Pois agora já
sabemos que a fonte da nossa salvação é a graça de Deus. Entretanto, não se
deve confundir graça com tolerância. Apesar de Deus nos amar e querer a nos
salvar, Ele não pode simplesmente nos declarar inocente. Pois Ele é não somente
um Deus de Amor, mas é também de justiça e santidade. Ele não pode nos
declarar-nos inocente sem nossa conversão, seria uma ofensa à Sua justiça.
Seria um conflito com Sua santidade e uma contradição ante a Sua declaração que
diz: “A alma que pecar, essa morrerá” (Jr 18.4).
Então como
poderia Deus ser perfeitamente justo e ainda salvar pecadores não arrependidos?
A resposta está no fato de que Deus não desculpou o pecado, antes Ele o
removeu. Para ajudar o homem compreender o assombroso alcance do Seu repúdio ao
pecado, Deus nos deu a ilustração de um cordeiro expiatório. Esse cordeiro
simboliza o verdadeiro cordeiro de Deus, o único que pode remover o pecado.
“Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
I.
UM CORDEIRO
IMACULADO
“Foi levado como ovelha ao matadouro; e como
um cordeiro, mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abre a sua boca” (Atos
8.2).
Jesus é
chamado Cordeiro a fim de revelar Sua natureza ao mundo. Um cordeiro representa
inocência e pureza. Jesus é verdadeiro homem em todas as coisas: “...antes foi
ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado”. Que de
fato Ele se tornou um homem de carne e sangue como todos os outros, isso
reconhecemos na revelação da Sua profunda humanidade: derramou lágrimas, teve
fome, teve sede, se sentiu cansado, foi tentado por Satanás - mas não pecou!
Por isso Ele é chamado Cordeiro de Deus. Porque Jesus era puro, Seu sangue -
única e exclusivamente Seu sangue purifica de todo pecado.
Ele é chamado
Cordeiro de Deus a fim de nos mostrar o Seu caminho. Ele veio a esta terra com
a clara finalidade dada por Deus de morrer pelos nossos pecados: “Digno é o
Cordeiro, que foi morto”. Ele não foi surpreendido pela Sua execução, mas disse
com santa firmeza: “...precisamente com este propósito vim para esta hora”. Ele
entregou Sua vida voluntariamente, e com isso, revelou Sua índole como
cordeiro, que pressente e sabe quando será morto.
A ilustração
do sacrifício no Antigo Testamento começa com a escolha de um cordeiro. Tinha
que ser um cordeiro sem mancha. Somente um cordeiro perfeito poderia ser
apresentado como sacrifício a Deus.
Do mesmo modo,
o perfeito sacrifício pelo pecado, poderia ser feito somente por um homem que
fosse perfeito. Um pecador não poderia morrer por outro pecador. O resultado
disso seria martírio, não redenção. Somente Cristo satisfez os requisitos dum
Cordeiro perfeito para suficientemente realizar um sacrifício perfeito pelo
pecado.
“Muito mais o
sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula
a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus
vivo” (Hb 9.14).
II. A IMPOSIÇÃO DE MÃOS
O crente do
Antigo Testamento ao oferecer um sacrifício pelo seu pecado, colocava suas mãos
na cabeça da vítima, transferindo simbolicamente assim seus próprios pecados
para o animal substituto. Semelhantemente, Cristo carregou o fardo do pecado de
todos aqueles chegam a Ele para remoção dos seus pecados.
“Todavia, ao
SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como
oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a
vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho
de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento,
justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is
53.10-11).
Esse antigo
ritual do sacrifício tinha que ser repetido continuamente, à medida que o povo
pecava. Mas o sacrifício único de Cristo foi suficiente, não somente por todos
os pecados do passado mas também para qualquer pecado futuro que possa atingir
a vida do crente.
“Ora, onde há
remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (Hb 10.18).
“Filhinhos
meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar,
temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos
nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo
inteiro (1ª Jo 2.1-2).
III. A MORTE
O terceiro
passo dado nos antigos sacrifícios era a imolação do cordeiro, que representava
a substituição da sua vida pela vida do ofensor. Do mesmo modo, Cristo
tornou-se o sacrifício expiatório pelo mundo: “Pois assim como, por uma só
ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por
um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação
que dá vida” (Rm 5.18).
A morte de
Cristo não somente envolveu a separação temporária entre Seu corpo e a sua
alma. Cristo entregou Sua vida por nós, suportando a morte, a morte de cruz,
mas ressuscitou ao terceiro dia para trazer vida para aqueles que nele creem.
IV. COMENDO O SACRIFÍCIO
Na oferta dos
sacrifícios do Antigo Testamento, o passo final era cozinhar parte da sua
carne, que então era comida pelo ofensor. A participação no sacrifício indicava
que o ofensor tinha restabelecido a sua comunhão com Deus.
Cristo falou
disto várias vezes. A multidão que o ouvia à margem do mar da Galileia Ele
desafiou: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e
eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.54). Para Seus discípulos na última
ceia Ele disse: “tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é
dado por vós; fazei isto em memória de mim” (1ª Co 11.24).
Referindo-se a
parte simbólica do sacrifício do Antigo Testamento, Cristo enfatiza a importante
verdade que tão logo o pecador ou o ofensor se identifica com o sacrifício
pelos seus pecados (que é Cristo) ele passa a ter comunhão com o Pai.
“Tendo, pois, irmãos,
intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo
caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19-20).
Pr. Elias Ribas
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