TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O SERVIÇO NA OBRA DE DEUS

 


João 13.14,15 “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” 

I. O SIGNIFICA DO TERMO SERVIÇO 

A palavra do hebraico moderno para serviço é שֵׁרוּת (sherút); Servir é לְשָׁרֵת (lesharêt). No grego a palavra serviço é δουλος (doulos) que vem da palavra δεω (deo) que significada “atar um laço, prender, atar, prender com cadeias, lançar em cadeias.” A palavra δουλος (doulos), então, significa “escravo, servo, homem de condição servil, (metáf.), alguém que se rende à vontade de outro; aqueles cujo serviço é aceito por Cristo para estender e avançar a sua causa entre os homens. Assim, δουλος (doulos) é a palavra comum para escravo, alguém que está permanentemente em servidão, em sujeição a um mestre. 

A segunda palavra para serviço é διακονος (diáconos) também pode designar um escravo ou um homem livre, denota um empregado visto em relação ao seu trabalho. 

A terceira palavra para serviço é οικετης (oiketes) designa um escravo, algumas vezes sendo praticamente equivalente a δουλος (doulos). Geralmente, no entanto, como a etimologia do termo indica, significa um escravo como um membro da família, não enfatizando a ideia servil, mas antes a relação que deveria tender a suavizar a severidade de sua condição. 

A quarta palavra para serviço é υπηρετης (huperetes) significa literalmente um remador inferior, e era usado para descrever um remador comum numa galera de guerra. É então usado, como no N.T., para indicar qualquer homem, não um escravo, que servia numa posição subordinada, sob um superior.

Essa palavra serviço no latim servitium, significa: “escravidão, servidão”, de servus, “escravo”, possivelmente de origem etrusca. Esta gerou também o substantivo “servo”, o adjetivo “servil” e o verbo “servir”. 

Quem presta serviços é um “servidor”. Todo servo no trabalho do Senhor é pequeno, humilde, seja qual for a sua posição. Só o Eterno é infinitamente grande. Se alguém pensa que é grande, não é nada diante d’Ele!

O verdadeiro servo de Deus não tem vontade própria; seu prazer e realização estão em fazer a vontade do Senhor, por amor, gratidão e privilégio. 

II. A SERIEDADE DO SERVIÇO CRISTÃO 

O serviço cristão é uma das formas mais eficazes de testemunho da Igreja. O serviço tem que ter motivação correta. Coração, motivação e intenção. 

O serviço pode ser potencializado ou corrompido dependendo do teu coração. 

1. Definição de coração. “Coração” (hebraico לֵב léb; grego καρδία kardia, no latin cordis que significa “coração e ocorre aproximadamente 1000 vezes, muitas vezes disfarçado de tradução, e o alcance do significado é imenso.

O coração é o centro do intelecto. O coração é o centro das emoções. Por fim, o coração é o centro da vontade humana. Jeremias 29.13 “Quando duas pessoas concordam é porque seus corações estão juntos ou unidos.” 

2. Coração. Deus, em sua infinita sabedoria e soberania, decidiu usar homens e mulheres para a execução de seus planos. Se examinarmos a Bíblia, vamos encontrar Deus usando vidas para cumprir Seus eternos propósitos, tanto antes de Cristo, com o povo de Israel, quanto depois d’Ele, com a Igreja.

Quando Jesus estava executando Seu ministério, tinha como objetivo deixar uma organização que desse continuidade à obra de Deus na terra, e esta organização é a Igreja. 

“Também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.” (Mt 16.18). Jesus disse: “edificarei a minha igreja”. A Igreja é o instrumento de Deus para a realização dessa obra missionária, e responsabiliza-se pela seleção, treinamento e envio de missionários. 

1.2. O serviço precisa estar conectado com o coração. Por exemplo, “concordar” é palavra formada do latim con + cordis, isto é, com coração.

“Discordar”, por outro lado, é o oposto. Vem do latim dis (separar) + cordis (coração). Quem discorda, portanto, afasta-se do coração do outro. “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.” (Jr 29.12,13).

Quando invocamos ao Senhor e O buscamos de todo coração Deus, Ele nos ouve, atende nossos pedidos, perdoa nossos pecados, nos recebe como filhos, nos dá a vida eterna. Ao nos entregar totalmente, temos um encontro real com Ele, passamos a ter intimidade com o Pai, intimidade que transforma nossa vida, restaura as feridas, traz luz onde havia escuridão, e alegria no lugar de tristeza. Se você ainda não foi impactado pelo amor de Deus, entregue-se totalmente a Ele, busque-o com todo seu coração, deseje ter intimidade com o Pai, e certamente sua vida será cheia da graça e do amor de Deus. 

1.3. O serviço pode ser corrompido por causa do coração. Salmos 24.3-5 “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? 4- Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. 5- Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação. 6- Esta é a geração daqueles que buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó.” 

Após entender que Deus é o dono de toda a criação, Davi percebe um problema: o monte do Senhor é Jerusalém, onde se encontrava o templo. Ele cria que Deus estava no templo, por isso estar no templo era estar na presença do próprio Deus. Deus é santo. O lugar onde Deus está é santo. Sendo santo ele pergunta: “Quem poderá permanecer no seu santo lugar?”

Davi entende que para prestar qualquer serviço diante do El Shaday (louvor, adoração), devem ser limpos de mãos e puros de coração. “Assim é a geração dos que o buscam, dos que buscam a tua presença…” (v. 6). Aqueles que buscam o Senhor são os que foram purificados, regenerados e salvos pela graça e, somente pela graça. 

2. Motivação. Atos 8.13-22 “E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. 14- Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. 15- Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.16- (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). 17- Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. 18- E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, 19- dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. 20- Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. 21- Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. 22- Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração.” 

“E creu até o próprio Simão”. Convencido do poder sobrenatural exercido por Felipe, Simão creu intelectualmente, mas a motivação de seu coração estava erada. 

“Os apóstolos [...] enviaram Pedro e João” (v. 14). Jesus tinha dado as chaves (poder) do reino (Mt 16.19) a Pedro. Ele era aquele que Deus usaria para abrir as portas dos corações dos judeus (cap. 2), dos samaritanos (cap. 8) e dos gentios (cap. 10). 

“Então, lhes impuseram as mãos” (v. 17a). Uma prática comum na Igreja primitiva (At 13.1-3; 1ª Tm 4.14). Nesse caso, a imposição de mãos está claramente relacionada à oração para o que aos samaritanos recebessem o Espírito Santo. 

“E Simão, vendo que pela imposição das mãos [...] era dado o Espírito Santo” (v. 18). Simão não queria o Espírito Santo como um dom espiritual que selaria seu batismo, mas para usar o poder e dominar os outros. Queria o poder exterior sem passar pela mudança interna que justifica o dom. É possível que tivesse a intenção de ganhar dinheiro com a habilidade de conceder o Espírito Santo a outros a seu bel-prazer. 

“Dai-me também a mim esse poder” (v. 13). Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.

Simão confundiu o trabalho de Deus com suas práticas mágicas. O fato de outros terem pago pelos segredos da sua magia motivou Simão a pensar que esse era o melhor modo para se aproximar de Pedro. Porém, ele logo aprendeu sobre o grave que estava cometendo. 

“Ofereceu-lhes dinheiro” (v. 17 b). Daí vem o termo simonia (Simão), para denotar o comércio de coisas sagradas, principalmente a compra de serviços eclesiásticos. A ambição espiritual aqui se mostra a chave para o caráter deste homem miserável. 

“Teu dinheiro seja contigo para perdição” (v. 20a). Isto é, “Amaldiçoado seja tu e o teu dinheiro contigo”. É a linguagem do horror e indignação mesclados, não muito diferente da repreensão do próprio Pedro por parte do Senhor (Mt 16.23). 

3. Simão ficou motivado, mas o coração não era reto. “...porque o teu coração não é reto diante de Deus” (v. 21). Esta é a fidelidade de um ministro de Cristo a alguém que engana a si mesmo de uma maneira terrível. 

4. Intenção. A palavra intenção no hebraico é כוונה Kavanáh,I vem de כיוון Kivun, que significa direção ou direcionamento para onde se quer atingir. Vem também da expressão Lekaven (לכוון), que significa mirar, ou mais precisamente apontar para alguma direção.

Na tradição judaica, o conceito de intenção se resume em um termo único, kavaná. Literalmente, esta palavra significa “direção”. Apenas focando as nossas palavras na direção correta, para um objetivo exaltado, enchemos a nossa oração de intenção e significado. É muito fácil fazer isso! A maneira de adquirir esta direção é ter uma compreensão profunda das palavras que recitamos. 

4.1. Simão tinha a mesma intenção, mas a motivação errada. “Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração” (v. 22).

“Arrependa-se… ore…”. Simão pensou que pudesse comprar o poder do Espírito Santo, mas Pedro o repreendeu severamente. O único caminho para receber o poder de Deus está em fazer o que Pedro aconselhou Simão a fazer: afastar-se do pecado, pedir perdão a Deus e ser cheio do seu Espírito. Nenhum bem e nenhuma quantia em dinheiro pode comprar a salvação, o perdão dos pecados ou o poder de Deus. Estes são obtidos somente pelo arrependimento e pela fé em Cristo como Salvador.

O sistema de Simão não olha o coração, mas o sistema de Pedro olha a intenção do coração, e para o Senhor o que importa é o coração. Judas quando andava com Jesus tinha a mesma intenção, mas o coração não era reto. Motivação incorreta, avareza. Não muito diferente nos dias hodiernos, onde grande parte das lideranças cristãs estão com a motivação erada, assim como Geazi, servo de Eliseu. 

4.2. O Senhor Deus se agradou primeiro do coração de Abe e depois de sua oferta. Gênesis 4.4,5 “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. 5- Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.”

Gênesis 4 diz que num certo tempo os dois irmãos trouxeram ofertas ao Senhor. Sendo lavrador, Caim trouxe sua oferta do fruto da terra. Já Abel trouxe sua oferta das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Isso significa que ele ofereceu ao Senhor o primeiro e o melhor entre o seu rebanho. 

O texto bíblico revela que Deus se agradou de Abel e de sua oferta. Sim, Deus se agradou não apenas da oferta, mas também do próprio adorador. Na verdade, não há como separar o verdadeiro adorador de sua adoração ao Senhor. Sobre isso o escritor de Hebreus escreve que pela fé, Abel ofereceu maior sacrifício do que Caim e obteve testemunho de que era justo (Hb 11.4).

Mas Caim não fez nada disso. Caim achou que poderia se aproximar de Deus sem fé e de qualquer maneira. Jamais ele teria sucesso, pois sem fé é impossível agradar a Deus (H 11.6). 

5. O Senhor conhece o coração de todos. Jeremias 17.10 “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”

No discurso de Pedro em Atos 1.24, o Senhor é chamado “o conhecedor do coração”. O coração do homem pode estar tão oculto que homem algum poderia discernir, mas Deus, que é Criador deles, e Ele conhece todos os pensamentos, conselhos e propósitos deles, e o bem ou ruim que está neles: Somente “o Senhor sonda os corações” (Pv 21.2). O Senhor além de tudo, analise nossas motivações, se estamos ou não no caminho certo, se a nossa será ou não, benção.

Senhor, tu me sondas e me conheces. O Salmos 139.23,24, o salmista declara que “Deus conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos.” O Deus sabe mais sobre sua vida do que ele próprio. Ele reconhece que o conhecimento de Deus vai ao mais profundo de seu ser, onde nem mesmo ele é capaz de ir. A partir do verso 2, o salmista fala sobre como Deus conhece cada momento do seu cotidiano. Mas o salmista vai ainda mais além. Ele declara que Deus percebe de longe os seus pensamentos.

O grande sábio Salomão nos orienta que acima de todas as coisas “...que se devem guardar, devemos guardar o nosso coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23).

Os nossos atos vêm sempre do coração, é o que determina as atitudes e o comportamento, pois é do coração que procedem fontes do bem e do mal conforme o ensino do Metres Jesus: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.” (Lc 6.45). 

Quando temos um coração com a intenção certa, perseveramos. Há uma diferença entre os que servem e não servem. A forma de falar e de se portar é diferente. Quando estamos cheios da Palavra, nossa reação é a Palavra, nenhuma notícia negativa irá interferir nisso.

Os fariseus adoravam o Eterno com a intenções de seus corações erradas: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” (Mt 15.8,9). Eles são fiéis nas formas de adoração; rigorosos nas observâncias cerimoniais, e cumprem a lei externamente; mas Deus requer o coração, e que eles não o tenham rendido. 

6. Deus só recebe dos corações que se movem voluntariamente. Êxodo 25.1,2 “Então falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.”

“...de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente...” Dar de si passa pelo coração (com um coração motivado e voluntariamente) e pelo entendimento.

Fruto é eterno e o resultado terreno. 

7. Servir no latim é servitium, que significa condição de escravo, jugo e obediência.

O que você tem dado ao Senhor, o que você quer entregar ou que Ele te pediu para entregar? 

7.1. Renúncia é o que Deus pede de ti. Mateus 16.24,25 “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; 25- Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.”

 

Se alguém deseja ser seguidor de Jesus Cristo, ele deve de uma vez por todas renunciar a si mesmo (suas vontades, seus interesses, suas inclinações) e unir-se com Cristo na cruz. Jesus ao tomar a cruz não procurou fazer a Sua vontade, mas fez a vontade do Pai. Assim também ocorre com Seus discípulos, não procuram viver para fazer suas próprias vontades, mas vivem para fazer a vontade do Pai.

Alguém segue a Cristo colocando sua confiança nele, mesmo que seja confrontado, perseguido, humilhado, mesmo que tenha que renunciar a si mesmo. Só aquele que se prontifica e se dispõe a viver assim é que pode verdadeiramente ser discípulo de Cristo. Porém aquele que deseja ser um discípulo de Jesus, mas não atende ao chamado para a cruz, procurando preservar sua vida (seus amigos, familiares, emprego, estudo, conforto etc.) este perdê-la-á. Pode perder no momento presente e o mais grave, pode perder pela eternidade. Mas quem perder sua vida por amor de Jesus achá-la-á. 

7.2. O exemplo do jovem rico (Mt 19.16-23). Quando o moço, depois de dizer a Jesus que estava guardando os mandamentos, perguntou o que ainda lhe estava faltando, Jesus lhe disse: “...Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me” (v. 21). Todavia, a Palavra de Deus nos informa que ele “...ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades” (v. 22). Ele cumpria os mandamentos, mas não conseguiu se entregar completamente. Pela letra da lei ele se considerava irrepreensível e talvez até justo diante de Deus, no entanto, seu coração estava preso nos seus bens matérias. 

7.3. Cumprir é um rito e entregar é o que Deus quer. Salmos 37.5 “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.” O prazer é estar perto do mestre, a vida eterna, isso é um galardão eterno.

“Entrega o teu caminho ao Senhor”. A palavra “entrega” (גול gal), traduz no original um verbo empregado pelo salmista que literalmente significa “rolar”, no sentido de se ver livre de um peso. Então isso significa que a palavra “entrega” aqui, basicamente quer dizer “deixe seu fardo”. Isso significa transferir todas as suas preocupações para Deus. Esse é o conselho dado pelo salmista ao conectar a confiança no Senhor com a certeza da providência divina. 

8. Obediência é o canal do servo. Colossenses 3.22,23 “Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. 23- E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens.”

Nos textos relacionados podemos tirar algumas aplicações espirituais importantes para nossas vidas:

A primeira aplicação está relacionada a qual deve ser a nossa motivação em servir pessoas ou até mesmo em obedecer nossos líderes?

Às vezes é importante que perguntemos a nós mesmos, porque estamos fazendo o que fazemos. Todo cristão deveria questionar a si mesmo acerca do que o motiva a ser líder do louvor, do Dept. de homens, ou de qualquer ministério na Igreja local.

Eu mesmo costumo fazer esta pergunta, quando estou enfrentando lutas que podem me desmotivar a continuar avançando no serviço do reino.

Em colossenses 3:23 Paulo nos lembra que nossa grande motivação em tudo que fazemos é agradar ao Senhor. Ele diz: “….tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens….”.

A base de todas as ações que nós, cristãos, devemos tomar deve estar enraizada no que Colossenses 3.23 determina. Tudo o que fazemos deve ser para a sua glória, para exaltar o seu nome e para o crescimento do seu reino. E isso não serve somente para a área espiritual, mas inclui a nossa responsabilidade como cidadão, como chefe, como empregado, em todas as esferas do nosso posicionamento na sociedade.

Paulo nos recomenda a servir ao Senhor de todo coração, porque era assim que ele o servia. Havia no coração de Paulo um imenso sentimento de gratidão ao Senhor, que o havia alcançado com sua graça, e mudado toda a sua vida. Esta gratidão ao Senhor levava o apóstolo a querer retribuir ao Senhor, servindo-o de todo coração.

Se você reparar atentamente no que a Bíblia diz, está muito claro que ‘TUDO’ o que fizerdes se refere a exatamente tudo o que nos propomos a ser, dizer, pensar e fazer! Isso significa que nós não podemos ter áreas nas quais nós nos entregamos pela metade. O conselho é: “em tudo o que fizerdes, façam de todo coração”. Isso inclui o nosso trabalho, nossos estudos, nosso tempo com nossa família, nossa vida de oração, nossa forma de servir o próximo e amar nossos inimigos. 

IV. DEUS BUSCA HOMENS DE CORAÇÃO REGENERADOS 

1. Precisamos gerar uma consciência de como está nosso coração. Ezequiel 36.25,26 “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. 26- E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.”

O Senhor diz que há pessoas com um coração de pedra, endurecido como pedra para a compreensão da verdade e do amor de Deus. Mas aqueles que abraçar Jesus como Salvador e Senhor receberá uma nova marca no coração, isto é, alguém atendeu a Ele e desejou obedecer.

Quando nos tornamos cristãos, nascemos de  novo, ou seja, o Senhor transforma o nosso coração duro e nos dá um novo coração, um coração mais suave. Então nossos corações estão dispostos a não apenas ouvir Palavra de Deus, mas obedecê-la. 

V. VOCÊ SERVE A QUEM? 

1. Devemos servir não de maneira fingida, mas com sinceridade. Ef 6.6-7, “Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; 7 servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens.”

De acordo com este texto, nosso servir deve obedecer a duas prerrogativas: 

1.1. Não devemos servir apenas na aparência. Existem muitos filhos de Deus que aparentemente se apresentam como servos, porém interiormente se mostram “senhores”, uma vez que suas atitudes denunciam que eles não são submissos a Deus.

Servos e senhores devem servir fielmente a Cristo, mesmo quando ninguém está observando, porém, Deus vê tudo o que fazemos e um dia iremos lhe prestar conta de nossos atos. 

1.2. Devemos servir de coração, fazendo a vontade de Deus. Aqui está a excelência do verdadeiro servir, que é uma disposição que vem de dentro, do coração. E ainda, segundo a vontade de Deus. O verdadeiro servo procura agradar ao Senhor a quem presta serviço, e não tem como pretensão agradar a si mesmo, ou aos homens.

O apóstolo Paulo vai diz que devemos fazer a vontade de Deus que é invisível, mas sempre presente Senhor: a melhor garantia para o seu fiel serviço ao seu mestre terreno quando presente e ausente e de todo coração.

Geazi era um exemplo negativo, um homem muito diferente na presença de seu mestre do que ele era em sua ausência (2º Rs 5.1-18). 

2. Como para o Senhor. Colossenses 3.22-25 “Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. 23- E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, 24- Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. 25- Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas.” 

O ensino do apóstolo Paulo é para os escravos cristãos. Talvez a questão dos escravos e dos senhores pareça ultrapassada e inaplicável à sociedade moderna, mas, se considerada pela segunda vez, há princípios importantes nesta passagem. Ainda que a escravidão não possa ser oficialmente aceita ou praticada hoje, a admoestação para que o indivíduo se dedique ao seu senhor como se estivesse trabalhando para Deus, e não para pessoas, aplica-se aos empregados. Independentemente de o senhor ser ou não um cristão, deveriam cultivar a obediência não como um peso decorrente de pressão externa, mas uma disposição movida pelo amor a Deus. Isso faz toda a diferença no servir. Essa atitude deveria ocorrer principalmente na ausência do seu senhor. A melhor maneira de agradar alguém é ser fiel mesmo quando não se é observado. 

A dedicação no trabalho e a fidelidade demonstrada ao seu senhor deveria ter como motivação a pessoa de Jesus Cristo que é honrado por Seus servos quando estes vivem na integridade a nova vida. Sendo justo, Deus não se esquece daqueles que por amor ao Seu Nome dão o bom testemunho esperado de um filho. Recompensa-os com bênçãos espirituais e materiais no presente e pôr fim a vida eterna com Deus no porvir (1º Sm 2.30b; Hb 6.10). O cristão na condição de subordinado no ambiente de trabalho busca a excelência no que faz. Essa atitude representa sua forma pessoal de adorar, louvar e servir a Deus. 

O galardão da herança. A forte motivação para servir bem a alguém é encontrada no futuro galardão que Jesus concede àqueles que são fiéis nesse serviço. Normalmente, pensamos que recebemos recompensas eternas graças a práticas espirituais como leitura bíblica, oração ou evangelismo. Aqui, Paulo afirma que todo trabalho feito para a honra de Cristo trará uma recompensa eterna.

Quer concordemos ou não, a verdade é que a lei da semeadura e colheita perpassa nossas ações, seja para bem ou mal. Isso ocorre porque Deus é responsável pelo que ouve e vê e o Seu caráter O impele para exercer a justiça, o juízo ou a misericórdia (Mt 12.35 -37; Lc 12.2-3; Gl 6.7-8).

Há um princípio que rege a vida: o que fazemos revela o que somos e o que somos está vinculado ao que cremos. 

3. Como Jesus, devemos estar dispostos a servir. 1ª Pe 4.10 “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”.

A palavra “servir” neste texto é “diakonew” – diakoneo, que quer dizer “ministrar”, “auxiliar”, “servir como provedor de determinada necessidade”. Isto significa “ministrar (servir) ao Senhor em favor de outros”. 

Não foi para ser servido que Jesus veio ao mundo, mas para servir e dar sua a vida (Mc 10.45). Ele mostrou com seu exemplo como deveria agir aqueles que o seguiam e chamavam de Mestre. 

Deus nos chamou para servi-lo e não para sermos servidos. O bom soldado chamado por Cristo não se embaraça com as coisas desta vida (2ª Tm 2.3-5). O servo é aquele que trabalha na obra de Deus, não importa em qual função: pastoreio, evangelização, ensino, pregação, benevolência, visitação, etc., e todos são servos; servos de Cristo e da igreja. 

Temos dons naturais que Deus nos concedeu como seres humanos e concedeu e nos concede também dons espirituais à medida que o buscamos e nos colocamos em Suas mãos. Devemos usar nossos dons para honrar e glorificar a Deus e para beneficiar a igreja e os irmãos em Cristo. 

Como despenseiros, ou seja, mordomos da casa de Deus (corpo de Cristo); temos a responsabilidade de cuidar e guardar as coisas pertencentes ao nosso Senhor; e isto inclui serviço. A graça de Deus é demonstrada de inúmeras formas em nossas vidas e uma delas é servir a Ele e ao nosso próximo. Esta é uma grande honra! 

VI. O OBJETIVO DO SERVIÇO CRISTÃO 

1. Cultuar ao Pai. A palavra “culto” deriva do Latim, cultu, e significa adoração ou homenagem a Deus. Etimologicamente, o termo latino cultu envolve a raiz colo, colere, que indica “honrar”, “cultivar”, etc. Classicamente, os reformados ortodoxos definiram “religião” como recta Deum colendi ratio, “a maneira correta de honrar a Deus”.

Os principais termos que descrevem o ato/atitude de “culto” são o Hebraico, החָשָׁ (shachah) e o Grego, προσκυνέω (proskuneo). Essas duas palavras e seus derivados correspondem a 80% do uso cúltico bíblico. O primeiro vocábulo, shachah, significa “inclinar-se, prostrar-se”, como, por exemplo: “E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar [lit. “prostar”] perante mim, diz o Senhor” (Is. 66.22). A segunda palavra, proskuneo, indica originalmente “abaixar-se para beijar”, vindo a indicar “prostrar-se para adorar”, “reverenciar”, “homenagear”, etc. O exemplo clássico sai da boca de Jesus: “Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram (προσκυνοῦντας) o adorem (προσκυνεῖν) em espírito e em verdade” (Jo. 4.24).

Há ainda dois importantes termos que expressam ideias de culto. O primeiro é דבַעָ (abad), “servir”, “trabalhar”. Por exemplo, Yaweh diz a Moisés: “Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado do Egito o meu povo, servireis a Deus neste monte” (Êx 3.12). A segunda palavra é λατρεία (latreia), “servir”, como visto no diálogo de Cristo com o Diabo: “Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás (προσκυνήσεις), e só a ele servirás (λατρεύσεις)” (Mt 4.10). É interessante notar que um dos locus classicus de adoração e culto utiliza este termo para descrever a entrega do corpo a Deus como “culto racional” (λογικὴν λατρείαν) (Rm 12.1).

O que se pode concluir deste rápido estudo etimológico? “Cultuar” envolve tanto a ‘homenagem ou reverência’ a Deus, quanto o ‘serviço’ a Sua Pessoa! 

2. Glorificar o Pai. João 15.8 “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” 

O plano de Deus para nós é que produzamos muito fruto, e assim seu nome será glorificado. O Cristianismo precisa fazer (e faz) diferença em nossa vida. O seu principal objetivo é, sem dúvida alguma, a glorificação do nome de Cristo, pois a Igreja é a comunidade adoradora por excelência.

O bom fruto é produzido somente por uma boa árvore. Mateus 7.16-18 “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? 17- Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. 18- Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.” 

“A árvore boa produz bons frutos”, são aqueles comportam-se conforme o ensino de Cristo, deixando enraizar em seus corações a semente da Palavra, produzindo frutos de amor, misericórdia, fidelidade, paz e bondade que são percebidos por todos. Este é o verdadeiro fruto que glorifica o Pai. 

A árvore má produz frutos maus, é comparado a uma árvore má, produzindo frutos maus. São pessoas que, às vezes, até vão às igrejas, ouvem a Palavra, se emocionam, mas continuam produzindo os mesmos tipos de frutos: ódio, contendas, intrigas, fofocas, confusões, incompreensão, infidelidade... Endurecem seus corações e não permitem que a semente de Cristo penetre e cresça. 

Por fim existe também a árvore que não produz nenhum fruto. Pessoas que vão aos cultos, estudam a Palavra, mas não fazem nada na obra de Deus. Estão há anos na mesma estagnação espiritual, como plantações cheias de folhas, mas sem fruto algum que se aproveite; para essa árvore má Jesus diz: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15.2-6). 

VII. CRISTO, UM EXEMPLO DE SERVO 

Mateus 20.28 “Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” 

1. A missão de Jesus. A missão de Jesus não foi para distribuir cargos, e recompensas aos que o seguiam, mas tinha uma missão que ia muito mais longe, deveria salvar a humanidade, com sua morte e ressurreição.

Jesus quis deixar aos Seus discípulos o exemplo de serviço, e isso se fazia necessário porque, naqueles dias, assim como atualmente, são poucos os que querem servir, a maioria deseja mesmo é ser senhor (Mt 20.20-27). 

2. O pedido ambicioso de uma mãe. Mt 20.20-21 “Então se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o, e fazendo-lhe um pedido. 21- E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.” 

Os discípulos esperavam que Jesus fosse reinar na terra. Os discípulos, não tinham referência ao reino dos céus, mas apenas ao reino que supunham que Ele estava prestes a estabelecer na Terra. Os dois não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Mesmo entre os discípulos havia a disputa a respeito de quem seria o maior no Reino de Deus. Em oposição a esse padrão, Jesus sempre se apresentou como um servo, que teria vindo ao mundo para servir, e não para ser servido (Mc 10.45). Paulo reafirma essa doutrina ao declarar aos crentes de Filipos que Cristo, ao vir a terra, esvaziou-se da glória celeste, e assumiu a forma de servo (Fp 2.5-8). No capítulo 13 de João, o Senhor revela a beleza do serviço cristão, e esse, na verdade, não se reverte, pelo menos na dimensão terrena, em ostentação, mas em sacrifício e humildade. 

3. Servir é ajudar os que necessitam de auxílio. O serviço cristão nasce do amor genuíno pelo Salvador e do amor e da preocupação por aqueles que Ele nos dá a oportunidade de ajudar assim como a orientação para fazê-lo. O amor é mais do que um sentimento; quando amamos alguém, queremos ajudar essa pessoa. 

A motivação do relacionamento de Jesus com os discípulos era pautada no amor, Ele os amou até o fim (Jo 13.1). O fundamento de todo e qualquer relacionamento deva ser o amor, aqueles que se assenhoreiam com base no poder jamais terão amigos de verdade. Aquela seria a celebração da última ceia antes de ser entregue às autoridades romanas para ser crucificado. 

Quando o cristão tem convicção do Senhorio de Deus, Ele não se adianta na busca por cargos, pois sabe que o Senhor tem as situações em Suas mãos. Com base nessa certeza, Jesus pegou a toalha e cingiu os lombos, numa atitude de alguém disposto a servir (Jo 13.4). Em seguida, passou a lavar os pés de cada um dos seus discípulos, inclusive o de Judas, e a enxugá-los com a toalha (Jo 13.5). Após aquele ato de demonstração de humildade e serviço Jesus interpretou, para os seus discípulos, seu significado. Jesus revelou ser, de fato, Mestre e Senhor, no entanto, ao invés de buscar honrarias, quis mostrar a sua disposição para o serviço (Jo 13.12) e deixar a instrução para que Seus discípulos fizessem o mesmo (Jo 13.13,14). Portanto, aquele não era um ato apenas para ser admirado, mas para ser imitado na prática cotidiana (Jo 13.15,17), considerando que, no Reino de Deus, maior é o que serve mais (Jo 13.16). 

VIII. POR QUE E COMO DEVEMOS SERVIR? 

1. O amor a Deus e ao próximo deve ser a base e o motivo para o serviço cristão. Para ser aceito por Deus e bênção para a igreja, o serviço cristão deve ser movido pelo amor. Jesus estava movido pelo amor quando lavou os pés dos discípulos. Naquela época isso era um serviço muito ruim, haja visto que as pessoas usavam sandálias abertas e viajam longas jornadas, muitas vezes a pé, e consequentemente, os pés ficam muito sujos. Ainda há o fato de que apenas os escravos lavavam os pés de seus senhores. Homens livres lavavam seus próprios pés. A ação de lavar os pés pode ser encontrada em muitos textos do Velho Testamento (exemplos: Gênesis 18.3 ao 5; 24.32; 43.24 dentre outros). Jesus amou seus discípulos ao ponto de não se importar com a situação em que se encontravam seus pés. Lavou-os. 

Jesus foi tão humilde que a toalha que usava para enxergar-lhes os pés estava posta em seus ombros (…com a toalha que estava cingido.). Esse gesto era costumeiro de um escravo! 

CONCLUSÃO.

Todo ministro é um mordomo na casa do Senhor, e ele tem a responsabilidade de levar o corpo de Cristo a adorar e servir ao Criador na beleza de Sua santidade. Todavia, a intenção do coração do adorador deve estar alinhada aos propósitos do Pai. No capítulo 17 e verso 9 do livro do profeta Jeremias o Senhor diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas...”, por essa razão precisamos examinar o nosso coração e averiguar se a intenção está realmente correta. Muitos crentes na igreja estão com propósitos e intenções erradas. Se nosso serviço não for para glorificar o Pai, estamos fazendo tudo errado. É necessário estar sempre avaliando e reavaliando para que possamos crescer no entendimento da Palavra. Precisamos tomar cuidado para que nossa adoração não seja vã. Quando se fala em envolver-se com a presença de Deus, é preciso entender que o Senhor coopera juntamente com a igreja. Quando somos orientados por pessoas certas, precisamos estar com os corações livres para que, assim, prosperemos em tudo que fizermos. Portanto reflita no que foi ensinado.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

AS QUALIFICAÇÕES QUE OBREIRO NECESSITA SER E TER

 


Lucas 10.2 “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.” 

Chamado e enviado por Deus.

Ungido por Deus.

Aprovado por Deus. 

O significado da palavra obreiro. Obreiro do grego ergates, trabalhador, obreiro; operário; aquele que trabalha por salário.  A palavraobreiro” quer dizeroperário” significa trabalhador. Aquele que trabalha em uma arte ou ofício!

Tem até insetos que trabalham! Formigas, cupins, e a conhecida abelha operária. É por isso que obreiros são trabalhadores da Obra de Deus.

INTRODUÇÃO

Mateus 22.14 “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Ou seja, Obreiros tem muitos, mas os aprovados por Deus são poucos. Infelizmente estamos vivendo uma época em que as exigências e qualificações que a Palavra de Deus recomenda para escolha e consagração de obreiros para exercer o ofício ministerial, seja diácono, presbítero, evangelista, pastor e bispo, tem sido vulgarizada e desvalorizada. Uns são chamados por simpatia, outros por amizade, outros por ter um bom status social, outros por ter uma contribuição alta, outros por paternidade, e na maioria das vezes eles não tem o mínimo de preparo ou vocação ministerial. Na escolha de Paulo e Barnabé, a igreja estava reunida em jejum e oração: “Eles estavam servindo ao Senhor e o Espírito Santo diz a eles para apartarem a Barnabé e Saulo para uma obra que ele os tinha chamado. Eles jejuam, oram, os outros impõem as suas mãos sobre eles e os despedem a fim de que cumpram o respectivo chamado de cada um.” (At 13.2,3).

A igreja hodierna não ora mais neste sentido, parece que a urgência da obra é muito grande, e eles não tem tempo para orar.

Muitos almejam o episcopado com interesse financeiro, para engordar a sua conta bancária, muitos já se tornaram verdadeiros profissionais do púlpito nas igrejas e estão pregando o que o povo gosta de ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Mas ainda existem obreiros qualificados e aprovados por Deus que estão fazendo a diferença nesta geração.

I. CHAMADO E ENVIADO POR DEUS 

Como já vimos a palavra chamado no gregas καλεω - kaleo que significa “chamar ou convocar”.

A palavra chamar no dicionário da Bíblia de Almeida, define-se assim: “Convocar certas pessoas para que se dediquem a trabalhos especiais no Reino de Deus (Rm 1.1). Também essa convocação é uma decisão divina, tomada desde a eternidade (Is 49.1,5; Jr 1.5; Gl 1.15)”. [WERNER, K. Dicionário da Bíblia de Almeida, p. 41].

A chamada divina é algo partícula entre o home e Deus. O verdadeiro ministério deve vir de Deus e não da parte dos homens – Cada pastor ou missionário deve poder dizer como Paulo: Gl 1.1 “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.” 

Os chamados são muitas pessoas que são convidadas a participar e contribuir e servir com o trabalho do reino. 

II. UNGIDO 

1. No Antigo Testamento. 1º Samuel 16.13 “Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.” 

Ungir significa o ato de derramar óleo em alguém ou algo, destacando o objeto ou pessoa para uma finalidade específica.

O ato de ungir com óleo simbolizava consagração, separação do ungido ao exterior. No Antigo Testamento os objetos sagrados (Êx 40.9-11), os sacerdotes (Êx 40.13-15), os profetas (1º Rs 19.16) e reis (1º Sm 16.13) eram ungidos com óleo sagrada para serviços religiosos.

O Salmo de Etã ele diz: “Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi.” (Sl 89.20).

A expressão “Achei a Davi, meu servo...”, isto é, Deus encontrou entre os currais; na vida humilde, alguém qualificado para o alto cargo de governante da nação e designei ou o designei para esse cargo.

“...meu servo...”. O nome servo, portanto, não denota nenhum mérito, mas se refere ao chamado divino para servir, ou sejá, o havia convocado para o Seu serviço.

“...com santo óleo o ungi.” No Velho Testamento os escolhidos por Deus (pela Sua soberania), “eram ungidos com óleo”, isso era feito em cerimonial, com a presença de várias testemunhas, era uma unção literal menos no caso de Davi, pois ele teve de ser ungido em segredo. Essa unção dada diretamente por Deus não era visível para o povo, não havia um cerimonial, portanto, era uma unção espiritual, dessa forma o profeta só era reconhecido como profeta pelas obras de profeta observadas nele com o passar do tempo.

A unção era literal e espiritual, ou seja, na vida de Davi ocorreram os dois tipos de unção: a literal quando ele foi aclamado rei em todo Israel (1º Crônicas 12.38 e a espiritual quando o Espírito de Deus se apoderou dele (1º Sm 16.13). 

2. Unção de Deus no Novo Testamento. Cristo e Messias significam “ungido”. Jesus foi ungido por Deus, com o Espírito Santo, para realizar seu ministério e salvar o mundo (Lc 4.18-19). 

2.1. Unção da eleição. 2ª Coríntios 1.21,2 “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus. O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.”

Todo que aceita Jesus como seu salvador é ungido por Deus, escolhido como Seu filho. Quando uma pessoa se converte, ela recebe a unção do Espírito Santo (2ª Co 1.21-22). Essa pessoa se torna sacerdote de Deus, consagrado e equipado para O servir e proclamar o evangelho (1ª Pe 2.9-10). Essa é a unção de Deus: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas.” (1ª João 2.20)

A unção de Deus não é um dom reservado apenas a alguns crentes especiais, é para todos. Pessoas diferentes têm ministérios e dons diferentes, mas a unção de Deus é a mesma para todo crente. Unção e dom são duas coisas diferentes. A unção indica nossa eleição como povo de Deus; o dom é uma bênção individual, dando uma capacidade específica. 

2.2. A unção para o ministério de Deus. Quando uma pessoa é chamada para o ministério há uma unção que lhe sobrevém para ocupar o ofício; caso contrário a pessoa somente teria que ficar de pé e falar. É bom falar e compartilhar o que se tem, mas isto é muito diferente de ser chamado para o ministério e ser estabelecido na Igreja.

Jesus, sendo o Filho de Deus, não iniciou seu ministério sem antes receber primeiro a unção do Espírito Santo (Jo 1.32; Lc 4.18; Sl 45.7).

Os apóstolos e a Igreja receberam também a unção divina (At 2.4; 6.10; 1ª Jo. 2.20-27).

Jesus foi sacerdote, profeta e rei e nós também o somos; por isso, temos que ser ungidos. 

III. PROVADOS 

Tiago 1.2-4 “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; 3 Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. 4 Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”. 

Sabemos que todo cristão passa por aflições e tentações ao longo da vida. Talvez você esteja vivendo tal situação. Lembre-se de que o nosso Senhor Jesus passou por inúmeras tribulações e tentações, mas venceu todas, tornando-se o maior exemplo de vida para os seus seguidores. Cada tentação vencida pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual. Um dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à medida da estatura de Cristo (Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada cristã. Deus nos recompensará! Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já venceu por nós e por isso somos mais que vencedores.” [Eliezer de Lira e Silva. O propósito da tentação. Lições bíblicas, 3º Trimestre de 2014]. 

1. Depois de convocado, o Senhor nos “provará”. Ap 2.2-3 “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. 3- E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.” 

A frase eu sei as tuas obras aparece nas mensagens a cada igreja (Ap 2.9,13,19; 3.1,8,15), como uma declaração de reconhecimento da parte do Juiz onisciente e onipresente.

Sofreste e tens paciência [...] e não te cansaste. Essas são qualidades que moldam o caráter do cristão (Rm 6.3,4) geram maturidade (Tg 1.3,4) quando ele enfrenta provas e sofrimento.

No que tange o obreiro, a provação vem para purificar das escórias. A palavra de Deus diz que não vem sobre nós tentação senão humana. 1ª Co 10.13 “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. 

2. A provação não vem pela derrota, e sim, para testar a nossa “fé”. 1ª Pe 1.6-7 “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, 7 Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo.” 

É interessante o que o apóstolo Pedro diz a respeito da nossa fé. Ele a considera mais preciosa do que o ouro que é provado pelo fogo. O ouro tem que ser ornado através do fogo para ser ainda mais valorizado (Zc 13.9). A nossa fé é ainda mais preciosa do que as riquezas, quando provada por várias tentações.

Mas essa fé somente se tornar preciosa quando, em meio as tentações, é achada em louvor, honra e glória. 

Todos aqueles a quem Deus deseja levar mais adiante em sua obra, sem exceção, passarão pelo crisol da provação. A Bíblia está repleta de situações desse tipo. Jó é um dos mais excelentes personagens a nos ensinar o quanto um homem pode suportar para manter-se em integridade diante de Deus [Tg 5.10-11]. Jó suportou os ataques de Satanás, as palavras acusadoras de seus amigos, e as fortes declarações de sua esposa. Jó perdeu a saúde, porém, mesmo não compreendendo, continuou crendo em Deus e na esperança de que um dia Ele se revelaria para ajudá-lo [Jó 19.25-26]. 

IV. APROVADO 

2ª Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. 

1. “Procura apresentar-te a Deus ...”. Há duas palavras que vamos analisar (Procura e apresentar). A palavra procura no grego spoudazo significa: “apressar-se; esforçar-se, empenhar-se, ser diligente; ou empenhar-se por algo; desejar ansiosamente”.  A palavra apresentar no grego paristemi ou prolongada paristano; colocar ao lado ou próximo a; apresentar ou mostrar; apresentar uma pessoa para outra ver e questionar; aproximar; permanecer, permanecer perto ou junto, estar a mão, estar presente; deixar \a mão; estar ao lado para ajudar, socorrer; estar presente.

O obreiro deve-se esforçar e empenhar para se apresentar-se diante de Deus. Se você deseja ser um ministro ou exercer qualquer tarefa na obra de Deus apresente ao Senhor o desejo que tem de servir e coloque sua vida na presença do Senhor. 

2. Aprovado. Aprovado significa admitido, habilitado, alguém que passou pela prova (Tg 1.12). Se aplica aos alunos que são aprovados nos estudos. Nesse caso, o aluno, para ser aprovado, tem que esforçar-se nos estudos, pesquisando muitas vezes, até altas horas da noite.

O obreiro também, ainda que chamado e ungido, tem que esforçar-se, dedicar-se de corpo e alma às coisas espirituais; não pode parar. Para manejar bem a Palavra, é preciso fazer exercícios. Se o obreiro é inteligente, Deus não aprova seu trabalho, e se Deus não aprovar, não adianta enfurecer-se, dar pulos ou saltar no púlpito.

O aluno, no final do ano, é aprovado ou reprovado. O obreiro também, ao final de sua carreira, será aprovado ou reprovado (1ª Co 3.9-15; 9.27; Mt 25.19-23; 2ª Tm 4.7). 

A prova é um teste, aqui é o resultado, se formos aprovados, bem-aventurados somos. Quando passamos no teste, somos aprovados: 

2.1. Por Deus. At 2.22 “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis”.

Jesus um homem que demonstrou ter a aprovação de Deus e ter sido enviado por Ele. Jesus operou muitos milagres, maravilhas e sinais diante do povo e isso demonstrava a aprovação e poder que Ele havia recebido do Pai. 

2.2. Pelos homens. Rm 14.18 “Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens”. 

Quando alguém é aceitável a Deus e aprovado pelos homens, o reino de Deus prevalece e floresce nele completamente: ele, quem com consciência tranquila e pacífica serve a Cristo em justiça, torna-se aprovado pelos homens e por Deus. Onde quer que haja justiça, paz e alegria espiritual, ali o reino de Deus é completo em todas as suas partes. Mas ele diz que esse homem é aceitável a Deus, porque ele obedece à Sua vontade; ele testifica que é aprovado pelos homens, porque eles não podem fazer outra coisa senão dar testemunho da excelência que veem com os olhos. 

2.3. Aprovado, como obreiro. Marcos 10.45 “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”

Ser obreiro é servir. Para ser grande no céu, começa com a humilhação. Foi o próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou isto: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10.43-44).

O Senhor Jesus Cristo mostra o caminho da vida cristã. Não é um caminho cheio de glória. Não é um caminho de auto exaltação, mas, pelo contrário, é um caminho de humilhação. Humilhação é uma palavra carregada de significado que menospreza as pessoas no mundo. Mas, o próprio Senhor diz que o caminho de glorificação começa com a humilhação. E foi exatamente o que aconteceu com Ele. Ele foi humilhado primeiro e só depois foi glorificado.

Quando alguém se apresenta como obreiro, está se colocando à disposição para servir. Todo obreiro passa por testes. Primeiro Deus lhe dá algo pequeno para depois fazer crescer seu ministério. 

3. Que maneja bem a Palavra da Verdade. A expressão “manejar bem” no original grego, vem do verbo grego orthotoméo que significa: “Cortar reto” ou “fazer o corte correto”. Assim como o agricultor ARA a terra em linha reta. O carpinteiro CORTA a madeira em Linha reta. Bem como um pedreiro CONSTRÓI a parede em linha reta. Assim também o obreiro do Senhor deve “fazer o corte correto, sem tortuosidade na palavra”.

Manejar no grego é o mesmo que ter habilidade, saber cortar, cortar em linha reta sem distorção, ter destreza (Paulo compara o obreiro com um soldado romano em uma luta). Paulo aqui fala do conhecimento que o obreiro precisa ter da Palavra de Deus.

Um obreiro da seara do Mestre Jesus, que se propõe a usar a Bíblia como sua ferramenta de trabalho, precisa saber fazê-lo corretamente. Nada de corte errado, nada de interpretações fora do contexto, nada de achismo (interpretação própria), criando heresias absurdas. Nesse tempo de grande apostasia, modismo e engano, é mais que necessário que saibamos usar corretamente a palavra de Deus, com sabedoria, sem adulterá-la. Amém!

O mínimo que se requer de qualquer obreiro é que conheça a Bíblia. Tudo o que fazemos precisa estar baseado na Palavra para ser bem-sucedido (Lc 5.5). 

Para isso o obreiro precisa:

3.1. Ser estudioso das Escrituras. Salmos 1.2 “Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite”.

O Obreiro deve estudar muito a Bíblia. A Bíblia é a autoridade suprema e o material de trabalho do líder. Além disso, o líder deve crer naquilo que prega, pois “a fé vem pelo ouvir a pregação da Palavra de Cristo.” (Rm 10.17).

Pv 22.17 “Inclina o teu ouvido, e ouve as palavras do sábio, e aplica o teu coração à minha ciência (conhecimento). Pv 23.12 “Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento”. 

Invista no teu ministério com tudo que você tem. Pv 4.4 “O princípio da sabedoria é: Adquira sabedoria: sim, com tudo o que possuis, adquira o entendimento”.

Pv 23.23 “Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o entendimento”.

Comprar é o mesmo que investir no conhecimento da Palavra de Deus. 

3.2. Buscar Capacitação. Marcos 3.13-15 “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios”. 

Jesus chamou Seus discípulos e os capacitou para realizar Sua obra. A capacitação deve ser espiritual, física e emocional (1ª Ts 5.23). O obreiro deve estar aberto com humildade para aprender sempre (Pv 27.6). O discípulo é alguém ensinável, um aprendiz. Quando buscamos capacitação alcançamos Visão Missionária (Jo 4.35). Nunca perca a visão de seu chamado e das vidas que Deus lhe deu. Não copie o que os outros estão fazendo. Busque a visão de Deus para sua vida.

O Obreiro Aprovado é um estudioso das Escrituras e busca capacitação!

3.3. Deve ser apto para o ensino. 1ª Tm 3.1-2 “Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar”.

2ª Timóteo 2.24 “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente”.

Aqui Paulo fala aos que aspiram a excelente obra, ou seja, o episcopado. Ele enumera uma série de virtudes que devem ser característicos do homem de Deus que vai ficar à frente da obra de Deus. Ele enumera uma série de virtudes que devem ser característicos do homem de Deus que vai ficar à frente da obra de Deus.

As exortações de Paulo a Timóteo para suportar as aflições, ser diligente, manejar bem a Palavra e ser um vaso adequado e útil ao Senhor são dadas no contexto de tempos difíceis e até trabalhosos.

Neste estudo vamos destacar a doutrina do ensino prescrito nas Escrituras Sagradas em todos os tempos. 

Investir no seu ministério. Pv 4.4 “O princípio da sabedoria é: Adquira sabedoria: sim, com tudo o que possuis, adquira o entendimento”.

Pv 23.23 “Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o entendimento”.

Comprar é o mesmo que investir no conhecimento da Palavra de Deus. 

V. SANTIFICADO 

1. Vaso de honra e vaso de desonra. 2ª Timóteo 2.20-26 “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. 21- De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. 

1.1. Paulo faz uma comparação da igreja com uma grande casa. A ideia é que a igreja seja um grande edifício e que, em um edifício assim, não esperemos uniformidade completa em todos os artigos que ela contém, ou seja, nesta igreja “...não existem apenas vasos de ouro e prata...” mas não vamos encontrar todos os itens de mobiliário iguais ou todos feitos do mesmo material. Variedade na forma, uso e material é necessária para mobiliar essa casa. 

1.2. “...alguns para honrar e outros para desonrar.” Aqueles que caminham para o alvo com santidade, temor e responsabilidade, são comparados a vasos de honra, mas alguns que por algum tempo, demonstraram piedade e zelo distintos, mas retrocederam vergonhosamente, vivendo uma vida desordenados pelo pecado, são considerado vasos de desonra.

Na parábola do trigo e joio (Mt 13.28-29), Jesus, não fez questão de tirar esta planta maléfica do meio do trigo. Mas mostrou-nos que a igreja teria crentes verdadeiros e crentes falsos. Peixes bons e peixes ruins (Mt 13.47-50). Estão misturados e é difícil separá-los (Mt 13.28-30). Portanto, não devemos olhar para a aparência dos outros, mas para a nossa própria fidelidade (Gl 6.4; Fp 2.12).

O vaso de desonra ou o joio, são aqueles que estão dentro de um contexto cristão e até conhecem a Deus, porém pregam o “outro evangelho” (Gl 1.8).

O vaso de honra está dentro da igreja para satisfazer, honrar e servir o Seu Senhor, pois, são santificados para o Senhor, é útil para o Senhor, são preparados para a boa obra e combater as heresias. Cabe agora fazer uma pergunta: Que tipo de vaso tenho sido na casa de Deus? Trigo ou joio? Vaso de honra ou de desonra? Uns, serão porta de benção e outros uma muralha de tropeço. 

2. Vocação santa. 2ª Tm 1.9 “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes da fundação do mundo”. 

Deus nos salvou e chamou para a santidade, não pelas às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus.

O apóstolo Paulo vai dizer a igreja de Éfeso que: “Nos elegeu N’ele (em Cristo Jesus), para que fossemos santos” (Éf 1.4).

Um chamado que, por sua própria natureza, é santo, e que leva à santidade, “...como é digno da vocação com que fostes chamados.” (Ef 4.1). A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: “Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1ª Pe 1.15).

VI. FIEL 

1ª Coríntios 4.1,2 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” 

A fidelidade é indispensável na vida de um obreiro, todo obreiro que finge ser fiel, em algum momento vai cair em contradição. A fidelidade envolve todas as áreas da vida do obreiro. Fidelidade com Deus, fidelidade com a esposa e filhos, fidelidade com a igreja, fidelidade ministerial, fidelidade nos negócios, enfim, em todas as coisas. O apóstolo Paulo instruindo o jovem pastor Timóteo, disse: 1ª Timóteo 4.12-16 “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. 13- Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. 14- Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.15- Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.16- Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.”

Mas seja um exemplo dos crentes. Um dos deveres constantes de um ministro do evangelho, independentemente da idade dele. Um ministro deveria viver de tal maneira que, se todo o seu povo seguisse de perto o exemplo dele, a salvação deles seria segura e eles alcançariam as maiores realizações possíveis em piedade

Para que as pessoas não desviem-se da verdade, é necessário que homens fiéis como Timóteo ensinem cada vez mais “as palavras da fé e da boa doutrina” e que rejeite as “fábulas profanas” que são as tradições de homens tolos (4.7; veja 1.4). O ensinamento da verdade dará aos homens o que é necessário para a prática espiritual. Assim como é necessário o exercício físico para manter o corpo em boa forma, também é necessário exercitar a alma “na piedade” (4.7). Este exercício espiritual é mais proveitoso do que o físico, pois prepara pessoas para terem a força de lutar e se esforçar na esperança da salvação (4:9-10). Jesus morreu para salvar a todos, conforme a vontade de Deus (veja 2:3-6). Porém, a esperança desta salvação é somente para os fiéis (4.10). Muitos se desviam e perdem a salvação porque não se exercitam na prática da verdade, e assim estão fracos e facilmente enganados quando a falsa doutrina surge (cf. Gl 1.6-7; Ef 4.11-14; Hb 5.12-14).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS

  


Efésios 3.10 “Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus”. 

Texto bíblico

Efésios 3.8-10 “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo 9 - e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou; 10 - para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” 

1ª Pedro 4.7-10 “E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração. 8- Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados, 9- sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações. 10- Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 

INTRODUÇÃO

O Altíssimo revelou para a Igreja um mistério oculto desde a fundação do mundo. Pelo Espírito Santo, o Senhor trouxe luz para o seu povo usando os “seus santos apóstolos e profetas” para mostrar que esse mistério é Cristo em nós, a esperança da glória. Era a multiforme sabedoria do Pai manifestando-se para pessoas simples como eu e você. 

I. OS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS 

1. São diversos. Na passagem bíblica de 1ª Coríntios 12.8-10 são mencionados nove dons do Espírito Santo. Há outros dons espirituais noutras passagens da Bíblia já mencionados em lições anteriores deste trimestre, como Romanos 12.6-8; 1ª Coríntios 12.28-30; 1ª Pedro 4.10,11 e Hebreus 2.4. São dons na esfera congregacional. Em Efésios 4.7-11 e 2ª Timóteo 1.6 vemos dons espirituais na esfera ministerial da Igreja. 

2. São amplos. A sabedoria de Deus é multiforme e plural. É manifesta em seus dons espirituais e ministeriais nas mais variadas comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.

Dádivas do Pai. Outras excelentes dádivas de Deus dispensadas à sua Igreja para comunicar o Evangelho a todos, são: 

2.1. A dádiva do amor. A grande manifestação de amor do Altíssimo para com a humanidade foi enviar o seu Filho Amado para salvar o mundo (Jo 3.16). Este amor dispensado por Deus desafia-nos a que amemos aos nossos inimigos e ao próximo, isto é, qualquer ser humano carente da graça do Pai (Jo 1.14). 

2.2. A dádiva da filiação divina. Deus torna um filho das trevas em filho de Deus (Jo 1.12; 1ª Pe 2.9). É a graça do Pai indo ao encontro da pessoa, tornando-a membro da família de Deus (Ef 2.19). 

2.3. O ministério da reconciliação. O apóstolo Paulo explica o milagre da salvação como resultado do “ministério da reconciliação” (2ª Co 5.19). Todo ser humano pode ter a esperança de salvação eterna, mas de salvação agora também. Quem está em Cristo é uma nova criatura e o resultado disto é que Deus faz tudo novo em sua vida (2ª Co 5.17).

II. BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS 

Com sobriedade e vigilância.

O despenseiro deve administrar a igreja local, retirando da “despensa divina” o melhor alimento para o rebanho. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do candidato ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do ministério (1ª Tm 3.2). Por isso, o apóstolo recomenda ao obreiro não ser dado ao vinho, pois a bebida traz confusão, contenda e dissolução (1ª Tm 3.2 cf. Ef 5.18). O fiel despenseiro é o oposto disso. Nunca perde a sobriedade e a vigilância em relação ao exercício do ministério dado por Deus. 

1. Amor e hospitalidade. Os despenseiros de Cristo têm um “ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1ª Pe 4.8). Mediante a graça de Deus, o obreiro pode demonstrar sabedoria e amor no trato com as pessoas. Amar sem esperar receber coisa alguma é parte do chamado de Deus para os relacionamentos (1ª Jo 3.16). Esta atitude é a verdadeira identidade daqueles que se denominam discípulos do Senhor Jesus (Jo 13.34,35). Aqui, também entra o caráter hospitaleiro do obreiro, recomendado pelo apóstolo Pedro (1ª Pe 4.9). Isso se torna possível para quem ama incondicionalmente, pois a hospitalidade é acolhimento, bom trato com todas as pessoas — crentes ou não, pobres ou ricas, cultas ou não etc. Este é o apelo que o escritor aos Hebreus faz a todos os crentes (Hb 13.2,3). 

2. O despenseiro deve administrar com fidelidade. A graça derramada sobre os despenseiros de Cristo tem de ser administrada por eles com zelo e fidelidade. A Palavra de Deus nos adverte: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1ª Pe 4.10). Pregando, ensinando ou administrando o corpo de Cristo, tudo deve ser feito para a glória do Senhor, a quem realmente pertence a majestade e o poder (1ªPe 4.11). Paulo ensina-nos ainda que devemos ser vistos pelos homens como “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1ª Co 4.1; Cl 1.26,27). Por isso, os despenseiros de Deus devem ser fiéis em tudo; “para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10). 

III. OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO 

1. A necessidade dos dons espirituais. Os dons espirituais são indispensáveis à Igreja. Uma onda de frieza e mornidão tem atingido muitas igrejas na atualidade, as quais não estão vivendo a real presença e o poder de Deus para salvar, batizar com Espírito Santo e curar enfermidades (Ap 3.15-20). Em tal estado, os dons do Espírito são ainda mais necessários. É no tempo de sequidão que precisamos buscar mais e mais a face do Senhor, rogando-lhe a manifestação dos dons espirituais para o despertamento espiritual dos crentes em Jesus (Hb 3.2). 

2. Os dons espirituais e o amor cristão. Paulo termina o capítulo sobre os dons espirituais, dizendo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1ª Co 12.31). Em seguida abre o capítulo mais belo da Bíblia Sagrada sobre o amor (1ª Coríntios 13). Como já dissemos, não é por acaso que o tema do amor (capítulo 13) está entre os assuntos espirituais (capítulos 12 e 14). Ali, o apóstolo dos gentios refere-se a vários dons, ensinando que sem o amor nada adianta tê-los. 

3. A necessidade do fruto do Espírito. Uma vida cristã pautada pela perspectiva do fruto do Espírito (Gl 5.22) — o amor — é o que o nosso Pai Celestial quer à sua Igreja. Uma igreja cheia de poder, que também ama o pecador. Cheia de dons espirituais, mas que também acolhe o doente. Zelosa da boa doutrina, mas em chamas pelo amor fraterno que, como diz Paulo, “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1ª Co 13.4,5). O caminho do amor é mais excelente que o dos dons espirituais (1ª Co 12.31). 

CONCLUSÃO

A multiforme sabedoria de Deus manifesta-se na igreja através da intervenção sobrenatural do Espírito Santo e a partir dos dons de Deus necessários ao crescimento espiritual dos crentes. Sejam quais forem os dons, aqueles que os possuem devem usá-los com humildade e fidelidade, não buscando os interesses próprios, mas sobretudo o amor, pois sem amor de nada adianta possuir dons. Estes são para a edificação dos salvos em Cristo Jesus.

 Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima. A multiforme Sabedoria de Deus. Lições Bíblicas CPAD   2º Trimestre de 2014, Rio de Janeiro - RJ.