.

Sem a ressurreição, a cruz teria feito de Cristo o maior mártir do mundo. Mas a cruz, com a ressurreição, fez d’Ele o único Salvador do mundo.

A morte vicária de Cristo removeu todos os obstáculos legais para o recebimento da vida espiritual, mas somente o poder da ressurreição poderia levar os homens para alcançar esta nova vida.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1ª Pe 1.3).
Paulo reconhecia a importância tanto da cruz como do túmulo vazio. Declarou que seu velho “eu” pecador fora morto mediante a identificação com o Salvador crucificado e que lhe fora concedida vida nova mediante a comunhão com o Salvador vivo.

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19-20).

A ressurreição de Cristo é muito mais que um mero evento histórico. A ressurreição é a prova de que Cristo vive para elevar aqueles que n’Ele creem, de um estado de morte espiritual para uma vida espiritual.

“Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6).

O poder de Cristo que nos ressuscita da morte espiritual, nos dá a esperança da vida eterna. É uma força sobrenatural que nos capacita a viver abundantemente em Cristo cada dia. Este poder aumenta cada vez, à medida que conhecemos a Cristo profundamente. À medida que temos mais intimidade com Ele, ficamos cada vez mais conformado a uma vida de santidade.

“Para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte” (Fl 3.10).

A Bíblia não promete que os crentes serão poupados da morte física. O que a Bíblia promete é a nossa vitória sobre a morte.

“O último inimigo a ser destruído é a morte. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Co 15.26, 55-57).

A ressurreição de Cristo é a garantia da vitória sobre a morte. Cristo foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, para nunca mais morrer, e todos os salvos seguirão o Seu exemplo.

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1ª Co 15.20).

Como ressuscitou e está vivo, ele pode absolver a todos os que, verdadeiramente arrependidos, creem e o recebem como Senhor e Salvador de suas vidas (Jo 1.11 e 12; Ap 3.20).

III.   SUBSTITUIÇÃO

Um dos pontos mais importantes da doutrina da Salvação é a substituição. Pelo simples motivo Deus condenou o pecado com a morte (Rm 6.23). Em Ez 18:4 Deus usou o seu servo e decretou “A alma que pecar morrera” E foi confirmada Ez 18:20, dizendo que cada um seria responsável pelo seu próprio pecado. Caso não fosse aceito Cristo como nosso substituto todos estaríamos mortos. Mas através de Cristo podemos estar vivos (Ef 2.1).

Satanás foi taxativo quando disse para Eva Gn 3.4 “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis” Eva pensava em um tipo de morte, Satanás falava de outro, ou seja entendia o que Deus havia determinado. Muitas pessoas estão vivendo vegetalmente. Estando o homem no pecado ele não poderia livrar-se do castigo por isso foi necessário a substituição.

1.      O Homem Como Réu.
Quando Deus reuniu as partes Satanás, Adão, Eva, e a Serpente foi determinado para cada um uma sentença Gn 3.11-16. Para o homem Deus determinou o trabalho etc. Gn 3:17-18. Não precisava mais Deus falar que Adão estava morto pois já era uma evidencia objetiva tinha pecado estava morto Gn 2.17. Preste atenção essa ordem foi dada antes da criação da mulher. Provavelmente foi Adão quem contou para Eva.

É importante relembrar novamente as causas do pecado pois sem este ponto de partida seria impossível compreender o porquê da substituição. Com o pecado o homem estava literalmente arrasado, é como o sub título “O Homem Como Réu” no tribunal falam os advogados, os promotores, as testemunhas o juiz, de uma só pessoa o réu, mesmo todos falando dele mesmo assim ele continua calado.

2.      O Deus da condenação.
Sendo Deus justo Is 45.21. Deus determinou uma ordem “Não comeras” se o homem comeu Deus sendo justo tinha que julgar o erro do homem. Foi julgado considerado culpado veio a punição (Rm 2.6-8). Naquele momento o homem estava prestando contas a Deus pelo seu erro (Tg 1.15). O Senhor Deus não poderia naquele momento tomar outra iniciativa (Is 59.2).

Deus tomava uma posição de justiça, quem condena o homem não é Deus mas os nossos pecados, pecado quer dizer transgressão. A palavra de Deus está a disposição de todos para examinar, obedecer, ter como regra de fé, mas a humanidade não Deus ouvido, e tudo isso está diante de Deus, quando comparecerem perante o Senhor será essa iniquidade quem vai condenar o homem ímpio.

3.      O Deus da Salvação.
Deus é justo e justificador, por causa disso Ele providenciou a Salvação para o homem Gn 3.15. Naquela época seria impossível entender. Deus deu dois parâmetros para essa palavra “feriras o calcanhar” 1) coletivo a raça humana esmagaria o Diabo. 2) No singular o nascimento de Jesus (1º Jo 3.8). Deus lançou o homem fora do Jardim Gn 3.23. Mas a promessa de restabelecer ao homem foi dado para Abraão (Gn 12.1-2).

Deus é um ser inigualável, no mesmo momento que Ele estava condenado, o próprio Deus arruma uma atenuante para o homem sair da enrascada que ele havia entrado, isso chama-se graça de Deus (Tt 2.11). O apóstolo aos Romanos 5.15 diz que pelo pecado morreram muitos mas por Jesus a graça abundou.

Movido pela perfeição do Seu santo amor, Deus enviou Seu Filho Jesus para substitui-se por nós, pecadores. Jesus nos leva agora a nos voltarmos aos acontecimentos realizados na Cruz e para as consequências que ela alcançou em nosso favor.

O pecado colocou o homem num dilema horrível. Sendo incapaz de viver uma vida perfeita, seu pecado o condena à morte; contudo há uma solução para esta situação crítica: a substituição vicária de Cristo em seu lugar, que satisfaz a penalidade da lei mediante Sua morte, a qual cumpriu a existência divina da retidão humana através da sua vida de obediência.

O resultado da substituição que Cristo, em obediência e amor, realizou por nós, é o seguinte: Se um carregou a maldição por todos, satisfazendo assim a justiça e a santidade de Deus, então os outros foram libertos da maldição por meio d’Ele, legalmente resgatados por meio do preciosos sangue de Cristo, reconciliados através da morte do Filho de Deus. Tão perfeito quanto foi a intervenção de Jesus em favor dos homens, tão suficiente e completa, válida para todos os tempos e para todos os homens foi também a expiação. No Gólgota toda a dívida da humanidade foi paga, e a manhã do primeiro dia da semana deu testemunho de que “o escrito de dívida, que era contra nós” fora cancelado (Cl 2.14; cf. Rm 4.25).

O que Deus fez em Cristo por meio da cruz é salvar-nos, revelar-se a si mesmo e vencer o mal. Quem recebeu a reconciliação por meio de Cristo tem a certeza que está reconciliado e justificado através de seu sangue, não precisa temer nenhum juízo condenatório (Rm 5.5ss; 8.1). “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34).

4.      A penalidade pela culpa do homem.

O homem não somente está excluído do céu por causa do seu pecado, mas além disto, está sentenciado à morte (Ez 18.4). Deus não pode mentir, Ele proferiu esta sentença, portanto, terá que julgá-lo.

Deus sendo santo não poderia contemplar o pecado na vida do homem. Mesmo o homem estando separado de Seu Criador pelo pecado, Ele O amava e queria que todos os homens tivessem uma oportunidade de salvação. Por isso Ele enviou Seu Filho Unigênito, que morreria vicariamente no lugar de todos os homens, promovendo assim, a salvação para todos aqueles que escolhessem aceitar pela fé esta obra redentora. Na cruz do Calvário Jesus Cristo apagou os nossos delitos e pagou nossa dívida. Nenhum favor da graça divina poderia ter lugar até que a dívida de toda a transgressão do pecado fosse paga totalmente.

A Bíblia diz que: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21). Não quero dizer que Cristo tornou-se pecador, mas, sim explicar que Ele tomou sobre si a plena responsabilidade pelos nossos pecados.


5.        A insuficiência do homem para salvar-se.
A morte vicária de Cristo satisfez as exigências da lei quanto a morte pelo pecado. Há porém, uma segunda exigência que precisa ser cumprida para levar o homem ao céu. A obediência perfeita a Santa Palavra de Deus (Rm 10.5; Gl 3.12).

Jesus pagou nossa dívida com Sua morte na cruz do Gólgota, e com Sua morte Ele abriu o Caminho para o céu. Agora todos são chamados para entrar por este caminho (Mt 11.28). Esse Caminho é Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Ele é o novo Caminho: “Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.20).

IV.   REDENÇÃO

Redenção do verbo “Redimir” quer dizer “comprar de volta”. Há três palavras gregas que são traduzidas por redenção. A primeira é “agorazo”, que significa comprar no mercado de escravo. Esta palavra é sempre usada para destacar o preço pago pela nossa salvação (Ap 5.9). A segunda palavra “exagorazo”, é semelhante, mas acrescenta a ideia de retirar a pessoa do mercado de escravo após a transação. Esta palavra é usada para destacar a libertação do crente das reivindicações jurídicas que a lei tem contra ele (Gl 3.13; 4.5). A terceira palavra é “lutroo”, que significa comprar o escravo e dar-lhe plena liberdade. Esta palavra é usada para descrever a redenção como a liberdade da escravidão ao pecado (Tt 2.14; 1ª Pe 1.18). Entretanto, criado com tanto carinho, o homem continuou sendo alvo do amor divino. Condenado à morte e ao inferno, o homem não possuía meios de salvar-se, embora Deus quisesse a sua salvação (Rm 6.23; Sl 49.7,8). Assim Jesus veio ao mundo enviado pelo Pai a fim de ser o nosso Redentor (Lc 19.10; Mc 10.45).

Ao desobedecer a Deus, o homem entrou num processo de flagelação e debilidade. Por sua própria força era impossível erguer a cabeça e recuperar-se. Humanamente não havia alternativa: o homem está debaixo da maldição do pecado (Gl 3.10-13; Rm 7.10). O homem escravizou-se ao pecado (Is 52.3; Rm 6.20; 7.14-15). Algo teria de vir da parte de quem retém todo o poder – O Deus misericordioso.

Toda a humanidade se encontra “vendida à escravidão do pecado” (Rm 7.14), e precisa de um redentor que possa resgatá-la. O preço elevado de tal redenção é a morte. Foi por isso que para nos resgatar, Jesus morreu em nosso lugar. A quem é devido o preço da redenção? Evidentemente não é Satanás. Ele simplesmente escraviza aqueles que escolhem uma vida de pecado. O preço do resgate é devido à santidade de Deus; e foi Deus, não Satanás quem aceitou o “pagamento” mediante o vicário sacrifício de Cristo. O resultado disso a derrota eterna de Satanás.

A redenção significa um grande negócio efetuado pelo Filho de Deus. Significa que temos sido transferidos de propriedade. Antes pertencíamos ao pecado e a Satanás, agora pertencemos a Deus. O preço pago foi o sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

Entregando-se à crucificação (Jo 10.17,18), Jesus submeteu-se a maldição da cruz (Gl 3.13), sofreu o vexame (Hb 12.2) e as dores que o pecador merece (Is 53.4) suportando a separação do Pai (Mt 27.46) que deveríamos curtir eternamente. Assim, o Senhor Jesus tomou o nosso lugar, sendo castigado em substituição a nós, pagando, desta forma, o nosso resgate, redimindo-nos da culpa e da condenação (1ªPe 2.22-24).

Jesus se declarou Redentor da humanidade quando disse que Sua missão era a de “... dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Fomos comprados com Seu sangue:

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas de sua graça” (Ef 1.7). Pelo precioso sangue de Jesus somos resgatados, tirados duma condenação, livres para uma vida abundante e cheia de benção.

Na carta do apóstolo Pedro ele fala do preço da nossa redenção. “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados... mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1ª Pe 1.18-19). Só um ser imaculado (sem mancha) poderia redimir (resgatar) outro indivíduo pecador. Por morrer a mais desprezível morte segundo a lei judaica (Dt 21.22-23), morte de cruz. Cristo pode redimir todo o ser humano, até o mais pecaminoso que vier a crer n’Ele.

A redenção sempre envolve a libertação de algum tipo de escravidão. A primeira escravidão que subjuga o homem pecaminoso é a escravidão do poder da culpa. O cristão deve regozijar-se no fato de que Deus não somente livrou-o da penalidade do seu crime, mas também pagou o preço da sua penalidade. Visto que foi pago preço dos seus pecados, o crente não precisa sentir culpado, nem condenar-se.

Eterna redenção pelo sangue: “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9.12-14).

Isto é semelhante ao propósito da substituição e da reconciliação. Cada aspecto, no entanto, dá uma perspectiva diferente da morte de Cristo. A substituição vê o sacrifício do ponto de vista da lei, a reconciliação o vê do ponto de vista de Deus, e a redenção vê a cruz do ponto de vista do homem que agora está livre da lei e da culpa pessoal (Gl 3.13).

Sem o poder redentor da morte de Cristo não haveria esperança alguma para a humanidade; estaríamos totalmente escravizados pelo poder das trevas. Porém, mediante a provisão de Cristo, todo o homem pode ser libertado do poder das trevas.

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).

Em Cristo já não estamos escravizados ao poder de Satanás. Este fato, porém não anula a necessidade de constante cautela e perseverança para resistir aos ataques do maligno. A melhor defesa contra Satanás é o uso constante das armaduras espirituais descrita em Efésios 6.11-17.

A redenção operada por Cristo não somente nos redime da culpa do pecado, como também do poder do pecado.

“O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2:14).

A morte de Cristo dotou o homem do poder de servir a Deus fielmente. É possível haver crentes fracos, mas é impossível haver crentes sem poder quando se habilitam a usar o poder do céu que está a sua disposição na luta contra o pecado.

A redenção se completará quando, na volta do Senhor, os que estiverem vivos forem transformados, e os mortos em Cristo ressuscitarem (1ª Co 15; 1ª Ts 4.13-18).

V.      EXPIAÇÃO

A palavra “expiação” vem do termo hebraico cofer. Trata-se de um substantivo do verbo caufar, cobrir. O cofer ou a cobertura era o nome da tampa ou cobertura da arca da aliança e constituía o que era chamado propiciatório. A palavra grega traduzida por expiação é katallage. Isso significa reconciliação com o favor ou, mais estritamente, os meios ou condições para que haja reconciliação com o favor; de katallasso, “mudar ou trocar”. O significado estrito do termo é substituição. Um exame dessas palavras originais, no contexto em que se apresentam, mostrará que a expiação é a substituição governamental da punição dos pecadores pelos sofrimentos de Cristo. São os sofrimentos de Cristo cobrindo os pecados dos homens.

A palavra é empregada 77 vezes no Antigo Testamento, sendo usada pela primeira vez em Êxodo 29.33 por Moisés. A palavra propiciação é o sinônimo de expiação que no hebraico tem o mesmo significado. Expiação implica cobrir as culpas, mediante um sacrifício exigido, cobrir, purificar, fazer expiação, fazer reconciliação. No verbo (Piel) encobrir, pacificar, propiciar, expiar pelo pecado e por pessoas através de ritos legais.

No Novo Testamento a palavra expiação do grego “hilasterion”, embora tenha o mesmo significado com o sacrifício do Antigo Testamento, porém no N.T., trata-se do sacrifício vicário de Cristo em expiação pelos nossos pecados.

Hilasterion” é aquilo que se relaciona com uma conciliação ou expiação, obter aplacamento ou poder expiador, expiatório; forma de conciliação ou expiação, propiciação, aspergida com o sangue da vítima expiatória no dia anual de expiação (este rito significava que a vida do povo, a perda merecida por causa de seus pecados, era oferecida a Deus através do sangue da vítima (sangue simbolizava vida), e que Deus por esta cerimônia estava apaziguado e os pecados do povo expiados; um sacrifício expiatório; uma vítima expiatória. Por isso o escritor aos Hebreus explica dizendo que: “Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificaram com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9.22).

VI.   PROPRIAÇÃO

A palavra grega (hilasmos) traduzida “propiciação” significa a remoção da ira mediante a oferta de algum presente. Era um ato presente na política internacional no Oriente antigo, quando um rei de alguma nação, para se manter seguro, enviava presente a outro rei, de uma nação mais forte. Era um gesto destinado a cultivar boas relações. O verbo hebraico que traz a ideia de propiciação é kipper, com a ideia de fazer amizade, de juntar partes opostas e até mesmo em conflito. No Novo Testamento, a ideia mais próxima é “reconciliação”. A ideia do Novo Testamento se entende bem em 2ª Coríntios 5.21. O sentido do texto é que Deus ofereceu Cristo como presente ao mundo para fazer as pazes com o mundo. É um conceito que nos parece estranho, mas mostra que, no Novo Testamento, Deus toma a iniciativa, em Jesus, de propor as pazes ao homem.

Propiciação é alguma coisa que leva alguém a perdoar uma ofensa recebida, ou a proceder misericordiosamente para com o ofensor. Duas vezes é Jesus chamado por João (1ª Jo 2.2 e 4.10) ‘a propiciação pelos nossos pecados’ – e Paulo fala da ‘redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs,... como propiciação’ (Rm 3.24-25). Deste modo, a propiciação requerida pela justiça de Deus é manifestada em Cristo Jesus pela misericórdia de Deus. A palavra usada em Rm 3.25 significa ‘lugar ou instrumento de propiciação’, e em Hb 9.5 é traduzida por ‘propiciatório’. Na versão Septuaginta geralmente se usa esse termo a respeito da cobertura de ouro por cima da arca.

“Propiciar” alguém significa apaziguar ou pacificar a sua ira. Devemos realmente crer que Jesus, mediante Sua morte, propiciou a ira do Pai, induzindo-o a abrir mão dela, e olhar para nós com favor em vez ira.

Já o profeta Isaías vaticina que toda a iniquidade cairia sobre Jesus; “...mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, Ele não abriu a sua boca” (Isaías 53.6). E no vv. 10 deste mesmo capítulo o Senhor diz: “Quando der Ele a Sua alma como oferta pelo pecado”. Por isso o percussor João Batista O chama: “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21). Isto nos diz que Cristo, o perfeito Filho de Deus, que nunca cometeu pecado, de acordo com a vontade do Pai, tomou sobre si toda a nossa culpa para que nós pudéssemos receber por intermédio d’Ele a justiça de Deus, como se essa fosse a nossa própria justiça. Este ato de reconciliação agradou em tudo o Pai.

Cristo tornou-se sacrifício numa só pessoa. Ele se deu a si próprio como sacrifício, em plena obediência à vontade do Pai (Hb 7.27; 9.28; 10.7), e isso não ao pelo fato de toda sua vida ter sido um sacrifício de amor pelos homens (Mt 8.17; 17.17; 20.28). Na verdade Jesus veio e viveu para morrer por ele. Desde seu aparecimento em público, encontramos em Jesus não somente uma clara consciência da necessidade de seu sofrimento e morte, mas também um claro testemunho do valor salvício de sua futura morte (Jo 3.14; 6.51; 10.12, 17; Mt 16.21; 17.12; 20.18, 28; Lc 24.46). Sua morte não casualidade, triste destino, morte de mártir, mas sim, morte expiatória. Mártires podem morrer em alegre fé, Cristo morreu sob severas tentações e sofrimentos íntimos (Lc 22.44; Mt 27.46). Deus teve que levar a sério a condenação do pecado e Jesus levou a sério a obediência. Deus teve que suportar o pecado dos homens por milhares de anos, agora o tempo havia se cumprido, o Mediador aparecera, e o ajuste de contas com o pecado da humanidade deveria, finalmente acontecer, na própria pessoa desse mediador. Esse era o santo plano do Pai, e essa era a livre e espontânea vontade do Filho. Ao identificar-se, em obediência e amor, com a humanidade culpada, Jesus passou a ser, ao mesmo tempo, objeto tanto do agrado quanto do castigo de Deus. Objeto do agrado divino por causa de sua obediência, pois “...se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave” (Ef 5.2). Objeto do castigo divino por causa de seu papel como substituto da humanidade; pois o juízo caía agora, não sobre os milhões de pecadores, mas sobre aquele que se colocava no lugar deles.

Jesus como nossa “propiciação” significa que Ele tomou sobre si o castigo dos nossos pecados e satisfez o justo juízo de Deus contra o pecado. O perdão agora é oferecido a todos, no mundo inteiro, e é recebido pelos que voem a Cristo, com arrependimento e fé (4.9, 14; Jo 1.29; 3.16; 5.24).

VII. RECONCILIAÇÃO

Reconciliação do latim reconciliatio, significa reatamento de relações entre partes litigantes. O Senhor Jesus com a sua morte vicária, reconciliou-nos com Deus de maneira definitiva, clara e eficiente: “E reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade” (Ef 2.16). “E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1.20).

No grego “reconciliasse” do verbo aoristo apokatallasso, tem o significado de: reconciliar completamente, reconciliar outra vez, trazer de volta um estado de harmonia anterior.

Reconciliação no gr. “hilascomai” significa propiciação. Esta Palavra significa: reconciliar, aplacar, meios de tranquilizar propiciar, conciliação.

A palavra expiação no Velho Testamento está ligada ao cobrir dos pecados. Propiciação é uma palavra do Novo Testamento referente a obra de Cristo.

A. Propiciação no hebraico kaphar, significa: cobrir, expiar pelo pecado; purificar, fazer expiação, fazer reconciliação, apaziguar ou pacificar a sua ira. No grego hilaskomai, significa: entregar-se, sujeitar-se, conciliar consigo mesmo; ser propício, ser gracioso, ser misericordioso; tornar-se propício, ser apaziguado ou tranquilizado.

No Antigo Testamento, Deus “cobriu” os pecados dos crentes, até o tempo em que a morte de Cristo os cancelasse. “A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.25).

Ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça, tendo como resultado o perdão do pecado e a restauração do pecador à comunhão com Deus.
No Antigo testamento, a propiciação era realizada por meio dos SACRIFÍCIOS, os quais se tornaram desnecessários com a vinda de Cristo, que se ofereceu como sacrifício em lugar dos pecadores (Êx 32.30; Rm 3.25; 1ª Jo 2.2).

Propiciar é aquele que oferece sacrifício em nosso favor. Cristo foi dado pelo Pai como propiciação pelos pecados daqueles que tivessem fé no seu sangue derramado. “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixando impune os pecados anteriormente cometidos, tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para Ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.24-26).

A propiciação relembra a morte de Cristo solucionando o problema do pecado (Rm 3.23; 1ª Jo 2.2). A morte de Cristo providenciou a reconciliação entre o homem e Deus. Na Cruz Cristo carregou a responsabilidade pelos pecados da humanidade. No momento da Sua morte, Cristo exclamou triunfante: “Está consumado”. No grego Tetelestai (João 19.30). Foi uma das últimas palavra falada por Jesus antes da sua morte (Lc 23.46).

Tetelestai é uma exclamação de que a obra de reconciliação entre Deus e o homem estava completa. Cristo tinha realizado a provisão da salvação, e assim destruiria para sempre a separação entre Deus e o homem (Is 59.2).

A reconciliação fala da comunhão restaurada com Deus, para o pecador que d’Ele se aproxima através do sacrifício reconciliador de Seu Filho. Isto também não significa que todos os homens estejam bem com Deus. Este processo de reconciliação não depende exclusivamente da obra do Mediador, mas depende da disposição da parte alienada de se reconciliar com o outro. Portanto depende do homem aceitar e crer no sacrifício de Jesus.

“Tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava com Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra de reconciliação. De sorte que somos embaixadores de Cristo, como se Deus exportasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que nos reconcilieis com Deus” (2ª Co 5.18-21).

Cristo não constrangeu o Pai a nos amar mais: pelo contrário, Ele promoveu o meio pelo qual o obstáculo entre Deus e o homem (o pecado), fosse removido.

Pelo pecado o homem estava desligado do Seu Criador, mas Cristo veio com este objetivo de reconciliar, ou seja, harmonizar as relações interrompidas entre duas pessoas, promovendo o mútuo entendimento e restaurando a comunicação entre ambos. “E pela cruz reconciliou ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 2.16). Na cruz do Calvário Jesus reconciliou o homem com Deus, restabeleceu a amizade que outrora fora perdida; é por isso que em João 15.15, Jesus nos chama de amigos. Jesus veio reconciliar com Deus não os justos, mas os pecadores e necessitados.

 “Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira. Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados seremos salvos pela Sua vida; e não isto apenas, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem acabamos agora de receber a reconciliação!” (Rm 5.8-11).

Antes de aceitarmos a Cristo como nosso Redentor, éramos chamados inimigos de Deus, mas ao aceitamos a Cristo como nosso Salvador somos reconciliados o Pai celeste, e tornamos filhos de Deus por adoção, (conforme Jo 1.12).

A expiação através da morte de Cristo, e a reconciliação como seu fruto e consequência, são colocados de forma especial clara nas passagens de Hebreus 9.11ss e 13.11ss, através da comparação com o sacrifício pelo pecado no grande dia da expiação (Lv 16). “A partir das prefigurações que encontramos na lei, podemos conhecer da melhor maneira o poder e a eficácia da morte de Cristo” (Calvino).

No Antigo Testamento tudo era incompleto, devendo, por isso, ser repetido os sacrifícios de novo (Hb 9.25). O que Cristo fez, no entanto, vale de uma vez por todas. Na expiação por ele realizada nada há de defeituosos, nada de incompleto; não resta nenhuma lacuna a ser preenchida por nós, nenhum resto de pecado a expiar. Pelo contrário, pela morte de Cristo não só é anulada a morte como consequência da queda, como também se manifesta ainda da parte de Cristo uma grande sombra de vida (cf. As três vezes repetido “muito mais” no trecho de Romanos 5.15-21, onde Paulo compara a significância de Cristo à de Adão).

VIII.      PURIFICAÇÃO

A palavra purificação no grego é katharizo, e significa: tornar limpo, remover pela limpeza, limpar, livrar da contaminação do pecado e das culpas, num sentido moral, consagrar pela limpeza ou purificação.

“Mas se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus purifica de todo o pecado” (1ª Jo 1.7).

O pecado é uma transgressão ao nosso Deus, que torna impura a nossa alma ao praticá-lo. O único meio de purificação é o sangue de Jesus mediante nossa confissão de fé. O sangue de Jesus vertido na Cruz, purifica a nossa alma manchada pelo pecado. Por isso João diz: “E da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5).


O homem ao pecar ficou contaminado pelo pecado. O único meio de purificação exigido pelo Pai, seria o sangue de Seu Filho Jesus derramado na cruz em favor da humanidade. Este sangue precioso purifica e liberta o homem da culpa do pecado. Assim o homem que aceita esta oferta expiatória é declarado limpo perante Deus.

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A PROVISÃO DE CRISTO

Pois agora já sabemos que a fonte da nossa salvação é a graça de Deus. Entretanto, não se deve confundir graça com tolerância. Apesar de Deus nos amar e querer a nos salvar, Ele não pode simplesmente nos declarar inocente. Pois Ele é não somente um Deus de Amor, mas é também de justiça e santidade. Ele não pode nos declarar-nos inocente sem nossa conversão, seria uma ofensa à Sua justiça. Seria um conflito com Sua santidade e uma contradição ante a Sua declaração que diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Jr 18.4).

Então como poderia Deus ser perfeitamente justo e ainda salvar pecadores não arrependidos? A resposta está no fato de que Deus não desculpou o pecado, antes Ele o removeu. Para ajudar o homem compreender o assombroso alcance do Seu repúdio ao pecado, Deus nos deu a ilustração de um cordeiro expiatório. Esse cordeiro simboliza o verdadeiro cordeiro de Deus, o único que pode remover o pecado.

“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

I.         UM CORDEIRO IMACULADO


“Foi levado como ovelha ao matadouro; e como um cordeiro, mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abre a sua boca” (Atos 8.2).

Jesus é chamado Cordeiro a fim de revelar Sua natureza ao mundo. Um cordeiro representa inocência e pureza. Jesus é verdadeiro homem em todas as coisas: “...antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado”. Que de fato Ele se tornou um homem de carne e sangue como todos os outros, isso reconhecemos na revelação da Sua profunda humanidade: derramou lágrimas, teve fome, teve sede, se sentiu cansado, foi tentado por Satanás - mas não pecou! Por isso Ele é chamado Cordeiro de Deus. Porque Jesus era puro, Seu sangue - única e exclusivamente Seu sangue purifica de todo pecado.

Ele é chamado Cordeiro de Deus a fim de nos mostrar o Seu caminho. Ele veio a esta terra com a clara finalidade dada por Deus de morrer pelos nossos pecados: “Digno é o Cordeiro, que foi morto”. Ele não foi surpreendido pela Sua execução, mas disse com santa firmeza: “...precisamente com este propósito vim para esta hora”. Ele entregou Sua vida voluntariamente, e com isso, revelou Sua índole como cordeiro, que pressente e sabe quando será morto.

A ilustração do sacrifício no Antigo Testamento começa com a escolha de um cordeiro. Tinha que ser um cordeiro sem mancha. Somente um cordeiro perfeito poderia ser apresentado como sacrifício a Deus.

Do mesmo modo, o perfeito sacrifício pelo pecado, poderia ser feito somente por um homem que fosse perfeito. Um pecador não poderia morrer por outro pecador. O resultado disso seria martírio, não redenção. Somente Cristo satisfez os requisitos dum Cordeiro perfeito para suficientemente realizar um sacrifício perfeito pelo pecado.

“Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9.14).

II.      A IMPOSIÇÃO DE MÃOS

O crente do Antigo Testamento ao oferecer um sacrifício pelo seu pecado, colocava suas mãos na cabeça da vítima, transferindo simbolicamente assim seus próprios pecados para o animal substituto. Semelhantemente, Cristo carregou o fardo do pecado de todos aqueles chegam a Ele para remoção dos seus pecados.

“Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.10-11).

Esse antigo ritual do sacrifício tinha que ser repetido continuamente, à medida que o povo pecava. Mas o sacrifício único de Cristo foi suficiente, não somente por todos os pecados do passado mas também para qualquer pecado futuro que possa atingir a vida do crente.

“Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (Hb 10.18).

“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro (1ª Jo 2.1-2).

III.  A MORTE

O terceiro passo dado nos antigos sacrifícios era a imolação do cordeiro, que representava a substituição da sua vida pela vida do ofensor. Do mesmo modo, Cristo tornou-se o sacrifício expiatório pelo mundo: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18).

A morte de Cristo não somente envolveu a separação temporária entre Seu corpo e a sua alma. Cristo entregou Sua vida por nós, suportando a morte, a morte de cruz, mas ressuscitou ao terceiro dia para trazer vida para aqueles que nele creem.

IV.  COMENDO O SACRIFÍCIO

Na oferta dos sacrifícios do Antigo Testamento, o passo final era cozinhar parte da sua carne, que então era comida pelo ofensor. A participação no sacrifício indicava que o ofensor tinha restabelecido a sua comunhão com Deus.

Cristo falou disto várias vezes. A multidão que o ouvia à margem do mar da Galileia Ele desafiou: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.54). Para Seus discípulos na última ceia Ele disse: “tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (1ª Co 11.24).

Referindo-se a parte simbólica do sacrifício do Antigo Testamento, Cristo enfatiza a importante verdade que tão logo o pecador ou o ofensor se identifica com o sacrifício pelos seus pecados (que é Cristo) ele passa a ter comunhão com o Pai.


“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19-20).

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A PESSOA DE JESUS CRISTO


Toda a Escritura aponta para a pessoa de Jesus Cristo, Ele é a semente da mulher do qual o Criador se referiu, logo após a queda do homem como já estudada, ou seja, essa será a provisão criada por Eloim para a salvação do homem.

1.      A semente da mulher.
“E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).

A declaração do Éden nos deixa uma certeza, o Criador disse que ele é a semente da mulher, mas o que seria a palavra semente aos olhos do Deus Vivo? Jesus mesmo responde, veja:

“Este é o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus” (Lc 8.11). Portanto quem é Jesus? Acho que ficou claro demais, JESUS é mais do que tudo que possamos falar dele, embora muitos digam, que Ele é o filho do carpinteiro, o profeta, ou o filho de Maria e José, nada disso descreve com exatidão a pessoa de Jesus, pois tudo isso seria apenas suas múltiplas características, suas facetas, pois na verdade Ele é o que João falou em sua epístola:

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida (pois a vida foi manifestada, e nós a temos visto, e dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a nós foi manifestada)” (1ª Jo 1.1-2).

O próprio mestre tentou nos dizer quem era, Jo 5.39, todavia, Ele no Velho Testamento se apresentou como apenas palavra (escrita), ou através de múltiplas sombras ou seja tipologias, Hb 1.1-3, mas Ele nasceu de mulher, Ele é a semente, e a semente é a palavra (escrita, vontade revelada) e foi essa semente que fecundou o óvulo de Maria, vejamos ainda outra narrativa.

2.      Jesus é a Palavra de Deus.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.1,2,14).

Podemos entender por esta passagem que Jesus é Deus, pois Jesus é a expressão do Pai, é a palavra que emana da boca do Pai. Podemos confirmar isto por textos no Velho Testamento, como em Gênesis, onde no ato da Criação toda palavra que Deus dizia era o próprio Jesus que é o Verbo, “Disse Deus” Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26,29, e isto é confirmado pelo apóstolo Paulo em Colossenses:

3.      Jesus é a imagem do Deus invisível.
“Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.15-16).

É também a palavra que vinha aos profetas: “Veio a mim a palavra do Senhor”, esta palavra que vinha aos profetas era o próprio Jesus pré-encarnado, anunciado por ministério de anjos, Atos 7.53, antes de se fazer homem e habitar entre nós.

Por isso podemos afirmar que Deus na pessoa de Jesus se fez homem, para redimir o mundo de seus pecados. Jesus se tornou verdadeiro homem, para que pudesse ser substituto do homem diante de Deus e assim pudesse morrer tirando os pecados da humanidade. Em outras palavras, Ele fez tudo, nos demonstrou como devíamos andar (Ele a lei escrita, revelada), vendo que não conseguíamos cumprir sua justiça divina, se fez como um de nós (a graça a lei viva real) e cumpriu toda a sua própria exigência nos justificando e como ainda fosse muito pouco morreu pelos nossos pecados, pois eram os tais que nos separavam Dele mesmo, tremendo e espantoso.


Todos os profetas do Antigo Testamento profetizaram sobre a vinda do Messias (O enviado, salvador), dando alguns detalhes da sua vida e do seu ministério. Hb 1.1 7 Deus na pessoa de Jesus Cristo cumpriu as promessas feitas, inclusive a de Gn 3.15, aí estava a semente da mulher, o descendente de Abraão (Gl 3.15,16) e o herdeiro do trono de Davi como falamos anteriormente (Mt 1.1) Jesus Cristo nasceu numa cidade chamada Belém “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”(Mq 5.2) e foi concebido milagrosamente, pois sua mãe Maria, sem que antes tivesse coabitado achou-se grávida pelo Espírito Santo “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome EMANUEL”(Is 7.14); portanto Jesus nasceu sem herdar a natureza pecaminosa. Tudo isso para que se cumpri a Escritura que é Ele próprio. Isso tudo é a obra do Criador, 1º o plano escrito (legal) depois no 2º ato o plano executado (posicional). Começou o seu ministério com 30 anos, com o fim de novamente restabelecer a comunhão entre Deus e o homem que se perdeu no Éden. No começo do seu ministério escolheu para si doze discípulos que foram comissionados para iniciarem a pregação do evangelho, fato que ocorreu quando Jesus foi elevado ao céu, todavia a respeito dos doze apóstolos já se havia pré-anunciado através das sombras das doze tribos de Israel. Ele viveu uma vida pura e santa entre seu povo Israel. Mas esse seu povo o acusava e toda a hora o tentava matar “E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem” Mt 12.14, pois não concordavam com suas palavras, principalmente pelo fato d’Ele se dizer o filho de Deus. Jo 10.22-39 Esse povo o acusando falsamente, o entregou aos romanos, que dominavam o povo de Israel naquela época, e pediram sua morte na cruz. Só que mal sabiam eles que estavam fazendo a vontade do Criador, que sabia que a morte de seu filho naquela cruz e sua ressurreição representava a vitória sobre o pecado. Isaías 53 Por isso no próximo assunto estudaremos mais detalhadamente porque que Jesus teve que morrer na cruz e o que isto representa para nós hoje. PLANO CUMPRIDO NA CRUZ POR JESUS Como anteriormente foi dito, na cruz do Calvário se deu a grande vitória de Deus sobre o pecado e o diabo. Por isso que o apóstolo Paulo em sua epístola aos coríntios enfatiza a pregação com base na cruz de Cristo (1ª Co 1.18-25).

Pr. Elias Ribas 

domingo, 9 de outubro de 2016

A GRAÇA



A questão suprema é o que a Palavra de Deus ensina sobre este assunto. A validez de uma doutrina depende totalmente de que a Bíblia ensina. A nossa única regra de fé e prática são as Escrituras somente e sempre. Para determinar o que é a verdade, e o que não é a verdade, a opinião humana, nem a filosofia humana, nem a sabedoria humana pode entrar nos nossos pensamentos. A única fonte infalível que Deus nos deu para saber a verdade é a Sua Palavra. Então, vamos ver o que Deus diz na Sua Palavra sobre a graça de Deus na salvação.

I.       DEFINIÇÃO DO TERMO

A doutrina da graça é extremamente importante no que tange o tema da segurança do crente. Infelizmente, a palavra graça (charis) não é um termo concisamente definido nas escrituras, como gostaríamos que fosse. Por essa razão, alguns se equivocaram quanto ao seu significado.

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.

A graça hessed, no hebraico; “Charis no grego; gratia”, no latim, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.

Imerecido, porque, na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer mérito humano, mas unicamente, pela sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.

Graça é um favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte”.

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

O mais conhecido dos atributos de Deus e um dos mais amados da Igreja, porque não se trata do seu favor pessoal dispensado ao homem, é, sem dúvida a graça de Deus.

A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.
A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.    GRAÇA É ETERNA

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).

A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.

III.  A GRAÇA NAS DISPENSAÇÕES

Dispensação é o período de tempo, no qual Deus se revela de modo distinto e particular ao ser humano. As diversas dispensações devem ser vistas, pois, como os sucessivos esparzimentos da luz da graça que o Senhor vem derramamento sobre a raça humana. A graça sempre esteve presente em todas as etapas de nossa história. Se Adão foi salvo na dispensação da consciência, o foi pela graça. Se Moisés e Arão foram salvos na dispensação da Lei, o foram de igual modo pela graça de Deus. Sem a graça, ninguém haveria de ser salvo. As dispensações, por conseguinte, têm de ser vistas como etapas da revelação de Deus, e não como modos distintos do homem se salvar. Pois, só há um caminho de nos salvarmos: aceitar integralmente a graça que nos oferece o Senhor. Em todas as dispensações, a graça sempre foi abundantemente dispensada. [As sete dispensações. Delavcir Batos].

IV.  A EXTENSÃO DA GRAÇA

A Graça de Deus não tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto ela envolve todo o mundo, é suficiente para predispor toda a humanidade a tornar-se merecedora da Redenção Divina, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23.) E, ainda, porque ele é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1ª Pd 5.10, ele “...quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1ª Tm 2.4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer foi que “...a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11).


V.    A GRAÇA COMUM OU UNIVERSAL

Deus não é apenas o Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça Comum, ou Universal, ele é também, o Sustentador de todas as coisas, incluindo a existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque n’Ele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (At 17.28). Sem a Graça comum, ou Universal, que é um favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida sobre a terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens, crentes, incrédulos, ou ímpios. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando afirmou: “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45). Assim quer o homem saiba disto, ou não; quer reconheça, ou não a misericórdia de Deus; quer seja grato, ou não, na verdade a sua vida está nas mãos de Deus e é sustentado pela sua Graça. É ele, Deus, que controla o dia e a noite, que administra as estações do ano, que mantém a regularidade dos movimentos de rotação e translação da terra, que mantém o equilíbrio da cadeia alimentícia, que regula o sistema de defesa do corpo humano, entre tanto outros benefícios concedidos pela sua Graça Comum, ou Universal. Por isto, nós que conhecemos a Palavra de Deus, dizemos que: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” 
(Lm 3.22).


VI.  A GRAÇA ESPECIAL

Ao contrário da Graça Comum que é extensiva e alcança, automaticamente, todos os homens, embora suficiente e esteja à disposição de todos, sua concessão não é automática, ela depende da aceitação do homem. Esta Graça Especial representa a provisão de Deus para a salvação do homem. Esta provisão foi realizada através do Sacrifício Expiatório de Jesus, na Cruz do Calvário, de onde “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Esta Graça Especial, no que dependia de Deus, foi extensiva a todos os homens, conforme ensinou Paulo, dizendo que Deus “...quer que todos os homens se salvem...” (1ª Tm 2.4), porém, recebê-la, depende da aceitação do homem, conforme afirmou Jesus: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Assim, receber a salvação, pela fé, é uma decisão do homem, pois “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

“Em Isaías 55.1-3 lemos uma bela apresentação da graça: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi” (Is 55.1-3 - RA).

A expressão traduzida para “fiéis misericórdia” em português é, em hebraico, graça. Assim, a, a possibilidade de bebermos de graça das águas é decorrência da “graça prometida a Davi”.

Por meio desses versículos, podemos dizer que a graça é recebida gratuitamente, assim como a água que bebermos.

João testificou sobre o sangue e água não somente em seu evangelho como também em sua primeira epístola. No evangelho, ele apenas relatou o que viu, mas em sua carta, ele aplicou o fato. Ele da ênfase ao fato de que a água, o sangue e o Espírito são unânimes em testemunhar com respeito ao Filho de Deus. A redenção por meio do sangue e o infundir da vida eterna por meio da água são testificados, ratificados e aplicados a nós por meio do Espírito. Desse modo, é nos possível crer em Cristo e, assim recebermos a graça.

Em 1ª João 5.6-11, a palavra testemunho aparece várias vezes. O versículos 11 destaca: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho”.

No Filho de Deus está a vida eterna; quando O recebemos pela fé, recebemos a vida eterna e a graça, a qual é o cumprimento da aliança feita com Davi (Is 55.1) e é nos dada gratuitamente” (LAN, p.19-21).

VII.         AGRAÇA SALVADORA

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.

Porém a graça, nunca foi oferecida a todo mundo. A graça não é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.

Se atentarmos bem para o texto, poderemos ver que a primeira declaração é que somos salvos pela graça de Deus, e este dom não vem de nós. Isto coloca de imediato a verdade, que o ato de salvar a humanidade procede de Deus. A salvação, portanto é uma dádiva de Deus para o homem. Não podemos pagar por ela. Nunca merecemos a graça de Deus e não há nada que possamos fazer para retribuir o favor de Deus.

“É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

Ao ser paga a dívida, o ex-devedor afixava junto à sua porta o documento de quitação, uma espécie de recibo, onde estava descritas cada uma das dívidas. Esse ato tinha por objetivo mostrar para todos que a dívida havia sido resgatada totalmente. Paulo refere-se a esse costume ao falar da conta dos nossos delitos diante de Deus, a qual ninguém poderá pagar, e que nos condenava. Porém, Jesus quitou essa dívida na cruz, e agora quem vem a Ele aceitando-o.mo Salvador e Senhor de sua vida tem os pecados perdoados.

O Espírito Santo nos revela, por meio do apostolo São Pedro, uma característica peculiar de Deus, quando o chama de “Deus de toda a graça” (1ª Pe 5.10). Essa expressão significa a profundidade da graça divina. No dizer do autor do hino 205 da Harpa Cristã, é “mais alta nuvens celestes, mais funda que o profundo mar”. É somente esta “toda a graça” que é capaz de anular os tristes efeitos do pecado.

Qual o alvo da graça de Deus? Não podia ser outro, senão o de salvar o homem (Ef 2.8-9; Tt 2.11-13). Um homem sem Deus é considerado na Bíblia como morto. É isso que está escrito em Efésios 2.5 diz: “Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos”. Ora, um defunto nada pode fazer por si mesmo, nem para ressuscitar, nem para renascer fisicamente, nem ainda espiritualmente. É então aí que atua a graça. Tudo é realizado pela bondade de Deus para que o homem não tenha nenhum mérito nisso. Isso fica bem claro no texto de Efésios 2.8-9: ‘Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras (ação humana), para que ninguém se glorie.

VIII.      A GRAÇA É IMERECIDA

A graça de Deus não está associada aos nossos méritos, mas diametralmente oposto, conforme Paulo esclarece em Romanos 11.6: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.

Igualmente, a graça não depende da obediência da lei: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).

“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).

Pr. Elias Ribas

A CONTESTAÇÃO DA DOUTRINA DA GRAÇA



Havia duas correntes antibíblicas no período apostólico que procuravam contestar a doutrina da Graça: o legalismo e o antinomismo.

I.       LEGALISMO

Certamente os Judeus não entenderam o propósito de Deus ao dar a Lei, lá no Sinai. Nós sabemos que Deus nunca teve como objetivo salvar o homem através da Lei. Paulo entendeu isto quando afirmou:

“...porque, se dada fosse uma lei que, pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei...” (Gl 3.21-23).

Para Deus a Lei não era um fim, ma, apenas, um meio. Ela seria o instrumento de Deus para revelar Sua “Graça Salvadora”. Mas, os Judeus legalistas não entenderam a verdade de Deus e queriam alcançar a Salvação pelas obras da Lei. Paulo, porém, foi enfático quando afirmou que a Salvação não é pelas obras, mas pela Graça (Ef 2.8-9).

A lei opõe-se à graça, não no sentido da origem, porque ambas provêm de Deus, mas, sim, no sentido do efeito, das conseqüências produzidas: a lei faz abundar o pecado, enquanto que a graça liberta do pecado e o eliminará por completo quando da glorificação do homem. Por isso, quem quiser viver segundo a lei, ou seja, quem quiser construir uma vida sobre aparências exteriores, sobre adesão ou conformidade exterior a mandamentos e regras, fatalmente trará sobre si maldição e condenação, porque tão só angariará condenação e morte, mas, quem reconhecer seu imerecimento e clamar pela misericórdia divina, este, sim, será alcançado pela graça, que tem o poder de libertá-lo do pecado.

Dentro de um sistema legalista, as pessoas entendem que, ao cumprirem exteriormente o que mandam as regras, há plena satisfação dos requisitos necessários para a sua justificação, ou seja, crê-se que o homem é capaz de, por si só, alcançar merecimento para ser salvo. Entretanto, mostra-nos o apóstolo, esta atitude não leva a situação alguma a não ser a um aumento do pecado. De nada adianta cumprir exteriormente os preceitos da lei se, no interior, o homem continua a desobedecer a Deus e a se rebelar contra o Senhor. Aliás, a imagem do legalista foi-nos dada pelo Senhor Jesus que, ao se referir aos maiores legalistas do Seu tempo, os fariseus, disse que eles eram “sepulcros caiados”, que “…por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt.23.28b).

Obedecer a regulamentos, leis e tradições do cristianismo não é suficiente para sermos salvos. Mesmo que pudéssemos manter puros os nossos atos, estaríamos condenados, porque nosso coração e nossa mente são perversos e rebeldes. Como Paulo, não poderemos encontrar alívio na sinagoga ou na igreja se não procurarmos o próprio Senhor Jesus Cristo para obter a salvação que Ele nos concede gratuitamente. Quando realmente o buscamos, somos inundados de alívio e gratidão.

O sistema religioso judaico não foi capaz de justificar o homem perante Deus, é o que Paulo diz aos romanos: “Nenhuma carne será justificada diante de Deus pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

Paulo ensina que as obras da lei em si mesmas jamais puderam, nem podem, nem poderão justificar e salvar o homem. O homem tem sido sempre salvo pela graça de Deus, por meio da fé (Ef 2:8-9). Nunca houve, nem há, nem haverá outro modo de ser salvo. Este é um princípio fixo do qual Hebreus 11 testemunha repetidas vezes: “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb 10.4).

II.    ANTINOMISMO

O termo significa “contrário a lei”. Os antinomianos acreditavam que podiam viver no pecado e, ainda assim, estarem livres da condenação eterna (Rm 6.1-7; 3.7; 4.1-25). Paulo refuta esta distorção antinomiana da doutrina da graça, pondo em relevo uma verdade fundamental: o verdadeiro crente demonstra estar ‘em Cristo’ por estar morto para o pecado. Ele foi transportado da esfera do pecado para a esfera da vida — com Cristo (vv. 2-12). Uma vez que o crente genuíno separou-se definitivamente do pecado, não continuará a viver nele. Inversamente, quem vive no pecado não é crente genuíno (cf. 1ª Jo 3.4-10). Em todo este capítulo, Paulo enfatiza que não se pode ser servo do pecado e servo de Cristo a um só tempo (vv. 11-13, 16-18). Se um crente torna-se servo do pecado, o resultado será a condenação e a morte eternas.


Com a manifestação da graça de Deus, conseguimos nos libertar do pecado. O pecado dominava sobre o homem, mas Cristo veio e nos libertou do domínio do pecado. Quando cremos em Cristo, somos libertos do pecado, pois o pecado é, sobretudo, incredulidade (Jo 16.9), pois é a incredulidade que nos impede de chegar à Terra Prometida (Hb 3.19). Liberdade, porém, não se confunde com libertinagem e reside aqui um dos grandes erros patrocinados pelo inimigo de nossas almas e que levam o homem à escravidão do pecado, que é mantida quando se adota um comportamento como o “antinomismo”.

Pr. Elias Ribas