TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O ALTAR DO HOLOCAUSTO


TEXTO ÁUREO
“Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa.” (Hb 10.22)

Verdade Prática
Na cruz, o Senhor Jesus Cristo purificou-nos de todos os pecados, tornando-nos aceitáveis diante de Deus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.1,2,6,7 “Farás também o altar de madeira de cetim; cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados, a largura (será quadrado o altar), e três côvados, a sua altura. 2. E farás as suas pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e o cobrirás de cobre. 6. Farás também varais para o altar, varais de madeira de cetim, e os cobrirás de cobre. 7. E os varais se meterão nas argolas, de maneira que os varais estejam de ambos os lados do altar quando for levado.

INTRODUÇÃO. Qual era o caminho que o pecador percorria para ter seus pecados perdoados? Ao estudarmos o Altar dos Holocaustos e o rito de lavagem dos corpos dos sacerdotes na pia de bronze, aprenderemos como alguns símbolos apontavam, com impressionante precisão, para a completude da obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nessa perspectiva, estudaremos o Altar dos Holocaustos, enfatizaremos relação simbólica das suas quatro pontas com a redenção provida pelo sacrifício vicário e, por último, como o Altar dos Holocaustos revela uma imagem do Calvário para nós. Que o Espírito Santo fale ao seu coração!

Quando se adentrava no pátio do tabernáculo, o primeiro móvel que o ofertante se deparava era o “altar de bronze” também chamado de “altar do holocausto”. Nesta lição falaremos um pouco deste móvel e de suas características; veremos que o este importante utensílio e o holocausto nele oferecido, prefiguram o sacrifício perfeito e definitivo de Cristo Jesus no Calvário por todos os homens.

I. O ALTAR DO TABERNÁCULO
A palavra “altar” literalmente significa “levantado”, “alto” ou “subindo”, visto que era uma elevação acima da terra. O Antigo Testamento mostra que muitos dos patriarcas ergueram altares para sacrificar ao Senhor (Gn 8.20; 12.7; 26.25; 35.1). No entanto, com a institucionalização do culto levítico, um altar foi construído para que nele se fizessem os sacrifícios a Deus, por meio do sacerdote.

1. Material. Muitos altares eram feitos de rocha natural, ou eram montes de terra ou rochas escavadas (Êx 20.24; 1º Rs 18.32). No entanto, esse altar do tabernáculo era feito de madeira de acácia (cetim) e era coberto de bronze (cobre) segundo algumas versões da Bíblia (Êx 27.1-8). Daí porque ele era chamado de “altar de bronze” (Êx 38.30; 39.39). No Tabernáculo, o bronze se destaca particularmente nos elementos do pátio externo (Êx 26.11,37; 27.10; 30.18). Esse bronze, sem dúvida, foi obtido através das ofertas trazidas diante do Senhor para edificar o Tabernáculo (Êx 25.3; 35.5,16).

2. Medidas e formato. O altar de bronze era a maior peça do tabernáculo. O relato bíblico diz que ele media “cinco côvados de comprimento” e “cinco côvados de largura”, aproximadamente (2,5 m x 2,5 m), e “três côvados de altura” (1,5 m). Seu formato era “quadrado” (Êx 27.1). Ele possuía chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser transportado (Êx 27.2,6,7). Contava com uma armação gradeada de metal (Êx 27.4,5).

O altar de bronze era provavelmente colocado sobre um monte de terra ou pedras e o fogo era ateado em cima. Os chifres que havia em cada canto do altar, tinham um significado especial, eram adornos funcionais, pois era ali que os animais sacrificados ficavam amarrados (Sl 118.27).

3. Utensílios. Junto com o altar do holocausto também foram fabricados utensílios que auxiliavam o sacerdote nos sacrifícios e na manutenção deste móvel e todos eram igualmente feitos de cobre (Êx 27.3).
3.1. Recipientes: Para recolher as cinzas – usados para retirar as cinzas do holocausto e limpar o altar (Lv 6.10,11).
A. Pás. Usadas para apanhar as cinzas e lidar com o fogo.
B. Bacias. Ou tigelas, usadas para derramar e aspergir o sangue no altar (Êx 24.6).
C. Garfos. Usados para distribuir os sacrifícios sobre o altar. O sacrifício deveria estar em ordem para ser perfeitamente consumido (1 Sm 2.13);
D. Braseiros. Ou incensários, usados para levar as brasas do altar de bronze para o altar de ouro (Lv 16.12).

4. Finalidade. Esse móvel também é chamado de “altar do holocausto” (Êx 30.28; 31.9; 35.16; 38.1; 40.6). Isso fala de sua principal finalidade: oferecer nele sacrifícios, sendo o principal deles o holocausto (Lv 1-5).

A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”, uma alusão ao sacrifício que quando queimado seu aroma subia como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9-b).

A oferta do holocausto, também chamada de “oferta queimada” (Lv 1.9), era “inteiramente consumida” sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6- 8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, “perpétuo”, “contínuo” (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21).

5. Localização. Quando se adentrava ao átrio do tabernáculo o primeiro móvel que se via era o altar do holocausto. Por isso ele é chamado de “o altar que está diante da porta da tenda da congregação” (Lv 1.5). A localização deste altar mostra-nos quão importante era o sacrifício a fim de que a pessoa pudesse acertar o seu relacionamento com Deus: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Ele era o móvel que lembrava da constante da necessidade de expiação e arrependimento, por parte do ofertante.

II. AS QUATRO PONTAS (CHIFRES) DO ALTAR E O SENTIDO DE REDENÇÃO
O Antigo Testamento apresenta uma linguagem que prefigura coisas e experiências presentes no Novo Testamento. De modo geral, a imagem das quatro pontas do Altar dos Holocaustos apresenta-se nessa perspectiva quando analisamos o sentido de redenção contido nelas.

1. As Quatro Pontas e a Propiciação.
O ato de fazer a propiciação, segundo o Dicionário Houaiss, implica “tentar obter de alguém sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira com sacrifícios”. Nas Escrituras, o sangue do sacrifício era de um animal inocente. Quando o sacerdote imolava o animal e retirava-lhe o sangue no altar de quatro pontas e, com esse gesto, apresentava a oferta pelos pecados do povo. Isso é uma propiciação, ou seja, um modo de readquirir o favor de Deus.

O evento era uma ação para apaziguar a ira de Deus, a fim de que a sua justiça e a santidade fossem satisfeitas e proporcionassem um perdão eficaz ao pecador.

As quatro pontas do altar do holocausto rememoram a morte de Cristo como propiciação provida por Deus para cobrir o nosso pecado e manifestar a justiça divina. O Senhor tomou sobre si o nosso pecado, revelando-nos o ato gracioso do Pai (Rm 3.24-26; 1ª Jo 2.2).

2. As Quatro Pontas e a Substituição.
Levítico 16 diz muito acerca do sentido de “substituição”. Ele narra que o sumo sacerdote Arão colocava as mãos sobre a cabeça do animal para sacrificá-lo. Esse animal devia ser um macho sem defeito. Posteriormente, o sumo sacerdote confessava os pecados e as faltas do pecador arrependido a partir da oferta apresentada no altar dos holocaustos com as quatro pontas. Logo, a oferta tomava o lugar do pecador. Foi exatamente assim que Jesus levou sobre si a nossa culpa, oferecendo-se na cruz em nosso lugar (Is 53.4-6; Jo 1.29; 1ª Pe 2.24). Na pessoa de Jesus Cristo, a nossa pena foi cumprida plenamente (1ª Co 5.7).

3. As Quatro Pontas e a Reconciliação.
O Altar era o lugar-símbolo da reconciliação de Deus com o povo de Israel. Ali, uma vítima inocente era completamente queimada e consumida, restando apenas o sangue colocado numa pequena pia e encaminhado ao Lugar Santíssimo, o qual, depois, era aspergido sobre o propiciatório (Êx 29.11-14; Lv 4.12,16-21; 16.14-19,27). Esse rito nos leva à cruz como o único lugar onde Deus se encontra com o pecador, a fim de perdoá-lo e reconciliá-lo mediante o sangue da expiação (Hb 9.12; Rm 5.10,11; 2ª Co 5.18,19). Na cruz, o Cordeiro Inocente pagou a dívida do culpado e, por isso, podemos dizer: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2ª Co 5.19).

4. As Quatro Pontas e a Redenção.
A ideia que a palavra nos dá é a da libertação da prisão do pecado. Logo, Redenção é o pagamento de um preço pelo resgate de uma pessoa. O preço: a morte de Cristo na cruz (Mt 20.28; At 20.28; Gl 3.13; 1ª Tm 2.5,6; 1ª Pe 1.18,19). Aqui, é importante ressaltar que o termo “redimir” aparece, na língua grega, com o significado de “comprar e tirar fora do mercado” (uma expressão retirada do comércio de escravos), ou seja, “resgatar” de uma vez por todas a pessoa da escravidão. Foi isso que Jesus fez por nós quando nos libertou da escravidão do pecado (Rm 6.22).

III. O ALTAR SIMBOLIZA A CRUZ DE CRISTO
Os altares antigos eram costumeiramente feitos de pedras e coberto de madeira para que a vítima sobre ela sacrificada, pudesse ser depois queimada sobre a lenha. No monte Calvário que é uma rocha, um lugar alto, Cristo foi crucificado sobre o madeiro. Logo há um paralelismo entre o altar e a cruz.

1. Lugar de sacrifício. O altar de bronze era o altar dos sacrifícios. Nele todos os sacrifícios eram realizados (Lv 1-5).
Esse altar prefigura a cruz, visto que foi o lugar onde Jesus foi sacrificado (Jo 19.17; Fp 2.8).

2. Lugar do juízo e da justiça de Deus. Era sobre o altar que o pecado encontrava o julgamento. O transgressor trazia para ele o animal que deveria ser morto pelo pecado do ofertante (Lv 1.4). Foi na cruz onde Jesus foi morto pelo nosso pecado (Is 53.4,5; Rm 5.6,8; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.15; 18-21).

3. Lugar de substituição. O altar do holocausto também era o altar da substituição, pois nele o pecador era substituído pela oferta: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Foi na cruz, onde Cristo levou o nosso pecado (Gl 3.13; 1ª Pd 2.24).

IV. O SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO PREFIGURA O SACRIFÍCIO DE CRISTO
Os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefiguram o sacrifício de Cristo. A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o holocausto aponta para a pessoa de Cristo Jesus:

SIMILARIDADES DO HOLOCAUSTO QUE APONTAM PARA CRISTO
1. O animal tinha que ser macho (Lv 1.3,10,14). Cristo se fez homem (Jo 9.11; 19.5; At 2.22; 1ª Tm 2.5).

2. O animal tinha que ser sem defeito (Lv 1.3,10). Cristo não teve pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1ª Pd 2.22).

3. O adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado, gesto que simbolizava a transferência de algo para o sacrifício, no caso o pecado (Lv 1.4). Os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Mt 20.28; Jo 11.50; Rm 5.6-8; 2ª Co 5.14,15,21; Gl 2.20; 3.13; 1ª Tm 2.6; Hb 9.28; 1ª Pd 2.24).

4. O pecador degolava o animal que morria em seu lugar (Lv 1.5,11). Cristo foi morto pelos nossos pecados (Rm 4.25; 1ª Co 15.3; Gl 1.4).

5. O holocausto contemplava o rico e o pobre (Lv 1.3,10,14) O sacrifício de Cristo proporciona salvação a todos os homens indistintamente (Jo 3.16; Tt 2.11; 1ª Jo 2.2; Ap 5.9).

V. O SACRIFÍCIO DE CRISTO É SUPERIOR AO SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO
Embora os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefigurem o sacrifício de Cristo, eles não eram permanentes porque não podiam satisfazer completamente a justiça divina e a necessidade humana. Logo, o sacrifício de Cristo foi necessário e é superior ao holocausto. Vejamos:

O HOLOCAUSTO CRISTO JESUS
1. Um animal era sacrificado pelo pecador (Lv 1.4-a). O próprio Filho de Deus foi sacrificado pelo pecador (1ª Pd 3.18; 1ª Jo 2.2; 4.10).

2. O sangue do animal cobria o pecado (Lv 1.4-b). O sangue de Cristo nos purifica do pecado (Jo 1.29; 1ª Co 6.11; Hb 1.3; 1ª Jo 3.5; Ap 1.5).

3. O sacrifício era feito em prol de alguns de pecados, não todos (Lv 4.2). O sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado (Tt 2.14; 1ª Jo 1.7,9).

4. O sacrifício era repetitivo (Lv 6.9-13). O sacrifício de Cristo foi definitivo (Hb 9.26; 10.10).

5. O animal era trazido contra a própria vontade (Hb 9.25). Cristo ofereceu-se voluntariamente (Jo 10.17,18)

CONCLUSÃO. Hoje aprendemos que o pecador precisava, no Antigo Testamento, passar pelo “altar de sacrifícios” para que fosse aceito diante de Deus. Mas vimos também que Cristo é a oferta suficiente e eficaz para a expiação completa de nossa culpa. Em Cristo, somos redimidos!
Deus não somente anunciou a vinda do Messias, por meio de palavras, como através do altar de bronze em que o holocausto era oferecido pelo pecador no tabernáculo ele preparou a nação de Israel para o sacrifício definitivo que seria feito por meio de Cristo Jesus e que de uma vez por todas (Jo 1.29; Hb 9.26). Portanto, prestemos ao Senhor um verdadeiro sacrifício de louvor!

FONTE DE PESQUISA
1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
2. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. ATOS.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
7. TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. EDITORA CULTURA CRISTÃ.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

ENTRANDO NO TABERNÁCULO - O PÁTIO



TEXTO ÁUREO
“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo 10.9)

VERDADE PRÁTICA
Para entrar à presença de Deus, no Lugar Santíssimo, o pecador deve passar por uma única porta: Jesus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.9-19 “Farás também o pátio do tabernáculo, ao lado meridional que dá para o sul; o pátio terá cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem côvados. 10 Também as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de cobre; os colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata. 11 Assim também para o lado norte as cortinas, no comprimento, serão de cem côvados; e as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de cobre; os colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata, 12 E na largura do pátio para o lado do ocidente haverá cortinas de cinquenta côvados; as suas colunas dez, e as suas bases dez. 13 Semelhantemente a largura do pátio do lado oriental para o levante será de cinquenta côvados. 14 De maneira que haja quinze côvados de cortinas de um lado; suas colunas três, e as suas bases três. 15 E quinze cavados das cortinas do outro lado; as suas colunas três, e as suas bases três. 16 E à porta do pátio haverá uma cortina de vinte cavados, de azul, e púrpura, e carmesim, e de linho fino torcido, de obra de bordador; as suas colunas quatro, e as suas bases quatro. 17 Todas as colunas do pátio ao redor serão cingidas de faixas de prata; os seus colchetes serão de prata, mas as suas bases de cobre. 18 O comprimento do pátio será de cem cavados, e a largura de cada lado de cinquenta, e a altura de cinco cavados, as cortinas serão de linho fino torcido; mas as suas bases serão de cobre. 19 No tocante a todos os vasos do tabernáculo em todo o seu serviço, até todos os seus pregos, e todos os pregos do pátio, serão de cobre.”

INTRODUÇÃO. Nesta lição veremos um dos espaços que pertencia ao Tabernáculo – o pátio; elencaremos algumas considerações a respeito desse local, bem como a sua simbologia à luz das Escrituras; por fim, destacaremos também a porta de acesso ao átrio, e quais os seus significados espirituais.

O Tabernáculo representa um grande símbolo espiritual para o povo de Israel. Ali, Deus se centralizava no meio de seu povo. E Ele esperava que essa nação reconhecesse isso. Nessa perspectiva, estudaremos acerca da posição do Pátio do Tabernáculo entre as Tribos de Israel, descreveremos a construção da cerca do Pátio e conheceremos mais sobre o sentido da Porta Principal do Pátio. Cada imagem nos revelará um valor espiritual edificante concernente à Obra Expiatória de Jesus Cristo.

I. O PÁTIO DO TABERNÁCULO
1. Definição do termo pátio. A palavra pátio ou átrio é procedente do termo: “hãstser” que refere-se a: “pátio, átrio, cercado, uma área cercada, residência estabelecida, vila, cidade”. Esta palavra está relacionada a um verbo que tem dois significados: “estar presente” no sentido de viver em certo lugar (acampamento, residência, pátio), e ainda: “incluir, encerrar, apertar”. A primeira ocorrência bíblica desse termo está em Gn 25.16, onde se é traduzido por “vilas”. O uso predominante de “hãtser” é com o sentido de: “pátio, quer de casa, palácio ou do Templo” (VINE, 2002, p. 216). Quando se refere ao Tabernáculo, o pátio servia de recinto cercado para os israelitas que iam adorar a Deus nos limites do santuário (Sl 96.8; 100.4).

2. Dimensão do pátio. O pátio era em formato retangular com cerca de 45 metros de comprimento (100 côvados) por aproximadamente 22,5 metros de largura (50 côvados). Em cada lado, no Sul e no Norte, havia vinte colunas com as bases feitas de cobre ou bronze (Êx 27.9-11). O lado do ocidente precisava de dez colunas (Êx 27.12). Estas colunas eram firmadas no chão em suas bases por meio de cordas fixas ao chão com pregos, ou seja, estacas (Êx 27.19). Entre as colunas havia faixas confeccionadas em prata (Êx 27.11). Tratavam-se de barras entre as colunas sobre as quais a cortina era pendurada pelos colchetes feitos de prata (Êx 27.17). Uma cortina de linho fino torcido, provavelmente na cor branca, medindo 2,25 metros de altura (Êx 27.18), estendia-se pelos lados, por trás e na frente, onde havia três colunas de cada lado da porta (Êx 27.14,16) (BEACON, 2010, p. 213).

3. Propósito do pátio. Esse espaço reservado conferia santidade na aproximação à presença de Deus, e ensinam passos sucessivos na aproximação a Senhor. Assim, a função do pátio era impedir qualquer aproximação indevida ao santuário de Deus. O pátio era aberto para todos os israelitas que quisessem prestar culto, porém, havia uma maneira apropriada de se aproximar, embora o pátio fosse aberto. O átrio, portanto, servia a um tríplice propósito:

3.1. Para os que estavam do lado de fora, ele agia como uma barreira e um muro de separação. As cortinas de linho fino restringiam a entrada daqueles que se aproximavam, agindo como uma separação entre o mundo exterior e o lugar onde se revelava a glória de Deus.
3.2. Para aquele que verdadeiramente se aproximava do Tabernáculo, essas cortinas serviam como uma indicação, ou seja, apontavam para a porta, o caminho de aproximação pelo qual as pessoas poderiam entrar e desfrutar dos benefícios do Tabernáculo.
3.3. Do lado de dentro, contudo, as cortinas agiam como uma cerca ou escudo contra o mundo exterior.
3.4. Para todos aqueles que estavam do lado interno, ali seria o lugar de proteção e segurança, eis a razão de encontrarmos frequentemente expressões de anelo e alegria dos servos de Deus em relação ao átrio (Sl 65.4; 84.2,10; 92.13; 96.8; 100.4); (CONNER, 2004, pp. 99,100).

4. Móveis pertencentes ao pátio. Vários são os móveis pertencentes ao Tabernáculo, dois deles especificamente estavam situados no átrio

4.1. O altar do holocausto. Na perspectiva de quem entrava no tabernáculo, inicialmente se deparava com o altar do holocausto, situado perto da porta do concerto (Êx 27-1-8; 38.1-7), também conhecido como altar de cobre por ser feito de madeira de acácia e revestido de cobre, sobre esse móvel eram oferecidos os sacrifícios, essa era a sua finalidade (HOFF, 2007, pp.144,145).

4.2. Pia de bronze. Este importante móvel também estava colocado no pátio, entre a tenda do Tabernáculo e o altar de bronze (Êx 40.7), estando assim, alinhada com o altar do holocausto. Tinha como finalidade proporcionar aos sacerdotes um local para lavar as mãos (Êx 30.18,19).

II. O PÁTIO ENTRE AS TRIBOS DE ISRAEL
Quando Moisés distribuiu as tribos em torno do Pátio do Tabernáculo, estava revelado nesse ato um senso de organização divino. O Pátio do Tabernáculo ficava no centro de todas as tribos de Israel. Era o símbolo de que Deus estaria no meio de seu povo (Is 8.14).

1. As montagens provisórias do Tabernáculo.
A Palavra de Deus mostra que a construção do Pátio teve como primeira etapa a montagem da estrutura do Tabernáculo no Sinai. Isso ocorreu no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, após a saída do povo judeu do Egito (Êx 40.2,17), isto é, quatorze dias antes da celebração da Páscoa.

Do Sinai até Canaã passaram-se muitos anos. Antes de Israel entrar em Canaã, Moisés orientou que um lugar fixo deveria ser estabelecido para o Tabernáculo. Inicialmente, a estrutura foi montada em Gilgal (Js 4.19; 5.10; 9.6; 10.6,43). Depois a transferiram para Siló (Js 18.1), que ficava no território de Efraim. Tempos mais tarde, nos períodos de Saul e Davi, e por causa das guerras internas e externas, a Arca da Aliança ficava alojada em lugares diversos, o que demonstrava que o Tabernáculo já não tinha localização fixa. Finalmente, Jerusalém foi conquistada por Davi e, no reinado de Salomão, o Tabernáculo deu lugar ao Templo de Jerusalém, onde o próprio Deus confirmou o lugar e o aprovou com a manifestação de sua glória (1ª Rs 8.10,11).

2. A posição do Pátio do Tabernáculo.
Para entender a organização das tribos em torno do Pátio do Tabernáculo é preciso compreender o propósito divino resumido em Êxodo 25.8: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (cf. 29.45,46). Aqui está expressa a vontade de Deus em ser o centro de seu povo. A localização geográfica do Tabernáculo, o centro do acampamento e de frente para o Oriente, isto é, voltado para o levante do Sol, revela exatamente a vontade de Deus em habitar no coração do povo de Israel. Ora, Ele é quem deve estar no centro do nosso coração. Deus é quem deve dominar a nossa mente e vida.

3. A posição do Exército de Israel em torno do Tabernáculo.
Os exércitos das tribos judaicas estavam localizados em torno do santuário divino.

3.1. De frente para a porta principal de acesso ao Tabernáculo. Os exércitos de Judá, Issacar e Zebulom estavam posicionados na porta principal do Pátio do Santuário. Juntos, esses exércitos somavam 186.400 homens (Nm 2.3-9);

2.2. Aos fundos, do Oeste para o Ocidente. Na retaguarda do Pátio do Tabernáculo estavam as tropas de Efraim, Manassés e Benjamim que, juntas, somavam 108.100 homens (Nm 2.18-23);

3.3. Ao norte. Na lateral do Tabernáculo, encontravam-se as hostes de Naftali, Dã e Aser. Juntas, somavam 157.600 homens (Nm 2.25-30);

3.4. Ao Sul. Na outra lateral do Tabernáculo, estabeleceram-se os exércitos de Ruben, Simeão e Gade. Ambos somavam 151.450 homens (Nm 2.12-19).

Ao todo eram 603.550 homens acima de vinte anos de idade que estavam entorno do Pátio do Tabernáculo. Isso passava a mensagem de que Israel reconhecia a centralidade de Deus na vida espiritual e social da nação. Assim, devemos tê-Lo como o centro de todas as esferas da vida.

III. A CONSTRUÇÃO DA CERCA DO PÁTIO

1. O cortinado de linho branco da cerca do Pátio.
Uns cerca de 45 metros de comprimento com aproximadamente 22,5 centímetros de largura separavam o Tabernáculo das Tribos ao redor. As sessenta colunas de bronze, sobre as quais havia um cortinado de linho branco torcido de aproximadamente 2,25 metros de altura, sustentavam acerca do Pátio. Assim, não se podia ver o que se passava no interior do pátio, senão a cobertura do Tabernáculo.

2. Colunas, cortinas e varais do Pátio (Êx 27.10-12).
As colunas de bronze foram feitas de madeira de acácia e ficavam presas na parte interior da cortina por bases ou placas de bronze colocadas sobre o solo. Já as cortinas eram costuradas uma a outra até formarem uma tela bem firme. Por sua vez, os varais encaixavam-se às colunas e ao cortinado da cerca. Tudo era metricamente encaixado. Assim, as colunas, as cortinas e os varais são elementos que didaticamente podem simbolizar a segurança, a estabilidade e a comunhão na vida cristã, produzidas pela Obra Expiatória de Cristo.

Ora, em Cristo toda a justiça de Deus foi satisfeita na obra expiatória; por isso temos a segurança da salvação (Rm 8.33-39). Estamos seguros em Cristo (Jo 10.28-30)! Depois, a partir dessa obra, temos acesso às promessas de Deus, as quais nos dão estabilidade na vida cristã (Rm 14.4; Cl 3.3). Por fim, a Expiação de nosso Senhor não apenas salvou-nos, mas abriu-nos a porta da comunhão cristã (1ª Co 12.12,13; Ef 2.1216). Portanto, à semelhança das colunas, cortinas e varais do Tabernáculo, a Obra Expiatória de Cristo nos traz segurança, estabilidade e comunhão na vida cristã.

3. A cerca de linho: a santidade e a justiça de Deus.
A parte reservada na esfera interna do Pátio, separada pelo “linho branco torcido”, revelava a santidade de Deus. Ali, os sacerdotes ministravam os cerimoniais de sacrifícios pelos pecados do povo. Nesse sentido, o Pátio do Tabernáculo revelava que o pecador não tinha acesso ao Deus Santo, senão por meio do sacerdote.

Deus é Santo e Justo. O homem carece de santidade e de justiça. No entanto, em Cristo, o pecador é justificado e santificado para a salvação. Esse é o maior milagre que o pecador pode desfrutar de seu encontro com Jesus. Só quem pode justificá-lo e santificá-lo é Jesus!

IV. A SIMBOLOGIA DO PÁTIO
1. A separação entre o homem e Deus devido ao pecado. A demarcação do pátio por meio da cerca de linho fino, indicava de forma prefigurada dentre outras coisas, a separação entre o homem e seu Criador como resultado da Queda (Is 59.2; Rm 3.9,23; 5.12; Ef 2.1,13). Devido à pecaminosidade humana (Rm 3.10-12), jamais seria possível o homem atingir o padrão exigido por Deus: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Is 64.6), para a expiação do pecado (Rm 3.19). Como afirma Rodman (2011, p. 307): “O homem é um pecador em escravidão. Ele é de fato escravo do pecado, sujeito a seus ditames e incapaz de se libertar do seu domínio”; por essa razão, Cristo Jesus, veio em forma humana com o propósito de fazer a reconciliação entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção” (1ª Tm 2.5,6; ver 2ª Co 5.19).

2. A santidade e justiça divina. As paredes do pátio eram constituídas por cortinas externas de linho fino, e esse linho refere-se à justiça e santidade de Deus (Lv 11.43-45). Quando alguém se aproximava do lado externo do Tabernáculo, a única coisa que podia ver era esta cortina branca. Esta é a primeira coisa que o homem não regenerado que se aproxima de Deus precisa notar, o linho branco representa, acima de tudo, a justiça perfeita de Cristo (Jr 33.15; 1ª Tm 2.5; 1ª Jo 4.17; 1ª Co 1.30). A justiça de Cristo deve tornar-se a justiça do crente, uma vez que para Deus, não há valor as nossas obras carnais de justiça (Is 64.6). Deus não está interessado na justiça que provém da Lei, pois se trata de justiça própria (Rm 10.1-6; Fp 3.7-9). Deus está procurando um povo que é mantido pela fé na justiça de Cristo. É a justiça de Cristo que Deus aceita, e quando nos revestimos do Senhor nos tornamos justos. Aqueles que se revestiram de Cristo constituem o seu corpo, a sua Igreja. São estes os santos aos quais as Escrituras se referem quanto à justificação (Ap 19.7-9; 2Co 5.17-21; Hb 2.11; Sl 132.9,16,17; Rm 8.4). É a este corpo que a justiça de Cristo é imputada e que está adornada como uma noiva (1ª Co 1.30; Is 61.10). “Ele é a nossa justiça” (Jr 23.6; Ap 3.4).

3. A responsabilidade humana quanto ao recebimento das bênçãos de Deus. Quando olhamos para a ordem da construção do Tabernáculo, percebemos que a descrição começa com a arca da aliança (Êx 25.10) e segue-se até a porta do pátio (Êx 27.18), ou seja, de dentro do Tabernáculo para fora, isto é, Deus em busca do homem, uma vez que o projeto de salvação tem como fonte a pessoa Divina (Is 45.22; Jn 2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21; Jo 3.16,17; 2ª Co 5.18,19; Tt 2.11). No entanto, ao estabelecer a porta que dá acesso ao Tabernáculo, fica claro a responsabilidade do homem em resposta a ação inicial do Senhor quanto aos benefícios pertencentes a sua entrada no santuário. No plano da salvação, Deus em Sua soberania incluiu a responsabilidade do homem em crer no seu Filho (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14). Fé e arrependimento são necessários para a salvação, precedendo a regeneração, ou seja, cremos para ser regenerados e não o inverso (Mc 1.15; Jo 20.31; At 2.38; 10.43; Rm 1.16; 10.9; 1ª Co 1.21; Ef 1.13,14). A fonte da salvação humana é a graça de Deus e o meio de recebê-la é a fé n’Ele, como afirma o apóstolo Paulo (Ef 2.8).

IV. A PORTA DO PÁTIO E A SUA SIMBOLOGIA
1. O único acesso. Qualquer um que se aproximasse do Tabernáculo por outro lugar que não fosse a entrada, encontraria uma parede de linho como já vimos. A porta era a única maneira de chegar ao pátio, todos tinham que passar por ela. Todo o povo de Israel, de qualquer tribo, e todos os estrangeiros em Israel, vindos dos quatro cantos do acampamento, distantes ou próximos, tinham que se submeter aos critérios de Deus (Nm 15.14-16). O Senhor colocou somente uma entrada no Tabernáculo, pois há somente um caminho para o homem se aproximar de Deus, e este passa pela entrada, sendo assim, a porta é uma clara figura do Senhor Jesus, que assim afirmou: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (Jo 10.9); sendo o único caminho de acesso ao Pai (Jo 14.6); as Escrituras ainda declaram que Ele é:
1.1. O único nome que pode salvar (At 4.12).
1.2. O único mediador entre Deus os homens (1ª Tm 2.5).
1.3. Crer nele é a única forma de o homem ser salvo (Rm 10.12,13).

2. A abrangência do acesso. A porta do pátio possuía nove metros de largura e ficava no lado leste, no meio da frente do Tabernáculo (Êx 27.16). Era composta por uma cortina de pano azul, púrpura, carmesim e também de linho fino torcido, sustentada por quatro colunas centrais cingidas de faixas de prata (Êx 27.17. Essa entrada era larga o suficiente para permitir a entrada de qualquer pessoa que quisesse e se submetesse aos critérios necessários para entrar. Isso aponta claramente para a abrangência da salvação e as bênçãos do Senhor decorrentes dela. Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente o que deixou claro por meio da promessa feita a Abraão: “e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3; Gl 3.8). Destacamos ainda Deus deu garantia e extensão de salvação a todas as pessoas (Is 45.22), como também na descrição do alcance da ação messiânica (Is 49.6; Is 53.6). Sua graça alcança os judeus e os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6; Tt 2.12), não é limitado a um grupo seleto de pessoas, pois as Escrituras afirmam que Jesus se deu como resgate por todos (1ª Tm 2.6); e, que provou a morte por todos (Jo 7.37; Hb 2.9; 1ª Tm 4.10; 2ª Pd 3.9; 1Jo 1.9 – 2.2; 4.14).

3. As cores da cortina de entrada: diversos tipos (Êx 27.16).
Azul, púrpura, carmesim e branco eram as cores da cortina de entrada ao Pátio. Nas Sagradas Escrituras, as cores sempre simbolizaram aspectos importantes da fé. Muitas igrejas de tradições cristãs distintas (como as episcopais, as reformadas e, até mesmo, algumas pentecostais) observam o que se convencionou chamar de Calendário Litúrgico. Nele, os dias comemorativos são inspirados por cores. Essa prática está ancorada nas comemorações litúrgicas do povo de Deus do Antigo Testamento.

Nesse aspecto, podemos destacar, por exemplo, que o azul lembra o céu. A púrpura lembra a ideia de realeza. O carmesim lembra a ideia de humilhação e sofrimento. O branco lembra a ideia de justiça, perfeição (Rm 5.18). O Senhor Jesus remonta essas cores: Ele veio e foi para o céu, Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, Ele é justo e perfeito, e foi humilhado e moído pelos nossos pecados (Is 42.1; Fp 2.5-9).

CONCLUSÃO. Assim como todos os compartimentos do Tabernáculo, o pátio representava verdades espirituais que apontavam para Cristo e a sua obra, n’Ele a justiça divina foi saciada, podendo então nos conduzir à presença do Pai celestial.

Nesta lição, estudamos a centralidade de Deus em nossa vida por meio da posição do Tabernáculo. Fomos estimulados a termos uma base e segurança espiritual por meio da construção do Pátio do Tabernáculo. E concluímos que o Senhor é o único meio de acesso a Deus através da imagem da porta do pátio. Portanto, sejamos conscientes de que Jesus Cristo se revelou ao seu povo como o único caminho para o pecador alcançar a salvação. Ele é o único caminho que conduz ao Céu!

FONTE DE PESQUISA
1. CABRAL Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
2. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA, 2010.
4. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD, 2010.
5. RODMAN, J. Williams. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. VIDA, 2009.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
7. VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD, 2010.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

OS ARTESÃOS DO TABERNÁCULO



TEXTO ÁUREO
“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (1ª Co 12.11).

VERDADE PRÁTICA
O Criador dotou cada homem de talentos individuais para a sua honra e glória.

LEITURA BÍBLICA

Êxodo 31.1-11 “Depois, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2 - Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 3 - e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, 4 - para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, 5 - e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor. 6 - E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado, 7 - a saber, a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e todos os móveis da tenda; 8 - e a mesa com os seus utensílios, e o castiçal puro com todos os seus utensílios, e o altar do incenso; 9 - e o altar do holocausto com todos os seus utensílios e a pia com a sua base; 10 - e as vestes do ministério, e as vestes santas de Arão, o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para administrarem o sacerdócio; 11 - e o azeite da unção e o incenso aromático para o santuário; farão conforme tudo que te tenho mandado.

INTRODUÇÃO Nesta lição, veremos que Deus chama pessoas especiais para realizar obras especiais. Estudaremos a respeito da importância de ser cheios do Espírito para realizar uma grande obra. E concluiremos a lição com um chamado à consciência a respeito do uso do talento dado por Deus para a glória d’Ele. Ora, o Criador concedeu a Moisés instruções e capacitou pessoas para construir o Tabernáculo e executar obras especiais. Não é diferente hoje, pois Ele continua a capacitar os escolhidos para a sua obra e espera que a façamos.

I. O SIGNIFICADO DOS NOMES DOS CONSTRUTORES DO TABERNÁCULO

Veremos os significados dos nomes Bezalel e Aoliabe; analisaremos alguns aspectos da escolha de Deus em relação aos artesões do tabernáculo; e por fim, pontuaremos algumas lições práticas que aprendemos com Bezalel e Aoliabe para nossa vida.

1. Bezalel. O primeiro a ser escolhido por Deus era um descendente da tribo de Judá, ou seja, um judeu: “Eu escolhi Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Êx 31.2). Bezalel significa: “à sombra de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. O nome o pai de Bezalel é “Uri” significa: “luz, resplendor”. Já o nome do seu bisavô “Hur” significa: “livre”. Bezalel era da tribo de Judá, que significa “louvor” (CONNER, 2004, p. 18).

2 Aoliabe. O outro homem envolvido na edificação do Tabernáculo foi um descendente da tribo de Dã, ou seja, um danita: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã” (Êx 31.6; 35.34,35).

Aoliabe significa: “tabernáculo ou tenda de meu pai”. O nome do pai de Aoliabe que é “Aisamaque” significa: “aquele que apoia ou auxilia”. Aoliabe era da tribo de Dã, que significa “juiz”. Hirão, que foi o artesão chefe na construção do templo de Salomão também pertencia à tribo de Dã (2º Cr 2.13,14) (CONNER, 2004, p. 18 – grifo nosso).

II. HOMENS ESPECIAIS PARA SERVIÇOS ESPECIAIS (31.1,2,6)

1. A prerrogativa de Deus (Êx 31.1,2).
O texto bíblico mostra que Deus chama a quem Ele quer para executar sua obra. Ele conhece a natureza de cada filho, e de acordo com ela, distribui talentos conforme a capacidade de cada um. Não por acaso, para construir o Tabernáculo, o Criador chamou pessoas inclinadas às artes e às ciências, capacitando-as para potencializar essas habilidades. Essa forma de Deus chamar está registrada ao longo das Escrituras. Pedro foi convocado para exercer seu ministério entre os judeus (Gl 2.8); e Paulo, com os gentios (Rm 11.13). Tratava-se de pessoas estratégicas para fazer obras estratégicas. É assim que Deus age.

Ao longo da história da Igreja, o Pai Celestial capacitou pessoas e deu-lhes sabedoria para edificarem o Corpo de Cristo. Ele pode falar ao seu coração agora acerca de um chamado. Seja sensível a voz d’Ele! Deus é quem chama!

2. A pluralidade do serviço cristão (Rm 12.4-8; 1 Co 12.8-10,28).
Muitas são as necessidades da igreja local, tanto de ordem espiritual quanto material (At 6.14). Elas manifestam-se na manutenção da comunhão cristã entre os irmãos, bem como na organização dos elementos funcionais do culto cristão. Para isso, na obra do Senhor, há lugar para diversidades de dons e talentos que envolvam liderança espiritual, musical, ação social e muitas outras esferas que exponham a necessidade da obra. Que você aplique o seu talento na obra de Deus!

III. OS ARTESÃOS DO TABERNÁCULO E A ESCOLHA DE DEUS

A descrição detalhada do Tabernáculo, incluídos os numerosos acessórios e mobiliário exigia um toque hábil.

Deus revelou o tabernáculo a Moisés (Êx 25.9), e através dele convocou Bezalel e Aoliabe e outros artífices, imbuídos de devoção e sabedoria e dotados de inteligência e habilidades para elaborar o santuário, cumprindo o que fora ordenado pelo Senhor no monte Sinai (Êx 26.36).

1. Deus falou quem seria os construtores. Para fazer com precisão os muitos detalhes exigidos na construção do Tabernáculo e de todas as suas mobílias e acessórios, Moisés precisava de trabalhadores especializados. Deus até poderia produzir este lugar de adoração mediante um ato milagroso do seu poder, mas, escolheu fazer por meio de homens capacitados para o trabalho: “Depois, falou o Senhor a Moisés” (Êx 31.1).

2. Deus revelou quem seria os construtores. Foi o próprio Deus quem revelou a Moisés os nomes de quem seria os artesões: “Eis que o Senhor tem chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá” (Êx 35.30). Bezalel deveria ser o arquiteto, ou o artesão mestre (Êx 35.34), e pertencia à tribo de Judá uma tribo que Deus se alegrava em honrar. Era neto de Hur, provavelmente o mesmo Hur que tinha ajudado a manter erguidas as mãos de Moisés (Êx 17.12), e que nesta ocasião estava trabalhando com Arão no governo do povo, na ausência de Moisés (Êx 24.14). A tradição dos judeus diz que este Hur era o marido de Miriã irmã de Moisés. E, caso isto seja verdade, era necessário que Deus o indicasse a este serviço, para que, se Moisés o tivesse feito, não fosse julgado parcial para com seus próprios parentes, uma vez que seu irmão Arão também tinha sido colocado no sacerdócio. Deus honrou os parentes de Moisés, mas mostrou que esta honra não vinha de Moisés, mas sim, do próprio Deus (HENRY, 2010, p. 325).

3. Deus chamou os construtores. O Tabernáculo era um projeto divino e Deus precisava de pessoas habilidosas para construí-lo. Por isso, Ele chamou pessoas e as usou de maneira graciosa: “Eis que eu tenho chamado” (Êx 31.2-a; e 36.1). Bezalel e seu assistente, Aoliabe, foram chamados para dar beleza às formas materiais do Tabernáculo. Os homens aqui foram chamados por Deus para fazer trabalhos artísticos específicos com ouro, prata, cobre (bronze), madeira, e pedras (Êx 31.4,5). Eles seguiriam as instruções detalhadas dadas a Moisés: “conforme tudo que te tenho mandado” (Êx 31.11). Estes homens usariam sua perícia e orientariam os outros no desempenho da obra de Deus: “todo aquele que é sábio de coração” (Êx 31.6).

4. Deus capacitou os construtores. Neste texto, não estão em vista a capacitação natural que pode ser treinada e aperfeiçoada, mas o dom da graça recebido pelo Espírito Santo (Êx 36.2). Os dons do Espírito são em grande parte estas capacitações naturais dedicadas a Deus e inspiradas pelo Espírito. Estes dons são achados nas expressões vocais e no intelecto, mas também em trabalhos manuais e na percepção visual. Para esta tarefa, houve o enchimento do “Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx 31.3). Podemos então dizer que neste texto:

4.1. Espírito de Deus fala da capacitação dada exclusivamente pelo Senhor.
4.2. Sabedoria denota o alcance de mente e força de capacidade; é o poder de julgar a melhor coisa a fazer.
4.3. Entendimento é a capacidade de compreender as partes diferentes de um trabalho e sua forma completa.
4.4. Ciência indica o conhecimento de materiais pela prática e experiência. É possível dedicar as habilidades pessoais a Deus para serem usadas diretamente na obra do Senhor.

5. Deus ordenou os construtores. Todos somos alvo pelo amor de Deus quanto a salvação, pois seu desejo é que todos os homens indistintamente cheguem ao pleno conhecimento da verdade e sejam salvos (1ª Tm 2.3,4). No entanto, para realização de Sua obra em algumas funções especificas, há uma ordenação particular: “E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe... para que façam tudo o que te tenho ordenado” (Êx 31.6).

IV. CHEIOS DO ESPÍRITO, SABEDORIA, ENTENDIMENTO E CIÊNCIA (Êx 31.3-5)

1. Cheios do Espírito para realizar a obra (v.3).
O texto bíblico diz: “o enchi do Espírito de Deus”. Essa afirmativa vai ao encontro do que nós, pentecostais, sempre afirmamos: não há nada que possamos fazer na vida sem a direção e a ação poderosa do Espírito Santo. O texto em destaque declara que toda a criatividade, sabedoria, entendimento e ciência para construir o Tabernáculo e talhar cada peça em ouro, prata, bronze e madeira promanavam do Espírito de Deus. Aqui, há uma verdade maravilhosa para nós: para realizarmos uma obra espiritual, precisamos estar capacitados pelo Espírito Santo. Nessa perspectiva colocamos todas as nossas habilidades aprendidas nos bancos das escolas, das faculdades e da jornada da vida a serviço do Rei Jesus. Assim, Deus nos usará poderosamente!
Portanto, a simbologia da capacitação espiritual para a construção do Tabernáculo se constitui figura de realidade espiritual do povo de Deus no ministério cristão (At 6.3; Ef 5.18).

2. Habilidades especiais para obras especiais (vv. 4,5).
A Bíblia mostra uma diversidade de dons relacionados ao serviço cristão (Rm 12.3-8; 1ª Co 12.4-6).
- Dons esses que foram distribuídos pelo Espírito Santo, segundo o apóstolo Paulo - na mesma perspectiva do processo de escolha de Bezalel e Aoliabe para a construção do Tabernáculo (vv.4,5).

Na igreja local, muitos trabalhos requerem habilidades especiais. Por exemplo, quem escreve precisa ser habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica. Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades bem específicas. É verdade que os dons de Deus não dependem de habilidades naturais. No entanto, o Senhor chama pessoas que tenham habilidades especiais para potencializá-las e, assim, executarem serviços complexos na igreja local.

V. USANDO OS TALENTOS PARA A GLÓRIA DE DEUS

1. Os talentos (habilidades) de Bezalel e Aoliabe.
Já vimos que Bezalel e Aoliabe eram artesãos altamente capacitados para trabalhar com ouro, prata e cobre, além de outros materiais como madeira. Mas algo devemos destacar: ambos se submeteram à revelação de Deus para executar com maestria as peças dos altares, colunas, cortinas e cores. Assim, revestidos do Espírito de Deus, Bezalel e Aoliabe passaram a ser especialistas para fazer tudo quanto fosse necessário para construir a estrutura do Tabernáculo de maneira esteticamente bela. Eles primeiro submeteram-se! Por isso o que faziam era para a glória de Deus!

Para fazermos alguma tarefa que glorifique a Deus precisamos ter a consciência profunda de que foi Ele quem nos chamou. Esse é o passo fundamental para que o nosso trabalho glorifique a Deus. Depois, é preciso admitir que, embora você tenha a mais importante capacitação secular, Deus sempre é quem dá a última instrução. Experimente submeter-se a Deus e fazer qualquer tarefa para a glória d’Ele!

2. Os talentos revelados na Igreja (Mt 25.14,15).
Embora Mateus 25 seja uma passagem bíblica que trata acerca da volta de Jesus, ela é uma bela ilustração para mostrar o que Deus espera que nós façamos com a nossa vocação. O que Ele exigiu de Bezalel e Aoliabe também está contemplado na Parábola dos Talentos. Nessa parábola a palavra grega talanton, que significa “talento”, ganha destaque. O termo refere-se à moeda de alto valor. Nesse contexto, o homem rico distribuiu vários talentos aos servos de acordo com a capacidade de cada um para negociar. Naturalmente, o homem rico esperava receber retorno dos servos. A mensagem aqui é clara: quando o Senhor voltar, Ele deseja nos encontrar trabalhando de acordo com as habilidades que Ele nos capacitou para o seu reino. Desenvolver os talentos simboliza perseverar na fé e o comprometer-se em colocar a serviço do Corpo de Cristo tudo o que o Senhor nos concedeu.

VI. LIÇÕES PRÁTICAS QUE APRENDEMOS COM BEZALEL E AOLIABE

Seja para construir o tabernáculo no Antigo Testamento, a igreja no Novo Testamento o Espírito Santo de Deus nos fala, revela, chama, capacita e nos ordena para realizar a Sua obra.

1. A escolha de Deus para a obra é soberana. É Deus que nos escolhe, nos chama, nos capacita e nos envia. Foi o Senhor quem elegeu, chamou, capacitou e enviou Bezalel e Aoliabe para todas as obras relacionadas ao Tabernáculo a fim de que fosse construído exatamente conforme o modelo que fora mostrado. Não está dentro das atribuições unicamente do homem selecionar, chamar, qualificar ou nomear. Tal é a sã doutrina que nos é sugerida pelas palavras do próprio Deus, pois os obreiros para esta construção foram:
1.1. Divinamente escolhidos: “eu tenho posto” (Êx 31.2-a).
1.2. Divinamente chamados: “eu tenho chamado” (Êx 31.6-a).
1.3. Divinamente qualificados: “eu tenho dado” (Êx 31.6-b).
1.4. Divinamente nomeados: “eu tenho ordenado” (Êx 31.6-c).
Demais, ninguém podia presumir de se nomear a si próprio para esta obra; nem tampouco ninguém pode nomear-se a si próprio para a obra do ministério, pois tudo, é e deve ser, absolutamente da competência divina: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele” (Mc 3.13).

2. Nossa capacidade na obra vem de Deus. A declaração de que Bezalel e Aoliabe receberam suas aptidões do “Espírito de Deus” prefigura os dons do Espírito que o Senhor concede a todos os crentes consagrados à obra do Senhor (Rm 12.4-8; 1ª Co 12.1-31; Ef 4.7-13). No caso dos artesões do tabernáculo não foi diferente: “e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício” (Êx 31.3). Devemos nos lembrar sempre que nossa capacidade vem do Senhor: “não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2ª Co 3.5). Todos nascemos com diferentes aptidões dadas por Deus e, quando nos convertemos, recebemos diferentes dons do Espírito Santo que devem ser usados para o bem da igreja e para a glória do Senhor. Paulo nos diz ainda: “O qual nos fez também capazes de ser ministros” (2ª Co 3.6-a).

3. Deus capacita de maneira especial para a obra quem Ele chama. Deus chamou Moisés e nomeou Bezalel e Aoliabe para dirigir a obra da construção do Tabernáculo, pois sem líderes a obra não avançaria, e o Senhor também chamou artífices voluntários para auxiliá-los (Êx 31.6; 35.10). Bezalel e Aoliabe foram capacitados para fazer os móveis do tabernáculo: “Assim, trabalharam Bezalel, e Aoliabe, e todo homem hábil a quem o SENHOR dera habilidade e inteligência” (Êx 36.1). Todos os homens são chamados para serem salvos, mas, nem todos os salvos são chamados para serem líderes. Por isso, o apóstolo Paulo disse: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Uma vez escolhidos e chamados, seremos agora capacitados por Deus. Devemos lembrar das palavras de João Batista: “O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu” (Jo 3.27).

4. Deus capacita aqueles que são obedientes e submissos na sua obra. O Senhor chamou Moisés diretamente pelo nome (Êx 3.1-10), mas Bezalel e Aoliabe foram chamados indiretamente, ou seja, através de Moisés. Embora Deus escolhesse por nome a Bezalel e Aoliabe (Êx 31.2-a, 6-a), logicamente coube a Moisés nomeá-los e apresentá-los (Êx 35.30; 36.2). Não há nenhuma passagem mostrando Deus falando diretamente com eles como fez com seu líder. É inspirador ser chamado por nome direta ou indiretamente por Deus, mas também é importante ser nomeado por quem Deus autoriza a escolher obreiros (BEACON, 2010, p. 222). Bezalel, Aoliabe e os outros auxiliares tiveram o privilégio de participar destas obras e foram fiéis, submissos e obedientes em seguir as orientações divinas dadas ao seu líder: “Fez Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, tudo quanto o Senhor ordenara a Moisés” (Êx 38.22).

5. Deus capacita aqueles que estão dispostos a glorificar ao Senhor e não a si mesmo. Apesar das grandes importantes contribuições, Bezalel e Aoliabe são praticamente esquecidos depois do tabernáculo concluído. Tem gente que seu nome aparece, mas a sua obra não, e tem gente que o seu nome não aparece, mas a sua obra se eterniza: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória” (Sl 115.1). O apóstolo Pedro também entendeu assim: “A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pd 3.18). Paulo também compreendeu desta forma: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!”. João na ilha corrobora com esta visão: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua são e foram criadas” (Ap. 4.11).

CONCLUSÃO. No Reino de Deus muitas habilidades poderão ser utilizadas, não somente as de caráter espiritual, mas também as de caráter social, educacional e material. Por exemplo, quem escreve precisa ser habilidoso no ofício da escrita; quem canta precisa ser habilidoso no ofício do canto; quem toca precisa ser habilidoso no ofício instrumental; quem prega e ensina precisa ser habilidoso no ofício da interpretação de texto e da retórica. Enfim, as necessidades de habilidades especiais para realizar obras especiais são inúmeras. Por isso que o Espírito Santo capacita pessoas para atividades bem específicas na obra do Senhor. A recompensa dos que dão o melhor de suas vidas será dada por Deus aos que forem fiéis em toda boa obra. Esforce-se com esmero e amor!

FONTE DE PESQUISA

1. CABRAL Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
2. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA. 2001.
3. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
4. HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do AT: Gênesis a Deuteronômio. CPAD. 2010.
5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. (Trad. Gordon Chown). CPAD, 1995.