TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 12 de março de 2019

DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS - UM DOM IMPRESCINDÍVEL



Atos 16.16-24 “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. 17. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. 18. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu. 19. E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados. 20. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade.  21. E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. 22. E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas. 23. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança, 24. o qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior e lhes segurou os pés no tronco.”

INTRODUÇÃO. Nesta Lição estudaremos um tema importante para vivermos a fé nestes últimos dias: o discernimento de espíritos. Não se pode querer discernir o que é espiritual com instrumentalidade carnal.

I. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Paulo apresenta os dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo, visando a edificação da Igreja (1ª Co 12.7).

1. Os dons espirituais. Os dons podem ser classificados, para uma melhor compreensão, da seguinte maneira:

1ª Coríntios 12.1,4-7 “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. 4. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. 7. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.

A palavra dom no grego dõron significa uma dádiva, um presente que nos é dado por Deus. Dõrea, presente grátis, charisma.

A palavra charisma no grego é χαρισμα no português carisma que significa:
 - Uma graça, gratuidade (divina).
- (especialmente), um dom (espiritual).
- Qualificação religiosa.
- Aptidão milagrosa.

2. “Ora, os dons são diversos...” 1º Co 12-4. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”.

Os dons espirituais podem ser classificados como:

2.1. Dons de serviço ou da graça (charismata).

São evidências para proveito de todos.
Romanos 12.3-8 “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função. 5. Assim também nós, conquanto muitos, somos um corpo em Cristo e membros uns dos outros. 6. Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia seja segundo a porção da fé. 7. Se ministério dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no faze-lo. 8. Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria”.

3. Dons ministeriais (diakoniai) - 1ª Co 12.5. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

Efésio 4.11 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.”

- Correspondem aos dons de serviços ou ministérios práticos.

4. Dons espirituais (pneumatikos) ou Manifestações (phanerōsis). O termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo por meio dos dons (1ª Co 12.7; 14.1).

5. Classificação dos dons.
Os dons são distribuídos em três categorias:

5.1. Dons de Revelação.
1. Palavra do conhecimento (v.8).
2. Palavra da sabedoria (v.8).
3. Discernimento de espíritos (v.10).

5.2. Dons de Poder.
1. Fé (v.9).
2. Curar (v.9).
3. Operação de milagres (v.10).

5.3. Dons de Inspiração.
1. Profecia (v.10).
2. Variedade de línguas (v.10).
3. Interpretação de línguas (v.10).

6. As fontes das manifestações espirituais.
Este dom é a capacitação divina para julgarmos se a força espiritual por detrás de uma manifestação ou situação é:
- Do Espírito Santo.
- Do Espírito Humano.
- De um Espírito Demoníaco (Ou seja, de Deus, do homem ou do diabo).

7. Como os Dons do Espírito Atuam um Sobre o Outro.
Os dons do Espírito geralmente funcionam juntos.
7.1. Dons que manifestam a sabedoria de Deus (1ª Co 12.8-10).
7.2. Dons que manifestam o poder de Deus (1ª Co 12.9,10).
7.3. Dons que manifestam a mensagem de Deus (1ª Co 12.10).

8. A escassez dos dons espirituais. Nunca os dons espirituais fizeram-se tão necessários quanto hoje. Num século de enganos e falsificações espirituais, carecemos das capacitações sobrenaturais provindas do Espírito Santo, a fim de que saibamos diferençar a verdade da mentira.

- Na Igreja Primitiva, onde o temor de Deus e a reverência eram abundantes. At 2.42-43 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43 E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.”

- Os dons espirituais manifestavam-se com regularidade e frequência. A irreverência, a falta de oração e de leitura da Bíblia Sagrada, além de impedirem as legítimas manifestações espirituais, deturpam-nas, gerando confusão e desordem (cf. 1ª Co 14).

II. O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

1. O verbo “discernir”.
- O Novo Testamento grego apresenta dois verbos traduzidos em nossas versões bíblicas por “discernir”, anakrino e diakrino. O significado do primeiro é amplo, como “perguntar, interrogar, investigar, examinar” (Lc 23.14; At 17.11), e aparece também com o sentido de “discernimento” (1ª Co 2.14,15). O segundo verbo apresenta grande variedade semântica e uma das variações é a de discernir (1ª Co 11.29).

2. O substantivo “discernimento”.
- O termo grego é diákrisis, que só aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente: uma vez com o sentido de “briga” ou “julgamento” (Rm 14.1); outra, como “distinção” em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1ª Co 12.10); e, finalmente, para discernir entre o bem e o mal (Hb 5.14).

2.1. Discernir significa distinguir, estabelecer diferença. O Espírito Santo concede o dom de discernir, a fim de que não sejamos enganados por espíritos e manifestações espirituais que, apesar das aparências, não se originam em Deus, mas em fontes demoníacas e carnais (1ª Co 12.10).

- No seu uso geral, discernimento é, na vida cotidiana, a capacidade de compreender e avaliar as coisas com bom senso e clareza, de separar o certo do errado com sensatez. O termo aparece nessa acepção na Bíblia (2ª Sm 19.35; Jn 4.11). Mas, no contexto teológico, o seu uso é muito mais amplo, como veremos a seguir.

3. Falsos profetas.
- Num universo religioso, como o atual, onde há tantas imitações e fingimentos, faz-se urgente essa capacidade sobrenatural que nos concede o Espírito Santo, para sabermos as proveniências dos espíritos. Recomenda-nos o apóstolo João: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1ª Jo 4.1).

3.1. A advertência do Senhor para o Povo de Israel.
Dt 13.1-3 “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, 2. E suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; 3. Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

3.2. Advertência de Jesus.
Mt 24.24 “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.”

- Jesus disse que o Anticristo aparecerá fazendo sinais, prodígios e maravilhas de tal maneira que, se possível fora, enganaria até os escolhidos.

3.3. A advertência do apóstolo Paulo para a Igreja de Corintos.
2ª Co 11.13-15 “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. 14. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. 15. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.”

- Os agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça.

3.4. A advertência do apóstolo Paulo aos Presbíteros da Igreja.
Atos 20.28-30 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

3.5. A advertência de Paulo a Timóteo.
2ª Tm 3.1-9 “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. 2. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, 3. Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, 4. Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, 5. Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. 6. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; 7. Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. 8. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. 9. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.”

3.6. A advertência do apóstolo Pedro.
2ª Pe 2.1-3 “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. 2. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. 3 E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.”

1ª Pe 5.1-4 “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: 2. Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; 3. Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 4. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória.”
 - Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos (1ª Co 12.10).

- Estes versículos expõem o perigo dos falsos profetas. O povo de Deus deveria ficar alerta porque eles proclamariam ser os verdadeiros enviados do Senhor. Além disso, os israelitas teriam de discernir a intenção da mensagem e verificar o cumprimento das palavras proféticas, para que descobrissem se tratava-se de um verdadeiro profeta (Dt 18.21,22). No Novo Testamento também há avisos quanto a esses enganadores (1ª Jo 4.1; compare com A t 20.28-31).

4. A importância do dom de discernimento.
- A vinda de Cristo está mui próxima (1ª Jo 2.18).

- Cumprem-se os sinais que anunciam a volta iminente do Senhor.

- Haja vista a operação dos falsos doutores e profetas que, usados por Satanás, ostentam uma aparente piedade e operam maravilhas com o objetivo de enganar os escolhidos (Mt 24.24). Por isso, afirma John Stott, “de todos os dons espirituais, um dos que mais devemos desejar é seguramente o de discernimento”. Leia e medite em 2ª Timóteo 3.1-9 e 2ª Pedro 2.1-3.

- O discernimento espiritual capacita a pessoa que tem o dom a identificar os tipos de espíritos que se manifestam em uma determinada situação.

- Como a Palavra da Ciência e da Sabedoria, o dom de discernir os espíritos é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo que permite conhecermos a natureza e o caráter dos espíritos.

O discernimento de espíritos, ajuda o crente a separar:
- O falso do verdadeiro.
- O puro do impuro.
- O santo do pecador.
- O joio do trigo e, especialmente, a intenção dos corações. (1ª João 4.1).

- Ele é de fato um dom do Espírito de Deus, o qual revela a identidade do poder e da força espiritual por detrás de uma situação específica. Será que é o Espírito de Deus, o homem, ou o diabo?

- Vivemos hoje em um mundo de confusões religiosas onde o falso assemelha com o verdadeiro até mesmo dentro da Igreja. Por isso devemos buscar com urgências os dons para a edificação da Igreja.

Muitos erroneamente pensam que “discernir os espíritos” quer dizer julgar as ações e procedimentos dos homens. Trata de discernir espíritos e não homens, no tocante a assuntos relacionados puramente com eles. E, certamente, não é a capacidade de encontrarmos as falhas nas vidas dos outros. Isto é apenas uma forma de julgamento farisaico.

- Através dele podemos julgar ou “discernir” as forças espirituais que produzem certas ações, ensinos ou comportamentos. É um dom de revelação divina com relação à natureza e atividades do mundo espiritual.

III. A ADIVINHADORA DE FILIPOS
- Quem realmente já experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores. Deus permite, às vezes, o sobrenatural vindo de fontes estranhas para provar a fé do crente e sua experiência espiritual.

1. Uma avaliação sensata.
- A jovem adivinha estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia.

- Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44).
- O principal opositor da obra de Deus (At 13.10).
- Por que, então, o espírito adivinho elogiaria os dois mensageiros de Deus, Paulo e Silas, ao confirmá-los como anunciadores do caminho da salvação? É óbvio que havia algo de errado nisso.

2. O espírito de adivinhação.
- A jovem pitonisa “tinha espírito de adivinhação” (v. 16). O termo grego usado aqui é python, “Píton, espírito de adivinhação", de onde vem o termo “pitonisa”, associado à feitiçaria.

- Píton era a serpente que guardava o oráculo em Delfos, na antiga Grécia, a qual, segundo a mitologia, Apolo matou. Com o tempo, python passou a ser usado para designar adivinhação ou ventríloquo, que em grego é engastrimythos, de gaster, “ventre”, e mythos, “palavra, discurso”, cuja ideia é dar oráculos ou predições desde o ventre, pois se imaginava alguém ter tal espírito em seu ventre. O vocábulo engastrimythos não aparece no Novo Testamento, mas está presente na Septuaginta (Lv 19.31; 20.6) e é aplicado à feiticeira de En-Dor (1ª Sm 28.7,8).

3. Adivinhações ontem e hoje.
- Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os cananeus (Dt 18.14) e os egípcios (Is 19.3), as quais Israel deveria rejeitar. Isso vale também para os cristãos, pois essas práticas estão presentes ainda hoje na sociedade. Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At 8.9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap 21.8; 22.15). Como parte da magia, a adivinhação é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc.


IV - DESMASCARANDO OS ARDIS DE SATANÁS

- O Senhor Jesus colocou à disposição de cada crente as condições necessárias para discernir entre o falso e o verdadeiro, habilitando-o a fazer a obra de Deus. Ele disse:
“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16) e para isso nos equipou com armas espirituais de defesa e de ataque ao reino das trevas.

2ª Co 10.4-5 “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; 5. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.”

Efésios 6.10-18 “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 11. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. 12. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. 13. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. 14. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; 15. E calçados os pés na preparação do evangelho da paz; 16. Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. 17. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; 18. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.”

- O discernimento espiritual é importante arma do arsenal do Espírito Santo.

1. Uma estratégia demoníaca para confundir o povo.
- É muito estranho que o espírito maligno que atuava na vida da jovem viesse gritando publicamente por muitos dias e elogiando Paulo e Silas com as palavras:

“Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo" (v.17).

- Essa não foi a única vez em que Satanás procedeu dessa maneira (Mc 5.7). Adam Clarke comenta que o “testemunho sobre os apóstolos, em essência, era verdadeiro, com o fim de destruir sua reputação e arruinar a sua utilidade”.

- O propósito diabólico aqui era transmitir ao povo a falsa ideia de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora.

2. A libertação da jovem adivinhadora.
- A moça era uma escrava que dava muito lucro aos seus senhores com essa prática ocultista (v. 16).

- Ao ser liberta pelo poder do nome de Jesus, os seus proprietários viram nisso um prejuízo econômico e foram denunciar os missionários às autoridades locais.

- A população não viu a maravilha da grande libertação da moça, e Paulo e Silas não foram denunciados por causa da expulsão do espírito maligno da jovem. Eles foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Foram açoitados e colocados na prisão (vv. 19-22).
- Jesus tornou-se também persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc 5.16-18). Infelizmente, o lucro fala mais alto ainda hoje.

3. A necessidade do dom de discernir.
- O discernimento do Espírito nos permite conhecer tudo aquilo que é impossível saber por meio de recursos humanos.

- O caso de Paulo e da adivinha de Filipos é emblemático, um exemplo clássico do uso desse dom na vida real.

- Reconhecer a origem maligna de uma manifestação contra a Igreja não é tão difícil, mas, no contexto de Paulo, diante dos elogios da adivinhadora, isso era praticamente impossível sem a atuação do Espírito Santo.

CONCLUSÃO. Estudamos nessa lição que o discernimento de espíritos é importante para a igreja lidar com o mundo dos espíritos e assim poder identificar as falsas profecias, as falsas manifestações.

- Também ficou claro que o crente é capacitado par identificar e para expulsar os demônios e finalmente que, mesmo uma pessoa que não tenha o dom pode discernir se determinadas profecias ou manifestações são verdadeiras usando do ensinamento da palavra e testando o espírito.


Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 7 de março de 2019

JESUS A VERDADEIRA RELIGIÃO



São poucos que dão crédito ao evangelho e a resposta é sempre a mesma “eu já tenho a minha religião”.
Muitos que frequentam uma religião não conhecem Jesus é por isso que Pedro atacou os judeus dizendo: “Seja conhecido de vós todos, de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dos mortos, em nome desse é que está diante de vós. Ele é pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvo” (At 4:10-12).
Vivemos hoje em um mundo conturbado e cheio de seitas e heresias, um mundo de confusões religiosas; Por isso devemos fazer a seguinte pergunta: Qual a verdadeira religião?
A Bíblia sagrada só nos fala de uma religião que pode salvar o homem da condenação eterna. A Bíblia diz que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus isto é desligado por causa do pecado.
Religião do latim religionis, termo este de religare, ligar outra vez. O homem que estava desligado do Criador foi ligado pelo Seu infinito amor. Ele enviou Seu Filho Jesus ao mundo, para morrer e dar seu sangue para resgate de nossas almas. Todavia com Sua morte na cruz do Calvário Ele nos ligou com Deus outra vez. Portanto Jesus é a única e verdadeira religião, ou seja, o verdadeiro caminho que nos leva ao Pai!

I. A ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA É JESUS.
At 4.12 “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.  

II. O ÚNICO CAMINHO É JESUS
Jo 14.6 Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por Mim”.
Há um adágio popular que diz: Todos os caminhos nos levam á Deus, mas não é verdade, pois só existe um caminho e este caminho é Jesus Cristo.

III. O ÚNICO MEDIADOR É JESUS
1ª Tm 2.5 Paulo diz: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus”.

IV. JESUS É VERDADEIRO ADVOGADO
1ª Jo 2.6 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis: e se alguém pecar temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo”.
Advogado: É uma pessoa formada para defender uma pessoa em juízo. E Jesus é o nosso advogado que está à direita de Deus Pai para nos defender e livrar-nos de uma condenação. Só Ele é a pessoa qualificada para defender a nossa causa, isto é, mediador e advogado perante o Supremo Juiz. 
V. JESUS É A VERDADEIRA PORTA
Jo 10.9 Jesus disse: “Eu sou a porta: se alguém entrar por Mim, salvar-se-á”.

VI. JESUS É A VERDADEIRA LUZ
Jo 8.12 Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”.

VI. JESUS É O PÃO DA VIDA
Jo 6.35 Jesus diz: “Eu sou o pão da tua vida. Aquele que vive em Mim não terá fome”.

VIII. JESUS É A RESSURREIÇÃO E A VIDA
Jo 11.25 Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto viverá”.

IX. JESUS É O VERDADEIRO MESSIAS
1ª Co 3.11 “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”.
2ª Co 11.4 “Porque se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis”.

X. JESUS É O ÚNICO SALVADOR
Mt 18.1 Jesus diz: “Porque o Filho do homem veio salvar o que estava perdido”.

CONCLUSÃO. O evangelho de Jesus Cristo difere de todas as religiões pelo seu alto grau de comprometimento com os padrões éticos, morais e espirituais determinados por Deus aos homens.
Nem uma religião tem um Salvador ressuscitado, que dá perdão dos pecados e vida eterna, somente Jesus Cristo. Por isso, meu amigo, dirija-se só a Jesus Cristo. Ele é o único que pode perdoar os seus pecados e lhe dar vida nova aqui e vida eterna no porvir.
At 16.1 diz: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo”. 1ª Jo 1.7 diz: “Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

quarta-feira, 6 de março de 2019

PODER DO ALTO CONTRA AS HOSTES DA MALDADE



TEXTO ÁUREO
“Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49)

VERDADE PRÁTICA
As obras das trevas são demolidas pelo poder de Deus no trabalho de pregação do Evangelho de Cristo.


LEITURA BÍBLICA

Atos 8.5-13,18-21 “E, descendo Filipe à cidade de Somaria, lhes pregava a Cristo.
6- E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, 7- pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. 8- E havia grande alegria naquela cidade. 9- E estava ali um certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; 10- ao qual todos atendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: Esta é a grande virtude de Deus. 11- E atendiam-no a ele, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas. 12- Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres. 13- E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. 18- E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, 19- dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. 20- Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. 21- Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.

INTRODUÇÃO. A Bíblia não somente fala da realidade da batalha espiritual, bem como nos ensina sobre o que devemos fazer para prevalecermos na luta contra Satanás e os demônios – “fortalecer-se no Senhor e na força do Seu poder” (Ef 6.10). Nesta lição, falaremos sobre a necessidade do poder espiritual para a nossa caminhada cristã; destacaremos a importância de termos o Espírito em nós e sobre nós; veremos porque o poder de Deus é necessário; e, por fim, pontuaremos que uma vida cheia do Espírito Santo é uma condição vital para nos mantermos de pé espiritualmente.

I. A IMPORTÂNCIA DO PODER DE DEUS NA VIDA CRISTÃ

Após trazer diversas recomendações práticas aos cristãos de Éfeso, Paulo decidiu abrir os seus olhos quanto a realidade do mundo espiritual e da necessidade de estarmos capacitados para vencermos a batalha contra o mal. Para tal, o apóstolo conclama os irmãos a buscarem o poder do Senhor. Paulo diz: “fortalecei-vos” (Ef 6.10), expressão que no grego é “endunamoo”, que significa: “fortalecer”, “tornar-se forte” (CHAMPLIN, 2004, p. 641). Já a palavra “poder” no grego “dúnamis” significa: “força”, “energia”, “habilidade”, “poder”, mas que normalmente se refere a algum agente de poder ou força capaz de realizar um determinado trabalho. Nosso vocábulo “dinamite” se deriva desse termo grego; e isso ilustra a natureza da palavra (CHAMPLIN, 2004, p. 311). Vejamos o que a Bíblia nos sobre o poder de Deus:

1. A necessidade do poder. Como a nossa luta não é contra carne e sangue, mas, sim, “contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12); seres que são maiores que os homens (Sl 8.5; Hb 2.7); e, que são poderosos (At 26.18; 2ª Ts 2.9; 2ª Pd 2.11), necessitamos de um poder que não produzimos e que seja maior que o poder dos demônios. Portanto, fortalecer-se é tão necessário que Paulo afirma que é a condição para nos mantermos firmes “contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11).

2 A busca pelo poder. O crente por si mesmo e com suas próprias forças jamais poderá suportar uma guerra espiritual, inimigos espirituais são enfrentados com armas espirituais. O poder que necessitamos para vencer está em Deus. Por isso, Paulo diz: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). A Bíblia diz que Ele é aquele que tem todo o poder nos céus e na terra, pois é Todo Poderoso (Mt 28.28; Ap 1.8). Somente na epístola aos Efésios Paulo fala da “grandeza do seu poder” (Ef 1.19); da “superioridade do seu poder” (Ef 1.21); da “operação do seu poder” (Ef 3.7); que ele é “poderoso para fazer” (Ef 3.20); e, de que é a “fonte do poder” (Ef 6.10). É bom notar que o verbo “fortalecer” está no imperativo, denotando uma ordem, ou seja, cabe ao crente individualmente buscar fortalecer-se no Senhor (1ª Co 16.13; Tg 5.8). Paulo também exortou a Timóteo dizendo: “Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2ª Tm 2.1).

3 A concessão de poder. Jesus não deixou a igreja sem o poder necessário para vencer as batalhas espirituais. Ele nos concedeu o Espírito Santo por meio do qual temos condições de vencer: “Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16). Paulo falou do poder de Deus que está “sobre nós, os que cremos” (Ef 1.19); e, do “poder que em nós opera” (Ef 3.20); e, nas mais diversas situações que enfrentou, prevaleceu, porque Cristo o fortalecia (Fp 4.13; 2ª Tm 4.17). Jesus concedeu poder para expulsarmos os demônios (Mc 16.17; Lc 10.19); e, também fez a confirmou a promessa de revestimento de poder para os seus discípulos a fim de equipá-los espiritualmente (Lc 24.49; At 1.8).

II. A OPERAÇÃO DO PODER DE DEUS NO CRENTE

1. O poder em nós. Todo crente salvo tem o Espírito Santo (Rm 5.5; 8.9; 1Co 6.19; 1ª Ts 4.8; 2ª Tm 1.14). O recebemos no momento da conversão, ocasião que fomos selados, como prova de que somos propriedade particular de Deus (Ef 1.13,14; 4.30). A presença do Espírito Santo em nós confere-nos poder (Ef 3.16,20).

2 O poder sobre nós. No AT o Espírito Santo apareceu capacitando algumas pessoas para o serviço e até mesmo para as batalhas físicas contra os inimigos de Israel (Jz 6.34; 14.19). No NT, vemos uma atuação mais ampla e diferenciada. Além de habitar em todos os crentes, Jesus prometeu que o Espírito Santo viria para “revestir os crentes” (Lc 24.49; At 1.8). A palavra “revestir” dá a ideia de vestir sobre outra vestimenta. Este poder é tão necessário que Jesus orientou os discípulos que não se ausentassem de Jerusalém até serem revestidos (Lc 24.49; At 1.4). O batismo com o Espírito Santo é extremamente necessário para o crente em Jesus também nos dias atuais: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.38).

III. PARA QUE PRECISAMOS DE PODER

1. Para que o evangelismo prevaleça. O diabo se opõe frontalmente a sublime tarefa da evangelização dos povos que Jesus confiou a igreja (Mc 4.15; At 13.8-10; 1ª Ts 2.18). Ele cegou o entendimento dos incrédulos “[…] para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2ª Co 4.4). Logo, para levarmos adiante a evangelização dos povos devemos estar revestidos de poder a fim de prevalecermos contra as trevas (Lc 24.49; At 1.8). Em Éfeso, havia doze discípulos que não eram batizados com o Espírito Santo, quando Paulo tomou ciência disto, orou por eles e logo foram revestidos de poder (At 19.1-7). Após este acontecimento, Paulo na unção do Espírito Santo (At 19.11,12), começou a pregar nesta cidade e o impacto do evangelismo foi tão grande que agitou a cidade, provocando muitas conversões até mesmo de feiticeiros (At 19.18); e, “assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19). Por onde andava, Paulo sabia que o diabo erguia suas fortalezas na vida das pessoas a fim de que não fossem salvas, no entanto, ele sabia que Deus nos disponibilizou armas espirituais para destruição destas fortalezas (2ª Co 10.4).

2. Para que possamos prevalecer contra os demônios. O cristão jamais poderá prevalecer contra o poder de Satanás e dos demônios sem o poder de Deus. Sabedor disto, Jesus delegou aos apóstolos poder para expulsar os demônios: “E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem” (Mt 10.1). Veja também (Mc 10.1; Lc 9.1). Na ocasião em que o Mestre ordenou que outros setenta discípulos fossem expulsar os demônios, também lhes conferiu poder (Lc 10.19). Sobre a necessidade do poder para vencer os ataques demoníacos, Paulo exortou aos cristãos de Éfeso dizendo: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10,11). Sobre esta afirmação paulina, Beacon (2008, p. 194) diz que: “no conflito com os poderes demoníacos, os cristãos têm de utilizar, de forma imediata e contínua, o poder de Cristo para terem vitória”.

3. Para que possamos vencer a si mesmos. Além de ataques externos, cada crente também enfrenta ataques internos, na sua “natureza pecaminosa”, também chamada de “carne”, no grego “sarx”. Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18). É importante dizer que fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Cl 3.5). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Logo, o poder da carne só poderá ser detido pelo poder do Espírito (Rm 8.1-6; Gl 5.16,17). “O homem natural não tem poder para combater o pecado, porque o pecado reside no seu interior. Somente pela sua transformação através da obra regeneradora do Espírito Santo é que ele se torna ‘homem espiritual’. O espírito interior do homem se torna acessível ao Espírito Santo e recebe d’Ele o fortalecimento espiritual necessário (Rm 7.14,15; 1ª Co 2.14,15; Gl 5.17,26)” (CABRAL, 1999, p. 38).

IV. VIVENDO CHEIO DO PODER DE DEUS PARA VENCER AS HOSTES DA MALDADE

Enquanto estivermos no mundo não teremos trégua na luta contra Satanás e os demônios. Como a batalha é contínua nossa capacitação para vencer também deve ser contínua. Precisamos diariamente do poder do Espírito Santo para prevalecermos as hostes da maldade. Em Efésios 5.18 o apóstolo Paulo diz que devemos nos encher do Espírito Santo. Tal palavra nos mostra pelo menos quatro verdades práticas. Vejamos:

1. Ser cheio do Espírito Santo é uma ordem. Encher-se do Espírito é um mandamento: “[…] enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). É a vontade de Deus que vivamos sob o poder do Espírito Santo. Portanto, não buscar a plenitude do Espírito é desobedecer a ordem divina.

2. Ser cheio do Espírito é uma necessidade de todos. A plenitude do Espírito é abrangente a todo crente. A plenitude do Espírito não é um privilégio para alguns, mas, uma possibilidade para todo aquele que foi regenerado. Este mandato foi dado a toda Igreja e não a indivíduos em particular: “E todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4-a).

3. Ser cheio do Espírito é uma parceria. O ser cheio do Espírito Santo não depende exclusivamente de nós, pois não é obra humana, é uma operação divina no homem (At 19.1-6; Ef 3.19). No entanto, a vida de obediência e sujeição do crente é a condição para o recebimento da plenitude do Espírito (At 5.32).

4.4. Ser cheio do Espírito é um ato contínuo. Não descreve uma ação única, e sim contínua, porque a plenitude do Espírito é vivida constantemente, não é uma experiência para uma única vez, mas, precisa ser sempre renovada (At 2.4; 4.31; 13.52). Não devemos viver uma vida espiritual conformada e rotineira, e sim, anelar sempre por novas experiências concedidas pelo Espírito Santo (Rm 12.2; 1ª Ts 1.5).

CONCLUSÃO. Para prevalecermos no combate espiritual contra as trevas, precisamos buscar a Deus diariamente a fim de nos fortalecermos e assim prevalecermos contra as astutas ciladas do diabo.

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
2. CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
3. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
4. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Ef 6.13)

VERDADE PRÁTICA
A metáfora do sistema militar, usada por Paulo, mostra que estamos em guerra no mundo espiritual. Estejamos, pois, cingidos com a armadura espiritual!

LEITURA BÍBLICA
Efésios 6.13-20 “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. 14- Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, 15- e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; 16- tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. 17- Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espirito, que é a palavra de Deus, 18- orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espirito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos 19- e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, 20- pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

INTRODUÇÃO. A presente lição é a continuação da anterior. Lá vimos que existe uma batalha espiritual e invisível entre os crentes em Jesus e o reino das trevas. Aqui, vamos estudar como o apóstolo Paulo usou os instrumentos bélicos do sistema da época como metáfora. Essa ilustração é um recurso didático importante porque facilita a compreensão dos cristãos para o bom combate.

I. GUERRA
Segundo o Dicionário Teológico Beacon, guerra é “o recurso das nações para tratar de resolver diferenças pela força das armas. As guerras sempre são produtos da pecaminosidade humana, seja por instigação imediata ou causa indireta”. Mas a legitimidade da guerra pode depender de sua motivação.

1. Ao longo dos séculos.
Desde a batalha dos israelitas contra Ai, por volta de 1400 a.C. (Js 8.21-26), até Massada, em 73 d.C., a Bíblia registra cerca de 20 batalhas principais. Pessoas de todas as civilizações antigas - egípcia, assíria, babilônica, grega e romana - estavam acostumadas com a presença dos soldados no meio do povo. E a palavra profética anuncia guerras até o fim dos tempos (Dn 9.26).

2. Os antigos.
Os antigos encaravam a guerra como algo sagrado; esse era o contexto da época. Era usual oferecer sacrifícios antes da partida das tropas militares para a batalha a fim de invocar, das divindades, proteção e vitória (Jr 51.27). Essa prática era também generalizada em Israel (1º Sm 13.10-12; Sf 1.7). Deus permitia e, às vezes, até ordenava a guerra no período do Antigo Testamento (1º Sm 23.2-4).

3. Sentido metafórico.
O tema sobre a guerra não aparece no Novo Testamento. A guerra é, em si mesma, incompatível com o espírito cristão. Jesus nos ensinou:

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). A guerra aparece nas Escrituras no sentido figurado para ilustrar a luta contra a morte (Ec 8.8), da mesma forma que ilustra a maldade dos ímpios (Sl 55.21). Na presente lição, o enfoque é metafórico, representando a nossa luta espiritual contra os inimigos da nossa salvação (2ª Co 10.3; 1ª Tm 1.18).

II. A METÁFORA BÍBLICA
“Guerra”, “batalha”, “luta”, “combate”, “peleja” são termos do dia a dia para indicarmos, muitas vezes, um debate ou discussão e, também, para nos referirmos às dificuldades da vida. Mas a metáfora aqui se aplica na defesa e no combate espiritual, na pregação e no ensino da Palavra.

1. A armadura do soldado romano.
A sociedade contemporânea do apóstolo Paulo conhecia com abundância de detalhes toda a armadura do soldado romano. Efésios é uma das quatro epístolas da primeira prisão de Paulo, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemom (v.20; Ef 3.1; 4.1; Fp 1.13; Cl 4.3; Rm 9,10,13,23). Assim, o apóstolo escreveu aos efésios de sua prisão domiciliar em Roma, vigiada pela guarda pretoriana (At 28.16,30,31). Paulo convivia com esses soldados diariamente e conhecia com detalhes a armadura daqueles que o vigiavam.

2. A armadura de Deus (v.13).
Mesmo depois de tomar toda a armadura de Deus, o apóstolo nos exorta a ficarmos firmes. Depois da vitória, o soldado romano permanecia em pé e vitorioso. Paulo acrescenta: “tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (v, 14.a). Isso significa usar a verdade como cinturão (Is 11.5). Essas metáforas são apropriadas, pois usam as coisas da vida diária, conhecidas de todos, para esclarecer verdades espirituais.

3. A couraça da justiça (v.14).
É uma armadura defensiva em forma de um manto de ferro feito de couro, tiras de metal ou escamas de bronze (1º Sm 17.5). Sua função é proteger o pescoço, o peito, os ombros, o abdome e as costas. Dependendo da época e da civilização, a couraça chegava até a coxa. O apóstolo Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar a defesa espiritual como “couraça da justiça” (v.14), um abrigo contra as feridas morais e espirituais e uma proteção da justiça de Cristo imputada ao pecador; é a "couraça da fé” (1ª Ts 5.8).

III. OUTRAS ARMAS USADAS COMO ILUSTRAÇÃO

O apóstolo Paulo não foi exaustivo ao elencar os instrumentos bélicos de sua geração. Aqui vamos apresentar os demais elementos apresentados na sua lista.

1. Os calçados (v.15).
O termo hebraico naal, “sandália, sapato”, e o seu correspondente grego na Septuaginta e no Novo Testamento, hypodema, “sandália”, vem do verbo hypodeo, “atar debaixo”, e diz respeito ao calçado formado por uma sola de couro que se amarra ao pé com correias ou cintas. Era uma peça do vestuário usada pela população civil (Jo 1.27; At 7.33). No caso do soldado, porém, era necessário para segurança e prontidão na marcha (Is 5.27). Isso, na linguagem figurada, remete a agilidade e prontidão na obra da evangelização e na pregação do evangelho da paz.

2. O escudo da fé (v.16).
O escudo era o principal instrumento bélico de defesa na guerra. Trata-se de uma peça fabricada a partir de vários materiais e em formatos diversificados. Os israelitas tinham dois tipos: o primeiro, sinna, “proteção” em hebraico, uma peça que cobria o corpo inteiro de forma oval ou retangular, usada pela infantaria pesada (2º Cr 25.5); e, o segundo, magen, usado pelos arqueiros (2º Cr 17.17). O escudo é símbolo de proteção nas Escrituras. É usado de maneira figurada desde o Antigo Testamento para mostrar Deus como o protetor dos seus (Gn 15.1; Dt 33.9; 2º Sm 22.3); é comparado à salvação e à verdade de Deus (2º Sm 22.36; Sl 18.35; 91.4). O apóstolo Paulo usa a figura do escudo como proteção para “apagar todos os dardos inflamados do maligno” (v.16), tais como calúnia, malícia, concupiscência, ira, inveja e toda a sorte de desobediência. Esse escudo nos protege das setas malignas (Sl 91.5).

3. O capacete da salvação e a espada do Espírito (v.17).
O capacete era uma cobertura para a cabeça feita de metal e internamente acolchoada para o conforto do usuário e a proteção eficiente da cabeça. No Antigo Testamento, a salvação é o capacete que Deus usa na batalha (Is 59.17). Parece que Paulo segue nessa linha em outro lugar: “tendo por capacete a esperança da salvação” (1ª Ts 5.8). A espada literal é uma arma de ataque, mas no sentido figurado é um símbolo de guerra, julgamento divino e autoridade ou poder (Lv 26.25; Jr 12.12; Rm 13.4). A expressão paulina "espada do Espírito" refere-se à Bíblia, pois as Escrituras Sagradas vieram do Espírito Santo (2ª Pe 1.21). Por isso, Paulo completa dizendo, "que é a Palavra de Deus". Isso significa que a Bíblia é a Palavra de Deus, como ela própria se declara (Mc 7-13; Hb 4.12).

4. A outra lista (vv. 18,19).
Oração e súplica vêm permeadas entre esses elementos da armadura de Deus e permanecem juntas a essas armas espirituais, que sem a oração seriam inúteis. A oração deve ser em todo o tempo e com súplica no Espírito e vigilância (Mt 26.41; Fp 4.6; 1ª Ts 5.17). As virtudes gêmeas, vigilância e perseverança, aparecem na instrução para orarmos uns pelos outros. Quando um homem da estatura espiritual do apóstolo Paulo pede a oração da Igreja em seu favor e pelo seu ministério (v.20), isso mostra que não existe super-homem na igreja. Todos nós somos dependentes do Senhor Jesus e contamos com a oração uns dos outros.

SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
Deus quer trazer fé aos nossos olhos e aos nossos ouvidos, uma realização viva do que seja a Palavra de Deus, do que o Senhor Deus quer dizer e do que podemos esperar se crermos. Estou certo de que o Senhor deseja colocar diante de nós um fato vivo que, pela fé, deve pôr em ação um princípio que está dentro de nossos corações, a fim de que Cristo destrone todo o poder de Satanás.

É isso que eu penso. O Reino dos Céus está dentro de nós, dentro de cada crente. O Reino dos Céus é Cristo, é a Palavra de Deus.

O Reino dos Céus deve superar todas as demais coisas, até sua própria vida. Tem que ser manifestado de maneira tal que compreendas que mesmo a morte de Cristo traz à lume a vida de Cristo.
O Reino dos Céus é a vida de Jesus, é o poder do Altíssimo. O Reino dos Céus é puro, é santo. Não tem doenças, nem imperfeição" (WIGGLESWORTH, Smith. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.72-73).

CONCLUSÃO. Os crentes precisam dessa armadura de Deus ainda hoje. Isso porque bem sabemos que os inimigos da Igreja não são agentes humanos. Estão por trás deles os demônios, liderados pelo seu maioral, o Diabo. Os recursos espirituais apresentados aqui são importantes e poderosos para expelir todas as forças do mal.

Lições Bíblicas do 1° trimestre de 2019 – CPAD

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E SANGUE


“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas (2ª Co.10.4).

Efésios 6.10-12 “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 11-Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; 12-porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

INTRODUÇÃO. A Igreja de Jesus Cristo, desde o seu nascedouro no Pentecostes, tem lutado “contra os principados e potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo, contra as hostes espirituais do mal, nos lugares celestiais”. Como diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “a vida cristã não é um parque de diversões nem uma colônia de férias. Não vivemos numa redoma de vidro nem numa estufa espiritual. Ao contrário, vivemos num campo minado pelo inimigo, uma arena de lutas renhidas, de combates sem trégua e sem acordo de paz. Nesta guerra, existem só duas categorias: aqueles que estão alistados no exército de Deus e aqueles que pertencem ao exército de Satanás”. Esta guerra perdurará até a derrota final do inimigo, quando o Senhor Jesus, o nosso glorioso general, esmagará Satanás debaixo de nossos pés (Rm.16.20). Uma coisa é certa, o nosso General, Jesus Cristo, está à frente desta batalha, e com suas mãos estendidas possibilita que os seus corajosos soldados prevaleçam sobre o inimigo. Antes da fundação da Igreja, Ele afirmou que as “portas do inferno” não prevaleceriam contra a Sua Igreja (Mt 16.18). A vitória é nossa pelo sangue de Jesus!

I. TENDÊNCIAS PERIGOSAS
Nestes últimos tempos, tem havido duas tendências perigosas, dois extremos, no âmbito da Igreja com relação à batalha espiritual, que devem ser, de pronto, afastadas por ser nocivas à vida da Igreja: subestimação do Inimigo e supervalorização do Inimigo.

1. Não devemos subestimar o inimigo. A subestimação absoluta do mundo espiritual, lamentavelmente, tem invadido os corações e mentes de muitos que cristãos dizem ser. Há muitas pessoas incautas que negam a existência do diabo, desconhecem seu poder, suas armas, seus agentes e suas estratégias. Acham que o diabo é apenas uma lenda, um mito ou uma energia negativa. Se o diabo existe, afirmam, nada pode ser atribuído a ele ou a seus anjos, e que tudo pode ser explicado cientificamente ou segundo critérios naturalísticos; ou, se ele existe, é impotente e não pode interferir no dia-a-dia dos seres humanos ou da natureza. Isto é uma falácia. Subscrever essa posição é cair nas teias desse ardiloso e vetusto inimigo. O diabo é mais perigoso em sua astúcia do que em sua ferocidade. Faz parte do seu jogo esconder sua identidade. Portanto, não subestime o arqui-inimigo de Deus e da Igreja de Jesus Cristo; ele é astuto e perigoso. “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pd.5.8).

2. Não devemos superestimar o inimigo. Há aqueles que falam mais do diabo do que de Deus. Falam tanto do poder, das armas e das estratégias dele que subestimam o poder de Deus. Fazem do diabo o protagonista de quase todas as ações. Uma dor de cabeça que a pessoa sente, facilmente resolvida por uma aspirina, atribui-se ao poder de Satanás. O pneu do carro que fura no trânsito diz que é artimanha do maligno. Aqueles que embarcam nessa vertente hermenêutica transferem para o diabo toda a responsabilidade pessoal. O homem já não é mais culpado nem precisa de arrependimento, é apenas uma vítima. Esse tipo de interpretação está em desacordo com as Escrituras Sagradas. Não podemos confundir a ação do diabo com as obras da carne. Certa feita, uma jovem senhora pediu oração em favor de seu pai porque, segundo ela, estava dominado pelo espírito do adultério. O pastor, sabiamente, disse a ela que o adultério é obra da carne e não um espírito demoníaco. Seu pai precisava de arrependimento; ele não era uma vítima, mas o responsável por seu ato.

Esta segunda linha de pensamento foi a que forjou a expressão “batalha espiritual”, fazendo surgir a chamada “teologia da batalha espiritual”, cujo principal formulador foi o teólogo norte-americano Charles Peter Wagner (1930-2016), ensinos que trouxeram preocupantes distorções no entendimento da questão.

3. O ponto de equilíbrio. Ante estas duas tendências, acima citadas, que têm se ampliado no espectro das denominações cristãs na atualidade, qual o ponto de equilíbrio quando o assunto é batalha espiritual? Devemos tomar cuidado para não levar o povo ao ceticismo e ao mesmo tempo conscientizá-lo da realidade da batalha espiritual conforme a Bíblia. A Igreja deve estar vigilante e atenta a todas as artimanhas do adversário de nossa alma, que anda ao derredor buscando a quem possa tragar (1ª Pd 5.8). Quando não vigiamos, quando não estamos alerta, o inimigo facilmente se introduz na nossa vida e, o que é mais grave, acaba tendo acesso ao nosso coração, como ocorreu com Judas Iscariotes (Jo 13.2). Conscientizemo-nos de que estamos numa guerra espiritual. Satanás mantém todos os sistemas em servidão a ele mesmo, e não desiste com facilidade desse seu domínio. Na realidade, ele resistirá a nós diante de cada passo que dermos ao longo de nossa jornada rumo às célicas moradas

II. O INIMIGO CONTRA QUEM LUTAMOS
Precisamos conhecer o inimigo contra quem ou contra que lutamos. Não podemos lutar contra algo desconhecido. É um grande perigo alguém detonar suas armas sem ter o alvo certo. Muitas vezes, o povo de Deus sofre terrivelmente por não entender contra quem está lutando. Seria uma tragédia um soldado sair para a batalha de armas em punho e muita disposição para a luta, mas sem saber contra quem deve lutar.

1. Nossa luta não é contra carne e sangue. Paulo deixa claro contra quem não é a nossa luta. Nossa luta não é contra carne e sangue, ou seja, não é contra pessoas. Nossa luta não é física, mas espiritual. Essa guerra não é contra filósofos ateus, sacerdotes mentirosos, praticantes de cultos que negam a Cristo ou governantes desleais. A batalha é contra forças demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus que tem imenso poder. Embora não possamos vê-los, estamos cercados constantemente por seres espirituais malignos. Mesmo sendo verdade que não podem habitar num crente verdadeiro, eles podem oprimi-lo e molestá-lo. Contudo, o crente não deve se preocupar continuamente com o demonismo, tampouco deve viver com medo de demônios. Na armadura de Deus ele tem tudo o que é necessário para suportar os seus ataques.

2. Descrição do inimigo. O apóstolo Paulo descreve nosso arqui-inimigo de forma clara:
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6.11-13).

O apóstolo Paulo chama os anjos caídos de “principados, potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Não temos conhecimento suficiente para distinguir entre esses termos. Talvez se refiram a líderes de espíritos, com graus diferentes de autoridade, que equivaleriam no âmbito humano aos nossos presidentes, governadores, prefeitos, deputados, vereadores, etc.

Efésios 6.11,12 diz que o diabo, mesmo não sendo onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de Deus.

Chamamos a atenção para algumas verdades:

2.1.    O reino das trevas possui uma organização. O diabo não é tão tolo a ponto de não ser organizado. É o que podemos chamar de “a ordem da desordem”.

2.2. Existe uma estratificação de poder no reino das trevas. Paulo fala de principados, potestades, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. Existe uma cadeia de comando. Existem cabeças e subalternos. Líderes e liderados. Quem manda e quem obedece.

2.3. O reino das trevas articula-se contra a Igreja. O diabo e seus demônios rodeiam a terra e passeiam por ela (Jó 1.7). Eles investigam nossa vida, buscando uma oportunidade para nos atacar (1ª Pd.5.8). Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse inimigo tem um variado arsenal. Ele usa "ciladas", “dardos inflamados” (Ef 6.16). Para cada pessoa ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos.

É na área do relacionamento que Satanás tem mais direcionado os seus dardos inflamados. Há muitos cristãos que estão entrando na batalha e ferindo os próprios irmãos, o chamado fogo amigo; estão atingindo com seus torpedos os próprios aliados, em vez de bombardear o arraial do inimigo. Isto tem ocorrido ao logo da história da Igreja. Veja, por exemplo, a igreja de Cristo em Corinto; havia nela notórios conflitos. Essa igreja era um amontoado de gente, mas não uma família unida. Eles não agiam como um corpo, em que cada membro se inter-relaciona e coopera com o outro. Ao contrário, estavam devorando uns aos outros pelas contendas e intrigas. Paulo, então, ciente disso, não podia, como pastor, deixar de tratar esses pecados que haviam comprometido a qualidade espiritual daquele rebanho. Paulo, então, toma atitudes disciplinares severas, a fim de corrigir o relacionamento entre os irmãos daquela igreja. Disse o apóstolo: “Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos”.

3. Características do inimigo. Vejamos algumas características desse terrível inimigo:
3.1. É um inimigo invisível (Ef 6.11,12). O diabo e seus agentes são seres reais, porém, invisíveis. Esse inimigo espreita-nos 24 horas por dia. Ele é como um leão que ruge ao nosso derredor. Ele escuta cada palavra que você fala, vê cada atitude que você toma e acompanha cada ato que você pratica escondido. Ele é um inimigo espiritual. Você não pode guerrear contra ele com armas carnais. Ele não pode ser destruído com bombas atômicas. Ele age de forma inesperada.

3.2.  É um inimigo maligno (Ef 6.11,12). A Bíblia o chama de diabo, Satanás, assassino, ladrão, mentiroso, destruidor, tentador, maligno, serpente, dragão, Abadom e Apoliom. Seu intento é roubar, matar e destruir. Ele sabe que já está sentenciado à perdição eterna e quer levar consigo homens e mulheres.

3.3. É um inimigo astuto (Ef 6.11). Ele usa ciladas, armadilhas e ardis. Ele age dissimuladamente como uma serpente. Ele disfarça-se. Ele transfigura-se em anjo de luz. Seus ministros parecem ser ministros de justiça. Ele usa voz mansa. Ele usa diversas máscaras. Ele tenta enganar as pessoas levando-as a duvidar da Palavra de Deus, exaltando o homem ao apogeu da glória. Ele também age assustadoramente como um leão, ele ruge para assustar.

Paulo fala que precisamos tomar toda a armadura de Deus para poder resistir no dia mau (Ef 6.13). O “dia mau” é o dia de duras provas, os momentos mais críticos da vida, quando o diabo e seus subordinados sinistros nos assaltam com grande veemência. O “dia mau”  refere-se àqueles dias críticos de tentação ou de constante assalto satânico que todos os filhos de Deus conhecem; nesses dias, somos subitamente assaltados, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade.

O Diabo e seus asseclas ameaçam e intimidam as pessoas com o propósito de destruí-las. Eles atacam com fúria no dia mau. Eles também agem com diversidade de métodos. Eles estudam cada pessoa para saber o lado certo e o momento certo para atacá-la. Sanção, Davi, Pedro foram derrubados porque o diabo variou seus métodos. Precisamos, pois, estar atentos para identificar as ciladas do inimigo, do contrário sofreremos sérios danos. William Hendriksen, escrevendo sobre essas ciladas do diabo, afirmou: “Alguns destes manhosos ardis e malignos estratagemas são: confundir a mentira com a verdade de forma a parecer plausíveis (Gn 3.4,5,22); citar erroneamente as Escrituras (Mt 4.6); disfarçar-se em anjo de luz (2ª Co.11.4) e induzir seus “ministros” a fazerem o mesmo, aparentando ser apóstolos de Cristo (2ª Co 11.13); arremedar a Deus (2ª Ts 2.1-4,9); reforçar a crença humana de que ele não existe (At 20.22); entrar em lugar onde não se esperava que entrasse (Mt 24.15; 2ª Ts 2.4); e, acima de tudo, prometer ao homem que por meio das más ações pode-se chegar a obter o bem” (Lc 4.6,7).

3.4. É um inimigo persistente (Ef 6.13). O diabo e suas hostes não ensarilham suas armas. Ao ser derrotados, eles voltam com novas estratégias. Foi assim com Jesus no deserto, onde foi tentado (Lc 4.13). Elias fugiu depois de uma grande vitória. Sansão foi subjugado pelos filisteus depois de vencê-los. Davi venceu exércitos, mas caiu na teia da luxúria. Pedro caiu na armadilha da autoconfiança. O inimigo não dorme, conscientizemo-nos disto!

3.5. É um inimigo numeroso (Ef 6.12). Paulo fala de principados, poderios, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. O diabo e seus anjos estão tentando, roubando e matando pessoas em todo o mundo. Eles são numerosos. Não podemos vencer esses terríveis exércitos do mal sozinhos nem com nossas próprias armas.

3.6. É um inimigo oportunista (Ef 6.11,14). Mesmo depois que o vencemos, precisamos continuar firmes (Ef 6.11,14), porque ele sempre procura um novo jeito de atacar. Quando o crente deixa de usar toda a armadura de Deus, o inimigo encontra uma brecha, entra e faz um estrago (Ef 4.26,27). Não podemos ter vitória nessa guerra se não usarmos todas as peças da armadura de Deus. Não podemos permitir que o inimigo nos encontre indefesos. O diabo e suas hostes buscam uma estratégia para nos atacar de súbito, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade. Alistamos a seguir algumas dessas interferências do diabo na vida do povo de Deus:
a) Ele furta a Palavra do coração (Lc 812).
b) Ele semeia o joio no meio do trigo (Mt 13.24-30).
c) Ele opõe-se ao pregador (Zc 3.1-5).
d) Ele intercepta a resposta às orações dos santos (Dn 10).
e) Ele oprime pessoas com enfermidades (Lc 13.10-17).
f) Ele resiste à obra missionária (1ª Ts 2.18).
g) Ele atormenta as pessoas em cujo coração não há espaço para o perdão (Mt 18.23-35).
h) Ele usa a arma da dissimulação (2ª Co 11.14,15).
i) Ele usa a arma da intimidação (1ª Pd 5.8).
j) Ele age na disseminação de falsos ensinos (1ª Tm 4.1).
k) Ele ataca a mente dos homens (2ª Co 4.4).

III. A DEPENDÊNCIA DE DEUS
A guerra espiritual não é uma ficção. O fato de o nosso inimigo ser invisível não quer dizer que é irreal. Os demônios existem de fato, mas não passam de um inconveniente diante do poder de Jesus Cristo; são entidades destituídas de poder quando estão na presença do Senhor Jesus (Mc 1.23-26; 3.11). No entanto, nós seres humanos não podemos desafiá-los com nossas próprias forças; para enfrentá-los e vencê-los não podemos usar armas convencionais; precisamos da ajuda divina; precisamos de armas espirituais poderosas em Deus para desbaratar o inimigo; precisamos estar na dependência de Deus.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das Fortalezas” (2ª Co 10.4).

Com base no texto de Efésios 6:10-13, apresentamos cinco verdades a serem consideradas nesta batalha contra as hostes espirituais do mal (Adaptado do Livro Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. Hernandes Dias Lopes):

1. Precisamos do revestimento do poder de Deus (Ef 6.10) – “Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”. Não podemos entrar nesse campo de batalha fiados em nossa própria força. Precisamos ser revestidos com poder. Sem autoridade espiritual seremos humilhados nessa peleja. Não basta falar de poder, é preciso experimentá-lo.

A igreja contemporânea está parecida com os discípulos de Cristo no sopé do monte da transfiguração (Lc 9.40). Estamos sem poder porque perdemos muitas vezes o foco com discussões inócuas, enquanto deveríamos orar, jejuar, crer e fazer a obra de Deus na força do seu poder (Mc 9.14). Hoje, a igreja tem extensão, mas não tem profundidade; tem influência política, mas não tem autoridade moral; tem poder econômico, mas está vazia de poder espiritual. Estamos precisando de poder, de uma capacitação especial do Espírito de Deus. Não falamos de um desempenho diante dos homens; não falamos de um poder cosmético que tem brilho, mas não calor; que tem aparência, mas não substância. Precisamos de um batismo de fogo, e não de fogo estranho; precisamos de uma obra do Céu, e não dos embustes da Terra.

2. Precisamos do revestimento de toda a armadura de Deus (Ef 6.11,13) – “Revesti-vos de toda a armadura de Deus. [...]. Por isso, tomai toda a armadura de Deus”. Os crentes devem revestir-se de toda a armadura para poder ficar firmes contra todas as ciladas do diabo. Observe que é necessário que o crente seja completamente revestido com a armadura; uma ou duas peças não bastam. Nada menos que todo o equipamento que Deus fornece servirá para nos manter invulneráveis. O diabo tem muitas estratégias – desânimo, frustração, confusão, falhas morais, divisão e erros doutrinários; ele conhece o nosso ponto fraco e o ataca. Se não conseguir nos vencer de uma maneira, tentará de outra.

3. Precisamos de vigilância constante (Ef 6.11) - “Para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo”. Ficar firme contra as ciladas do diabo é ficar atento, de olhos abertos, vigiando a todo instante; é ficar de prontidão para o combate; é não dormir em meio à luta, como os discípulos de Jesus dormiram no Getsêmani. Vigiar é não brincar com o pecado, é fugir da tentação; é não ficar flertando com situações sedutoras. O diabo não usa as suas  “ciladas” contra o incrédulo, contra o não cristão, ele escala seus demônios mais terríveis para atacar os filhos de Deus.

4. Precisamos estar a postos e não ceder às pressões (Ef 6.13) – “Para que possais resistir no dia mau". Se não estivermos atentos, corremos o risco de ficar revoltados e amargurados com Deus ao nos depararmos com o dia mau. Por falta de discernimento espiritual, muitos ficam zangados com as pessoas, desanimados espiritualmente e até mesmo decepcionados com Deus.

5. precisamos continuar atentos mesmo depois de uma vitória consagradora (Ef 6.13) – “E, havendo feito tudo, permanecer firmes”. Nossa luta contra o diabo e suas hostes continuará até que ele seja lançado no lago de fogo. Enquanto vivermos aqui, teremos luta. Aqui não é lugar de descanso, mas de guerra. Viver é lutar. A vida é uma luta ativa, incessante e sem pausas. Nessa peleja, não existe o cessar-fogo; não existe trégua; não existem acordos de paz. Depois de uma vitória, não devemos arriar as armas, pois não há momento mais vulnerável na vida de um indivíduo do que depois de uma grande vitória. Elias fugiu de Acabe e Jezabel, e entrou numa forte depressão, depois de uma grande vitória contra os falsos profetas de Baal e de Asera (1ª Rs 18.19). O segredo da vitória é a vigilância constante. Pense nisso!

CONCLUSÃO. Como vimos, a nossa luta não é contra carne e sangue, ou seja, não é contra pessoas; a nossa luta é contra os principados e potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo, contra as hostes espirituais da maldade nas regiões celestiais (Ef  6.11-18). Portanto, devemos nos conscientizar de que há, sim, um mundo espiritual regido por Satanás, mundo este que domina a humanidade e que é desafiado pela igreja; há, sim, uma luta direta entre a Igreja e as forças espirituais da maldade, uma luta espiritual, que se trava nos “lugares celestiais”; nesta luta, somente venceremos se estivermos revestidos da “armadura de Deus”, se estivermos em comunhão com o Senhor.

Por ser um inimigo muito forte, não podemos lutar nessa guerra com nossas próprias forças, no nosso próprio poder; dependemos plenamente de Deus. Orar e vigiar é o segredo da vitória. Moisés orou, e Josué brandiu a espada contra Amaleque; oração e ação caminham juntas (Êx 17.8-16). Mas, cuidado, o inimigo está à espreita esperando uma chance para atacar; por isso, devemos orar e vigiar. Devemos fazer como Neemias – “nós, porém, oramos ao nosso Deus; e colocamos guardas para proteger-nos de dia e de noite” (Ne 4.9). Orar e vigiar é o segredo da vitória sobre o mundo (Mc 13.33), a carne (Mc 14.38) e o diabo (Ef 6.18). Porque Pedro não orou no Getsêmani (Lc 22.45), ele foi derrotado facilmente pelo inimigo (Mc 14.29-31,67-72). A voz do Senhor ainda ecoa: “Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai para que não entreis em tentação” (Lc 22.46).

FONTE DE PESQUISA
1. Bíblia de Estudo Pentecostal.
2. Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
3. Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
4. Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
5. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
6. Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
7. Rev. Hernandes Dias Lopes. Como ser um vencedor na batalha espiritual.
8. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Resistindo aos apelos do mundanismo. Portal EBD_2008.
9. Rev. Hernandes Dias Lopes. Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.
10. Disponível no Blog: Luciano de Paula Lourenço. http://luloure.blogspot.com