TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

A MISSÃO DO PASTOR

 


ESBOÇO PARA SERMÃO

Jeremias 3.15 “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência”. 

INTRODUÇÃO. Muitas são as responsabilidades confiadas por Deus ao pastor e a autoridade é ferramenta dada pelo Senhor para tão grande missão. Contudo, o pastor não tem autoridade em si mesmo, deve depender e buscar em Deus.

Ao subir aos céus, Jesus declarou que toda autoridade lhe foi dada (Mateus 28.18) e nos comissionou para receber este poder (Atos 1.8). Então o pastor precisa buscar autoridade de Cristo e pode fazer isso imitando Jesus. A motivação do pastor deve ser educar e ensinar as ovelhas, aquelas que forem submissas a Cristo também serão ao pastor.

O poder de Deus na vida do pastor o leva a ser humildade e dependente de Cristo. A autoridade de Jesus foi confirmada na cruz e sua recompensa foi a ressurreição. 

I. COMO SER PASTOR 

A função do pastor é descrita no Novo Testamento por palavras gregas que nos fazem entender melhor seu propósito: 

1. Presbítero. 1ª Pedro 5.1 Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada”. 

1.1. O significado do termo. A palavra Presbítero do original grego Presbyteros, designa as qualificações necessárias à pessoa do pastor. A palavra presbítero se encontra (17) dezessete vezes no Novo Testamento, sendo dez somente no livro de Atos dos apóstolos. Em algumas traduções é usada a palavra ‘ancião’ (Revista e Corrigida), para designar o sentido de ser uma pessoa mais velha ou mais experiente. Um dos critérios para ser presbítero da Igreja era ser experiente, ou seja, ter um certo tempo como cristão, ou mesmo que não tenha tanta idade, dê provas de maturidade. 

1.2. Os presbíteros eram eleitos pela igreja. Atos 14.23E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido”. 

1.3. E tinham a função de resolver as questões doutrinárias. Atos 15.6Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão”. 

1.4. E tomar decisões pela Igreja. Atos 16.4Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com eles. 

1.5. Ungir os enfermos. Tiago 5.14Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor”.

1.6. Levantar outros obreiros . Atos 15.22Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamente com Paulo e Barnabé, a Antioquia: foram Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos” 

1.7. Se dedicar ao estudo e ensino da Palavra. 1ª Timóteo 5.17Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino”. 

1.8. Os presbíteros se reuniam em forma de presbitério semelhante ao sinédrio judaico. Atos 15.2Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão”.

O poder de Deus não é dominador e sim libertador para a verdade. Muitas vezes é preciso confrontar as pessoas, mas não domina-las nem ser dominado por elas. É preciso ser verdadeiro mesmo que isso não seja agradável.

Sem ovelhas é impossível ser pastor. Através do que o pastor faz, ele conquista as ovelhas. Pelo modo de agir, trabalhar, conversar, planejar e organizar a igreja, a vocação é estabelecida.

Pastorear é transmitir experiência de vida com Deus! 

2. Epíscopo à Supervisor. Atos 20.28Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”. 

2.1. O significado do termo. A palavra “Bispo” no original grego Episkopos, mostra a autoridade de observador do pastor. Esta palavra é traduzida por ‘bispo’, aparece apenas (5) cinco vezes no Novo Testamento, sendo uma delas se referindo a Jesus Cristo (1ª Pedro 2.25) e outras quatro vezes com respeito aos líderes da Igreja (Atos 20.28; Filipenses 1.1; 1ª Timóteo 3.2; Tito 1.7). No léxico Strong afirma que “originalmente, este nome era simplesmente o termo grego equivalente a presbítero”.

2.2. O epíscopo deve exortar a Igreja mostrando o que é correto e defendendo a doutrina contra as heresias (Atos 20.28-31).

2.3. O apóstolo Paulo demonstra uma séria preocupação com o testemunho de vida dos bispos ou epíscopos, pois se estes deviam corrigir a Igreja, então deviam ser “irrepreensíveis” dentre outras qualidades (1ª Timóteo 3.2; Tito 1.7).

Pastor e liderança precisam amar a Deus trabalhando juntos. Construir sua relação sobre a Bíblia, se comprometer a servir, confiar o ministério aos santos, concentrar suas reuniões em Deus e servir juntos. As tarefas mais difíceis devem ser feitas pela liderança e pastor juntos.

O pastor ajuda a liderança, mas não pode pensar por ela, o importante é orar e discutir juntos para que a liderança aprenda a seguir padrões bíblicos que centralizem as agendas e reuniões em Cristo. Escolher alguém para ocupar um cargo na igreja é uma tarefa difícil e deve ser feita com cuidado par evitar problemas futuros. Sabendo qual é a função a ser ocupada, qual o desafio e então iniciar um processo de busca por alguém que se encaixe nas necessidades da comunidade.

Pastorear é liderar a igreja com a autoridade de Deus! 

II. A MISSÃO DO OBREIRO 

1. Capacitador. Tito 1.9 “Apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem”. 

1.1. O significado do termo. A palavra “capacitador” no original grego Katartizõ, significa capacitar com objetivo de aperfeiçoar (Hebreus 13.21) e preparar (Hebreus 10.5). Esta palavra é traduzida no Novo Testamento como aperfeiçoar e restaurar com sentindo de emendar, endireitar e completar (Marcos 1.19). Sempre é usada para se referir a uma ajuda para alguém que errou (Gálatas 6.1). Esta característica mostra o processo de equipar o rebanho para servir a Cristo (2ª Coríntios 13.9-11). O pastor precisa ser vocacionado e estar sempre buscando capacitação para não ficar desnutrido espiritualmente.

A catarse é a purificação, que mostra a necessidade se consagrar constantemente a Deus para o pastoreio. A santificação é a principal ferramenta de preparação para exercer o ministério pastoral (Atos 6.4).

O trabalho de um pastor é comparado ao de escultores que visualizam em uma pedra bruta uma linda obra de arte e através desta visão são motivados a começar a esculpir. Contudo, a própria alma do pastor precisa ser esculpida por Cristo para quer corações endurecidos possam ver a beleza do evangelho e permitir serem trabalhadas pela ferramenta de Deus: a cruz.

O propósito do pastor deve seguir o propósito da Igreja que é glorificar a Deus e fazer discípulos. Quando Jesus subiu aos céus nas alturas enviou seu Espírito para conduzir a igreja dando a cada crente um dom e ministério. O dom de pastorear também é um ministério concedido pela graça de Deus e somente através da graça o pastor poder preparar (katartizõ) as vidas como pescadores que limpam suas redes para continuar a pescar restaurando os santos de qualquer pecado. Os líderes devem ser desenvolvidos em competência e em caráter, o que acontece com o passar do tempo.

Pastorear é capacitar a igreja para a missão! 

4. Mestre. Co 12.28-29 “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. 29 Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres”? 

A palavra “mestre” no original grego Didáskalos significa mestre ou doutor. Equivale ao termo hebraico ‘Rabi’ que também é traduzido por mestre e doutor. Quem ensina é considerado tutor ou instrutor (2ª Timóteo 4.2). Esta palavra mostra o dever de ensinar de acordo como evangelho.

Na grande comissão Jesus deixou claro o propósito da igreja de pregar, batizar e ensinar em seu nome (Mateus 28.18-20). Para isso precisa sair de si mesma e buscar os perdidos no mundo.

O pastor deve fazer discípulos capazes de se multiplicar conquistando outros. A igreja precisa estar estruturada para ganhar almas, mas deve depender unicamente da presença e do poder de Cristo para cumprir sua missão. A igreja pertence a Cristo que a comprou com seu sangue.

Para ir por todo o mundo é necessário receber de Cristo sua autoridade sobre o que é terreno e o que é celestial. A autoridade de Jesus é que capacita para a Missão. O compromisso de Jesus é estar com a Igreja todos os dias.

O objetivo do pastorado não é apenas atender a emergências e solicitações e sim obedecer ao propósito para o qual foi chamado por Deus.

Pastorear é ensinar e viver a Palavra de Deus! 

5. Aconselhar. Coríntios 9.7-8Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? 8 Porventura, falo isto como homem ou não o diz também a lei?

A palavra “Aconselhar” no original grego Poimén é cuidado ou a motivação de cuidar do rebanho como Cristo cuida de sua Igreja (João 10.16). A palavra poimén significa pastor, que cuida do poimene que é o rebanho (Mateus 26.31). Uma das traduções desta palavra é o verbo apascentar (João 21.15-17). Tem o sentido de proteger (Apocalipse 2.27, 12.5 e 19.15) e alimentar (Apocalipse 7.17). Mas o termo é mais usado para se referir ao líder espiritual da igreja (Efésios 4.11).

A palavra poimênica é muito usada para falar do ministério de aconselhamento que é desenvolvido especificamente pelo pastor, por um grupo preparado para isso, mas que deve ser alvo de toda a comunidade. Segundo Howard Clinibell, a Igreja nunca pode se esquecer de que deve ser um lugar para salvar vidas.

A liderança da igreja também tem autoridade diferente da pastoral, mas juntos e submissos a Cristo devem conduzir a obra de Deus. O pastor se submete à liderança e a liderança se submete ao pastor e ambos se submetem a Cristo e as ovelhas aprenderão a obedecer a Cristo, ao pastor e à liderança (Hebreus 13.7, 17 e 20).

Deste modo a tarefa do MESTRE deve ser compreendida por todos na Igreja. Cada irmão cuida um do outro e assim alivia a carga de sobre o pastor, que também exerce seu ministério pastoral cuidando do rebanho “instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente” (Colossenses 3.16). Para isso é preciso desenvolver na igreja um ambiente de acolhimento e cuidado para o próximo. O amor é o sentimento que norteia este relacionamento.

Pastorear é cuidar das pessoas como ovelhas de Cristo! 

6. Discipulado.2ª Timóteo 2.1-2Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. 2 E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros”.

A palavra discípulo no grego Manhthanõ é traduzido por aprender, fazer discípulos (Mateus 28.19). Esta palavra com suas variações tanto como substantivo aluno ou aprendiz como em forma de verbo ensinar, mostra o propósito de discipular vidas que estão na Igreja para ganharem outros que estão fora da Igreja. O sentido bíblico da palavra discipulado é aprender pela experiência.

A estratégia de Jesus para sua Igreja foi o discipulado (Mateus 10.1-5). Para discipular é preciso ter intenção, vontade de conquistar as almas, identificação com Cristo e o povo de Deus para conduzir as vidas para a casa de Deus e instrução para como Jesus ensinar a Palavra de Deus de forma a alimentar espiritualmente as almas (Atos 14.21,22).

Muitas vezes a igreja se concentra e se limita a seus membros ou familiares deixando com isso de anunciar o evangelho aos que estão longe de Cristo. Isso aconteceu na Igreja de Jerusalém e foi preciso uma perseguição para conduzi-los a outros povos. Já em Antioquia foi diferente, a igreja anunciava o evangelho pela vizinhança e arredores conquistando a sociedade (Atos 11.19-23).

O pastor não pode esquecer que também precisa ser pastoreado primeiramente por Cristo e também por colegas de ministério. A vida de intimidade com Deus através da oração e leitura da Palavra é a base da liderança. O caráter precisa ser moldado por Cristo e para isso é preciso confessar os pecados e passar tempo com Deus em oração.

A igreja pertence a Cristo que a comprou com seu sangue. Na grande comissão Jesus deixou clara a vocação da igreja de pregar, batizar e ensinar em seu nome. Por isso as ovelhas precisam sentir a presença de Jesus na vida do pastor, mesmo que isso também provoque as mesmas perseguições que Jesus enfrentou.

Pastorear é fazer discípulos guiando-os a Jesus! 

7. Serviço. Timóteo 3.8-13Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, 9- conservando o mistério da fé com a consciência limpa. 10- Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. 11- Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. 12- O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. 13- Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus”.

A palavra diakonia no grego significa ajuda, serviço, assistência ou ministério. Embora o termo diácono se refere especificamente aos ajudantes dos apóstolos (Atos 6.1-7), que se tornou um ministério específico de apoio na igreja (Filipenses 1.1), a expressão significa originalmente servir. Deste modo a diaconia também se aplica ao ministério pastoral. A função do diácono exigia características semelhantes à do presbítero ou epíscopo (1ª Timóteo 3.1-13 e 5.17-22).

Um dos maiores desafios do pastoreio é conviver com pessoas de temperamento difícil e falhas de caráter. Jesus também conviveu com pessoas assim. A forma que Jesus escolheu para liderar pessoas foi servindo-as. Quando Jesus lavou os pés de seus discípulos e ordenou que lavassem os pés uns dos outros estava ensinando como liderar.

Naquele momento Jesus estava demonstrando seu amor através de um simples gesto (João 13.1-20). Como Pedro não aceitou o gesto de Jesus e depois se extremou querendo ser banhado, essa insegurança impede a manifestação do amor em muitos líderes. Jesus não tinha medo de amar porque sabia que possuía o verdadeiro poder, que vinha do Pai e qual era o seu destino.

Servir é o segredo da liderança. A autoridade não é alcançada através de força e sim do amor. Quando o liderado é servido pelo líder se sente conquistado por este. O poder e a autoridade vêm de Deus para o líder e deve ser usado através do serviço.

Lavar os pés também é um ato de purificação. Jesus queria mostrar para os líderes de sua Igreja que precisavam estar limpos e limpar os pés uns dos outros. Por isso o líder tem a tarefa de confrontar o pecado.

O maior exemplo de liderança servil foi dado por Jesus, mostrando seu amor e concedendo sua bênção aos que lhe obedecem bem como tolerando os fracos.

Pastorear é servir às pessoas como Jesus! 

CONCLUSÃO. Jeremias 17.16 “Mas eu não me recusei a ser pastor, seguindo-te; nem tampouco desejei o dia da aflição, tu o sabes; o que saiu dos meus lábios está no teu conhecimento”.

Ser pastor não é apenas uma opção porque nós é que somos escolhidos por Deus para isso. Fomos chamados e vocacionados para isso (Mateus 22.14). Ser um pastor com estas características só é possível através de Jesus Cristo o supremo pastor que chama e capacita para esta obra maravilhosa.

Embora estes termos presbítero, epíscopo, katartizo, didaquê, poimênica, manthanõ e diakonia sejam comumente usadas para designar cargos ou ministérios específicos nas igrejas em diversos modelos eclesiásticos, na verdade são expressões usadas para indicar as características do ministério pastoral de transmitir experiência, liderar, corrigir, ensinar, aconselhar, discipular e servir.

Estas coisas marcam o ministério pastoral: a ênfase na formação do caráter do pastor muito mais do que talentos e boas ideias e a dependência de Cristo para tudo a ser vivida com humildade e muita oração.

Pastorear é cumprir o chamado de Deus!

FONTE DE PESQUISA 

1. Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.

2. STONG, James. Dicionário Grego do Novo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico. Grego. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD. Rio de Janeiro – RJ.

3. CLINIBELL, Howard J. Aconselhamento Pastoral: modelo centrado em libertação e crescimento; tradução de Walter O. Schlupp e Luís Marcos Sander. São Leopoldo: Sinodal, 1987.

4. AUTORIDADE PASTORAL, Servindo a Deus Liderando o Rebanho. William Laurence. Tradução por Tirza Pinto. São Paulo: Editora Vida, 2002. 260 páginas.

5. Pregações e estudo bíblico. https://www.esbocosermao.com/2015/07/o-chamado-pastoral.html - Acesso dia 05/01/2022.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

QUAIS OS REQUISITOS PARA SER UM HOMEM DE DEUS

 


ESBOÇO PARA SERMÃO

Ez 22.30 “E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei”. 

Introdução. Ezequiel significa Deus forte. O livro de Ezequiel registra a atividade de um profeta durante o exílio da Babilônia no 597 a.C. Sua mensagem foi dirigida para seus companheiros de exílio, e igualmente ao povo hebreu que ainda se encontrava na Palestina.

Nos tempos do profeta Ezequiel o povo de Israel encontrava-se desviado dos caminhos do Senhor. A nação estava fracassada, e então Deus olha para Israel e não encontra ninguém que pudesse tapar a brecha do muro, ou seja, alguém que pudesse interceder por Israel. Ainda hoje Deus procura aqueles que se disponha para fazer sua obra. Mas quais os requisitos para um homem ser usado nas mãos de Deus.

Ezequiel enfrentou uma tarefa difícil, porque o povo estava em uma rebelião contra Deus. No antigo Israel, os atalaias ficavam posicionados nas torres ou muros para alertar as pessoas sobre o perigo e sobre a aproximação de mensageiros. 

A palavra Profetas no hebr. Nabi do gr. profhetes; é aquele que fala por alguém; porta voz, atalaia. No antigo Testamento, a pessoa era devidamente vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus (Ez 2.1-10). O profeta era um mestre incontestável quando sob inspiração do Espírito Santo. Porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do único e Verdadeiro Deus. 

A Bíblia diz que Deus procura os fies da terra”. Mas porque Ele procura? Para ser um porta voz, um mensageiro de Seu evangelho a este mundo. Os anjos tinham anseio por este ministério, mas Deus deixou preferiu que Sua mensagem fosse transmitida através de homens comprometido com Seu reino. 

I. TER BOM TESTEMUNHO 

1ª Tm 4.12 “Ninguém despreze a tua mocidade. Mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato (procedimento), no amor, no espírito, na fé e na pureza”.

1ª Pe 2.12 “O vosso procedimento entre os gentios seja correto, para que, naquilo em que falam mal de vós como de malfeitores, observando as nossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação”.

Tt 2.7 “Em tudo te dá exemplo de boas obras. Na doutrina mostra integridade, reverência”.

Fl 2.14-15 “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas. 15 Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”.

Rm 13.13 “Andemos honestamente, como Em pleno dia: não em orgias e bebedices, nem em desonestidade, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais para a carne no tocante suas concupiscências”.

  • Um homem de caráter irrepreensível e correto.
  • Luz do mundo e sal da terra.

II. DEVE SER SANTO 

Lv 11.44 “Eu sou o Senhor, vosso Deus, portanto, vós vos consagrais e sereis santos, porque eu sou santo...”

1ª Pe 1.15-16 “Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; 16 – Porque está escrito; sede santos, como eu sou santo”.

2ª Rs 4.8-9 “Certo dia, passou Elizeu por Suném, portanto onde se achava uma mulher rica, a qual o constrangeu a comer pão. Daí, todas as vezes que passava por lá, entrava para comer. 9 Ela disse a seu marido; Vejo que este que passa sempre por nós é santo homem de Deus”.

O mundo deve ver que somos santos de Deus. Separado do pecado e do mundo. 

III. UM HOMEM DE DEUS 

1. A viúva de Serepta. 1º Rs 17.24 “Então, a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a Palavra do Senhor na tua boca é verdade”. 

2. Um homem de Deus.

Fala segundo a Palavra de Deus.

Fala segundo a verdade. Não há mentira, engano no seu falar.

Ele fala segundo a vontade de Deus. 

IV. VIVER AQUILO QUE PREGA 

1ª Co 9.27 “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.

Esdras 7.10 “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”. 

Três coisa que Esdras fez:

1. Disposto o coração para buscar a Lei do Senhor.

2. ...e para cumprir...

3. ....e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos... 

V. UM HOMEM DE PROPÓSITO FIRME 

1º Rs 17.1 “Então Elias, o tisbita, que habitava em Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra”.

  • O profeta Elias demonstrou um propósito firme quando enfrentou os profetas de baal.
  • Deus precisa homens de propósito firmes e de coragem, pra pregar o Evangelho e para enfrentar as heresias que estão sendo pregadas pelos falsos profetas.
  • Deus precisa homens distintos de fé, de oração e jejum.

VI. HOMEM DE PROVISÃO 

2ª Rs 4.1 “Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas, clamou a Elizeu, dizendo: Meu marido teu servo morreu; e tu sabes que ele temia o Senhor. É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem escravos. Elizeu lhe perguntou: Dize-me que é o que tens em casa. Ela respondeu: Tua serva não tens nada em casa senão uma botija de azeite. Então, disse ele: Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os seus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas: põe à parte a que tiver cheia. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre si e sobre seus filhos; estes lhe chegavam as vasilhas, e ela as enchia. Cheias as vasilhas, disse ela a um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Não há mais vasilha nenhuma. E o azeite parou”.

  • O profeta Elizeu era um homem de provisão.
  • Deus ainda procura homens e mulheres de provisão. Alguém que se coloque na brecha do murro. 

VII. HOMEM QUE TENHA MENTALIDADE DE SERVO 

1. João batista disse que: “virá um que eu não sou digno de desatar as sandálias de seus pés”.

2. João também disse: Importa que eu diminua e Ele cresça.

3. Jesus deu exemplo de servo quando estava neste mundo, lavando os pés dos seus discípulos.

A Bíblia diz é melhor obedecer que sacrificar. 

VIII. UM HOMEM DE AÇÃO E SEM AMBIÇÃO 

1. A jovem israelita testifica da sua fé ao General Naamã.

2º Reis 5.3 “E disse esta à sua senhora: Antes o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra”.

E esta pequena semente, encontrou terreno fértil no coração do general Naamã, que ao ouvir a mensagem da jovem israelita, imediatamente creu no Senhor. Aquela jovem ajudou a construir a paz. 

2. Naamã vai a Elizeu.

E ele se apressa em conseguir uma carta de recomendação do seu rei, ao rei de Israel. Ainda que tais cartas fossem comuns no antigo oriente, as frequentes razias e investidas de Ben-Hadade contra o norte de Israel, fizeram o rei suspeitar que era um disfarce de Naamã para mais um ataque.

Mas o profeta Eliseu, guiado por Deus, pede ao rei que conceda o salvo conduto diplomático que Naamã precisava. Sabiamente, Eliseu era conhecedor que a paz não poderia ser mantida somente através de espadas e carros de combate.

2º Rs 5.8 “Sucedeu, porém, que, ouvindo Eliseu, homem de Deus, que o rei de Israel rasgara as suas vestes, mandou dizer ao rei: Por que rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel”.

2.1. Naamã parte em uma viagem de aproximadamente 138 km de Damasco a Dotã. Ele, depois de tanto esforço, esperava que Eliseu o recebesse e fizesse algum tipo de ritual mágico, algum tipo de oração forte, quem sabe um passe espiritual que o purificasse da sua lepra.

2º Reis 5.9-16, 20-26Veio, pois, Naamã com os seus cavalos, e com o seu carro, e parou à porta da casa de Eliseu. 10- Então este lhe mandou um mensageiro, a dizer-lhe: Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne tornará a ti, e ficarás purificado.11- Naamã, porém, indignado, retirou-se, dizendo: Eis que pensava eu: Certamente ele sairá a ter comigo, pôr-se-á em pé, invocará o nome do Senhor seu Deus, passará a sua mão sobre o lugar, e curará o leproso. 12- Não são, porventura, Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? não poderia eu lavar-me neles, e ficar purificado? Assim se voltou e se retirou com indignação.13- Os seus servos, porém, chegaram-se a ele e lhe falaram, dizendo: Meu pai, se o profeta te houvesse indicado alguma coisa difícil, porventura não a terias cumprido? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te, e ficarás purificado. 14- Desceu ele, pois, e mergulhou-se no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou-se como a carne dum menino, e ficou purificado. 15- Então voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva; chegando, pôs-se diante dele, e disse: Eis que agora sei que em toda a terra não há Deus senão em Israel; agora, pois, peço-te que do teu servo recebas um presente. 16- Ele, porém, respondeu: Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não o receberei. Naamã instou com ele para que o tomasse; mas ele recusou.

V. 20- Quando Naamã já ia a uma pequena distância, Geazi, moço de Eliseu, o homem de Deus, disse: Eis que meu senhor poupou a este sírio Naamã, não recebendo da mão dele coisa alguma do que trazia; vive o Senhor, que hei de correr atrás dele, e receber dele alguma coisa. 21- Foi pois, Geazi em alcance de Naamã. Este, vendo que alguém corria atrás dele, saltou do carro a encontrá-lo, e perguntou: Vai tudo bem? 22- Respondeu ele: Tudo vai bem. Meu senhor me enviou a dizer-te: Eis que agora mesmo vieram a mim dois mancebos dos filhos dos profetas da região montanhosa de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de roupa. 23- Disse Naamã: Sê servido de tomar dois talentos. E instou com ele, e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas mudas de roupa, e pô-los sobre dois dos seus moços, os quais os levaram adiante de Geazi. 24- Tendo ele chegado ao outeiro, tomou-os das mãos deles e os depositou na casa; e despediu aqueles homens, e eles se foram. 25- Mas ele entrou e pôs-se diante de seu amo. Então lhe perguntou Eliseu: Donde vens, Geazi? Respondeu ele: Teu servo não foi a parte alguma. 26- Eliseu porém, lhe disse: Porventura não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou do seu carro ao teu encontro? Era isto ocasião para receberes prata e roupa, olivais e vinhas, ovelhas e bois, servos e servas? 27- Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência para sempre. Então Geazi saiu da presença dele leproso, branco como a neve.” 

1. Ação. A ordem do profeta para Naamã era: Vai e banhe sete vezes no rio Jordão. 

2. Ambição. Quando Naamã ofereceu riquezas para o profeta Elizeu ele disse que não precisavas.

1ª Tm 6.11 “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.”

3. Tem pregador que só prega por uma determinada quantia de dinheiro.

Elizeu quando foi chamado para o trabalho do Senhor vendeu todo o material que lavrava, matou os bois e fez uma festa.

Abraão renunciou tudo. Deixou sua parentela, sua terra, deixou tudo para cumprir a ordem de Deus. E Deus fez um homem rico e poderoso.

O Senhor Jesus dia na Sua Palavra: A Bíblia diz: “Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mateus 25.23). “Mais bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20.35). 

IX. APTO PARA O ENSINO 

1ª Tm 3.1-2 “Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar”.

2ª Timóteo 2.24E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”. 

1. Definição. A palavra ENSINAR no original grego é DIDAKTIKOS”, que significa: ministrar, transmitir conhecimentos, instruir, lecionar., e Ensinar no hb. é hanak que significa “treinar”. 

A palavra ensino é uma das 175 palavras usadas somente nas Epístolas Pastorais em todo o Novo Testamento. Dos supervisores se esperava que fossem mestres, conforme se vê em 1ª Timóteo 5.17 e Tito 1.9. Não parece aqui que Paulo está se referindo ao “dom de ensinar”. O Novo Testamento registra que este dom foi dado exclusivamente a algumas pessoas (Efésios 4.11; 1ª Coríntios 12.28), ao passo que estar “apto para ensinar” é uma qualidade que todos os homens e mulheres podem desenvolver, para atingirem a maturidade. 

Conclusão. Deus ainda hoje procura homens e mulheres para tapar a brecha do muro, no sentido figurado é fazer a obra de Deus. Mas tem que ter santidade, ter um bom testemunho, ser correto, viver aquilo que prega, ser um homem de provisão e de fé, e que tenha ação na sua vida e sem ambição e que sejam submissos.

Pr. Elias Ribas

sábado, 1 de janeiro de 2022

AS QUALIFICAÇÕES E RESPONSABILIDADES DOS DIÁCONOS


ESBOÇO PARA SERMÃO

 LEITURA BÍBLICA

1ª Timóteo 3.8-13. “Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância. 90 guardando o mistério da fé em uma pura consciência. 10- E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. 11-Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. 12- Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. 13- Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.”

Atos 6.1-3 “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. 2- E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. 3- Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” 

INTRODUÇÃO

No primeiro século da era cristã, a Igreja cresceu sob o avivamento do Espírito e expandiu-se pelo mundo. Na mesma medida em que cresceu, surgiram também problemas na esfera social, demandando urgentes providências. Por uma sábia e unânime decisão, em assembleia, a igreja de Jerusalém escolheu sete homens de moral ilibada e cheios do Espírito Santo, para administrarem esse “importante negócio” (At 6.3). Nesta lição estudaremos esse importante ministério de serviço que, por causa de uma crise étnica na igreja, levou os apóstolos a propor medidas que serviram de base para instituir a função diaconal. Esta, até hoje, faz parte do ministério ordenado pelas igrejas cristãs. 

Servir: uma ordenança de nosso Senhor (Mc 12.30,31). O ministério de serviço ao próximo é o símbolo de amor na instituição dos diáconos relatada no livro dos Atos dos Apóstolos, no sexto capítulo. Aqui, os apóstolos foram coerentes com o ensinamento de Jesus de Nazaré. Há muito, o nosso Senhor havia ensinado sobre a urgência de resolver questões sociais e de caráter humanitário de quem quer que fosse. O problema registrado em Atos 6 foi de caráter étnico, mas hoje outros grandes problemas afligem muitos membros da igreja local. Que o serviço dos diáconos de Cristo nos inspire a cultivar um estilo de vida diaconal baseado na história de Jesus de Nazaré. 

I. A DIACONIA DE JESUS CRISTO 

1. Significado do termo. O termo grego diakonos diaconia significa “ministério” ou “serviço”. A vida inteira de Jesus aqui na Terra demonstrou o verdadeiro sentido da diaconia em todos os seus aspectos. Na realidade, seu ministério terreno evidenciou o quanto Ele foi “apóstolo da nossa confissão” (Hb 3.1), profeta (Lc 24.19), evangelista (Lc 4.18,19), pastor (Jo 10.11), mas principalmente, diácono por excelência (Mt 20.28). O apóstolo Paulo disse que Jesus, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6-7). Segundo a Bíblia de Estudo Palavras-Chave, a expressão “tomando a forma de servo” denota o sentido de uma condição humilde.

2. Serviço de escravo. Na véspera da sua crucificação, o Senhor Jesus reuniu os seus doze discípulos para comer a última ceia. Tomando uma toalha e uma bacia com água, ele começou a lavar os pés dos discípulos, um a um (Jo 13.4,5). Não há atitude mais comovente do nosso Senhor como o relato do lava-pés, demonstrando serviço, exemplo e humildade. A “diaconia da toalha e da bacia” é a convocação cristocêntrica para uma vida de serviço humilde (Jo 13.12-17). 

3. O discípulo é um serviçal. Certa vez, Tiago e João pediram ao Senhor lugares de destaques, “à direita” e “à esquerda” de Jesus, quando da implantação do seu Reino (Mc 10.35-37). Os discípulos ainda não haviam compreendido a mensagem de Jesus. A proposta do Nazareno nunca foi a de estabelecer uma hierarquia de poder temporal para a sua igreja, mas a de serviço conforme demonstra sua resposta a eles: “entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal [diakonos]. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.43-45). 

II. A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS 

1. O conceito da função. A palavra diácono (gr. diakonos), segundo o Dicionário Vine, refere-se àquele que presta trabalhos voluntários aludindo aos exemplos dos criados domésticos dos tempos do Novo Testamento. O termo destaca, em especial, a função de um mestre ou de um pastor cristão, entrelaçando o sentido técnico do diácono ou diaconisa. Outra palavra grega relacionada a “diácono” é doulos. Esta refere-se a “um servo” ou “um escravo” (Mt 13.27,28; Jo 4.51). Portanto, a ideia preponderante que a função do diácono remonta é a do serviço voluntário prestado, pelo “ministro”, o “servo” ou o “assistente”, para alguém. 

2. Origem do diaconato. No Dia de Pentecostes, quase três mil almas converteram-se ao Senhor (At 2.14-39). Apesar de um crescimento tão surpreendente, os discípulos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42). O que isso evidencia? A completa dedicação da liderança ao discipulado e à sã doutrina. Tem você se consagrado à evangelização e ao ensino? Somente assim pode a sua igreja crescer. Esteja, contudo, preparado para os incômodos e as dores que acompanham o crescimento. Foi o que experimentou a Igreja em Jerusalém. 

3. A escolha dos diáconos. Os crentes de expressão grega puseram-se a reclamar de que suas viúvas estavam sendo preteridas na distribuição diária (At 6.1). Fez-se murmuração o que era queixume. Para esvaziar aquele clima de insatisfação que já começava a generalizar-se, os apóstolos foram divinamente orientados a instituir o diaconato. Por que permitir que seja a discórdia espalhada entre os irmãos? Busquemos a sabedoria do alto. E assim teremos condições de pacificar os ânimos e manter a unidade do povo de Deus. A murmuração helênica denunciou a urgência de implementar-se a Assistência Social na Igreja Primitiva.

No capítulo 6, Lucas informa um desarranjo na comunhão causado pela negligência da comunidade para com suas viúvas gregas. No meio de tremendo progresso da Igreja, este problema coloca a unidade eclesiástica em sério perigo. Nesta época, a comunidade cristã consiste em dois grupos: os judeus gregos (hellenistai, ‘crentes de fala grega’) e os judeus hebreus (hebraioi, ‘crentes de fala aramaica’). Os judeus gregos de Atos 6 são crentes que foram fortemente influenciados pela cultura grega, provavelmente enquanto viviam fora da Palestina, ao passo que os judeus hebreus são cristãos que sempre viveram na terra nativa da Palestina” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1: Mateus a Atos. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pg. 657). 

Em razão do crescente número de conversos, os apóstolos não mais tiveram condições de atender devidamente às demandas sociais da Igreja (At 4.4; 6.1). Era necessário organizar o ministério cotidiano. Se de início não havia necessitado algum, agora já apareciam as queixas de um segmento muito importante da irmandade: os gregos. Eram estes, segundo podemos depreender, israelitas provenientes da Diáspora. A Igreja em Jerusalém sentia, agora, as dores do crescimento. Somente as Igrejas que não crescem são poupadas de tais desconfortos. Como está o trabalho de assistência social de sua igreja? Todos estão sendo socorridos? O ideal é que, em nosso meio, ninguém seja esquecido (At 4.34). 

Para resolver o impasse, orando e impondo-lhes as mãos, os apóstolos separaram sete irmãos de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria para administrar uma questão étnica e social (At 6.2-7). Foi uma decisão de caráter pacificador e de muito bom-senso para a igreja não se perder em permanentes desentendimentos. O objetivo era estimulá-la a resolver a questão reconhecendo o caminho equivocado antes aderido pelos líderes até aquele momento. Assim, eles puderam executar as mudanças necessárias e resolveram uma questão que poderia trazer sérios problemas para a igreja de Jerusalém. 

4. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões (At 6.3). Os líderes da Igreja incluíram toda a congregação no processo de escolha. O conselho local das comunidades judaicas normalmente consistia de sete homens conhecidos como os sete da cidade. Os tais eram conhecidos pelo seu comportamento exemplar na comunidade.

Os dos diáconos escolhidos para servir à Igreja primitiva em Atos 6.3 deveriam ter os seguintes requisitos: 

4.1. Boa reputação. Isso tanto no aspecto positivo como no negativo. Não deveriam ter-se envolvido em qualquer escândalo que lançasse qualquer reflexo adverso sobre sua moralidade ou honestidade. Deveriam ser conhecidos como homens de interesses humanitários, que promovessem o seu ofício e apresentassem soluções equitativas aos muitíssimos problemas. 

A palavra «...reputação...» dá-nos a entender que teriam de ser indivíduos testados, ou, segundo o que o seu sentido original entende, que lhes «tivesse sido dado testemunho». Outras pessoas precisam conhecê-los, em seus negócios e em seu caráter passado, testificando favoravelmente acerca deles. 

4.2. Cheios do Espírito Santo. O segundo requisito, os diáconos deveriam ser cheios do Espírito Santo, deveriam ter sido participantes da experiência pentecostal não menos que os apóstolos. Devem ter experimentado pessoalmente a promessa feita pelo Senhor Jesus de que aos seus seguidores seria dado o divino paracleto o Consolador no dia do Pentecoste.

Deve-se notar que um dos diáconos escolhidos chamado Estêvão, homem era homem cheio de graça e poder (At 6.8), o qual fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Visto que tais dons espirituais eram tão comuns na igreja primitiva, não somente entre os apóstolos, mas também no caso de outros líderes da segunda linha, é bem provável que a igreja primitiva tenha encarado esses sinais visíveis dos dons espirituais como característica necessária para alguém ser nomeado a qualquer ofício mais elevado, como deve ter sido inicialmente considerado o diaconato. 

4.3. Cheios de sabedoria. Naturalmente, essa qualidade era resultado direto do poder habitador do Espírito Santo. Trata-se de uma qualidade ao mesmo tempo negativa e positiva, terrena e celestial. Era mister que soubessem como rejeitar as murmurações e como cuidar delas, sabendo também cuidar dos que eram dados à fraude, à calúnia e à traição por palavras; pois, em seu trabalho de administração do dinheiro, naturalmente se encontravam com muitas pessoas dessa natureza, especialmente visto que tinham de tratar com pessoas mais idosas, nas quais, com frequência, talvez por motivos físicos, se encontra um espírito de partidarismo radical, além de ideias fechadas e preconcebidas. A sabedoria dos diáconos precisava ser terrena e prática, dando eles exemplos de discrição e poupança, além da aptidão pelas coisas e soluções práticas. Contudo, essa sabedoria também teria de ter um aspecto espiritual, fazendo com que olhassem para seus semelhantes com espírito de amor, de ternura e de bondade, sempre considerando seu destino espiritual e eterno, visando o avanço e o desenvolvimento espirituais de suas almas.

Falando de maneira geral, teriam de ser homens que cuidassem tanto das necessidades físicas como das necessidades espirituais de muitíssimas pessoas, motivo pelo qual teriam de ser indivíduos altamente qualificados. 

É perfeitamente possível que o ofício diaconal, especialmente criado neste ponto da narrativa histórica, não seja idêntico ao ofício mencionado no trecho de 1ª Tm 3.1-13, onde aparecem, dadas pelo apóstolo Paulo, as qualificações necessárias dos pastores e diáconos, porquanto diversas modificações podem ter sido efetuadas no decorrer dos anos. Não obstante, o ofício diaconal, aqui no livro de Atos, foi o precursor dos ofícios inferiores ao apostolado, na igreja cristã; e, originalmente, sem dúvida muito se assemelhava aos ofícios pastoral e diaconal dos anos posteriores.

III. O PERFIL E FUNÇÃO DO DIACONO 

Em 1ª Timóteo 3, Paulo apresentando as características necessárias para que o ministro seja considerado apto e digno para exercer função de dirigente da congregação. Da mesma forma, os diáconos. Eles devem apresentar as características aqui descritas para exercer esse tão excelente cargo no Reino de Deus.

Os diáconos tiveram papel muito honroso nos primórdios da Igreja. Os bispos e os diáconos trabalhavam para a igreja. Paulo usou o termo diáconos como favorito para si e para seus cooperadores, muitas vezes significando servos ou servas que lhe prestavam algum tipo de serviço (cf. Rm 16.1). As qualidades são exigidas em Atos 6.1-7. 

Paulo indica outros importantes requisitos para o diaconato. Após enumerar as qualificações para bispo ou presbítero, Paulo aproveita o ensino para discorrer sobre as qualificações dos diáconos ou ministros que serviam nas igrejas. E o faz de modo imediato, sem lacuna ou pausa em sua ministração, dizendo que os diáconos, “da mesma sorte” que os bispos ou presbíteros, deveriam ter as seguintes qualificações.

1. “Sejam honestos”. Isso significa que devem ser “honrados, dignos, corretos, íntegros”. Corresponde à “boa reputação”, indispensável ao indicado para diácono, quando houve sua instituição (At 6.3); nas igrejas, hoje, os diáconos recolhem dízimos e ofertas; alguns são tesoureiros, em congregações ou igrejas. Se forem desonestos, podem cair no laço do Diabo de roubarem até os dízimos, como já aconteceu em várias ocasiões. Para sua maldição (Zc 5.3,4). 

2. “Não de língua dobre”. Isto é, que não sejam homens de duas palavras, ou de “duas caras”; que diz uma coisa sobre um assunto, e diz outra coisa sobre o mesmo problema. JESUS disse: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna (Mt 5.37). Um animal que tem língua dobre (dupla) é a serpente. 

3. “Não dados a muito vinho”. No tempo de Paulo, a exemplo do que ocorria no tempo de JESUS, o vinho ou suco de uva era uma bebida familiar. Havia o vinho fermentado e o não fermentado, o suco da uva (gr. guenematos tês ampèlou), que JESUS tomou na instituição da Ceia. Não fica bem para o diácono (ministro, servo), ser habituado a tomar vinho ou qualquer bebida alcoólica e se sabe que mesmo o suco em grande quantidade embebeda. O álcool tira o juízo. A maioria das pessoas ficam alteradas com meio copo de vinho. 

4. “Não cobiçosos de torpe ganância”. Um diácono não deve ser ganancioso, ou seja, cobiçoso, ávido por dinheiro, ou qualquer outro tipo de vantagem ou lucro pessoal, na obra do Senhor, ou em sua vida pessoal. Muitos têm afundado moralmente, por causa da desonestidade, que resulta da ganância por riquezas materiais (1ª Tm 6.10). 

5) “Guardando o mistério da fé em uma pura consciência”. Esse “mistério” é a revelação de DEUS, através de CRISTO (cf. Rm 16.25). E “a sabedoria de DEUS oculta em mistério”, “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para os que o amam. “Mas DEUS no-las revelou pelo seu ESPÍRITO; porque o ESPÍRITO penetra todas as coisas, ainda as profundezas de DEUS” (1ª Co 2.9,10). O diácono deve ter consciência de que não é um serviçal qualquer, mas um “servo de DEUS” a serviço da sua Igreja. 

6. “Que sejam primeiro provados”. Só deve ser indicado para ser diácono pessoa que seja avaliada pelo ministério, ou pela liderança. “Depois sirvam, se forem irrepreensíveis”. Tal recomendação demonstra a responsabilidade de quem indica um crente para o diaconato. Ele não vai fazer um trabalho qualquer, mas um “importante negócio” (At 6.3). Deve ser “irrepreensível” (íntegro, fiel). 

7. “Marido de uma mulher”. Os diáconos devem ser homens fieis à sua esposa. Não significa que está inapto para o ministério ou diaconia, se foi vítima de uma infidelidade conjugal. Se for o causador da infidelidade fica desqualificado para o diaconato. O radicalismo não constrói bom entendimento das Escrituras. Um diácono não pode ser bígamo ou infiel. 

Melhor seria que só se casasse uma vez, mesmo que ficasse viúvo, também o divórcio era impensável. 

8. Que ‘‘governem bem seus filhos e suas próprias casas”. A exemplo dos bispos ou presbíteros, os diáconos também devem ser bons donos de casa, bons esposos e bons pais; que saibam cuidar de seus filhos, para poderem cuidar das atividades que lhes forem confiadas na casa de DEUS. Se não governa sua casa, não saberá ordenar a igreja.

Após enumerar essas qualificações para o diaconato, Paulo conclui, dizendo que os que possuírem tais qualidades alcançam uma avaliação positiva para servirem na igreja: “Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em CRISTO JESUS” (1ª Tm 3.13).

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 142-144. 

9. Da mesma sorte as mulheres” (1ª Tm 3.11). As esposas de obreiros, ou mulheres que servirem na igreja, devem ter essas mesmas qualidades. 

CONCLUSÃO

O diaconato foi instituído pelos apóstolos de Cristo quando a comunidade cristã cresceu e precisou ter pessoas que pudessem resolver questões relacionadas a problemas sociais que demandavam atenção e cuidado. Hoje, os diáconos servem à igreja e a Deus em trabalhos diferentes, e a liderança das igrejas locais deve valorizar o seu trabalho e reconhecê-los como excelentes servidores do Reino de Deus, pois, no sentido lato, todos somos diáconos da Igreja de Deus.

Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em CRISTO JESUS. 1ª Tm 3.13).

Aqui vemos que os diáconos que se mantivessem dentro de todas as exigências para seu ministério seriam aproveitados pelo SENHOR em ministério superior, como Filipe que teve seu ministério iniciado como diácono e passou a evangelista (At 21.8). Que Deus levante mais diáconos para sua Obra. Contudo, embora os diáconos não sejam os líderes espirituais da congregação, o seu caráter é da maior importância, motivo pelo qual deveriam ser examinados e apresentar as qualificações bíblicas arroladas em 1ª Timóteo 3.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

AS QUALIFICAÇÕES DE UM MINISTRO

 

ESBOÇO PARA SERMÃO

1º Timóteo 3.1 “Fiel é a palavra: se alguém almeja o episcopado, excelente obra almeja”.

Tito 1.7-11 “Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; 8 antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, 9 apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.

1. Os líderes de uma igreja devem espelhar-se nas características do “Sumo Pastor” (1ª Pe 5.4).

2. E deve possuir qualificações que o credenciem para tão importante missão.

3. O pastor deve ser um servo da igreja local, e não seu mandatário ou proprietário.

A seguir, algumas dessas qualificações, conforme 1ª Timóteo 3.1-7 e Tito 1.7, relativas ao bispo, que é sinônimo de pastor. 

I. AS CARACTERÍSTICAS DE UM BOM MINISTRO 

1. Irrepreensibilidade moral. Do grego anepileptos, que significa “não apreendido, que não pode ser repreendido, não censurável, irrepreensível”, “de caráter impecável”, “que ninguém possa culpar de nada”.

Refere-se a uma vida de integridade, de que não tenha de que se envergonhar ou causar escândalo. 

2. Vida conjugal ajustada. (“marido de uma mulher”). Note-se que é prioridade o cuidado com a vida conjugal; no Novo Testamento, não é prevista a tolerância com bigamia ou a poligamia; a regra é a monogamia, como plano original de Deus para o matrimônio; e o pastor como esposo deve ser exemplo para os demais esposos, na igreja, amando sua esposa e cuidando dela (Ef 5.25).

Um presbítero, à semelhança de qualquer outro cristão não pode ter um caso ou relações extraconjugais. Por outro lado, também não pode ser alguém casado de novo, fora dos padrões bíblicos (Mt 19.9; 1ª Co 7.39) Por outro lado, também não pode ser alguém casado de novo, fora dos padrões bíblicos (Mt 19.9; 1ª Co 7.39). 

3. Sóbrio. Do grego sophron, significa “de mente sã, equilibrado, que freia os próprios desejos e impulsos, autocontrolado, moderado”. Fala de autocontrole – não só quanto à bebida, mas também com relação a cada aspecto da vida espiritual, emocional e física (2 Tm 4.5). A NVI traduziu o termo como “sensato”. 

4. Vigilante. O pastor é o guarda do rebanho. Deve estar atento ao que se passa ao seu redor; vigiando, primeiro, a sua vida pessoal e ministerial (1ª Tm 4.16). Depois, vigiando o rebanho para alertar e livrar dos “lobos devoradores”.

Ser vigilante significa ser “atento, cauteloso, cuidadoso, precavido” quanto aos perigos que o rodeiam. Para assumir a função de liderança, na igreja local, o obreiro deve ser muito cuidadoso quanto à sua vida espiritual, moral, social, familiar e em todos os aspectos. Isso porque o Diabo “anda rugindo como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pe 5.7). O presbítero, bispo ou pastor deve obedecer o que Jesus disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Ele precisa ser “exemplo dos fiéis” (1ª Tm 4.12; 1ª Pe 5.3).

Neemias colocou guardas para vigiar a cidade “de dia e de noite” (Ne 4.9). 

5. Modesto. Do grego kosmios, significa “bem organizado, conveniente, modesto”. Fala de características como organização (pessoal e de trabalho), comportamento agradável e humildade. Versão Corrigida de Almeida traduziu como “honesto” e a Tradução Brasileira, “circunspecto”. Já a NVI, “respeitável”. 

6. Sóbrio. (Simples, moderado). O pastor ou bispo deve zelar pela simplicidade, no ministério; o luxo, a ostentação material, a exibição de riqueza não convêm a um homem de Deus; Jesus disse: “sede símplices como as pombas” (Mt 10.16). 

7. Honesto. Tem o significado de ser “honrado, digno, correto, íntegro; decoroso, decente, puro, virtuoso”. Todas essas qualificações podem resumir-se numa expressão: ser “santo em toda a maneira de ver” (1ª Pe 1.15). O homem de Deus não é perfeito em si mesmo, por mais que se esforce para ser santo. Mas, cuidando de sua vida pessoal, ministerial e como cidadão, pode ser muito bem visto pelos crentes como uma pessoa honesta. O seu falar deve ser “sim, sim; não, não” (Mt 5.37). Honestidade é sinônimo de integridade. O pastor ou bispo deve ser uma pessoa assim, fiel, sincera, verdadeira. Deve ser alguém que vive o que prega ou ensina (Tg 2.12). 

8. Hospitaleiro. Do grego philoxenos, significa “hospitaleiro, generoso para as visitas”. Esta palavra vem de hospital, na sua origem. Não havia casas de saúde como hoje. Uma hospedaria era um hospital, um lugar onde os viandantes podiam pousar, e também os enfermos, uma hospedaria ou estalagem (Lc 10. 34,45). Mas o pastor não tem obrigação de transformar sua casa em hospedaria. No sentido do texto, hospitaleiro é sinônimo de acolhedor, que sabe tratar bem as pessoas, sem fazer acepção de ninguém; é pecado (Dt 16.19; Ml 2.9; 1ª Tm 2.11; Tg 2.9). O pastor tem um coração aberto e amoroso que permite que o próprio lar seja um lugar de acolhida. Essa característica revela alguém que se importa com os outros e não é egoísta (Hb 13.2). 

9. Apto a ensinar. Do grego didaktikos, significa “apto e hábil no ensino”. Como o pastor é o que alimenta ou apascenta o rebanho, o pastor deve saber fazer uso da Palavra de Deus, ministrando mensagens, estudos e reflexões que edifiquem o rebanho sob seus cuidados. Há um entendimento bíblico necessário para viver e ensinar a Palavra de Deus em todos os aspectos, o que inclui a capacidade de correção e refutação do erro (Tt 1.9-11). Se não tiver essa aptidão, deve estar no lugar errado (2ª Tm 2.15).

 II. UM EXEMPLO PARA OS FIÉIS E OS INFIÉIS 

1. Não dado ao vinho. A palavra grega é paroinos e significa “dado ao vinho, bêbado”. Nos tempos de Paulo, o vinho era já uma bebida alcoólica que podia causar dependência química ou psicológica. Seria uma tristeza um pastor ficar embriagado pelo uso constante do vinho. Se fosse escrito hoje, o texto talvez dissesse: “não dado à cerveja, à champanhe, ao licor ou a outra bebida alcoólica”. O pastor ou bispo deve dar exemplo de abstinência desse tipo de bebida para o seu bem, de sua família e do rebanho sob seus cuidados. 

2. Não violento. Do grego plektes, significa “brigão, pronto para um golpe, contencioso, pessoa briguento”. A Tradução Brasileira traduziu como “não espancador: Trata-se de quem se domina emocionalmente e não é pavio curto” (2ª Tm 2.24). Por que Paulo fez referência a esse tipo de comportamento? Sem dúvida, porque observou que algum obreiro tinha o costume de “espancar” as pessoas a seu redor. Sempre houve pastores grosseiros, prepotentes, alguns que cometeram “assédio moral” contra pessoas a seu redor. Isso é reprovável sob todos os aspectos. O pastor deve ser ordeiro, humilde, de bom trato para com todos, não cobiçoso nem ganancioso. Ordeiro quer dizer que mantém a ordem, na casa de Deus.  

3. Cordato - Moderado. Do grego epieikes, significa “aparente, apropriado, conveniente, equitativo, íntegro, suave, gentil”. É sinônimo de suave, brando, comedido, prudente, contido. É qualidade sem a qual o pastor pode sofrer sérios revezes em sua vida, no relacionamento com outras pessoas, em seus hábitos, costumes, etc. Ele não pode ser um desequilibrado mental, sem controle de suas emoções. Para ser moderado, precisa ter o fruto da temperança e da longanimidade (cf. Gl 5.22). 

4. Não contencioso. O pastor ou bispo não deve viver em contenda, nem com a família, nem com os crentes, nem com os de fora. Contenda é o mesmo que porfia, dissensão, peleja, que são “obras da carne” (Gl 5.2,1). Diz um ditado: a melhor maneira de ganhar uma contenda é evitá-la. Com oração e vigilância é possível viver em paz. 

5. Inimigo de contendas. Do grego amachos, significa “irresistível, invencível, pacífico, que se abstêm de lutar”. A Versão Corrigida de Almeida traduziu como “não contencioso”, enquanto que a NVI optou por “pacífico”. Fala de alguém que não tem a briga (ainda que só verbal) ou a intriga como opção. 

6. Não avarento. Do grego aphilarguros, significa “que não ama o dinheiro, não avarento”. O pastor ou bispo não deve ser sovino, mesquinho, e não deve ter amor ao dinheiro (avareza), que é “a raiz de toda espécie de males” (1ª Tm 6.10). O pastor não deve viver em função de dinheiro ou de bens materiais. Sua missão é elevadíssima, e deve focar-se no amor às almas ganhas para Cristo, que ficarão aos seus cuidados ministeriais. A Tradução Brasileira utiliza “não cobiçoso” e a NVI, “não apegado ao dinheiro”. Refere-se a contentamento (Fl 4.11; Hb 13.5) e ausência de ganância (1ª Pe 5.2). 

III. EXEMPLO PARA A FAMÍLIA 

1. Que governe bem a sua casa. “…criando os filhos com disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)”. A família do líder deve ser referência e modelo ao rebanho. A principal razão de Deus ter eliminado a casa de Eli do exercício do sacerdócio foi justamente a desestrutura familiar (1ª Sm 3.12-14). 

Esta é uma qualificação de grande importância, pois as pessoas ouvem as mensagens dos pastores, mas olham para ele e como se relaciona com a família, notadamente com os filhos. Ele é o cabeça (líder) da esposa e do lar (Ef 5.22). Ao lado da esposa, que também governa a casa (1ª Tm 5.14), deve criar seus filhos “com sujeição” (1ª Tm 3.4). Porque, diz Paulo: “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? (1ª Tm 3.5). 

2. Experiente (“não neófito”). “…para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo”. A palavra “neófito” significa “novo na fé” e foi traduzida pela NVI como “recém-convertido”. A maturidade advinda do tempo de caminhada cristã é essencial, uma vez que a palavra “presbítero” significa “ancião” e fala, como já vimos não de maturidade cronológica, mas espiritual (1ª Tm 4.12).

Nem todo presbítero (ancião) é pastor. Mas todo pastor deve ser presbítero. Pedro, um dos pastores líderes da Igreja Primitiva, exortou aos colegas de ministério, sobre como liderar a igreja local, dizendo: “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar...” (1ª Pe 5.1).

Aqui, temos base para dizer que presbítero é termo equivalente a pastor ou bispo. Assim, o pastor não deve ser um obreiro muito novo (neófito), pois, a missão de pastor exige capacidade para aconselhar em situações que só a experiência mostra as lições a serem indicadas. 

2.1. Homem de (com) Maturidade.

“Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo”. Esta é advertência contra a promoção muito rápida à liderança de “recém-convertidos” ou pessoas “recentemente batizadas”. Embora a igreja efésia já tivesse muitos anos de existência e, provavelmente, não devesse ter carência de líderes maduros, havia indícios de que candidatos imaturos ao ministério estavam sendo postos em serviço. Paulo acreditava em maturidade e preparação de candidatos para este cargo santo, e por uma boa e suficiente razão. Existia o perigo de que, para alguém inadequadamente preparado, a tentação ao orgulho espiritual se tornasse grande demais para ser resistida. Isso é tragédia na certa, tragédia descrita pelo apóstolo nos seguintes termos: Cair na condenação do diabo.

A tradução de Phillips expressa o que o apóstolo quis dizer: “Para que não se torne orgulhoso e participe da queda do diabo” (CH).

O ministro cristão tem de estar atento para que o orgulho não o compila a participar desta condenação. 

3. Ter bom testemunho dos de fora. O pastor deve ser um proclamador do evangelho transformador de Cristo. A vida cristã deve primeiro ganhar o respeito dos que o conhecem no dia a dia, para depois servir de referência à igreja, caso contrário você será envergonhado e preso pelo inimigo. Seu testemunho deve ser uma pregação viva de que Jesus converte e transforma o pecador. Esse testemunho deve ser demonstrado, primeiramente, em sua vida pessoal; depois, em sua casa, na igreja e, por fim, perante todas as pessoas que o conhecerem. 

4. De uma só palavra. A Tradução Brasileira usa expressão “não dobres em palavras” e a NVI, “homens de palavra”. Fala de compromisso com aquilo que se diz (Sl 15.4; Mt 5.37; Tg 5.12). Aqueles que têm a língua dobre dizem uma coisa a certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a outras, ou dizem uma coisa, mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são insinceros. As suas palavras não podem ser confiadas, então eles carecem de credibilidade.

Pr. Elias Ribas

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

OS MINISTROS A SERVIÇO DE SATANAS DESPREZAM O ENSINO BÍBLICO

 


2ª Coríntios 11.13 “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo.” 

INTRODUÇÃO

Advertência de Jesus. Mateus 24.23,24 “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito. 24 - Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” 

Cristo deu uma advertência nefasta, de que muitos viriam em Seu nome, ensinariam uma mensagem diferente e enganarão a muitos. Eles iriam criar uma imitação do “verdadeiro cristianismo”, iniciando uma religião que em grande parte suplantaria a verdadeira Igreja. 

Jesus predisse que alguns clamariam Seu nome, mas O negariam por suas ações. Ele disse que O chamaria de “Senhor, Senhor”, mas não fariam o que Ele manda (Lucas 6.46). 

Cristo e Seus apóstolos falavam sobre os falsos profetas, falsos apóstolos e falsos irmãos. Eles revelaram que duas religiões opostas iriam surgir; ambas reivindicando cristãs. A verdadeira Igreja fundada por Jesus é guiada pelo Espírito de Deus e permaneceria fiel aos Seus ensinamentos. A outra (a falsa igreja), é guiada e influenciada por um espírito diferente; aceitaria o nome de Cristo, mas distorcer Seus ensinamentos para criar uma falsificação convincente da verdadeira Igreja de Deus. 

1. Os falsos ministros torcem as Escrituras.

Na tentação de Jesus. Mateus 4.5-6 O diabo coloca mal as Escrituras para Jesus dizendo: “Se tu és o Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e eles te sustentarão nas mãos, para não tropeçar nalguma pedra”. (Está escrito no Salmo 91.12). 

Satanás cita as Escrituras, mas usa o Sl 91.11-12 de um modo exatamente oposto ao do sentido original.

Jesus pôde resistir a todas as tentações do Diabo porque não apenas conhecia as Escrituras, mas também as obedecia. Em Efésios 6.17, é dito que a Palavra de Deus ó uma espada que devo ser usada no combate espiritual. Conhecer os versículos bíblicos é um importante passo para nos ajudar a resistir aos ataques do Diabo, mas também devemos obedecer á Palavra de Deus.

Note que Satanás conhecia as Escrituras, mas falhara em obedecê-las. Conhecer e obedecer à Palavra nos ajuda a fazer a vontade de Deus, ao invés de satisfazer a vontade do Diabo.

O Salmo 91 é uma exortação para se confiar em Deus; Satanás tenta substituir a confiança por um teste, lançando dúvida sobre a fidelidade de Deus. Não há lugar para a presunção em uma grande fé. Fé e presunção são incompatíveis. Bíblia de Genebra. 

Na tentação do Éden. Gênesis 3.1-5 “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? 2- E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos. 3- Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4- Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5- Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” 

Neste texto vemos que Satanás distorce e acrescenta os mandamentos de Deus, mente, engana e ilude; ele é considerado o pai da mentira (Jo 8.44). Observemos como ele atuou na tentação de Jesus (Mt 4.1-11). Nos versos 2 e 3 do capitulo 4 de Mateus, percebemos que ele foi paciente, aguardou o momento de maior fragilidade de Jesus para agir. Ele não agiu com precipitação. Satanás esperou concluírem os quarenta dias de jejum para iniciar seus ataques. 

Na igreja primitiva. “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.” (Atos 15.1).

Os apóstolos do primeiro século, foram os primeiros a refutar os falsos ensinos que os fariseus estavam acrescentado no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Com o passar do tempo e o crescimento naturalmente começaram a surgir os conflitos. O primeiro deles consequência da conversão dos judeus.

A igreja agora não é mais um povo, ela é universal, porém os cristãos judeus começaram a pregar por conta própria que a salvação só estaria completa após a circuncisão.

Isso naturalmente gerou uma grande confusão. Para resolver os apóstolos se reuniram em Jerusalém para discutir a questão.

Em Atos 15.7-11, o parecer de Pedro diante da questão é de que a circuncisão é algo totalmente irrelevante após a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Pedro argumenta que agora somos salvos somente pela fé, mediante a graça de Deus, ou seja, não há mais nada que possamos fazer, além de crer em Jesus que seja capaz de nos salvar. 

Os fariseus estavam perturbando os apóstolos, em Atos dos Apóstolos 15.24 “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento.”

Atos 15.12-21: Tiago irmão do Senhor Jesus concorda com Pedro, e diz que é desnecessário impor o pesado julgo da Lei aos gentios.

Atos 15.24 “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento.”

Os fariseus da era apostólica estavam acrescentando algo mais no evangelho de Cristo, mas neste concílio o Espírito Santo estava presente e orientava os apóstolos para que eles pudessem entender o verdadeiro sentido da graça de Cristo e não impor nem um encargo (leis) além do que já haviam aprendido com Cristo.

Atos 15.28,29 “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: 29- Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.” 

A independência da igreja é respeitada. As conclusões do concílio apostólico são escritas e enviadas como mandamentos de uma hierarquia, mas como conselhos importantes. O selo do Espírito Santo adiciona peso e harmonizaria possíveis divergências.

Encontramos neste contexto a narrativa que demonstra a importância para aqueles que têm o ministério do ensino ficar atentos a certos ensinos que contrariam a fé cristã. São muitas as fontes que ameaçam a Igreja.

O homem não tem a liberdade de escolher partes da Palavra de Deus que lhe agradam e rejeitar outras, ou ele obedece ou não. 

2. Desestimulando os irmãos ao estudo da Palavra. 1ª Jo 2.26-27 “Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. 27- Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou”. 

Este verso já produziu (e produz) várias interpretações erradas, heresias e conceitos errôneos. Por quê? Porque falsos irmãos (a maioria) são preguiçosas intelectualmente, não pesquisam, preferem ancorar em seu juízo ético, desprovido de lógica e razão. 

A Primeira Epístola de João não é endereçada a uma pessoa específica, mas por seus escritos podemos supor que ele escreveu aos fiéis (ver 1ª João 1.3–4; 2.12–14), talvez àqueles que habitavam a Ásia Menor (atual Turquia), onde, segundo fontes históricas, João pode ter vivido e ministrado no final do primeiro século d.C. 

“...Dos que vos enganam.” (no verso 26), refere-se aos falsos mestres, ou anticristos. O pronome indica que é possível os cristãos serem enganados por ensinamentos falsos. Nessa época, falsos mestres haviam criado uma divisão entre os santos na região (ver 1ª João 2.18–19, 22, 26; 4.1) e a apostasia estava se disseminando na Igreja. Uma filosofia, em particular, que estava ganhando popularidade era o Docetismo. O Docetismo fazia parte de um movimento maior conhecido como Gnosticismo. Um dos principais ensinamentos das muitas formas de Gnosticismo era que o espírito era absolutamente bom, e que a matéria, incluindo o corpo físico, era totalmente má.

Os seguidores do Gnosticismo acreditavam que a salvação não era alcançada ao nos libertarmos dos pecados, mas ao libertarmos o espírito da matéria, em outras palavras, do corpo físico. Eles também acreditavam que a salvação era alcançada por meio de um conhecimento especial (gnose) e não pela fé em Jesus Cristo. 

“...e não tendes necessidade de que alguém vos ensine...”. O apóstolo João escreveu está carta para combater os falsos ensinos que os gnósticos estavam disseminado entre os irmão novos convertidos. Ao escrever “...e não tendes necessidade de que alguém vos ensine...”, ele está dizendo que não há necessidade que eles (os falsos mestres) vos ensinem, ou seja, venham vos enredar com ensinos falso. 

Unção. A unção que Dele recebestes... do Espírito Santo no dia do pentecoste (At 1.8; 2.1-5), permanece em vós e Ele vos ensinará todas as coisas (João 14.15-26), e não há necessidade que ele os falsos mestre vos ensine, e o Espírito do Senhor é quem concede este ministério de ensino a Igreja para o aperfeiçoamento dos santos (Efésios 4.11, 12).

Deus estruturou muito bem a igreja em todos os sentidos, levantando mestres para esta função. Os cristãos não precisavam de mestres gnósticos e orientadores sobre temas espirituais (pois tinham a verdade) fora da Igreja, como estava sucedendo nos dias de João. Muitos crentes estavam ignorando o ministério do mestre cristão, que é oficializado por Deus. 

Contudo, existe outra distorção deste versículo. São seguimentos (seitas) que ignoram e não aceitam este ministério instituído pelo Senhor. Pensando que os mesmos não necessitam de ensinadores, acreditando receber diretamente do Espírito Santo o verdadeiro ensino. É evidente que às vezes, o Espírito do Senhor nos ensina algo sem intermédio de um mestre, não se questiona isto! Porém, esta orientação recebida pelo Espírito da verdade, não pode entrar em choque com outra verdade bíblica! Por exemplo, às vezes, o Espírito Santo nos ensina diretamente, porém não posso ignorar a existência do ministério de um mestre, que foi constituído pelo próprio Senhor Jesus Cristo: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.  Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Efésios 4.11, 12). Enumeras seitas ignoram esta lógica que é tão clara! 

3. Serão castigados os que aborrecem o ensino. Pv 1.27-29 “Em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia. 28- Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar. 29- Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR; 30- não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão. 31- Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão. 32- Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição. 33- Mas o que me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor do mal.

Observe que o conhecimento e o temer ao SENHOR estão intimamente relacionados. Provérbios 1.7 “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Segundo a versão NVI, “não quiseram aceitar o meu conselho e fizeram pouco caso da minha advertência,”.

“...comerão do fruto do seu próprio caminho...”. Tal como eles semeiam, assim colherão, de acordo com a lei eterna da justiça (ver Gal 6.7-8). Este é o resultado daqueles que rejeitaram a sabedoria e a instrução, serão ridicularizados quando chegar a hora de enfrentarem o juízo inevitável de sua insensatez (Sl 2.4). Ainda assim, a Sabedoria da risada de júbilo diante da obra de Deus e deleita-se por causa do povo de Deus (Pv 8.30,31). 

4. Não serão ouvidos pelo Senhor quem despreza o ensino. Pv 28.9 “O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”.

Quem despreza a Palavra de Deus, está fora do contato com Deus, e a sua oração então já é desprezada. Quem não quer ouvir não merece ser ouvido.

A quem você tem dado ouvidos? Não foi sem razão que Cristo nos advertiu: “Vede que ninguém vos engane” (Mateus 24.4).

5. Sofrerão maior juízo os que ensinam mal. Tg 3.1 “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”

Tiago dá um conselho a alguns irmãos: não sejam muitos de vós mestres. Por que ele dá esse conselho? Alguns queriam ser mestre, porém não tinham recebido tal capacitação (Ef 4.10-11)

As pessoas que aspiravam a posição de mestre não atinavam que os mestres receberão juízo na condição de mestre e nem da necessidade de estar enquadrado em alguns quesitos conforme o apóstolo Paulo ensinou seu filho na fé (1ªTm 3.1-10). 

Mt 23.14 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo”!

O aí de Jesus para os falsos mestre de Sua época, é um aí de juízos porque haviam O rejeitado bem como Seus ensinos, assim também aqueles que rejeitam a verdade de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo é bem claro ao escrever aos Romanos: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça.” (Rm 1.18). 

6. Não sejas negligente e não despreze o ensino. Pv 5.11-14 “E gemas no fim de tua vida, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo, 12- e digas: Como aborreci o ensino! E desprezou o meu coração a disciplina! 13- E não escutei a voz dos que me ensinavam, nem a meus mestres inclinei os ouvidos! 14- Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio da assembleia e da congregação”.

A frase: “O meu povo perece por falta de conhecimento” traz em seu significado o princípio de que a falta do conhecimento de Deus leva o homem à ruína. As pessoas que desprezam a revelação de Deus através de Sua Palavra não podem ter comunhão com Ele, pois nem mesmo sabem quem Ele é. Separadas de Deus, essas pessoas não encontram outra coisa se não o sofrimento. 

O Senhor nos deixou em Sua Palavra tudo o que precisamos conhecer a fim de vivermos felizes e plenamente realizados, ainda que as coisas pareçam não ir muito bem. 

7. Ouça e guarde as palavras do sábio.

Pv 22.17-21 “Inclina o ouvido, e ouve as palavras dos sábios, e aplica o coração ao meu conhecimento. 18- Porque é coisa agradável os guardares no teu coração e os aplicares todos aos teus lábios. 19- Para que a tua confiança esteja no SENHOR, quero dar-te hoje a instrução, a ti mesmo. 20- Porventura, não te escrevi excelentes coisas acerca de conselhos e conhecimentos, 21- para mostrar-te a certeza das palavras da verdade, a fim de que possas responder claramente aos que te enviarem?” 

Salomão orienta seu ouvinte para que “preste atenção e ouça os ditados dos sábios”. Mas não basta ouvir conselhos, sendo preciso “guardá-los no íntimo e tê-los todos na ponta da língua”, o que quer dizer que é necessário estudar o ensino sábio a ponto de poder repeti-lo e pô-lo em prática no dia a dia. É claro que a sabedoria pode vir de muitos lugares, mas Salomão se apresenta como alguém apto para instruir e portar “palavras dignas de confiança”. É bom lembrar que a sabedoria desse mestre foi proporcionada pelo próprio Deus, o qual também o tornou um dos escritores da sua Palavra inspirada. Assim, atender aos conselhos de Salomão e de todos os demais escritores bíblicos é dar ouvidos à sabedoria. 

Conclusão.

Deus precisa de obreiros aprovados, que não tem de que se envergonhar e que maneje bem a palavra da verdade.

Para finalizar quero fazer minha as palavras do grande sábio Salomão: “Dize à sabedoria: Tu és minha irmã; e ao entendimento chama teu parente”.

O obreiro do Senhor deve ter a certeza da vocação (Ef 4.1-3);

Manejar bem a Espada (2ª Tm 2.15);

Examinar a Palavra (Jo 5.3);

Deve adquirir habilidade (Pv 1.1-3).

Jesus venceu o Diabo usando a majestosa Palavra de Deus dizendo está escrito, está escrito... (Mt 4.11). Por esta razão o mestre Jesus diz: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.” (João 5.39).

Os líderes religiosos judeus deviam procurar cuidadosamente nas Escrituras, mas não viram que Jesus era o Messias nem creram nele (v. 38). Também há aqueles que hoje conhecem as Escrituras, mas não permitem que elas os guiem. A promessa de Deus é abençoar não aqueles que leem a Bíblia, mas aqueles que vivem segundo os princípios nela ensinados (Ap 1.3; Tg 1.22-25).

Muitos líderes estão errando por não conhecerem as Escrituras, por não compreenderem a Palavra de Deus corretamente, ou não fazerem por onde compreendê-la. Mateus 22.29 “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”.

Pr. Elias Ribas