TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 13 de julho de 2020

O DESPERTAMENTO RENOVA O ALTAR



LEITURA BÍBLICA

Ed 3.2-5, 10-13: “E levantou-se Jesua, filho de Jozadaque, e seus irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos, e edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na lei de Moisés, o homem de Deus. 3 - E firmaram o altar sobre as suas bases, porque o terror estava sobre eles, por causa dos povos das terras, e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde. 4 - E celebraram a festa dos tabernáculos como está escrito; ofereceram holocaustos de dia em dia, por ordem, conforme ao rito, cada coisa no seu dia. 5 - E depois disto o holocausto contínuo, e os das luas novas e de todas as solenidades consagradas ao Senhor, como também de qualquer que oferecia oferta voluntária ao Senhor. 10-– Quando, pois, os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, então apresentaram-se os sacerdotes, já revestidos e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com saltérios, para louvarem ao Senhor, conforme à instituição de Davi, rei de Israel. 11 - E cantavam a revezes, louvando e celebrando ao Senhor: porque é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com grande júbilo, quando louvaram ao Senhor, pela fundação da casa do Senhor. 12 - Porém muitos dos sacerdotes, e levitas e chefes dos pais, já velhos, que viram a primeira casa, sobre o seu fundamento, vendo perante os seus olhos esta casa, choraram em altas vozes; mas muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria. 13 - De maneira que discernia o povo as vozes de alegria das vozes do choro do povo; porque o povo jubilou com tão grande júbilo que as vozes se ouviam de mui longe.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição etimológica do termo “altar”; pontuaremos o altar como uma prioridade na vida dos judeus pós-exílio; notaremos quais foram as atitudes condizentes com o despertamento espiritual na vida dos exilados e que também devemos ter como crentes; e, por fim, comentaremos sobre a importância do altar na vida do cristão.

A reconquista da terra de Israel não foi tarefa fácil. Além da incompreensão dos povos vizinhos, os lideres judaicos enfrentaram a descrença do povo. Como agir numa hora tão difícil? Confiando nas providências de Deus, arguem-lhe um altar oferecendo-lhe sacrifícios de acordo com que prescreve a Lei de Moisés. Dessa forma, mostram aos adversários que o Senhor ainda luta pelo seu povo. Por que temer?

Às vezes, encontramo-nos nas mesmas condições. Há dificuldades por todos os lados, avizinham-se tribulações e as angústias estão sempre presentes. No entanto, quando erguemos o nosso altar, o Senhor começa a operarem nosso meio. É hora de levantar o altar!

I. DEFINIÇÃO DO TERMO ALTAR

1. Conceito do termo. A palavra altar vem do hebraico “mizbeah” substantivo masculino que significa: “altar, o lugar de sacrifício”. e do grego ‘thysiasterion’ (de ‘thysia’, sacrificio): e aindo do latim ‘altare, altaria’ (semelhante a ‘adoleo’ queimar).

É uma palavra bastante comum no AT onde ocorre cerca de 396 vezes, a primeira ocorrência se encontra em Gênesis 8.20 “E edificou Noé um altar ao Senhor”. “O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus, santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão com o Senhor e por tais razões o altar era respeitado” [CONDE, 1983, pp. 45-46].

Quase todas as pessoas dessa geração têm um conceito berrado do verdadeiro altar no sentido genérico e prático que motivou sua existência. Todos julgam, geralmente, que um altar genuíno é a parte de um templo, de uma catedral, de uma mesquita ou de uma sinagoga. Muitos, sem dúvida, vão surpreender-se quando lhe mostrarmos como a Bíblia define o significa do altar verdadeiro e sua função.

O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus, santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão dos fiéis com o Senhor. Por tais razões o altar era respeitado” (CONDE, Emilio. Tesouro de Conhecimento Bíblicos. 2° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, pp. 45-46).

II. O ALTAR COMO UMA PRIORIDADE PÓS-EXÍLIO

1. A construção do altar (Ed 3.2). Após o despertamento divino e o retorno à terra prometida, o remanescente judaico estava diante de um desafio: a renovação do culto e a reconstrução do Templo em Jerusalém. É importante destacar, que eles não começaram reconstruindo o Templo ou os muros da cidade, mas reedificando o altar: “… e edificaram o altar do Deus de Israel” (Ed 3.2). Mais importante que construir o Templo era restabelecer a verdadeira adoração a Deus e lhes oferecer sacrifícios: “… para sobre ele oferecerem holocaustos” (Ed 3.2). Abraão tinha marcado sua chegada naquela terra exatamente do mesmo modo, estabelecendo seu altar ao Deus que lhe fez promessas (Gn 12.7). Quando há despertamento espiritual na vida de um crente, o seu maior desejo e prioridade será aproximar-se do altar de Deus (Tg 4.8). O crente pode até viver sem o templo; mas nunca sem altar (1º Rs 18.30).

2. Em busca do favor de Deus (Ed 3.3). O altar simbolizava a presença e a proteção de Deus para os judeus. De acordo com Stamps (2012, p. 713) a restauração do altar foi prioridade por duas razões:

2.1. O povo foi motivado, pelo menos em parte, a edificar o altar, por causa do perigo representado pelos ‘povos da terra’ (v. 3). Esses israelitas sabiam que Deus os protegeria do mal, somente à medida que se achegassem a Ele, com fé e obediência (Êx 19.5; 29.43).

2.2. Demonstrava também o propósito primordial deles como reino sacerdotal de oferecer sacrifícios ao Senhor como fora determinado na lei por Moisés (Ed 3.2; Êx 19.6; 27.1; Dt 12.4-7). Sempre que buscamos ao Senhor, alcançamos o seu favor e misericórdia (Hb 4.16).

III. O DESPERTAMENTO CONDUZ O HOMEM AO ALTAR

1. Os judeus sentiam a necessidade do acesso a Deus que o altar lhes proporciona.
O propósito que traziam no coração, ao retornar do cativeiro, precisava ser muito firme, porque estavam rodeados de inimigos cruéis. A Bíblia diz: “O terror estava sobre eles por causa dos povos da terra” (Ed 3.3). Por isso mesmo, o povo sentia que precisava do acesso a Deus, através do altar. “Este será o holocausto contínuo… perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali” (Êx 29.43). Estas bênçãos os judeus agora almejam através do altar.

2. Todos os despertamentos genuínos começam com a restauração do altar.
Temos na Bíblia vários exemplos disto.

2.1. No tempo do profeta Elias, nos dias do rei Acabe. Ver o texto em 1ª Rs 18.16-40. No confronto com os profetas de Baal, a primeira coisa que Elias fez foi reparar o altar que estava quebrado. (Rs 18.30). Depois sacrificou sobre ele, e orou a Deus. O fogo desceu e o povo exclamou: “Só o Senhor é Deus, só o Senhor é Deus!” O despertamento decorreu do conserto do altar.

2.2. Quando o piedoso rei Ezequias assumiu o trono de Judá, já no primeiro ano do seu reinado ele abriu as portas da casa do Senhor e as separou (2º Cr 29.3). Mandou purificar o templo, tirar fora toda a imundícia, purificar o altar do holocausto que havia sido substituído no reinado de seu antecessor Acaz, por um altar construído com modelo copiado de Damasco (2º Rs 16.10-12). Quando então os sacerdotes sacrificavam sobre o altar santificado, começou um novo cântico na casa de Deus (2º Cr 29.27-28). O despertamento levou à separação do altar.

2.3. Quando os judeus voltaram do cativeiro, construíram o altar sobre as suas antigas bases, do modo como manda a lei (Ed 3.3) e sacrificaram holocaustos ao Senhor. A alegria foi grande entre os judeus, pois podiam de novo sacrificar a Deus, e celebrar a festa dos tabernáculos. O culto a Deus havia recomeçado (Ed 3.4,5).

IV. ATITUDES CONDIZENTES COM O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL

1. A unidade do povo. O texto relata que a comunidade inteira tinha uma só mente, ou seja, havia unanimidade naquele projeto: “o povo se ajuntou como um só homem” (Ed 3.1). Este ajuntamento se deu na praça diante da “Porta das Águas” (Ne 8.1). A unidade do povo foi de fundamental importância para que o altar, o Templo, e a cidade fossem reconstruídos. Este exemplo do passado, nos ensina que a unidade de propósitos torna possível a bênção de Deus e nos capacita a realizar sua obra mesmo em tempos de crises como vivenciado pelos judeus pós-exílio. Quando vivemos em união o óleo e o orvalho, símbolos do Espírito Santo, é derramado sobre nós trazendo bênção e vida: “… porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre” (Sl 133.3).

2. A presença de Deus era prioridade. A decisão de construir primeiro o altar é uma demonstração do quanto estavam preocupados em colocar Deus em primeiro plano (Ed 3.2). Onde se tem altar, tem adoração e a presença de Deus é manifestada. As vezes se faz necessário uma limpeza na nossa vida para que a presença de Deus seja manifesta. Assim foi com Jacó quando Deus o apareceu e lhe disse: “levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão” (Gn 35.1). Todavia, para Jacó experimentar uma renovação espiritual em sua vida, foi necessário uma mudança radical na sua casa: “tirai os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes” (Gn 35.2). Ao edificar o altar, Jacó chama aquele lugar de El-Betel que significa o “Deus da casa de Deus” (Gn 35.7). Quando Deus é prioridade na vida do crente, não há espaço para deuses estranhos (Jz 6.24-26; 1º Rs 18.21; Mt 6.24).

3. Consagração total. Com o altar edificado, agora se podia oferecer holocaustos ao Senhor: “… e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde” (Ed 3.3). A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”. O dicionário Vine (2002, p. 692), lembra que no grego o termo advém de: “holokautõma” (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”, e “kautos”, em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”. Também chamada de oferta queimada, era inteiramente consumida sobre o altar com exceção da pele e entranhas dos animais (Lv 1.9;1.16; 6.9; 7.8). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à tarde por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, perpétuo, contínuo (Ed 2.3-5; Êx 29.38-42). Vejamos duas verdades sobre o holocausto que se aplica a vida cristã:

3.1. Holocausto fala da nossa entrega total a Deus. Na oferta de holocausto o adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado (Lv 1.4) gesto que simbolizava duas coisas:

A. A identificação do ofertante com o sacrifício.

B. A transferência de algo para o sacrifício. No caso do holocausto, o ofertante estava dizendo: “Assim como esse animal é entregue inteiramente a Deus no altar, também eu me entrego inteiramente ao Senhor”. Devemos entregar por completo a nossa vida no altar de Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).

3.2. Holocausto fala de um ato contínuo. Como já vimos, o holocausto era um sacrifício contínuo (Nm 28.6) e deveria ser apresentado de manhã e à tarde (Ed 3.3; Êx 29.39). Os judeus construíram o altar para ser usado, e assim, o fizeram (Ed 3.3-5). Altar sem sacrifício, não tem valor. O apóstolo Pedro nos exorta a: “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1ª Pd 2.5). Diariamente o crente deve se preocupar com a manutenção do seu altar (Lv 6.10-13;), e oferecer seu sacrifício a Deus, somente assim: “O fogo arderá continuadamente sobre o altar, não se apagará” (Lv 6.13).

3.3 Consciência da dependência divina. O momento de renovação que os judeus estavam vivendo incluía o reinício da celebração das antigas festas, que faziam de Israel um povo distinto. E assim aconteceu com a celebração da festa dos tabernáculos (Ed 3.4). Esta festa era um ajuntamento anual quando os judeus habitavam em cabanas (tendas) por sete dias para rememorar sua libertação do Egito, e peregrinação pelo deserto até a terra prometida num tempo em que não tinham habitação permanente (Lv 23.33-44). Assim como a festa dos tabernáculos lembrava os judeus a sua dependência de Deus, devemos reconhecer a nossa dependência constante do Senhor Jesus: “[…] porque sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5).

V. A IMPORTÂNCIA DO ALTAR NA VIDA DO CRENTE

Os judeus quando retornaram do cativeiro babilônico entenderam que sua maior necessidade era restabelecer a sua comunhão com Deus, e para isto, imediatamente reconstruíram o altar colocando-o em suas bases, retomando desta forma as ofertas de holocausto ao Senhor. Esta atitude nos ensina que o altar deve ser uma prioridade em nossas vidas. Observemos algumas verdades sobre o altar na vida do crente:

1. O altar é um lugar de oração. Vários personagens da Bíblia edificaram “altares” ao Senhor com o propósito de invocar o nome do Senhor como por exemplos:
1.1. Abraão (Gn 12.8; 13.4).
1.2. Isaque (Gn 26.25).
1.3. Jacó (Gn 35.1,7).

O altar da oração jamais deve ser negligenciado pelo crente. Quando falta oração, falta também unção, graça, temor de Deus e o crente se torna presa fácil para o diabo (Mt 26.41; Lc 22. 31-38). O sacerdote todos os dias deveria oferecer holocaustos no altar, assim também deve ser a nossa vida de oração (Lc 18.1; Ef 6.18; 1Ts 5.17).

2. O altar é o lugar do encontro com Deus. O altar do holocausto era um lugar de encontro de Deus com o homem: “… onde vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42). Não há privilégio maior para o salvo de que desfrutar da comunhão com Deus, e ouvir sua voz. Se houver em nós disposição para “oferecer sacrifícios espirituais” (1ª Pd 2.5), Deus sempre virá ao nosso encontro. Neste encontro ouvimos a sua voz: “[…] vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42) e recebemos a sua bênção: “… virei a ti e te abençoarei” (Êx 20.24).

3. O altar é um lugar de santidade e devoção a Deus. Deus exigia dos sacerdotes santidade diante do altar (Êx 29.44). Uma das orientações que Moisés recebeu de Deus sobre o altar, era que nele não deveria existir degraus (Êx 20.26). Esta orientação visava proteger os sacerdotes de expor sua nudez aos olhos do povo. O Senhor quando apareceu a Gideão exigiu dele que antes de construir um altar a Deus, deveria primeiro derribar o altar de Baal que pertencia a seu pai (Jz 6.25,26). O altar é um lugar de santidade e devoção ao Senhor (Rm 12.1). Deus nunca receberá o sacrifício de um altar imundo e profano, é necessário separar o precioso do vil (Jr 15.19; Is 1.11-16; Ml 1.6-14; 2ª Co 6.14-18).

VI. CRISTO, O CENTRO DA NOSSA COMUNHÃO COM DEUS

No tempo do Velho Testamento o altar era o ponto central do culto a Deus No tempo do Novo Testamento o sacrifício de Jesus no Gólgota é o grande acontecimento, para o qual o altar apontava profeticamente. Paulo escreveu à igreja em Corinto: “Principalmente vos entreguei o que também recebi, que Cristo morreu pelos nossos pecados” (1ª Co 15.3).

Escreveu ainda: “Nada me propus entre vós, senão Jesus Cristo e esse crucificado” (1ª Co 2.2). “Todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17). “Para que em tudo (Jesus) tenha a preeminência” (Cl 1.18). “Para vós os do altar que credes, é preciosa a pedra principal da esquina” (1ª Pe 2.7). Tudo isto porque Jesus, pela sua morte expiatória, ganhou a redenção para todo o mundo (Ef 1.7; 2.13-16; Rm 3.23-25; 5.9,10; 1ª Pe 1.18,19).

1. Toda a Trindade atuou ativamente na morte expiatória de Jesus:

1.1. O PAI CELESTIAL. Antes da fundação do mundo o Pai planejou a obra redentora, com o sacrifício de seu Filho (Ef 3.6-9). “Na consumação dos séculos enviou o seu Filho” (Gl 4.4; Jo 3.16). O Pai participou diretamente do drama do Gólgota (2ª Co 5.19).

1.2. CRISTO, O FILHO DE DEUS. Entregou-se a si mesmo em oferta e sacrifício (Ef 5.2; Hb 9.14). Ele levou os nossos pecados sobre o madeiro (1ª Pe 2.24) e padeceu para levar-nos a Deus (1 Pe 3.18).

1.3. O ESPÍRITO SANTO. Ajudou o Filho a vencer todos os obstáculos que altar santificado, se levantaram contra Ele, até chegar à cruz. Foi pelo Espírito Eterno que Jesus se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus (Hb 9.14).

2. O Espírito Santo quer, pelo despertamento, mostrar aos homens a grande vitória de Jesus no Gólgota.
O Espírito Santo quer iluminar o entendimento dos homens para esta grande realidade: “Depois de serdes iluminados suportastes grande combate de aflições” (Hb 10.32).

2.1. O Espírito REVELA. (Ef 1.17), iluminando os olhos do nosso entendimento para que saibamos a grandeza de seu poder sobre nós que manifestou em Cristo ressuscitando-o dos mortos (Ef 1.19,20). O Espírito Santo revelou a Pedro que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16,17).

2.2. O Espírito ENSINA as profundidades do vitupério da cruz. Quando Jesus, na estrada de Emaús, explicava aos seus discípulos o que as Escrituras escreveram sobre a sua morte, os corações deles ardiam (Lc 24.32,45).

2.3.  O Espírito EXPLICA o verdadeiro significado da morte de Jesus na cruz, sobre o infinito alcance do brado: “Está consumado!” (Jo 19.30). Deus confirmou esta palavra de seu Filho, fazendo rasgar o véu de alto a baixo (Mt 27.51) mostrando ao Universo que um novo e vivo caminho havia sido consagrado pelo véu, isto é, pela carne de Jesus (Hb 10.19,20). Por meio desta vitória os principados e potestades satânicos foram despojados, e Jesus triunfou deles em si mesmo (CI 2.15). Por isto temos nele a vitória (1ª Co 15.57; 2ª Co 2.14; Rm 8.37). Pela fé em Jesus Cristo, podemos vencer o mundo (1ª Jo 5.4,5).

Por causa do brado “Está consumado”, a justiça de Cristo agora é oferecida gratuitamente àqueles que crerem em Jesus (2ª Co 5.21; Is 53.11; Gl 2.16; At 13.39; Rm 4.22-25).

2.4. O Espírito PENETRA todas as coisas (1ª Co 2.10). A luz da glória de Cristo, revelada na cruz, é uma luz que tudo manifesta (Ef 5.13). Quando esta luz ilumina o painel da nossa consciência, como aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.5-7), sentimos o grande peso dos nossos pecados, e, pelo Espírito Santo, somos despertados e levados ao arrependimento.

VII. CUIDADO COM AS IMITAÇÕES

1. Tem aparência de sabedoria. Colossenses 2.18-23: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, 19 - E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. 20 - Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: - 21 Não toques, não proves, não manuseies? 22 - As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; 23 - As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.”

Alguns dizem que nem todos os despertamentos de hoje têm as características que são mencionadas nesta lição. Concordamos plenamente. Já no tempo dos apóstolos havia “movimentos” que realmente “tinham uma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humilde e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne” (Cl 2.23).

2. São falsos apóstolos. 2ª Coríntios 11:14-15 “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. 15 - Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.”

Também em nossos dias aparecem movimentos “que são imitações baratas do verdadeiro despertamento. Muitos destes movimentos empregam técnicas avançadas de dominações psicológicas.

Estes “avivalistas” ou “especialistas” sabem com suas técnicas dominar o auditório, e podem fazer o público rir, chorar, jubilar, pular, bater palmas, etc. Sabem até imitar o batismo como Espírito Santo, “ensinando” o povo a falar em línguas! São, porém, experiências sem nenhum poder e sem a menor reverência.

Uma de nossas igrejas sentiu-se obrigada a orientar os irmãos acerca de o verdadeiro um movimento que faz de suas reuniões “Shows” com apresentações de cantores “evangélicos.” Nesses “Shows” dominam aplausos, vaias, gritos, assobios, bebidas alcoólicas, jovens dançando e se requebrando de modo até mesmo sensual, enquanto os “hinos” estão sendo entoados. Cuidado! Este tipo de imitação pode fazer com que a glória de Deus se afaste.

Todo movimento feito sem que o Espírito Santo esteja na direção, não pode prosperar. E como uma tartaruga deitada de costas; movimenta os pés, mas fica no mesmo lugar. Mantenhamos o Espírito Santo na direção. (SD) Então veremos cumprir se a palavra que diz: “Vão indo de força em força” (Sl 84.7). Glória a Jesus.

CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição que todos os despertamentos genuínos que a Bíblia apresenta começaram com a restauração do altar (1ª Rs 18.16-40; 2ª Cr 29.3,27-28; 2ª Rs 16.10-12). Quando os judeus voltaram do cativeiro, construíram o altar sobre as suas antigas bases, do modo como manda a lei (Ed 3.3) e sacrificaram holocaustos ao Senhor mostrando assim, um verdadeiro despertamento espiritual. A alegria foi grande entre os judeus, pois podiam de novo sacrificar a Deus, e celebrar a festa dos tabernáculos.

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Trad. João Ferreira. Bíblia Sagrada BÍBLIA SHEDD.
2 BERGSTÉN Eurico. O despertamento renova o altar. Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2020 - CPAD.
3. Bíblia Online - ACF - Almeida Corrigida Fiel
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: OBJETIVA. 2001.
5. LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
6. RENOVATO, Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
7. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 1997.
8. PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
9. VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD. 2002.
10. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. PDF.

sábado, 11 de julho de 2020

A SUBLIMIDADE DAS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS EM CRISTO



LEITURA BÍBLICA

Efésios 1.3,4, 9-14 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4 - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor, 9 - Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10 - de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra. 11 - Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, 12 - Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo; 13 - Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; 14 - 0 qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.”

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a definição da palavra “bênção”; pontuaremos as bênçãos de Deus ministradas por meio da santíssima Trindade destacando cada uma das pessoas; mostraremos que Deus planejou de antemão conceder bênçãos espirituais aos seus servos e que essas bênçãos revelam a grandeza, a excelência e a perfeição do projeto divino.

I. A NOVA POSIÇÃO EM CRISTO

No passado estávamos perdidos e condenados à morte eterna, mas por sua infinita graça, Deus nos outorgou em Cristo o privilégio da salvação.

1. A verdadeira adoração. Após expor os versículos de abertura da Epístola (1.1-2), o apóstolo Paulo apresenta uma sequência de texto que se caracteriza pela verdadeira adoração e bondade ativa de Deus (1.3-14). Ele começa pela frase “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 3), onde “bendito” significa “digno de louvor”. O apóstolo dá sequência até o versículo 14 por meio de um maravilhoso tributo ao Eterno e suas muitas bênçãos concedidas aos homens. Nesse trecho bíblico trata-se de um hino teológico de gratidão, caracterizado pela repetição do seguinte refrão: “Para louvor e glória da sua graça” (v. 6) ou “para louvor da sua glória” (vv. 12,14). Aquele ao qual devemos adorar está identificado na expressão “Deus e Pai de Jesus Cristo”, uma clara referência à Santíssima Trindade com ênfase na natureza divina de Jesus, seu Filho.

2. As bênçãos espirituais. Obviamente que as bênçãos espirituais não são materiais, mas provenientes dos “lugares celestiais”, isto é, do reino espiritual. Essas bênçãos são mencionadas na longa passagem de Efésios (1.3-14), tais como: Deus nos elegeu para sermos santos (1.4); predestinou-nos para sermos filhos (1.5); nos fez agradáveis para si (1.6); remiu-nos por meio do sangue de Cristo (1.7); acolheu-nos por sua vontade redentora (1.8-12); revelou-nos a Palavra da verdade (1.13a); selou-nos com o Espírito Santo da promessa (1.13b); ainda garantiu a validade da promessa (1.14). Tais bênçãos provêm de Deus, que planejou a redenção; do Filho, que a realizou; e do Espirito Santo, que a garante. Essas bênçãos nos conduzem a exclamar como Paulo: “Bendito Seja Deus!”

3. A nova condição. A expressão “em Cristo” significa que somos abençoados com toda bênção espiritual, a partir de Sua pessoa e obra realizada no calvário (Jo 1.3; Hb 5.9; 9.12); relaciona-se ainda com a nossa experiência de conversão a Ele (2ª Co 5.17). Essa nova vida é conferida somente para quem está “em Cristo”, isto é, o oposto da antiga vida “em Adão” escravizada pelo pecado (Rm 5.11-15). Desse modo, não andamos mais em trevas, mas como filhos da luz (Rm 5.8). Portanto, nossa nova posição é caracterizada pela salvação “em Cristo” e, por isso, desfrutamos de todos os benefícios advindos dessa redenção.

II. DEFINIÇÃO DA PALAVRA BÊNÇÃO

A Doxologia. “[Do gr. doxa, glória + logia, palavra] Manifestação de louvor e enaltecimento a Deus através de expressões de exaltamentos (Deus seja louvado! Aleluia!) e hinos. A doxologia não pode vir desassociada da verdadeira adoração. Ela exige adoração” (Dicionário de Teologia, CPAD, p. 152).

A palavra “benção” segundo o dicionarista Houaiss significa: “graça concedida por Deus” (2001, p. 432). Teologicamente benção significa: “todo e qualquer bem dispensado por Deus ao homem” (ANDRADE, 2006, p. 81 – acréscimo nosso). A palavra grega é “eulogia” que significa: “benefício, graça divina”. No capítulo 1 de Efésios Paulo destacou a fonte das bênçãos: “Deus pai”; a natureza das bênçãos: “bênçãos espirituais”; e, por fim, a esfera das bênçãos: “nos lugares celestiais”. Matthew Henry (2008, p. 578) alerta que: “deveríamos aprender a reconhecer as coisas espirituais e celestiais como as coisas principais, as bênçãos espirituais e celestiais como as melhores bênçãos”.

III. AS BÊNÇÃOS DE DEUS MINISTRADAS POR MEIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

O crente é apresentado como o recipiente de toda sorte de bênção espiritual (Ef 1.3). O Pai decidiu redimir as pessoas para si próprio (Ef 1.3-6); o Filho, pelo preço de sua morte sacrificial, também é o Redentor, e aqu’Ele através do qual a Igreja é a escolhida (Ef 1.7-12), e o Espírito Santo aplica a presença viva e a obra de Cristo à Igreja e à experiência humana (Ef 1.13-14) (ARRINGTON, 2003, p. 1197). Todas as três Pessoas da Santíssima Trindade participam desta provisão de bênçãos espirituais.

1. O Pai, a fonte das bênçãos. Paulo iniciou a epístola aos Efésios reconhecendo e louvando o Pai como a fonte de todas as bênçãos:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou...” (Ef 1.3). Bendito é, em grego, “eulogetos”, que é palavra composta de “eu”, que significa “bem”, e “logetos”, que significa “falar”. Literalmente, o grego transmite a ideia de “falar bem” ou “elogiar” (BEACON, 2006, p. 119).

O apóstolo bendiz ao Pai porque Ele nos bendisse: “o qual nos abençoou” (Ef 1.3-b); e, isto Ele fez “para louvor e glória da sua graça” (Ef 1.6). Tiago nos diz que: “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17).

2. O Filho Jesus, o agente e a condição das bênçãos. As bênçãos decorrentes da salvação, são condicionais, ou seja, elas são pertencentes aqueles que estão em Cristo: “Bendito o Deus e Pai [...] o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1.3).

A palavra expressão “em Cristo” aparece aproximadamente 30 vezes na epístola inteira, e as expressões relacionadas - “Nele”, “em quem” e “no qual” - ocorrem 11 vezes (Ef 1.1,3,4,5,6,7,9,10,12 e 13). Esses dois vocábulos “em Cristo” aparecem 164 vezes nas epístolas paulinas. Isso significa que é exclusivamente em conexão com Cristo que somos abençoados com todas as bênçãos espirituais. Em termos gerais, revela que nenhuma dessas maravilhosas dádivas seria possível sem Cristo (BAPTISTA, 2020, p. 25).

3. O Espírito, o aplicador das bênçãos. O Pai a planejou a salvação, o Filho a providenciou e o Espírito Santo a aplicou. É a terceira pessoa da Trindade quem nos leva a nos apropriarmos dessas bênçãos, sendo o selo, a garantia de que somos sua propriedade (Ef 1.13); e, o penhor da nossa herança (Ef 1.14).

IV. AS BÊNÇÃOS QUE OBTIVEMOS DO PAI

1. Ele nos elegeu (Ef 1.3,4). A primeira coisa que Paulo destacou como bênção, é que o Pai nos elegeu (Ef 1.3). A expressão grega que aparece é “eklegomai” que significa: “selecionar, escolher, escolher para si mesmo”. É bom dizer que essa escolha foi baseada na presciência divina, atributo que lhe dá condições de antever as coisas antes que aconteçam. Deus viu aqueles que, mediante a pregação evangélica, receberiam a Cristo como Salvador e a estes Ele elegeu: “Eleitos segundo a presciência de Deus...” (1ª Pd 1.2). Confira ainda: (Rm 8.29). Certo teólogo disse: “a eleição ou escolha de Deus não é arbitrária, de forma que alguns sejam destinados à salvação e outros à perdição, sem levar em conta a disposição de cada indivíduo. O âmbito da salvação é a todos os homens, como a Bíblia copiosamente declara (Jo 3.16; Rm 10.13). Os eleitos são constituídos, não por decreto absoluto, mas por aceitação das condições do chamado de Deus, as quais são arrependimento (Mt 4.17; 9.13; Lc 24.47; At 2.38; 3.19; 8.22) e da fé (Mc 16.16; Rm 10.9; Ef 2.8)” (BEACON, 2006, p. 121).

É bom destacar também que o apóstolo deixou claro que esta eleição foi:
(a) Coletiva, não individual. “nos elegeu”.
(b) Condicional: “nos elegeu nele” (em Cristo).
(c) Proposital. “para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade” (Ef 1.4-b).

2. Ele nos adotou (Ef 1.5). Em Efésios 1.4,5 está escrito que fomos predestinados por Deus para adoção de filhos “e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo […]”. A palavra grega traduzida para “adoção” é “huiothesia” é uma palavra composta formada de “huios” que significa: “filho”, e “thesis” que por sua vez é “posição ou colocar” (Rm 8.15,23; 9.4, Gl 4.5; Ef 1.5). Portanto, seu sentido primário é: “colocar como filho”, “dar a alguém a posição de filho”. Os principais textos que tratam dos crentes como filhos de Deus são (Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2ª Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1ª Pe 1.3,4; Hb 1.14). Como consequência dessa filiação, o crente passa a ter todos os direitos e privilégios de filho: “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo…” (Rm 8.17).

O status de filhos traz-nos alguns privilégios, a saber:
(a) Tratar a Deus como Pai nas nossas orações e de receber o perdão de nossos pecados (Mt 6.9).
(b) Ter o testemunho do Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai”, dando-nos o testemunho de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16),
(c) Sermos amados por ele, enquanto ignorados pelo mundo (1ª Jo 3.1).
(d) Ter o privilégio de sermos guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14).
(e) Gozamos do cuidado do Pai (Mt 6.32) e da liberdade de lhe pedir o suprimento das nossas necessidades (Mt 7.11).
(f) Podemos lhe pedir o Espírito Santo (Lc 11.13) e gozarmos do direito a ter uma herança nos céus (G1 4.7; 1ª Pd 1.4).

3. Ele nos fez agradáveis (Ef 1.6). O pecado nos tornou inimigos de Deus (Rm 5.10), pois estávamos fazendo o que agradava a nossa carne e desagradava a Deus, sendo assim por natureza filhos da ira (Ef 2.3). No entanto, ao recebermos Cristo, como nosso Salvador, Ele nos tornou agradáveis a Deus, por Sua graça maravilhosa: “Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6).

V. AS BÊNÇÃOS QUE OBTIVEMOS DO FILHO

Ainda no capítulo primeiro da epístola aos Efésios, Paulo elencou as bênçãos que recebemos por meio do Filho de Deus, Jesus Cristo. Vejamos:

1. Ele nos redimiu (Ef 1.7-a). Paulo diz que Jesus nos redimiu (Ef 1.7-a). Aqui, a palavra-chave é redenção no grego “apolytrosis”. E o substantivo do verbo “apolytroo”, que no grego clássico significa “libertar por meio de resgate”. Era termo usado para falar de “comprar de volta um escravo ou cativo, libertá-lo mediante o pagamento de um resgate” (BEACON, p. 124).

1.1. Paulo diz que Cristo nos resgatou com o preço de sangue (Ef 1.7). Outras passagens paulinas também enfatizam a questão do custo (1ª Co 6.20; 7.23; 1ª Tm 2.6), coisa que o próprio Jesus afirmou (Mt 20.28). Os fariseus fizeram a observação de que nenhum homem pode perdoar pecados a não ser Deus (Mc 2.7). O fato do Senhor Jesus Cristo perdoar é evidência de que é Deus (Mc 2.10).

2. Ele nos congregou (Ef 1.10). Paulo afirmou que Cristo veio “congregar” em si todas as coisas (Ef 1.10). A palavra grega “anakephalaiõsasthai” que significa: “fazer convergir”, e era usada no sentido de juntar várias coisas e apresentá-las como sendo uma só (FOULKES, 2011, p. 45).

Devido ao pecado, vieram ao mundo desordem e desintegração intermináveis; mas ao final, todas as coisas serão restauradas à sua função original e à sua unidade pelo fato de terem sido trazidas à obediência a Cristo (Cl 1.20). A expressão “todas as coisas” inclui “tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Cl 1.16-19) e devem ser reunidas em Cristo.

VI. AS BÊNÇÃOS QUE OBTIVEMOS DO ESPÍRITO SANTO

Nessa última estrofe da doxologia de Efésios, o Espírito Santo pelo menos recebe duas designações: “um selo e uma garantia” (Ef 1.13,14).

1. O Espírito Santo como um selo (Ef 1.13). Os que recebem o Espírito Santo são identificados por Deus como pertencentes a Cristo. Esses crentes são “selados” como propriedade particular de Cristo no momento da conversão (Ef 1.13; 4.30). Acerca do selo, convém afirmar que:

1.1. O selo fala de um direito de posse. Deus nos selou com o seu Espírito porque agora somos seus (1ª Co 6.19).

1.2. O selo fala de segurança e proteção. O selo romano sobre a tumba de Jesus era a garantia de que ele não seria violado (Mt 27.62-66). Assim o crente pertence a Deus (1ª Co 6.19).

1.3. O selo fala de autenticidade. Fomos selados com o Espírito Santo (Ef 4.30), como propriedade de Deus (Rm 8.9).

2. O Espírito é o penhor (Ef 1.14). O penhor era o primeiro pagamento efetuado na aquisição de uma propriedade. Paulo usou em suas epístolas a linguagem de que o Espírito Santo nos foi dado como penhor (2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.14), deixando claro que o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva.

CONCLUSÃO
Vimos nesta lição que Deus planejou de antemão conceder bênçãos espirituais aos seus servos. Essas bênçãos revelam a grandeza, a excelência e a perfeição do projeto divino. O plano de salvação arquitetado pelo nosso Criador é algo incomensurável. Em Cristo, Ele estava reconciliando o mundo consigo mesmo. Essa é uma doutrina gloriosa que revela o imenso amor de Deus. Em Cristo, fomos eleitos para desfrutar desse maravilhoso plano.

FONTE DE PESQUISA

1. A IGREJA ELEITA: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da promessa SEGUNDO TRIMESTRE DE 2020. CPAD Rio de Janeiro RJ
2. ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
3. GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


COMENTARISTA: DOUGLAS ROBERTO DE ALMEIDA BAPTISTA


quarta-feira, 8 de julho de 2020

DESPERTAMENTO ESPIRITUAL - UM MILAGRE



LEITURA BÍBLICA

Esdras 1.7 “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias) despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: 2 - Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. 3 - Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do SENHOR, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém. 4 - E todo aquele que ficar em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, afora as dádivas voluntárias para a casa de Deus, que habita em Jerusalém. 5 - Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a casa do SENHOR, que está em Jerusalém. 6 - E todos os que habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com objetos de prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, e com coisas preciosas, afora tudo o que voluntariamente se deu. 7 - Também o rei Ciro tirou os utensílios da Casa do SENHOR, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém e que tinha posto na casa de seus deuses.”

Neemias 1.3 “As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de Quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza, 2 - Que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, e que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém. 3 - E disseram-me: Os restantes, que restaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém fendido, e as suas portas queimadas a fogo.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos ver a origem do despertamento espiritual e suas finalidades.
Ciro era o rei da Pérsia e, Dario era o rei medos. Ambos haviam se unido para tomar o reino Babilônico.

O decreto de Ciro já estava lacrado. Os judeus deveriam voltar à sua terra, reerguer os muros de Jerusalém e reconstruir o Santo Templo. No entanto, a tarefa parecia bastante difícil. A maioria dos judeus estava acomodada à vida na Babilônia e não estava disposta a voltar à terra de Israel para executar o plano de reconstrução. Somente o Espírito Santo poderia levantar homens necessários ao desempenho de semelhante tarefa.

Foi exatamente isso o que aconteceu. O Senhor suscitou homens que não se prendiam às coisas efêmeras desta vida, e cuja visão estava na redenção da linhagem de Israel.

É de um despertamento semelhante que tanto precisamos nesses tempos difíceis.
A submissão à vontade de Deus gera o despertamento espiritual.

I. CONTESTO HISTÓRICO

Quando os babilônios dominaram a cidade de Jerusalém em 605 a.C., por Nabucodonossor, e alguns jovens foram levados ao cativeiro. O rei da Babilônia mandou que os mais capazes dos jovens judeus fossem preparados para servir no seu palácio. Daniel, Hananias, Misael e Azarias, Neemias foram entre os jovens escolhidos. Daniel foi profeta que se destacou entre os 3 jovens no cativeiro na Babilônia, onde ocupou alta posição no governo. Mas no final do cativeiro Neemias foi usado e ousado para trazer o povo de volta e reconstruir os muros de Jerusalém.

O livro de Neemias conta a história de Neemias, um líder dos judeus que regressara a Jerusalém. Sob sua direção, foram reconstruídos os muros de Jerusalém. Contudo, “Neemias não se contentou simplesmente em erguer estruturas físicas, mas desejava também que seu povo fosse edificado espiritualmente” e ajudou os judeus a “assumir o controle de sua vida, suas terras e seu destino como o povo de Deus” (Modesto M. Amistad Jr., “Wanted: Modern Nehemiahs” [Procura-se: Neemias Modernos], Ensign, dezembro de 2002, pp. 45–46). Ele também foi um exemplo de muitas qualidades nobres. “Ele era humilde, motivado, confiante na vontade de Deus, cheio de iniciativa, dotado de grande fé, destemido, organizado, obediente e justo” (Modesto M. Amistad Jr., “Wanted: Modern Nehemiahs” [Procura-se: Neemias Modernos], p. 46). Ao estudar o livro de Neemias, os alunos terão não somente um exemplo de liderança correta como vão aprender o valor de fortalecer-se espiritualmente.

I. O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL EMANA DO PRÓPRIO DEUS

1. “No primeiro ano de Ciro, […], despertou o Senhor o espírito de Ciro” (Ed 1.1). Deus despertou Daniel para orar pelo futuro de seu povo. Todavia, não foram as orações de Daniel e nem sua vida santificada que produziram o despertamento, mas foi o próprio Deus que fez o milagre do despertamento de Ciro (Is 26.12; 1ª Co 12.6). Deus usa instrumentos para cooperarem com Ele, mas o autor do despertamento é Ele mesmo.

2. Por isso, o despertamento é um mistério. As coisas humanas podem ser explicadas, previstas e calculadas. Mas a operação do Espírito Santo é diferente. Jesus disse: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.18).

Nós, na verdade, podemos ver o resultado do despertamento, e até mesmo sentir a operação “das virtudes do século futuro” (Hb 6.5). Mas na verdade nada sabemos e nada entendemos do poder de Deus.

3. A Vontade de Deus. O conceito de ‘vontade’, quando aplicado a Deus na teologia e na Bíblia, nem sempre tem a mesma conotação. Ele pode denotar toda a sua natureza moral incluindo seus atributos, a faculdade de autodeterminação (Sl 115.3; Dn 4.35), um plano pré-determinado como no caso de um decreto (Ef 1.9,10; Ap 4.11 etc.), o poder para cumprir seus planos e propósitos (Pv 21.1; Rm 9.19; 2º Cr 20.6), ou a regra da vida imposta sobre as criaturas racionais, isto é, a vontade objetiva de Deus, que se pode guardar (Mt 7.21; Jo 4.34; 7.17; Rm 12.2).

3.1. A vontade divina é a causa final de todas as coisas. Ela é absoluta e imutável (Sl 33.11), não condicionada por nada além de si mesma. Todas as coisas são sua consumação: a criação e a preservação (Sl 135.6; Jr 18.6; Ap 4.11); o governo (Pv 21.1; Dn 4.35); a eleição e a reprovação (Rm 9.15,16; Ef 1.5); a morte de Cristo (Lc 22.42; At 2.23); a salvação (Tg 1.18); a santificação (Fp 2.13); os sofrimentos dos santos (1Pe 3.17); a existência, o curso da vida e o fim do homem (At 18.21; Rm 15.32; Tg 4.15); e até mesmo os menores detalhes da vida (Mt 10.29).

Uma vez que todas as coisas encontram sua causa última na vontade de Deus, é usual distinguir entre os aspectos eficazes e permissivos da vontade de Deus. O aspecto eficaz da sua vontade é cumprido de forma causal ou ativa. Não é apenas aquilo que Deus consente, mas também aquilo que Ele deseja. Por outro lado, o aspecto permissivo da vontade divina é aquele que tem uma autorização para ocorrer através da intervenção não controlada de criaturas racionais. A vontade de Deus é revelada ao homem de várias maneiras: pela palavra falada (Êx 3.14-18; At 1.8); por meio de sonhos e visões (Gn 41.1-32; At 16.6-10); pelo mundo natural e pelos eventos históricos (Sl 89.9,10; Is 46.10,11; 53.10); no futuro reino de Deus (Ef 1.9, 10); e pelas Sagradas Escrituras [cf. At 20.27; 1ª Pe 4.17, 19)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006. pp.2025,2026]

II. AS FINALIDADES DO DESPERTAMENTO

1. A restauração nacional de Israel. Deus, quando quer realizar seus propósitos, pode incutir a sua vontade no espírito do homem. Foi assim que Ele fez com Ciro. Embora fosse rei de uma nação idólatra, Ciro foi despertado por Deus, o qual incutiu a Sua vontade no espírito dele, dominado pelas tradições e pela idolatria, a fim de que ele cumprisse os desígnios divinos relativos ao povo de Israel, conforme havia falado pela boca do profeta Isaías, cerca de 200 anos antes:

“Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado.” (Is 44.28).

“ Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. 2 - Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. 3 - Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. 4 - Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses. 5 - Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; 6 - Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.” (45.1-6).

Quando o propósito de Deus chegou ao conhecimento de Ciro, era um fato já aceito e aprovado por ele, e logo foi consumado. Assim, logo no início do seu reinado, Ciro proclamou um édito autorizando os judeus a retornarem a Jerusalém e edificarem a casa do Senhor “em Jerusalém, que é em Judá” (Ed 1.2). Começava, assim, uma restauração nacional do povo israelita.

2. A restauração espiritual de Israel. Deus quer usar o homem como seu instrumento. Todavia, só são usados aqueles que cooperam com Deus, aqueles que seguem a orientação divina por livre-arbítrio. O homem é livre para obedecer, ou não, à orientação divina. Por isso, nem todos os que experimentam um despertamento adquirem o mesmo progresso espiritual, porque não abrem igualmente seu coração para Deus, a fim de obedecer, à risca, à orientação divina (Pv 23.26; Dt 6.5).

Durante o cativeiro, o povo israelita havia assimilado muitos dos costumes dos babilônicos, porém havia aprendido a lição concernente à vontade de Deus: não servir aos deuses das nações, não adorar os ídolos. Antes do exílio, Israel estava espiritualmente enfermo dos pés à cabeça (Is 1.2-6), mas agora havia sido curado da idolatria para sempre. Para Israel, o sofrimento resultou no despertamento, e este, na sua restauração espiritual. A finalidade principal de despertamento é sempre a restauração espiritual do povo de Deus.

Cada despertamento tem por objetivo principal a salvação e a restauração do homem. Encontramos sempre estes dois polos: A GRAÇA E O PECADO. O Espírito Santo está sempre pronto para convencer o mundo sobre “o pecado, a justiça e o juízo” (Jo 16.8,9).

2.1. O Espírito Santo é sempre intolerante com o pecado. O Espírito Santo convenceu Saulo de que havia pecado contra a pessoa de Jesus (At 9.4,5). Foi o Espírito Santo que convenceu de pecado a mulher samaritana (Jo 4.16-19) e fez Zaqueu confessar sua falta (Lc 19.8). O Espírito Santo torna manifesta as coisas más (Ef 5.13,14). O profeta de lábios impuros sentiu que perecia na presença da santidade de Deus (Is 6.5). O Espírito Santo faz com que os crentes andem na luz (1ª Jo 1.7).

2.2. Mas o Espírito Santo também aponta para Jesus como aqu’Ele que perdoa e salva (1ª Jo 1.9; 2.1,2; Rm 3.25; 2Co 5.18-21). Este era o ensino nos dias dos apóstolos e deve continuar sendo nos dias de hoje, pois a Palavra de Deus não muda, e as nossas necessidades espirituais também não (At 13.38-41; 14.15-17; 17.26-31).

3. Ciro autoriza o povo judeus voltar a sua pátria. A política de Ciro beneficiou sensivelmente os judeus exilados em Babilônia, pois Ciro conferiu a Yahweh o mesmo respeito dado a Marduque e a outras divindades. A consequência lógica de sua política foi o decreto que permitia aos judeus o retorno à sua terra. Somente em um templo restaurado em Jerusalém Yahweh poderia agir efetivamente como o Deus de Judá. Assim, em fiel obediência a Yahweh, Ciro decidiu repatriar o povo judeu. Providenciou autorizações para que eles voltassem e reconstruíssem a cidade e o templo para seu Deus” [MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p. 509].

III. DEUS CUMPRE AS SUAS PROMESSAS

1. A fidelidade de Deus em suas promessas. Pelo despertamento que Ciro recebeu, Deus cumpriu literalmente a sua Palavra em relação ao retorno de Judá a sua terra (Jr 27.22), bem como a derrota da Babilônia diante do exército medo-persa, sob o comando de Ciro da Pérsia (Jr 25.12; Is 44.28; 45.2-6).

2. Deus renova suas promessas de bênçãos. Em cada despertamento, Deus vivifica e renova suas promessas de bênçãos ao seu povo. O Espírito Santo revela as riquezas escondidas em Cristo, isto é, as riquezas de glória que Cristo ganhou na cruz do Calvário, para dar àqueles que O servem (Rm 9.23; Ef 1.18; 2.7; Fp 4.19; Cl 1.27).

O batismo no Espírito Santo é uma bênção que faz parte de uma nova vida com Cristo (At 2.38; cf. Hb 6.1-3). No despertamento que operava no tempo dos apóstolos, eles faziam questão de que todos os convertidos recebessem esta maravilhosa unção do alto (At 8.14-17; 19.1-6). Os dons espirituais também fazem parte das bênçãos que Jesus deseja dar por meio do despertamento (1ª Co 12.7-11). Deus ainda deseja despertar os corações para ter fé renovada na cura do corpo, também resultado da morte expiatória de Jesus (Is 53.3-5; Mt 8.14-17; Tg 5.14-17; Mc 16.17,18).

3. Deus renova a fé dos abatidos. Pelo despertamento, Deus cria ambiente de fé, de expectativa e de oração. O despertamento nasceu da oração, e só poderá prosseguir se a chama da oração continuar acesa. No Antigo Testamento, o fogo do altar de incenso não se podia deixar apagar (Êx 30.7,8). Do mesmo modo, Deus quer que o fogo do Espírito Santo não se apague em nossos corações, mas, sim, que continue aceso, hoje, como no Dia de Pentecoste. Todavia, isso só se pode conseguir através da oração incessante, por parte de cada um de nós.

4. Promessa. Embora se refira ocasionalmente à palavra do homem, o uso característico da palavra ‘promessa’ nas Escrituras relaciona-se com o que Deus declara que fará acontecer. Embora possamos inferir as promessas feitas entre o Pai e o Filho antes da criação, a primeira grande promessa de Deus aos homens está em Gênesis 3.15 e inaugura uma sucessão que, em uma crescente clareza de detalhes desde seu anúncio, fala sobre a vinda do Messias-Salvador.

A fidelidade é um dos atributos de Deus. Ele é fiel para cumprir Suas promessas. O apóstolo Paulo vai dizer; “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2ª Tm 2.13).
Uma grande variedade de promessas está mais ou menos ligada, de uma forma direta, a essa grande promessa central, inclusive a nova aliança (Jr 31.31-34), o derramamento do Espírito (Jl 2.28ss.), a restauração de Israel (Dt 30.1-5) e, finalmente, o novo céu e a nova terra (Is 65.17; 66.22).

Paulo demonstra que a ‘promessa de Deus’ tem a qualidade de uma aliança, porque cada palavra de Deus é segura e certa, livre do legalismo e da dependência do esforço do homem (por exemplo, Rm 4.13-16; Gl 3.16-18; cf. Hb 11.40)” [Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006, p.1611].

IV. O DESPERTAMENTO TORNA OS HOMENS OBEDIENTES À PALAVRA

1. O que é um despertamento espiritual? Antes de mais nada, é um retorno à vontade de Deus. Todas as vezes que os crentes voltam aos princípios das Sagradas Escrituras, dá-se um despertamento espiritual. Foi assim nos tempos de Josias e na época de Esdras.

João 6.63 Jesus diz: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.”

E, o mesmo se verifica quando o povo de Deus, hoje, predispõe-se a executar as tarefas que o Senhor lhes entrega. Mas o que é necessário para se viver um grande despertamento espiritual?

Em primeiro lugar, é necessário se voltar às Sagradas Escrituras e esposar todos os seus princípios. João 5.39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.”

2ª Timóteo 2.15 “ “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

Oseias 6.3 “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.”

Oseias 6.6 “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.”

Neste ponto, devem cair por terra as nossas conveniências e comodidades. Somente a vontade de Deus é que interessa. Notemos que o grande avivamento de Josias começou exatamente quando líderes do povo começaram a examinar detidamente as Sagradas Escrituras. Doutra forma, continuariam no mesmo marasmo.

Em segundo lugar, é necessário buscar com redobrado favor a presença de Cristo. Afirmou certa vez um teólogo que a história se cala acerca dos avivamentos que começaram sem oração. Quer nos tempos bíblicos, quer nos dias de hoje, não pode haver avivamento sem oração. É um pressuposto básico do qual não podemos fugir.

Em terceiro lugar, não podemos perder o nosso primeiro amor. A Igreja de Éfeso, por exemplo, sofria deste mal crônico. Exteriormente, não poderia haver igreja tão ortodoxa doutrinariamente como aquela. No entanto, estava longe do seu primeiro amor. E, se a força do nosso amor não corresponde aos primórdios da nossa fé, carecemos rogar as misericórdias do Senhor para que um novo despertamento espiritual venha renovar o nosso amor.

1. O culto que foi restabelecido em Jerusalém foi exatamente aquele que a lei de Deus determinava (Ne 12.44-47). Não foram introduzidas novas formas de culto, nem qualquer mistura de doutrinas babilônicas!

2. O despertamento dado pelo Espírito Santo faz com que os crentes desejem intensamente ser fiéis à Palavra de Deus.

Paulo escreveu: “Para que, em nós, aprendais a não ir além do que está escrito” (1ª Co 4.6).

O crente despertado inclina-se a guardar os estatutos de Deus até o fim (Sl 119.112). E esta forma de proceder, esta atitude do crente, é uma das bases para a comunhão uns com os outros. “Companheiro sou de todos os que te temem, e dos que guardam os teus preceitos” (Sl 119.63).

 Título: OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE - A reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias. 3º Trimestre de 2020. 
Comentarista: Eurico Bergstén