Provérbios 30.15-16 “A sanguessuga tem duas filhas: Dá
e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta! A
sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca
dizem: Basta!”
INTRODUÇÃO
Apenas o capítulo
30 do livro de Provérbios é atribuído a Agur, um sábio de quem nada sabemos.
Mas pela inspiração divina, o escritor bíblico apresenta uma coleção de
pequenos provérbios. No geral, esses provérbios tratam acerca da verdadeira sabedoria.
O escritor enfatiza que o homem não possui sabedoria em si mesmo; mas a
verdadeira sabedoria vem do Senhor através de Sua auto revelação nas
Escrituras.
Em sua reflexão, o
sábio pontua vários comportamentos humanos insensatos, entre eles a ganância.
Então é ao condenar o comportamento ganancioso que ele escreve neste sentido
figurado.
I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA
A palavra
sanguessuga no hebraico é aluqah que
significa “chupadora. Uma sanguessuga é um animal hematófago, de nome
cientifico: Hirudínea ou Annelida, distinguidos por terem exatamente trinta e
quatro segmentos nos corpos, dos quais os primeiros cinco ou seis formam a
cabeça, que chupa, enquanto que os últimos sete formam a cauda, que chupa. A
sanguessuga é um verme (anelídeo, pois o corpo é formado por anéis) comum em
todos os lugares do mundo, em todos os ecossistemas. Existem no planeta mais de
15 mil espécies de sanguessugas e vivem águas e lama! Elas têm este nome, obviamente,
porque se alimentam do sangue de suas vítimas, depois de aderir ao corpo do ser
vivo de que se alimenta, podendo ingerir uma quantidade de sangue 10 vezes superior
ao seu próprio volume.
II. QUEM SÃO AS DUAS FILHAS DA SANGUESSUGA?
1. Dá e Dá”. O sábio chama as
duas ventosas da sanguessuga personificada como suas filhas de “Dá e Dá”. Esses nomes referem-se ao
clamor insaciável delas. Por isso algumas versões traduzem: “Duas filhas tem a
sanguessuga. Dê! Dê! Gritam elas” (NVI).
Talvez a ideia
seja que assim como a sanguessuga parece não ter outra finalidade, se não sugar
sangue, o homem ganancioso parece servir apenas à sua concupiscência ambiciosa.
O sábio expande seu raciocínio citando ditos numéricos que fornecem quatro
ilustrações sobre a ganância: “a sepultura, a madre estéril, à terra, que se
não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta”.
Russel Norman
Champlin afirma que: “metaforicamente, a sanguessuga refere-se a algum
individuo ou alguma circunstância debilitadora, gananciosa e extremamente egoísta
em suas exigências.” E ele diz mais: “A sanguessuga é o modelo do egoísmo e da
ganância, e é vista como animal que vive do sangue de outro animal, uma apta
metáfora para as pessoas gananciosas”.
Quando Agur
escreveu este texto, sua preocupação não era com a sanguessuga em si, mas,
apresentar um princípio moral e espiritual que tem como parâmetro a vida da
sanguessuga.
2. A sanguessuga continua tendo duas filhas. Infelizmente
vivemos num tempo em que a ganância não é apenas incentivada, mas quase que
cultuada. Ser ganancioso parece que se tornou sinal de força, determinação e um
pré-requisito essencial para o sucesso.
O princípio moral
e espiritual é o da ganância, do egoísmo, da autossatisfação que leva pessoas,
grupos, entidades a se beneficiarem de coisas de forma desonesta, de maneira
ilimitada e insaciável, querendo sempre mais e mais, sugando, chupando,
extraindo, explorando para proveito próprio.
Inclusive, esse
tipo de mentalidade mundana tem invadido até as igrejas. Quantas e quantas
comunidades cristãs têm sido exploradas por homens gananciosos que não se
fartam de negociar Jesus para satisfazerem sua ambição e seu compromisso com
Mamom (cf. Mt 6.24).
Quando se observa
a vida da sanguessuga percebe-se claramente que Agur está descrevendo o agir
egoísta e interesseiro do ser humano.
O sábio Agur do
ápice de sua sabedoria afirma que a sanguessuga tem duas filhas: Dá, Dá. Isto é, quanto mais sangue
bebe, mais sangue quer. Quanto mais se tira, quanto mais se desvia, quanto mais
se locupleta, mais se quer, mais se
deseja, mais se inventa uma maneira de se tirar mais e mais e mais.
Um escritor
afirmou: “Há pessoas tão excessivamente gananciosas e cobiçosas que elas deixarão
sem nada qualquer ser vivo, elas se agarram a qualquer coisa que possa dar
lucro e nunca largarão até que tenham extraído até a última porção que haja de
bom.”
Infelizmente,
estamos vivendo em nossa sociedade este princípio moral e espiritual da sanguessuga.
III. A SANGUE SUGA DA CORRUPÇÃO
Miqueias 7.2-3
“Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja reto.
Todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma rede. As suas
mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige condenação, o juiz aceita
suborno, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles são
perturbadores”.
A sociedade
capitalista muitas vezes valoriza mais o dinheiro do que as pessoas. Este
pensamento utilitarista abre brechas para ações corruptas como:
1. Suborno. Êxodo 23.8 “Também suborno não aceitarás,
pois o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos”.
O suborno é uma
troca de favores remunerada, quando “o ímpio acerta o suborno em secreto, para
perverter as veredas da justiça” (Pv 17.23). Mas a Palavra de Deus condena o
suborno, pois “ai dos que...justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam
justiça” (Is 5.22-23).
2. Propina. Lucas 3.12-13 “Chegaram também uns
cobradores de impostos, para serem batizados, e lhe perguntaram: Mestre, que
devemos fazer? Respondeu-lhes: Não peçais mais do que o que vos está ordenado”.
A propina é um valor à parte recebido pela pessoa, mas que Jesus condenou
dizendo que não deveria ser feito.
A corrupção está
presente na sociedade, pois muitas pessoas praticam suborno comprando o
‘silêncio’ de outra pessoa, achando que podem pagar para ficar certos. Outros
já vivem da chamada propina, vendendo seus serviços e recebendo dinheiro
ilícito. (faz gato para roubar energia elétrica, tentar subornar o guarda para
não levar multa, furar fila, comprar produtos piratas etc).
IV. A SANGUE SUGA NA ÁREA DA POLÍTICA
Deuteronômio
16.19-20 “Não torcerás a justiça, nem farás acepção de pessoas. Não tomarás
subornos, pois o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos
justos. Segue a justiça, e só a justiça, para que vivas e possuas a terra que o
Senhor teu Deus te dá”.
Finalmente, a
corrupção também chega à política. A palavra política vem do grego polyticos, que significa cidadão da polys, que é a cidade. Então todos nós
somos políticos, quando exercemos nossa cidadania.
Duas formas de
corrupção na política são:
1. Leis injustas. Salmos 82.2-5ª “Até quando
defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a
causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai
o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada
entendem. Andam em trevas”. Infelizmente, muitas pessoas quando chegam a um
cargo ou função pública, acaba se corrompendo e usando os recursos para
benefício pessoal e legislando em causa própria.
2. Políticos injustos. Isaías 10.1,2 “Ai
dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades,
para privar da justiça os pobres, e para arrebatar o direito dos aflitos do meu
povo, despojando as viúvas, e roubando os órfãos!” Precisamos saber o que as
pessoas fazem quando chegam ao poder e lutar contra a injustiça. “Os teus
príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e
corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles
a causa das viúvas” (Is 1.23). Se um político não defende os direitos do povo,
não está cumprindo o seu papel.
Os políticos estão
muito envolvidos com corrupção devido ao sistema corrupto que foi instaurado no
meio em que atuam. Além disso, as pessoas já veem de uma sociedade corrompida e
de um comércio onde a corrupção toma conta para a busca do lucro a qualquer
preço.
Alguns exemplos de
corrupção na política são: quando o legislador cria uma lei para beneficiar um
setor em troca de apoio político, superfaturamento de obras, cobrança de
serviços que deveriam ser gratuitos, etc.
“Quando os justos
se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.” (Pv
29.2). “Quando os justos exultam, grande é a glória; mas quando os ímpios
sobem, os homens se escondem.” (Pv 28.12).
Vamos lutar contra
a corrupção na política!
V. A SANGUE SUGA NO MEIO RELIGIOSO
1. Falsos
mestre. Na Bíblia encontramos uma
relação de falsos líderes que podemos enquadrar como falsos profetas. O
Senhor Jesus nos adverte no evangelho de segundo Mateus 24.11, 24 “E
surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. Porque surgirão falsos
cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se
possível fora, enganariam até os escolhidos.”
Alguns falsos
mestres e pregadores iniciam seu ministério com sinceridade, veracidade, pureza
e genuína fé em Cristo. Mais tarde, por causa do seu orgulho, avareza e desejos
imorais, sua dedicação pessoal e amor a Cristo desaparecem lentamente. Em
decorrência disso, apartam-se do reino de Deus (1ª Co 6.9-10; Gl 5.19-21; Ef
5.5-6) e se tornam instrumentos de Satanás, disfarçados em ministros da justiça
(2ª Co 11.15).
2. Outros falsos mestres e pregadores nunca foram
crentes verdadeiros.
A serviço de Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas atividades
(Mt 13.24-28,36-43).
Estes falsos líderes transformam o Evangelho de Jesus em objeto de
liquidação. Vendem às pessoas um lugar no céu; negociam os cargos ministeriais,
não tem nenhum escrúpulo de cobrar quantias vultosas por uma oração de
libertação e cura. Negociam com os carismas de Deus, dizendo estarem
incentivando a fé. Usam versículos isolados da Sagradas Escrituras para
explorar a fé dos incautos. Por exemplo: “Não vá a casa do profeta de mãos
vazias;” “É melhor dar do que receber” Note que eles gostam de usar o verbo dar, pois são a as filhas da sangue
suga “Dá, Dá.”
3. O que a Bíblia diz sobre os falsos mestres. Vejamos o que o
apóstolo Pedro nos diz com respeito as duas filhas Dá, Dá: “Também, movidos por
avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo
lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.” (2ª Pe 2.3).
3.1. Pedro
descreve o caráter destes falsos mestres: Eles são arrogantes e não têm
respeito pela autoridade (2.10,18). Eles são indivíduos gananciosos, tirando
lucro financeiro dos seus “seguidores” (2.3 “movidos por avareza, farão
comércio de vós”; 2.14 “tendo coração exercitado na avareza”; 2.15 seguiram no
erro de Balaão que queria lucrar amaldiçoando Israel). Além disso, eles são
culpados de imoralidade (2.10 “imundas paixões”; 2.13 “sua luxúria carnal”; 2.14
“tendo os olhos cheios de adultério”).
De acordo com o apóstolo Paulo, os que agem assim se
tornam inimigos da cruz de Cristo, porquanto o seu Deus é o ventre e a sua
glória é a vergonha (Fp 3.18-19); lobos cruéis (At 20.29-30); e ministros de
Satanás (2ª Co 11.12-15).
3.2. O mestre
Jesus vai dizer no evangelho de Lucas: “...que devoram as casas das viúvas,
fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação” (Lc
20.45-47).
À luz das Escrituras, os falsos mestres têm sempre
no seu perfil algumas características especificas. Mas a Bíblia aponta como
defeito principal do falso profeta.
A. Apesar de
sua falsa religiosidade, os fariseus eram avarentos. Jesus declara que os
fariseus da Sua época faziam longas orações para lograr e devorar as casas das
pobres viúvas. Eles tinham como mandamento cuidar das viúvas, órfãos e
necessitados, porém eles agiam com um espírito cobiçoso. Mas Jesus os advertia:
“vocês vão sofrer maior juízo seus fariseus”.
Avareza, de acordo com o original, é ganância, e se
aplica a alguém que nunca está contente com que tem; sempre querendo o que é
dos outros. Avareza na Bíblia é comparada com o pecado de idolatria (Cl 3.4),
porque a pessoa coloca toda sua concentração naquela coisa que está roubando a
posição de prioridade de Deus em sua vida.
B. Através de seu fervor religioso os fariseus exploravam os mais
pobres e idosos. Não sabemos exatamente como eles “devoravam” as casas das
viúvas; talvez as persuadindo a fazer grandes doações além de suas condições.
Certamente, pessoas de má fé no meio religioso hoje em dia têm este mesmo
procedimento. Alguns até ridicularizam as doações pequenas e garantem bênçãos
financeiras do Senhor em troca de enormes ofertas.
Muitos homens que vivem para adorar o dinheiro, para
fazer do dinheiro o próprio deus. Tantas pessoas que vivem somente para isto e
a vida não tem sentido. E isso não é uma fábula, mas ensinos do mestre Jesus:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde
os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver
o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mt 6.19-21).
Quando precisamos pecar para conseguir mais
dinheiro, é melhor ser pobre. Muito dinheiro não acalma a consciência e não
podemos pagar nossa entrada no céu. “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do
que um grande tesouro onde há inquietação. Melhor é a comida de hortaliça, onde
há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio.” (Pv 15.16,17).
4. Eram hipócritas fingidos, falsos. “Observai, pois,
e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as
suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23.33).
O hipócrita é o homem que, no próprio nome da religião,
quebra as leis de Deus. É o homem que diz que não pode ajudar seus pais
porque tinha dedicado seus bens ao serviço de Deus (Mt 15.7; Mc 7.5); é o homem
que se recusa a ajudar um enfermo no sábado, porque isto seria uma violação da
lei do sábado, embora não deixe descuidar do bem-estar dos seus animais no
sábado (Lc 13.15).
É o que pratica
todos os gestos externos da religião enquanto no seu coração está cheio de orgulho
e arrogância. É o tipo de homem que nunca deixa de ir para a igreja e que nunca
deixa de condenar um pecador. O seu orgulho é do tipo que imita a humildade.
Os fariseus eram
referência moral, ética e religiosa para o povo de Israel à época de Jesus. Aos
olhos do povo os fariseus eram tidos por justos “Assim também vós exteriormente
pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de
iniquidade” (Mt 23.28).
Em nossos dias a
palavra fariseu é utilizada de modo pejorativo, sinônimo de hipocrisia, mas à
época de Cristo nomeava um grupo específico de seguidores do judaísmo.
O farisaísmo era
uma das mais severas seitas do judaísmo e seus seguidores lideravam um
movimento para trazer o povo a submeter-se à lei de Deus. Eles eram
extremamente legalistas, formalistas e tradicionalistas (Mt 15.1-3).
4. O dinheiro é a raiz de todo mal. A Bíblia diz que
o amor ao dinheiro é raiz de todos os males (1ª Tm 6.10). Isso se dá pelo fato
de que o coração ganancioso coloca o objeto de sua ambição no lugar que só
pertence a Deus.
De duas maneiras
esses impostores conseguem uma posição de influência na igreja:
4.1. Pregam
por ganância. Hoje existem certos “líderes espirituais” que pregam sobre
prosperidade ensinam que Deus quer que todos os seus filhos sejam ricos e que
uma pessoa somente adoece por falta de fé. São mundanos e extremamente
interessados nos prazeres terreais.
“Em nome da fé evangélica algumas denominações estão
extrapolando no zelo por arrecadar numerário para a manutenção da Casa do
Senhor. Ora, o compromisso de ajuda pecuniária do crente se restringe única as
contribuições voluntárias e a amor pelo Reino de Deus. Porém, tem havido
interpretações perversas acerca das contribuições. Os dízimos passaram a ser um
meio de salvação, e não há limites na fixação das ofertas. O dinheiro tem sido
a legalidade de salvação e esqueceram que a base da nossa salvação é o precioso
sangue de Jesus. É preciso que os desavisados entendam que não podemos comprar
as bênçãos de Deus; que não asseguramos a salvação com as obras de nossas mãos;
que devemos buscar “primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
Em segundo lugar devemos garantir a nossa salvação
mediante sincero arrependimento, confissão dos pecados, mudança de vida,
aceitação de Jesus como Senhor e Salvador. Na qualidade de salvos, de crentes
em Jesus, então cumpriremos seus mandamentos, inclusive o de contribuir e,
nessas condições, faremos jus a todas as bênçãos e promessas catalogadas na
Bíblia.
A grande maioria dos que buscam essas denominações
que anunciam um evangelho deturpado e viciado são almas frágeis, enfraquecidas
pelos embates da vida, e ali vão dispostas a fazer o sacrifício que for
sugerido ou determinado. Não têm o conhecimento bíblico para refutar as
heresias. Assim, acreditam que se venderem todos os seus bens e entregarem todo
o dinheiro “aos pés de Jesus” terão resposta imediata de Deus. A teoria do TUDO
OU NADA é anti-bíblica e, portanto, herética.
Os exemplos a seguir, pelo inusitado e extravagância
teológica, sem paralelo na história recente da Igreja, denotam uma situação de
ambição desenfreada, de loucura inteligente, de ânsia incontida, só comparável
aos tempos da diabólica Inquisição e da venda de indulgências.
Eles sabem, os promotores do mercantilismo religioso,
que o povo brasileiro traz consigo a herança maldita da idolatria, exemplo das
imagens dos santos falecidos, como algo tangível, visível, capaz de “auxiliar”
na comunhão com Deus. Sabedores disto procuram preencher a lacuna substituindo
os ícones por outras coisas, seja uma rosa, uma fitinha, um cajado, um manto,
um lenço, uma vassoura, um sabonete ungido etc. É realmente uma jogada
inteligente. É imperioso que o povo de Deus saiba que coisas não transformam
vidas, não trazem bênçãos, não afastam as maldições, não purificam os lares. A
finalidade da igreja não é arrecadar dinheiro, e o principal compromisso dos
crentes não é contribuir com somas cada vez maiores. [Loucos Por Dinheiro
Airton Evangelista da Costa http://opoderdafe.com/artigos/63].
4.2. O
modismo religioso. Há casos em essas inovações desvirtuam o ensino da
Palavra de Deus, voltando às fábulas, exatamente como previsto por Paulo, em
sua célebre advertência a Timóteo. (2ª Tm 4.3-4).
O crente em Jesus deve estar atento quanto às
distorções da Palavra de Deus e enganos sutis do diabo no meio cristão.
Confesso que estou muito preocupado com o rumo que as igrejas evangélicas,
principalmente as renovadas, têm tomando. Muitas doutrinas estranhas ao cristianismo
estão sendo sutilmente injetadas, doutrinas de anjos e técnicas para curar os
enfermos. Muitos pastores e líderes, na ânsia de verem suas igrejas crescerem e
serem avivadas, estão adotando métodos e técnicas estranhas sem uma criteriosa
investigação de seus aspectos, muitas vezes ocultos.
O modismo é crescente e desenfreado e tem tomando
lugar das reuniões de oração e estudo da Palavra. Quase não se convida mais
para reuniões de estudos bíblicos e quando alguém se atreve, aparece apenas um
pequeno grupo. Nos ensinos de Jesus Ele atraía multidões para ouvi-lo, mas os
seguidores do “evangelho” mercantilista preferem frequentar um culto com nome
extravagante, por exemplo: reunião para desencapetamento, corredor de fogo,
novena das nove fitas, sete quintas feiras etc. Essas inovações exibicionistas
têm arrastado multidões atrás de um evangelho fácil para alcançar a
“prosperidade”. Ao contrário do que ensinou Jesus: “E estes sinais acompanharão
aos que crerem...” (Mc 16.17). Mas o que vemos e ouvimos é o contrário. Os
líderes com suas mensagens atraentes têm levado as pessoas a correrem atrás dos
sinais, usando a sutileza do engano.
Hoje as pessoas numa grande maioria
superlotam igrejas, mas não para ouvirem sobre andar com Deus, não para ouvirem
sobre santidade, não para ouvirem a respeito de viver como sal e luz num mundo
perdido, mas as pessoas enchem os templos para participarem de cultos de
bênçãos, de vitórias, de negociar com Deus, de obter as bênçãos de Deus, desde
que dinheiro esteja envolvido.
“Irmãos, sede
imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam
entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até
chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o
deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se
preocupam com as coisas terrenas. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde
também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3.17.20).
4.3. Ele
transforma o Evangelho de Jesus em objeto de liquidação. Vende às pessoas
um lugar no céu; não tem nenhum escrúpulo de cobrar quantias vultosas por uma
oração de libertação e cura. Negociam com os carismas de Deus, dizendo estarem
incentivando a fé. De acordo com o apóstolo Paulo, os que agem assim se tornam
inimigos da cruz de Cristo, porquanto o seu Deus é o ventre e a sua glória é a
vergonha (Fp 3.18-19). [PAULO CÉZAR LIMA. Separando o Verdadeiro do Falso.
Obreiro, ano 22, nº 11, Pg. 90. Editora, CPAD, Rio de Janeiro – RJ].
E o que
dizer de Jesus Cristo ao chamar os fariseus de raça de víboras, sepulcros
caiados ou filhos do Diabo? Palavras torpes? Definitivamente não; nem chamar os
profetas da prosperidade de estelionatários da fé, enganadores, ladrões,
mercenários, salafrários, lobos, falsos curandeiros, etc, significa usar
palavras torpes. São palavras qualificadoras precisas para designar pessoas e
práticas condenáveis.
Embora a
palavra de Paulo aos líderes das igrejas que estavam reunidos em Mileto,
especialmente os de Éfeso, tenha sido dura, o seu propósito era revelar sua
grande preocupação com relação ao futuro da igreja de Deus.
Atos
20.28-30: “Olhai, pois,
por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos,
para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.
29. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós
lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 E que de entre vós mesmos se
levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos
após si.”
Paulo
reconhece o alto valor que Deus pagou pela igreja ao entregar Seu próprio Filho
na cruz e entende que o surgimento de falsos líderes era consequência natural
do crescimento do evangelho, o que ele pretende é alertar à igreja que tenham
cuidado com os falsos líderes, pois eles irão agir impiedosamente, sem temor à
Deus, com um único propósito – atrair as pessoas para si, ao invés de Deus.
Em
grandes igrejas é comum ver pastores orgulhosos pelo número de membros que
mantem cadastrados em sua secretaria, mas a verdade e que poucos são assistidos
regularmente.
O
apóstolo Paulo fala de “lobos cruéis” que entrariam no meio do povo de Deus e,
que Esses lobos representam falsos obreiros que só cuidam de si próprio, e não
do rebanho do Senhor. Também diz Paulo que chegará o tempo em que alguns de
vocês contarão mentiras, procurando levar os irmãos para o seu lado.
4.4. O perigo da idolatria ao dinheiro. O apóstolo Paulo enxerga
a ganância como um tipo de idolatria (cf. Ef 5.5; Cl 3.5). Mas o Deus que em Sua
Palavra chama a ganância de idolatria, haverá de julgar os idólatras que são
devotos das riquezas (1ª Co 6.10; Ap 22.15).
O ensino bíblico a
respeito de dinheiro somente faz sentido quando enxergamos o dinheiro no
contexto dos “principados e potestades”. O Novo Testamento usa termos como
“visíveis”, “invisíveis”, “potestades”, “tronos”, “soberanias”, “autoridades”,
para descrever certos aspectos do âmbito do invisível (Cl 1.16).
Devido ao pecado,
essas potestades perderam o relacionamento adequado projetado na criação pelo
Senhor. Elas caíram e estão em estado de revolta contra o Criador. E é por isso
que trazem consigo grande confusão.
Foster afirma que
“o dinheiro é uma dessas potestades”. Quando Jesus usa o termo aramaico mamon para
referir-se às “riquezas”, está conferindo a elas natureza pessoal e espiritual,
personificando Mamom como um deus rival (Mt 6.24). Ao dizer isso, Jesus deixa
claro que o dinheiro não é um meio impessoal de troca. Ele não é algo
moralmente neutro, um recurso a ser usado de maneiras boas ou más, dependendo
unicamente de nossa atitude para com ele. Mamom é um poder que busca dominar o
ser humano. Mamom pede nossa devoção de uma forma que extrai de nosso ser toda
reserva de bondade. É por isso que grande parte dos ensinamentos de Jesus
referentes à riqueza tem natureza evangelística:
“Disse-lhe Jesus:
Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás
um tesouro no céu; e vem, e segue-me.” (Mt 19.21). Se salvação não é pelas obras,
por que Jesus faz essa exigência ao jovem rico? A resposta é: Jesus sabia que a
riqueza daquele jovem era um deus rival, que buscava a dedicação completa do
rapaz. Para Cristo, o dinheiro é um ídolo a quem precisamos dar as costas a fim
de que não nos convertamos a ele.
Porém a visão de
Jesus a respeito do dinheiro é bastante realista, principalmente, ao referir-se
a este como um deus-pagão (Mt 6.24; Lc 16.13), revelando a insensatez daqueles
que se fiam nos seus pertences (Lc.16.1-13), indicando aonde devemos entesourar
(Mt 6.19-21). Paulo também admoesta os cristãos para que não se deixem levar
pelo amor ao dinheiro (1ª Tm 6.10) e Tiago chama a atenção para aqueles que são
controlados pela cobiça (Tg 4.2,3). O cristão pode buscar alcançar uma condição
favorável de vida em gratidão (1ª Tm 4.4; 6.17). Mas, diferentemente da visão
mundana, não vivemos ansiosos por coisa alguma, fazemos a nossa parte, sem
ansiedade (Mt 6.25-34), tendo o contentamento como meta (1ª Tm 1.8), cientes,
também, de que precisamos auxiliar aos necessitados, viúvas e missionários (1ª
Ts 1.11; Ef 4.28; 1ª Co 16.2-3). Afinal, fomos chamados não para acumular
riquezas, mas para o amor em sacrifício (1ª Co 13; 1ª Jo 3.16).
Os fariseus nos dias de Jesus, além de trazer um
ensino expressamente errado ao povo, mas também em seus corações. A
desonestidade com a mensagem do evangelho vai criar a desonestidade na vida. As
forças interiores que produzem a mensagem desviada, a princípio (orgulho da
vida, temor dos homens, amor ao dinheiro, concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1ª Jo 2.16), inevitavelmente se
manifestarão no comportamento, ainda que sutilmente. Esta é a razão pela qual a
advertência de Jesus sobre os falsos profetas leva tão naturalmente a uma
discussão para testá-los pelo seu caráter, bem como pela sua mensagem.
5. Assim como
foi nos dias de Noé. Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, no sermão
escatológico adverte: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda
do Filho do Homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio,
comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou
na arca. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim
será também a vinda do Filho do homem.” (Mt 24.37-39).
A impunidade e a frouxidão dos princípios
reguladores da sociedade humana degradam o homem criado à imagem, à semelhança
de Deus para glorificar a Deus, ou seja, para refletir o caráter de Deus. Mas o
que se vê? A Bíblia responde: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o
homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).
A maldade do
coração do homem caído é insaciável, pois, como declara Gênesis 6.5 e 11: “Viu
o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração. A terra estava corrompida à
vista de Deus e cheia de violência”.
CONCLUSÃO.
A sepultura sempre aguarda mais corpos; o ventre da
mulher estéril sempre está tentando conceber; a terra ressequida sempre
necessita de mais água; e o fogo nunca se cansa de queimar tudo o que toca.
É interessante
notar que antes ele escreve: “Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro
que não dizem: Basta” (Pr 30.16). Essa é uma linguagem que aparece no livro de
Provérbios com o objetivo de apresentar uma lista específica, mas não exaustiva
(cf. Provérbios 6.16; 30.18; etc.).
Em outra parte, o
mesmo livro de Provérbios traz a mesma lógica acerca do perigo da ganância: “O
inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem”
(Pv 27.20).
Há quase três
milênios o sábio Agur escreveu: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá,
Dá”. Mas esse provérbio continua tão atual quanto nos dias em que foi escrito.
Então que possamos a cada dia, pela atuação do Espírito Santo em nossas vidas,
fazer com que nossa devoção a Deus esmague qualquer desejo caído pela devoção
aos bens terrenos. Como diz W. W. Wiersbe, não é pecado ser rico; mas é pecado
desejar mais riquezas do que precisamos, e reter aquilo que deveríamos dar.
FONTE DE PESQUISA
1. CÉZAR PAULO LIMA. Separando o Verdadeiro do
Falso. Revista Obreiro, ano 22, nº 11, Pg. 90. Editora, CPAD, Rio de Janeiro –
RJ.
2. EVANGELISTA Airton da Costa Loucos Por Dinheiro https://jesusamavoce.wordpress.com/2010/06/09/loucos-por-dinheiro-pr-airton-evangelista-da-costa/
- Acesso dia 08/07/2020.
3. PERREIRA SÉRGIO. As filhas da sangue suga. Mensageiro
d Paz. Ano 85, Nº 1563, Agosto de 2015.
Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus
Blumenau - SC