TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 15 de abril de 2019

OS ARTESÃOS DO TABERNÁCULO



TEXTO ÁUREO
“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (1ª Co 12.11).

VERDADE PRÁTICA
O Criador dotou cada homem de talentos individuais para a sua honra e glória.

LEITURA BÍBLICA

Êxodo 31.1-11 “Depois, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2 - Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 3 - e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, 4 - para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, 5 - e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor. 6 - E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado, 7 - a saber, a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e todos os móveis da tenda; 8 - e a mesa com os seus utensílios, e o castiçal puro com todos os seus utensílios, e o altar do incenso; 9 - e o altar do holocausto com todos os seus utensílios e a pia com a sua base; 10 - e as vestes do ministério, e as vestes santas de Arão, o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para administrarem o sacerdócio; 11 - e o azeite da unção e o incenso aromático para o santuário; farão conforme tudo que te tenho mandado.

INTRODUÇÃO Nesta lição, veremos que Deus chama pessoas especiais para realizar obras especiais. Estudaremos a respeito da importância de ser cheios do Espírito para realizar uma grande obra. E concluiremos a lição com um chamado à consciência a respeito do uso do talento dado por Deus para a glória d’Ele. Ora, o Criador concedeu a Moisés instruções e capacitou pessoas para construir o Tabernáculo e executar obras especiais. Não é diferente hoje, pois Ele continua a capacitar os escolhidos para a sua obra e espera que a façamos.

I. O SIGNIFICADO DOS NOMES DOS CONSTRUTORES DO TABERNÁCULO

Veremos os significados dos nomes Bezalel e Aoliabe; analisaremos alguns aspectos da escolha de Deus em relação aos artesões do tabernáculo; e por fim, pontuaremos algumas lições práticas que aprendemos com Bezalel e Aoliabe para nossa vida.

1. Bezalel. O primeiro a ser escolhido por Deus era um descendente da tribo de Judá, ou seja, um judeu: “Eu escolhi Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Êx 31.2). Bezalel significa: “à sombra de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. O nome o pai de Bezalel é “Uri” significa: “luz, resplendor”. Já o nome do seu bisavô “Hur” significa: “livre”. Bezalel era da tribo de Judá, que significa “louvor” (CONNER, 2004, p. 18).

2 Aoliabe. O outro homem envolvido na edificação do Tabernáculo foi um descendente da tribo de Dã, ou seja, um danita: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã” (Êx 31.6; 35.34,35).

Aoliabe significa: “tabernáculo ou tenda de meu pai”. O nome do pai de Aoliabe que é “Aisamaque” significa: “aquele que apoia ou auxilia”. Aoliabe era da tribo de Dã, que significa “juiz”. Hirão, que foi o artesão chefe na construção do templo de Salomão também pertencia à tribo de Dã (2º Cr 2.13,14) (CONNER, 2004, p. 18 – grifo nosso).

II. HOMENS ESPECIAIS PARA SERVIÇOS ESPECIAIS (31.1,2,6)

1. A prerrogativa de Deus (Êx 31.1,2).
O texto bíblico mostra que Deus chama a quem Ele quer para executar sua obra. Ele conhece a natureza de cada filho, e de acordo com ela, distribui talentos conforme a capacidade de cada um. Não por acaso, para construir o Tabernáculo, o Criador chamou pessoas inclinadas às artes e às ciências, capacitando-as para potencializar essas habilidades. Essa forma de Deus chamar está registrada ao longo das Escrituras. Pedro foi convocado para exercer seu ministério entre os judeus (Gl 2.8); e Paulo, com os gentios (Rm 11.13). Tratava-se de pessoas estratégicas para fazer obras estratégicas. É assim que Deus age.

Ao longo da história da Igreja, o Pai Celestial capacitou pessoas e deu-lhes sabedoria para edificarem o Corpo de Cristo. Ele pode falar ao seu coração agora acerca de um chamado. Seja sensível a voz d’Ele! Deus é quem chama!

2. A pluralidade do serviço cristão (Rm 12.4-8; 1 Co 12.8-10,28).
Muitas são as necessidades da igreja local, tanto de ordem espiritual quanto material (At 6.14). Elas manifestam-se na manutenção da comunhão cristã entre os irmãos, bem como na organização dos elementos funcionais do culto cristão. Para isso, na obra do Senhor, há lugar para diversidades de dons e talentos que envolvam liderança espiritual, musical, ação social e muitas outras esferas que exponham a necessidade da obra. Que você aplique o seu talento na obra de Deus!

III. OS ARTESÃOS DO TABERNÁCULO E A ESCOLHA DE DEUS

A descrição detalhada do Tabernáculo, incluídos os numerosos acessórios e mobiliário exigia um toque hábil.

Deus revelou o tabernáculo a Moisés (Êx 25.9), e através dele convocou Bezalel e Aoliabe e outros artífices, imbuídos de devoção e sabedoria e dotados de inteligência e habilidades para elaborar o santuário, cumprindo o que fora ordenado pelo Senhor no monte Sinai (Êx 26.36).

1. Deus falou quem seria os construtores. Para fazer com precisão os muitos detalhes exigidos na construção do Tabernáculo e de todas as suas mobílias e acessórios, Moisés precisava de trabalhadores especializados. Deus até poderia produzir este lugar de adoração mediante um ato milagroso do seu poder, mas, escolheu fazer por meio de homens capacitados para o trabalho: “Depois, falou o Senhor a Moisés” (Êx 31.1).

2. Deus revelou quem seria os construtores. Foi o próprio Deus quem revelou a Moisés os nomes de quem seria os artesões: “Eis que o Senhor tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Êx 35.30). Bezalel deveria ser o arquiteto, ou o artesão mestre (Êx 35.34), e pertencia à tribo de Judá uma tribo que Deus se alegrava em honrar. Era neto de Hur, provavelmente o mesmo Hur que tinha ajudado a manter erguidas as mãos de Moisés (Êx 17.12), e que nesta ocasião estava trabalhando com Arão no governo do povo, na ausência de Moisés (Êx 24.14). A tradição dos judeus diz que este Hur era o marido de Miriã irmã de Moisés. E, caso isto seja verdade, era necessário que Deus o indicasse a este serviço, para que, se Moisés o tivesse feito, não fosse julgado parcial para com seus próprios parentes, uma vez que seu irmão Arão também tinha sido colocado no sacerdócio. Deus honrou os parentes de Moisés, mas mostrou que esta honra não vinha de Moisés, mas sim, do próprio Deus (HENRY, 2010, p. 325).

3. Deus chamou os construtores. O Tabernáculo era um projeto divino e Deus precisava de pessoas habilidosas para construí-lo. Por isso, Ele chamou pessoas e as usou de maneira graciosa: “Eis que eu tenho chamado” (Êx 31.2-a; e 36.1). Bezalel e seu assistente, Aoliabe, foram chamados para dar beleza às formas materiais do Tabernáculo. Os homens aqui foram chamados por Deus para fazer trabalhos artísticos específicos com ouro, prata, cobre (bronze), madeira, e pedras (Êx 31.4,5). Eles seguiriam as instruções detalhadas dadas a Moisés: “conforme tudo que te tenho mandado” (Êx 31.11). Estes homens usariam sua perícia e orientariam os outros no desempenho da obra de Deus: “todo aquele que é sábio de coração” (Êx 31.6).

4. Deus capacitou os construtores. Neste texto, não estão em vista a capacitação natural que pode ser treinada e aperfeiçoada, mas o dom da graça recebido pelo Espírito Santo (Êx 36.2). Os dons do Espírito são em grande parte estas capacitações naturais dedicadas a Deus e inspiradas pelo Espírito. Estes dons são achados nas expressões vocais e no intelecto, mas também em trabalhos manuais e na percepção visual. Para esta tarefa, houve o enchimento do “Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx 31.3). Podemos então dizer que neste texto:

4.1. Espírito de Deus fala da capacitação dada exclusivamente pelo Senhor.
4.2. Sabedoria denota o alcance de mente e força de capacidade; é o poder de julgar a melhor coisa a fazer.
4.3. Entendimento é a capacidade de compreender as partes diferentes de um trabalho e sua forma completa.
4.4. Ciência indica o conhecimento de materiais pela prática e experiência. É possível dedicar as habilidades pessoais a Deus para serem usadas diretamente na obra do Senhor.

5. Deus ordenou os construtores. Todos somos alvo pelo amor de Deus quanto a salvação, pois seu desejo é que todos os homens indistintamente cheguem ao pleno conhecimento da verdade e sejam salvos (1ª Tm 2.3,4). No entanto, para realização de Sua obra em algumas funções especificas, há uma ordenação particular: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe... para que façam tudo o que te tenho ordenado” (Êx 31.6).

IV. CHEIOS DO ESPÍRITO, SABEDORIA, ENTENDIMENTO E CIÊNCIA (Êx 31.3-5)

1. Cheios do Espírito para realizar a obra (v.3).
O texto bíblico diz: “o enchi do Espírito de Deus”. Essa afirmativa vai ao encontro do que nós, pentecostais, sempre afirmamos: não há nada que possamos fazer na vida sem a direção e a ação poderosa do Espírito Santo. O texto em destaque declara que toda a criatividade, sabedoria, entendimento e ciência para construir o Tabernáculo e talhar cada peça em ouro, prata, bronze e madeira promanavam do Espírito de Deus. Aqui, há uma verdade maravilhosa para nós: para realizarmos uma obra espiritual, precisamos estar capacitados pelo Espírito Santo. Nessa perspectiva colocamos todas as nossas habilidades aprendidas nos bancos das escolas, das faculdades e da jornada da vida a serviço do Rei Jesus. Assim, Deus nos usará poderosamente!
Portanto, a simbologia da capacitação espiritual para a construção do Tabernáculo se constitui figura de realidade espiritual do povo de Deus no ministério cristão (At 6.3; Ef 5.18).

2. Habilidades especiais para obras especiais (vv. 4,5).
A Bíblia mostra uma diversidade de dons relacionados ao serviço cristão (Rm 12.3-8; 1ª Co 12.4-6).
- Dons esses que foram distribuídos pelo Espírito Santo, segundo o apóstolo Paulo - na mesma perspectiva do processo de escolha de Bezalel e Aoliabe para a construção do Tabernáculo (vv.4,5).

Na igreja local, muitos trabalhos requerem habilidades especiais. Por exemplo, quem escreve precisa ser habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica. Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades bem específicas. É verdade que os dons de Deus não dependem de habilidades naturais. No entanto, o Senhor chama pessoas que tenham habilidades especiais para potencializá-las e, assim, executarem serviços complexos na igreja local.

V. USANDO OS TALENTOS PARA A GLÓRIA DE DEUS

1. Os talentos (habilidades) de Bezalel e Aoliabe.
Já vimos que Bezalel e Aoliabe eram artesãos altamente capacitados para trabalhar com ouro, prata e cobre, além de outros materiais como madeira. Mas algo devemos destacar: ambos se submeteram à revelação de Deus para executar com maestria as peças dos altares, colunas, cortinas e cores. Assim, revestidos do Espírito de Deus, Bezalel e Aoliabe passaram a ser especialistas para fazer tudo quanto fosse necessário para construir a estrutura do Tabernáculo de maneira esteticamente bela. Eles primeiro submeteram-se! Por isso o que faziam era para a glória de Deus!

Para fazermos alguma tarefa que glorifique a Deus precisamos ter a consciência profunda de que foi Ele quem nos chamou. Esse é o passo fundamental para que o nosso trabalho glorifique a Deus. Depois, é preciso admitir que, embora você tenha a mais importante capacitação secular, Deus sempre é quem dá a última instrução. Experimente submeter-se a Deus e fazer qualquer tarefa para a glória d’Ele!

2. Os talentos revelados na Igreja (Mt 25.14,15).
Embora Mateus 25 seja uma passagem bíblica que trata acerca da volta de Jesus, ela é uma bela ilustração para mostrar o que Deus espera que nós façamos com a nossa vocação. O que Ele exigiu de Bezalel e Aoliabe também está contemplado na Parábola dos Talentos. Nessa parábola a palavra grega talanton, que significa “talento”, ganha destaque. O termo refere-se à moeda de alto valor. Nesse contexto, o homem rico distribuiu vários talentos aos servos de acordo com a capacidade de cada um para negociar. Naturalmente, o homem rico esperava receber retorno dos servos. A mensagem aqui é clara: quando o Senhor voltar, Ele deseja nos encontrar trabalhando de acordo com as habilidades que Ele nos capacitou para o seu reino. Desenvolver os talentos simboliza perseverar na fé e o comprometer-se em colocar a serviço do Corpo de Cristo tudo o que o Senhor nos concedeu.

VI. LIÇÕES PRÁTICAS QUE APRENDEMOS COM BEZALEL E AOLIABE

Seja para construir o tabernáculo no Antigo Testamento, a igreja no Novo Testamento o Espírito Santo de Deus nos fala, revela, chama, capacita e nos ordena para realizar a Sua obra.

1. A escolha de Deus para a obra é soberana. É Deus que nos escolhe, nos chama, nos capacita e nos envia. Foi o Senhor quem elegeu, chamou, capacitou e enviou Bezalel e Aoliabe para todas as obras relacionadas ao Tabernáculo a fim de que fosse construído exatamente conforme o modelo que fora mostrado. Não está dentro das atribuições unicamente do homem selecionar, chamar, qualificar ou nomear. Tal é a sã doutrina que nos é sugerida pelas palavras do próprio Deus, pois os obreiros para esta construção foram:
1.1. Divinamente escolhidos: “eu tenho posto” (Êx 31.2-a).
1.2. Divinamente chamados: “eu tenho chamado” (Êx 31.6-a).
1.3. Divinamente qualificados: “eu tenho dado” (Êx 31.6-b).
1.4. Divinamente nomeados: “eu tenho ordenado” (Êx 31.6-c).
Demais, ninguém podia presumir de se nomear a si próprio para esta obra; nem tampouco ninguém pode nomear-se a si próprio para a obra do ministério, pois tudo, é e deve ser, absolutamente da competência divina: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele” (Mc 3.13).

2. Nossa capacidade na obra vem de Deus. A declaração de que Bezalel e Aoliabe receberam suas aptidões do “Espírito de Deus” prefigura os dons do Espírito que o Senhor concede a todos os crentes consagrados à obra do Senhor (Rm 12.4-8; 1ª Co 12.1-31; Ef 4.7-13). No caso dos artesões do tabernáculo não foi diferente: “e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx 31.3). Devemos nos lembrar sempre que nossa capacidade vem do Senhor: “não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2ª Co 3.5). Todos nascemos com diferentes aptidões dadas por Deus e, quando nos convertemos, recebemos diferentes dons do Espírito Santo que devem ser usados para o bem da igreja e para a glória do Senhor. Paulo nos diz ainda: “O qual nos fez também capazes de ser ministros” (2ª Co 3.6-a).

3. Deus capacita de maneira especial para a obra quem Ele chama. Deus chamou Moisés e nomeou Bezalel e Aoliabe para dirigir a obra da construção do Tabernáculo, pois sem líderes a obra não avançaria, e o Senhor também chamou artífices voluntários para auxiliá-los (Êx 31.6; 35.10). Bezalel e Aoliabe foram capacitados para fazer os móveis do tabernáculo: “Assim, trabalharam Bezalel, e Aoliabe, e todo homem hábil a quem o SENHOR dera habilidade e inteligência” (Êx 36.1). Todos os homens são chamados para serem salvos, mas, nem todos os salvos são chamados para serem líderes. Por isso, o apóstolo Paulo disse: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Uma vez escolhidos e chamados, seremos agora capacitados por Deus. Devemos lembrar das palavras de João Batista: “O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu” (Jo 3.27).

4. Deus capacita aqueles que são obedientes e submissos na sua obra. O Senhor chamou Moisés diretamente pelo nome (Êx 3.1-10), mas Bezalel e Aoliabe foram chamados indiretamente, ou seja, através de Moisés. Embora Deus escolhesse por nome a Bezalel e Aoliabe (Êx 31.2-a, 6-a), logicamente coube a Moisés nomeá-los e apresentá-los (Êx 35.30; 36.2). Não há nenhuma passagem mostrando Deus falando diretamente com eles como fez com seu líder. É inspirador ser chamado por nome direta ou indiretamente por Deus, mas também é importante ser nomeado por quem Deus autoriza a escolher obreiros (BEACON, 2010, p. 222). Bezalel, Aoliabe e os outros auxiliares tiveram o privilégio de participar destas obras e foram fiéis, submissos e obedientes em seguir as orientações divinas dadas ao seu líder: “Fez Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, tudo quanto o Senhor ordenara a Moisés” (Êx 38.22).

5. Deus capacita aqueles que estão dispostos a glorificar ao Senhor e não a si mesmo. Apesar das grandes importantes contribuições, Bezalel e Aoliabe são praticamente esquecidos depois do tabernáculo concluído. Tem gente que seu nome aparece, mas a sua obra não, e tem gente que o seu nome não aparece, mas a sua obra se eterniza: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória” (Sl 115.1). O apóstolo Pedro também entendeu assim: “A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pd 3.18). Paulo também compreendeu desta forma: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!”. João na ilha corrobora com esta visão: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua são e foram criadas” (Ap. 4.11).

CONCLUSÃO. No Reino de Deus muitas habilidades poderão ser utilizadas, não somente as de caráter espiritual, mas também as de caráter social, educacional e material. Por exemplo, quem escreve precisa ser habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega e ensina precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica. Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades bem específicas na obra do Senhor. A recompensa dos que dão o melhor de suas vidas será dada por Deus aos que forem fiéis em toda boa obra. Esforce-se com esmero e amor!

FONTE DE PESQUISA

1. CABRAL Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
2. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA. 2001.
3. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
4. HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do AT: Gênesis a Deuteronômio. CPAD. 2010.
5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. (Trad. Gordon Chown). CPAD, 1995.

terça-feira, 2 de abril de 2019

TABERNÁCULO – UM LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” (Êx 25.8).

VERDADE PRÁTICA
O Tabernáculo de Moisés foi o protótipo da Igreja de Cristo, na qual hoje Deus habita e manifesta sua glória.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 25.1-9 “Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2 Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. 3 E esta é a oferta alçada que tomareis deles: ouro, e prata, e cobre, 4 e pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras, 5 e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de cetim, 6 e azeite para a luz, e especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso, 7 e pedras sardônicas, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral. 8 E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. 9 Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.

INTRODUÇÃO. Deus sempre desejou se relacionar com o seu povo. Ao longo das Escrituras Sagradas, o Pai Celestial buscou se revelar ao ser humano para relacionar-se com ele. Deus é um ser pessoal. Portanto, o Tabernáculo foi construído para que Deus habitasse nele e se encontrasse com o seu povo. Assim, compreenderemos que essa construção requereu a participação humana por meio de ofertas voluntárias, que esse projeto veio da mente de Deus e que há uma relação tipológica entre o Tabernáculo e a Igreja de Cristo.

Podemos considerar o Tabernáculo como o primeiro templo judeu. Segundo relata o Antigo Testamento, Moisés recebeu ordem de Deus para que construísse um local de culto, com característica de fácil montagem e desmontagem, pois naquela época o povo israelita era nômade.

Êxodo 25 dá início à seção mais comprida da Bíblia e talvez menos lida e entendida do Livro de Êxodo. Do início do capítulo 25 até o capítulo 40 - com exceção do 32 ao 34 - temos uma excelente descrição detalhada do Tabernáculo. Fala sobre sua estrutura, equipamentos e o sacerdócio. É compreensível que o leitor das Escrituras Sagradas se surpreenda ao comparar o tamanho do relato sobre a Criação e a preparação para que a Terra ficasse pronta para a habitação humana, e depois verificar que estão separados 12 capítulos sobre o Tabernáculo. Compreende-se isso: todas as coisas referentes ao Tabernáculo apontam para Cristo e são de alguma maneira um arquétipo de Cristo
O Tabernáculo foi um projeto de Deus assim como a Igreja o é.

I. A PARCERIA DE DEUS COM SEU POVO PARA A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO (Êx 25.1-7)

1. Por que construir um Tabernáculo no deserto?
- Deus revelou-se a Israel e fez do Tabernáculo o seu lugar de habitação. Estabeleceu uma parceria com seu povo para construir o Tabernáculo.
- A sessão de versículos 1 ao 7 de Êxodo 25 mostra a conclamação do Senhor ao Seu povo para a construção do Tabernáculo por meio de ofertas alçadas:

“O SENHOR disse a Moisés: Diga aos filhos de Israel que me tragam uma oferta. De todo homem cujo coração o mover para isso, dele vocês receberão a minha oferta. Esta é a oferta que dele vocês receberão: ouro, prata e bronze; pano azul, púrpura e carmesim; linho fino; pelos de cabra; peles de carneiro tingidas de vermelho e peles finas; madeira de acácia; azeite para a iluminação; especiarias para o óleo da unção e para o incenso aromático; pedras de ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e para o peitoral”.

- A resposta a essa pergunta é clara e objetiva. Uma das lições que se aprende em Teologia acerca de Deus é que “Deus é Espírito” e, assim, Ele é auto existente, não criado por outro ser, atemporal, autossuficiente, não restrito a nenhum determinado ponto geográfico. O fato de Deus manifestar Seu desejo de habitar com o Seu povo não o limita a nada. Ele tem origem em si mesmo, Ele existe por si mesmo quando diz: “Eu Sou o Que Sou” (Êxodo 3.14).

- A ordem dada a Moisés para construir uma morada para Ele tinha por objetivo mostrar o Seu Espírito, fazendo-se sentir pelas exibições especiais da natureza no lugar da Sua presença, a shekinah: a manifestação do fogo, da nuvem, da água, dos relâmpagos e trovões.

- O pioneiro pentecostal, Gunnar Vingren, que redigiu uma monografia para sua graduação teológica, na qual foi escrita à mão, e apresentada no Seminário Teológico Sueco, em Chicago, USA, em 1909, iniciou seu texto monográfico assim: “Por ordem divina, o Tabernáculo propriamente dito, a mosaica tenda do Testemunho, constituiria uma morada sagrada, erguida segundo um modelo celestial”.

- Desde que os israelitas saíram do Egito e caminharam até as cercanias do Monte Sinai, onde Deus falou com Moisés e revelou-lhe Suas Leis, o Altíssimo quis habitar entre o seu povo. Para isso, Ele concedeu a Moisés a planta de uma “Tenda”, a fim de construí-la para reunir o povo de Israel diante d’Ele e, assim, receber sua Palavra. Essa tenda, denominada “Tabernáculo”, era de caráter provisório, pois podia ser armada e desarmada durante a caminhada israelita pelo deserto. Segundo escreveu Gunar Vingren na sua monografia para a graduação no Seminário Teológico em Chicago, USA, em 1909, iniciou seu texto monográfico assim:
“Por ordem divina, o Tabernáculo propriamente dito, a mosaica tenda do Testemunho, constituiria uma morada sagrada, erguida segundo um modelo celestial”.

- E continuou dizendo: “a razão principal de sua existência era a de servir como uma morada sagrada, o lugar de encontro entre Deus e seu povo”, referindo ao Tabernáculo.

2. A materialização da obra de Deus (Êx 25.1,2).
- O projeto de Deus teve origem no céu, e se materializou na Terra por meio de seus filhos. A construção do Tabernáculo se efetivou mediante a participação do povo de Deus através de ofertas alçadas e voluntárias como o ouro, prata, cobre, pano azul, púrpura e carmezim. A obra de Deus requer parceria humana!

- No tempo da graça, o princípio da manutenção da igreja local é o mesmo. O apóstolo Paulo diz em sua segunda carta aos Corintios 9.6 e 7: “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. 7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.”

- As contribuições (dízimo e as ofertas alçadas) são para o sustento das necessidades que envolvem uma igreja: projeto de construções de templo, de sustento de obreiros, de evangelização, de ações sociais, de educação cristã. Em vez de cultivarmos uma postura contrária, deveríamos voluntariamente ofertar à Obra de Deus como fruto de gratidão e reconhecimento de suas bênçãos em nossas vidas (2ª Co 9.7).

3. Três verdades bíblicas que o ofertante deve saber (Êx 25.2).
3.1. A oferta foi um plano de Deus para o sustento de sua obra.
- No Antigo Testamento há uma promessa de bênçãos materiais para os que reconhecessem essa verdade. Aqui, não há o estímulo para se negociar oferta e bênçãos, mas a afirmação de que é a vontade do Senhor que contribuamos generosa e voluntariamente para a sua obra, reconhecendo que Ele domina até as nossas finanças. Isso deve ser voluntário, jamais por coação.

3.2. O ato de ofertar é voluntário.
- O versículo 2 mostra que o Senhor aceitaria a oferta “de todo homem cujo coração se mover voluntariamente” (cf. Êx 35.29). Deus conhece cada um dos Seus servos e servas, por isso, reconhece quem faz essa obra de maneira generosa ou egoísta. Jamais nosso Senhor aceitaria ofertas por coação, mas Ele deseja ver, em nós, uma atitude voluntária e amorosa: “Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente” (2ª Co 8.3). Portanto, na Igreja de Cristo, não pode haver mercantilismo da fé! Você não pode se deixar coagir para trocar ou negociar o que é espiritual, a fim de receber bênçãos materiais. O que a Palavra de Deus diz é que você precisa amar ao Senhor de todo o coração e, constrangido por esse amor, doar voluntariamente. Essa perspectiva humilde gera bênçãos da parte de Deus.

3.3. Fidelidade ao Senhor trará abundância.
- Moisés foi um líder que compreendeu bem essa verdade e a viveu, pois, o povo trouxe tanta oferta em ouro, prata, cobre, pedras preciosas e madeiras, que encheram os depósitos, e “disseram a Moisés: o povo traz muito mais do que é necessário para o serviço da obra que o Senhor ordenou” (Êx 36.5).

II. O TABERNÁCULO FOI UM PROJETO DE DEUS (Êx 25.8,9)

“E farão para mim um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. Segundo tudo o que eu mostrar a você como modelo do tabernáculo e como modelo de todos os seus móveis, assim mesmo vocês o farão” (Êx 25.8-9).

- Por meio do legislador de Israel, o Senhor conduziu seu povo desde a saída do Egito até o Monte Sinai. Nesse monte, Ele revelou-se a Moisés e aos setenta anciãos do povo, bem como a Arão, Nadabe e Abiú, que viram a glória de Deus (Êx 24.9-11). Ali, a glória do Senhor estava presente e uma nuvem cobria o monte: “o aspecto da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte” (Êx 24.15-17). Por quarenta dias e quarenta noites Moisés entrou no meio da nuvem e subiu até o cume do monte para ouvir a Deus (Êx 24.18). Ali, o Altíssimo deu a Moisés as diretrizes para construir o lugar onde Ele habitaria.

1. Deus arquitetou o Tabernáculo (Êx 25.8).
- O modelo era divino, mas era feito com elementos materiais e teria caráter temporário. Deus elaborou a engenharia e arquitetou toda a construção do Tabernáculo, dando a Moisés a relação das peças e equipamentos que deveriam ser utilizados. Desde o início, é perceptível o caráter provisório do projeto divino, pois o povo de Israel não faria uma peregrinação perpétua no deserto. A efetivação do Tabernáculo aconteceu mediante a participação do povo de Deus através de ofertas alçadas e voluntárias.

- O livro de Êxodo descreve detalhadamente a execução e aparência de todos os utensílios litúrgicos da tenda religiosa, apresenta uma descrição arquitetônica e construtiva minuciosa dos espaços que comporiam o complexo da tenda religiosa.

- O Tabernáculo seria um santuário em pleno deserto, onde Deus habitaria entre o seu povo. Desde o início, é perceptível o caráter provisório do projeto divino, pois o povo de Israel não faria uma peregrinação perpétua no deserto. Deus elaborou a engenharia e arquitetou toda a construção do Tabernáculo, dando a Moisés a relação dos materiais que deveriam ser utilizados.

2. O Tabernáculo foi um projeto de Deus.
- Embora Moisés haja sido formado academicamente no Egito, nenhum item do Tabernáculo era fruto de sua mente engenhosa e disciplinada. Recebendo instruções diretas de Deus, Moisés persuadiu ao povo hebreu a construir o Tabernáculo, pois este era um projeto celestial. O Pai desejava habitar entre os homens e derrubar a parede de separação erguida pelo pecado no Éden. Ele queria fundir o Céu com a Terra. Esse projeto glorioso só alcançaria o objetivo máximo na encarnação e crucificação de Jesus Cristo, seu amado Filho “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4; Ef 1.5-10).

- O Tabernáculo era um retângulo descoberto, delimitado por um acortinado. No pátio, orientado para o leste, estava o altar em bronze onde eram realizados os sacrifícios e a pia onde Aarão e seus filhos lavavam as mãos antes de realizar os sacrifícios.

- Logo depois da pia estava o santuário, uma tenda coberta por uma série de camadas de cortinas sustentadas por grandes colunas de madeira revestidas em ouro. Dentro do volume, uma cortina dividia o espaço em dois, de maneira que o espaço mais sagrado fosse um cubo perfeito, conhecido como Santo dos santos. Neste recinto estava a Arca da Aliança, receptáculo das Tábuas da Lei, pedaços da primeira edição quebrada por Moisés quando da sua ira ao ver os hebreus adorando a imagem do bezerro de ouro. A parte aberta do santuário, entre o Santo dos santos e a entrada pelas cortinas, abrigava um pequeno altar para incenso, um candelabro de ouro e a mesa sobre a qual deveria estar o pão da apresentação.

3. O plano térreo do Tabernáculo (25.9).
- O plano térreo do Tabernáculo continha um espaço físico de 100 por 50 côvados aproximadamente, 50 por 25 metros, uma vez que um “côvado” equivale de 45 a 50 centímetros, pois a medida do côvado naqueles tempos era “a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio de um homem”.

3.1. O Pátio. Esse espaço do Tabernáculo era chamado “Átrio” (ou Pátio) e era fechado por uma cerca feita de cortinas de “linho fino torcido” e presas por ganchos e pinos em pilares de madeira de acácia (Êx 27.18).
3.2. O Altar dos holocaustos. No espaço externo dentro do Átrio, desde a Porta de entrada, havia o “altar de bronze” (ou cobre), onde eram feitas as ofertas queimadas e, principalmente, onde era feito o sacrifício pelos pecados do povo (Êx 27.1-8; 38.1-6).

3.3. A Pia de bronze (ou cobre). Havia, também, “uma bacia de bronze (ou cobre)” para que os sacerdotes lavassem as mãos e os pés antes de entrarem no interior do Tabernáculo (Êx 30.18-21; 38.8).

3.4. A Tenda do Testemunho. O Tabernáculo, propriamente dito, era a parte interna e ficava dentro do Pátio, composto por duas partes: o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos).

3.5. O Lugar Santo. No Lugar Santo havia três elementos: o Candeeiro (Candelabro, ou Castiçal) de Ouro com suas sete lâmpadas; a mesa feita de madeira de acácia e coberta de ouro, era chamada “Mesa dos pães da proposição”. Por fim, ainda no “Lugar Santo”, de frente para a entrada de cortinas bordadas que dava para o “Lugar Santíssimo”, estava o “Altar de Incenso” revestido de ouro, no qual se faziam intercessões pelo povo de Deus (Êx 30.1-6; 37.25-28).

3.6. O Lugar Santíssimo (Santo dos Santos). Por último, e de fato, em primeiro lugar, estava “O lugar Santíssimo”, onde se encontrava a única mobília, chamada de “Arca do Concerto” (Nm 10.33) ou “Arca do Testemunho” (Êx 25.22), ou também “Arca da Aliança”, na qual se guardavam as “Tábuas da Lei” (Êx 31.18).

III. A RELAÇÃO TIPOLÓGICA ENTRE O TABERNÁCULO E A IGREJA

O modo especial de Deus revelar-se ao seu povo era através de tipos e figuras materiais que ilustrassem as verdades celestiais. Esta linguagem figurada expressa a relação de Deus, o Criador e Senhor, o Todo-Poderoso, com a sua criação e com as suas criaturas.

1. A importância dos aspectos tipológicos do Tabernáculo.
- A tipologia bíblica constitui-se uma das maiores riquezas de proveito espiritual para o crente que deseja conhecer a Bíblia profundamente, pode ser explorada sem receio, desde que as regras de interpretação de texto sejam respeitadas. É bom lembrar que um tipo sempre é inferior ao tipificado.

- A tipologia é muito rica em si mesma, pode ser definida como o estabelecimento de conexões históricas entre fatos, pessoas e coisas do Antigo Testamento com o que existe no Novo. Por isso, ao lidarmos com a tipologia do Tabernáculo, é necessário considerar que ela é manifestada na pessoa de Cristo e em sua obra expiatória. Deus tinha a Arca, o Castiçal de Ouro, o Altar do incenso e a mesa dos pães da proposição como peças da liturgia de culto. No Novo Testamento, o modo de adorar a Deus tornou-se diferente e especial, porque o lugar da adoração é um Pessoa, o próprio Senhor Jesus Cristo.

- De acordo com os parâmetros da hermenêutica bíblica, a estrutura física dos objetos usados no Tabernáculo é descrito detalhadamente. São metais e madeiras, tecidos e bordados, peles e cores. Tais peças estavam na mente de Deus como significados simbólicos voltados para revelar o seu caráter e glória.

- O Tabernáculo era o símbolo da presença de Deus entre o povo (Êxodo 29.43-46). O apóstolo Paulo demonstrou considerar a relação tipológica muito importante quando escreveu a seguinte declaração: "Pois tudo o que no passado foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança (Romanos 15.4).

- O apóstolo Paulo deu importância a essa relação tipológica quando escreveu: “tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). O Tabernáculo de Moisés, no deserto, deixou profundas lições para a Igreja. Nessa tipologia, descobrimos uma relação com a Igreja e com o Senhor Jesus. Nas lições seguintes, veremos a importância simbólica do Tabernáculo em seus adereços, utensílios e cultos, seus ministros e ajudantes, sua ordem e o significado de cada item na relação espiritual-tipológica com a Igreja de Cristo.

2. A Igreja de Cristo é o Tabernáculo de Deus na Terra.
- O estudo do Tabernáculo constitui-se a descoberta da maior riqueza da tipologia bíblica. O tabernáculo de Moisés era material, e Deus habitava nele; a Igreja é o tabernáculo espiritual onde habita e se manifesta gloriosamente (Ef 2.22).

- A mesma tipologia aponta para um povo futuro, a Igreja, a pessoas de Jesus Cristo. Não apenas o Tabernáculo, o Templo de Salomão também simboliza a Igreja de Cristo edificada para “morada de Deus em Espírito” (Ef 2.22).

- A Igreja é apresentada na Bíblia como a Casa de Deus, de caráter familiar, porque a palavra “casa”, nesse contexto, refere-se à família que mora na casa (1ª Tm 3.15). Além disso, a Igreja é descrita como Templo de Deus (1ª Co 3.16).

- Alguns textos do Novo Testamento fazem da tipologia modo de comparação entre o Tabernáculo e a Igreja. Paulo tipificou a Igreja como edifício de Deus para falar de crescimento coerente e organizado da comunidade cristã (1ª Corintios 3.9). Neste edifício, os crentes em Cristo são identificados como “pedras vivas”, as quais são edificadas umas sobre as outras.

- O Tabernáculo e o Templo de Salomão simbolizam a Igreja de Cristo edificada para “morada de Deus em Espírito” (Ef 2.22). Alguns textos do Novo Testamento fazem da tipologia o modo de comparação entre o Tabernáculo e a Igreja. Paulo tipificou a Igreja como edifício de Deus para falar de crescimento coerente e organizado da comunidade cristã (1ª Co 3.9). Neste edifício, os crentes em Cristo são identificados como “pedras vivas”, as quais são edificadas umas sobre as outras.

- O Tabernáculo era uma imagem da Igreja de Cristo no mundo. Comparações e contraposições ao Tabernáculo. Comparação do Tabernáculo, pelo qual o chama de “tenda do testemunho”, com a Igreja de Cristo.

- O Tabernáculo de Moisés foi um projeto de Deus assim como a Igreja o é no mundo. O fato de o Tabernáculo ter existido no período da peregrinação dos hebreus pelo deserto e ter sido um santuário portátil por causa das constantes mudanças realizadas por Israel, ele e seus móveis apontavam à revelação de um plano salvífico por intermédio de Jesus.

- O apóstolo Pedro compara, em sua primeira carta, no capítulo 2 e versículo 11, os cristãos aos hebreus, diz que os crentes são peregrinos e forasteiros, isto é, subentende-se que ele quis dizer que não temos residência fixa neste mundo, somos gente estrangeira cujo destino final é o lar que está no céu.

- O uso de qualquer objeto do Tabernáculo na Igreja não passa de decoração estética. A Arca da Aliança como se vê representada em alguns púlpitos utilizada como forma de afirmar que Deus está naquele objeto é desvio doutrinário. Nossa Arca é o Senhor Jesus, e Ele mesmo, como Sacerdote e Cordeiro se apresentou diante do Pai para mostrar o fruto da expiação que fez por todos.

- Veja: “Assim como a tenda do testemunho, com todos os seus utensílios, foi ordenada por Deus, a igreja cristã recebeu de Deus suas normas e seus mandamentos. A tenda no Antigo Testamento era o lugar onde Deus se revelava, enquanto as igrejas cristãs são, hoje, o lugar da presença de Deus, o lugar onde se faz a sua vontade. O primeiro era constituído de riquezas e material precioso, o segundo é constituído também de material precioso, isto é, de almas humanas redimidas do pecado por meio da graça de Cristo Jesus. Desta forma, à tenda do Antigo Testamento se contrapõe a igreja cristã do Novo Testamento. A bacia com água ficava em frente da tenda e, na água, Arão e seus filhos limpavam seus pés e suas mãos antes de adentrarem o santuário para que não morressem. Já o batismo é a maneira pela qual o cristão ingressa na Igreja de Deus. Aquele que crê e recebe o batismo será salvo. Após o batismo, seremos sepultados com Deus, e assim como Cristo ressuscitou dos mortos, passaremos a caminhar em uma nova vida” (VINGREN, Gunnar. O Tabernáculo e Suas Lições: Monografia de graduação em Teologia do fundador das Assembleias de Deus no Brasil, defendida em 1909 no Seminário Teológico Sueco de Chicago (EUA). Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pg. 76 -77).

CONCLUSÃO. O Tabernáculo seria mais do que um protótipo ou modelo futuro da Igreja, no qual Deus revelaria a sua glória. Esse Tabernáculo aparece como “um bem futuro” (Cl 2.17), que aponta para a Pessoa de Jesus Cristo, que veio a esse mundo mostrar, na prática, o desejo de Deus em habitar com os homens. Ele fez isso na encarnação de seu Filho, o tabernáculo divino.
O Pai desejou habitar entre os homens e derrubar a parede de separação erguida pelo pecado no Éden. Esse plano glorioso alcançou o objetivo máximo na encarnação e crucificação de Jesus Cristo, seu amado Filho “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4; Ef 1.5-10). Na Pessoa gloriosa de Jesus Cristo, Deus encontrou-se com o ser humano, e este com Deus.

- Desde a geração de Moisés, Tabernáculo indica algo futuro que mudaria o destino do ser humano caído: a Obra Expiatória de Cristo representada em todo o santuário em ao meio ao deserto. Foi concebido para que o homem dos tempos atuais compreenda a sua figura representada na pessoa de Jesus Cristo, o qual expiou a nossa culpa, fazendo-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Na Obra Expiatória do Senhor, a imagem do Tabernáculo relaciona-se com a Igreja fundada pelo Senhor Jesus Cristo. Tal qual o Tabernáculo, a Igreja de Cristo é um planejamento de Deus posto em curso com o objetivo de abençoar o mundo, convidar toda alma a achegar-se diante do Senhor com o coração contrito.

FONTE DE PESQUISA
1. CABRAL Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 - CPAD
2. VINGREN, Gunnar. O Tabernáculo e Suas Lições: Monografia de graduação em Teologia do fundador das Assembleias de Deus no Brasil, defendida em 1909 no Seminário Teológico Sueco de Chicago (EUA). Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.76 -77).

terça-feira, 26 de março de 2019

ORANDO SEM CESSAR



TEXTO ÁUREO
“Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17).

VERDADE PRÁTICA
O Novo Testamento nos ensina que a oração deve ser uma prática contínua dos cristãos, desde a primeira até a segunda vinda de Cristo.

LEITURA BÍBLICA
Mateus 6.5-13 “E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.7. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos. 8. Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós Iho pedirdes. 9. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. 10. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. 11. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!”

INTRODUÇÃO.  Terminando o estudo sobre a batalha espiritual, abordaremos a questão da oração que, ao lado da vigilância, são as duas atitudes que deixam o salvo em “forma espiritual” para ter sucesso na batalha espiritual.

- A oração é “exercício espiritual” indispensável para estarmos em forma na luta contra o mal.

- A oração é “exercício espiritual” indispensável para estarmos em forma na luta contra o mal.

I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ORAÇÃO

- A oração é a alma do cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. Ela é tão antiga quanto à humanidade, e o próprio Jesus se dedicava à oração particular e secreta. Sendo Ele Deus, vivia em oração contínua. Que exemplo! O que não diremos nós, com respeito à oração?

1. Definição. O termo oração vem do grego “proseuchomai”, e do latim “orationem”, diz respeito a: “prece dirigida pelo homem ao seu Criador”, tendo como objetivo:
1.1. Adorá-lo como Criador e Senhor de tudo quanto existe.
1.2. Pedir-lhe perdão pelas faltas cometidas (Sl 51.1-14; Mt 6.12).
1.3. Agradecer-lhe pelos favores imerecidos (Dn 2.20,23).
1.4. Buscar proteção e uma comunhão mais íntima com Ele e colocar-se à disposição de seu reino (Mt 6.10).

- Em síntese, podemos dizer que a oração é o meio de comunicação com Deus. Não é apenas uma necessidade do cristão, mas também, um mandamento (1ª Cr 16.11; Is 55.6; Rm 12.12; Cl 4.2; 1ª Ts 5.17; 1ª Tm 2.8). A oração pode ser melhor definida como estar em comunhão com Deus, é mais do que simplesmente falar para Deus, mas falar com Ele. Isso implica em uma via dupla de “dar e receber” e não em um monólogo (WILMINGTON, 2015, p. 634).

2. A postura específica para orar. Ao lermos a Bíblia, podemos observar que não existe uma posição única para orar, pois, ela registra diversos exemplos de pessoas que oraram de maneiras diferentes.

2.1. Oração de joelhos. Como Salomão que na dedicação do templo de Jerusalém, orou a Deus de joelhos e com as mãos estendidas (1ª Rs 8.22,54; 2ª Cr 6.13); o salmista nos convida a nos ajoelharmos diante do Senhor (Sl 95.6). Além disso, também oraram de joelhos: Daniel (Dn 6.10), Jesus (Lc 22.41), Estêvão (At 7.60), Pedro (At 9.40), e o apóstolo Paulo (Ef 3.14).

2.2. Inclinado ou prostrado. Foi assim que orou o servo de Abraão quando Betuel e Labão consentiram que Rebeca fosse com ele (Gn 24.52); e, o próprio Senhor Jesus no jardim do Getsêmani (Mt 26.39; Mc 14.35).

2.3. Em pé. A Bíblia registra também exemplos de pessoas que oraram em pé, como Abrão (Gn 18.22); Jesus (Mt 11.25; Jo 11.41); e o publicano (Lc 18.13).

2.4. Sentados (At 2.1,2). Ficando claro que para Deus, não é a posição do corpo que necessariamente é importante, mas a condição do coração (Sl 51.17).

3. O local certo de orar. A respeito do local ideal da oração, a Bíblia menciona o templo como um lugar específico de se buscar a Deus (Is 56.7; Lc 19.46; At 2.46; 3.1). No NT a uma ampliação a esta realidade, não se restringindo única e exclusivamente o templo como lugar de oração, Jesus disse: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6.6). Portanto, não existe um lugar específico ou único para buscarmos a Deus em oração (Jo 4.20-24), contanto que este lugar esteja em perfeita harmonia com o que ensina a Palavra de Deus e as lideranças constituídas por Ele (Hb 13.17).

II. ORAÇÃO UMA ARMA NA BATALHA ESPIRITUAL

- Escrevendo aos efésios sobre a batalha espiritual, Paulo além de tratar da armadura de Deus como recurso para vencermos este combate, ele faz referência a uma ferramenta imprescindível que nos proporciona a energia necessária para sermos vitoriosos, a oração: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). Podemos concluir que a oração faz parte permanente de todo o equipamento de guerra exposto nos versículos precedentes (Ef 6.14-17). Cada uma das armas espirituais, desde o “cinto” até a “espada”, deve ser vestida com a oração (CABRAL, 1999, p. 92). São três as coisas que devemos notar aqui com respeito à oração na batalha espiritual, vejamos:

1. Orando em todo tempo. O apóstolo Paulo recomenda que devemos orar sempre: “Orando em todo o tempo…” (Ef 6.18), a expressão “em todo tempo” é a tradução de: “en panti kairo”, que pode ser traduzida por: “em todas as ocasiões, o tempo todo, sempre”. O termo grego: “kairós”, às vezes tem a força de circunstância especial, e, por conseguinte, neste contexto, significaria: “na ocasião do conflito” (BEACON, 2006, p. 200). O bom soldado é aquele que atenciosamente está ligado ao seu comandante para lutar. A oração, na guerra espiritual, tem o sentido de comunhão com o seu comandante. Talvez a maior falha da vida cristã seja que frequentemente tendemos a orar só nas grandes crises da vida. Só pela oração diária o cristão torna-se forte cada dia. A orientação apostólica é que devemos orar sem cessar (1ª Ts 5.17 ), o Senhor Jesus ensinou sobre a necessidade de orar sempre e não desvanecer (Lc 18.1), ficando claro que a constância da oração é imperativa para a vitória (Dn 6.10,22,27).

2. Orando no Espírito. A respeito desse aspecto da oração Paulo afirma: “…com toda a oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18).

- Esse tipo envolve aquela oração produzida pelo Espírito Santo, isto é, ensinada ou dirigida por Ele. Portanto, é o Espírito Santo quem nos ensina e habilita a orar a Deus (Rm 8.15,26; Gl 4.6; Jd 20). É a oração que recebe o impulso do Espírito para interceder, para adorar e louvar a Deus, na epístola aos coríntios Paulo motiva aos crentes de que orem com o espírito (1ª Co 14.14,15), que é a oração do espírito do crente, produzida pelo Espírito Santo. Aqui aprendemos que é o Espírito Santo quem ensina o nosso espírito a orar. As línguas estranhas, que são a evidência inicial do batismo no Espírito Santo, são ditas pelo nosso espírito interior através da fala. É a oração sem a interferência da mente, ou seja, do intelecto. Entretanto, Paulo orienta para que se ore com o espírito e, também, com o entendimento (1ª Co 14.15); já a oração em espírito, pode ser considerada a oração silenciosa, mental, que se faz em qualquer ocasião, trabalhando ou não, na rua ou em casa. É a oração em momentos difíceis onde não se pode alçar a voz, mas pode-se elevar à comunhão com Deus e d’Ele receber a resposta (CABRAL, 1999, p. 92,93 – acréscimo nosso).

3. Orando com vigilância e perseverança. A convocação para orar é seguida da exortação à vigilância na intercessão persistente: “Orando… e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18; ver At 1.14; 2.42; Rm 12.12; Cl 4.2).

- A combinação de “orar e vigiar” origina-se das palavras de Jesus aos discípulos (Lc 21.36; Mt 26.41; Mc 14.38). Quando Neemias estava restaurando os muros de Jerusalém e o inimigo tentava impedi-lo de realizar essa obra, Neemias derrotou os adversários vigiando e orando: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles” (Ne 4.9).

- Vigiar e orar é o segredo para vencer o mundo (Mc 13.33), a carne (Mc 14.38) e o diabo (Ef 6.18).

- Pedro adormeceu quando deveriam orar, e o resultado foi o fracasso espiritual (Mc 14.29-31,67-72). Deus espera que usemos os sentidos que Ele nos deu para que, conduzidos pelo Espírito, possamos perceber quando Satanás está começando a operar (WIERSBE, 2007, p. 78).

III. REQUISITOS PARA UMA ORAÇÃO EFICAZ

1. Orar com fé. A fé é um dos requisitos indispensáveis à oração. O Senhor Jesus disse: “E, tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis” (Mt 21.22); “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23); e, o apóstolo Tiago nos exorta dizendo: “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que dúvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte” (Tg 1.6). Portanto, não basta orar, é preciso ter fé e reconhecer que, mesmo que nos pareça impossível o que estamos pedindo, todas as coisas são possíveis para Deus (Mt 19.26; Jo 11.25,26). O próprio Senhor Jesus declarou (Mc 9.23;11.24). O escritor aos hebreus admoesta-nos: “cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10.22).

2. Em nome de Jesus. Um outro requisito não menos importante para uma oração eficaz, é fazê-la em Nome de Jesus, na autoridade do Filho de Deus. O próprio Senhor Jesus nos ensinou, dizendo: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13,14); “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda” (Jo 15.16); “E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar” (Jo 16.23).

3. Segundo a vontade de Deus. É imprescindível que a vontade de Deus prevaleça sempre sobre as nossas vidas. Por isso, devemos orar pedindo a Deus que faça sempre conforme a Sua vontade (Mt 6.33). O próprio Jesus nos deu o exemplo quando orou no jardim do Getsêmani: “E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26.42). E, o apóstolo João, diz: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1ª Jo 5.14).

IV A ORAÇÃO NO SERMÃO DO MONTE
- O Senhor Jesus falou sobre o assunto no Sermão do Monte para corrigir as distorções existentes na época sobre a oração. É necessário reconhecer, nas palavras dos vv. 5-8, o que Jesus estava ensinando, qual prática tinha a aprovação de Deus e o que era reprovado.

1. Oração nas praças e nas sinagogas (v.5).
- Jesus não estava proibindo orar nas ruas, praças ou nas sinagogas. É que líderes religiosos da época procuravam as esquinas e os locais movimentados, onde levantavam as mãos para cima na presença das pessoas, para mostrar a elas uma imagem de alguém piedoso e temente a Deus. Eram exibições para serem elogiadas pelo público; por isso, Jesus disse: “Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (v.5b). São essas práticas exibicionistas que Jesus proibiu aos seus discípulos, e não as orações em público ou nas igrejas. Ele mesmo ensinava, pregava e curava nas sinagogas (Mt 4.23). Estava orando quando o Espírito Santo desceu sobre Ele no batismo: “Sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu” (Lc 3.21). Ele também orou em público por ocasião da ressurreição de Lázaro (Jo 11.41-44).

2. Oração em secreto (v.6).
- Jesus proíbe a ostentação e a hipocrisia. Não há como alguém se mostrar estando no próprio aposento, sozinho em oração, onde ninguém está vendo. Isso, no entanto, não significa que a oração só pode ser aceita se for secreta. Mas significa que Deus, que é onisciente e onipresente e conhece o nosso coração, nos recompensa. Ou seja, as nossas petições e súplicas são atendidas (Fp 4 .6). A oração num lugar secreto em uma das dependências da residência, sem a comunhão com Deus, tampouco lema aprovação do Senhor.

3. As vãs repetições (v.7).
- Jesus nus instrui com essas palavras: “Orando, mio useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos”. Isso dá a entender que havia judeus que oravam como os gentios, ou seja, os pagãos (1ª Rs 18.26; At 19.34).

- Há religiosos que levam horas orando e repetindo palavras sagradas, pois acreditam que isso aumenta o seu crédito no céu. O termo grego usado para “vãs repetições” é battalogéo, “repetir palavras sem sentido”. A eficácia da oração não está na sua extensão nem nas repetições das palavras, pois oração é também comunhão com Deus.

- A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas [...].

4. Entendendo o ensino de Jesus.
- O Mestre não está condenando a oração longa ou repetitiva, mas as “vãs repetições”. O próprio Jesus, no Getsêmani, repetiu as mesmas palavras três vezes na oração (Mt 26.39,44). Jesus passou a noite orando no monte para escolher os doze apóstolos; com certeza, essa oração não foi curta (Lc 6.12). Além disso, Ele nos ensina a orar sem nunca desanimar (Lc 18.1). A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas nos diversos ramos do cristianismo.

V. O PAI NOSSO

- Jesus repetia os seus ensinos em ocasiões e locais diferentes. Esses discursos são registrados, às vezes, por mais de um evangelista, e assim surgem algumas modificações. Um exemplo disso é a oração do Pai Nosso, em Mateus e em Lucas. São duas situações e locais diferentes. Sua importância está no fato de ser uma oração modelo. Podemos dividi-la em três partes: sobre o Deus que adoramos, sobre as nossas necessidades e sobre os nossos perigos.

1. O nosso Deus.
- O Pai Nosso é uma oração modelo, e isso pode ser visto na linguagem usada por Jesus: “Vós orareis assim” (v. 9), e não o que devemos orar. Ele continua: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”. Essa forma de se dirigir a Deus é peculiar ao Novo Testamento, pois os justos do Antigo Testamento nunca a usaram. Deus, o Criador, é o nosso Pai. A liberdade que temos de nos aproximar d’Ele e chamá-lo de “Pai” ou, de maneira mais íntima, de “Aba, Pai”, expressão aramaica que significa “papai”, é um dos grandes privilégios dos cristãos (Rm 8.15; Gl 4.4-6). Essa bênção foi mediada por Jesus. - Santificar o nome não significa tornar seu nome santo, pois ele já é santo em sua essência e natureza, mas é o nosso dever reconhecê-lo como tal.

2. As nossas necessidades.
- O termo “pão” em “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11) inclui tudo aquilo de que o nosso corpo necessita. Mas só hoje? E o futuro? Jesus nos ensina a sermos moderados em nossos desejos e pedidos (Pv 30.8,9). Isso remete também à confiança na provisão de Deus para a nossa vida (Mt 6.25-34). O perdão é outro ponto importante: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (v.12). Já não fomos perdoados e já não somos filhos de Deus? É verdade, mas estamos sempre expostos ao pecado (1ª Jo 1.8,9). Todavia, precisamos também perdoar aos que nos fazem o mal (Mt 18.32-35).

3. O livramento dos perigos.
- Essa petição no Pai Nosso: “Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal (v.13) se refere aos perigos diários a que estamos expostos num mundo sedutor e corrompido (Fp 2.15). É verdade que Deus não tenta as criaturas humanas (Tg 1.13), mas devemos pedir a Deus que não permita que voluntariamente venhamos a nos deparar com a tentação.
- A oração termina com a doxologia: “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre” (v.13b), para ser um resumo de um trecho da oração de Davi (1ª Cr 29.11-13). A expressão reflete o espírito das Escrituras Sagradas.

CONCLUSÃO. Colocando em prática esses princípios dos ensinamentos de Jesus acerca da oração o Senhor nos ouvirá e mandará a resposta, uma vez que ele nos garantiu: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Lc 15.7). A vivência desses ensinamentos do modelo da oração proposta por Jesus conduz o crente a uma vida vitoriosa e mais íntima com Deus o Pai.

FONTE DE PESQUISA
1. ANDRADE Claudionor. 2º Trimestre de 2008. As Disciplinas da Vida Cristã - Trabalhando em busca da perfeição, CPAD.
2. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
3. CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
4. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
5. LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Efésios. HAGNOS.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
7. WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP: GEOGRÁFICA, 2007.
8. WILLMINGTON, Harold L. Guia de Willmington para a Bíblia Vol.2. ACADÊMICO, 2015.